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Pr.Wagner : Páginas Especiais

I). IGREJAS SADIAS
II). Falando Francamente (27/02/2013)
III. ) Divagações da Madrugada (18/12/2012)
IV. ) Lembranças Literárias ver : www.uniaonet.com/bnovasmemoriasliterarias.htm


01- IGREJAS SADIAS
PREGAM A SALVAÇÃO

"E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12)
 
Igrejas sadias pregam a salvação. Não uma salvação qualquer (existencial, cultural, motivacional, emocional). A mensagem bíblica é que Cristo veio ao mundo "salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (cf. I Tm 1.15).
 
Assim, nos púlpitos e nas salas de aula das igrejas sadias os assistentes são confrontados com a dura realidade bíblica: todos somos pecadores. “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;”(Rm 3:23).
 
Igrejas sadias não criam máscaras para entreter os pecadores, apresentando-lhes apenas uma alternativa melhor para viver. Igrejas sadias mostram com clareza que os homens, por si só, estão condenados à morte eterna e ao Lago de Fogo e Enxofre. “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”(Rm 6:23); “mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.”(Ap 21:8).
 
Igrejas sadias apresentam o plano de salvação idealizado pelo próprio Deus para tirar do homem o seu pecado original e transformá-lo em nova criatura, em um filho adotivo, em um cristão autêntico. Tais igrejas crêem que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Messias, o ungido, o enviado do Pai para reconciliar consigo o mundo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.”(2Co 5:19); “nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.”(1Jo 4:10)
 
Igrejas sadias levam os pecadores a crerem em Jesus, não mediante teatros emocionais e envolvimentos sorrateiros com atividades secundárias, mas através do confronto com a Palavra, com a decisão, com a conversão: “os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,”(Dt 30:19).;“quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”(1Jo 5:12). "De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." (Rm 10:17).
 
Igrejas sadias não convertem as pessoas, mas pregam a Palavra de Deus, usada pelo Espírito Santo no convencimento e na conversão: (cf. João 16.8). Porém, no que compete ao seu testemunho, tudo fazem para levar os pecadores a mudar de vida: “Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5:20)
 
Igrejas que usam seus púlpitos para propagar outros mediadores que não Jesus, que gastam o tempo inteiro em ensinar regras sociais ou leis mentais para o sucesso e para a felicidade não são sadias. São igrejas enfermas, que podem estar doentes, ou já serem apóstatas, heréticas e pecaminosas.
 
A missão dada por Cristo à Igreja foi para que ela propagasse a Sua salvação, apresentando-o como o enviado pelo Pai para a salvação dos pecadores. Igrejas que não pregam o evangelho puro e simples, o evangelho da cruz, negaram a fé e estão debaixo da condenação do Senhor: “Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.” (Ap 2:16)
 
Que as nossas igrejas propaguem a salvação em Cristo. “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Ts 5:9).
15/09/2012
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Wagner Antonio de Araújo



02 - IGREJAS SADIAS
PREGAM A PALAVRA

"Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." (2Tm 4:2)
 
Igrejas sadias pregam a Bíblia, a Palavra de Deus, chamada também de Escrituras Sagradas. Elas amam esse livro e o dão ao povo, facilitando ao máximo o aprendizado e o manuseio dele.
 
Elas não questionam a Bíblia, fazendo o papel do “advogado do Diabo”: “É assim que Deus disse?” Elas não usam o púlpito para pulverizar a fé dos seus membros ou lançar dúvidas no “Assim diz o Senhor”. Para as igrejas sadias a Bíblia é inerrante, é verdadeira, é de fato a Revelação de Deus para o ser humano.
 
Igrejas sadias não fazem “re-leituras da bíblia”, um modismo maldito, criado pelos teólogos incrédulos, pelos sociólogos oportunistas, buscando adaptar a Bíblia à contemporaneidade dos costumes e das opiniões politicamente corretas. Elas não vivem à caça de novas versões ou traduções contemporâneas; elas já possuem boas traduções.
 
Igrejas sadias não selecionam textos exclusivos para a pregação, omitindo os demais. Elas apresentam TODA a Palavra de Deus. Elas pregam e ensinam a Bíblia toda, de Gênesis a Apocalipse, todos os 66 livros do Cânon. Seus pregadores ensinam os rudimentos da fé e também lições de maturidade. Eles pregam expositivamente, pregam textualmente, pregam por tópicos, pregam sermões biográficos, pregam sermões épicos, pregam toda a Bíblia. Os seus professores ensinam os crentes sobre a arte da autêntica interpretação bíblica, analisando texto, contexto imediato, contexto do livro e contexto bíblico. Eles não omitem informações, eles mostram tudo o que é possível. Eles buscam apresentar todo o conselho de Deus. "Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. "(At 20:27);
 
As igrejas sadias crêem que as Escrituras Sagradas são suficientes para a fé. Elas não precisam fundamentar a sua teologia em correntes de teólogos, em escolas de interpretação, em comentaristas afamados, em regras criadas por um conselho ou readaptações particulares. Elas alicerçam sua prédica no que está revelado na Bíblia e é isto que compartilham domingo após domingo, semana após semana, tanto nos púlpitos quanto nos lares e classes. "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;" (2Tm 3:16); "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação." (2Pe 1:20)
 
As igrejas sadias ensinam crentes a localizar na Bíblia todos os 66 livros, encaixando-os em suas classes literárias específicas (Lei, profetas, poesias, história, cartas, evangelhos etc). Elas promovem eventos para memorização de nomes, de versículos-chaves em assuntos de defesa da fé, de evangelização e de edificação, auxiliando os crentes a usar com fluência e facilidade a sua Bíblia. "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (2Tm 2:15).
 
