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23/02/2008

ìndice :
01. )SEC XXI - O SEGREDO
02. )SEC XXI - Princípios . (19/01/2008)
03. )SEC XXI - 04 - CONTAS
04. )SEC XXI - 06 - BRILHO
05. ) SEC XXI - 07 - ADOLESCENTE     22 fev  2008

01. ) O SEGREDO

 
 
 

E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza. (Dn 9:3)

 

Daniel, o profeta, cujo nome significa “Deus é meu juiz”, e que viveu em Babilônia num longo período, o do cativeiro de Judá (sexto século antes de Cristo), foi um homem especial. Ele foi um dos jovens escolhidos para cursar a universidade de administração real (Dn 1:5), foi um dos 120 sátrapas nomeados para administrar o país (Dn 6:1), foi um dos três ministros especiais (idem, v.2)  enfim, foi um homem político, mas que não se corrompeu com os banquetes reais. Ele é um exemplo de que é possível ser público, sem vender-se à luxúria.
 
 
 
A eficácia de sua atuação não estava na sabedoria que possuía (ele era douto) (Dn 1.17), nem na linhagem nobre, da qual viera (1.3), mas na qualidade de vida espiritual que cultivava. Daniel andava com Deus. O profeta Ezequiel, ao registrar as palavras de Deus sobre três homens justos diante do Pai, menciona Daniel (Ez 14:14). Que privilégio ser escolhido por Deus e ser considerado pelos Céus! Não foram poucas vezes em que os anjos o chamaram de "homem muito amado". (cf. Dn 10.11,19, etc)..
 
 
 
O segredo de Daniel estava em suas orações e súplicas. Ele era um homem que orava. Ah, como precisamos de homens e mulheres que verdadeiramente orem! Não apenas falem ou balbuciem, gemam ou imitem grunhidos cheios de falsa espiritualidade, mas que orem orações eficazes, de quem cumpre a vontade de Deus e não tem seus clamores impedidos pela incoerência e pelos pecados(1Pe 3:7)!
 
 
 
Daniel suplicava, em algumas ocasiões. Eram clamores maiores, repletos de emoção e paixão. Deus não é meramente sistemático e formal quanto às coisas que lhe pedimos; Ele está atento aos sentimentos que jogamos em nossas súplicas diante dEle. Daniel chorava e clamava; Jesus suou sangue, chorou e agonizou, no Getsêmani; Jeremias pranteava e lamentava, pelo destino de seu país; Elias desesperava-se de joelhos, buscando uma nuvem apenas, para comprovar que choveria (o único e melhor lugar para um crente ter dúvidas, e vencê-las, é de joelhos a orar!)
 
 
 
Daniel jejuava. Ele deixava de alimentar-se em ocasiões de fortes necessidades, não para comprar a Deus, como querem os falsos mestres de hoje, não para emagrecer, como querem as dietas travestidas de jejuns ("jejum de carnes", "jejum de massas", "jejum de líqüidos", etc, como se jejum fosse regime alimentar...). Daniel perdia a vontade de comer, tal era a sua vontade de comungar com Deus. Daniel quebrantava-se e deixava a alimentação em segundo lugar, para dizer ao Senhor de sua grande necessidade, ou para mostrar-lhe sua pequenez diante dos problemas e diante de um Deus tão grande!
 
 
 
E, para completar, ele usava pano de saco e cinzas. O princípio desse costume antigo, ainda mantido em regiões do Médio Oriente, é humilhar-se, é demonstrar incapacidade e extremo quebrantamento; não para os outros, como um espetáculo teatral, uma hipocrisia farisaica, mas a Deus, que a tudo vê, que tudo pode, que acolhe um clamor de uma alma quebrantada, de um coração devotado.  “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Sl 51:17).
 
 
 
Daniel, conquanto fosse grande diante dos homens, considerava-se miserável diante de Deus (Dn 2.30). E aqui estava sua grandeza; atitude diferente dos grandes líderes atuais, que jogam confetes e têm prazer em rotularem-se com grandes comendas, cargos e posições eclesiásticas e beneméritas, mas não reconhecem que são “miseráveis, pobres, cegos e nus” (cf Ap 3.17).
 
