01-
IGREJAS SADIAS
PREGAM A SALVAÇÃO
"E em nenhum
outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12)
Igrejas sadias pregam a salvação. Não uma salvação qualquer (existencial,
cultural, motivacional, emocional). A mensagem bíblica é que Cristo
veio ao mundo "salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal"
(cf. I Tm 1.15).
Assim, nos púlpitos e nas salas de aula das igrejas sadias os assistentes
são confrontados com a dura realidade bíblica: todos somos pecadores.
“porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;”(Rm 3:23).
Igrejas sadias não criam máscaras para entreter os pecadores, apresentando-lhes
apenas uma alternativa melhor para viver. Igrejas sadias mostram com
clareza que os homens, por si só, estão condenados à morte eterna
e ao Lago de Fogo e Enxofre. “porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso
Senhor”(Rm 6:23); “mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos
abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros,
e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago
que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.”(Ap 21:8).
Igrejas sadias apresentam o plano de salvação idealizado pelo próprio
Deus para tirar do homem o seu pecado original e transformá-lo em
nova criatura, em um filho adotivo, em um cristão autêntico. Tais
igrejas crêem que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Messias, o ungido,
o enviado do Pai para reconciliar consigo o mundo: “isto é, Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus
pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.”(2Co 5:19); “nisto
está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.”(1Jo
4:10)
Igrejas sadias levam os pecadores a crerem em Jesus, não mediante
teatros emocionais e envolvimentos sorrateiros com atividades secundárias,
mas através do confronto com a Palavra, com a decisão, com a conversão:
“os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te
tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois
a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,”(Dt 30:19).;“quem
tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”(1Jo
5:12). "De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de
Cristo." (Rm 10:17).
Igrejas sadias não convertem as pessoas, mas pregam a Palavra de Deus,
usada pelo Espírito Santo no convencimento e na conversão: (cf. João
16.8). Porém, no que compete ao seu testemunho, tudo fazem para levar
os pecadores a mudar de vida: “Saiba que aquele que fizer converter
do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá
uma multidão de pecados” (Tg 5:20)
Igrejas que usam seus púlpitos para propagar outros mediadores que
não Jesus, que gastam o tempo inteiro em ensinar regras sociais ou
leis mentais para o sucesso e para a felicidade não são sadias. São
igrejas enfermas, que podem estar doentes, ou já serem apóstatas,
heréticas e pecaminosas.
A missão dada por Cristo à Igreja foi para que ela propagasse a Sua
salvação, apresentando-o como o enviado pelo Pai para a salvação dos
pecadores. Igrejas que não pregam o evangelho puro e simples, o evangelho
da cruz, negaram a fé e estão debaixo da condenação do Senhor: “Arrepende-te,
pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com
a espada da minha boca.” (Ap 2:16)
Que as nossas igrejas propaguem a salvação em Cristo. “Porque Deus
não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por
nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Ts 5:9).
15/09/2012
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Wagner Antonio de Araújo
02 - IGREJAS SADIAS
PREGAM A PALAVRA
"Que pregues
a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda a longanimidade e doutrina." (2Tm 4:2)
Igrejas sadias pregam a Bíblia, a Palavra de Deus, chamada também
de Escrituras Sagradas. Elas amam esse livro e o dão ao povo, facilitando
ao máximo o aprendizado e o manuseio dele.
Elas não questionam a Bíblia, fazendo o papel do “advogado do Diabo”:
“É assim que Deus disse?” Elas não usam o púlpito para pulverizar
a fé dos seus membros ou lançar dúvidas no “Assim diz o Senhor”. Para
as igrejas sadias a Bíblia é inerrante, é verdadeira, é de fato a
Revelação de Deus para o ser humano.
Igrejas sadias não fazem “re-leituras da bíblia”, um modismo maldito,
criado pelos teólogos incrédulos, pelos sociólogos oportunistas, buscando
adaptar a Bíblia à contemporaneidade dos costumes e das opiniões politicamente
corretas. Elas não vivem à caça de novas versões ou traduções contemporâneas;
elas já possuem boas traduções.
Igrejas sadias não selecionam textos exclusivos para a pregação, omitindo
os demais. Elas apresentam TODA a Palavra de Deus. Elas pregam e ensinam
a Bíblia toda, de Gênesis a Apocalipse, todos os 66 livros do Cânon.
Seus pregadores ensinam os rudimentos da fé e também lições de maturidade.
Eles pregam expositivamente, pregam textualmente, pregam por tópicos,
pregam sermões biográficos, pregam sermões épicos, pregam toda a Bíblia.
Os seus professores ensinam os crentes sobre a arte da autêntica interpretação
bíblica, analisando texto, contexto imediato, contexto do livro e
contexto bíblico. Eles não omitem informações, eles mostram tudo o
que é possível. Eles buscam apresentar todo o conselho de Deus. "Porque
nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. "(At 20:27);
As igrejas sadias crêem que as Escrituras Sagradas são suficientes
para a fé. Elas não precisam fundamentar a sua teologia em correntes
de teólogos, em escolas de interpretação, em comentaristas afamados,
em regras criadas por um conselho ou readaptações particulares. Elas
alicerçam sua prédica no que está revelado na Bíblia e é isto que
compartilham domingo após domingo, semana após semana, tanto nos púlpitos
quanto nos lares e classes. "Toda a Escritura é divinamente inspirada,
e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir
em justiça;" (2Tm 3:16); "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação." (2Pe 1:20)
As igrejas sadias ensinam crentes a localizar na Bíblia todos os 66
livros, encaixando-os em suas classes literárias específicas (Lei,
profetas, poesias, história, cartas, evangelhos etc). Elas promovem
eventos para memorização de nomes, de versículos-chaves em assuntos
de defesa da fé, de evangelização e de edificação, auxiliando os crentes
a usar com fluência e facilidade a sua Bíblia. "Procura apresentar-te
a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade." (2Tm 2:15).
Igrejas sadias não consideram concursos bíblicos e testes de conhecimentos
bíblicos coisas retrógradas; pelo contrário, fazem isso com freqüência,
pois buscam firmar os seus membros na rocha da revelação. "Edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo
é a principal pedra da esquina;" (Ef 2:20)
Igrejas sadias não gastam o tempo do culto em atividades de lazer
ou entretenimento de pecadores. Pelo contrário, o foco do culto é
a pregação da Palavra, pois "a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra
de Cristo", conforme Romanos 10.17. Nessas igrejas o púlpito está
no centro e não encostado, como objeto que incomoda, como supérfluo,
como coisa de pouco uso, apenas importante no interregno de outras
coisas. "Ide por todo o mundo e PREGAI" (cf. Marcos 16.15)
Igrejas que substituem a Bíblia por filosofia, auto-ajuda, política
ou notícias de jornal em seus púlpitos não são igrejas sadias. Igrejas
que usam suas classes para propagar estruturas de crescimento, projetos
meramente estruturais de administração, auto-ajuda e psicologia, política
e filantropia, não são igrejas sadias. Igrejas que vivem às custas
de pregar milagres e maravilhas, pregar prosperidade e sucesso empresarial,
pregar egolatria disfarçada de bênção divina não são boas igrejas.
Elas são doentes, servindo à comunidade pão fresco feito de joio,
que não dá vida, mas que mata. São igrejas que trocam “todo o conselho
de Deus” pelas temporaneidades fúteis. "Porque amavam mais a glória
dos homens do que a glória de Deus." (Jo 12:43)
Que Deus nos ajude a termos igrejas sadias que pregam a Palavra! "Porque
virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão
nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências;" (2Tm 4:3); "Então começareis a dizer: Temos comido
e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas.E ele
vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos
de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade." (Lc 13:26-27)
16/09/2012
II).
Falando Francamente
03 - RACISMO
URBANO - 13/05/2005
04 - AINDA SOU DO TEMPO
- 11/10/2006
07 - RESPEITO (10/05/07)
08 - Só 200 ?
- 17/07/2007
09 - BATISTAS "PAZ E AMOR" - 25/08/2012
10 - O QUE SE ESPERA DE UM PASTOR - 10/11/2012
11 - REFLEXÕES SOBRE O ATUAL LIBERALISMO ... 23/11/2012
12 - Tempos difíceis, tempo de figueiras sem fruto! ( 18/12/2012
13 - E A VIDA CONTINUA ... ONDE? (27/02/2013
= =
03 - RACISMO
URBANO
Hoje é 13 de
maio de 2005, um dia especial na História do Brasil. A Lei Áurea foi
assinada neste dia, mas em 1888.
Eu nunca tive
problemas com racismo. Graças a Deus os meus pais sempre respeitaram
as pessoas não pela cor que tinham, mas pelo que eram e pelo caráter
de cada uma. Eu sou branco, mas tinha amiguinhos amarelos e negros.
No bairro onde cresci, não vi ou vivi grandes conflitos raciais. Fui
pastor de uma igreja onde 80% de seus membros eram negros ou mestiços.
Eu era a minoria ali, e ambos nos respeitávamos totalmente. Tenho
saudades de lá!
Os conflitos
raciais eu os vivencio hoje, aqui, no século XXI, e não se trata de
brancos e negros, índios ou asiáticos. É um tipo de racismo que não
leva em consideração a cor da pele, mas o bairro onde se mora, o tamanho
da conta corrente que se tem ou o carro com o qual se locomove. Um
racismo que classifica as pessoas pela fama, ou pela piscina que tem
em casa, ou pelo sítio que mantém no campo, ou pela casa de praia,
ou pela viagem à Disney no final do ano.
São Paulo é
uma megalópole. Aqui há de tudo, tanto de bom, quanto de mau. Mas
há coisas tão tristes, tão evidentes! A zona sul possui escolas caríssimas,
onde apenas filhos dos ricos estudam. Eles são criados considerando-se
superiores aos garotos do outro lado da rua. A Marginal Pinheiros
possui, em alguns trechos, o retrato evidente do racismo: de um lado,
edifícios que nada deixam a dever aos arranha-céus de New York. Mas,
do outro lado, favelas urbanizadas mostram a cara de uma
outra realidade. Não se trata de uma realidade da cor da pele, mas
da cor das notas na carteira. As escolas são separadas, os hospitais
são separados, a condução é separada, o supermercado é separado...
e até a igreja é separada!
Infelizmente,
há igrejas que se tornam guetos. Há igrejas de periferia que olham
feio para qualquer visitante que insinue não ser do bairro. Igrejas
pobres e racistas - contra os ricos ou que moram em lugares melhores!
Já vi visitantes apanharem dos jovens e adolescentes, simplesmente
porque não faziam parte da vizinhança... E há igrejas ricas, tão luxuosas,
que o coitado do visitante passa a cheirar a própria roupa, ou verificar
se seus dentes estão sujos, porque, de repente, todos ficaram olhando
feio para ele. Crianças pobres que simplesmente não podem comprar
os uniformes da turma, as múltiplas camisetas, ou pagar pelo lazer
caro que é mantido. Então, envergonhadas, elas vão embora. Muitas,
para nunca mais voltar, e nem freqüentar igreja alguma.