Igrejas sadias não consideram concursos bíblicos e testes de conhecimentos bíblicos coisas retrógradas; pelo contrário, fazem isso com freqüência, pois buscam firmar os seus membros na rocha da revelação. "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;" (Ef 2:20)
 
Igrejas sadias não gastam o tempo do culto em atividades de lazer ou entretenimento de pecadores. Pelo contrário, o foco do culto é a pregação da Palavra, pois "a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Cristo", conforme Romanos 10.17. Nessas igrejas o púlpito está no centro e não encostado, como objeto que incomoda, como supérfluo, como coisa de pouco uso, apenas importante no interregno de outras coisas. "Ide por todo o mundo e PREGAI" (cf. Marcos 16.15)
 
Igrejas que substituem a Bíblia por filosofia, auto-ajuda, política ou notícias de jornal em seus púlpitos não são igrejas sadias. Igrejas que usam suas classes para propagar estruturas de crescimento, projetos meramente estruturais de administração, auto-ajuda e psicologia, política e filantropia, não são igrejas sadias. Igrejas que vivem às custas de pregar milagres e maravilhas, pregar prosperidade e sucesso empresarial, pregar egolatria disfarçada de bênção divina não são boas igrejas. Elas são doentes, servindo à comunidade pão fresco feito de joio, que não dá vida, mas que mata. São igrejas que trocam “todo o conselho de Deus” pelas temporaneidades fúteis. "Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus." (Jo 12:43)
 
Que Deus nos ajude a termos igrejas sadias que pregam a Palavra! "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;" (2Tm 4:3); "Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas.E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade." (Lc 13:26-27)
 
16/09/2012
 



II). Falando Francamente
03 - RACISMO URBANO - 13/05/2005
04 -
AINDA SOU DO TEMPO - 11/10/2006
07 - RESPEITO (10/05/07)
08 - Só 200
? - 17/07/2007
09 - BATISTAS "PAZ E AMOR" - 25/08/2012
10 - O QUE SE ESPERA DE UM PASTOR - 10/11/2012
11 - REFLEXÕES SOBRE O ATUAL LIBERALISMO ... 23/11/2012
12 - Tempos difíceis, tempo de figueiras sem fruto! ( 18/12/2012
13 - E A VIDA CONTINUA ... ONDE? (27/02/2013

 

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03 - RACISMO URBANO  
 
Hoje é 13 de maio de 2005, um dia especial na História do Brasil. A Lei Áurea foi assinada neste dia, mas em 1888.
 
 
Eu nunca tive problemas com racismo. Graças a Deus os meus pais sempre respeitaram as pessoas não pela cor que tinham, mas pelo que eram e pelo caráter de cada uma. Eu sou branco, mas tinha amiguinhos amarelos e negros. No bairro onde cresci, não vi ou vivi grandes conflitos raciais. Fui pastor de uma igreja onde 80% de seus membros eram negros ou mestiços. Eu era a minoria ali, e ambos nos respeitávamos totalmente. Tenho saudades de lá!
 
Os conflitos raciais eu os vivencio hoje, aqui, no século XXI, e não se trata de brancos e negros, índios ou asiáticos. É um tipo de racismo que não leva em consideração a cor da pele, mas o bairro onde se mora, o tamanho da conta corrente que se tem ou o carro com o qual se locomove. Um racismo que classifica as pessoas pela fama, ou pela piscina que tem em casa, ou pelo sítio que mantém no campo, ou pela casa de praia, ou pela viagem à Disney no final do ano.
 
São Paulo é uma megalópole. Aqui há de tudo, tanto de bom, quanto de mau. Mas há coisas tão tristes, tão evidentes! A zona sul possui escolas caríssimas, onde apenas filhos dos ricos estudam. Eles são criados considerando-se superiores aos garotos do outro lado da rua. A Marginal Pinheiros possui, em alguns trechos, o retrato evidente do racismo: de um lado, edifícios que nada deixam a dever aos arranha-céus de New York. Mas, do outro lado, favelas “urbanizadas” mostram a cara de uma outra realidade. Não se trata de uma realidade da cor da pele, mas da cor das notas na carteira. As escolas são separadas, os hospitais são separados, a condução é separada, o supermercado é separado... e até a igreja é separada!
  
Infelizmente, há igrejas que se tornam guetos. Há igrejas de periferia que olham feio para qualquer visitante que insinue não ser do bairro. Igrejas pobres e racistas - contra os ricos ou que moram em lugares melhores! Já vi visitantes apanharem dos jovens e adolescentes, simplesmente porque não faziam parte da vizinhança... E há igrejas ricas, tão luxuosas, que o coitado do visitante passa a cheirar a própria roupa, ou verificar se seus dentes estão sujos, porque, de repente, todos ficaram olhando feio para ele. Crianças pobres que simplesmente não podem comprar os uniformes da turma, as múltiplas camisetas, ou pagar pelo lazer caro que é mantido. Então, envergonhadas, elas vão embora. Muitas, para nunca mais voltar, e nem freqüentar igreja alguma.
 
Certa feita, recebi uma senhora em nossa igreja. Sua história foi um monumento ao racismo financeiro: “Eu fui à igreja tal, e ali só se entra pela garagem. Mas consegui subir por uma escada. Daí dois seguranças me perguntaram aonde estava o meu carro, e eu disse que não tinha carro, mas tinha vindo de ônibus, e caminhado um bom pedaço à pé. Então eles me deram o endereço daqui, dizendo que aquela igreja não era adequada a mim, e que eu deveria procurar uma igreja para pobres. Posso entrar?”
  
Infelizmente somos tratados não pelo que somos, mas pelo que temos. Dê uma olhadela na TV e veja: não importa que você não tenha educação, não tenha conteúdo, não saiba nem falar. Se você tiver fama, dinheiro, poder, se souber rebolar, jogar futebol, se tirar a roupa num “reality show”, se for militante sexual, ou valer-se da onda política e subir no trio elétrico de algum sindicato em época de eleições, você irá ganhar fama, dinheiro, poder e fará parte do restrito grupo das celebridades. Entenda-se “celebridade” não como elogio aos que são bons ou capacitados, mas aos que têm dinheiro (ainda que haja, graças a Deus, celebridades que valem a fama).
 