 
 
Daniel muito me ensina. E se algo eu tenho a pedir hoje, o meu pedido é: “Senhor, quebranta-me”.
 
 
 
Que Deus nos ajude.
 
Amém.
 
 
 
Wagner Antonio de Araújo



02. ) PRINCÍPIOS
 
 
 
Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa..., e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. (Dn 6:10)
 
 
 
Daniel era um homem de princípios. Não norteava a vida pelas vantagens que pudesse receber, mas pela integridade de sua fé, de seu caráter, de sua palavra. Quando o decreto imperial determinou que somente o rei deveria ser adorado e invocado para orações, ele continuou o que sempre fazia, isto é, adorando ao único Deus verdadeiro. Ele sabia do custo, mas continuou firme em seu propósito, porque não agia por força das circunstâncias, mas por valores impregnados em seu caráter.
 
 
 
Quantas pessoas não são assim! Quantos, outrora humildes socialmente, eram ofertantes fiéis, atentavam para a necessidade do próximo; mas agora, cheios de dinheiro, já não enxergam o próximo ou a obra de Deus; outrora eram honestos, mas agora, diante de uma tão grande oportunidade na vida, não temem passar por cima de valores dantes preciosos, como a honestidade, a amizade, a fidelidade, o respeito. A fama, o dinheiro, a luxúria, o poder, a glória, cegou-lhes os olhos, ensurdeceu-lhes os ouvidos e petrificou-lhes os corações! Dias atrás o presidente de uma grande empresa de comunicações telefônicas disse que chegou à presidência às custas das oportunidades e das chances de muitos outros que desprezara, usando até projetos alheios, e que se sentia triste por não ter ninguém a comemorar seu aniversário! Também pudera!
 
 
 
Princípios se aprendem de criança. Se os pais soubessem realmente o valor de um exemplo, de uma orientação, de uma disciplina e de uma atitude moral, teríamos adultos diferentes, muito mais dignos e parecidos com Daniel."Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele." (Pv 22:6). Educar é mais que mandar; é fazer:"Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?" (Rm 2:23)
 
 
 
Mas até para o ímpio, que não tem nem princípios dignos nem valores divinos em seu caráter e em sua história pessoal, têm a oportunidade de mudar, e mudar para melhor. Diz a Bíblia: "E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne". (Ez 36:26). Deus pode mudar e transformar a consciência pervertida, tornando-a limpa e apta para aceitar os valores da Palavra de Deus: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2Co 5:17). A isto chamamos CONVERSÃO, e Deus está pronto a converter aqueles que não possuem valores bíblicos ou direitos, mas seguem o fluxo, seguem a onda, seguem a multidão, como diz a canção: "mas tá na moda". Ledo engano! A moda acaba, e a vida continua! "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;" (Mt 7:13)
 
 
 
Daniel foi julgado pela atitude, foi condenado à cova dos leões, e, no caso dele, para testemunho e edificação nossa, foi libertado, como bem conhecemos a história. Mas, mesmo que não tivesse sido, ele teria continuado fiel, porque não era regido pelos lucros de seu comportamento, mas pela obediência ao Senhor seu Deus. Seus amigos, em outra ocasião, quando jogados na fornalha ardente, disseram: "E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste." (Dn 3:18)
 
 
 
Sejamos gente de princípios, gente de valor. Sigamos o exemplo de Daniel, e enchamos a vida com a prática dos ensinos do Senhor! "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito; abre bem a tua boca, e ta encherei." (Sl 81:10). Que abramos a boca, a mente, o coração, os sentimentos, às coisas do Senhor.
 
 
 
Wagner Antonio de Araújo
 
(off line, porém, obediente à ordem do Senhor - publica!...) Eis aqui, Senhor.

03. ) SEC XXI - 04

CONTAS
 
O saudoso grupo Som Maior cantava, na década de 70:

“Você já parou pra pensar
No que vai fazer quando Deus te chamar?
Nas contas que você vai ter que ajustar,
No seu viver, no seu pensar, no seu falar,
É bom pensar, amigo, na dor e no perigo
Pois não vale à pena se perder
Cristo morreu pra você viver
E Ele quer apenas te salvar..."
 