Certa feita,
recebi uma senhora em nossa igreja. Sua história foi um monumento
ao racismo financeiro: Eu fui à igreja tal, e ali só se entra
pela garagem. Mas consegui subir por uma escada. Daí dois seguranças
me perguntaram aonde estava o meu carro, e eu disse que não tinha
carro, mas tinha vindo de ônibus, e caminhado um bom pedaço à pé.
Então eles me deram o endereço daqui, dizendo que aquela igreja não
era adequada a mim, e que eu deveria procurar uma igreja para pobres.
Posso entrar?
Infelizmente
somos tratados não pelo que somos, mas pelo que temos. Dê uma olhadela
na TV e veja: não importa que você não tenha educação, não tenha conteúdo,
não saiba nem falar. Se você tiver fama, dinheiro, poder, se souber
rebolar, jogar futebol, se tirar a roupa num reality show,
se for militante sexual, ou valer-se da onda política e subir no trio
elétrico de algum sindicato em época de eleições, você irá ganhar
fama, dinheiro, poder e fará parte do restrito grupo das celebridades.
Entenda-se celebridade não como elogio aos que são bons
ou capacitados, mas aos que têm dinheiro (ainda que haja, graças a
Deus, celebridades que valem a fama).
Sociedade hipócrita,
que privilegia uns, em detrimento de outros! Sociedade racista, que
mantém o povo amordaçado, dando um pente, um alfinete ou um vale-milho-verde
como presente, para fechar sua boca, em época de eleições, e, no restante
do tempo, permite que as enchentes levem todo o pouco que conseguiram
juntar na história de suas vidas! Ai das igrejas hipócritas, que pregam
um Deus que ama a todos, mas desde que possam pagar para manter o
status de pertencer a essa digníssima grei! Ou periferia
hipócrita, que, sob o pretexto de ser pobre, hostiliza qualquer pessoa
diferente, classificando-as pela marca do tênis ou pela marca do carro!
Troquemos o
racismo pelo acolhismo! Jesus a todos acolhia, curava
e ensinava. Vamos fazer o mesmo, e teremos gratas surpresas no futuro.
Afinal, o que distingüe o cristianismo das demais religiões, é o amor
que devemos ter até pelos nossos inimigos. Quanto mais por aqueles
que não fazem parte da mesma "raça financeira" à qual pertencemos!
É o que escrevo
francamente
13 de maio de
2005
Wagner
Antonio de Araújo
Obrigado, Sandr@,
de Brasília, pela tag (cabeçalho), que gentilmente me preparou.
Esta série visa
discutir com franqueza vários aspectos sociais e religiosos, à luz
da interpretação particular do autor, dentro dos valores cristãos
que abraça. Está sendo preparada e armazenada, para publicação em
tempo oportuno. A de hoje é uma exceção.
= =
FALANDO FRANCAMENTE - 04
AINDA SOU DO TEMPO
Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições.
Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes,
analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas
da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade
criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia
de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras.
Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela
perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade,
e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa
dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e
à salvação. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas,
em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos
os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos
que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era
lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano
e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado.
Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um
de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens
em lugar algum. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos
fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma
prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos,
convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas,
os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros
se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida
nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos
em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros
e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos
por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que
foi decente. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto.
Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas
roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais,
e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia
tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações,
como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente,
com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque
críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia
o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa
de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para
Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas,
um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada.
As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus
conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação.
Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as
de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram
simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando
a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz
serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa
está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito,
enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias
e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as
danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene.
E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos
que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas
mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas
hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade.
As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a
Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os
presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas
tinham uma fé estranha, numa profetiza semi-contemporânea, mas tinham
os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas,
etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram
formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam
amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a
Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos
personalidade. Hoje tudo é diferente.
E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de
80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a
chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de
ser considerado evangélico!
Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornò,
mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão,
mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa
a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas
um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram
crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra
qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado
e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer
coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel
ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas
um detalhe, uma simples nomencalatura religiosa.
Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a bíblia condena
o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos
nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias
tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus
jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser
"fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos
e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao
Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes
de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo,
assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem
seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos,
pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem,
pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)
Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de
artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não
há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas,
calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque
Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias
dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas
e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua
do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto,
seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico
encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão?
Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer
alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por
um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos",
"o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada
de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos
o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas
vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias
das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e,
quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou
representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho,
a verdade e avida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não
informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas
citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual.
O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais
emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições
ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como
se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos
nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde
fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais,
não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há
mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo
é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas"
e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética
e apostólica". Que desgraça!
Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras
de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho
testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos
escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos
a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés
abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta
ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano",
com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos
bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para
velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia
do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E,
mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos
rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso
em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de
oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara
de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras!
Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam
o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa
ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis
fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são
capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem
parar ou grunir como animais.
Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar
um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista,
assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita
coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que
pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados
a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos
cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema
religioso?
É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para
ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor,
louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção.
Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi
maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas
cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao
Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho,
quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos
doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando
milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel,
ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me
humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteje, não me deixa
ser assim!"
Que Deus tenha piedade de nós.
11 de outubro de 2006
Wagner Antonio de Araújo
= =
FALANDO FRANCAMENTE - 07 - RESPEITO (10/05/07)
Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós, porque esta é a lei e os profetas. (Mt 7:12)
Aprendi desde pequeno que devemos respeitar as outras pessoas, independentemente
de sua idade, cor, patamar social ou religião. E acreditei piamente
que quando respeitamos, nos tornamos também dignos de respeito. Não
tenho me decepcionado quanto a isto, ao longo dos anos, exceto quando
o relacionamento é com algum ímpio. Então entra em cena um outro princípio:
"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores;" (Mt 6:12)
Tenho procurado pautar minha vida nesse pilar. Afinal, quem não gosta
de ser respeitado? Que não gosta de ser compreendido, percebido, acolhido,
levado em consideração?
Na evangelização também devo respeitar o meu próximo. Aliás, devo
respeitar a fé do meu próximo. Respeitar não é concordar ou celebrar
junto. Os católicos romanos, por serem em maior número, antiguidade
nacional e presença social, são nossos mais próximos a quem evangelizamos.
Gostamos de receber da parte deles o respeito à nossa fé, às nossas
comemorações, eventos, e apreciamos que participem de nossos cultos
e conferências. Ficamos tristes quando algum deles zomba de nós, nos
ridiculariza, nos expõe à humilhação pública. Contudo, deveríamos
fazer também um”mea-culpa”, e avaliar o nosso grau de respeito à fé
que eles têm.
Digo isso porque recebo toneladas de mensagens zombeteiras, não deles
contra nós, mas nossas contra a fé que postulam, principalmente nesta
época, onde celebram a presença de seu pastor ao país.
Evangelizar não é zombar das práticas e crendices alheias. Podemos
não concordar com elas, mas não temos a autoridade ou liberdade para
debochar da religião e religiosidade dos outros. Crer em Deus, em
Cristo, na bíblia e no modo evangélico de ser, não é rir das rezas,
desfazer das promessas, amaldiçoar as práticas ou humilhar a religião
do outro. Não raras vezes, as reações são de igual ou maior monta,
e acabamos por sair feridos do embate, com convicção de mártir, mas
sendo, na realidade, mal educados. Não precisávamos agir como agimos!
Quem não ouve não faz jus a ser ouvido. Quem não respeita, não faz
jus a ser respeitado. Quem não consegue separar a fé do outro e a
pessoa do outro, é tão mau quanto um racista, um preconceituoso, um
totalitário ou um ímpio. Não fomos chamados a ferir o coração de ninguém,
mas a persuadir pelo amor. Aliás, é o amor que constrói pontes, e
essas pontes servirão de comunicação entre ambos.
Quem tem convicção do que crê não corre riscos de perverter a sua
fé por ser educado. Afinal, ou cremos ou não cremos. E, se nossa fé
não estiver decentemente alicerçada no respeito mútuo, não é fé cristã.
Jesus Cristo nunca humilhou quem com ele não concordava. Pelo contrário,
perdoou-os. E, por força desse perdão, conquistou muitos soldados
que nele não criam. Não foi à toa que o cristianismo, em um século
de existência, ameaçou o Império Romano, e em três dominou-o, mesmo
que nominalmente. Assim também, quando somos educados, respeitadores,
compreensivos, somos também respeitados, compreendidos e aceitos,
e nossa mensagem pode ser ouvida e relevada. Os canais de comunicação
ficam abertos. E, se cremos realmente na relevância de nossa mensagem
e da nossa interpretação evangélica, não tenhamos dúvida: ela fará
eco nos corações que interagirem conosco.
Foi isso o que Jesus quis dizer quando falou: “Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5:16)
Não precisamos rezar na mesma cartilha, mas podemos respeitosamente
deixar que os outros rezem. Porque, quando formos cantar, pregar,
anunciar a salvação e a soteriologia reformada, também teremos ouvidos
respeitosos, atentos e que darão relevância às argumentações. E criaremos
um clima de cavalheirismo e respeito. Afinal, em nome de Jesus Cristo
não somos autorizados a cuspir, a perseguir, a mentir, a zombar, a
matar, a erguer muralhas ou confinar em guetos. Quem zomba da fé alheia
é tão mau quanto um inquisidor da Idade Média; apenas não possui as
mesmas armas.
Vivamos o autêntico evangelho, demonstremos o porquê cremos, agimos
e pensamos assim. Abracemos as verdades inquestionáveis das Escrituras.
Tenhamos absoluta fidelidade às tradições apostólicas do Novo Testamento.
Não abramos nossos portais à mistura e ao sincretismo religioso, ao
ecumenismo desprovido de princípios. Mas não façamos que posições
de convicção, religião e filosofia nos tornem malcriados, zombadores
e cruéis. Não tornemos nossa “verdade que liberta” em “desculpa esfarrapada”
na crueldade e no desrespeito ao próximo. Lembremo-nos que, para termos
ouvidos atentos, precisaremos também saber ouvir. E respeitar.
Que assim seja.
Wagner Antonio de Araújo
FALANDO FRANCAMENTE - 8 -(17/07/07)
SÓ 200?
-
crônica de uma tragédia -
.
.
Minha
cidade chora. Chora copiosa e tristemente. As águas que sobre
ela caem, com nuvens que custam ir embora, simbolizam o que
cada paulistano sente, ao saborear novamente o fel amargo
da tragédia. São Paulo chora. E geme...
Tragédia
avisada, denunciada, antecipada, temida, tragédia sem
importância aos imperadores deste país caótico e hipócrita,
que embeleza os saguões e salas 'vip' dos aeroportos, e não
se importa com com os sistemas de controle aéreo, que funcionam
mal, tanto quanto os dos países mais pobres do planeta, aeroporto
de pistas alagadas, esburacadas e esfarrapadas, com
obras entregues às metades, promovendo políticos promíscuos,
bêbados de poder a qualquer custo!