Sociedade hipócrita, que privilegia uns, em detrimento de outros! Sociedade racista, que mantém o povo amordaçado, dando um pente, um alfinete ou um vale-milho-verde como presente, para fechar sua boca, em época de eleições, e, no restante do tempo, permite que as enchentes levem todo o pouco que conseguiram juntar na história de suas vidas! Ai das igrejas hipócritas, que pregam um Deus que ama a todos, mas desde que possam pagar para manter o status de pertencer a essa “digníssima grei”! Ou periferia hipócrita, que, sob o pretexto de ser pobre, hostiliza qualquer pessoa diferente, classificando-as pela marca do tênis ou pela marca do carro!
  
Troquemos o racismo pelo “acolhismo”! Jesus a todos acolhia, curava e ensinava. Vamos fazer o mesmo, e teremos gratas surpresas no futuro. Afinal, o que distingüe o cristianismo das demais religiões, é o amor que devemos ter até pelos nossos inimigos. Quanto mais por aqueles que não fazem parte da mesma "raça financeira" à qual pertencemos!
  
É o que escrevo francamente…
  
13 de maio de 2005
 Wagner Antonio de Araújo
 
Obrigado, Sandr@, de Brasília, pela tag (cabeçalho), que gentilmente me preparou.
Esta série visa discutir com franqueza vários aspectos sociais e religiosos, à luz da interpretação particular do autor, dentro dos valores cristãos que abraça. Está sendo preparada e armazenada, para publicação em tempo oportuno. A de hoje é uma exceção.

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FALANDO FRANCAMENTE - 04
 
AINDA SOU DO TEMPO
 
Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.


Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetiza semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.
 
E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!
 
Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornò, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomencalatura religiosa.
 
Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)
 
Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
 
Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e avida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
 
Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!
 
Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.
 
Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?
 
É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteje, não me deixa ser assim!"
 
Que Deus tenha piedade de nós.
11 de outubro de 2006
Wagner Antonio de Araújo

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FALANDO FRANCAMENTE - 07 - RESPEITO (10/05/07)
 
Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. (Mt 7:12)
 
Aprendi desde pequeno que devemos respeitar as outras pessoas, independentemente de sua idade, cor, patamar social ou religião. E acreditei piamente que quando respeitamos, nos tornamos também dignos de respeito. Não tenho me decepcionado quanto a isto, ao longo dos anos, exceto quando o relacionamento é com algum ímpio. Então entra em cena um outro princípio: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;" (Mt 6:12)
 
Tenho procurado pautar minha vida nesse pilar. Afinal, quem não gosta de ser respeitado? Que não gosta de ser compreendido, percebido, acolhido, levado em consideração?
 
Na evangelização também devo respeitar o meu próximo. Aliás, devo respeitar a fé do meu próximo. Respeitar não é concordar ou celebrar junto. Os católicos romanos, por serem em maior número, antiguidade nacional e presença social, são nossos mais próximos a quem evangelizamos. Gostamos de receber da parte deles o respeito à nossa fé, às nossas comemorações, eventos, e apreciamos que participem de nossos cultos e conferências. Ficamos tristes quando algum deles zomba de nós, nos ridiculariza, nos expõe à humilhação pública. Contudo, deveríamos fazer também um”mea-culpa”, e avaliar o nosso grau de respeito à fé que eles têm.
 
Digo isso porque recebo toneladas de mensagens zombeteiras, não deles contra nós, mas nossas contra a fé que postulam, principalmente nesta época, onde celebram a presença de seu pastor ao país.
 
Evangelizar não é zombar das práticas e crendices alheias. Podemos não concordar com elas, mas não temos a autoridade ou liberdade para debochar da religião e religiosidade dos outros. Crer em Deus, em Cristo, na bíblia e no modo evangélico de ser, não é rir das rezas, desfazer das promessas, amaldiçoar as práticas ou humilhar a religião do outro. Não raras vezes, as reações são de igual ou maior monta, e acabamos por sair feridos do embate, com convicção de mártir, mas sendo, na realidade, mal educados. Não precisávamos agir como agimos!
 
Quem não ouve não faz jus a ser ouvido. Quem não respeita, não faz jus a ser respeitado. Quem não consegue separar a fé do outro e a pessoa do outro, é tão mau quanto um racista, um preconceituoso, um totalitário ou um ímpio. Não fomos chamados a ferir o coração de ninguém, mas a persuadir pelo amor. Aliás, é o amor que constrói pontes, e essas pontes servirão de comunicação entre ambos.
 
Quem tem convicção do que crê não corre riscos de perverter a sua fé por ser educado. Afinal, ou cremos ou não cremos. E, se nossa fé não estiver decentemente alicerçada no respeito mútuo, não é fé cristã. Jesus Cristo nunca humilhou quem com ele não concordava. Pelo contrário, perdoou-os. E, por força desse perdão, conquistou muitos soldados que nele não criam. Não foi à toa que o cristianismo, em um século de existência, ameaçou o Império Romano, e em três dominou-o, mesmo que nominalmente. Assim também, quando somos educados, respeitadores, compreensivos, somos também respeitados, compreendidos e aceitos, e nossa mensagem pode ser ouvida e relevada. Os canais de comunicação ficam abertos. E, se cremos realmente na relevância de nossa mensagem e da nossa interpretação evangélica, não tenhamos dúvida: ela fará eco nos corações que interagirem conosco.
 
Foi isso o que Jesus quis dizer quando falou: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5:16)
 
Não precisamos rezar na mesma cartilha, mas podemos respeitosamente deixar que os outros rezem. Porque, quando formos cantar, pregar, anunciar a salvação e a soteriologia reformada, também teremos ouvidos respeitosos, atentos e que darão relevância às argumentações. E criaremos um clima de cavalheirismo e respeito. Afinal, em nome de Jesus Cristo não somos autorizados a cuspir, a perseguir, a mentir, a zombar, a matar, a erguer muralhas ou confinar em guetos. Quem zomba da fé alheia é tão mau quanto um inquisidor da Idade Média; apenas não possui as mesmas armas.
 
