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(Última Mensagem : 06/12/2013)


06/12/2005 _ Mamãe partiu.
Daniel e eu estamos sem chão para pisar.
Era ela o nosso esteio humano, a nossa alegria, a nossa razão humana de viver. Agora ela se foi.
Depois de 16 dias de martírio hospitalar, seu coraçãozinho parou de bater.
Aguardou-me para orar com ela, despedindo-a na paz e na certeza da missão cumprida.
Alguns já passaram por essa dor, mas eu lhes digo: é dura demais.
Mamãe morreu às 18 horas de hoje.
Daniel e o pastor estão indo ao hospital, para a liberação do corpo.
Seu velório será na IGREJA BATISTA DE VILA POMPÉIA, sp AV. POMPÉIA, 867 TELEFONE (0XX11) 3673-7925 OU 3873-8755
TALVEZ O ENTERRO SEJA À TARDE, NÃO SEI.
SERÁ EM EMBU DAS ARTES.
PORÉM, MAIORES DETALHES SÓ MAIS TARDE, NO MEU CELULAR, OU NOS TELEFONES DA IGREJA DA POMPÉIA. AGRADEÇO O CARINHO DE TODOS.

"Senhor, dá-nos a serenidade suficiente para aceitar a Tua vontade, e para conviver com o tremendo vazio que estamos sentindo, e que será para o resto de nossas vidas! Tenha de nós misericórdia!"
WAGNER ANTONIO DE ARAÚJO DANIEL PAULINO DE ARAUJO (011) 9699-8633 3672-6738

Deus abençoe o carinho de todos os irmãos, que estão telefonando, ou enviando e-mails, ou enviando mensagens no telemóvel. Só Deus poderá recompensá-los. Já tenho as informações precisas.
Mamãe chegou à Igreja Batista de Vila Pompéia. Seu corpo já foi preparado e enfeitado.
É muito difícil saber que aquela que lhe deu à luz um dia, está cheia de formol e pó-de-serra, por dentro, uma vez que seu corpo iria explodir de tantos medicamentos tomados. Sei, é apenas seu tabernáculo terrestre. Não há dúvidas. Mas foi nele que aprendemos a amar mamãe e foi dele que saímos.
VELÓRIO IGREJA BATISTA DE VILA POMPÉIA, sp AV. POMPÉIA, 867 TELEFONE (0XX11) 3673-7925 OU 3873-8755 Estive por lá há alguns instantes, mas sucumbi ante a visão saudosa e perpétua, desse adeus (que é "até breve") Talvez não consiga velá-la, pois já estou no meu limite em termos de remédios cardiovasculares.
Sou humano. Sou um ser normal. Também sucumbo. E, hoje, eu posso dizer com toda convicção: eu não estou agüentando o peso desta dor! Orem por mim! Orem pelo Daniel! Orem pela Milu! E pela Izamara, que está acompanhando junto conosco!
Se eu lá não estiver, estarei aqui, na sala, da minha casa. Na igreja informarão aos que quiserem vir e me dar um abraço.
CULTO DA SAUDADE 13 horas, no templo da igreja.
SEPULTAMENTO Após o culto, o enterro seguirá para o CEMITÉRIO MEMORIAL PARQUE PAULISTA na Rua Jorge Balduzzi, 520, em EMBU DAS ARTES, altura do km 275 da Rodovia Régis Bittencourt, a estrada para Curitiba.
maiores detalhes sobre a localização do cemitério, consulte o seguinte link: http://www.cemiterio.com.br/mpp.htm

Daniel & Pr. Wagner - DIVAGAÇÕES PÓS-TUDO
 

Não consigo dormir.
 
Dormi durante a tarde, à custa de remédios, enquanto mamãe era homenageada em velório e enterro. Uma decisão do meu irmão, querendo preservar-me de mais sofrimento, uma vez que passara a madrugada e o princípio da manhã junto ao caixão, e não suportava mais tanta dor, ausência e solidão.
 
O que dizer? O que falar? É como se o mundo não tivesse mais cores, os sons não tivessem mais ruídos audíveis, como se o ar não fosse mais suficiente e o tempo não significasse mais nada. Viver, morrer, nada mais faz sentido.
 
Quanta história esses 16 dias de UTC do Hospital São Joaquim da Beneficência Portuguesa, reservou para nós! Coisas que certamente esqueceremos, com o passar dos anos, mas que aconteceram, e isso não se pode negar.
 
A internação de mamãe. Na cama, quase afogando-se, enquanto os bombeiros chegavam para removê-la, ela disse à Milu: "Cuida bem do Wagner e cuida da casa". Depois, ao chegarmos ao hospital, e removê-la para a tomografia, após sair, suas últimas palavras à minha prima Leila: "Eu te amo", e já não disse mais nada. A hora em que meu irmão Daniel chegou do Rio de Janeiro, junto com seu sócio Renato, e o desespero de ver minha mãe à beira da morte.
 
Os dias se seguiram, e o mundo praticamente parou em nossas mentes. Não vimos mais jornais, noticiários, não sabemos mais o que aconteceu no planeta. O nosso planeta era mamãe, e ela estava sofrendo. Vê-la entubada, pela primeira vez, foi a morte para nós. Meu Deus, ela dormia "tranqüila", se é que se pode chamar esse tipo de sono de tranqüilidade. Visitas ao meio-dia e às dezoito horas. Cada médico plantonista com um jeito diferente de falar: uns, dando muita esperança, dizendo que houve melhoras nos rins, nos índices de glicemia, no sangue, nos órgãos, e que diminuiram a medicação e a respiração mecânica. No outro plantão, tudo caía por terra, porque agora ela estava cada vez pior. E na manhã seguinte, num eterno círculo vicioso, melhoras e pioras se sucediam.
 
Lembro-me quando, junto de meu irmão, vimos mamãe começando a acordar. Seus olhos se abriram. Mas eram olhos diferentes, grossos, com a parte branca engrossada. Seu rosto ficou vermelho e ela tentava tirar os canos. Acalmamo-la, mas nosso desejo era ajudá-la, arrancando tudo. Seríamos presos, se o fizéssemos. Alguns parentes também viram minha mãe assim, chamando (imaginaram que fosse) "Jovê", "Nina", a sua irmã mais velha e mais doente, que sofre com enfermidades longas.
 
Lembro-me do dia em que uma frente fria passou aqui por São Paulo. Aliás, o tempo aqui na capital está tão triste, o sol não se firma, também não há estabilidade, parece que a Natureza chora mamãe. Nossa mente faz associações que lhe confortem e consolem, não é mesmo? Bem, naquela tarde, após vê-la, meu irmão iria embora. Então eu disse a ele que passaria a madrugada no hospital. Ele perguntou-me: "você acha que ela irá morrer hoje?" Eu disse: "Não sei, mas tenho que ficar por aqui, disso eu sei". E fiquei. Primeiramente meus primos Edemir e Eneida, vieram ver-nos e conversar. Ficamos até altas horas. Depois, sozinho, recebi a visita do amigo e irmão Serginho, vice-presidente da Boas Novas. Ah, ficamos a conversar longamente, e a orar também. Mas às 11 horas eu iria usar minha carteirinha para ver minha mãe. Contudo, as enfermeiras estavam em troca de plantão, e eu vi minha mãe bem rápido, para não atrapalhar. Perguntei se poderia vê-la às 3 da madrugada e saber notícias. A enfermeira explicou-me que vê-la ela autorizaria, mas passar informações, só a médica, pois seria anti-ético da parte dela. Ah, se todos os pastores também aprendessem a respeitar a ética cristã e ministerial!
 
ÀS 3 da manhã estávamos lá, Serginho e eu. Uma enfermeira veio à sala de espera, dizendo: "o senhor é o filho da Dona Elzira, certo? A enfermeira-chefe está lhe chamando". O coração já saltou de medo e preocupação. Teria minha mãe falecido? Estaria já a chamar a família? Corri para a porta de entrada, lavei as mãos e vesti o avental. A enfermeira, do corredor, disse: "Venha, ela está a chamá-lo". Corri. Então mandaram-me entrar numa sala, onde estavam 5 enfermeiras. A chefe falou: "Bem,... nós estamos morrendo de vergonha... mas todo mundo aqui já sabe .... que a Dona Elzira tem um filho pastor ... e nós queríamos que o senhor orasse pelos doentes aqui do Choque. Eles precisam, e nós também..." Aliviado, mas excitado pela surpresa, disse: "Mas como assim? Ir de leito em leito?" Elas disseram "Nâo, porque alguns não aceitariam, mas podemos orar aqui mesmo".
 
Fiquei agradecido ao Senhor, porque até lá, no hospital, à beira da morte, mamãe estava a dar o seu testemunho, sendo reconhecida como uma mulher abençoada, cujo filho deveria ser alguém de bem também. Aliás, um dos comentários ali feitos é que nós dois, Daniel e eu, éramos os visitantes mais constantes, contínuos e fiéis de uma paciente. Orei emocionadamente por cada doente, cada enfermeira, cada médico, cada funcionário. E orei também por minha mãe. Enquanto orava, Deus tocava em meu coração para que eu repartisse a Sua Palavra com eles. "Em quantos funcionários vocês são?" Elas disseram: "60 aqui na UTC". "Então eu hei de conseguir 70 Novos Testamentos, ou 70 bíblias, para lhes dar de presente, até um pouco antes do Natal". Ah, elas sorriram e fizeram festa, como quando recebemos a notícia alegre de que alguém está melhor de saúde. "Mesmo que minha mãe ainda estiver aqui, ou se tiver saído para a vida, ou ido aos braços do Pai, eu voltarei". "O senhor poderia orar de vez em quando aqui?" "Mas é claro que sim! Contem comigo!" E ali estava um ministério novo, criado por Deus, através do sofrimento de mamãe! Ainda não tenho os novos testamentos, ou as bíblias inteiras, mas creio que o Senhor as dará, para que eu as encaminhe para eles, até antes do Natal.
 
Penúltimo dia. O médico nos disse que minha mãe estava além dos 70% aceitáveis de gravidade, e que agora a infecção hospitalar havia coberto o seu corpo. Disse-nos que as úlceras estavam abertas e jorrando sangue, e que não havia medicamento que desse jeito à sua pressão. Falou-nos que tentariam alguma coisa, mas que, infelizmente, o mais natural, seria o caso "evoluir para o óbito". Evoluir??? Meu Deus! Saímos de lá abatidos, acabados. Lembro-me, no corredor, quando tentamos ir à capela orar, e encontramo-la fechada..., ter confortado o meu irmãozinho Daniel, quando eu mesmo é que precisava de conforto! Mas eu sou o mais velho, e tenho a obrigação de ser forte, e o Espírito Santo supriu-me de conforto o coração. Aleluia!
 
Quem dormiu à noite? E na madrugada? E na manhã? Cada toque do celular ou do telefone, era uma punhalada em nosso peito, que aguardava com expectativa fúnebre a notícia funesta e fatal do estado de mamãe.
 
Por fim, o meu irmão iria visitá-la à tarde. Quis que eu ficasse. Mas eu tinha certeza de que deveria ir, uma vez que poderia ser a última despedida, ou então, que algum milagre ocorresse.
 
Faltava meia hora para as 18, e eu senti no coração que deveria fazer uso, mais uma vez, da minha carteirinha. E fiz. Ao entrar, vi-a já com a boca arroxeando, sua cor empalidecendo, poucos medicamentos pendurados, e o seu coração em compasso lerdo, lerdo para o que víamos nos outros dias. E ouvi em meu coração A VOZ, que dizia: "Ore agora". Ah, essa voz! Foi essa  a voz que me fez despedir o irmão Antonio, esposo da irmã Isabel, que morreu em meus braços! Foi essa a voz que me fez informar aos vice-presidentes que, logo após ir aos Estados Unidos, eles passariam por um funeral. Essa Voz, do Espírito Santo, me iluminou a orar. E orei, motivado por Ele: "Senhor, tua serva já cumpriu a sua missão, de forma brilhante e maravilhosa! Foi excelente esposa, primorosa cristã e a mãe mais maravilhosa do mundo! Não deixe-a sofrer mais! Seu corpo não suporta tanta luta! Dá-lhe o descanso necessário! Em nome de Jesus. Amém.  Mamãe: muito obrigado por ser quem a senhora é. Daniel e eu a amamos muito! Agora, mamãe, siga em frente, descanse, vá para os braços de Jesus! Logo, logo, estaremos juntos, para sempre!" Orei assim, enquanto sentia, em sua testa, o último calor de vida. Nesse momento, a máquina do coração, indicava 55 por minuto, e caiu para 50, 45, e a enfermeira disse: "Tem mais alguém aí para entrar? Diga para entrar agora". Corri e chamei meu irmão Daniel, que entrou e pôde despedir-se dela. Ao saírmos, meu tio Carlos Bonfante e minha prima Cristina também entraram, e foi na visita da Cristina, que mamãe expirou. O Daniel falou: "ela esperou a sua bênção, mano". Seja Deus engrandecido.
 
Então o forte fez-se fraco, e desandou. Caí em profunda dor, sentimento, tristeza, amargura, desespero. Fiquei em casa, com tias e parentes, e irmãos da Boas Novas, que vieram fazer-me companhia. Obrigaram-me a dormir  um pouco e a comer algo (dois dias sem dormir, e quase isso sem comer). Quem conseguia dormir? Às três estava eu, Izamara e Domingas aqui, e o povo havia descido para a igreja. Corri para lá também.
 
O Daniel quis segurar-me, mas quê! Tive que ficar juntinho do corpo dela. Ah, estava ela vestida com seu vestidinho mais usual e querido. Fizeram-lhe uma cirurgia pós-morte, para retirada de vísceras, pois a barriga estava explodindo e o sangue jorrava por todo canto. Quantas bolsas de sangue e litros de remédio ela não tomou em 16 dias, e os rins não deram conta? Encheram-na de pó-de-serra e de formol. Cheirava remédio e desinfetante. E os cuidadores, iam fazendo o enchimento com galhos de flores e folhas. Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Quando foi que imaginei ver minha mãe assim?
 
Enfeitaram-na com crisântemos brancos, com um véu muito fino, grampeado nas beiradas. Cada ruído do grampeador, era uma martelada em nossas carnes e em nossas mentes. Meu Deus! Depois, com ela preparada, estávamos lá, ombro a ombro, Daniel e eu, os filhos de Elzira! Agora éramos só nós dois, e a Milú, e mais ninguém! Estávamos sem aquela que nos gerara! Ela partira com Jesus. E, fisicamente, estava morta. E, espiritualmente, estava longe, muito longe, na eternidade, no Paraíso, e nós ficamos!
 
Vir e ir. Voltei, trazido pelos irmãos, e comi alguma coisa, retornando para o velório. As pessoas estavam a chegar, mas eu não consegui conter-me, ao ver suas irmãs chegarem, e verem o rosto da irmã querida ali, morto, no caixão. Suas palavras, suas lágrimas, sua dor, foram insuportáveis. O meu coração começou a ter arritmia forte, e senti que algo estava a acontecer. Conhecedor de minhas limitações, o meu irmão ordenou que eu voltasse, trazendo-me para casa. E deram-me calmantes, com os quais dormi até bem depois das 17 horas, hora do sepultamento lá longe, em Embu das Artes. Fiquei triste, por não ter estado junto. Mas tudo o que eu tinha que fazer pela minha mamãe, eu fiz em vida, e isto eu sei que ela soube, e Deus também sabe. Meu irmão, saudável, esteve até o final, e falou-me da multidão de gente, entre amigos, irmãos em Cristo, empresários, executivos, pastores (mais de 30), gente de nosso relacionamento e amigos da internet, todos despedindo-se da "mãezona" Houve a necessidade de alugar-se um carro à parte e a mais, por causa de tantas e tantas homenagens de coroas de flores. Mamãe, nós te amamos!
 
E agora, primeira noite definitiva, sem a expectativa de alguma ligação do hospital (até desligamos os telefones, para descansar), sem a esperança de vê-la sentar-se no seu "trono" da sala, sem aguardá-la para comprar as frutas que gostava, sem arrumar sua cama confortavelmente, para que dormisse, sem ligar o rádio na REDE MELODIA, sua rádio querida do coração, sem dar corda no seu relógio despertador quebrado, que ela mantinha funcionando, mesmo sabendo que não tinha mais ponteiros (e quando ameacei jogá-lo, ela disse: deixa ele funcionar, tadinho), cá estou, pensando alto, com os dedos, no teclado do computador, sabendo que o e-mail já está a terminar e, que depois, ao desligar a máquina, só sobrará um vazio, um vazio do tamanho de minha mamãe! Que saudades da senhora, mamãe Elzira! Como irei conviver com sua ausência?
 
Pedi licença da igreja e estou pedindo licença aos amigos e irmãos também. Meu irmão e eu nos ausentaremos por uns dias. Não sei para onde vou, o que vou fazer, mas sei que não posso ficar aqui. Tudo me lembra a mamãe, e as emoções estão frescas, à flor da pele. A Milú, coitada, está arrasada, porque foi ela quem cuidou de minha mãe como perfeita enfermeira, e convive conosco desde 1982. Ela está a sofrer barbaridades. A Izamara, secretária da igreja, esteve conosco, está conosco e não arredou o pé, sendo de uma gentileza e prestatividade à toda prova, e certamente o Senhor a recompensará muito pelo que fez, e nós também.
 
Não sei quantas centenas de telefonemas que Daniel e eu recebemos, mas certamente ultrapassaram os 500. Os e-mails que continuam a chegar, passaram dos 1000. E eu agradeço por todos eles. Os responderei a todos, mas, com o tempo, quando voltar, porque, agora, não tenho cabeça para nada. Sei que vou me dedicar a Deus em dobro, porque esse é o caminho e também essa era a vontade de minha mãe. Quero viajar para pregar o evangelho aonde Deus me chamar, e aguardarei o que Deus terá à minha frente. Quero casar-me e ter os meus filhos, e lhes dizer o quanto fui abençoado, com a mãe que Deus me deu. E quero testemunhar a todos: o Senhor é fiel, o Senhor é sábio, o Senhor é misericordioso. Hoje eu não sinto ter sido atendido em minha oração, mas eu sei que fui, e o que mais importa é o que eu sei, mediante a Bíblia, do que o que eu sinto, em meu coração; pois a bíblia é eterna, e as minhas emoções são passageiras, e não sou guiado pelas emoções, mas pela Palavra de Deus.
 
Continuem a escrever. Estou recebendo as mensagens, vou guardá-las com amor e carinho, meu irmão também, e vou respondê-las. Só esperem uma semana e pouco, para que voltemos a reconstruir a vida.
 
Um abraço.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm

fone 0xx11 9699-8633
0xx11 3672-6738
 
 
uma recordação de minha mãe, para os amigos.
 
Uma pequenina cena, de mamãe tecendo e conversando comigo.
 
Vá ao link
http://hdvirtual.inteligweb.com.br/compartilhamento.php?id=NTIwMw==
 
e forneça a senha "minhamae"
 
Quem conseguir, por favor, envie-me um retorno, em bnovas@uol.com.br

Querido e amado Homem do Senhor!
 