E, de fato, a tônica atual das igrejas protestantes/evangélicas/pentecostais/neopentecostais  passa longe dessa pergunta. Aliás, até a evita, pois o que importa na filosofia religiosa moderna não é o além, mas o aquém, o AQUI e o AGORA.

Entretanto, não há escapatória. A morte vem. Ela não pergunta se somos ricos ou pobres. Ela não quer saber se somos bonitos ou feios, fracos ou fortes, negros ou brancos, baixos ou altos, ocupados ou vagabundos. Ela vem de qualquer forma, em qualquer tempo, para TODAS as pessoas. E geralmente vem na hora mais imprópria; vem na hora em que não estávamos preparados, nem nós, nem nossos familiares, nem nossos amigos, nem ninguém. Afinal, não queremos morrer.
 
Nosso Brasil acumula tantas perdas por mortes de famosos e ricos nos últimos dias, não é mesmo? Hoje partiu Beto Carrero, o maior empresário de parques temáticos da América Latina, um amigo das crianças. O vazio que ele deixa só poderá ser avaliado daqui há alguns dias, quando percebermos que um bom homem partiu. Ele investiu sua vida na construção de um sonho, de um ideal. Ele fez um império, ele investiu em um nome, e honrou sua história. Homem bem sucedido, podia pagar os melhores médicos, e era digno do melhor atendimento, senão apenas pela sua situação econômica, também porque era um homem bom. E foi num desses hospitais completos e bem equipados do país, que foi tratar-se do coração. Operou, recuperou-se, e teve infecção. Os médicos tentaram corrigir o problema. E, por melhores e mais precisas que tenham sido as técnicas, por mais sofisticados que fossem os aparelhos, por mais graduados que fossem os médicos, infelizmente - e o digo tristemente - Beto Carrero partiu, jovem ainda, nos seus setenta anos.
 
Seu parque ficou. Seus bens ficaram. Sua família, enlutada, ficou. Nosso país, tão agraciado com um filho tão querido, também ficou. Só ele partiu. E teve que partir. Não houve como detê-lo. A morte o chamou. Nem o Beto Carrero pôde dizer: “mais tarde, morte, ainda tenho muito o que fazer, tenho muito a projetar, tenho que ampliar”. Nunca consideramos que a nossa carreira esteja completa; sempre temos algo mais para fazer, e uma justificativa a mais para alegar à morte e ao Senhor da Vida.

Sou levado a pensar exatamente no que a letra da canção citada dizia. Nós temos que parar e pensar: um dia Deus nos chamará, e nós morreremos, quer queiramos ou não, estejamos preparados ou não. Conquanto trabalhemos honradamente, construamos nossos sonhos e realizações, mantenhamos um comportamento digno e honrado, deixemos um sustento condigno às nossas famílias e escrevamos páginas gloriosas na História, teremos que acertar nossas contas com Deus. Contas do que fizemos, do que falamos, do que pensamos. Também do que deixamos de fazer, do que deixamos de dizer e do que deixamos de pensar. Prestaremos contas de nossas prioridades. E o que será de cada um de nós nesse dia?
 
Nosso dinheiro e patrimônio não nos farão mais seguros naquele dia; tampouco nossa pobreza. Sermos belos e atléticos não nos dará vantagem alguma; nem a feiura contará pontos. Deus não nos julgará pela aparência, pela casca, pela fama, pelo dinheiro, pelo poder, pela simpatia, mas pela Sua Justiça Eterna, revelada em Jesus Cristo e registrada nas Escrituras Sagradas, a Bíblia. Responderemos pelo que fizemos ou não, diante de Deus, e pelo que fizemos ou deixamos de fazer pelos semelhantes. Nenhum de nós escapará.

Cristo é a resposta. A segurança de que precisamos está em Jesus. Sem Cristo, sem Salvador, não há esperança na eternidade, não há patrimônio acumulado suficiente que nos dê, no além, um lugar melhor. Precisamos de um salvador. Precisamos de alguém que vá conosco, que nos acompanhe, que nos socorra, que nos perdoe, que nos receba. E esse alguém é Cristo. Ele morreu para pagar pelo nosso pecado, e pode dar-nos o perdão, a libertação e a vida eterna.
 