Vivamos o autêntico evangelho, demonstremos o porquê cremos, agimos e pensamos assim. Abracemos as verdades inquestionáveis das Escrituras. Tenhamos absoluta fidelidade às tradições apostólicas do Novo Testamento. Não abramos nossos portais à mistura e ao sincretismo religioso, ao ecumenismo desprovido de princípios. Mas não façamos que posições de convicção, religião e filosofia nos tornem malcriados, zombadores e cruéis. Não tornemos nossa “verdade que liberta” em “desculpa esfarrapada” na crueldade e no desrespeito ao próximo. Lembremo-nos que, para termos ouvidos atentos, precisaremos também saber ouvir. E respeitar.
 
Que assim seja.
 
Wagner Antonio de Araújo


FALANDO FRANCAMENTE - 8 -(17/07/07)
SÓ 200?

- crônica de uma tragédia -
 
  . .
 
 
 
Minha cidade chora. Chora copiosa e tristemente. As águas que sobre ela caem, com nuvens que custam ir embora, simbolizam o que cada paulistano sente, ao saborear novamente o fel amargo da tragédia. São Paulo chora. E geme...
 
Tragédia avisada, denunciada, antecipada, temida, tragédia  sem importância aos imperadores deste país caótico e hipócrita, que embeleza os saguões e salas 'vip' dos aeroportos, e não se importa com com os sistemas de controle aéreo, que funcionam mal, tanto quanto os dos países mais pobres do planeta, aeroporto de  pistas alagadas, esburacadas e esfarrapadas, com obras entregues às metades, promovendo políticos promíscuos, bêbados de poder a qualquer custo!
 
Chora a cidade e choram mais de 200 famílias. Algo em torno de 200 pessoas morreram ontem. Um avião lotado, vindo de Porto Alegre, ao pousar em Congonhas, aeroporto de São Paulo, não conseguiu aderência à pista, escorregando por centenas de metros, e, ao que parece, numa última tentativa de evitar o mal anunciado, tentou subir novamente, vindo cair em cima da própria empresa que o administrava.
 
Meu Deus! Quantas vezes ouvimos dizer que a situação precária deste aeroporto prenunciava outro acidente de grandes proporções? Quantas vezes uma simples chuva interrompia pousos e decolagens, numa era moderna como a nossa, demonstrando estar o país regredido à era dos aviões de papel? Quantas denúncias recebia? Um dia antes outro vôo, da PANTANAL,  fez o mesmo caminho da morte, porém, dadas as condições, com poucos estragos. Mas deixaram como estava, não houve providência alguma, e agora eis aí, 200 mortos!
 
Não! Eu disse 200? De jeito nenhum. MUITO MAIS!
 
Há também 200 famílias que morrem. Pais que não chegarão mais em suas casas, filhos que não completarão seus estudos, mulheres que não realizarão seus sonhos profissionais e existenciais, funcionários que não galgarão mais seus degraus de progresso, cidades que não contarão mais com seus professores, médicos, bombeiros, homens do povo, mulheres que não educarão mais os seus filhos! Quantas famílias não terão mais a renda de seus familiares! Indenização? Sejamos honestos: alguns NUNCA as receberão, assim como famílias do acidente de 1996 não receberam e nunca receberão! Porque, para a empresa, o que vale é a vitória na justiça e o lucro no bolso, e que se danem os acidentados! Lei do capitalismo selvagem, onde canta de galo quem paga um advogado melhor...
 
E o que dizer das 200 histórias interrompidas? Quantos sonhos queimaram nas labaredas da Avenida Washington Luiz? Custou dominar as chamas, mais de sete horas de trabalho. Na verdade, a fumaça escura, cinzenta e mal-cheirosa era um protesto das duzentas vidas que não completaram seus sonhos: a formatura, o casamento, o nascimento ou a concepção do filho, a visita ao familiar, as férias de julho, a volta para casa, o regresso ao trabalho, a aposentadoria tão esperada! Lá se foram as histórias e os seus protagonistas, transformados em fumaça preta e fedor de carne queimante!
 
E o que falar das 200 agonias? Deus, o que passou pela cabeça do piloto, ao escorregar e arremeter novamente, vindo a cair? E os passageiros, já quase desafivelando seus cintos de segurança, ligando celulares, com pressa para desembarcar? De repente o avião sobe novamente, faz uma curva medonha e cai sobre um prédio! Ouço o grito das mães desesperadas, escuto o choro das crianças assustadas, vejo pessoas desesperados em chamas pelos corredores vermelhos de tanto fogo, nas labaredas da grande explosão de combustível; observo aqueles dois religiosos rezando e outro crente orando, buscando ou um milagre ou pedindo uma morte indolor, azul de medo, vermelho de dor!
 
E agora, INFRAERO? E agora, Governo Federal? E agora, TAM? E agora, responsável por Congonhas? E AGORA, BRASIL???
 
Enquanto me lembro do tempo de criança, quando cantávamos ESTE É UM PAÍS QUE VAI PRA FRENTE, agora lamento muito e transformo a frase em ESTE É UM PAÍS QUE CAI PRA FRENTE... Deus do Céu, mais um acidente aéreo!
 
Mas não é só São Paulo que lamenta. O Brasil lamenta. A América Latina lamenta. O mundo lamenta. Afinal, cada país tem seu histórico de tragédias aéreas, e sabe o quanto custa e que muitas são realmente fatalidades. Porém, nós, que somos brasileiros, podemos numa auto-crítica e numa lavagem de roupas em casa, dizer: CHEGA, BRASIL! Qual vôo será o próximo? Os que eu tomar? Os do meu irmão e seus funcionários viajores? Os do meu próximo? Ou outro de desconhecidos pessoais? Não há desconhecidos, pois todos somos interdependentes, e a dor das famílias que agora sofrem no hotel, com a notícia fatídica, é também a dor de todos nós, pais, mães, cunhados, irmãos, genros, sogras, tios, pastores, padres, vizinhos, colegas, amigos!
 