Quero registrar meus profundos votos de solidariedade.
 
Peço a Deus a Paz do Senhor em vossos corações _ Alberto Stahl
= =
Olá, Pastor.
Sinto muito e imagino o quanto esta dor está sendo devastadora.
Conte com minhas~orações e meu carinho!
 
Um abraço _ Jacqueline Souza
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Pastor e daniel, estamos firme na oracao , Deus vai dar vitooooooria!!!!! Ah!!! Pastor como meu coracao doi , ouvir isso , porem o nosso Deus e mais poderoso . Sinceramente nao sei o que dizer , mas Deus sabe todas as coisas, esta frase e velha, porem muita sabia.continuarei orando. _  Toninho 

Querido irmão Toninho, homem de Deus, consolador humano, que tantas vezes me confortou, mesmo fazendo ligações caras dos Estados Unidos para cá: muito obrigado pelo amor e carinho! wagner

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MINHA CIONDOLENCIAS....AMADOS IRMAOS, SABEMOS QUE MESMO SABENDO QUE ELA
ESTARÁ NA GLÓRIA C DEUS...E´´ DOLORIDO....MAS DEUS NAO DA PROVÇAOES QEU NAO
POSSAMOS SUPORTAR... QUE DEUS LHES  DE FORÇAS E REVOVE SEUS ANIMOS.....O
SENHOR É C, VCS...
QUE A GRAÇA E PAZ DO SENHOR FIQUE C VCS
 
NOA MOR DE CRISTO _ Cleusa Lima
- -
Cleu, muito obrigado de coração! Daniel _ NSS
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 Greetings from Oklahoma City:
 Caro Pastor:
 Meus sinceros pêsames pelo falecimento de sua querida mãe. Já experimentei esta dor e sei o que o irmão está sentindo.
 O que o irmão escreveu ao pastor Vieira é a pura realidade: ela está com Jesus e nós aqui, peregrinando.
 Um forte abraço _  Alaor Leite
- -
Obrigado, meu querido amigo, pastor, homem da Igreja de Cristo, editor e consultor. Essa dor é terrível, mas temos que enfrentá-la.  
O irmão está nos Estados Unidos atualmente?
 wagner

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Pr Vagner  Que Deus te abençoe e te guarde; aqui tb estavamos velando um irmão querido, que Deus em sua infinita misericórdia o recolheu para o céu. Conte comigo, venha passar alguns dias conosco, eu e a valéria estaremos aqui, orando por você e teremos o maior privilégio de recebê-lo em nossa casa.  Tenho certeza que que Deus te dará forças, para vencer, força meu querido irmão, em breve todos nós tb estaremos lá. _ Pr.Dionisio .
- -
Obrigado, Pastor Dionísio Antunes, grande servo do Senhor, amigo e irmão em Cristo.
 
Wagner
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Pastor Wagner e Daniel, Recebam minha mensagem de consolo neste momento tão doloroso que é a partida para a glória celestial  de sua mamãe. Estou orando por voces e nos consola o fato dela estar com o Senhor.  Leiam a passagem bíblica em Isaias 57 verso 1º que é balsamo para os corações. E os irmãos tem a promessa de nossas orações. Pastor João Martins Ferreira e D. Eliete _ Igreja Batista em Vila Salete
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Pr. Wagner e Daniel
 
sejam fortes no Senhor!
 
Sei que não é fácil, mais quando sabemos que alguém que amamos partiu para
melhor, nosso coração fica confortado.
 
Pensem como eu pensei quando a minha mamãe foi. Ela saiu do sofrimento e foi
para receber o que para ela foi preparado. Foi comprado com alto preço.
Então chegou a hora dela receber, logo mais do que justo este momento para
ela.
 
Que o senhor nosso Deus continue dando muitas forças para voces.
 
Um forte abraço.
 
Pr. Décio _ atual Diretor do Acampamento Batista de Sumaré.
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Pastor Décio
  Muito obrigado pelo seu amor e carinho!
  No retiro em janeiro, espero ganhar um abraço apertado.
  wagner (17/12/05)


muito obrigado Pr. Décio, de coração! Daniel - NSS

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Alguém disse que só alguém que já sofreu uma grande perda pode aquilatar uma grande perda de alguém. Não bem verdade,... não podemos imaginar a perda de vcs e só podemos orar para que Deus console ao modo dEle  a vcs e demais familiares.
Um abraço.
Pastor Veloso _
Itaperuna - RJ
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MAS O Q DIZER DEPOIS DO TUDO?
VIVER, ESTA É A MISSÃO, SABER Q TUDO FOI FEITO, COLOCAR A CABEÇA NO TRAVESSEIRO, DORMIR E SONHAR COM A VIDA Q SE FOI, MAS COM A CALMA E A PAZ Q SÓ O SENHOR DÁ. SOMOS HUMANOS E LIMITADOS, A DOR DÓI DEMAIS, MAS A PAZ EXCEDE TODO ENTENDIMENTO. AGORA, MISSÃO CUMPRIDA, A BATALHA VENCIDA. O TEMPO VAI CURAR AS FERIDAS, MAS ELAS ESTARÃO LÁ MARCADAS PARA LEMBRAR A MEMÓRIA.... ADEUS QUERIDA, IRMÃ, ESTAREMOS TODOS JUNTOS UM DIA NA GLÓRIA DE DEUS PAI. SEM DOR, SEM RANGER DE DENTES, SEM SOFRIMENTO. ONTEM FOI DOR E SOFRIMENTO HOJE É PAZ CELESTIAL CHEIA DA GLÓRIA DO SENHOR. OBRIGADA PAI, PELO CONSOLO DO ESPIRITO, OBRIGADA PAI PELA CERTEZA DE UM LUGAR PERTINHO DE TI. OBRIGADA PAI PELAS VIDAS AO NOSSO REDOR... A AJUDA VEM DO ALTO, MAS ELE USA ALGUNS DAQUI DE BAIXO MESMO! DA TERRA. OBRIGADA SENHOR PELA SUA PAZ... ADEUS... COMECEMOS DENOVO, OU SIMPLESMENTE CONTINUEMOS A CAMINHADA SABENDO Q UM DIA ELE VIRÁ E NÃO TARDARÁ.
UM BEIJO NO SEU CORAÇÃO PR. WAGNER _ ROSANA
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Muito obrigado, irmã Rosana!
 
wagner (17/12/05)

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PASTOR WAGNER, RECEBA NOSSOS SENTIMENTOS.
ESTAMOS ORANDO POR VOCES, CREIO QUE JESUS TRARA REFRIGERIO, CONSOLO A CADA UM.
ABRACOS _ PRA. MADALENA E PR. LUCIANO 
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Estou em oração por vocês nesta hora de tanta dor.
Nossa confiança está no Senhor.
Ele sempre tem o melhor para todos nós.
abraços _ Pastor Vieira
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17/12/05 Muito obrigado, amigo Pr. Vieira.
 
Mamãe já está com Jesus.
 
E nós ainda aqui, peregrinando.
 
O terno ficou bom?
 
Um abraço.
 
Wagner

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Querido Pr. Wagner e Daniel
    O noso profundo sentimento pela passagem de sua mamãe, para a Pátria Celestial, onde um dia lá chegaremos, não tenho, querido Pr. Wagner palavras dpara consolo, mas a Palavra de Deus, o faz II Corintios 1: 3-5.
    Que a Paz do Senhor seja com você e Daniel _    Pr. Jonas e Ester

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Querido Pastor Wagner Graça e Paz!  Oro para que o Deus de toda consolaçao, console o seu coraçao e te de animo e alegria para continuar a vida. Nesses momentos de dor e afliçao que encontramos a graça maravlihosa do nosso Pai Eterno.   Deus te abençoe! Tenha fé, Deus está contigo! _ Ozeias Sampaio
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Obrigado, querido amigo e homem de Deus, pastor Ozeías. Espero que nos encontremos no retiro de sumaré, neste ano.
wagner

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Estamos, aqui no Rio de Janeiro, orando por vossa mãe. No amor de Cristo _ Pr. Marcos Reis
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Agora agradeça apenas, pastor. Ela se foi. wagner

= =


( Palavras são recursos infímos para se apresentarem diante de um coração que já não cabe mais no peito ... Posso me aproximar de tentar contornar seus sentimentos Wagner e Daniel ( sim neste momento deixemos o pastor de lado aquele que passou a vida consolando não tem condições de suportar o peso contínuo da função exercída por este título ) . Ao olhar para o meu coração e ver ainda as cicatrizes que ficaram quando nosso Deus chamou para si a minha vovó Raimunda ... dentre a sua variedade de dons e habilidades vovó era costureira e sempre fazia as roupas que vestia , posso imaginar tudo que a mãe Elzira fez a voces ... me lembro que foi ela quem comprou minha guitarra , fazendo dívida por quase um ano de comprometimente de sua pequena renda dos trabalhos que fazia com suas próprias mãos , este instrumento custou-lhe várias noites de veladas ... posso imaginar quantas coisas a Mãe Elvira lhes deu ... pena vovó Raimunda não ter conhecido o Gui e o Fael ... pena a mãe Elzira não ter conhecido a sua futura esposa ... pena a gente ter de ficar escrevendo tudo isso ... sem saber o que falar ... prá onde ir ... Ontem tocava : "noite feliz" no violão e a letra que saia da minha boca eram orações ao nosso Deus pedindo pela restauração da mãe Elzira e para que o Espírito Santo diminuisse vossa dor . E ao ver a resposta de Deus , por maior dor que ela estaja vos causando , foi a resposta que esperamos para nossa vida , o premio por ter cumprido a nossa missão . em breve estaremos com ela e com os nossos que a frente foram , e todo o pranto e toda dor de hoje se revestirá em elementos que Deus há de transformar na alegria eterna do reencontro . Yrorrito )

Minha mamãe recebeu um dinheiro, quando de um acerto do Banco do Brasil, do meu falecido pai. E esse dinheiro dava pra comprar uma cama de casal. Minha mãe não sossegou, enquanto eu não fui comprá-la. Ela quis que eu tivesse uma cama ampla, para espichar. Que alegria e que brilho no seu olhar, quando a cama foi instalada. Ela nunca entrou no meu quarto, porque não conseguia locomover-se até aqui. Mas era feliz por fazer pelo seu filho algo tão belo.
  Ah, Yro, que dor!
  wagner  (17/12/05)
- -
Continuamos com a garganta engasgada sem saber o que falar , mas esperamos
ao menos termos condições ...  de continuar por aqui junto do senhor e assim
continuar disponível em ajudar e participar no que pudermos .
Yro (18/12/05)

- -
OBRIGado, Yro, por seu amor e carinho wagner
Amigos
 
Graça e paz.
 
Não há mais esperança. Não há mais tratamento. Mamãe está com infecção
hospitalar, febre e um dos aparelhos já foi desligado. Só por um milagre ela
sobreviverá.
É possível, sempre possível. Só não é provável. Mamãe está redimida por
Cristo.
 
Aguardamos o chamado do Senhor.
 
O Pr. Neilson Xavier de Brito, seu pastor (IB Vila Pompéia, SP), já está lá,
orando por ela.
 
E nós, aqui em casa, agonizando.
 
Orem por nós.
 
E, se isso acontecer (que Deus nos dê Seu divino consolo), as despedidas
serão no templo
da Igreja Batista de Vila Pompéia, à Av. Pompéia, 867, na zona oeste da
capital.
 
Mesmo que muito pequeno, ainda temos um pedacinho de esperança.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
0xx11 9699-8633
0xx11 3672-6738
= = =
December 05, 2005 10:42 PM
Subject: oração - em busca do milagre
 

Prezados
 
meu irmão, o Pr. Wagner, e mais alguns irmãos estão seguindo para a nossa Igreja na:
 
 
Av Internacional 592
Jd.Santo Antonio
Osasco - SP
 
para estar orando por minha mamae, nesse instante. Se vc estiver por perto e quiser estar junto, por favor, chegue até lá
 
Daniel
= = =

December 04, 2005 3:18 PM Subject: [PontodeEncontro] notícias do Pastor Wagner olá pessoal tenho notícias do pastor Wagner e da sua mãe. Liguei agora à tarde pra ele, e ele me pediu q enviasse notícias pra vcs, pois ele está sem tempo e sem vontade de ligar o computador, devido ao estado da sua mãe não ser bom, eles estão correndo muito, tanto ele qto o irmão dele. As notícias não são das melhores, mas ele pediu que continuemos orando para que o Senhor Deus venha realizar milagres para que sua mãe se recupere e volte pra casa. Ela ainda está em coma induzido, e os médicos estão cuidado para que ela se fortaleça um pouco para poder fazer a cirurgia. Esta cirurgia é devido a uma úlcera que ela tem. Eles deverão tirar uma parte do estômago e uma do esôfago. Se ela se fortalecer e conseguir ir pra cirurgia, ainda assim é uma cirurgia de alto risco, mas nós sabemos que pra Deus todas as coisas são possíveis. Por enquanto todos os planos dele estão em pausa, pois a prioridade agora é o estado de saúde de sua mãe. Assim que ele tiver um tempo ele manda mais notícias, mas por ora é só. Oremos por eles! abraços e boa semana pra vcs Ângela (PDE)

02/12/05 mamãe Elzira à espera de um milagre!
Olá a todos
 
sou Daniel, irmão do Pr. Wagner
 
hoje acordamos após uma noite agradavel, onde estavamos aliviados com a ligeira melhora de ontem a noite, porém, fomos surpreendidos com a noticia de que a úlcera de mamãe voltou a sangrar e que o quadro dela elevava-se à gravissimo, já que sua pressão só subiu após uma dose altissima de remédio.
 
Estivemos o dia todo nesse desespero, orando e entregando a vida de nossa mulher mais preciosa nas mãos de Deus Pai, Senhor do Universo, Criador do céu e da terra e Criador dela.
 
Assim estamos acompanhando hora a hora, agradecidos à Deus porque agora a noite ela não está sangrando. O relatório de perítos cirurgiões é de que o caso é cirurgico mas a falta de pressão não deixa condições para cirurgia, então o caso é esperar ou pelo fim do sangramento ou da estabilização de sua pressão, de forma que haja condições para cirurgia.
 
Assim sendo, minha mamãe necessita de nossas orações e nós aguardamos com fé no milagre que Deus pode fazer, pedindo que acima de tudo, SUA Vontade seja feita e que mamãe não padeça de sofrimentos.
 
muito obrigado
 
obs: Pr. Wagner está de plantão no Hospital a noite toda no cel. 11 9699 8633
 
Daniel, Pr. Wagner e Milú - filhos da Sra. Elzira Bonfante, "a heroina da fé"!


01/12/05 Daniel  & Pr. Wagner - mamãe: DECLIVE - ACLIVE

uma foto antiga. Milu, Mamãe, eu e meu finado pai.
 

Mamãe esteve à porta
da eternidade. Sua situação
beirava o desespero.
 
Segundo os médicos, faltava 10%
para que seu caso fosse considerado, bem,
fosse considerado...
 
Mamãe desceu até esse degrau.
Nós descemos com ela, sofrendo,
chorando, gemendo, orando,
clamando, suplicando.
 
Sua boca machucada, seu rostinho
repleto de sinais de exames, endoscopias,
fios, cabos, sondas, enfim,
uma situação que não desejamos
a ninguém.
 
Chegamos no declive. Descemos.
Do outro lado do portal, mamãe
encontrará Jesus Cristo, o Filho do Deus
Vivo, e a situação indicava
que poderia ser em breve.
 
Contudo, e bendito seja Deus porque
ainda há um contudo,
Mamãe entrou num singelo, pequeno,
mínimo, mas real ACLIVE.
 
Sua úlcera aberta, sangrante, infeccionada,
foi tratada mais uma vez, e, desde as 14 hs
de hoje, não sangrou mais. O médico,
que conversou com meu irmão, considerou
isso muito bom, e tenciona iniciar
o processo de transição, para que
o boletim saia de GRAVE (que significa
GRAVÍSSIMO), para REGULAR-GRAVE
(que significa DIFÍCIL, MAS TRATÁVEL).
 
A noite de ontem foi difícil de ser administrada.
O sono não chegava, o coração disparava,
as cenas se desenrolavam ante os nossos olhos.
 
Pude levantar algumas vezes, repreender o
inimigo e o espírito de enfermidade, e clamar
pela misericórdia do Altíssimo Deus.
 
Sem dormir, acabei cruzando a cidade,
indo acordar o meu irmão em Osasco (moro em
São Paulo, 25 quilômetros de lá).
 
Tentamos tomar café. De lá ainda
pude visitar duas famílias. "Mas, pastor, o irmão
é que precisa de consolo!" Então lembrei-me
de Francisco de Assis, que afirmou,
em sua célebre e imortal oração:
"É DANDO QUE SE RECEBE, E CONSOLANDO
QUE SE É CONSOLADO".
E, de fato, fez-me bem.
 
Rumamos para a Beneficência Portuguesa,
o coração disparado.
Ao nos chamarem, colocamos nossos aventais
e corremos até mamãe. Lá estava ela,
inchada, ligada aos aparelhos, mas limpinha
e tratada.
 
O médico nos afirmou: "Continua estável",
e disse algumas outras coisas. Uma delas é que
desde que trataram as suas duas úlceras,
não ouve mais sangramentos inferiores.
Segundo ele, era necessário observar mais
um pouco, não havia novidades.
 
Ambos, Daniel e eu, rumamos para nossos
afazeres, tentando levar a vida com alguma
normalidade. Mas quê! Quem consegue?
 
É como se um pedaço de nós estivesse
clamando, sofrendo, gritando,
pedindo socorro!
 
Visita da noite. 18 horas. Eu iria entrar
com meu irmão, encontrar-nos-íamos no
hospital. Mas a minha prima Leila também
quis ver mamãe.
 
Ah, que prima maravilhosa! Que mulher
fenomenal! Bem-aventurado o Marcelo, seu
filhinho, por ter uma mãe tão dócil, singela
e carinhosa! E bem-aventurado seja aquele
que desposá-la um dia, porque terá ao
seu lado uma mulher honrada, valiosa,
um verdadeiro rubi!
 
Daniel e Leila entraram. Eu fiquei para fora.
E falaram com o Dr. Ancon, um dos médicos.
 
Bem, o que falaram nos trouxe um filete de
esperança, ainda que mínimo.
 
Sei que a saúde de alguém em UTI/UTC é muito
instável, agora pode estar melhorando, daqui
há pouco piora, ou agora pode estar em decadência,
e, de repente, tem um progresso.
 
Quero trazer à memória o que me pode dar
esperança.
 
Ouçamos o Daniel, meu irmãozinho.
 
Caros amigos
 
Aqui é o Daniel, irmão do Pr. Wagner.
 