Disse Ele: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14.6). Disse Ele: “Quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida (idem, 5.24).
 
Não conheci Beto pessoalmente, apenas pela mídia. Espero que ele tenha devotado tempo para ler a Bíblia, para orar, para acertar-se com Deus, pois ele também era pecador. E um pecador só terá acesso ao Céu se tiver em Jesus Cristo o salvador de sua alma. Espero que Beto não tenha feito apenas parques, não tenha apenas alimentado leões, não tenha apenas solidificado sua personagem de trabalho, não tenha trabalhado apenas "pelo pão que perece, mas pelo que dá vida eterna". Espero que ele tenha investido tempo com Deus.
 
Aliás, e os meus leitores queridos, já pararam para pensar no que irão fazer quando Deus lhes chamar? Estaríamos nós atentos à realidade de que amanhã (ou ainda hoje) será a nossa vez? Estamos preparados?
 
Wagner Antonio de Araújo



04. ) SEC XXI - 06 - BRILHO 
 
José e Maria tiveram que deslocar-se por muitos quilômetros, até chegar a Belém. Era lá que José deveria registrar-se, no recenseamento exigido pelo decreto de César Augusto. Maria estava grávida, e José, grande homem, cuidava dela com esmero e amor. Mesmo sendo difícil para ele acreditar na versão de que o filho de Maria tivesse sido concebido pelo Espírito Santo, fora obediente à voz de Deus em seu sonho e amoroso para com aquela que daria à luz um filho que não era propriamente seu. Um homem honrado e exemplar, o homem certo para criar Jesus.
 
Ao buscar um lugar para hospedar-se, José só encontrou portas fechadas. Certamente havia casas boas e bem mobiliadas; casas limpas, amplas, boas para hospedar. Mas, conquanto boas, estavam cheias e indisponíveis, não podiam receber a família do Filho de Deus. Restavam as pousadas pobres e baratas. Contudo, nem nessas José encontrou lugar, pois muita gente, à semelhança deles, estava na cidade para recensear-se.
 
Foi quando alguém, um "bom samaritano", condoído da situação, ofertou um lugar que possuía, local inóspito e insalubre, mas que era melhor que o meio da rua, onde se podia deitar e repousar, sem preocupar-se com ladrões e com a chuva. Era um celeiro, um curral, em gruta ou não, era a cocheira onde os animais dormiam, onde eram guardados. Quem conhece os currais sabe qual é o cheiro pela manhã, após uma noite de "movimentos intestinais" no gado. Mas era ali o único lugar disponível. Os palacetes estavam lotados; também as boas casas, e as casas simples também.
 
Ao cumprir-se o tempo para o nascimento de Jesus, uma Estrela, no Céu, de brilho e dimensão extraordinários, surgiu bem em cima da aldeia, e, talvez em forma de facho de luz, direcionada, brilhou sobre o teto do curral onde estava Maria. Esta, ao dar a luz, viu nascer o maior milagre de todos os tempos, e teve em seus braços o "Deus feito carne". A estrela brilhou e refulgiu sobre o lugar. Enquanto as casas boas e bonitas estavam fechadas e solitárias, sem estrela alguma, o celeiro de Jesus, lugar malcheiroso e desconfortável, passou a receber visitantes, dos mais modestos aos mais ilustres: os pastores do campo, chamados por anjos a prestar honras ao menino-Deus, após cantata natalina celestial; e os três magos do Oriente, homens ilustres e da mais alta dignidade e nobreza. Homens que traziam consigo os olhos do êxtase e da intensa e profunda admiração. A estrela refulgia sobre o celeiro, e o menino repousava num cocho. E os magos o tratavam como Rei.
 
O que fez desse celeiro, dessa gruta, desse curral, um lugar inesquecível, foi a presença do Rei dos reis ali, do Senhor dos senhores. Talvez os grandes lugares estivessem já cheios de si próprios, chamando para si mesmos a atenção, e não puderam abrir mão de sua própria auto-estima. Mas um curral, que beleza ou celebridade teria? Nenhuma. Pois foi ali, no mais humilde dos lugares, que Deus fez o maior e mais importante templo do mundo.
 