Eu, como cristão, crendo completamente no futuro, mas no futuro de uma Nova Terra, e na tragédia aumentante nesta, com o cumprimento de tudo o que Cristo disse que iria acontecer, só posso vislumbrar o crescente tumulto como um aviso: CRISTO ESTÁ VOLTANDO! É hora de preparar-nos,  pois ele pode vir a qualquer tempo e em qualquer circunstância, sob a égide de qualquer governo, em qualquer lugar. Hoje morreram passageiros e tripulantes, mas também funcionários de um prédio e transeúntes que nada tinham a ver com isso. Estaremos nós preparados para o encontro? Estaremos prontos para morrer?
 
Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor. (Jr 22:29)
Prepara-te para te encontrares com o teu Deus. (Am 4:12)
Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lc 12:20)
Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. (Mt 6:20)
 
Parafraseando Getúlio Vargas, são 200 pessoas que deixam a vida para entrar na História. Trágica história de um acidente previsto, anunciado e tetricamente aguardado. Mais uma efeméride maldita para este país que chora!
 
Que seja o último desse tipo, pois, em pleno século XXI, não é aceitável ter uma aviação regressiva e de botar medo no mais corajoso piloto, que reclama à torre o trabalho aflitivo de pousar a aeronave numa pista molhada. Que seja o último numa era de tecnologia, que não foi capaz de sinalizar suficientemente que o aeroporto tinha que estar fechado, ou com um comando covarde, político e hipócrita, que, amedrontado pelas hostes políticas, deixou de tomar as decisões certas na hora certa.
 
Como se diz, 'só no dia em que se cortar da própria carne do governo'. Bem, com lamento, mas com realismo, agora há um deputado falecido com o grupo. Creio que a inércia chegará ao fim. Ajam, por favor!
 
Que Deus tenha misericórdia de nós.
 
Vem, Senhor Jesus, e abençoa este país!
 
falando por mim mesmo,
Wagner Antonio de Araújo
pastor batista (CBB)
radialista/escritor/conferencista internacional.
(5511) 9699-8633
 
obs: reenvio autorizado.
 
  . .
 
 
Adendo
Em memória
dos que morreram -
 
Informe da TAM
A TAM divulgou agora à 1h25 desta quarta-feira a lista completa das 162 pessoas mortas no acidente com o Airbus A-320.

Veja abaixo a nota oficial da TAM:

A TAM expressa os mais profundos sentimentos aos familiares e amigos dos passageiros que estavam no vôo número JJ 3054.

Lamentamos confirmar os nomes dos passageiros que estavam a bordo do vôo:

Adelaide Moura
Akio Iwasaki
Alanis Andrade
Alejandro Camozzi
Alexandre Goes
Ana Carolina Cunha
Anderson Cassel
Andre Dona
Andrea Seiczkowski
Andrei Melo
Angela Haensel
Antonio Carlos Araujo De Souza
Arnaldo Batista Ramos
Arthur Queiroz
Atilio Sassa Bilibio
Bruna De Villi Chaccur
Bruno Ferraz
Bruno Nascimento
Caio Augusto Bueno Dal Prata
Caio Felipe Cunha
Carla Fioratti
Carlos Alberto Andriotti
Carlos Rockemback
Carlos Zanotto
Carmen Luisa Victoria Fonseca
Cassio Vieira Servulo Da Cunha
Catilene Oliveira
Christine Souza
Ciro Numada
Claudemir Arriero
Clove Mendonça Junior
Decio Tevola
Demetrio Travessa
Denilson Lopes Costa
Deolinda Magaly Victor Fonseca
Douglas Teixeira
Edmundo Smith
Eduardo Mancia
Elcita Ramos
Elenilze Ferraz
Eliane Dornelles
Elida Dembinski
Emerson Freitag
Enrico Shiohara
Esio Freitas
Fabiana Amaral
Fabiane Ruzante
Fabiano Rosito Matos
Fabio Balsells
Fabio Marques
Fabio Velloza
Fatima Santiago
Felipe Fratezi
Fernando Antonio Laro Oliveira
Fernando Marques
Fernando Pessoa
Gabriel Correia Pedrosa
Gilmar Tenorio Rocha
Gottfried Tagloehner
Guilherme Moraes
Guilherme Pereira
Gustavo Martins
Heloiza Helena Lopes
Heurico Tomita
Ines Maria Kleinowski
Ivalino Bonato
Ivanaldo Cunha
Jamille Leao
Janus Silva
Jaqueline Dias
Joao Brito
Joao Caltabiano
Joao Valmir
Jose A Flores Amaral
José Lima Luz
José Pinto
Julia Camargo
Julia Elizabete Gomes
Julio Cesar Redecker
Katia Escobar
Katiane Lima
Jose Carlos Pierucetti
Larissa Ferraz
Leila Maria Oliveira Dos Santos
Levi Leão
Lina Barbosa Cassol
Lisiane Schubert
Lucas Palomino Mattedi
Luciana Siqueira Lana Angelis
Luis Schneider
Luiz Baruffaldi
Luiz Luz (Pr.IEAD-Ivoti/RS)
Luiz Zacchini
Marcelo Marthe
Marcelo Palmieri
Marcelo Pedreira
Marcelo Stelzer
Marcio Alexandre De Moraes
Marcio Andrade
Marco Antonio Da Silva
Maria Elizabete Caballero
Maria Isabel Gomes
Mariana Pereira
Mariana Sell
Mario Gomes
Marli Pedro Santos
Marta Almeida
Melissa Andrade
Mery Vieira
Mirtes Suda
Nadia Moyses
Nadja Soczeck
Nelly Priebe
Nelson Wiebbelling
Paula Masseran De Arruda Xavier
Paulo Cassiano Feliza Oliveira
Paulo Pavi
Paulo Rogerio Amoretty Souza
Paulo Silveira
Pedro Abreu
Pedro Augusto Caltabiano
Jose Carlos De Oliveira
Priscila Bertoldi Silva
Rafaela Bueno Dal Prata
Raquel Warmiling
Rebeca Haddad
Remy Moller
Renan Klug Ribeiro
Renato Ribeiro
Renato Soares
Ricardo Almeida
Richard Salles Canfield
Roberto Gavioli
Roberto Wilson Weiss Junior
Rodrigo Benachio
Rodrigo Prado
Rodrigo Souza Moreale
Rogerio Laurentis
Rogerio Sato
Rosangela Maria De Avil Severo
Rospierre Vilhena
Rubem Wiethaeuper
Sandro Schubert
Sergio Freitas
Silvan Stumpf
Silvania Regina De Avila Alves
Silvano Almeida
Silvia Grunewald
Simone Wetrupp
Sonia Machado
Soraya Charara
Sueli Fleck
Suely Fonseca
Thais Scott
Valdemarina Souza
Valdir Cordeiro De Moraes
Vanda Ueda
Vilma Klug
Vitacir Paludo
Zenilda Santos


A TAM está mantendo contato com os familiares dos passageiros, prestando todo o atendimento por meio de seu Programa de Assistência às Vítimas e Familiares.