No boletim da visita noturna, ouvimos do médico o seguinte quadro:
1) O sangramento da úlcera cessou há mais de dez horas.
2) Pulmão e pressão equilibrados, mas ainda à base de medicamentos.
3) O rim funcionando bem.
4) Hoje à tarde ela tomou sangue para repor o volume necessário.
5) Sendo isso, mamãe ainda necessita muito de nossas orações, e, pela fé, aguardamos o seu boletim regredir de GRAVE para REGULAR-GRAVE, o que já será a nossa primeira vitória.
 
Daniel
 
AGUARDEMOS EM ORAÇÃO!

30/11/05   Olá, amigos.
 
Graça e paz.
 
Já estão escassas as lágrimas nos olhos, uma vez que temos chorado até o impossível. A dor tem suas pedagogias: nós aprendemos com ela.
 
O estado de minha mãe está a 10% de ser considerado DESESPERADOR.
 
O meu irmão Daniel, homem de Deus, abalou-se profundamente, porque acabou testemunhando um procedimento na UTC, com relação à mamãe: escapou um dos canos de respiração, e o corre-corre entre médicos e enfermeiras, e os apitos de alarme nos equipamentos, fizeram-no traumatizado. Era como se mamãe tivesse sofrido uma parada cardíaca. Mas não era isso; apenas havia escapado, e eles recolocaram no lugar, lá dentro dos pulmões, apesar de também terem se assustado.
 
(batismo de mamãe, em 1981, pelas
mãos do Pr. Manoel Waldemur Pereira Corrêa)
 
Os últimos três dias têm sido de declive. Mamãe piora. Sua pressão não se mantém em nível aceitável, precisando de mais remédios; os remédios provocam taquicardia, e isso se torna um círculo vicioso. Suas duas úlceras não cicatrizaram; uma delas ainda sangra  bastante, e eles não conseguiram resolver esse problema. Seus rins funcionam regularmente, não plenamente. Uma semana passou, e o seu estado, anteriormente considerado REGULAR-GRAVE, agora é apenas GRAVE, com 60% de gravidade, quando o limite desesperador é 70%, segundo a linguagem médica na UTC. Esperamos notícias melhores amanhã, quando o Dr. Carlete conversar com o meu irmão Daniel.
 
Temos chegado à hora da decisão. Deus sabe o que irá acontecer. Nós não. A impotência é a nossa característica, provavelmente para nunca querermos tomar o lugar do Todo-Poderoso, porque Ele é sapientíssimo, mas nós não. Lembro-me de Abrão a oferecer Isaque, e posso imaginar a dor que sentiu. Para ele, houve livramento. Em nosso caso, só Deus sabe se irá poupar nossa querida mãezinha.
 
Um testemunho, que lembrei no domingo, me fez mudar de estratégia emocional, para tornar estes dias suportáveis. Lembrei-me do testemunho de Nicolau e Dorine Serviuc, irmãos muito queridos, que foram iniciadores conosco, da Igreja Batista Boas Novas de Osasco. Contaram-me sobre o seu menino menor, Luciano, hoje com mais de 20 anos.
 
Contaram-nos, há anos, a experiência que tiveram com o menino, na época, com 3 ou 4 anos apenas. Ele estava em situação desesperadora, com grande enfermidade, algo irreversível. O médico já não tinha mais o que fazer, e eles não tinham mais lágrimas para chorar. Então decidiram entregar nas mãos do Pai, e oraram assim: "Senhor, nós entregamos o nosso filho querido, que tu nos destes, a quem tanto amamos, inteiramente em Tuas mãos. Se quiseres, leva-o. Se quiseres, deixa-o. Te agradecemos, em nome de Jesus Cristo. Amém". E saíram para tomar um lanche, ou descansar, não me lembro direito. Segundo contaram, quando retornaram, o menino estava melhorando, e, em pouquíssimo tempo, ele estava perfeito, um autêntico milagre do Senhor! Eu conheci esse menino, e era o meu querido Lu, menino de ouro. Hoje é um homem feito, talvez seja até casado, perdemos o contato. Mas o testemunho marcou e ficou.
 
Isso me conscientiza de uma verdade: Deus é soberano. Por mais que eu e o meu irmão queiramos trocar de lugar com ela, ir em lugar dela, isso não acontece. Por mais que queiramos trazê-la de volta, vê-la, conversar com ela, tê-la na normalidade, só conseguiremos se Deus aprovar. Portanto, não podemos acrescentar um fio de cabelo em nossas cabeças, quanto mais um côvado à nossa existência. Assim, estou resignado. Que se cumpra a vontade de Deus.
 
Minha esperança: tê-la de volta. Minha expectativa: tê-la de volta. Meu sonho: tê-la de volta. Do meu irmão: idem.
 
Aquilo que de nós depende, temos feito, e continuaremos a fazer sempre. O mais, está entregue nas mãos do Pai celestial.
 
Agradecemos todo o carinho, os e-mails, as ligações, as mensagens, as visitas, as doações de sangue. Em virtude da terceira transfusão pela qual ela estará passando, o hospital solicitou-nos mais doações. Então, se o Espírito Santo tocar o coração de mais alguém, a hora para cooperar com a vida de mamãe é agora. Por favor, liguem para 3694-3398, falar com a Irmã Célia, que terá dados para informar.
 
Muito obrigado a todos. Eu lhes desejo todas as bênçãos celestiais.
 
Com apreço, carinho e muito amor,
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
0xx11 9699-8633


28/11/05 Olá a todos!
 
sou Daniel, irmão do Pr. Wagner.
 
Não tenho o dom da escrita que ele possui, mas relato abaixo as informações do médico:
 
1) Condição clinica estável. Rim funcionando, respirador ligado à 60%, pressão variando muito. Esta última é, no momento, a questão mais preocupante e que deve ser o alvo de nossas orações. Havendo estabilidade de pressão, ela poderá dar o passo de sair do coma induzido;
 
2) motivo de aumentar o oxigenio de 40 para 60%. Ira fazer vários exames e isso demanda uma quantidade maior de oxigenio;
 
3) motivo de ficarmos impressionados ontem com a agonia dela saindo do coma: O Médico chefe, faz rotineiramente exames de resposta e, para isso, o coma tem que ser muito leve. Ocorre que, por estar no limite do "acordar", às vezes o organismo se acustuma com o medicamento e necessita de aumento.
 
Enfim, esse é o quadro. Misturando tudo isso com nosso amor elevado por nossa maezinha, temos o resultado atual, ou seja, eu, Pr. Wagner e Milú sofrendo muito vendo a convalecencia de minha Mamae. Que Deus nos permita te-la por mais alguns anos de forma saudavel, é nossa oração. Muito obrigado!

26/11/05 23:00 "Come um pouco, Wagner, você não pode se entregar! Sua mãe tem que encontrá-lo bem."
 
Comer? Beber? Como fazer isso com prazer, quando se sabe que alguém a quem se ama agoniza num leito de hospital? Claro que comi, mas à contragosto. Daniel e eu estamos tristes.
 
Lá na UTC(Unidade de Terapia de Choque do Hospital São Joaquim da Beneficência Portuguesa), onde mamãe (Elzira Bonfante) está internada desde quarta-feira, as coisas estão difíceis. Não difíceis porque ela tenha regredido em termos de números, de exames laboratoriais, de respiração; porém, difíceis em termos de sofrimento.
 
Conforme compromisso do Diretor da UTC, eles começaram a diminuir o sedativo que a mantém dormindo, para que consiga despertar e venha a interagir conosco. Quando isso acontecer, então também irão tirar sua respiração artificial, não sem antes passar por um processo didático para reensiná-la a respirar, a se manter viva.
 


Mas quê! Que cena terrível para dois filhos que amam a sua mãe! Hoje, às 18 horas, entramos para vê-la. Lavamos as mãos e colocamos os aventais. Quando entramos no quarto, eles estavam em "procedimento" com ela (colocando remédios, limpando-a, "maquiando-a" para que leigos não se assustem). Vimo-la semi-despida, resolvemos aguardar no corredor.
 
Findo o processo, chamaram-nos, e prontamente entramos. Lá estava ela, agora com aparência de um sono angelical, com os aparelhos ligados, e um cobertor cobrindo-a.
 
"Mamãe", dizia o meu irmão, "nós amamos a senhora, e aguardamos seu regresso para casa. Estamos aqui".
 
Enquanto ele falava, percebi que seus olhos mexiam, forçavam-se a abrir.
 
"Veja, Daniel, ela está acordando! Que bênção!" Sim, ela estava despertando. E abriu seus olhos. A parte branca estava grossa, como uma muralha ao redor da bolinha preta. Ao abri-los, ela, a olhar para o nada, mas certamente percebendo a nossa presença, balbuciava dizer algo, mas não havia força e nem cordas vocais disponíveis; apenas um cano em sua garganta e um incômodo terrível.
 
Ela ficou vermelha, e eu vi, em seu pescoço, o movimento de quem soluça baixinho, chorando. De seu par de olhos duas lágrimas brotaram, escorrendo lentamente por seu rostinho triste e amortecido. Agitou-se, tentou de novo, e cedeu ao sedativo novamente.
 
Eu sei o que mamãe dizia. Depois de 40 anos convivendo com ela, já posso ler suas entrelinhas:
 
"Filho, pelo amor de Deus, tire essa mangueira da minha boca! Eu quero sair daqui, por favor, me ajude! Eu não estou agüentando! Não me deixa morrer aqui no hospital!"
 
Ah! Quantas vezes mamãe dizia não querer morrer numa maca de hospital, nem ter canos em sua garganta! Quantas vezes ela dizia que morrer em casa era o que queria! E agora, presa na UTC, com uma porção de máquinas, e aquele horrível cano em sua garganta! "Senhor, será que errei em interná-la? Deveria tê-la deixada em casa, mesmo vendo a gravidade da moléstia?"
 
"Doutora, como está mamãe?", foi o que Daniel perguntou.
 
"O quadro dela é grave. Está estável, não se alterou de ontem para cá. Não podemos tirar toda a sedação, pelo incômodo que causa, e não podemos tirar a respiração artificial, porque a pressão dela não resiste, cai a níveis inaceitáveis. Quando sua pressão estabilizar-se, então poderemos dizer que ela melhorou".
 
Nenhuma novidade, a não ser sobre a pressão, que não sabíamos. Mas nenhum retrocesso, e nenhum progresso. Apenas a cena de uma mãe querida, a implorar para seus filhos que a tirem de lá, porque está sofrendo!
 
Garanto que a minha vontade é de mandar desligarem tudo e arrancarem aquela parafernalha de sua garganta, pescoço, nariz, dedos, suas diversas sondas, e deixá-la morrer com dignidade, do jeito que ela queria. Não quero vê-la sofrendo. Mas quando penso nisso, esbarro na certeza de que o que estamos a fazer é o que tem que ser feito, é a busca de sua melhoria, restauração e cura. Então me calo. Apenas divago neste teclado, pensando alto, para desabafar a dor que permeia a alma.
 
Mamãe está lá. Deus a ajude. Deus a acompanhe. Deus a acalme. Deus a restaure. E que Deus dê ao meu irmãozinho Daniel e a mim, a serenidade, a calma e o consolo de que precisamos com muito rigor. Daniel está devagar em suas atividades executivo-empresariais, e eu estou praticamente a 0 nas minhas atividades litero-pastorais. Sei que não pode ser assim. E não será. Mas como é difícil continuar a vida!
 
Quero agradecer a todos os amigos, tanto os de perto, quanto os de longe. A hora da dor é engraçada: ela muda a geografia física. Há muitos de perto, que se tornam longínquos e distantes, praticamente inacessíveis; e há muitos de longe, de muito longe, que se fazem próximos e presentes. E nisso se cumpre o ditado: "quem quer conhecer um verdadeiro amigo, que fique doente..."
 
Daniel e eu recebemos inúmeros telefonemas. Eu estava a citar os que recebera em meu telemóvel, mas não tenho a menor condição de continuar, porque ultrapassam 200, de várias partes do mundo. Se citar, cometerei injustiças. Portanto, em nome de Jesus, e em nome de nossa família, eu digo a vocês, queridos amigos e conhecidos: muito, muito obrigado! Vocês estão aplainando o caminho por onde estamos passando! Deus lhes pague!
 
Mas e-mails nós recebemos às centenas, e vamos responder a cada um. Eu queria preparar um e-mail com as frases que estão a nos enviar, mas é-me difícil ter algum tempo ou alguma força para fazer isso. Prefiro responder pessoalmente às mensagens, mesmo que demore um pouco, uma vez que são lindas, e merecem ser lidas até o fim.
 
Agradeço aos amigos que irão doar sangue. A pronta-resposta é um ato grandioso de amor, e certamente fará um bem grandioso, não apenas para minha mãe, mas para quem precisar de sangue. O telefone para informações nesse sentido é 3694-3398, com a irmã Célia. Acredito que os que se ofereceram até agora têm sido o suficiente. Mas, se ela precisar de mais sangue, o hospital irá pedir, e eu irei clamar aos amigos que me lêem em São Paulo.
 
Eu sei. O choro pode durar toda uma noite, mas a alegria virá ao amanhecer. Espero com grande expectativa o amanhecer. Orem para que Daniel e eu tenhamos a paciência, a serenidade, a fé e a esperança necessárias, nessas difíceis horas do sofrimento de nossa progenitora.
 
Continuo disponível em meu telefone celular (telemóvel), para atender a todos os irmãos. Quando ligarem, e ouvirem mensagem gravada para deixarem recado, tentem novamente, porque talvez a linha esteja ocupada. Mas, se persistir, deixe a mensagem gravada, que eu ouvirei com certeza. Essas mensagens gravadas estão me fazendo um bem fenomenal, e os telefonemas atendidos estão motivando-me a continuar a lutar. Obrigado, mais uma vez.
 
E escrevam. Escrevam o quando desejarem. Lerei com amor e prazer a todos os e-mails. E irei respondê-los em breve também.
 
Amanhã pretendo pregar, pela manhã, e visitá-la ao meio-dia. À noite cederei a minha vaga para alguém da família, porque ao meio-dia são 4 visitas, e às 18 são apenas duas.
 
Deus a todos abençoe, em nome de Jesus.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br ou bnovas@gmail.com ou
bnovas@ibest.com.br
Telefone: (0xx11) 9699-8633


25/11/05 03:53 : Se há uma palavra capaz de expressar o que estamos sentindo agora é DOR. Muita dor.
 
Mamãe está na UTI, na UTC, terapia de choque.
 
Tudo aconteceu tão repentinamente, tão inesperadamente!
 
Ela já não conseguia respirar direito à noite. Eu velava por seu sono, com receio de que viesse a engasgar-se. Mas neste dia ela já não estava respirando direito, nem sentada.
 
Tomou seu café com torradas, pediu água, e cochilou em sua velha poltrona, como sempre fazia, neste período triste de sua vida.
 
Após o almoço, ela pediu para deitar-se, porque não estava bem, estava desconfortável. Não encontrava posição para sentar-se, e de pé não conseguia. A Milu ajudou-a a ir até a cama. Mamãe apoiou-se com tudo no braço cujo ombro está quebrado. "Mãe, não faça isso, por favor! A senhora vai estragar seu braço!" "Não fica bravo comigo, filho!" Ah, meu Deus, como dói lembrar-me disso agora! Me perdoa se fui rude com ela! Conseguimos deitá-la. Mas sua respiração piorava, e sua barriga estava enorme. Não urinara a manhã toda, e tomara soro caseiro durante o dia anterior e este, por causa de uma anemia suspeitada pelo médico.
 
"Mãe, o que há?"
 
"Não sei, filho. Estou incomodada".
 
"A senhora quer ir ao hospital?"
 
"Sim, quero. Mas de ambulância, porque não agüento ir no carro."
 
Mamãe não queria sequer falar em hospital. E agora pedia para ir. Algo muito grave acontecia. Minha prima Leila (ah, que jóia maravilhosa de garota!), colocou-se à disposição para acionar o seu médico, que prontamente ligou-me. Estava desesperado à procura de ambulância, e o médico conseguiu uma do SAMU, serviço gratuito da prefeitura.
 
Quando chegaram, mamãe agonizava, já não falava coisa com coisa. Solicitaram apoio do resgate dos bombeiros. Vieram prontamente, e transportaram de maca a mamãe. Quando a vizinhança viu o caminhão enorme dos bombeiros, e a ambulância ligada, pensaram: "algo muito grave deve estar a ocorrer". E estava.
 
Ver minha mãe sendo carregada até a ambulância foi como uma facada bem no centro da minha vida. A Milu chorava, e eu também. Fui com a ambulância. Corríamos contra o tempo. Da Pompéia até a Beneficiência Portuguesa, há um bom caminho, mas o motorista conseguiu chegar em 25 minutos.
 
Eu não fazia idéia do que tinha que fazer, mas era eu o homem da casa, teria que tomar as decisões. Em minhas mãos os documentos dela. E no coração a tristeza, ao vê-la daquele jeito.
 
Colocaram-na na maca e transportaram-na para a área de semi-intensivos. Lá tiraram o seu sangue. Tentaram fazê-la respirar um pouco melhor. Seus olhos estavam emplastados de secreções, seu peito parecia que estava a fazer um gargarejo. Corri para conseguir os exames e brigar com o convênio, que queria cobrar à parte a tomografia que fora solicitada. Consegui um acordo e corremos contra o tempo. Com a guia na mão, correram com o leito até o MED-IMAGEM. Lá, em 15 minutos fizeram a tomografia na mamãe. Tadinha, suas respostas não coincidiam com as perguntas, e sua fala já não era mais o português...
 
Levaram-na para o semi-intensivo novamente. Ali tentaram melhorar sua respiração. Ela não estava sedada, mas estava quase que inconsciente.
 
O médico foi curto e grosso: "já temos os exames de sangue. Tenho que ser honesto: ela está em crise total, seus órgãos não estão funcionando mais, seu sangue mostra tudo o que não pode ter, seus rins não funcionam e há o temor de um ... pulmonar (esqueci o nome daquilo que ele disse). Se colocarmos ela num respirador artificial, ela não resistirá! Vamos tentar fazer o que pudermos, mas preparem-se, porque o caso é muito, muito, muito grave..."
 
Minha prima Leila, a fisioterapeuta Nalva, eu, olhamo-nos e trememos. Eu saí e chorei. Ah, como chorei. Minha mãe estava morrendo!
 
De repente ela começou a afogar-se e as enfermeiras não conseguiam oxigenar sua respiração. Então foi um corre-corre naquele hospital: levaram a mamãe correndo pelo corredor. Para nós era normal; para eles, corriam para ligá-la nos aparelhos, porque ela estava morrendo.
 
Depois que entrou, uma outra médica, tão simpática e delicada quanto o médico (...), foi nos bronquear: "então ela está doente há um mês? E agora que vocês a trouxeram? Pois saibam que ela está quase em óbito, etc.,etc..." Não adiantava explicar que ela estava sob os cuidados médicos locais, e, se eu fosse retrucar, mamãe é que iria sofrer.
 
Meu irmão lutava contra o tempo, mas o tempo - tempo mesmo, porque os vôos do Rio para São Paulo estavam atrasados devido aos T-Storms. Ele deixou uma importantíssima conferência com os contabilistas de eletricidade do país, e correu pra São Paulo. O vôo atrasou muito, mas ele chegou. Então, ao ver meu irmãozinho, e saber que era a nossa mãe que estava por um fio, desabamos.
 