Chora
a cidade e choram mais de 200 famílias. Algo em torno de 200
pessoas morreram ontem. Um avião lotado, vindo de Porto Alegre,
ao pousar em Congonhas, aeroporto de São Paulo, não conseguiu
aderência à pista, escorregando por centenas de metros, e,
ao que parece, numa última tentativa de evitar o mal anunciado,
tentou subir novamente, vindo cair em cima da própria empresa
que o administrava.
Meu
Deus! Quantas vezes ouvimos dizer que a situação precária
deste aeroporto prenunciava outro acidente de grandes proporções?
Quantas vezes uma simples chuva interrompia pousos e decolagens,
numa era moderna como a nossa, demonstrando estar o país regredido
à era dos aviões de papel? Quantas denúncias recebia? Um dia
antes outro vôo, da PANTANAL, fez o mesmo caminho da
morte, porém, dadas as condições, com poucos estragos. Mas
deixaram como estava, não houve providência alguma, e agora
eis aí, 200 mortos!
Não!
Eu disse 200? De jeito nenhum. MUITO MAIS!
Há
também 200 famílias que morrem. Pais que não chegarão mais
em suas casas, filhos que não completarão seus estudos, mulheres
que não realizarão seus sonhos profissionais e existenciais,
funcionários que não galgarão mais seus degraus de progresso,
cidades que não contarão mais com seus professores, médicos,
bombeiros, homens do povo, mulheres que não educarão mais
os seus filhos! Quantas famílias não terão mais a renda de
seus familiares! Indenização? Sejamos honestos: alguns NUNCA
as receberão, assim como famílias do acidente de 1996 não
receberam e nunca receberão! Porque, para a empresa, o que
vale é a vitória na justiça e o lucro no bolso, e que se danem
os acidentados! Lei do capitalismo selvagem, onde canta de
galo quem paga um advogado melhor...
E
o que dizer das 200 histórias interrompidas? Quantos sonhos
queimaram nas labaredas da Avenida Washington Luiz? Custou
dominar as chamas, mais de sete horas de trabalho. Na verdade,
a fumaça escura, cinzenta e mal-cheirosa era um protesto das
duzentas vidas que não completaram seus sonhos: a formatura,
o casamento, o nascimento ou a concepção do filho, a visita
ao familiar, as férias de julho, a volta para casa, o regresso
ao trabalho, a aposentadoria tão esperada! Lá se foram as
histórias e os seus protagonistas, transformados em fumaça
preta e fedor de carne queimante!
E
o que falar das 200 agonias? Deus, o que passou pela cabeça
do piloto, ao escorregar e arremeter novamente, vindo a cair?
E os passageiros, já quase desafivelando seus cintos de segurança,
ligando celulares, com pressa para desembarcar? De repente
o avião sobe novamente, faz uma curva medonha e cai sobre
um prédio! Ouço o grito das mães desesperadas, escuto o choro
das crianças assustadas, vejo pessoas desesperados em chamas
pelos corredores vermelhos de tanto fogo, nas labaredas
da grande explosão de combustível; observo aqueles dois religiosos
rezando e outro crente orando, buscando ou um milagre ou pedindo
uma morte indolor, azul de medo, vermelho de dor!
E
agora, INFRAERO? E agora, Governo Federal? E agora, TAM? E
agora, responsável por Congonhas? E AGORA, BRASIL???
Enquanto
me lembro do tempo de criança, quando cantávamos ESTE É UM
PAÍS QUE VAI PRA FRENTE, agora lamento muito e transformo
a frase em ESTE É UM PAÍS QUE CAI PRA FRENTE... Deus do Céu,
mais um acidente aéreo!
Mas
não é só São Paulo que lamenta. O Brasil lamenta. A América
Latina lamenta. O mundo lamenta. Afinal, cada país tem seu
histórico de tragédias aéreas, e sabe o quanto custa e que
muitas são realmente fatalidades. Porém, nós, que somos brasileiros,
podemos numa auto-crítica e numa lavagem de roupas em casa,
dizer: CHEGA, BRASIL! Qual vôo será o próximo? Os que eu tomar?
Os do meu irmão e seus funcionários viajores? Os do meu próximo?
Ou outro de desconhecidos pessoais? Não há desconhecidos,
pois todos somos interdependentes, e a dor das famílias que
agora sofrem no hotel, com a notícia fatídica, é também a
dor de todos nós, pais, mães, cunhados, irmãos, genros, sogras,
tios, pastores, padres, vizinhos, colegas, amigos!
Eu,
como cristão, crendo completamente no futuro, mas no futuro
de uma Nova Terra, e na tragédia aumentante nesta, com o cumprimento
de tudo o que Cristo disse que iria acontecer, só posso vislumbrar
o crescente tumulto como um aviso: CRISTO ESTÁ VOLTANDO! É
hora de preparar-nos, pois ele pode vir a qualquer tempo
e em qualquer circunstância, sob a égide de qualquer governo,
em qualquer lugar. Hoje morreram passageiros e tripulantes,
mas também funcionários de um prédio e transeúntes que nada
tinham a ver com isso. Estaremos nós preparados para o encontro?
Estaremos prontos para morrer?
Ó
terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor. (Jr 22:29)
Prepara-te
para te encontrares com o teu Deus. (Am 4:12)
Mas
Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e
o que tens preparado, para quem será? (Lc 12:20)
Mas
ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem,
e onde os ladrões não minam nem roubam. (Mt 6:20)
Parafraseando
Getúlio Vargas, são 200 pessoas que deixam a vida para entrar na
História. Trágica história de um acidente previsto, anunciado
e tetricamente aguardado. Mais uma efeméride maldita para
este país que chora!
Que
seja o último desse tipo, pois, em pleno século XXI, não é
aceitável ter uma aviação regressiva e de botar medo no mais
corajoso piloto, que reclama à torre o trabalho aflitivo de
pousar a aeronave numa pista molhada. Que seja o último numa
era de tecnologia, que não foi capaz de sinalizar suficientemente
que o aeroporto tinha que estar fechado, ou com um comando
covarde, político e hipócrita, que, amedrontado pelas hostes
políticas, deixou de tomar as decisões certas na hora certa.
Como
se diz, 'só no dia em que se cortar da própria carne do governo'.
Bem, com lamento, mas com realismo, agora há um deputado falecido
com o grupo. Creio que a inércia chegará ao fim. Ajam, por
favor!
Que
Deus tenha misericórdia de nós.
Vem,
Senhor Jesus, e abençoa este país!
falando
por mim mesmo,
Wagner
Antonio de Araújo
pastor
batista (CBB)
radialista/escritor/conferencista
internacional.
(5511)
9699-8633
obs:
reenvio autorizado.
.
.
Adendo
Em
memória
dos
que morreram -
Informe
da TAM
A TAM divulgou
agora à 1h25 desta quarta-feira a lista completa das 162
pessoas mortas no acidente com o Airbus A-320.
Veja abaixo a nota oficial da TAM:
A
TAM expressa os mais profundos sentimentos aos familiares
e amigos dos passageiros que estavam no vôo número JJ 3054.
Lamentamos confirmar os nomes dos passageiros que estavam
a bordo do vôo:
Adelaide Moura
Akio Iwasaki
Alanis Andrade
Alejandro Camozzi
Alexandre Goes
Ana Carolina Cunha
Anderson Cassel
Andre Dona
Andrea Seiczkowski
Andrei Melo
Angela Haensel
Antonio Carlos Araujo De Souza
Arnaldo Batista Ramos
Arthur Queiroz
Atilio Sassa Bilibio
Bruna De Villi Chaccur
Bruno Ferraz
Bruno Nascimento
Caio Augusto Bueno Dal Prata
Caio Felipe Cunha
Carla Fioratti
Carlos Alberto Andriotti
Carlos Rockemback
Carlos Zanotto
Carmen Luisa Victoria Fonseca
Cassio Vieira Servulo Da Cunha
Catilene Oliveira
Christine Souza
Ciro Numada
Claudemir Arriero
Clove Mendonça Junior
Decio Tevola
Demetrio Travessa
Denilson Lopes Costa
Deolinda Magaly Victor Fonseca
Douglas Teixeira
Edmundo Smith
Eduardo Mancia
Elcita Ramos
Elenilze Ferraz
Eliane Dornelles
Elida Dembinski
Emerson Freitag
Enrico Shiohara
Esio Freitas
Fabiana Amaral
Fabiane Ruzante
Fabiano Rosito Matos
Fabio Balsells
Fabio Marques
Fabio Velloza
Fatima Santiago
Felipe Fratezi
Fernando Antonio Laro Oliveira
Fernando Marques
Fernando Pessoa
Gabriel Correia Pedrosa
Gilmar Tenorio Rocha
Gottfried Tagloehner
Guilherme Moraes
Guilherme Pereira
Gustavo Martins
Heloiza Helena Lopes
Heurico Tomita
Ines Maria Kleinowski
Ivalino Bonato
Ivanaldo Cunha
Jamille Leao
Janus Silva
Jaqueline Dias
Joao Brito
Joao Caltabiano
Joao Valmir
Jose A Flores Amaral
José Lima Luz
José Pinto
Julia Camargo
Julia Elizabete Gomes
Julio Cesar Redecker
Katia Escobar
Katiane Lima
Jose Carlos Pierucetti
Larissa Ferraz
Leila Maria Oliveira Dos Santos
Levi Leão
Lina Barbosa Cassol
Lisiane Schubert
Lucas Palomino Mattedi
Luciana Siqueira Lana Angelis
Luis Schneider
Luiz Baruffaldi
Luiz Luz (Pr.IEAD-Ivoti/RS)
Luiz Zacchini
Marcelo Marthe
Marcelo Palmieri
Marcelo Pedreira
Marcelo Stelzer
Marcio Alexandre De Moraes
Marcio Andrade
Marco Antonio Da Silva
Maria Elizabete Caballero
Maria Isabel Gomes
Mariana Pereira
Mariana Sell
Mario Gomes
Marli Pedro Santos
Marta Almeida
Melissa Andrade
Mery Vieira
Mirtes Suda
Nadia Moyses
Nadja Soczeck
Nelly Priebe
Nelson Wiebbelling
Paula Masseran De Arruda Xavier
Paulo Cassiano Feliza Oliveira
Paulo Pavi
Paulo Rogerio Amoretty Souza
Paulo Silveira
Pedro Abreu
Pedro Augusto Caltabiano
Jose Carlos De Oliveira
Priscila Bertoldi Silva
Rafaela Bueno Dal Prata
Raquel Warmiling
Rebeca Haddad
Remy Moller
Renan Klug Ribeiro
Renato Ribeiro
Renato Soares
Ricardo Almeida
Richard Salles Canfield
Roberto Gavioli
Roberto Wilson Weiss Junior
Rodrigo Benachio
Rodrigo Prado
Rodrigo Souza Moreale
Rogerio Laurentis
Rogerio Sato
Rosangela Maria De Avil Severo
Rospierre Vilhena
Rubem Wiethaeuper
Sandro Schubert
Sergio Freitas
Silvan Stumpf
Silvania Regina De Avila Alves
Silvano Almeida
Silvia Grunewald
Simone Wetrupp
Sonia Machado
Soraya Charara
Sueli Fleck
Suely Fonseca
Thais Scott
Valdemarina Souza
Valdir Cordeiro De Moraes
Vanda Ueda
Vilma Klug
Vitacir Paludo
Zenilda Santos
A TAM está mantendo contato com os familiares dos passageiros,
prestando todo o atendimento por meio de seu Programa de
Assistência às Vítimas e Familiares.