 

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25 de agosto de 2012
 
BATISTAS "PAZ E AMOR"
 
 
O povo batista, de um modo geral, era considerado o "povo da Bíblia". Por mais humilde que fosse o crente batista, seu preparo na classe de catecúmenos (batismo) ou na Escola Bíblica Dominical fazia dele um sábio intérprete das coisas do Reino. Para o povo batista a Bíblia era "a única regra de fé e prática".
 
Então entrou uma turma de inconversos nas nossas instituições de ensino teológico. Gente inteligente e bem articulada que conseguia fazer as provas e driblar os concílios de exame ao ministério pastoral. No princípio esses candidatos eram avaliados publicamente, porém com o tempo passaram a apresentar TCC e/ou exames escritos. Para eles foi muito melhor, uma vez que bastava responder a contento no concílio, dar um bom almoço aos convidados, bajular o pastor presidente e a ordenação estava garantida.
 
Após a ordenação tudo se tornava mais fácil. Compromissos? Com quê ou com quem? "Com Deus", diziam abertamente. "Não obedeço a homens, não tenho compromisso com a igreja batista". E em nome de Deus passaram a deixar a Bíblia como regra DE PRÁTICA em prol de um pragmatismo tosco e mundanizado.
 
Foi a geração de BATISTAS PAZ E AMOR. Um jeito novo de ser batista. Novo no Brasil, pois nos Estados Unidos já existia desde a década de 40 e são os pais desses batistas. Emotivos ao extremo, chamaram para si a RENOVAÇÃO ESPIRITUAL da década de 1960, transformando igrejas evangélicas tradicionais em agências do pentecostalismo híbrido: usavam o nome BATISTA indevidamente. A crítica foi ferrenha no início. Mas como tudo é uma questão de tempo e adaptação, montaram para si uma convenção e viveram felizes e alegres (se a situação fosse hoje, a denominação não apenas daria nota dez ao deslize doutrinário como também os transformaria em mestres de seminário e criaria um departamento para angariar fundos para o novo sistema; afinal, tudo é uma questão de GESTÃO, FUNDOS, RESULTADOS...)
 
Mas outra parte da geração BATISTA PAZ E AMOR continuou na convenção e foi minando, dia após dia, as práticas bíblicas e as pobres igrejas que convidavam esses obreiros estranhos. Em nome da compreensão, do bom convívio, da harmonia, da unidade da igreja ou da célebre frase: "NO ESSENCIAL, A UNIDADE; NO NÃO ESSENCIAL, A TOLERÂNCIA E, EM TUDO, O AMOR", foram inventando seu próprio modo de ser cristão, qual seja: o MÉTODO ESPONJA. Esse método, consistiu no seguinte:
 
1) Absorveram os costumes da "American Black Gospel" com seus trejeitos, com suas manias, com sua pneumatologia e implantaram essas coisas nas igrejas, transformando uma expressão local num estilo nacional e unificador;
 
2) Absorveram o "GOSPEL ROCK" com várias performances, vestiram-se de roqueiros e trouxeram o show para os palcos das igrejas, afastando o púlpito ou colocando fogo nele; trouxeram não apenas o estilo, mas a prática do rock and roll;
 
3) Absorveram o sincretismo religioso neopentecostal, aceitando dentes de ouro, pó de ouro, sopro, cai-cai-no-espírito, unção do riso, do animal, transferência de unção, tarde do descarrego, reunião de empresários, terapia do amor  etc.
 
4) Foram atrás de todos os métodos de crescimento de igreja e fizeram experiências laboratoriais com cada um deles, formando verdadeiras monstruosidades. Absorveram G12, M12, MIR, ICP, M.D.A. etc. O resultado foi a quebra de muitas igrejas e, de cada dez, a criação de uma mega-igreja, com os restos das que morreram; agora é moda encontrarmos 50 pianistas numa mega-igreja e 50 igrejas pequenas sem um simples violonista ou 30 pastores-membros de mega-igrejas, e 30 igrejas pequenas sem um simples pregador dominical de qualidade;
 
5) Absorveram as práticas sincréticas dos liberais: Marcha para Jesus, café de pastores, noite da bênção, 40 dias de jejum etc. Transformaram o louvor de igreja (feito por crentes que amavam a Jesus e louvavam com canções, ou evangelizavam através da música) em empresariado gospel, com novos milionários às custas do povo que lhes compra cds e dvds (agora para cantar uma canção de muitos conjuntos ou até de hinários as igrejas estão ameaçadas de ter que pagar DIREITOS AUTORAIS!);
 
6) Criaram a hierarquia religiosa, uma espécie de episcopado disfarçado (batistas eram congregacionais), ordenaram as esposas dos pastores em pastoras e graduaram pastores de sucesso como apóstolos;
 
6) Aderiram à modernização das bíblias, através do famigerado método da EQUIVALÊNCIA DINÂMICA, inventando desde paráfrases com o nome de bíblia até versões "a la carte", ao gosto do freguês. Já há batistas amando bíblias católicas e paráfrases; um desses tradutores, após terminar a sua tradução de uma conhecida versão internacional, pulou para outra editora, começando outra tradução (ué, então a primeira não prestou?);
 