Dez e tanto apareceu um outro médico, na porta da UTC. Um médico completamente diferente, experiente, preparado. Convidou-nos a entrar na ante-sala, e explicou-nos o caso: "ela está com seus órgãos em crise, não sabemos o que ela tem, vamos estabilizar sua respiração e fazer tudo que estiver ao nosso alcance para ajudá-la". Talvez ele tenha dito as mesmas coisas, mas com sabedoria. Suas palavras soaram como música em nossos ouvidos. Mas nada mudara. Apenas a notícia: "entubamos a Dona Elzira". Meu Deus, é quase o fim!
 
Meu irmão ainda ficou por lá, mas eu voltei com a Leila para casa. Ela foi embora e eu recebi o Sergínho, a Edna e a Izamara, da Boas Novas. Minhas emoções estavam completamente à flor da pele. Eu não comera há quase 30 horas, e não tinha fome. Forçaram-me a comer. Depois, na madrugada, liguei umas 20 vezes para meu irmão e prima, só para desabafar. Por fim, dormi.
 
Hoje, ao acordar, meu irmãozinho falou que ela fez transfusão de sangue e ficou mais corada. Também falou que seu sangue deu uma leve melhorada, nada a comemorar, mas um sinal evidente que o precipício da falência múltipla estava contido.
 
Fomos à tarde para o hospital. Queríamos ver nossa mãe mais uma vez. Ao chegar a nossa hora, eu estava como que a apresentar-me a um concurso, a um presidente, de tão ansioso e nervoso. Ao chegar, vi mamãe. Tadinha, meu Deus! Tubos no nariz, tubos na boca, aparelhos por todo lado, mas não aquele medonho respiradouro sanfonado, que faz um barulho monstruoso. Esse é silencioso. Ela dormia profundamente. Estava em coma. Associaram sua falta de lucidez com os remédios, e induziram-na ao coma, para melhor tratarem. Lembrei-me do Pr. Marcílio de Oliveira Filho, de Curitiba, de saudosa memória...
 
Mesmo ali, deitada, totalmente dependente de máquinas e médicos, não perdera a sua elegância, a sua postura linda e majestosa, a sua fisionomia de uma Filha de Deus, uma mulher boníssima, que, quem a conhece pessoalmente, sabe que não minto. Vestido de aventais azuis, Daniel e eu olhávamos e acariciávamos nossa mãe. Aquela mulher heroína, crente, sincera e fiel, que nos criara, que nos dera a luz, agonizava em grande enfermidade. Porém, graças a Deus pela Beneficência Portuguesa, o melhor hospital de nossas vidas. Foi ali que eu nasci, em 1965. Foi ali que eu quase morri, em 1982. E... esperem....
 
Não pode ser!
 
Lembrei-me de algo que me fez arrepiar!
 
MINHA MÃE ESTÁ EXATAMENTE NO LUGAR AONDE EU ESTIVE EM 1982, NO MÊS DE OUTUBRO, QUANDO AGONIZAVA E ME PREPARAVA PARA MORRER! SIM, NA MESMA UTI-UTC, NA MESMA SALA, NA MESMA POSIÇÃO DO LEITO!!! COMO PODE SER? LEMBRO-ME DE MAMÃE A ME VISITAR. E AGORA, EU A VISITO!!! NÃO É IMPRESSIONANTE? NÃO É INCRÍVEL???
 
Meu irmão me bronqueava, para que eu não chorasse. Eu tentava manter a compostura. Sua boca ferida, com as borrachas colocadas, suas mãos inchadas, pouca esperança nos inspirava.
 
Foi então que o médico nos falou:
 
"A Dona Elzira teve um sintoma muito bom: SEUS RINS VOLTARAM A FUNCIONAR. Ela já urinou 3 litros, e a coloração é sadia. Agora ela fará uma endoscopia, para descobrirmos porque evacua sangue, e para tratarmos o problema na origem. Mas ela está um pouquinho melhor. Há esperança de recuperação".
 
Bendito seja Deus!
 
Agora as lágrimas caiam, mas eram de esperança.
 
Esperança misturada com temor. Sim, sou muito cauteloso nessas declarações de "está curado em nome de Jesus". Não sou Jesus, nem sou soberano para saber se a vontade dEle é ou não é essa. Porisso, faço como Maria: guardo no coração e aguardo os acontecimentos, para depois testemunhar com alegria.
 
Seu estado: grave. Ontem: estado quase-óbito. Com certeza é algo melhor! E amanhã? Deus, tenha misericórdia de minha mamãe!
 
Meu celular não parou de tocar. Presbítero Daniel Glauber, Professor José Fernando, Leandro, Pastor Alfrêdo, Pastora Gláucia, Iraídes, Noêmia, um irmão de Vila Campo Grande, Pastor Airton, Pastor Valter Pitteri, Pastor Neilson (seu pastor), Antonio, Pastor Marcos Amazonas, Pastor Luiz Loreto, etc. Perdoem se não citei o nome de todos, mas a memória é falha, mas a da gratidão a todos certamente não será.
 
Alguns, que eu tinha certeza que ligariam, ainda não ligaram. Outros, não esperaram, e já deram seu ar de graça e companhia. Outros, através de e-mails lindos e carinhosos. Obrigado, muito obrigado mesmo!
 
Peço a todos que ligaram para mim, que me enviem um e-mail, para eu registrar.
 
Mandem para bnovas@ibest.com.br , porque agora até a UOL está dando problemas, para ajudar: está travando as mensagens
 
E continuo com o meu telefone à disposição para notícias: 0xx11 9699-8633.
 
Quanto à comunicação com o Daniel, agora ele não receberá mais em seu celular, mas deixou uma funcionária e um número de telefone para informar a quem desejar. Basta ligar para 3694-3398 e falar com Sra. Célia, que ela terá alegria e atenção em informar tudo o que souber até o momento.
 
A Igreja Batista Boas Novas pode andar com as próprias pernas, e tem demonstrado isso. Hoje foi o DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS, e fizeram sem mim. Deram apoio, participaram, enfim, mostraram grande maturidade. Bendito seja Deus por isso! Obrigado, MM João Marcos, pelo apoio, obrigado Pr. Aparecido, pelo apoio também!
 
Estou precisando de doadores de sangue, conforme é praxe nesses casos. Para este momento específico, preciso de um. Eu queria doar, mas, infelizmente, não tenho saúde para tal. Se alguém puder e quiser fazer esse ato de caridade, ficaremos agradecidos eternamente. Por favor, comunique-se com a Sra. Célia, em 3694-3398, para que ela informe tudo o que é necessário: endereço, horário, condições, etc.
 
Há pouco fui até o quarto da mamãe. Seus bichinhos de pelúcia, sua cadeira de rodas, seu rádio onde ouve a MELODIA, seu relógio de cabeceira, os cds de seu pastor, enfim, seus pertences, tudo lembra ela, e está parado, triste, limpo, mas sem uso. Será que ela voltará para a sua casa, para os seus filhos, para as pessoas que a amam? Deus, por favor, deixa-me ainda colocar um neto nos braços de minha mãe! Eu imploro!
Obrigado pelo amor, pelo carinho e por orarem por nós.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br / bnovas@gmail.com
 
telefones: 0xx11 9699-8633
ou para o Daniel: 0xx11 3694-3398, falar com
Sra. Célia (irmã Célia).
 
- -

23/11/05 Estamos levando minha mãe ao hospital, de ambulância especial para insuficiência cardiorespiratória. Orem por nós. Wagner Antonio de Araújo Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP bnovas@uol.com.br quem desejar, liguem-me após 17 horas, que creio ter notícias. fone 0xx11 9699-8633 meu irmão Daniel: 0xx48 9984-0402 ou 0xx11 8173-9902 Pr. Neilson (pastor dela) 0xx11 3673-7925 / 3675-9548

19/11/05 Olá. "Orai uns pelos outros".

ELZIRA BONFANTE - Minha mãezinha querida. Enferma, ombro quebrado, mente enfraquecida, mas cremos que o Espírito Santo está operando em seu corpo. Meu irmão Daniel, a Milú e eu agradeceríamos, se os amigos pudessem fazer uma oração em prol da recuperação da saúde de mamãe. Muito obrigado!
 
Muito agradecido por orarem, amigos!
Contem também comigo!
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br

ADENDOS DE UMA TARDE DE VERÃO
Os amigos me escrevem, perguntando: como está a sua mamãe? Tenho dito: a situação está difícil. E realmente está. Tenho visto essa heroína da fé sofrer todas as noites e madrugadas, e sinto-me impotente para fazer algo. Nesta madrugada ela falou o tempo todo, e não conseguia discernir a realidade da imaginação. Como isso dói no coração de um filho! Hoje, sentado ao pé da cama, segurando sua mão cansada e calejada, não pude conter as lágrimas, enquanto intervia em suas alucinações, acalmando seu coração. Lembrei-me de minha avó, mãe dela, que também enfrentou a mesma fraqueza, e do meu pai, que morreu pensando que estava a serrar um cano de água...
 
Agora ela está lá, a fazer a fisioterapia. Fisicamente os sinais são bons (mas, para mim, que já conheço a evolução das enfermidades, a fraqueza da lucidez é mau presságio). Ela está emagrecendo, já consegue sair da cadeira para a cama, já levanta da cadeira sozinha. O médico, Dr. Caio, e a fisioterapeuta, Dna. Nalva, estão fazendo um trabalho excelente. Mas viver e quanto tempo viver está nas mãos de Deus. Minha oração é para que Deus me dê a graça de ter mamãe conosco por mais tempo. Eu gostaria tanto de colocar um neto nos seus braços, meu Deus!
 
 
UM IRMÃO COMO O DANIEL
Sou um abençoado. Ter um irmão como o jovem Daniel, é um privilégio de poucos. Homem de Deus, que não mede esforços para ajudar a mamãe e tudo dedica ao Senhor. Daniel, obrigado por ser a bênção que você é. Saiba que nós, aqui de casa, somos muito agradecidos por você existir, e tornar as nossas vidas mais felizes! Tenho orgulho de tê-lo como o meu irmão mais novo. Mais novo; contudo, muito mais maduro interiormente. Deus te abençoe!

Amigos
 
Não tenho respondido e-mails. Mas a maioria deles está aqui, aguardando o
momento certo. As coisas por aqui estão trabalhosas. Minha mãe requer
atenção especial, a igreja necessita de mim, e estou cansado. Mas vou
responder, ok? E fico feliz quando vejo alguma mensagem direcionada a mim.
Muito obrigado!
 
Estou indo para Monte Alto, interior de São Paulo, agora pela manhã. Se
alguém quiser presentear-me com um telefonema, sinta-se à vontade: 011
9699-8633.
 
Com a graça de Deus, vou hoje e volto amanhã, consultar-me com o médico,
irmão em Cristo e vice-prefeito Maurício Piovezan, um dos mais competentes
endocrinologistas e cardiologistas do país. É um novo crente, aleluia!
 
Orem por minha mãe. No sábado ela estará submetendo-se a novos exames no
hospital. Só de pensar em tirá-la de casa, já dá um frio na barriga, porque
será uma luta terrível. Ela está muito cansada e desanimada.
 
Orem por nós.
 
Deus abençoe a todos.
 
Wagner Antonio de Araújo

Estamos orando por sua mãe! Abraços _ Pr. Billy

November 11, 2005 _ Pr. Wagner, Estou orando por sua preciosa mãe e por sua saúde. Se cuide! Willian Wojcicki _ Pastor Batista
(Pastor Willian O senhor é muito especial, eu agradeço muito as suas orações e apreço. Se Deus quiser ela há de melhorar, e em fevereiro estarei por aí, quem sabe subo até sua região, na América. Um abração. Wagner )

Yrorrito _ Continuamos intercedendo pela mãe Elzira , por estarmos no mesmo corpo , esta dor muito nos aflige e pedimos constantemente que a misericórdia de Deus nos sutente firme em nossa fé , em nossas forças , até que Deus aprouve em restaurar completamente ossos , músculos tecidos que foram dilacerados com este acidente .
Compartilhei recentemetne com a Let , uma música que Deus nos concedeu quando passava por uma dor muito grande e neste momento gostaríamos de compartilhar com o senhor :
 
SERVO .
 Sou justo e bom , mas Deus tirou o meu direito , apesar de guardar todos os Seus mandamentos e de fazer a vontade de Deus , o meu pedido foi rejeitado , a minha oração não foi atendida . Porque Senhor ? Por quê ? ... E Deus então responde :
  Servo onde estavas , quando o mundo eu criei ? Servo onde estavas quando a vida eu formei?
O mundo eu criei , todas as coisas eu formei , tudo que existe que acontece é minha vontade .
  Coro : Servo onde estavas quando tudo foi formado ? Quando a vida apareceu e eu criei a Luz ?
Não questione aquilo que te acontece , aceite agrada-te com o que eu faço para ti .
 Vós que sois maus sabem dar boas coisas , quanto mais eu vos darei aqui . 
 Os teus olhos não são meus olhos , eu vejo o teu futuro , e permito que aconteça o que é melhor pra ti .
 Agora tua vontade tem de ser minha vontade , eu não arrombarei , teu coração , não forçarei 
 Vou atuar segundo tua permissão , não vou arrombar , o teu coração .
( Podes escutar a melodia clicando no : http://www.uniaonet.com/espmusmeta09.wma )

YRO
 SUA MÚSICA, TANTO A LETRA, QUANTO A MELODIA, QUANTO A INTERPRETAÇÃO, SÃO MARAVILHOSAS.
ERA O QUE EU PRECISAVA ESCUTAR NESTA NOITE.
QUANTAS VEZES O NOSSO PEDIDO É REJEITADO, A NOSSA VONTADE NÃO É FEITA, NÃO É VERDADE?
QUERO TE PARABENIZAR
DE TODO O CORAÇÃO PELA BÊNÇÃO QUE ME DEU.
OBRIGADO!
 WAGNER



Quatro meses.
 
06 de dezembro de 2005.
 
18 horas.
 
Na Avenida Paulista, voltando para casa, após visitarem sua mãe pela última das vezes, dois irmãos, cansados e apreensivos, Daniel e Wagner, recebem um fatídico telefonema: Dona Elzira Bonfante faleceu, na Unidade de Terapia de Choque do Hospital São Joaquim, Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.
 
A garoa paulistana molhava o vidro do carro, e as lágrimas regavam nossos olhos, rolando rosto abaixo, para o chão.
 
 
No peito, uma gratidão: mamãe foi para o Lar. No coração, uma dor: não a veremos mais aqui na Terra. Ah, Senhor...
 
Ser forte para não deixar meu irmão sucumbir, receber e enviar telefonemas, e-mails, principalmente e-mails. Ah, como circularam e-mails emocionais naqueles dias!
 
 
Madrugada. Quatro da manhã. O corpo da saudosa Elzira Bonfante chega no templo da Pompéia, que ela ajudou, com suas ofertas, a construir. Templo que não conheceu em vida, agora serve-lhe de velório. Contradições da vida!
 
Coração sofrido, saúde frágil, doparam-me para não sofrer mais do que era capaz. Meu irmão era mais saudável. E aquele foi um dia histórico. Inúmeros amigos, parentes, irmãos em Cristo, pastores, missionários, todos irmanados com nossa dor, vieram dar o último adeus, ou ligaram, ou escreveram. Mas, de algum modo, quiseram que soubéssemos de sua solidariedade.
 
 
Um carro a mais, sim, foi necessário um carro a mais, tantas eram as coroas e flores, as homenagens póstumas àquela que nos dera à luz, e que fora, para a Igreja Batista de Vila Pompéia, a vovó Elzira, a confidente, a conselheira, a mulher de oração, a "miss simpatia".
 
Dia seguinte. Casa vazia. Alguns amigos a fazer companhia, para amenizar a transição. Mas, passados uns dias, tudo tem que voltar ao normal, pois cada um tem seus próprios fardos, e a vida não espera, ela continua.
 
Daniel voltou à empresa, Milu aos cuidados da casa, e eu ao rebanho de Cristo. Visitamos o cemitério, para celebrar o Natal, simbolicamente junto da mamãe, que sempre ganhava o presente de maior valor, mesmo que tivéssemos pouco para gastar; neste ano presenteamos-lhe duas coisas: nossas flores e nossas lágrimas de saudades. Quantas foram, só Deus o sabe.
 
Quatro meses. Meu Deus, como o tempo passa! Minha casa está vazia. Somente o Senhor e os ecos da saudade. Ecos que nos fazem relembrar o tempo em que o nosso jardim floria perfumadamente, tempo em que mamãe era tudo para nós, humanamente falando. Cômodos vazios, memória cheia, saudade profunda!
 
Nestes quatro meses os sulcos em nossas faces denotam dez anos de envelhecimento, tanto tem sido o nosso sofrimento, a dor da ausência, às vezes insuportável. Afinal, era ela a luz de nossos caminhos, o centro de nossa família, a ternura de nossa vida. Sentimo-nos como Israel cativo em Babilônia, junto aos rios estrangeiros, não conseguindo tanger suas harpas, ou como as almas debaixo do altar, a inquietar-se com o juizo tardio contra os inimigos de Cristo. A resposta é a mesma: "descansai um pouco mais". Descansar, aqui, para nós, é seguir em frente, para o alto, para cima, para Deus.
 
E temos feito isso. Daniel em seus negócios, Milu na casa, eu na igreja e em meus ministérios múltiplos. Alguns não consegui reencontrar; outros, aos poucos vão se normalizando. Mas nada mais foi como era. Nem na formação de uma futura família tenho pensado ultimamente. A dor maior acaba cobrindo a dor menor; e eu pensava que não havia nada mais doloroso! Ledo engano!
 
Saudades, mamãe querida! Muitas saudades!
 
 
Mas, mesmo assim, nós, Milu, Daniel e eu, jamais deixaremos Jesus Cristo, que é a razão principal de nossas vidas, começo, meio e fim. É por Ele que sobrevivemos a essa tsunami que soterrou quase tudo, e é por Ele que reconstruiremos um futuro lindo, edificado sobre o fundamento dos apóstolos, e o exemplo inesquecível de nossa genitora.
 
Te amamos, mamãe!
 
 
De seu filho Wagner, o primogênito, e de seu caçula Daniel, junto com a filha postiça Milu.
 
 
 
"Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também"; "consolai-vos uns aos outros com essas palavras".(João 14, I Tess 4))
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP


ELZIRA BONFANTE
a minha mãe!
- um ano longe dela...
 
Não é um dia como outro qualquer. É um dia nublado. Um vento de outono sopra nesse início de verão, distoando das cantigas natalinas que se ouve pelos ares. "Noite Feliz", "Pequena Vila de Belém", "Nasce Jesus". Parece que tudo está em preto e branco, com baixa definição. As melodias não encantam, o Natal não sensibiliza, nossa árvore continua encaixotada.
 