__._,_.___
|
= =
25 de agosto de 2012
BATISTAS "PAZ E AMOR"
O povo batista, de um modo geral, era considerado o "povo da Bíblia".
Por mais humilde que fosse o crente batista, seu preparo na classe
de catecúmenos (batismo) ou na Escola Bíblica Dominical fazia dele
um sábio intérprete das coisas do Reino. Para o povo batista a Bíblia
era "a única regra de fé e prática".
Então entrou uma turma de inconversos nas nossas instituições de ensino
teológico. Gente inteligente e bem articulada que conseguia fazer
as provas e driblar os concílios de exame ao ministério pastoral.
No princípio esses candidatos eram avaliados publicamente, porém com
o tempo passaram a apresentar TCC e/ou exames escritos. Para eles
foi muito melhor, uma vez que bastava responder a contento no concílio,
dar um bom almoço aos convidados, bajular o pastor presidente e a
ordenação estava garantida.
Após a ordenação tudo se tornava mais fácil. Compromissos? Com quê
ou com quem? "Com Deus", diziam abertamente. "Não obedeço a homens,
não tenho compromisso com a igreja batista". E em nome de Deus passaram
a deixar a Bíblia como regra DE PRÁTICA em prol de um pragmatismo
tosco e mundanizado.
Foi a geração de BATISTAS PAZ E AMOR. Um jeito novo de ser batista.
Novo no Brasil, pois nos Estados Unidos já existia desde a década
de 40 e são os pais desses batistas. Emotivos ao extremo, chamaram
para si a RENOVAÇÃO ESPIRITUAL da década de 1960, transformando igrejas
evangélicas tradicionais em agências do pentecostalismo híbrido: usavam
o nome BATISTA indevidamente. A crítica foi ferrenha no início. Mas
como tudo é uma questão de tempo e adaptação, montaram para si uma
convenção e viveram felizes e alegres (se a situação fosse hoje, a
denominação não apenas daria nota dez ao deslize doutrinário como
também os transformaria em mestres de seminário e criaria um departamento
para angariar fundos para o novo sistema; afinal, tudo é uma questão
de GESTÃO, FUNDOS, RESULTADOS...)
Mas outra parte da geração BATISTA PAZ E AMOR continuou na convenção
e foi minando, dia após dia, as práticas bíblicas e as pobres igrejas
que convidavam esses obreiros estranhos. Em nome da compreensão, do
bom convívio, da harmonia, da unidade da igreja ou da célebre frase:
"NO ESSENCIAL, A UNIDADE; NO NÃO ESSENCIAL, A TOLERÂNCIA E, EM TUDO,
O AMOR", foram inventando seu próprio modo de ser cristão, qual seja:
o MÉTODO ESPONJA. Esse método, consistiu no seguinte:
1) Absorveram os costumes da "American Black Gospel" com seus trejeitos,
com suas manias, com sua pneumatologia e implantaram essas coisas
nas igrejas, transformando uma expressão local num estilo nacional
e unificador;
2) Absorveram o "GOSPEL ROCK" com várias performances, vestiram-se
de roqueiros e trouxeram o show para os palcos das igrejas, afastando
o púlpito ou colocando fogo nele; trouxeram não apenas o estilo, mas
a prática do rock and roll;
3) Absorveram o sincretismo religioso neopentecostal, aceitando dentes
de ouro, pó de ouro, sopro, cai-cai-no-espírito, unção do riso, do
animal, transferência de unção, tarde do descarrego, reunião de empresários,
terapia do amor etc.
4) Foram atrás de todos os métodos de crescimento de igreja e fizeram
experiências laboratoriais com cada um deles, formando verdadeiras
monstruosidades. Absorveram G12, M12, MIR, ICP, M.D.A. etc. O resultado
foi a quebra de muitas igrejas e, de cada dez, a criação de uma mega-igreja,
com os restos das que morreram; agora é moda encontrarmos 50 pianistas
numa mega-igreja e 50 igrejas pequenas sem um simples violonista ou
30 pastores-membros de mega-igrejas, e 30 igrejas pequenas sem um
simples pregador dominical de qualidade;
5) Absorveram as práticas sincréticas dos liberais: Marcha para Jesus,
café de pastores, noite da bênção, 40 dias de jejum etc. Transformaram
o louvor de igreja (feito por crentes que amavam a Jesus e louvavam
com canções, ou evangelizavam através da música) em empresariado gospel,
com novos milionários às custas do povo que lhes compra cds e dvds
(agora para cantar uma canção de muitos conjuntos ou até de hinários
as igrejas estão ameaçadas de ter que pagar DIREITOS AUTORAIS!);
6) Criaram a hierarquia religiosa, uma espécie de episcopado disfarçado
(batistas eram congregacionais), ordenaram as esposas dos pastores
em pastoras e graduaram pastores de sucesso como apóstolos;
6) Aderiram à modernização das bíblias, através do famigerado método
da EQUIVALÊNCIA DINÂMICA, inventando desde paráfrases com o nome de
bíblia até versões "a la carte", ao gosto do freguês. Já há batistas
amando bíblias católicas e paráfrases; um desses tradutores, após
terminar a sua tradução de uma conhecida versão internacional, pulou
para outra editora, começando outra tradução (ué, então a primeira
não prestou?);
7) Resolveram entulhar o batistério, porta solene de entrada numa
igreja batista, e viver a PAZ E O AMOR, aceitando crentes e
obreiros de qualquer método de batismo e qualquer ideologia teológica.
Já temos igrejas aqui e no exterior onde os membros são evangélicos
de outras terras e igrejas, a maioria não batizada biblicamente e
muito menos doutrinada, e criaram sistemas híbridos de administração,
como igrejas batistas com PRESBITÉRIO (quando a interpretação batista
de sempre jamais diferenciou presbíteros de pastores). Não bastasse
isso, as mega-igrejas agora convidam ministros protestantes não batizados
biblicamente para serem do "CORPO PASTORAL"; não tardará o dia em
que teremos pais-de-santo, médiuns e padres pregando em nossos púlpitos;
8) Em igrejas batistas da Alemanha já é normal vermos PASTORAS, com
o instrumento católico de água benta, batizando bebês das famílias
que aderem às igrejas (uma família querida testemunhou isso para mim,
em viagem que fez de Portugal para a Alemanha, mas eu já não me escandalizo
com nada...)
Chamo isso de "BATISTAS PAZ E AMOR". Sim, é um mimo! Para eles ninguém
é pecador, todos são filhos de Deus. Qualquer igreja é boa, não importa
o conteúdo doutrinário, não importa o tipo de culto, não importa a
fé que tenham. Todos são amados e chamados à Mesa do Senhor. Sim,
Deus não faz acepção de pessoas, não manda ninguém para o Inferno,
só o Diabo é que irá pra lá; isto é, se Deus na última hora não mudar
de idéia ou se realmente Diabo existir, pois bem pode ser uma metáfora...
O interessante é que o BATISTA PAZ E AMOR, que hoje está na liderança
de várias esferas denominacionais, ama a todos, ama incondicionalmente,
mas DETESTA UM BATISTA TRADICIONAL. Aliás, é inimigo visceral dos
batistas que não jogaram suas bíblias fora, que não entulharam seus
batistérios, que ainda têm a fé dos pioneiros. Eles não toleram batistas
tradicionais! Eles os ofendem, os ridicularizam, os ameaçam, usam
a mídia denominacional para ameaçá-los e cercear-lhes a liberdade
de cooperar sem se alinhar com o pecado. Por isso, os maltratam, não
os escutam e os rotulam de FUNDAMENTALISTAS. Sim, é mais fácil rotular
assim, pois como não gostam de gente que pensa e que pensa com a Bíblia
na mão, qualquer um que não ande na toada do rebanho enganado é classificado
como retrógrado e ameaçador.
Isto iria acontecer. A Bíblia já dizia assim. "Nos últimos dias -
sobrevirão tempos difíceis - muitos apostatarão da fé".
Talvez eu não imaginasse que isso estivesse tão próximo de acontecer
no Brasil, quando andei pelas ruas de High Point, de Pleasant Grove,
de Winston-Salem, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Enquanto admirava
as enormes igrejas batistas ali erigidas, sendo que as menores eram
maiores do que algumas grandes aqui do Brasil, a pessoa que me mostrava
uma após outra, 100 numa mesma cidade, dizia: "não se iluda, irmão.
A maioria destas igrejas, inclusive a PRIMEIRA IGREJA BATISTA, não
crê mais na inerrância das Escrituras Sagradas, não crê que Jesus
foi gerado pelo Espírito Santo, não crê em Céu ou em Inferno, nem
tem qualquer conversão". Perguntei: "então pra que formam igrejas
e as frequentam?" Ele disse: "Essas igrejas eram boas. Mas agora a
tônica é PAZ E AMOR, sem ofender as pessoas. Eles são amigos, são
vizinhos, trabalham juntos, querem um bom clube cheio de paz e amor".
Eu disse: "não ofendem ninguém mesmo; só a Deus".
Ouvi um colega contar-me de uma discussão entre um velho pastor com
um jovem e muito bem sucedido GESTOR DE IGREJA, desses sistemas modernos
de crescimento e "deformação" de igrejas. Disse o jovem: "vocês,
velhos pastores, já eram; agora nós damos pão fresco para a igreja
todos os dias!" O velho pastor, tranquilo, mas pontual, lhe disse:
"Sim, é bom que a igreja coma pão fresco diariamente, mas desde que
seja PÃO DE TRIGO e não FEITO DE JOIO..."
Que os verdadeiros crentes batistas acordem. Que os verdadeiros pastores
batistas despertem. E que voltem o seu olhar para Cristo, para a Bíblia,
para o Calvário, para a nossa herança de suor e sangue, e que fujam
dos crentes batistas PAZ E AMOR".
"E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo:
Paz, paz; quando não há paz." (Jr 6:14)
Wagner Antonio de Araújo
= =
10/11/2012 -
O QUE SE ESPERA DE UM PASTOR
Creio que um pastor deve antes de tudo, ser um legítimo convertido
a Cristo. Deve ter sido regenerado pelo Espírito Santo. Deve ser nova
criatura e viver em novidade de vida. Deve ter uma profunda e legítima
comunhão com Deus. Afinal, espera-se dele que mostre de forma prática
aquilo que prega em seu púlpito.