7) Resolveram entulhar o batistério, porta solene de entrada numa igreja batista,  e viver a PAZ E O AMOR, aceitando crentes e obreiros de qualquer método de batismo e qualquer ideologia teológica. Já temos igrejas aqui e no exterior onde os membros são evangélicos de outras terras e igrejas, a maioria não batizada biblicamente e muito menos doutrinada, e criaram sistemas híbridos de administração, como igrejas batistas com PRESBITÉRIO (quando a interpretação batista de sempre jamais diferenciou presbíteros de pastores). Não bastasse isso, as mega-igrejas agora convidam ministros protestantes não batizados biblicamente para serem do "CORPO PASTORAL"; não tardará o dia em que teremos pais-de-santo, médiuns e padres pregando em nossos púlpitos;
 
8) Em igrejas batistas da Alemanha já é normal vermos PASTORAS, com o instrumento católico de água benta, batizando bebês das famílias que aderem às igrejas (uma família querida testemunhou isso para mim, em viagem que fez de Portugal para a Alemanha, mas eu já não me escandalizo com nada...)
 
 
Chamo isso de "BATISTAS PAZ E AMOR". Sim, é um mimo! Para eles ninguém é pecador, todos são filhos de Deus. Qualquer igreja é boa, não importa o conteúdo doutrinário, não importa o tipo de culto, não importa a fé que tenham. Todos são amados e chamados à Mesa do Senhor. Sim, Deus não faz acepção de pessoas, não manda ninguém para o Inferno, só o Diabo é que irá pra lá; isto é, se Deus na última hora não mudar de idéia ou se realmente Diabo existir, pois bem pode ser uma metáfora...
 
 
O interessante é que o BATISTA PAZ E AMOR, que hoje está na liderança de várias esferas denominacionais, ama a todos, ama incondicionalmente, mas DETESTA UM BATISTA TRADICIONAL. Aliás, é inimigo visceral dos batistas que não jogaram suas bíblias fora, que não entulharam seus batistérios, que ainda têm a fé dos pioneiros. Eles não toleram batistas tradicionais! Eles os ofendem, os ridicularizam, os ameaçam, usam a mídia denominacional para ameaçá-los e cercear-lhes a liberdade de cooperar sem se alinhar com o pecado. Por isso, os maltratam, não os escutam e os rotulam de FUNDAMENTALISTAS. Sim, é mais fácil rotular assim, pois como não gostam de gente que pensa e que pensa com a Bíblia na mão, qualquer um que não ande na toada do rebanho enganado é classificado como retrógrado e ameaçador.
 
 
Isto iria acontecer. A Bíblia já dizia assim. "Nos últimos dias - sobrevirão tempos difíceis - muitos apostatarão da fé".
 
Talvez eu não imaginasse que isso estivesse tão próximo de acontecer no Brasil, quando andei pelas ruas de High Point, de Pleasant Grove, de Winston-Salem, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Enquanto admirava as enormes igrejas batistas ali erigidas, sendo que as menores eram maiores do que algumas grandes aqui do Brasil, a pessoa que me mostrava uma após outra, 100 numa mesma cidade, dizia: "não se iluda, irmão. A maioria destas igrejas, inclusive a PRIMEIRA IGREJA BATISTA, não crê mais na inerrância das Escrituras Sagradas, não crê que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo, não crê em Céu ou em Inferno, nem tem qualquer conversão". Perguntei: "então pra que formam igrejas e as frequentam?" Ele disse: "Essas igrejas eram boas. Mas agora a tônica é PAZ E AMOR, sem ofender as pessoas. Eles são amigos, são vizinhos, trabalham juntos, querem um bom clube cheio de paz e amor". Eu disse: "não ofendem ninguém mesmo; só a Deus".
 
Ouvi um colega contar-me de uma discussão entre um velho pastor com um jovem e muito bem sucedido GESTOR DE IGREJA, desses sistemas modernos de crescimento e "deformação" de igrejas.  Disse o jovem: "vocês, velhos pastores, já eram; agora nós damos pão fresco para a igreja todos os dias!" O velho pastor, tranquilo, mas pontual, lhe disse: "Sim, é bom que a igreja coma pão fresco diariamente, mas desde que seja PÃO DE TRIGO e não FEITO DE JOIO..."
 
Que os verdadeiros crentes batistas acordem. Que os verdadeiros pastores batistas despertem. E que voltem o seu olhar para Cristo, para a Bíblia, para o Calvário, para a nossa herança de suor e sangue, e que fujam dos crentes batistas PAZ E AMOR".
 
"E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz." (Jr 6:14)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

 

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10/11/2012 - O QUE SE ESPERA DE UM PASTOR
 
Creio que um pastor deve antes de tudo, ser um legítimo convertido a Cristo. Deve ter sido regenerado pelo Espírito Santo. Deve ser nova criatura e viver em novidade de vida. Deve ter uma profunda e legítima comunhão com Deus. Afinal, espera-se dele que mostre de forma prática aquilo que prega em seu púlpito.
 
O pastor deve ter o "fruto do Espírito" em sua vida, caráter, temperamento, obra e ministério (Gálatas 5.22-23). Assim, deve possuir:
 
AMOR - com o qual ama a Deus acima de todas as coisas, ao próximo como a si mesmo e, consequentemente, ao rebanho que o Senhor lhe confiou. Seus atos, palavras e pensamentos devem ser permeados pelo amor de Deus. Seu trato para com a família (esposa, filhos, parentes), amigos (colegas de serviço, de escola, vizinhos, conhecidos), membros da igreja, deve expressar uma alma amorosa, benfazeja, cheia de compaixão e piedade.
 