Não foi um templo suntuoso por causa de seus bancos de marfim, de seus tapetes persas, de suas colunas gregas, de seus vitrais góticos, de sua nave bizantina, de seus instrumentos musicais clássicos, de seus corais finamente trajados, nem das relíquias ali guardadas. Deus escolheu um lugar sem nada, sem beleza, sem riquezas, sem glórias, sem brilho, sem conforto, sem celebridade, para instalar ali a maior das glórias, das riquezas, dos requintes, dos poderes: foi ali que a Estrela brilhou. Não em outro lugar. Deus quis que a única glória do lugar fosse a Sua própria presença.
 
Àqueles cujas igrejas não têm o vulto de outras tantas, grandiosas e célebres, àqueles cujas congregações são pequeninas, escondidas, pobrezinhas, inexpressivas, muitas vezes criticadas, de nomes tão medíocres e de condições tão precárias, cabe aqui a lembrança: foi no celeiro paupérrimo que Cristo colocou seu primeiro trono humano, para que a glória não fosse do homem, mas dAquele que adentrou o lugar. Grande deve ser o Senhor que santifica o lugar. Grande deve ser o Nome sobre todos os nomes, e não o nome de quem proclama o Nome. Grande deve ser a mensagem, e não o mensageiro. Grande deve ser o poder do brilho celestial, e não das luzes e luzeiros humanos. A glória só é Glória quando vem do Alto, de cima, de Deus, e que destaca Aquele que santifica o lugar, e não o lugar em si. Uma igreja se torna grande quando seu povo sabe ser pequeno; uma igreja nunca cai quando sabe manter-se de joelhos; uma congregação é vitoriosa, quando sabe que ao Senhor pertence a batalha. Talvez num lugar bem humilde Deus venha a realizar uma obra grandiosa, de salvação, redenção e transformação humanas.
 
Àqueles que se julgam inferiores e pequeninos, pessoas de segunda categoria ou sem oportunidade para o pleno desenvolvimento ou completa felicidade, que não tiveram as chances que a vida deu a outros, que não passam de pessoas simples, ingênuas, modestas e incultas, também cabe aqui a lição: Belém não era lugar para que um monarca andasse.; quanto mais nascer ali! Contudo, foi naquele pequenino lugarejo, numa das mais humildes vilas de Israel, que o Maior dos maiores decidiu nascer. Não sei onde Alexandre o Grande nasceu, ou Napoleão, ou Getúlio Vargas, ou Nabucodonosor nasceram; precisaria consultar compêndios. Isso não importa muito para ninguém hoje. Mas o mundo inteiro conhece a pequenina Belém, não por seus monumentos e grandeza, mas pelo Rei dos reis nascido menino ali. E, assim, a glória é de quem naceu ali. À semelhança de Belém, se alguém se sente pequenino, que saiba que, ao habitar Cristo o coração, o pobre se faz rico, o inculto se torna douto, o cansado recobra as forças, o entristecido faz-se contente, o desanimado recupera sua energia e o perdido se faz salvo.
 
Portanto, que o celeiro de nossas vidas, e, não raras vezes, que nossa pequenina congregação-celeiro, continue simples, e que a Presença Divina seja a glória que faz a diferença!
 
Brilha, Jesus!
 
Wagner Antonio de Araújo
 
 
 
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, São Paulo, Brasil

05. ) SEC XXI - 07 - ADOLESCENTE    - 22 fev  2008
 
 
Adolescente
 
 
 
Pode um adolescente, no auge dos seus quatorze anos, com todos os hormônios à flor da pele, com todos os convites à exploração da vida e de si mesmo, importar-se com as coisas de Deus, e ter um compromisso sério com o Senhor?
 
Pode. Conheço um desses.
 