O pastor deve ter o "fruto do Espírito" em sua vida, caráter, temperamento,
obra e ministério (Gálatas 5.22-23). Assim, deve possuir:
AMOR - com o qual ama a Deus acima de todas as coisas, ao próximo
como a si mesmo e, consequentemente, ao rebanho que o Senhor lhe confiou.
Seus atos, palavras e pensamentos devem ser permeados pelo amor de
Deus. Seu trato para com a família (esposa, filhos, parentes), amigos
(colegas de serviço, de escola, vizinhos, conhecidos), membros da
igreja, deve expressar uma alma amorosa, benfazeja, cheia de compaixão
e piedade.
ALEGRIA - um pastor deve possuir alegria. Não um contentamento efêmero,
fundamentado em coisas banais e sem relevância eterna. Sua alegria
e contentamento deve brotar de uma alma remida, perdoada, salva e
em constante comunhão com Deus. Deve possuir a alegria de descobrir
a cada dia novas riquezas na Palavra de Deus. Deve ter o gozo e a
felicidade de quem encontra no Senhor todo o suprimento de suas necessidades,
consolo nas suas dores, respostas às suas indagações. Isso deve tornar
o ministro de Deus alegre e jubilante. Tal alegria será expressa nas
suas atividades ministeriais, como a pregação, a visitação, o aconselhamento,
a confecção de textos, a participação em atividades eclesiásticas
etc. Na família sua alegria será expressa pela maneira altruísta de
encarar o ministério, a igreja, as lutas e o relacionamento conjugal.
Alegria por ser grato ao Senhor, grato pelos filhos que tem, pela
esposa com quem casou, pela sua casa, pelos talentos, pelo ministério,
pelas oportunidades de servir. Não é uma alegria meramente intelectual
ou simplesmente emotiva. É um estado de espírito de gozo e de bem
estar, uma auto-realização íntima, expressa numa face descarregada
e iluminada.
PAZ - essa deve ser a pepita de ouro de sua vida. A paz. E todo pastor
sabe que, se depender da ausência de problemas ou de conflitos eclesiásticos
e familiares jamais terá um instante de paz. Por isso não pode ser
um estado pacífico fundamentado nas circunstâncias, mas na graça do
Senhor em seu coração. É a paz no meio da guerra, da enfermidade,
do conflito eclesiástico, das desavenças familiares. Uma paz acima
de quaisquer situações pontuais ou temporárias. É uma estabilidade
emocional profunda, que faz dele alguém comedido e controlado, que
tira de sua reação os ímpetos da ira e do descontrole, que faz dele
uma âncora, um baluarte, um ponto de equilíbrio e referência. A paz
na vida do pastor deve expressar-se nos momentos de felicidade e também
nos momentos de crise. E não deve ser fabricada por exercícios pessoais
de meditação ou de mero relaxamento, mas recebida diretamente do Espírito
de Deus pelo espírito de seu ser. É fruto de comunhão. É fruto de
convicção no que ensina a Bíblia. É fruto de fé. Fé na direção divina
de sua vida. Fé na esperança de dias melhores. Fé na sabedoria de
Deus em permitir apenas coisas que irão edificar, moldar, julgar ou
provar. Fé que há um Deus que conhece os nossos limites. Fé que em
Cristo se pode enfrentar qualquer circunstância. Dessarte pode-se
passar por crises na igreja, crises familiares, crises financeiras,
e ainda assim manter dentro de si um espírito sossegado, tranquilo,
confiante, leve, profundamente tranquilo. Essa paz também é a expressão
de alguém que só usa seus lábios para edificar, que só age orientado
pelas Escrituras, que não vive em pecado, que não esconde nada de
ninguém, que não mantém casos ou negócios ilícitos e que cumpre com
dignidade os seus compromissos morais, civis, religiosos, familiares
e espirituais.
LONGANIMIDADE - Um pastor deve ser capaz de ter um ânimo redobrado,
de aguentar firme, de não esmorecer nas crises e dificuldades. Ele
deve animar-se no Senhor, motivar-se aos pés da Cruz, viver a cada
dia animado com a graça de Deus. Seu pavio deve ser comprido, enorme
e com isso não desistir de seus compromissos e de suas responsabilidades
com o Reino de Deus. Sua longanimidade deve expressar-se numa paciência
prolongada, aprendendo que nem tudo virá no tempo planejado, que nem
todos amadurecerão como gostaria que fosse, que nunca terá pleno êxito
se não enfrentar as barreiras do caminho. Seu longo ânimo dá ao rebanho
que pastoreia um porto seguro e esperançoso, sabendo que não abandonará
a vontade de Deus e os compromissos assumidos. Sua longanimidade é
capaz de esperar um crente crescer na fé, um pecador inconverso chegar
à conversão ou um problema ser resolvido pela graça, e para isso ele
é capaz de esperar o tempo que for necessário. Sendo longânimo ele
não perde a fé. e nem a esperança. Ele recobra ânimo a cada dia que
se prostra na presença do Pai. É como se comesse o pão e bebesse a
botija de água providenciadas pelo próprio Deus no seu deserto, e
isso constantemente.
BENIGNIDADE - O coração de um pastor só tem um propósito: fazer o
bem. Seu ideal sempre visa o bem do Reino do Senhor. Para isso ele
vive. Muitas vezes ele deixa de pensar em si para pensar no progresso
da evangelização e na edificação da Igreja. Também é benigno para
com os seus, para com a sua família. Ele quer bem a esposa, os filhos,
os familiares. E seu querer bem expressa-se no tratamento e no propósito
do que faz. Suas atitudes sempre visam a glória de Deus e o bem do
próximo. Ele ama a igreja e não a insulta. Ele ama os amigos e deseja
o seu sucesso. Ele ama a Pátria e tudo faz para construir um pouco
do seu futuro. Seu coração não abriga malignidade. Ele não age para
denegrir, para destruir, para difamar, para derrubar ninguém. Um coração
benigno só tem espaço para querer coisas boas e edificantes.
BONDADE - Não basta o pastor ser benigno; ele tem que ser bom. Não
há valor em apenas ser bem intencionado, em julgar-se benigno. É preciso
ser bom. Se o pastor tem o coração benigno então ele é capaz também
de ser bom. Ele é bom com a sua esposa e tudo faz para expressar amor,
carinho, sustento, cuidados, segurança e felicidade. Ele é bom com
os filhos e dá a vida por eles, trabalhando para sustentá-los, mantendo-os
saudáveis, educando-os com cuidado e paciência, sendo exemplar em
sua conduta e no trato caseiro, provendo futuro para cada um através
dos estudos e de fundos para a maioridade. Ele é bom com a igreja
e faz o melhor que pode para com todos. É solidário com os que sofrem,
auxilia os que precisam, socorre os aflitos, visita os encarcerados,
chora com os que estão tristes e fica feliz com os que se alegram.
Ele tira de si para ajudar os que carecem e não mede sacrifícios para
amparar os carentes. Para esse pastor não é enfado ou canseira aconselhar,
atender no gabinete, visitar no hospital, estar com o enlutado, ouvir
o aflito, enviar cartas ou e-mails aos que pedem respostas etc. Ele
é bom. Bom para os vizinhos que só veem atos dignos de sua parte.
Ele é bom para os amigos, dispondo-se na medida do possível. Enfim,
seus atos não são mera teoria, mas prática diária de um autêntico
cristão.
FIDELIDADE - Para esse pastor ter fé é fundamental e a sua fidelidade
a Deus é o princípio de tudo. Foi por amor a Deus que ele aceitou
o chamado ministerial. Foi pela fé que foi salvo e pela fé que edificou
toda a sua vida. Então para ele a fidelidade é intrínseca à própria
fé. Ele é um homem fiel. Fiel ao Deus que lhe salvou, vocacionou,
capacitou, comissionou, enviou e delegou. Fiel à esposa com quem se
casou e com quem comprometeu-se a viver até que a morte o separasse.
Fiel no cuidado para com os filhos que o Senhor lhe confiou graciosamente.
Fiel ao patrão que lhe contratou, caso seja um pastor que também trabalhe
fora. Ele trabalha com afinco, amor, dedicação e tudo faz para a glória
de Deus, não meramente em troca de remuneração. Ele crê que a fidelidade
no ofício vem primeiro, o sustento vem de Deus e este não irá falhar.
Fiel à Palavra de Deus, aos fundamentos da fé, ao pacto que fez no
dia de seu batismo, a tudo quanto aprendeu em sua carreira cristã.
Fiel ao compromisso e à confissão pública que deu no dia de sua ordenação
e consagração pastoral. Fiel às doutrinas que abraçou. Fiel ao compromisso
de servir ao Senhor para sempre. Também é fiel à sua igreja, não mantendo
um amor dúbio ou coxeando entre dois amores. Para ele a igreja que
pastoreia é a melhor igreja que existe. Porém, atento à voz divina,
saberá terminar um ministério em alegria e paz para realizar outro,
quando o Supremo Pastor o chamar. É fiel aos amigos, não confidenciando
aquilo que com grande confiança lhe foi dito. Ele não cobiça a mulher
alheia e nem desrespeita qualquer outra pessoa. Sua fidelidade independe
de estar próximo a alguém conhecido. Ele teme a Deus! É fiel na sua
vida comercial, não comprando o que não pode e só faz dívidas que
possa pagar. Ele mantém um bom nome e uma boa conduta na praça. É
bom pagador, bom cliente bancário, bom administrador dos bens, sejam
poucos ou sejam muitos. Em suas mãos Deus multiplica o dinheiro e
a capacidade das coisas. Todos são capazes de confiar nele, pois cumpre
o que fala e mantém seus compromissos independentemente de circunstâncias
temporárias.
MANSIDÃO - O pastor possui a excelência do espírito de Cristo: capaz
de manter-se senhor de suas emoções até em circunstâncias adversas.
Assim, no coração deste pastor não há lugar para um ser iracundo,
que toma os pés pelas mãos, que resolve os problemas na ira, na violência,
no grito, na tempestuosidade das brigas e divergências. Pastores mansos
são capazes de contar até mil antes de manifestarem reações. Quanto
à doutrina e à fidelidade às Escrituras são pontuais: sabem ensinar,
chamar a atenção, disciplinar, repreender com autoridade. Um pastor
manso expressa isso em prática e prédica. Ele repreende, mas não agride.
Ele admoesta, mas não humilha. Ele é severo, mas não é tirano. Sua
mansidão expressa-se no trato benigno com a esposa, mesmo quando precisa
resolver divergências ou impor limites na relação. Ele é manso na
educação dos filhos, corrigindo-os biblicamente até com castigos,
mas encharcando cada ato com um mar de piedade e sincero desejo de
crescimento. Ele é amoroso com sua igreja, mesmo quando tem que excluir
os insubmissos ou pecadores. Para ele até o excluído precisa de uma
chance para recuperar-se e jamais exerce disciplina com o intuito
de humilhar. Ele é manso nas desavenças de trânsito, nos conflitos
comerciais, nas desavenças relacionais, nas polêmicas intelectuais.