Poderia ser qualquer dia: 8 de novembro, 4 de dezembro, 15 de outubro, não importa. Mas 6 de dezembro corta como faca de dois gumes, penetra como um punhal, sangra como uma ferida aberta, arde como pimenta nos olhos, entristece como um canto de lamentação.
 
Lamentação: isso! É assim que poderia chamar esse dia. Um lamento ao nascer do luar!
 
Foi em 06 de dezembro do ano passado, 2005, às 18 horas da tarde, que Daniel e eu rumávamos para casa, após a última visita na UTC do Hospital São Joaquim, Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Deus tocara em meu coração, para que não fosse embora até que essa visita acontecesse, fora de hora. Ao entrar, vi aquela que me trouxe ao mundo, agonizando. Canos e canos no nariz, tubos na boca, lábios já arroxeados, respiração artificial vagarosa, barriga inchada, e o médico a dizer: "só estamos aguardando..."
 
Sim. Quando recebemos o telefonema, dizendo para voltarmos - estávamos no trânsito da Avenida Paulista -, sabíamos que mamãe partira. E, nesse instante, a dor consumiu todo o resto de esperança, esperança teimosa, que se negava a aceitar a realidade. Ela partira. Ela se fora. E nós ficáramos. Mas queríamos ter ido com ela, para nunca nos separarmos!
 
Ela era o elo de ligação da família, na ausência de minha avó Sílvia. Quando a vovó faleceu, a família dispersou-se, mas mamãe conseguia unir suas irmãs através dos telefonemas diários ou semanais, que fazia. Algumas ela acordava diariamente, cantando uma musiquinha da TV Tupi dos anos 60. Outras, atualizava as notícias sobre as primas, as tias, o mundo, o evangelho. E assim a família era unida, por uma central de comunicação e ânimo, chamada Elzira Bonfante. Meu Deus, que falta ela faz!
 
 
Não era apenas com suas irmãs que mamãe mantinha o ânimo, o vigor, o amor, a união. Também com os irmãos em Cristo. Ela era conhecida como "a vovó da igreja", e "o despertador". O pastor, irmãos e irmãs, muitas vezes, pediam para minha mãe despertá-los, pois confiavam mais num telefonema dela que nos seus próprios relógios! Além do mais, com a voz e o amor da minha mãe, o dia era muito, mas muito mais suave e agradável. O meu irmão Daniel era todos os dias acordado por ela, estivesse no Acre ou no Rio Grande do Sul.
 
Tudo isso eu vejo no ar, no céu tristonho e melancólico, na brisa de inverno neste início de verão. Hoje faz um ano. Um ano que ela partiu.
 
A questão não é "há vida após a morte", mas "há vida após a morte de quem se ama?" É possível continuar a vida sem ela?
 
Por um lado sim. Nosso fundamento e base é Cristo. E minha mãe, durante 24 anos, foi uma das crentes mais fiéis de que tenho notícia. E eu conheço muita gente, muitos lugares e alguns países! Minha mãe era uma mulher de oração. Ela orava mesmo! Ela falava com Deus. Ela ouvia dia e noite a MELODIA FM. Fiquei triste porque a ouvinte mais fiel não recebeu uma única homenagem. Os produtos fantasiosos oferecidos pelos patrocinadores, mamãe comprava todos, para ajudá-los e ajudar a si, pois acreditava que pó de tubarão ou de raízes fosse afinar o seu sangue. Que tristeza quando um desses vendedores ligou para cá, pedindo para falar com ela, e, quando dissemos que ela havia morrido, a moça falou: "ah, ainda bem que você me disse, senão eu iria ficar com um nome à toa no meu cadastro. Até logo".
 
Mamãe era confidente do pastor. Era a mãezona, a pastora dos pastores. Seus conselhos, seus ouvidos, suas recepções, tudo isso era de um poder fabuloso na vida dos obreiros e da sua igreja. Se alguma dúvida houvesse quanto à conversão e consagração de minha mãe, então nenhum dos crentes que conheço, incluindo-me a mim, teria qualquer segurança em sua fé, pois ela era um exemplo. Mas, bendito seja Deus, não só temos segurança de sua salvação, quanto de que sua morada com Cristo é especial! Aleluia!
 
Não tivemos Natal no ano passado. Não costumo ser hipócrita e fazer coisas para os outros verem. Gosto de ser eu mesmo e assumir minha humanidade. Chorei, berrei, fiquei perplexo, fiquei emburrado. E agora, que mais um Natal vai chegar? O que minha mãe faria se estivesse em meu lugar?
 
Primeiramente, ela ficaria alegre, nem que fosse da boca para fora, só para não estragar o nosso Natal, e ainda nos incentivar a superar a dor e a crise. Minha mãe era uma consoladora, ela nos erguia e nos fazia recobrar o ânimo. Não houve um dia em que eu chegasse triste da Boas Novas, que ela não tivesse um estímulo, uma palavra de ânimo, acabando com a minha tristeza e depressão. Então minha mãe ficaria alegre.
 
Em segundo lugar, ela continuaria falando com as tias e com os irmãos, correndo atrás da normalidade. Que mulher forte, meu Deus! Superamos a morte do meu pai, porque ela estava conosco. E agora, Senhor? Quem fará isso por nós?
 
Ela arrumaria a árvore, celebraria com grande alegria, ficaria feliz com pouca coisa e faria do Natal um momento único, maravilhoso, inesquecível! Ela nos faria compreender a vontade de Deus, nos faria agradecer pelos acontecimentos e nos mostraria o lado bom de tudo. Deus, como sobreviver sem ela? Imagino  como amavas e amas tua mãe, Jesus! Mãe é tesouro incomensurável, é pérola, é rocha, é gargantilha de ouro, é diamante num anel, é Ferrari na garagem, é um rim novo para o hemofílico! Mãe é a coisa mais bela e maravilhosa na criação divina!
 

Ela nos alegraria, mesmo que sofresse sozinha, sentindo a falta de sua mamãe Sílvia e de seu papai Leandro, ou de meu pai Antonio. Certamente choraria pela falta que sua irmã Isaura lhe fazia, dor que lhe consumiu tanto, ou pela impossibilidade de desfrutar dos telefonemas contínuos com sua irmã Jovelina, impedida pelas interpéries da vida. Ela sofreria aos pés do Salvador. Quantas vezes não escutei seu choro, enquanto orava! Ela só quis o nosso bem, e nunca, nunca reclamou de nada! Essa mulher não sentia dor? Essa mulher não sofria? Às vezes, quando ia dormir tarde, passava junto à porta de seu quarto e a escutava chorar. "O que foi, mamãe?" "Nada, só um resfriado". Pela manhã, quando ligava seu rádio, apoiava-se no andador, sentadinha, e fazia a oração das seis, ouvia a ilustração do dia, adormecia orando, acordava, e estava ganho o dia!
 
Não sou tão forte como ela. Nem eu, nem a Milú, nem o Daniel. Ela se foi, e hoje faz um ano. Do seu quarto não se ouvem mais as ilustrações da rádio. Seu telefone não fez mais ligações. Seu aparelho de som está quieto, não toca mais. Seu rádio-relógio, que ela tantas vezes deixou cair pela fragilidade das mãos, não desperta mais. Tudo está quieto, arrumado, como num ato de respeito e memória àquela que deu vida a este lar, que fez de dois filhos homens honrados, que trouxe luz e esperança para tanta gente!
 
Eu dedico o dia de hoje à memória de minha saudosa mãe. Minha, do Daniel e da Milú. Somos hoje a família que restou. Papai subiu em 1991, mamãe em 2005. Eu queria subir também, subir logo, ir ao encontro de Cristo, e, por misericórdia e graça, encontrar minha mãe! Mas há tempo para tudo, e somos imortais enquanto não cumprirmos a missão confiada pelo Criador nas mãos de cada um de nós. Por isso eu não sei quando irei. Mas sei que irei feliz, contente, cheio de esperança, cheio de saudade, cheio de felicidade! Aceito como vontade de Deus cuidar do meu irmãozinho querido, que precisa de mim. Também de pastorear o rebanho que não é meu, mas de Cristo. Quantas Elziras eu não sepultarei, e quantos Wagners, Daniéis e Milús, eu não terei que consolar ainda? Mas a dor é didática, a dor é uma escola. Sei o que meu povo sente.
 
Acho que continuar a caminhada, pregar o Evangelho, consolar os entristecidos, levantar os caídos, orar pelos enfermos, anunciar o Reino e fazer aos que estão à nossa volta, que a vida seja mais feliz, é o que nós temos que fazer. E o meu irmão continuará a servir a Jesus com todo o amor e entusiasmo, e continuar a ser, e sempre mais, um empresário de renomado sucesso e prosperidade. Não meramente por ele, mas por Cristo, pela Milú e eu, e pela nossa saudosa e eternamente presente mamãe Elzira.
 
 
Celebrarei o Natal.
 
Celebrarei o Ano Novo.
 
Celebrarei a vida, a salvação, a graça, a fé, a eternidade.
 
É o que minha mãe desejaria, é o que ela fez ano após ano, sorrindo e fazendo sorrir, alegrando e fazendo alegrar, dando amor e cultivando o amor.
 
Pouco me importa não ter bens materiais, casas, dinheiro. Eu tenho os três maiores valores: tenho Cristo, meu Salvador, tenho um irmão e uma irmã maravilhosos, e tenho Elzira Bonfante no sangue, mente e coração!
 
No que depender de nós, a família, NUNCA DEIXAREMOS O NOME DE NOSSA MÃE JAZER NO ESQUECIMENTO. Ela é uma daquelas, das quais o mundo nunca foi digno. Uma heroína na fé.
 
 
EU HOMENAGEIO
ELZIRA BONFANTE!
A bênção,
mãe querida!




 
Pr. Wagner Antonio de Araújo - bnovas@uol.com.br
Daniel Paulino de Araujo - daniel@nss.com.br
Emiliana (Milu) Pereira Cruz - danviv@uol.com.br
 
06 de dezembro
de 2006
 
Aos moderadores das listas:
Perdão pelo tamanho da mensagem (meio mega).
O motivo exigiu, peço-lhes escusas.
 Thadeu December 06, 2006  : PARA O PR. WAGNER
 Receba o nosso carinho ( de todos aqui do PDE...)
 O que mais podemos falar ?
 A não ser participar de sua saudade ...
 Graças a Deus , o Senhor o abençoou para criar o PDE, onde convivemos harmoniosamente todos os dias. Somos gratos por isso...
 Fiquem, o senhor, a Milú e o Daniel com nosso afeto. um forte abraço , meu amigo, meu irmão, nosso pastorzão !  Thadeu
- - -
( muitíssimo obrigado, Thadeu!  wagner )
- - -
 
Faço das palavras do irmão thadeu minhas palavras
pastor .
um abraço com carinho
Alessandra
= = =
 Alcione , December 06,  : do PDE para vc
 "E Deus limpará dos seus olhos toda lágrima".  Meu amado Pastor,
 Só a fé em Jesus Cristo é capaz de lhe dar o consolo que você procura. Diante da morte, todos os  nossos argumentos terminam.
 Mas, para quem tem fé, a morte deixa de ser um fantasma e se torna a condição indispensável para o encontro com Deus.
 Para quem crê em Jesus Cristo, a morte é o começo da felicidade eterna, é a libertação de todas as amarras que prendem nosso corpo a terra. É o começo de tudo.       O que é essencial  é acreditar que Jesus Cristo ressuscitou e que, por esta razão, nós também ressuscitaremos.  Esta é a certeza que a fé nos dá:       “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá”.       A morte, meu amado,  é o começo de uma história de amor que você vai viver, eternidade afora, com Deus e com os todos os  irmãos.       Você viverá um dia a alegria do grande reencontro. Total. Definitivo. Onde não mais haverá despedida. Onde não mais haverá separação SERÁ O DIA DA GRANDE FESTA. E não mais haverá medo, nem pranto. Apenas alegria, apenas AMOR.Deus colocou sua querida mãezinha em sua vida por alguma razão. Os tempos que passaram juntos foram bênçãos preciosas para ambos. A tristeza  que agora você sente é confirmação da alegria e do sentido que ela, uma pessoa tão especial, trouxe à sua vida.A dor de perder alguém íntimo é uma das mais dilacerantes experiências que a pessoa possa suportar, mas a tristeza desafia você a crer no poder de Deus de curar. A Bíblia assegura-nos:”Perto está Deus dos que têm coração quebrantado; e salva os que têm espírito esmagado.” Somente a nossa relação com Deus pode nos ajudar a suportar a  ausência daqueles que amamos
       Embora a saudade  seja grande e vá continuar enquanto você viver nesta terra, nunca se  esqueça  que há consolo na promessa divina de paz eterna.  Deixe-se abraçar por Jesus nesses momentos de dor. Ele te dará o conforto necessário para suportar a saudade. Fica na Paz do Senhor meu amado amigo. Receba um abraço afetuoso e repasse-o para o Daniel e a Milu.
       Deus é com vocês. Sempre.
       Mônica Santos.
 
       ************
 
       Pr. Wagner
       Que Deus lhe abençoe e lhe guarde que faça resplandecer seu       rosto e lhe a paz. E que o Senhor esteja ao seu lado , esteja       sempre a cuidar de ti... e ti de paz .amém.       com carinho Alessandra
 
       **************
       Tem bom Ânimo, pois Eu o Senhor teu Deus sou contigo    (Helena)
 
       ****
       "Só mais um pouquinho e aí o veremos face a face como ELE é....."       Deus abencoe!       Volmir.
       *****
       "Em todo o tempo ama o amigo, na angústia nasce um irmão"       Um grande abraço, meu irmão!   Alcione
 
- -
( NOSSA, QUE E-MAIL LINDO!  MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADO!  WAGNER)
= =
  Leticia Pedro , December 06, 2006  [PontodeEncontro] Para o Pr.Wagner e todos irmãos
Oi minha criança grande...
Sei o que está sentindo....
Ambos tivemos perdas....
Eu tive duas o ano passado e uma este ano...
As duas primeiras foram , meu pai, minha amiga e irmã Mimi, e a  segunda,
minha outra amiga e irmã Laiz com quem
repartia meus afazeres no ministério da cozinha...
Todos me fazem falta, mas é lógico que meu pai faz muito mais, pois ele era
meu porto seguro, meu mestre...
Com a proximidade do natal, nossas saudades aumenta muito mais...
Minha mãezinha, mesmo se mostrando sempre forte, nestes dias está meio
tristinha, pois são dois afastamentos que tem
um de meu pai, outro de meu irmão....
Tb não fiz minha arvore de natal.....quem sabe minha
futura norinha me anime um pouquinho e venha arrumar ela para mim...
Antes pensava muito em compras de natal...
Hj já não penso muito, meus filhos cresceram...(que pena)..
Almoço ou jantar.........ai....me falta ânimo...
Mas vou pedir forças pra nosso Deus, pois já ganhamos um presente dele este ano....
A benção que ganhamos, foi o afastamento de meu marido até o mês 5 de
2007...Glórias a Deus...(aconteceu hj de manhã)
Pedi tanto a Êle para não abandonar o seu missionário...
E Êle me atendeu...estou feliz e emocionada...nem acredito direito....
Bom, voltando...
Pastorzinho, não fique tristinho não, vamos pedir neste natal ao nosso Papai
Noel que é Cristo Jesus, muitas alegrias e distrações, para não ficar com saudades...
Com certeza Êle vai nos dar....creia....
Êsse milagre é facinho pra Êle.....eheheheheh
Com muito amor a todos irmãos, deixo aqui neste dizeres
um grande punhado de beijinhos carinhosos...
LET MARIA
- -
( Obrigado, Let Maria! Vem me visitar na Boas Novas! E traga outro presente, que aquelas lâminas de gilette já acabaram. Wagner )
= = =
 PARA O PR. WAGNER
 

ABRAÇOS PASTOR WAGNER !!!
QUE DEUS CONTINUE DE DANDO FORÇAS.
CONTE COMIGO PARA ORAÇÕES.
FIQUE NA PAZZ !
ROSELI
- - -
Obrigado, irmã Roseli.
 
Wagner
.
 



15/02/2007,438 dias após a partida de minha mãe.
Caiu a tarde, mamãe.
Mais um dia sem a sua ternura, o seu amor, a sua alegria.
Queria dizer-lhe tanta coisa!
Ou, talvez, apenas ficar calado, com a cabeça a descansar no seu colo, enquanto pediria: "faz tadinho, mãe...", e a senhora, com amor indescritível, afagaria meu cabelo e cantaria uma canção.
 
Tenho tanto a dizer, e queria tanto escutar-lhe! Queria repartir a bênção do acampamento onde sou preletor, a alegria por ter perdido 12 quilos, a felicidade de estar com Cristo. Ah, minha mãe, que falta a senhora faz!
 
Nunca me esquecerei do dia em que pedi aos irmãos da internet, que lhe mandassem felicitações de aniversário, e desejos de melhoras pelo fatídico tombo. A senhora se encantava com os telefonemas, e com a distância geográfica de muitos! Bons tempos aqueles!
 
Hoje tudo está quieto.
 
Sua cadeira reforçada - está vazia.
Sua bengala - está pendurada na penteadeira.
Seu andador - está guardado embaixo da bancada, em seu quarto.
Seu despertador sem ponteiros - está na gaveta; às vezes o coloco para funcionar, como a senhora gostava!
Seu telefone - está calado, como nunca esteve.
Sua cama - solitária.
Sua casa - Ainda sem entender que a senhora não voltará mais.
 
Eu já repito suas fotos, mamãe! Não tenho novas! Que saudade!
 
Ah, Deus, o que me consola, o que enxuga as lágrimas que não param de turvar-me as vistas e aquecer minha dor, é que, por mais difícil que seja, mamãe não morreu; ela apenas mudou de andar, mudou de lar. Ela está aí contigo, no Céu. Se eu pudesse pedir-te um recado, Senhor, pediria para dizer-lhe: nós te amamos, mamãe!
 
O que me consola é que Deus não é Deus de mortos, mas Deus de Abraão, Isaque, Jacó, Deus de gente que mudou de casa, mas não mudou de existência: gente viva, gente salva, gente feliz!
 
Enquanto isso, nesta tarde quente de verão, em plena tardezinha, o "sol-das-almas" já amarela e envermelha os prédios e as casas, a brisa suave invade o quarto de mamãe, e a saudade paira no ar.
 
Sinto falta de um abraço. Sinto falta de sua orelha, onde eu, quando criança, me pendurava, mexia, brincava. Sinto falta de mexer em seu cabelo, mamãe. Então dou minha mão para Jesus, e ele me conforta.
 
Que bom será o dia em que a morte for tragada pela vitória! A vitória da ressurreição! Então nunca mais nos separaremos de quem amamos, nunca mais diremos ADEUS, ou mesmo ATÉ BREVE! Estaremos juntos sempre, e muito mais ali, onde os vínculos serão muito mais poderosos e perfeitos que paternidade, fraternidade, maternidade. Seremos todos um só rebanho, de um só Pastor! E com Ele para sempre, sempre, sempre, estaremos!
 
Anoiteceu.
 