Dos oito aos onze anos serviu à Deus na fé que conhecia, como coroinha da Igreja Católica. Ao fazer seu catecismo, apaixonou-se pela missa, e foi convidado a ocupar o importante cargo de ajudante do padre, nas celebrações. Ele e o seu colega de Piraju, que ficou poucos meses e desistiu. Ele fazia capoeira e judô na Academia Melo e, após as aulas, colocava sua calça curta azul marinho,  sua camisa estampada e uma cruz tecida em veludo fixada com um alfinete, e ia à missa. Todos os dias da semana. Todos os meses do ano, exceto nas férias. E fazia isso com dedicação.
 
Mas um dia tudo acabou, pois um padre, muito nervoso, já falecido, ao mandar que ele e outros coleguinhas distribuíssem o “Deus Conosco” especial da Semana Santa (boletim da missa) contendo duas folhas, à porta da catedral, ordenou-lhes que recolhessem o material ao final da celebração, para ser usado no dia seguinte. Mas o povo entregou parte apenas, e muitas folhas estavam riscadas, amassadas, sujas. Tentou remontar os boletins, mas quando o padre, na sacristia (ante-sala da nave da igreja), viu aquilo, deu-lhe um bofetão, e disse-lhe: “suma daqui!”.
 
Foi aos onze anos que, cabisbaixo, rosto vermelho com as marcas do tapa e chorando, foi convidado pela Dna. Lourdes, uma senhora muito beata, que rezava terços antes das missas, a ajudá-la nas rezas e nos cânticos. Ficou entusiasmado, e aprendeu com ela a rezar os terços, tendo decorado os “mistérios” que a cada conjunto de dez aves-marias e um pai-nosso, eram ditos. Aprendeu os cânticos, trazidos em pastas cuidadosamente guardadas por anos pela Dna. Lourdes, em folhas mimeografadas, que ele distribuía e ajudava a cantar. Fez isso por um ano e meio.
 
Numa terça-feira, inesperadamente, Dna. Lourdes, ao vê-lo, expulsou-o de sua presença. Ele, perplexo, perguntou o porquê. Ela disse-lhe: “disseram-me que você dará muita dor de cabeça, e eu não quero problemas. Suma daqui!” E ele, novamente, sumiu.
 
Ele tinha só doze anos! Decidiu conhecer a psicografia, que suas vizinhas desenvolviam. Junto à Dna. Olga, uma senhora querida, que morava ao lado de sua casa, decidiu fazer “concentrações”, após os “passes”. Nessas concentrações, deixava a mão livre para "dar a liberdade aos espíritos", para que se valessem de sua mão. E, de fato, a sua mão começou a escrever. Mas logo nas primeiras vezes saiu correndo, dizendo: “Deus me livre!”.
 
Decidiu visitar um centro de quimbanda, a umbanda mais “pesada”. Era um porão, embaixo da casa de uma senhora, com o teto bem alto. Umas cinqüenta imagens na mesa, umas trinta velas em toda parte, dois incensários soltando fumaça, a porta e as janelas fechadas, e o povo acotovelando-se no salão. Começou-se a rezar. De repente, a senhora, que estava vestida com roupas de capoeira,  deu um salto, bateu os pés no teto, desceu, desenhou uma estrela de cinco pontas com a pemba (giz branco, formato pedra) e disse: “é aqui que vô trabaiá!”. Daí várias outras senhoras receberam “erês”, possessões com ares infantis, e os trabalhos foram feitos. Ele queria sair, mas a porta estava trancada. Ao final, aparece-lhe o marido da mulher, dizendo: “você é médium, tem que vir fazer o santo e desenvolver”. Recebeu um "passe", saiu e nunca mais voltou.
 
Aos treze anos, decidiu “aproveitar” a idade, e viver sua época de roqueiro e de John Travolta. Decidiu ser um jovem alienado da religião. Ledo engano! O vazio no peito lhe levava às coisas divinas, e folhetos evangelísticos chegavam às suas mãos, falando sobre o fim do mundo. Aquilo lhe assustava, pois ele queria “consertar” a sua infância, os seus sofrimentos e os seus pecados na próxima encarnação, e se o mundo acabasse, ele estaria “frito”, sem chance de acertos.
 