Ele é capaz de não sentir ódio ou ira mortal, não por si, mas porque
o Espírito Santo o encheu desta mansidão típica do Senhor. Assim,
pode ser um Moisés conquistador e guerreiro, mas manso e cordato,
um autêntico representante dos Céus no lugar onde Deus o plantou!
DOMÍNIO PRÓPRIO - Um ministério pode salvar-se quando um homem de
Deus possui esse caráter do fruto do Espírito. Dominar a si mesmo.
Ter domínio da língua quando esta quer dizer verdades inadequadas
ou apontar erros sem piedade ou nos fóruns errados. Ter domínio da
ira, que deseja surrar os contrários ou quem ousou contra si. Ter
domínio do ódio, sedimentado por insultos recebidos no trânsito, na
igreja, no trabalho, na familia. O domínio próprio pode fazer de um
pastor um autêntico herói. Dominar a língua para que ela só fale o
que edifica. Dominar a emoção para que não dê guarida aos sentimentos
mais baixos do pecado interior. Dominar a sua cobiça, para não desejar
a riqueza do outro, a mulher do próximo, a igreja do outro pastor,
a oportunidade do amigo. Um pastor que tem domínio próprio sabe dar
fim à preguiça, ao marasmo, ou sabe trabalhar apenas o suficiente
e dosar sua atenção com a família e com sua saúde. Quem tem domínio
próprio sabe arrancar do peito as amarguras da vida. Domínio próprio
manifesta-se em todas as áreas e faz do pastor um bom marido, um bom
pai, um bom profissional, um bom intercessor, um bom amigo, um bom
pregador, um bom administrador, um bom conselheiro, um bom servo.
Pastores que se dominam atravessam crises e vencem. Pastores que se
dominam mantém a família unida e o rebanho confiante. Pastores que
se dominam são lembrados como modelos a ser seguidos. Pastores que
se dominam veem dias melhorese têm paz em suas vidas.
Diante desta reflexão eu pergunto: estaríamos nós, pastores, deixando
o Espírito Santo produzir em nós o Seu bom fruto? Estaríamos realmente
sob o domínio de Deus? Estaríamos dando o melhor testemunho possível?
Estaríamos produzindo tudo o que seria possível se vivêssemos na plenitude
do Senhor? Ou por falta desse fruto temos seguido por caminhos tortuosos
e colhido ao longo do ministério dissabores e frustrações, escandalizando
outros irmãos que desejavam ver em nós algo melhor do veem em si próprios?
Eu creio que é necessário ponderar e avaliar as nossas vidas, não
sob a ótica do mundo, do sucesso, da prosperidade ou do crescimento,
mas do ponto de vista de Deus, de Sua Palavra e do fruto do Espírito
em nós. Porque, enquanto o fruto do Espírito for pouco em nós, o mundo
só verá pastores dignos de piedade e de lamentos e indignos do chamado
e da missão. Mas se deixarmos de semear na carne e semearmos uma vida
de santidade e verdadeira dependência de Deus, então nos esvaziaremos
de nossas próprias mediocridades e nos revestiremos do novo homem,
que se renova dia após dia na estatura de Cristo e na Sua glória.
O que escolheremos? Que caminho trilharemos?
Não posso responder pelos colegas. Mas posso dizer por mim. Eu quero
que Deus produza em mim o Seu maravilhoso e bendito fruto, para que
a cada dia eu seja mais de Cristo e menos de mim. Eu quero que vejam
em mim a Obra de Deus, que é capaz de transformar um miserável pecador
em alguém controlado pelo próprio Senhor. Eu quero mais do Seu puro
e Santo amor, mais do meu Salvador em mim.
Que assim seja!
São Paulo, Brasil, 10 de novembro de 2012
Wagner Antonio de Araújo
irmão em Cristo, chamado para o serviço do Senhor no ministério pastoral.
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
=
REFLEXÕES SOBRE O ATUAL LIBERALISMO
TEOLÓGICO DE ALGUNS PREGADORES BATISTAS (23/11/2012)
Li há poucos
instantes um texto de um jovem pastor cearense que tecia elogios a
um pastor conhecidíssimo em São Paulo. O discurso do paulista (“uma
igreja relevante para o homem pós-moderno), longo e apresentado numa
conferência que se propunha a ser “missionária” concluiu algumas coisas
interessantes.
Primeiramente
esse pastor disse que o “deus” em quem ele crê hoje não é aquele ao
qual foi apresentado quando criança, no qual foi doutrinado e a quem
buscou servir. O “deus” a quem serve hoje não é aquele de quem
fez confissão no batismo e nem quando foi ordenado ao ministério pastoral
batista. Diz esse pastor que, em determinado ponto de sua vida teve
que “desconstruir” tudo o que aprendera sobre Deus, jogar aqueles
velhos conceitos fora e firmar uma nova visão de "deus", fundamentada
em seu farto conhecimento filosófico, teológico, histórico-eclesiástico
etc. Para esse pastor o “deus” a quem serve prefere que a igreja seja
“mística” e não “religiosa”, “dialogal” e não “proselitista”, “diaconal”
e não “evangelística”.
Algumas considerações
se fazem necessárias.
Esse “pastor”
não deveria ser pastor, ao menos caracterizado como um “pastor batista”.
Ao que parece as respostas que forneceu em seu exame ministerial foram
um blefe, uma mentira, ou, na melhor das hipóteses, “verdades temporárias
abandonadas”. Ele ocupa o título de pastor batista em uma denominação
cuja fé supõe-se ainda ser do tipo que ele abandonou. Por honestidade
não deveria identificar-se como batista. Ele ocupa o púlpito de uma
igreja fundada e formada por batistas tradicionais e a conduziu ao
liberalismo, usurpando um trabalho que não lhe pertencia. Assim, esse
pastor usurpa o título de pastor batista e a direção de uma igreja
batista. Sim, igrejas são livres para escolher o pastor que quiserem.
A igreja local pode estar feliz com sua fé, prática e obreiro. Mas
deveria honestamente assumir a nova fé e encontrar um novo nome.
Esse “pastor”
deixou de ter fé evangélica, pois seus valores pós-modernos são fundamentados
no misticismo e não na teologia reformada. Mantém-se numa sutil linguagem
ecumênica de quem se adaptou a um clube de pensadores. A igreja que
pastoreia não está mais sujeita a nenhum estereótipo eclesiástico,
senão às mais variadas experiências de comunidade, de discussão e
de ações sociais em prol do humanismo, informações por ele prestadas
(não conheço essa igreja hoje, conheci-a nos tempos em que ainda era
tradicional). A “verdade” desse pastor é relativa, pois depende
“de que ponto da janela se está a olhar para a verdade lá fora”. Assim,
o relativismo é absoluto e tudo o que é sobrenatural é “sinistro”.
Essa é a denominação
batista que queremos? Uma denominação similar a um panelão onde pululam
nas chamas do ativismo todo tipo de fé? Que cristianismo é esse? Que
denonimação é essa que mantém sob seu selo e sob sua influência todo
tipo de perspectiva religiosa e não religiosa? Então posso ser batista
sem ser crente? Posso ser batista sem ter fé ou compromissos assumidos
no batismo? Posso ser batista e não crer em declaração doutrinária?
Posso ser batista e não pregar a fé cristã bíblica e reformada? Onde
está o juízo de valores e a disciplina? Para esses não existe, uma
vez que seus nomes e igrejas atraem multidões, mídia, poder político
e ofertas...
E a Ordem de
Pastores, que ostenta jactanciosamente mais de uma dezena de milhar
em número de filiados? Que tipo de pastores une e agrega? Qualquer
tipo? Congrega até aqueles que ludibriaram os concílios e seguem qualquer
fé? Um cristo místico em lugar do Cristo bíblico? Um Deus dialogal
ao invés do Deus revelado? Um cristianismo de verdades relativas e
pós-modernas ao invés de uma experiência de conversão legítima ao
Senhor Jesus Cristo? Não há juízo de valores contra o liberalismo
teológico?
Esse liberalismo
apodrece a cada dia a beleza da denominação batista. Igrejas independentes,
autônomas, anteriormente unidas por órgãos cooperativos e de comunhão
de fé, que exercia juízo de valor e exigia compromisso doutrinário.
Hoje essa fé enfraqueceu, pois não há juízo de valores na administração
e na mantença de pastores ou de igrejas. O tempo “medieval” da fé
(segundo esse “pastor”), onde se confrontava a prática com a Bíblia,
já passou. Voltamos à pós-modernidade nada moderna, a que existiu
em Israel no tempo dos juízes: cada um fazia o que julgava mais certo.
E assim a apostasia pavimenta o seu caminho. Hoje o asfalto alisa
e fortalece a estrada. Em breve será uma rodovia toda iluminada. E
na seqüência daremos guarida ao anticristo, encarnação de tudo o que
hoje se chama “dialogal”, “diaconal” e “místico”, um cristo qualquer-coisa,
unificador naquilo que de mais baixo existe no seio das igrejas, uma
igreja sem Cristo.
Como disse esse
“pastor” , “essa é a minha opinião”. Sim. Ele teve direito da opinião
emitida em evento público. Eu também tenho. E a minha opinião é que
pessoas que crêem dessa forma são inconversas, ou, no mínimo, desviados
da integridade e da simplicidade da Palavra de Deus. Também creio
que uma denominação que mantém teólogos dessa prédica em suas instituições
de ensino é irresponsável e envenena sua via arterial teológica; a
colheita está chegando... E uma ordem de pastores que tem como filiados
obreiros híbridos, de qualquer matiz e com qualquer tendência teológica,
deixou de ser ordem para ser desordem. Devemos ser tolerantes? É assim
que aprendemos na Palavra de Deus? Ah, perdoem-me! Devemos ser intolerantes
sim, mas com os batistas clássicos, que não param de protestar.
Enquanto a política
interna for mais importante que o juízo de valor bíblico de nossas
ações, de nossos púlpitos ou de nossas igrejas, continuaremos a ver
dia após dia o desastre completo, absoluto, irrecuperável de nossa
denominação batista principal.
Voltemos às
Escrituras Sagradas, voltemos às origens evangélicas, protestantes
e, especificamente no caso de batistas, às nossas doutrinas, princípios,
valores distintivos da Fé!
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil
12. ) Tempos difíceis,
tempo de figueiras sem fruto! ( 18/12/2012
Estive na sorveteria para repor o meu estoque de picolés (sorvetes
de palito/gelados em Portugal). "Tem de uva?", "não". "E de Limão?",
"não. E assim foram as perguntas. Dos 50 sabores anunciados, com muito
custo consegui 10. E veio a pergunta: "Por que anunciar uma porção
de coisas que não têm?"