Fecharei a janela e seguirei vivendo. Não é fácil, mas, além de ser um sacrifício pelo Senhor, é uma homenagem àquela que levou consigo o melhor pedaço de nossas vidas.
 
Sei, contudo, que a senhora não me ouve. Que pena! Mas Deus sabe o que é melhor para nós. O Céu tinha que ser Céu mesmo, e sei que se a senhora me ouvisse, ou tivesse relações conosco, seu Céu seria um vale de lamentos, de saudade, de afeto, de cuidados. Então Deus decidiu que Ele cuidaria dali para diante, e a senhora entraria para o gozo imerecido, pela graça de Cristo (mas, dentro de suas imperfeições, não conheci mulher mais santa!)
 
A bênção, mamãe.
 
Obrigado, Deus!
 
Wagner Antonio de Araújo
15/02/2007,438 dias após a partida de minha mãe.
 
Wagner Antonio de Araújo, filho de Elzira Bonfante, heroína da fé, exemplo de mulher, de dignidade, de fortaleza, de ternura, de mãe, de dona de casa, de mensageira do Senhor. Ela é meu maior patrimônio, depois da salvação. E findo aqui minhas divagações.
 
Obrigado, irmãos, por lerem.

. . .

 
= = =
= = =  
(Grato por compartilhar teu coração conosco Pr.Wagner , como umo corpo sentimos tua dor , q é a nossa dor , mas como ummembro sem voz , não sabemos o q expressar oportunamente.Yro) .
muito obrigado, querido Yro wagner

= = =

Pr.José Vieira Rocha _February 17, 2007 Parabéns pelo seu amor filial. Deus oconsole sempre. abraços pastorvieira
obrigado, querido pastor vieira wagner -

= = =

Graças a Deus ainda tenho pai e mãe vivos, louvo ao Senhor por isto, porque os amo muito e são presentes valiosíssimos em minha vida. Sei que algum dia, o Senhor irá recolhê-los e só de pensar nisso me dá um grande aperto no coração.
Então, tento afastar estes pensamentos e aproveitar o tempo que ainda me resta, para desfrutar de suas companhias e dedicar o máximo de carinho e amor à eles.
  Quando leio as mensagens que o sr escrevo sobre vossa mãe, não consigo deixar de me emocionar, caro pastor Wagner.
  Que nosso Deus continue abençoando-te abundantemente e confortando vosso coração. Conte sempre com minhas orações.
  Em Cristo _ Ivonete Curitiba / Pr
 
= =

Pr. Wagner,
 Confesso que me emocionei muito lendo esta declaração de amor pela sua mãe querida. Só Deus para fazê-lo suportar a dor da saudade e para levá-lo a alegria e o conforto de que um dia você a encontrará na glória.
 Que Deus o abençoe, _ Jailce - 22.02.07

Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. (2Tm 1:5)
 
Também em minha mãe
ELZIRA BONFANTE
 

 
 
Antes de desligar
o micro,
para repousar na graça do
Senhor,
quero compartilhar
alguns vídeos
que postei no youtube,
imagens inesquecíveis
daquela que continuará
sempre ocupando grande
parte no espaço da minha
mente e no centro do meu
coração.
 
Cliquem nos
seguintes links, por obséquio:
 
 
 
 
 
Se puderem
assistir,
ficarei muito
honrado,
e,
se puderem postar
comentários lá, junto
à foto do vídeo, COMMENTS,
eu ficarei mais feliz
ainda.
 
 
Obrigado.
Wagner Antonio de Araújo
 
(Clique aqui) p/ ouvir a música de fundo é
MÃE, do Sérgio Saas, querido amigo,
líder do RAIZ CORAL
= = =

Leticia Pedro_25 de Fev de 2007  . Pois é Pr.Wagner... Eu tb tive momentos maravilhosos de recordações...
Outro dia passei um tempão na casa de minha mãe, vendo antigos filmes, bodas de ouro de meus pais, viagens  etc...
Foi muito bom recordar, nem parece que nossos entes queridos foram embora..parece que estão em algum lugar que logo voltaram....
O choro ao rever estas cenas , é inevitável... A saudades é muita e muito dolorida..
= =
Maria Elisa Godinho Costa _ 24 de Fev de 2007  Muito lindo os vídeos. Fiquei muito emocionada, pois lembrei da minha maezinha. Que falta ela faz. Bjs com carinho Maria Elisa
- -
Muito obrigado, irmã Maria Elisa wagner
 = = =
 Vivian Santana _Lindos, Pr Wagner !!!!  Cada um mais lindo de assistir que o outro.  Mas, muito mais lindo ainda é este seu carinho por ela.
 E muito mais ainda...mas, MUITO mais ainda seu jeito menino de lembrá-la e homenagea-la, sem as preocupações piegas que passamos a ter quando crescemos.  Meu abraço carinhoso  Vivian
- -
Muito obrigado, irmã Vivian! wagner
= =
Helena 
_ 24 de Fev de 2007  . Assisti o filme, que voce encontre sempre forças para continuar  a  jornada.
lembre-se que um dia voce encontrará com sua mamãe. naquele grande dia, quando Jesus voltar.
 Tem bom animo, sê forte, pois Deus é contigo...
- -
Muito obrigado, irmã Helena! wagner

= =
 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;  e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?  João 11 : 25 -26
Deus o abençoe, Pastorzão ! Thadeu
- -
Muito obrigado, Thadeu! wagner
 
= =
 Pr. Lázaro Soares de Assis _    Meu amado irmão Pr. Wagner, A graça e a paz do Senhor Jesus!
  Meu
- -
 Pastor Lázaro,  Obrigado por unir-se a mim nessa emoção  wagner

= =
Caro Pastor Wagner, mantenho minha palavra e o senhor é nome certo em minhas orações. Admiro seu amor e dedicação por sua mãe e isso tbem me emociona muito.
Um abraço desde Florianópolis e a paz do Senhor seja com o senhor.
Jorge Antonio de Almeida Pedrosa _ Florianópolis/SC
- - -
Muitíssimo obrigado, irmão Jorge wagner
= =

Graça e Paz meu querido.
 Pastor assisti aos vídeos da sua mãezinha,  e fiquei muito emocionada, Sei a dor de viver sem a presença de quem amamos tanto, mas que bom VC ter essas lembranças tão lindas. Deus continue te dando o conforto e a certeza de saber que um dia nos encontraremos na Glória do Senhor, todos nós os escolhidos.  Beijos em seu coração_Priscila.
 - - -
= =
Priscila , Muito obrigado pelo carinho. Minha mãe, humanamente falando, era a luz da minha vida. Tem sido difícil viver. Mas Jesus, a verdadeira luz, tem dado uma vitória a cada dia. Obrigado pelo amor e apreço.
  Tem outros dois vídeos, que postei.
 
http://www.youtube.com/watch?v=S8jghJTqDpI
 
http://www.youtube.com/watch?v=RSUUwlWo08I
 
Deus te abençoe wagner
= =
 
Pr. Wagner, É admirável o seu amor e carinho por sua mãe!
Realmente, é lindo honrar pai e mãe, não é mesmo?
Se todos os filhos tivessem esse amor... carinho... e zelo que tivemos com as nossas princesas, nossas mamães, teriam paz... muita paz ao se separarem, e não entrariam em desespero como muitos fazem, arrependidos por não amar nem cuidar como deveriam.
Eu também tenho muitos vídeos de minha princesa, Maria
Eva Leite Fonseca. Lindos! Não me canso de vê-los.
Glórias a Deus por minha mamãe!!!
Glórias a Deus por sua mamãe!!!
Glórias a Deus por nossas vidas!!!
Graça e Paz, irmão! _ Anésia Fonseca

11/05/07 _ Elzira Bonfante - Feliz dia das Mães!

 


Ah, mãe querida. Teu olhar de fragilidade e ternura me cativa, me encanta, me humilha, me faz menino novamente!
 
 
 
Lembro-me que tu estavas cansada, que, ao agarrares teu andador, ficavas arcada e frágil, e eu te abraçava, como somente os filhos abraçam, e tu dizias: "não, filho, para com isso, você me derruba assim".
 
 
 
Hoje não te abraço mais, mamãe, senão junto ao meu travesseiro regado pelas quentes lágrimas, ou nestes textos que te escrevo, homenageando tua memória.
 
 
 
Sabe, mãe, nossos jovens faziam serenatas às mães da igreja, e atravessavam a madrugada do Dia das Mães indo em cada casa, em cada janela, cantar às suas progenitoras. Lembro-me da última vez que vieram aqui. Tu não podias mais te locomover com facilidade, estavas confinada à cama, quando a juventude invadiu teu quarto, com violões e muitos jovens. Cantaram para ti. Tu acendeste teu abajour e olhaste com teus embaçados olhos, ouviste com teus ouvidos cansados, e choraste com teus emocionados olhos. E disseste: "gente, desculpem, eu estou emocionada! muito obrigado!"
 
 
Os violões silenciaram, mãe. Os jovens cresceram. E tu, amada Laura das canções, voaste para o Céu de Deus, deixando órfãos teus filhos queridos, teus amados Daniel e Wagner....
 
Quisera ter morrido em teu lugar, mãe amada! Quantas vezes quis trocar de lugar contigo, para dar-te que fosse um minuto mais de vida! Viver assim, com tua ausência, não é viver; é sofrer! E como sofre um coração saudoso, que não encontra mais aquela a quem tanto ama, não esse amor interesseiro, que busca algo em troca, mas aquele amor angelical, cujos vínculos e laços são puros e ausentes de interesses, trocas e benefícios. Assim como nos amaste, mãe amada, amamos-te também. Até o fim!
 
Depois que partiste, saudosa Elzira Bonfante, tua irmã Elza revelou-nos que, ao dares a luz ao Daniel, em 1971, à pedido meu (pedi um irmãozinho), não me deste apenas o irmão, mas deste também o resto de tua vida, porque, na mesa de cirurgia, tu estavas a partir, para que teu rebento visse a luz! Eu, seis anos de idade, nada entendia. Mas os médicos, usados por Deus, conseguiram ressuscitar-te, e tu ficaste, com a bênção do Pai das Luzes, para criar-nos, para acalentar-nos, para fazer de nós os homens honrados que somos hoje!
 
 
Ah, mãe amada, teu olhar meigo e dócil, na sala de estar, no quadro pintado à mão, quadro encomendado para tua fazenda, é testemunha diária do quanto sinto tua falta, do quanto te choro, e do quanto pergunto: "E agora, Senhor? Como prosseguir?"
 
 
O que me conforta, mãe querida, é saber que tu estás viva, ainda que teu corpo esteja em pó. Tu estás no andar de cima, como diria meu amigo Padre Zezinho, enquanto nós, aqui, no andar térreo. E, naquele andar, no Paraíso, tu vives num relógio diferente, numa realidade tão melhor, tão perfeita, que o sofrimento é só nosso aqui, enquanto não nos reencontramos. Ah, mãe do coração, rocha de nossa existência terrena, flor do jardim de nossa família, perfume de ternura, diamante de nosso anel, como sentimos tua falta!
 
 
 
Tu não precisas de nossa prece, pois teu destino selou-se em Jesus, que pagou por teus pecados e salvou-te por completo. Aleluia! Também não oras por mim, uma vez que Cristo, nosso intercessor, o faz de forma tão completa! Nem acompanhas nossos caminhos, pois que, ao ver nossa dor, teu Céu seria um inferno, pois gostarias de interagir, estar presente, e não poderias.
 
Mas sei que Deus não troca o bom pelo pior, o claro pelo embaçado. Assim, se Deus julgou ser o Paraíso melhor que o teu lar, a tua casa, o teu leito, os teus filhos, a tua igreja batista da Vila Pompéia, as tuas irmãs, a tua TV, tuas frutas que com amor Milu cortava, então é porque onde estás, por força e graça de Cristo, é melhor do que qualquer coisa que possamos imaginar.
 
Assim, mãe querida, melhor do que os presentes bonitos que o Daniel te dava no Dia das Mães, melhor que a serenata dos jovens da Boas Novas, melhor do que os cds que eu te trazia, ou do que os livros que eu te comprava, melhor que os banquetes que a Milu te preparava, é o que Deus tem dado a você, no Paraíso, enquanto aguardas o glorioso e majestoso dia em que ressuscitaremos todos, em glória, perfeitos, sem dor, sem velhice, sem medo, sem morte.
Enquanto nós, teus filhos, vamos caminhando neste súplice e lamentoso vale, que de lágrimas se banha e de dor se acrisola, pedindo ao Pai Celeste o consolo, o remédio, a compaixão, a misericórdia, para que torne nossos dias que se seguem menos custosos, menos doloridos, e que transforme a dor intensa que sentimos em flores perfumadas e paisagem portentosa.
A sua bênção, mãe amada, querida e inesquecível.
 
Teus filhos
Wagner e Daniel, e tua ajudadora Milu.
 
 
Wagner & Daniel


DOIS ANOS
06/12/2007 
 

 
 
Dia seis de dezembro.
 
2007.
 
Hoje, às 17 horas, completaremos dois anos da ausência de nossa mamãe Elzira Bonfante. Naquele fatídico dia, às 17 horas, dizíamos ATÉ BREVE à nossa mãe querida, nossa amada rainha do lar.
 
Talvez ausência não seja a palavra certa, pois não houve um dia em que ela estivesse ausente de nossas lembranças, de nossas memórias, de nosso amor, de nosso carinho, de nossa atenção. Quanto mais o tempo passa, mais presente nossa mãe se torna, pois seu rastro foi iluminado, e por sua luz temos caminhado.
 
Jamais imaginamos que sua partida nos trouxesse, por um lado, tanta dor e tristeza (a saudade dói), e, por outro, tanta manifestação de amor (as pessoas que amam nunca morrem).
 
Nossa mãe é um monumento em nossa memória, tanto em nosso imaginário quanto em nossas fotos, documentos, arquivos de áudio e vídeo, etc. Resgatar este material será trabalho de uma vida inteira, pois sua presença afetou a existência de todos nós, principalmente a de meu irmão e a minha. Se ela não tivesse concebido, nós não existiríamos. Devemos-lhe a vida!
 
Hoje não posso chamar o meu irmão e chorar em seu ombro. Também não posso confortá-lo, quando sua dor superasse a minha. Meu irmão está distante, em viagem, junto com minha irmã adotiva Milú. Hoje eu choro sozinho, eu relembro sozinho. E é tão difícil!
 
Minha namorada Elaine, bênção divina em minha existência, chegou dias depois de mamãe partir. Quem dera ela tivesse chegado um pouco antes, para que mamãe a conhecesse e nos abençoasse! Tenho certeza de que ela não só aprovaria, mas teria nela uma filha também. Hoje Elaine me faz companhia, e ouve emocionada minha expressão de saudade, e me enxuga as lágrimas que não param.
 
As lágrimas de hoje não são de desespero, pois não há mais expectativa de mudança. Com o tempo, a morte passa a ser fato consumado, irremediável para o tempo presente, inquestionável, e em algum instante da jornada não lutamos mais contra sua realidade. Não é possível revertê-la. Porisso não há lágrimas de desespero, lágrimas de clamor por socorro.
 
As lágrimas que descem são quentes e repletas de amor, de lembranças e de ternura. Um misto de dor e saudade, gratidão e esperança.
 
Dor, porque aquela que mais amamos no mundo já não está mais entre nós, com seus conselhos, suas broncas, suas conversas, seu jeito doce e antigo de falar, sua sabedoria maternal, seu discernimento para nos fazer ver a verdade das entrelinhas, enfim, dor da ausência, do vazio, da casa solitária, da mesa com um lugar a mais, do prato sem uso, da toalha guardada, dos chinelos encostados, do perfume pelo meio, do remédio cuja data de validade expirou.
 
Saudade, porque uma mulher virtuosa e sábia deixa saudades por onde passa. E mamãe deixou: saudades entre as suas colegas de trabalho, quando jovem trabalhando de operária na Satúrnia e na Corneta; saudades entre suas irmãs, que eram por ela acordadas quase todos os dias, e recebiam palavras de ternura e de fortalecimento; saudades do pastor, que a tinha como confidente e conselheira; saudades da vizinhança, que sempre contava com a ajuda da vovó Elzira, que de sua cadeira na sala a tudo observava, saudades dos seus filhos, que faziam o mundo girar em torno dela, de tão preciosa e importante que era para eles.
 
Gratidão, porque nossa mãe foi uma dádiva. Dentre tantas mulheres no mundo, Deus nos deu Elzira Bonfante como mãe, como amiga, como irmã em Cristo, como nossa genitora. Meu Deus, que privilégio! O seu sorriso sempre presente, o seu bom humor, a sua maneira de "achar que a vida pode ser maravilhosa" encantava até o mais entristecido dos moribundos. Gratidão, porque foi uma mulher moralmente digna e íntegra, decente, fiel, cumpridora de seus votos diante de Deus e diante dos homens, esposa cuidadosa, mãe afetuosa, filha exemplar. Gratidão, porque dentre tantos familiares cujo coração é duro à mensagem do evangelho de Cristo, ela abriu o seu, sem hesitar. Gratidão, porque quando atacada, não revidava, mas sempre pagava o mal com o bem. Gratidão, porque através dela, o meu irmão tornou-se homem honrado e empresário de sucesso, e eu fortaleci-me no ideal religioso, aceitando o chamado divino para o ministério pastoral. Foi nossa mãe a nossa inspiração.
 
Esperança. Esperança de reencontrá-la no Céu. Esperança de vê-la a brilhar na glória de Deus. "Alegres vamos à casa do Pai", sabendo que encontraremos quem mais amamos neste mundo ali. Não sabemos como será sua estatura física, não sabemos como ela estará, apenas saberemos que será glorificada e terá tudo o que a vida aqui lhe privou: saúde, jovialidade, energia. Esperança de vê-la ao lado de Cristo, esperança de ressuscitarmos juntos, naquele bendito dia da "parousia", o dia em que Jesus voltar a buscar a Sua igreja. Esperança de manter viva a chama da lembrança da mamãe, para que nossos possíveis filhos (meus filhos e filhos de meu irmão), e talvez netos, aprendam a admirar sua ancestral de fé, que hoje compõe a Grande Nuvem de Testemunhas, daquelas que são heroínas da fé, que receberam e receberão o "bem-vindo" de Cristo.


Dois anos.
 
Quantas lágrimas?
 
Quantas lembranças? Quanta saudade?
 
Não importa.
 
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor. Estes três.
 
Mas o maior destes é o amor.
 
Nós amamos a senhora, querida mamãe Elzira Bonfante!

 


minha vovó Sílvia (+ 1984) e minha mãe (2005)


Com saudades choradas e soluçadas,
 
pelo irmão Daniel Paulino de Araujo também,
 
o filho
 
 
Wagner Antonio de Araújo
 

 
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco - SP
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br
 
6/12/07




 ELZIRA BONFANTE

 
Mãe amada!
Hoje és retrato sobre tela,
mas foste luz sobre a Terra!
Aliás,
tua vida, testemunho, doçura
e gentileza ainda povoam o coração
de quem te conheceu.
 