Foi então que, após um carnaval, ao voltar do trabalho, viu um distribuidor de folhetos, que, ao chegar-se próximo da sua caixa de correio, deu-lhe um folheto. Era um folheto conhecido, mas que ele havia perdido, “Previsão Científica do Fim do Mundo”, do Pastor Timofei Diacov. Nessa época o garoto era office-boy do BCN, e, junto com um espírita, decidiu que fariam entrevistas com religiosos, para saber qual era a bíblia verdadeira. E entrevistar o Pastor Timofei era uma oportunidade e tanto. Marcou um encontro para o sábado.
 
E o garoto tinha apenas quatorze anos!
 
Naquele sábado chovia torrencialmente em São Paulo, mas ele foi à casa do pastor mesmo assim. Chegou às quinze horas. Levou um gravador de cassetes. Levou fita e microfone. E também uma porção de perguntas bíblicas. O pastor respondeu cada uma, com carinho, paciência e muita consideração. Ele “perdeu” cinco horas com o menino, na sala de estar. Gastou tempo com um adolescente de quatorze anos. E que tempo importante para ele!
 
Saiu dali ávido por ler a bíblia, e o fez durante toda a madrugada. No dia seguinte, para terminar a entrevista (conforme sugestão da esposa do pastor, Tia Elzira, que já está com Jesus),  foi à noite para a igreja. E, após ouvir a pregação do pastor, a primeira pregação evangelística que ouviu em sua vida, resolveu atender ao apelo e levantar a sua mão, decidindo confessar a Cristo como seu único e suficiente Salvador.
 
E ele era apenas um adolescente. Um menino de quatorze anos, que vivia a fase de mudanças, onde as decisões não parecem ser tão importantes e definitivas.
 
Para ele foram.
 
E foi no dia 23 de fevereiro de 1980.
 
Faz vinte e oito anos que um simples adolescente converteu-se.
 
E esse adolescente ... sou eu!!!
 

 
Wagner Antonio de Araújo
SEC XXI - 08 - ABDOMEN   25 fev 2008
 
ACADEMIA DO
DIABO
I - ABDOMINAIS


. . .


Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade...
Usem a verdade como cinturão... (NTLH)
Tenham cingidos os vossos rins com a verdade... (Capuchinhos)
 (Ef 6:14)

 
 
 
Muito se tem escrito sobre a armadura de Deus, descrita por Paulo em Efésios 6. Há estudos riquíssimos, detalhados, sobre o valor da armadura, o papel de cada parte, a analogia com a armadura dos soldados que guardavam a Paulo na prisão, e o significado espiritual desses elementos. Não tenciono acrescentar nada a esse assunto tão maravilhoso. Minha intenção é outra.
 
Parto do princípio de que a armadura, além de proteger, vestia o soldado. Assim, a descrição do corpo humano é clara na citação de cada parte: lombos (abdômen), vestimenta (corpo todo), pés, cabeça. São partes importantes do corpo, que, numa batalha, necessitavam de todo o cuidado e proteção. O soldado deveria cuidar de seu abdômen, para não sofrer um ferimento mortal; deveria vestir-se adequadamente, para proteger-se; também tinha que trazer nos pés um sapato adequado e na cabeça um capacete capaz de proteger-lhe das quedas e das lanças. A proteção do corpo é, em última análise, a analogia da fé, da consagração, da salvação, da santificação, da vigilância.
 
Caso o corpo não fosse protegido, haveria sofrimento, ferimento, queda de rendimento e, não raras vezes, a própria morte.
 
Paulo diz a Timóteo que o exercício físico para pouco é proveitoso (não numa defesa do sedentarismo, mas no estabelecimento da prioridade da piedade). Contudo, Satanás, o adversário, o mudador de paradigmas e corruptor de ideais, nos convida a desproteger as partes importantes do nosso corpo espiritual, do nosso ser interior, e nos exercitar em sua maldita academia, a Academia da Carnalidade e da Mornidão Espiritual. Aliás, contra essa mornidão o Senhor Jesus Cristo fez uma dura ameaça: “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” (Ap 3:16). É para evitar que o leitor seja o causador do vômito divino, que medito agora nas especialidades satânicas de sua Academia da Mentira e da Hipocrisia, e procuro, com o leitor, uma porta de saída, e uma proteção segura contra esses malditos exercícios.
 