Clientes voltaram frustrados da sorveteria. É o mesmo que sentem os
que vão ao açougue buscar carne e nada encontram, ou na farmácia e
não acham os seus remédios.
Empresas boas devem preparar-se para a demanda, providenciando oferta
adequada para os momentos de procura. Do contrário não serão mais
procuradas. Afinal, queremos o serviço de quem de fato nos supra do
objeto de nossa necessidade.
Pensei em nós, cristãos. Pensei naquilo que temos a ofertar para o
mundo: o evangelho da salvação em Cristo. Pensei no papel que nós,
cristãos, devemos exercer em meio de uma sociedade em demanda: o papel
de "embaixadores de Cristo", "luz do mundo", "sal da terra", "carregador
das cargas uns dos outros", "bons samaritanos". Pensei em tudo aquilo
que fomos enviados e comissionados por Cristo: ir por todo o mundo,
anunciando o evangelho, batizando os convertidos, fazendo discípulos,
consolando, fortalecendo, salvando.
Porém, onde está o cristão supridor? EM FALTA. Os cristãos andam calados,
sem nada de útil para repartir. Reproduzem em si o vazio de uma sociedade
tecnológica e sem alma.
"Ore por mim?"; "Não tenho orado nem por mim, amigo!"
"Tem uma mensagem para mim?"; "Não tenho não, mas ligue a INTERNET
ou a TV que tem gente falando lá"
"Posso compartilhar uma luta contigo?"; "Olha, não tenho tempo, minhas
lutas estão difíceis também; procure outra pessoa".
"O que você acha disto? O que a Bíblia ensina?"; Ah, vá me desculpar,
mas não tenho vontade ou conhecimento sobre isso, não tenho o que
dizer".
"Por que você é crente?"; "Sou crente porque quero, não perturbe".
Alguns sequer conhecem o PLANO DA SALVAÇÃO para compartilhar.
Não têm uma palavra de consolo ao entristecido. Não possuem nenhum
preparo bíblico para ajudar os inexperientes a saber a vontade de
Deus. Estão tão ocupados, tão cheios de problemas, tão metidos com
política, futebol, facebook, comidas, roupas, academias, preparos
profissionais intermináveis, trabalhos, namoros, que deixaram o seu
estoque do essencial a zero! O fruto do Espírito está em falta. Também
o exercício dos dons e a graça da bondade. O serviço ao Mestre já
ficou para o ano que vem. Oração? Só quando mandam ou quando "rezam"
para comer ou dormir. Vidas secas, vidas vazias, vidas sem a Graça!
Isso nos lembra a figueira infrutífera onde Jesus foi buscar fruto.
Ele estava com fome e quis um figo. O que achou? Folhas. Folhas eram
DESCULPAS da figueira, assim como "ESTAMOS OCUPADOS DEMAIS" são as
nossas desculpas para um estoque esgotado das coisas de Deus em nós.
Parece que até nos incomoda quando alguém nos pede um conselho, ou
uma palavra, ou uma orientação, ou nos traz um problema, uma consulta
bíblica. Não temos nem tempo, nem vontade, nem conteúdo.
Sinal dos tempos. Tornou-se banal nivelar tudo por baixo. Professores
na TV ou na escola que não sabem falar corretamente; matemáticos que
não sabem fazer contas; engenheiros que não sabem construir ou calcular;
técnicos que não sabem consertar; médicos que não sabem tratar; advogados
que não conhecem leis e CRENTES QUE NÃO TÊM ESTOQUE DAS COISAS DE
DEUS NO CORAÇÃO.
O que fazer? Voltar à Palavra:
a) Esconder no coração a Palavra, a Bíblia Sagrada, guardando-a na
alma.
b) Meditar nela dia e noite, tendo o cuidado de cumpri-la.
c) Rogar a Deus amor pelos perdidos, munindo-se dos conhecimentos
básicos do plano da salvação do Senhor.
d) Manter linha direta com o Céu, orando em todo o tempo, gastando
também diariamente um tempo especial em comun hão com o Senhor.
e) Estar pronto para servir, para compartilhar, para levar a mensagem
do evangelho.
Eu gostaria de encontrar na minha sorveteria tudo o que procurava.
Também gostaria que o Senhor produzisse em mim todo o estoque de virtudes,
dons, frutos e conhecimento bíblico, para que aqueles que cruzassem
o meu caminho tivessem as suas necessidades espirituais supridas.
Afinal, é para isso que fomos salvos: para sermos semeadores da boa
semente, missionários nos lugares onde Deus nos colocou e arautos
do Evangelho.
Que Deus nos ajude a sermos crentes supridos e supridores.
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil
13
- E A VIDA CONTINUA ... ONDE? (27/02/2013
Ontem estive no Hospital São Camilo, de Vila Pompéia, São Paulo, para
tomar injeções e tratar-me de severa infecção. Fiquei sabendo do falecimento
do ator Luiz Bacelli, primoroso ator televisivo-teatral, um dia antes.
Esse ator transmitia, em suas atuações, grande cultura, brilhante
interpretação, um ar paternal e fez muitos papéis ao longo da carreira,
especializando-se, ao final, em papéis de cunho espírita cardecista.
O último deles foi um requiém de si próprio, E A VIDA CONTINUA, filme
hoje fartamente divulgado pelos cinemas e pelo TELE-CINE. Ele
tratava de um câncer e teve parada cardíaca. A mídia pouco divulgou,
pois talvez, por não ser um ator de projeção midiática maciça não
renderia muitos cliques ou a venda de muitas manchetes. Apenas noticiou
pifiamente o falecimento.
Esse filme, que assisti ontem para fins apologéticos, com qualidade
questionável em seus diálogos um tanto artificiais, com mixagem pobre
e de roteiro às vezes quebrado, conta uma estória revelada pelo espírito
André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Trata-se de um homem e
uma mulher que vão a uma clínica em Itapira para prepararem-se psicologicamente
para a cirurgia de câncer. Ambos esbarram-se na estrada e sentem conhecer-se
há muito tempo. Ela, católica, ele, espírita. No hospital os vínculos
aumentam e ele tenta explicar a ela a teoria cardecista do espiritismo:
o espírito é o carroceiro, o perispírito é o cavalo e o corpo é a
carroça. Quando a carroça quebra o carroceiro monta no cavalo e busca
nova carroça e assim o processo de reencarnação acontece. Ela protesta,
mas a conversa agrada.
Após a cirurgia ambos acordam no hospital em condições boas, mas aos
poucos descobrem-se não na Terra, mas no Novo Lar, uma plataforma
idêntica à Terra, materializada para eles, com pessoas, construções,
hospital, cidade e vida social. Recebem a permissão de visitar seus
familiares na Terra. Para isso vão de "vôo espiritual", um perfeito
avião do além. E no "aeroporto espiritual" terão horário para voltar.
Então a história desvenda-se: o homem descobre-se pai da mulher que
traía essa amiga com o antigo marido; também descobre que ele, o amigo,
é o assassino do pai dessa nova amiga. E ambos descobrem vínculos
familiares profundos, onde cada um fez algum mal profundo para o outro
ou para os seus. E vêem que todos precisam se reconciliar.
Lá na plataforma o orientador diz algumas coisas importantes:
1) Deus deu ao homem um livre-arbítrio total e exige que ele cumpra
essa sua capacidade;
2) Os homens escolhem o seu destino e ao morrerem, se perdidos moralmente,
vão para essa plataforma mas ficam do lado de fora, numa materialização
horrenda de escuridão, trevas, solidão e dificuldades. Os que vão
para o lugar melhor fazem incursões para tentar ajudar os sofredores
e às vezes conseguem resgatar alguma alma penada.
3) Os homens reencarnam para poder evoluir em sua vida moral e em
seu crescimento interior. No caso do filme, o homem que foi morto
reencarna como filho do jovem que o matou; a mulher que gostava do
homem velho assassinado pelo amigo reencarna e será esposa dele na
próxima encarnação. E assim os espíritos ficam concentrados numa mesma
família.
4) As plataformas espirituais concentram pessoas de uma mesma região.
No filme todos eram paulistas. Subentende-se que há plataformas para
nordestinos, para ingleses, africanos, e assim o planeta está repleto
por milhares de mundos intermediários.
5) No final todos poderão gozar de uma evolução moral e espiritual,
mediante sucessivas reencarnações, concentradas em castas de espíritos,
que ora são mães, ora são filhas, ora esposas, ora amantes, e vice-versa
com os homens. Reencarnarão quantas vezes forem necessárias e ao final
subirão aos mundos superiores.
6) A religião ali guarda também as suas castas, mas estão separadas
em plataformas fanáticas até que possam evoluir para um convívio universal.
Portanto, segundo o filme,
1) Não há Jesus no mundo do além, exceto em uma ou outra frase afirmativa,
convidando as almas penadas para vir até Jesus. A soteriologia é inteiramente
baseada no livre-arbítrio e no mérito humano, nas sucessivas reencarnações
voluntárias ou impostas e o homem terá que evoluir sozinho, ainda
que com a ajuda de espíritos já evoluídos que o ajudam lá e cá.
2) Todo mal moral e toda debilidade de caráter terá que ser reparada
por si só e quantas vezes forem necessárias. E todos são filhos de
Deus, independente do que fazem, estando apenas desajustados com os
propósitos criativos, mas que no final alcançarão essa evolução.
3) Pessoas mortas voltam para sugerir na mente de familiares e amigos
coisas que os ajudem a evoluir, e está subentendido que outros mortos
não sobem e ficam amarrados aos locais de sofrimento ou de violência,
e incitam o mal e o crime também. Cabe às pessoas discernirem esses
pensamentos; muitas nem percebem tais sugestões, apenas lembram-se
de seus mortos queridos ou de seus inimigos e associam alguns pensamentos.
4) O mundo do além é um mundo igual a este, porém ecologicamente correto,
iniciado num baita hospital, com departamentos, faculdades, publicação
de livros, tecnologia de filmagem, enfim, uma cópia tecnológica do
hoje.
5) Os ciclos continuam ininterruptamente até que cumpram seus propósitos.
Depois viram espíritos superiores e sobre esses nada se disse.
Custo a acreditar que a TV GLOBO, o TELE-CINE e tantas outras empresas,
não apenas invistam culturalmente nessas produções (como fazem com
os atuais artistas gospel) e mantenham uma fé velada nesses conceitos
trasmitidos por supostos espíritos desencarnados aos grandes médiuns
espíritas.
A minha conclusão sobre o filme e sobre toda essa teologia cardecista
tupiniquim (de origem claramente brasileira):
1) Os homens criam tais teorias e as transmitem com a finalidade de
confortar o tremendo medo do além e jorrar esperança num futuro incerto
após a morte. São teorias fantasiosas ao extremo, que buscam iludir
ou auto-iludir os seus seguidores, transformando a morte em um remédio
necessário e bem-vindo.