Há 3 anos e 111 dias
chorávamos inconsoláveis a tua
morte, mãe querida.
 
E por que?
Porque a tua ausência seria
qual espada em nosso peito,
veneno em nosso sangue,
trevas em nosso dia.
Mas temos Cristo em nós,
E, por Ele te entregamos nas mãos
do Pai, depois de dezesseis dias
de profundo sofrimento, quando
jazias no leito 412 da
UTC da Beneficiência Portuguesa,
em São Paulo.
Ah, mãe amada,
se pudéssemos, trocaríamos de
lugar contigo, para não
ver-te padecer como padeceste.
Daríamos todo o resto de
nossas vidas por um único dia
a mais em tua existência,
tamanha era a importância
que tinhas aos nossos olhos.
Tua irmã Isaura já havia
partido, e teu coração estava triste.
Hoje tua irmã Iracema, a mais
velha, também seguiu o caminho
da história, deixando o mundo
e tornando-se uma lembrança.
Mãe, se deste mundo
nada se leva,
tu fizeste diferente:
levaste contigo o nosso coração!
Não há um dia, uma hora,
um segundo, em que tu não
ocupes a nossa mente com
saudade, lembranças, recordações,
esperanças!
Saudade do teu jeito meigo
e frágil de andar, de olhar, de sorrir,
de tratar teus filhos, teu pastor,
teus irmãos, tua família e o teu Deus.
Era impossível não gostar de ti,
pois tu eras puro amor. Sempre
sorrindo, sempre cantando, sempre
encorajando aos que estavam ao
teu redor. Teu amor pela Palavra
de Deus, mesmo sem enchergar, teus
hinos e cânticos prediletos ("Mais Perto
Quero Estar", "Renova-me Senhor Jesus",
"Buscai Primeiro", "O Rosto de Cristo")
preenchiam o éter de nossa casa
e caminhavam velozmente pelos telefonemas
que davas, pois fazias questão de cantar.
Teu jeito meigo de orar às refeições,
nos domingos, como a nossa matriarca,
como a rainha do nosso lar, antes
de quem ninguém comia, dado o respeito
que por ti tínhamos.
Saudades de teu andador
a arrastar-se pela casa  - está
guardado -, tua bolsa de couro,
onde guardavas óculos, telefone e
outras coisas (hoje vazio), e principalmente
tua presença iluminante. Saudade!
Lembranças, mãe querida!
Como esquecer-te quando defendia-nos
com todas as forças das violências familiares,
quando eras para nós sustentáculo
e esperança, quando deixavas de comer
algo que lhe daria prazer, para dar aos
teus filhos que cresciam? Lembranças
de tuas caminhadas à pé ou de ônibus,
a visitar tua mãe, tua irmã Jovelina,
tuas irmãs de Pirituba Elza e Nadir;
não medias esforços e andavas
com sacolas pesadas de coisas que
compravas na feira, para repartir
com elas, pois pensavas em não deixar
faltar! Pensavas em todo mundo,
mãe! Só deixaste de pensar em ti!
Não vias que teus pulmões adoeciam
e que teus ossos dissolviam; deste-nos
remédios e esqueceste de tomar os
teus.
Lembranças do amor legítimo e verdadeiro
que tiveste para com o nosso pai,
que só reconheceu-te com valor ao final
de sua vida! Enquanto ele jazia
enfermo, cego e canceroso, tu não
saías de seu lado, suprindo-lhe, fazendo-lhe
companhia, jamais deixando-o sozinho!
Bendita és entre as mulheres, mãe
e esposa!
Ainda temos lembranças tuas, não
apenas as imateriais, aquelas que estão
cravadas nas pedras de nosso coração
e nas veias de nossas almas, mas algumas
coisas que te lembram como nunca!
A tua poltrona onde sentavas para
orar e cochilar, o teu prato e a tua
caneca de café, o teu andador, o teu
rádio onde ouvias a Rádio Melodia,
a tua bíblia de cabeceira e o teu hinário
cantor cristão, os cds de pregação que o
Pastor Neilson Brito gentilmente te
trazia, domingo após domingo, porque
tu eras para ele qual mãe que acalenta
seu filho, e não raras vezes ele vinha
aos teus pés orar, chorar e ouvir teus
ricos conselhos! Os conselhos vingaram,
os cds estão guardados, mas tu não estás
mais aqui. Que dor, mãe amada!
E esperança? Que esperança pode haver
no coração de filhos que choram tua partida
dia após dia, noite após noite,
mesmo que nada digam, mesmo que
continuem a viver e seguir com suas
carreiras, famílias e ministérios?
Nós sabemos que fugiu de nossos olhos
o colorido da vida. Como diria o poeta:
"naquela mesa tá faltando alguém"!
Se o Daniel ou eu tivermos filhos, mãe amada,
nossos piás - guris - curumins ou miúdos,
ouvirão falar em Elzira Bonfante como
se fosse alguém viva e presente, mesmo
que ausente deste mundo há tantos dias.
Estás morta.
Será?
Cremos que não, pois tu és como
Abraão, Isaque e Jacó, seres vivos
para o Deus vivo. Tu vives, mãe amada,
tu vives com Deus, na glória de Deus,
pois tua vida foi salva pelo sangue
do Cordeiro Santo e Imaculado, e tu
renegaste a tua antiga idólatra
e teus antigos protetores, tu, que
confiavas em objetos
e espíritos,  e entregaste teu
coração completamente a Cristo, recebendo-o
em sua vida como Senhor e Salvador.
Porisso temos esperança: tu estás viva!
Aleluia! E essa bendita esperança nos
conforta, nos faz tolerar a saudade de ti.
Mas às vezes isso passa da conta e somos
obrigados a fazer alguma coisa. O Daniel
viaja, trabalha e tem esposa. Ele extravasa
do seu jeito. Eu, solteiro, mas namorando
alguém que eu gostaria tanto que tivesses
conhecido (ela surgiu 3 meses depois que
tu fostes embora, eu extravaso escrevendo,
escrevendo, escrevendo. E porque fiz amigos
por este mundo gigantesco, reparto essas
palavras não ao vento, mas com aqueles
que me amam e que aprenderam a amar-te
de tanto que eu já falei de ti.
Mãe amada, hoje é teu dia.
Não, não é teu aniversário e nem dia
comemorativo. É simplesmente mais um dia
em que tu inspiraste a nossa existência com
tudo que tu foste, que tu és no Céu e que
tu serás para a eternidade.
Tu não me ouves, não me lês. Mas
isto me ajuda a fazer algo com
tudo que me vai no peito e que eu,
com lágrimas nos olhos e dor no coração,
queria te dizer, se te encontrasse novamente,
se pudesse abraçar-te fortemente,
se pudesse colocar minha cabeça em teu
colo, se pudesse beijar a tua mão e pedir
a tua bênção, se pudesse afagar os teus cabelos
e ouvir-te e atender-te. Ah, mãe amada,
como eu gostaria que o tempo voltasse e
pudesse ter sido um filho melhor! Queira Deus
que os filhos busquem amar seus pais
o tanto que o Daniel e eu te amávamos,
mas nunca é o bastante no peito de quem
ama!
Porisso, mãe inesquecível,
Eu agradeço a Deus, que me ouve,
eu louvo a Deus, que me vê,
eu choro aos pés de Cristo, que me conforta,
eu abraço a minha futura esposa, que me
consola, eu me dedico ao ministério pastoral,
para o qual fui chamado, e te digo:
Obrigado, Mãe Inesquecível!
 
 
 
 
Dos teus filhos Daniel e Wagner.
São Paulo, 26 de março de 2009
 
 
obs;
Para jamais te esquecer:
 
http://www.youtube.com/watch?v=nSIud6_PPOc
 
http://www.youtube.com/watch?v=kkQb0A93qXQ
 
http://www.youtube.com/watch?v=1epkG2VwCeA
 
http://www.youtube.com/watch?v=q0TrBC_ZRwk
 
http://www.youtube.com/watch?v=S8jghJTqDpI
 
http://www.youtube.com/watch?v=RSUUwlWo08I
 
http://www.youtube.com/watch?v=bedf7m3-EM8
 
http://www.youtube.com/watch?v=G5yNguuWYa4



Dia das mães.
De novo???
Mas o último foi ontem mesmo, Faz tão pouco tempo!
 
Lembro-me de quando preparava os trabalhinhos de artes plásticas, no primário e no ginásio. Folhas de sulfite com pó de lápis de cor, giz de cêra, raspas de madeira, borrões de guache, etc. Não ficava bonito, lindo, maravilhoso. Às vezes era horroroso o resultado. Mas que se havia de fazer? Era o melhor que eu podia fazer naqueles anos primevos da vida juvenil.
 
No dia das mães, logo que amanhecia, corria para entregar à mamãe querida as lembrancinhas feitas na semana. Juntava com um presentinho ou outro, que muitas vezes não eram mais que objetos de cozinha, que serviriam à casa mesmo, mas que entregava com tanto carinho!
 
Depois meu irmãozinho chegou, cresceu, e foi sua vez de dar as coisinhas feitas na escola. Porta-níqueis de plástico, flores feitas de recortes, vasinhos de argila, plantinhas cultivadas na escola, enfim, as professoras sempre inventavam alguma coisa diferente para que trouxéssemos às nossas mães.
 
Crescemos, saímos da escola, paramos de fazer trabalhos de arte plástica e ficamos sofisticados. Com nossos próprios salários podíamos comprar coisas boas para a mamãe: roupas, sapatos, objetos de uso pessoal, aparelhos eletro-eletrônicos, etc. Para a mamãe, o prazer e a alegria eram os mesmos daquele papel cheio de folhas de mato coladas, desenhando um EU TE AMO.
 
Amadurecemos, e mamãe envelheceu. Os presentes, que antes cheiravam a perfume, agora cheiravam a remédios, mas o sorriso continuava o mesmo, e o prazer de ter os filhos ao seu redor só aumentava. O amor de mãe é mutante só em um sentido: para mais e para melhor. Se mamãe nos amava antes, agora muito mais, pois a cada dia esse amor aumentava, crescia, se auto-cultivava. Mãe é estufa, é criadouro, é viveiro de delícias vivas.
 
Bem, mas hoje é Dia das Mães.
 
O que daremos à nossa, Daniel?
 
Nada.
 
Nada lhe daremos. Pela quinta vez estaremos vendo a celebração pessoal dos outros, e a nossa será apenas espiritual, interiorizada. Mamãe partiu em 2005. Mamãe está com Jesus. Não falamos com ela, não a vemos, não nos comunicamos. Mas nem é preciso, porque a conexão de nossos corações é eterna e indestrutível. O amor que nos unia, continua a nos unir e nos fortalecer. Não importa que não estejamos juntos fisicamente. Nossos corações vibram na mesma freqüência e nossos pensamentos são de gratidão.
 
Por esses dias recebi um presente. Para mim e para o Daniel. Foi uma leitora minha, uma moça muito querida, que até então eu desconhecia. Ela é da Cidade do México. Ela lê meus e-mails em português, mas não fala a nossa língua. Ela não fala português, mas fala a língua das mães - ela fala a linguagem do AMOR.
 
Ela mandou esses presentes:
 
 
 
 
Ela assistiu aos filmes que guardei com imagens da minha mãezinha, e fez esses dois retratinhos tão lindos, dóceis, meigos e VIVOS!
 
Sim. Ela viu em minha mãe a VIDA. E essa vida que mamãe expressava tão linda, em seus olhos, foi Jesus quem deu. E Jesus não é Deus de mortos, mas Deus de vivos! Quer vivamos ou quer morramos, somos de Jesus, e estamos vivos! Aleluia!
 
Então o presente do dia das mães é dizer a Jesus OBRIGADO PELA VIDA! OBRIGADO POR GUARDAR A NOSSA MÃE NO CÉU! OBRIGADO POR TER-NOS DADO ELZIRA BONFANTE POR UM TEMPO! OBRIGADO PORQUE UM DIA NOS REENCONTRAREMOS TODOS JUNTOS, DANIEL, EU, PAPAI, MAMÃE E ... J E S U S !!!!!
 
Obrigado à Glória, pelo presente que nos deu! (gloria.g.r@gmail.com)
 
Obrigado aos leitores amigos, que lêem os textos e amam a nossa mãe de tanto que já a conhecem!
 
Os filminhos que temos dela:
http://br.youtube.com/watch?v=bedf7m3-EM8
http://br.youtube.com/watch?v=G5yNguuWYa4
http://br.youtube.com/watch?v=nSIud6_PPOc
http://br.youtube.com/watch?v=kkQb0A93qXQ
http://br.youtube.com/watch?v=1epkG2VwCeA
http://br.youtube.com/watch?v=q0TrBC_ZRwk
http://br.youtube.com/watch?v=S8jghJTqDpI
http://br.youtube.com/watch?v=RSUUwlWo08I

DIVAGAÇÕES SOBRE MINHA MÃE _"Pr. Wagner A. de Araújo - IB Boas Nova" 28 de Jul de 2010

 
 
     SAUDADES...
 
     06 de dezembro.
     2005.
     1695 dias.
     242 semanas.
     54 meses.
     40.652 horas.
 
     Não importa a numeração,
     só a constatação de
     que o mundo ficou
     menos mundo e o doce
     ficou mais amargo
     desde o dia em
     que a senhora
     nos deixou, mãe querida.
 
     Sobrevivemos, mas à
     custa exclusiva da Graça de
     Deus, pois o coração
     perdeu o vigor.
 
     Quisera tê-la ao meu lado,
     junto de mim, com seu
     carinho maternal, seu sorriso
     benigno, suas palavras
     tão amorosas,
     suas broncas tão indispensáveis,
     e toda a sua fragilidade
     de mãe velha!
 
     Ah, mãe velha, que falta
     a senhora faz!
 
     Ainda não reformei o seu quarto.
     Ainda não tirei o seu retrato
     da sala. Acho que nunca
     o farei, pois ver sua imagem
     me traz algum alento,
     alguma âncora que me ligue
     consigo.
 
     Mãe, como fui tolo
     em deixar de desfrutar de
     sua companhia e de sua
     presença, escolhendo outras
     atividades que eu sei
     que não eram prioridade!
 
     A vida é dura, pois só
     percebemos o quanto fomos tolos
     quando não há mais o que
     fazer...
 
     Hoje eu daria tudo para estar
     sentado aos seus pés, com
     a cabeça sobre o seu colo,
     recebendo o seu afago,
     ouvindo o seu canto,
     desfrutando de seu calor.
 
     Mãe querida, mãe pra sempre,
     mãe do coração, mãe
     inesquecível, como a
      vida é dura
     sem a senhora!
 
     O seu pastor perdeu outra
     velhinha, a Dona Margarida,
     sua confidente também.
     Ele gostava de estar com ela,
     gostava de ir à sua casa,
     assim como fazia aqui,
     visitando-lhe sempre e sempre,
     ouvindo-lhe, aprendendo com
     sua sabedoria. Agora
     ele está sem a Dona
     Margarida e sem a senhora.
     Sinto tanto por ele!
 
     Vamos ficando mais pobres,
     mais experientes, mais
     conformados. Como é difícil
     viver!
 
     Deus é tão bom, mãe
     querida, que coloca consolos
     e gotas de esperança
     no nosso caminho, como
     aquele anjo que confortou
     Jesus antes do martírio;
     são consolos e afagos do Criador.
 
     Ele deu-me a Elaine,
     e eu queria tanto que a senhora
     a tivesse conhecido!
 
     Mulher digna, bondosa,
     que tem uma ternura peculiar,
     uma graciosidade sem par,
     que certamente será para
     os seus netos, mãe, o que
     a senhora é para o Daniel e para
     mim.
 
     A senhora é, humanamente,
     tudo!
 
     Elaine tem sido companheira,
     tem sido jóia, princesa, ternura,
     lutadora, parceira, lenço que
     me enxuga lágrimas e
     força que me impulsiona à
     frente.
 
     É fruto de sua oração, mãe!
     Assim como as ondas de rádio
     circulam eternamente no éter,
     suas orações estão na memória
     de Deus e Ele não deixou
     nenhuma prece sem resposta.
 
     Tudo a seu tempo tem
     acontecido.
 
     Obrigado, mãe amada,
     mãe querida,
     berço de minha existência,
     razão de minha vida,
     saudade eterna do meu
     coração,
     instruidora principal em
     minha vida cristã!
 
     Sei que a senhora não me
     ouve, não me vê. Sei que a
     senhora está no primeiro andar,
     desfrutando do Pastor querido,
     Jesus Cristo, sei que é inútil
     falar contigo.
 
     Mas falo comigo, com a saudade,
     com a recordação latente e
     constante que pulsa como
     um coração, essa força interior
     que me leva a pensar na senhora
     a todo momento,
     em toda escolha,
     em todos os sentidos!
 
     Sou um homem rico.
     Ter a senhora como mãe
     é ser eternizado como um
     bem-aventurado!
 
     Mas a sua ausência
     me faz sentir mais pobre.
     Mas, aleluia!, é
     temporária! Glória a Deus!
 
     Sei que o Daniel, seu filho
     caçula, meu irmão querido,
     também sente o mesmo - e até
     mais -, pois foi o fruto de seu
     sacrifício.
 
     Só depois de sua partida é
     que soubemos que
     a senhora faleceu
     na maternidade
     e com muito custo
     foi ressuscitada.
 
     Nunca nos disse nada,
     mas o meu irmão está lá como
     testemunha da dedicação
     de uma mãe que deu a vida
     pelos filhos.
 
     Obrigado, mãe querida!
 
     Mesmo com o rosto torto
     pela deformação da paralisia facial
     ainda sou capaz de sorrir na
     alma e dizer: amo a senhora,
     minha mãe!
 
     "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar." (Jo 14:2)
 
     "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14:27)"



     28 DE JULHO DE 2010
     ELZIRA BONFANTE,
     A MINHA MÃE!
- - -
Motivado pelo texto que há pouco escrevi para a memória de minha mãe,
o Saxofonista Marquinhos Duarte, meu amigo querido,
enviou-me dois links de poesias de mãe,
lindíssimas, de Gióia Júnior.
 
Ei-los, pois:
http://www.youtube.com
e
http://www.youtube.com
= =


São Paulo, 05 de junho de 2012
 
Mamãe orava. Eu orarei também.
 
Mamãe era uma mulher de oração. Sim, Elzira Bonfante, heroína na fé, sabia orar, e como orava! Ela sabia falar com Deus.
 
Mamãe não cursou teologia, não conhecia as línguas originais da Bíblia nem tampouco matérias acadêmicas. Mas ela conhecia a Deus muito mais do que eu; a sua teologia era a teologia da comunhão, da contrição, da rendição total ao Senhor que lhe remiu.
 
A beleza de minha mãe não estava tanto no rosto ou no corpo torneado. A sua beleza estava na alma, no caráter, na vivência com Jesus, na experiência de quem sofrera e vencera, de quem trocara tudo por Cristo, o seu Salvador amado!
 