Na academia do Diabo, a primeira coisa na qual ele trabalha é nas abdominais da mentira, para que os nossos lombos, ao invés de serem firmados na verdade, sejam afrouxados com a prática da mentira. Lombos frouxos, verdades que não se seguram, tais quais uma calça sem cinta ou um uniforme sem aderência adequada. Rins desprotegidos, costas sem proteção, enfim, um abdômen frouxo para a batalha.
 
O "Personal Trainning" do Inferno trabalha assim: nos pequenos detalhes, ele nos leva a exagerar  aquilo que contamos, ou a contar mentiras simples, de pequeno valor. “diga que não estou”; “coloque 50 reais a mais na nota fiscal, para que eu pegue um dinheirinho”; “esse produto é muito bom, é quase de primeira linha”; “isso não é produto pirata, é alternativo e genérico”; “querida, eu trabalhei até às nove da noite”; “amor, eu fui à casa da Maria, por isso me atrasei”; “pastor, eu tenho lido a bíblia e orado diariamente, não se preocupe!”; “filho, se você passar de ano, vou lhe dar uma passagem para o Beto Carreiro ou a Disney”; “eu prometo que não faço mais isso”.
 
Aos poucos nos acostumamos a mentir, tornamo-nos freqüentes, e ficamos tão treinados, que às vezes nos confundimos interiormente, perguntando-nos: “puxa, será que não foi isso mesmo que aconteceu?” É o que Hitler fazia ao povo: repetia uma mentira muitas vezes, até que cressem que era verdade.
 
Então a mentira, enfronhada na nossa personalidade e no nosso caráter, assume a direção, e não somos mais capazes de dizer a verdade. Traímos o cônjuge e escondemos; roubamos a empresa e disfarçamos; damos péssimo testemunho e mantemos a imagem de santarrões; fazemos votos a Deus e nunca os cumprimos. Tornamo-nos perigosos para o cônjuge, para a empresa, para o empregado, para o próximo e para nós mesmos.
 
Satanás nos dá o certificado de conclusão do preparo abdominal da mentira, no dia em que mentir ou dizer a verdade não fizer mais a menor diferença, no dia em que tivermos a mente cauterizada e o "desconfiômetro" arrebentado; no dia em que a nossa consciência não mais acender a luz vermelha do auto-reconhecimento dos próprios erros.
 
Nesse dia, duvidaremos de Deus e não creremos em Sua Palavra, pois dentro de nós julgaremos assim: “nada é verdadeiro, ninguém fala a verdade, cada um 'puxa a sardinha' para si; Deus também mente, portanto, isso não fará diferença daqui a cem anos”. E teremos construído diante de nós um monumento à desgraça,  à destruição do caráter, à deformação da família e nos igualaremos ao Diabo.
 
Jesus não poderia ter sido mais peremptório: “Vós tendes por pai ao Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8:44)
 
Se o leitor está matriculado na academia do diabo, e está a trabalhar seu abdômen na mentira, e desejar desesperadamente deixar esse treinamento, busque a força do Senhor e Ele lhe socorrerá. Nunca mais jure ou conte mentiras; transforme a verdade em sua regra de hoje em diante: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” (Mt 5:37). Conscientize-se de que não poderá fazer isso sozinho, e clame a Cristo: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15:5). Finalmente, peça ao Senhor para fazer uma limpeza em sua mente e coração, e autorize-o voluntariamente a mudar o que precisa ser mudado, inclusive confessar a verdade a quem de direito (ao marido, à esposa, ao filho, à namorada, ao paciente, ao pastor, ao chefe, etc): “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13); “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos.” (Sl 139:23).
 
Se fizer isso, estará a cingir os seus lombos com a verdade e Satanás não terá mais domínio sobre essa área de sua vida. E o Senhor transformará a sua vida!
 

 Que Deus nos abençoe. Noutro dia pensaremos nas outras modalidades esportivas sugeridas em Efésios 6, se assim o Senhor nos permitir.

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Wagner Antonio de Araújo
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Igreja Batista Boas Novas de Osasco, São Paulo, Brasil

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