2) Os homens desconhecem qualquer ação redentora de Jesus Cristo.
Não há espaço para o PERDÃO COMPLETO, PLENO, IRREVERSÍVEL, conseguido
na cruz pelo sacrifício de Jesus. O papel de Cristo foi o de transmissor
de ensinamentos, não o de pagador dos pecados da humanidade. Não há
como substituir o que cada um terá que pagar, não há como impedir
uma evolução natural e pessoal de alguém.
3) Não há inferno definitivo. O que há é um estado temporário de acidez
de caráter, de alma turbada e violenta, mas que ao longo do tempo
evoluirá para uma alma boa. Nessa teologia o túmulo não é o fim e
aos homens está ordenado morrerem várias e várias vezes, vindo depois
disso a avaliação do que fez e a graduação do espírito. O inferno
é uma projeção do mal pessoal, mas que será transformado.
4) Esta é uma construção tão fantasiosa, tão imaginativa, uma fábula
tão bem engendrada que necessita de gente muito crente e muito crédula
para segui-la. Mas conta com a força do inimigo do homem, Satanás,
para a divulgação maciça e tecnológica, e faz adeptos nas mais variadas
classes sociais, principalmente entre os mais cultos e mais ricos.
Já os pobres mantém-se com fé similar, mas nas baixas doutrinas espíritas,
as chamadas afro-brasileiras. Todas, contudo, excluem Cristo como
Redentor, excluem um Céu como dádiva aos perdoados e salvos e mantém
o homem escravo de um ciclo imenso de morte/readaptação/renascimento/morte/readaptação/renascimento.
Um sistema que escraviza a alma a um "ecossistema espiritual" do tipo
evaporação da água/formação de nuvens/chuva/penetração na terra/nascimento
nas fontes/evaporação etc.
5) Essa fé e essa teologia não são nem reais e nem cristãs. Não são
reais pois partem do material para o espiritual, sendo uma mera projeção
social da mente dos intelectuais, criando um "admirável mundo novo"
igual ao nosso, tão humano como foram humanas as mentes que o imaginaram.
Uma fantasia linda e monstruosa, mas apenas uma fantasia. Não é real.
Cada médium e cada espírito ensina um pouco diferente, explica o mundo
além com uma vertente e então é necessária uma ginástica teológica
para que os adeptos tenham uma parca idéia geral do que realmente
os aguarda. Não é cristã porque Cristo não ocupa lugar algum nela.
Ele é substituível. Ele é dispensável. Ele já passou. Ele é só um
ícone, sem função alguma senão a de um grande espírito evoluído.
6) A Bíblia não tem papel algum nessa teologia. Não há valorização
alguma dos fundamentos religiosos judaicos e cristãos. São equiparados
a preconceitos de almas não evoluídas. O que conta são as revelações
dos espíritos evoluídos, os "anjos", supostos homens que já não estão
mais na plataforma, mas nas regiões superiores. Isso nos dirige
às seguintes conclusões:
a) A negação das Escrituras Bíblicas é o sintoma de sua falsidade.
"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra,
é porque não há luz neles." (Is 8:20)
b) Suas revelações mediúnicas por "anjos" estão previstas e condenadas
na Bíblia: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie
outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema."
(Gl 1:8); "Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo
digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes,
seja anátema." (Gl 1:9)
c) Não há relação de compartilhamento ou de incursões nos mundos separados
dos iluminados e dos escurecidos: "E, além disso, está posto um grande
abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui
para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá." (Lc
16:26)
d) Não há transferências de estado e há punição eterna, para sempre,
sem trégua ou perdão, não porque Deus não ame os punidos, mas porque
não houve posse de arrependimento ou fé: "Ficarão de fora os cães
e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras,
e qualquer que ama e comete a mentira." (Ap 22:15); "E a fumaça do
seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia
nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber
o sinal do seu nome." (Ap 14:11)
e) Não há segundo nascimento para uma segunda morte: "E, como aos
homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,"
(Hb 9:27). Quando Cristo fala sobre "novo nascimento" recebe de Nicodemos
a pergunta: "como pode um homem nascer sendo velho? Voltará ao ventre
de sua mãe?" Seria um bom momento para Jesus dizer: "sim, quantas
vezes forem necessárias". No entanto Cristo desvincula esse novo nascimento
da maternidade natural, ao dizer: "O que é nascido da carne é carne,
e o que é nascido do Espírito é espírito." (Jo 3:6).
f) O papel de Cristo não foi meramente pedagógico, não nasceu Ele
para ser apenas um profeta. Ele nasceu para ser CRISTO, ou UNGIDO,
ou MESSIAS, ou ENVIADO E PROMETIDO, rei e Salvador: "E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." (Mt 16:16);
"Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou." (Jo
13:13); Ele é o próprio Deus encarnado: "Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se
chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz." (Is 9:6)
g) Há perdão integral, imediato e completo para quem crê no Senhor
Jesus Cristo, sem ter a necessidade de passar por reparações ou vidas
que consertem os estragos anteriores. O ladrão na cruz, arrependido,
exclama: "Lembra-te de mim quando vieres no Teu Reino"; ao que Cristo
responde enfaticamente: "E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no Paraíso." (Lc 23:43). Paulo afirma inspirado
pelo Espírito Santo: "A este dão testemunho todos os profetas, de
que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu
nome." (At 10:43)
h) Não há outro caminho para a evolução final, pois a única evolução
que existe para a alma humana encontra-se em sua regeneração em Cristo,
quando somos feitos participantes da natureza divina. Fora de Cristo
não há salvação: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo
do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos
ser salvos." (At 4:12)
Minhas ponderações não exaustivas e completas, pois poderia citar
centenas de outras argumentações que me fazem rejeitar o ensino de
E A VIDA CONTINUA, ensino credenciado pela Federação Espírita Brasileira
e apoiado pelas organizações GLOBO e por meio mundo de brasileiros.
A minha fé em Cristo condiciona a minha fé em qualquer outra coisa.
O meu parâmetro de julgamento não é o que eu acho, o que eu sinto,
o que eu penso, o que eu imagino, o que o médium disse, mas o que
Deus diz em Sua única e exclusiva revelação escrita, a Bíblia Sagrada,
que é lâmpada para os meus pés, luz para os meus caminhos, que não
pode ser cortada ou dissecada como uma rã em laboratório, aproveitando
os pedaços que são favoráveis às minhas fantasias, mas ser crida,
vivida e aceita integralmente, interpretada à luz de Cristo e de Sua
obra.
Sim. A vida continua.
Mas não do jeito que Luiz Bacelli a interpretou e talvez, infelizmente,
do jeito que imaginou em sua hora da morte na última segunda-feira.
A vida continua, ou no Céu para os remidos em Cristo, ou no Inferno,
para os que o rejeitam.
Analisei com todo o respeito aos que crêem diferentemente. Ter opinião
não é ofender pessoas mas debater e demonstrar idéias e construir
reflexões. E as minhas continuarão fundamentadas nas Escrituras Sagradas
e não nas vozes mediúnicas dos cardecistas.
São Paulo, Brasil, 27 de fevereiro de 2013
Wagner Antonio de Araújo
III. )
Divagações da Madrugada |
01. ) OUÇA E PREPARE-SE
Não são raras as vezes em que Deus nos avisa sobre provas, dificuldades,
desafios e turbulências que enfrentaremos. Ele nos fala de diversas
maneiras, usa diversas ferramentas e jamais nos abandona.
Ocorre que quase sempre ignoramos a Sua preciosa voz. Solenemente
conseguimos enganar-nos a nós mesmos e não prestamos atenção aos detalhes
do caminho, às pequenas pistas que o Senhor, por amor, nos dá para
que nos preparemos melhor para as crises.
Eu, como pregador, já preguei para mim mesmo sem saber. Preparei-me
para levar a Palavra de Deus e, sem que eu percebesse, preguei uma
mensagem absolutamente diferente daquela idealizada. Os resultados
diante do auditório tornaram-se evidentes, mas não tanto para mim.
Só fui perceber o quanto EU MESMO precisava daquela palavra dias depois!
Esta experiência repete-se de tempos em tempos e creio ser o mesmo
com outros pregadores.
Deus nos prepara. Deus nos avisa. Deus nos conduz à Sua vontade. Cabe-nos
discernir a Sua voz das vozes alheias. Não foi assim com Samuel? Deus
o chamava, mas ele pensava ser o sacerdote Eli. Quando aprendeu a
ouvir a voz do Senhor, então pôde compreender e preparar-se para o
trabalho. Não foi assim com José, o maravilhoso pai de Jesus? Atordoado
pelos acontecimentos da gravidez de sua noiva e posteriormente pelos
acontecimentos miraculosos ligados ao nascimento de Jesus, teve sonhos
especiais, e nesses Deus lhe deu toda a orientação necessária. Não
foi assim com Pedro na visão do grande lençol com animais, ou com
Paulo ao ouvir o Senhor lhe dizer que não naufragaria com a embarcação,
ou com Abraão ao ouvir diversas vezes a voz do Pai? Não foi assim
que Felipe foi arrebatado para evangelizar um etíope ou que Ágabo
descobriu que viria grande fome sobre o mundo de então?
Deus nos fala! O fez de muitas maneiras aos pais, pelos profetas,
e nos últimos dias nos falou por Jesus Cristo, o Filho! Também nos
fala através da Palavra pregada, cantada, meditada, lembrada. Dizia
o salmista que guardaria no coração a Palavra para não pecar contra
Deus, e que ela, a Palavra, ser-lhe-ia lâmpada para os pés e luz para
o caminho!
Deus usa as circunstâncias também: os missionários apostólicos tentavam
ir para um lado, mas as circunstâncias mostravam que Deus não aprovava.
Eliezer descobriu quem era a esposa para Isaque por causa das circunstâncias
em que conheceu Rebeca. Davi iria justiçar seus homens pela maldade
de Nabal, quando Abigail, esposa daquele, interveio com uma palavra
sábia e iluminada. E Josias, o rei fiel, encontrou o caminho para
a restauração espiritual da nação através do Livro da Lei encontrado
no Templo!
Precisamos aprender a ouvir a voz de Deus. Então, nos nossos ouvidos,
conseguiremos detectar a autêntica voz do Bom Pastor e segui-Lo sempre.
A voz de Deus é clara, não traz confusão e não é como uma trombeta
a dar sonido incerto; ela é única e absolutamente revelada nas Escrituras
Sagradas. Aplicá-la para a hora e o momento certo é o que o Espírito
Santo faz, mas precisamos de sensibilidade, atenção, consagração,
submissão. A Voz nos fala, mas somente para "quem tem ouvidos para
ouvir".
Peçamos a Deus ouvidos atentos, corações quebrantados e almas submissas.
Assim estaremos sempre um passo à frente dos acontecimentos e nada,
absolutamente nada, nos pegará de surpresa. O Senhor nos preparará
para tudo!
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
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