Mamãe orava por nós. E como orava! Junto de sua bengala, ou depois, no andador, ela se escorava sentadinha na cama, fechava os olhos e balbuciava palavras doces ao Senhor. Em seus dizeres havia o odor de cada um de nós. Ela pedia por mim, por meu irmão, pela Milú, pelas suas irmãs, nome por nome, por sua igreja, seu pastor e a família dele. Mamãe orava para que seus parentes encontrassem Jesus como ela encontrara um dia. Ela orava para que eu fosse feliz e sarasse; que o meu irmão prosperasse e fosse cada dia mais santo; que não faltasse o pão quotidiano. Orava pelos vizinhos todos, pelos irmãos em Cristo, pelo Brasil, pelos netos que não tinha mas que gostaria de ter.
 
Mamãe agradecia. Ah, quantas vezes ela parava no meio da refeição e dizia: "Obrigada, Senhor!" Constantemente cantarolava e batia com a mão na mesa ou na cadeira para acompanhar seu canto: "Renova-me, Senhor Jesus, põe em mim teu coração..."; "Andando com Deus eu estou, andando com Deus..."; "Mais perto quero estar, meu Deus de Ti"... Quando as mulheres da igreja (Batista em Vila Pompéia São Paulo Brasil) vinham celebrar o culto das senhoras em casa, mamãe trazia seu Cantor Cristão (hinário) e pedia para cantar vários hinos. Em cada um deles ela se emocionava e como não sabia o que fazer com as lágrimas que desciam, ela sorria e dizia: "Como sou boba, estou emocionada!" Sim. Lágrimas e sorrisos sinceros, honestos, humildes, de uma mulher que orava!
 
Mamãe pouco pedia para si. Raramente eu a vi orar por algo pessoal. Ela não tinha nem tempo e nem interesse, uma vez que se sentia absolutamente realizada com o que recebera do Senhor: a vida eterna! Mamãe era toda amores por Cristo. O que ela queria era ter bastante para repartir com suas irmãs e com os filhos. "Se eu ganhasse um milhão, daria um pouco para a Jovê (irmã), outro pouco para a Elza, para a Iracema, para a Nadir etc... Comprava um carro para você, outro para o Daniel, ajudava a construção do templo etc..." E assim ela sonhava! E nos seus sonhos ela nos deu tantos carros, ela ajudou tanto as minhas tias, ela supriu tanto as nossas necessidades!
 
E é verdade, pois, se não fez mais financeiramente (sempre que pôde fez!), o fez com o seu amor, o seu carinho, a sua ternura, a sua quietude, o seu sorriso e bom humor constantes, e, principalmente, com as suas orações!
 
Mamãe orava! E esse é o tesouro que Daniel e eu levaremos pelo resto de nossas vidas: as orações de nossa mãe! Assim como ondas de rádio se propagam pelo espaço e nunca se perdem, as orações de nossa mãe não se desfizeram em energia estática; elas continuam agindo, continuam no Altar de Deus, continuam suprindo bênçãos aos que delas foram alvos! Sim, pois diz-nos a Escritura Sagrada que as orações estão no cálice do Senhor, com o incenso do Altar. Elas não se perdem. "Muito pode a oração de um justo em seus efeitos" (Tg 5.16)
 
Agora, enquanto chove forte lá fora, enquanto a frente fria avança pelo estado de São Paulo, enquanto a minha casa está quase toda reformada e sem mobília, enquanto a minha esposa repousa tranquila em seu leito, enquanto a minha irmã adotiva está em Minas com o meu irmão Daniel, cá estou eu, na minha poltrona, olhando o retratinho de minha saudosa mamãe em oração. Como sou rico! Eu tive uma mãe que orava!
 
Irmãs que me lêem: sejam para seus filhos, parentes e amigos mulheres que oram, mulheres que intercedem, mulheres que trazem beleza, ternura e graça nos lares onde vivem!
 
Filhos e filhas: sejam para seus pais filhos que oram, que suplicam, que intercedem! Eu lhes dou testemunho de que vale à pena, pois somente aos quatorze anos eu me entreguei a Jesus, mas orei e testemunhei de Cristo, e vi cada um dos meus familiares se render ao Senhor, inclusive a minha mãe, que se converteu por último, mas transformou-se na mais crente de todos nós! Vale a pena tornar-se um filho ou uma filha que ora!
 
Maridos e pais: tudo o que devemos ser pode resumir-se nesse ato maravilhoso: "homens que oram"! Não é suficiente conhecer a Deus "de ouvir falar", "de ouvir pregar". Precisamos andar com Deus. Precisamos buscá-lo em oração, com a bíblia na mão e em contrição interior.
 
Quando orar deixar de ser um peso e transformar-se num hábito, então teremos começado a caminhar a maravilhosa jornada dos heróis da fé. Teremos agradado o coração de Deus e vislumbraremos os portais da Terra Celestial com felicidade e grande contentamento!
 
"Obrigado, Senhor, pela minha mãe, Elzira Bonfante, Tua serva, minha heroína, meu tudo, meu tesouro incomensurável! Sofro, Senhor, por tê-la recolhido tão cedo, em 2005, mas confio que o Teu plano foi perfeito e submeto-me a Ti. E peço-Te: que o exemplo de minha mãe inspire outras mães, pais, filhos, irmãos e amigos, para que também sejam PESSOAS QUE ORAM. Em nome de Jesus. Amém."
 
 
 
Eu te amo, mãe querida! Para sempre...
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm
 
 
sobre Elzira Bonfante, o Missionário Yro colecionou para mim gentilmente as mensagens
que ao longo do tempo fui publicando, desde que Jesus a levou para o Céu.
Estão aqui:
http://www.uniaonet.com/bnovamaelzira.htm
= =
O irmão Diácono Kleber e a Diaconisa Tânia, nos Estados Unidos, têm um programa radiofônico semanal. E qual não foi a minha alegria quando nesta manhã eles leram o texto que escrevi nesta madrugada, "Mamãe Orava". Muito, muito obrigado, querido Klebão! Em anexo, a transmissão. Wagner Antonio de Araújo

 



Ah, mãe querida! Foi em 1965 que acalentaste em teus sonhos um filho para amar; em teu ventre eu vivi até setembro, quando então passaste a acalentar-me em teus braços. Como sou grato por teu amor!
 
Não me lembro destes primeiros dias, mas em fotos posso ver o quanto devotavas a mim o teu amor. Sei, pelo que ouvi de tuas irmãs, que tudo fazias em meu benefício: economizavas contigo e gastavas comigo. Deixavas de comer algo de que gostavas, para dar-me uma roupinha, um mimo, um brinquedinho. E como te orgulhavas de levar-me por todo canto!
 
Lembro-me de ti sempre trabalhando. Os tempos eram outros; não tinhas dinheiro para uma empregada doméstica; tu mesmo enceravas o taco dos quartos, passavas vermelhão na cozinha, limpavas o banheiro e cuidavas das louças, da cozinha e das roupas não sei quantas vezes por dia! Ainda tinhas tempo para alimentar-me, banhar-me, acarinhar-me e ninar-me. Como foste MÃE!
 
 
Quando os seis anos vieram visitar-me, pedi a ti, lá na lavanderia de casa, um presente diferente, e disto lembro-me como se fosse hoje. Puxei teu avental e disse: "mamãe, a senhora poderia dar-me um irmãozinho?" Tu não me respondeste na hora. Fizeste-o meses depois, quando em 1971, no mês de junho, trouxestes no teu colo o teu segundo e último rebento, o meu irmão. Que alegria! Que felicidade! Mas, o que? Agora ele dividirá a ternura tua comigo? Eu não quero! Mas não tive querer; o meu irmão cativou-te igualmente, e tu, que eras todo Amor, tiveste o suficiente para repartir com ambos. Tu eras fantástica!
 
Sofrias calada. Teu casamento não era um mar de rosas. Tuas lágrimas doíam em mim, mas eu era pequeno demais para enfrentar a guerra. Tu te fazias alegre, mesmo quando por dentro derretias em dores, sem outra alternativa, pois agora tinhas aos teus dois amores para cuidar, e crias (e estavas certa) de que os filhos devem ter uma família unida. Tu fostes mártir no afã de ser mãe e ensinar teus filhos a amarem o próprio pai. Como te admiro! Costuravas as nossas roupas, encapavas os nossos cadernos e livros, levava-nos à escola à pé (não havia nem condução e nem perueiros) e ainda cuidavas de tua irmã vizinha, deficiente e necessitada. E não te esquecias de semanalmente dar de tua atenção a tua mãe, a vovó querida! Não sei que milagre fazias com o parco recurso que papai te confiava às mãos, pois daquilo tínhamos o pão quotidiano e ainda repartias com vovó e tua irmã!
 
O tempo passou, eu cresci, meu irmão também cresceu. Só não crescemos aos teus olhos, pois ainda éramos os teus filhinhos queridos, amados, por quem devotavas a cada dia um amor maior. Nunca te olvidaste de nos corrigir quando necessário. Sempre exigias de nós a verdade, a honestidade, o trabalho (e ambos, meu irmão e eu, trabalhamos desde os 12 anos e nunca fomos infelizes por isso!). E por mais que quiséssemos, tu sempre nos premiava com teus mimos, tuas comidas, teu sorriso, tua companhia sempre agradável e iluminada!
 
Só uma vez tornamo-nos inimigos, mamãe. E por uma causa bíblica. É que tua tradição religiosa era profunda e arraigada, e ficaste enfurecida com a minha conversão a Cristo, com a minha transformação de vida e a decorrente renúncia da idolatria que permeava o nosso lar e a minha vida. Tu choraste, tu me repreendeste, tu ficaste decepcionada. Nessa hora, mãe querida, preferi a tua ira à ira de Deus; preferi o amor de Cristo ao teu amor. E não tenho dúvida: fiz a escolha certa! Tu viste que papai, em pouco tempo, foi transformado pelo poder de Deus. Viste que teu filho Daniel também foi convertido ao mesmo Senhor Jesus. Mas faltava ver-te rendida aos pés de Cristo. Com que alegria fui recebido por ti, um ano depois, de avental amarrado e lenço na cabeça, dizendo-me: "converti-me a Cristo fritando um bife!" Pois naquele jantar uma nova Elzira cozinhava em casa: uma mulher remida pelo sangue de Jesus!
 
 
Tu já eras maravilhosa, tornaste-te imensa! Agora lias a bíblia, agora oravas ao Pai em nome de Jesus; agora ias à igreja com fidelidade. Foste perseguida pelos queridos familiares, da mesma forma que me perseguiste antes de te converteres. Mas suportaste a ignomínia, dando testemunho vivo do evangelho que te salvara!
 
Tua idade chegara. Já não aguentavas encerar, lavar roupas, fazer comida, ir à feira, caminhar 5 quilômetros para visitar tua irmã, tua mãe falecera. Agora papai adoecia mortalmente e tu o conduzias aos médicos, andavas à pé ou de ônibus, quase nunca de taxi, conduzindo papai aos exames difíceis, aos hospitais, aos bancos, onde ele precisasse. Nunca reclamavas! Quando ele foi internado pela vez derradeira, lá estivestes dia e noite, às vezes repartindo com teu cunhado Roque, mas não arredavas o pé do hospital. Nas últimas noites só tu estiveste o tempo todo com ele. Em agonia, pela primeira vez, papai pronunciou o teu nome com respeito e disse que te amava, para depois entrar em coma. E naquela triste madrugada de 1991 tu estiveste ao seu lado, cumprindo o que prometeste no casamento: "na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na vida ou na morte". Tu foste MULHER, tu foste ESPOSA, tu foste HEROÍNA!
 
Agora era o tempo de seres cuidada, de teres o amor e o carinho de teus filhos. E como nos esforçamos para cuidar de ti, mãe amada! Agora pudeste viajar e visitar tuas irmãs queridas, pudeste trabalhar com fervor na Igreja (Batista em Vila Pompéia), pudeste receber em tua casa tantas pessoas queridas e amadas! Ao mesmo tempo em que teu corpo envelhecia e que tuas pernas não mais podiam se deslocar, teu coração, mente, voz e ligações telefônicas corriam o mundo, pois tu cuidavas de cada irmã, de cada prima, de cada irmão da igreja, do pastor, enfim, eras imprescindível! Era a tua voz que o meu irmão ouvia pela manhã a despertá-lo do sono, estivesse onde estivesse. Tu davas boa noite por telefone às tuas irmãs e orava com os irmãos da igreja. Tu te emocionavas com os hinos cantados e ouvias diuturnamente a Rádio Melodia, com os louvores que tanto gostavas!
 
Mas o tempo de servir ao Senhor terminara. Teu corpo cansado, sofrido, enfermo, buscava o derradeiro repouso. E já não podias sair de casa nem ir à igreja. Só te deslocavas à sala ou ao banheiro, e depois apenas com cadeira de rodas. Por fim, para tristeza nossa, levaste um tombo no teu quarto, quebraste o ombro, e o teu sofrimento foi o nosso calvário pessoal. Dias e noites de terapia caseira, um ferro na cabeceira de tua cama para firmar teus braços e os cuidados mais que maternais de Milú, tua empregada que tornou-se filha! Quanto sofrimento tinhas quando não podias mais ir ao banheiro! Quanta vergonha com teus gases que surpreendiam. Quantas dores sentias! Enquanto definhavas nós morríamos aos poucos também!
 
Não querias ir ao médico, muito menos ao hospital. Fizeste chapas e exames rápidos, mas naquele novembro de 2005 , pela manhã, tu pediste para ir ao hospital. Recomendaste à Milú para cuidar de mim e da casa. Leila, tua sobrinha, Milú e eu, fomos ao hospital levar-te. Tuas últimas palavras: "EU TE AMO". Ah, mãe inesquecível, como doeu ouvir-te dizer o que dizias com tua vida dia após dia! Doeu-nos porque sabíamos que eram as derradeiras! Ao levar-te para a UTC da Beneficiência Portuguesa, ouvimos o médico dizer que iriam cuidar, mas o sangue já era de óbito. Tínhamos esperanças.
 
Dezesseis dias de UTC! Os boletins matinais nos animavam, os vespertinos nos arruinavam. Tuas mãos inchavam. Quando tentaram cortar os sedativos tu ficaste vermelha tentando arrancar os tubos, mas logo sedaram-te novamente. Vida mesquinha! Tu dizias que não querias morrer cheia de fios, cabos, canos, tubos, e lá estavas escravizada às máquinas. Não havia mais noite ou dia para nós. Pensávamos em enfeitar um quarto do hospital para ti, torcendo e esperando tua recuperação. Mas os planos do Autor da Vida eram outros; o Teu Natal passarias com o Salvador!
 
De fato no dia 6 de dezembro de 2005 tu foste ceifada. Deus, o Pai, recolheu a tua alma. Levou-te até o país "além de um grande rio, cheio de flores e prazer real, que é destinado às almas resgatadas, onde não há mais pranto nem mais dor". Mas nós ficamos. Teu corpo, tão doente e repleto de bolsas de sangue e medicamentos, iria estourar, não fosse a cirurgia pós-morte que trocou teus órgãos por pó-de-serra. Meu Deus, o que fizemos! Lembro-me que Daniel cuidou de tudo e eu estive ao seu lado até o momento de receber-te no templo da igreja.
 
Ah, aquele templo! Na longa campanha de construção tu doaste milhares de blocos e tijolos para aquela construção! Tuas ofertas não eram grandes, mas quando recebeste indenizações de seguros do nosso pai, deste muito mais do que teu necessário dízimo. Tu amaste aquela igreja como se ama um grande amor! Que ironia do destino! Tu não havias entrado na construção do mesmo, mas teu corpo ali foi velado! Era como uma homenagem a quem tanto fez e investiu, a quem tanto amou e apoiou! Lembro-me de ter ajudado a te cobrir de flores amarelas e hastes verdes. Também de colocar sobre ti um véu. Ao ver teu rosto não reconhecia tua fisionomia; tu eras a cópia de minha saudosa Nona Silvia! Assustava-me ao ver tua semelhança agora na morte! Só que tu tiveste um destino lindo: foste ao braço do teu Salvador eterno, que te remiu, te salvou, te perdoou!
 
Meu choro foi incontrolável. Ao ver minhas tias aos pés do teu esquife, ao ouvi-las balbuciar palavras em italiano e chorarem pela matriarca e agente de união de todas as irmãs, eu via o tamanho de nossa perda! Perda para nós, ganho para o Céu. Perda? Não foi perda. Foi lucro! Como Paulo, para ti o viver foi Cristo e o morrer foi lucro! Tu sabias em quem tinhas crido, e estavas certa de que Ele era poderoso para guardar o teu tesouro até o dia final.
 
 
Cessaram as madrugadas com o rádio ligado e o teu corpo escorado no andador, sentada à cama, balbuciando orações.
 
Cessaram os cultos das senhoras e a celebração da Ceia do Senhor, em casa, feita pela Igreja Batista de Vila Pompéia.
 
Cessaram tuas risadas e teu bom humor.
 
Cessaram teus telefonemas em despertador para irmãs e filho, e tuas canções de ninar.
 
Cessaram as alegrias em nossa casa.
 
Teu guarda-roupa ficou repleto de teus vestidos de senhora. Teus bichinhos de pelúcia apodreceram. Teus cds de pregações e de hinos ficaram na estante. Tua cama foi comida pelos cupins. Teu quarto deteriorou-se.
 
Mas não a tua lembrança, a tua presença em cada gesto que meu irmão e eu temos em nossa vida. Tu não sais de nossa lembrança um instante sequer. Tu ocupas mais da metade de nossas conversas diuturnas. As pessoas hoje conhecem Elzira Bonfante em fotos, vídeos e testemunhos tão bem quanto tuas irmãs e o povo de tua igreja. Tu és presente, mamãe amada!
 
Sei que não me lês, que não me ouves. Sei que não me vês e nem conheces a esposa que Deus me deu. Tu não sabes que Daniel casou-se com Cleide e nem que é pai e o será segunda vez. Não conheces Gaby! Mas tuas orações são conhecidas dos céus e elas repercutem no éter universal e seus efeitos continuam valendo. Muito pode a oração de um justo, e tu eras uma justificada por Cristo!
 
Hoje faz 8 anos que tu partiste. Meu coração se derrete, meus olhos são um mar de lágrimas. Meu peito dói profundamente e as forças me faltam. Porque sou humano e sinto tua falta. Queria o teu colo, queria pegar em tua mão, queria afagar os teus cabelos, queria trazer-te alegria. Hoje eu estou envelhecendo como tu envelheceste. E sinto muito, muito a tua falta.
 
Tu hoje me inspiras a testemunhar de ti.
 
ELZIRA BONFANTE, mulher segundo o coração de Deus. MINHA MÃE, mãe de Daniel, esposa de Antonio Paulino de Araújo e filha do Deus vivo!
 
Até breve, mamãe! Pela graça do Senhor, nos veremos no Céu!
 
Teu filho
 
Wagner (e com ele, assina com absoluta concordância,
o filho Daniel!
 
 
Wagner Antonio de Araújo
bnovas@uol.com.br

 

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