ALEGRIA - um pastor deve possuir alegria. Não um contentamento efêmero, fundamentado em coisas banais e sem relevância eterna. Sua alegria e contentamento deve brotar de uma alma remida, perdoada, salva e em constante comunhão com Deus. Deve possuir a alegria de descobrir a cada dia novas riquezas na Palavra de Deus. Deve ter o gozo e a felicidade de quem encontra no Senhor todo o suprimento de suas necessidades, consolo nas suas dores, respostas às suas indagações. Isso deve tornar o ministro de Deus alegre e jubilante. Tal alegria será expressa nas suas atividades ministeriais, como a pregação, a visitação, o aconselhamento, a confecção de textos, a participação em atividades eclesiásticas etc. Na família sua alegria será expressa pela maneira altruísta de encarar o ministério, a igreja, as lutas e o relacionamento conjugal. Alegria por ser grato ao Senhor, grato pelos filhos que tem, pela esposa com quem casou, pela sua casa, pelos talentos, pelo ministério, pelas oportunidades de servir. Não é uma alegria meramente intelectual ou simplesmente emotiva. É um estado de espírito de gozo e de bem estar, uma auto-realização íntima, expressa numa face descarregada e iluminada.
 
PAZ - essa deve ser a pepita de ouro de sua vida. A paz. E todo pastor sabe que, se depender da ausência de problemas ou de conflitos eclesiásticos e familiares jamais terá um instante de paz. Por isso não pode ser um estado pacífico fundamentado nas circunstâncias, mas na graça do Senhor em seu coração. É a paz no meio da guerra, da enfermidade, do conflito eclesiástico, das desavenças familiares. Uma paz acima de quaisquer situações pontuais ou temporárias. É uma estabilidade emocional profunda, que faz dele alguém comedido e controlado, que tira de sua reação os ímpetos da ira e do descontrole, que faz dele uma âncora, um baluarte, um ponto de equilíbrio e referência. A paz na vida do pastor deve expressar-se nos momentos de felicidade e também nos momentos de crise. E não deve ser fabricada por exercícios pessoais de meditação ou de mero relaxamento, mas recebida diretamente do Espírito de Deus pelo espírito de seu ser. É fruto de comunhão. É fruto de convicção no que ensina a Bíblia. É fruto de fé. Fé na direção divina de sua vida. Fé na esperança de dias melhores. Fé na sabedoria de Deus em permitir apenas coisas que irão edificar, moldar, julgar ou provar. Fé que há um Deus que conhece os nossos limites. Fé que em Cristo se pode enfrentar qualquer circunstância. Dessarte pode-se passar por crises na igreja, crises familiares, crises financeiras, e ainda assim manter dentro de si um espírito sossegado, tranquilo, confiante, leve, profundamente tranquilo. Essa paz também é a expressão de alguém que só usa seus lábios para edificar, que só age orientado pelas Escrituras, que não vive em pecado, que não esconde nada de ninguém, que não mantém casos ou negócios ilícitos e que cumpre com dignidade os seus compromissos morais, civis, religiosos, familiares e espirituais.
 
LONGANIMIDADE - Um pastor deve ser capaz de ter um ânimo redobrado, de aguentar firme, de não esmorecer nas crises e dificuldades. Ele deve animar-se no Senhor, motivar-se aos pés da Cruz, viver a cada dia animado com a graça de Deus. Seu pavio deve ser comprido, enorme e com isso não desistir de seus compromissos e de suas responsabilidades com o Reino de Deus. Sua longanimidade deve expressar-se numa paciência prolongada, aprendendo que nem tudo virá no tempo planejado, que nem todos amadurecerão como gostaria que fosse, que nunca terá pleno êxito se não enfrentar as barreiras do caminho. Seu longo ânimo dá ao rebanho que pastoreia um porto seguro e esperançoso, sabendo que não abandonará a vontade de Deus e os compromissos assumidos. Sua longanimidade é capaz de esperar um crente crescer na fé, um pecador inconverso chegar à conversão ou um problema ser resolvido pela graça, e para isso ele é capaz de esperar o tempo que for necessário. Sendo longânimo ele não perde a fé. e nem a esperança. Ele recobra ânimo a cada dia que se prostra na presença do Pai. É como se comesse o pão e bebesse a botija de água providenciadas pelo próprio Deus no seu deserto, e isso constantemente.
 
BENIGNIDADE - O coração de um pastor só tem um propósito: fazer o bem. Seu ideal sempre visa o bem do Reino do Senhor. Para isso ele vive. Muitas vezes ele deixa de pensar em si para pensar no progresso da evangelização e na edificação da Igreja. Também é benigno para com os seus, para com a sua família. Ele quer bem a esposa, os filhos, os familiares. E seu querer bem expressa-se no tratamento e no propósito do que faz. Suas atitudes sempre visam a glória de Deus e o bem do próximo. Ele ama a igreja e não a insulta. Ele ama os amigos e deseja o seu sucesso. Ele ama a Pátria e tudo faz para construir um pouco do seu futuro. Seu coração não abriga malignidade. Ele não age para denegrir, para destruir, para difamar, para derrubar ninguém. Um coração benigno só tem espaço para querer coisas boas e edificantes.
 
BONDADE - Não basta o pastor ser benigno; ele tem que ser bom. Não há valor em apenas ser bem intencionado, em julgar-se benigno. É preciso ser bom. Se o pastor tem o coração benigno então ele é capaz também de ser bom. Ele é bom com a sua esposa e tudo faz para expressar amor, carinho, sustento, cuidados, segurança e felicidade. Ele é bom com os filhos e dá a vida por eles, trabalhando para sustentá-los, mantendo-os saudáveis, educando-os com cuidado e paciência, sendo exemplar em sua conduta e no trato caseiro, provendo futuro para cada um através dos estudos e de fundos para a maioridade. Ele é bom com a igreja e faz o melhor que pode para com todos. É solidário com os que sofrem, auxilia os que precisam, socorre os aflitos, visita os encarcerados, chora com os que estão tristes e fica feliz com os que se alegram. Ele tira de si para ajudar os que carecem e não mede sacrifícios para amparar os carentes. Para esse pastor não é enfado ou canseira aconselhar, atender no gabinete, visitar no hospital, estar com o enlutado, ouvir o aflito, enviar cartas ou e-mails aos que pedem respostas etc. Ele é bom. Bom para os vizinhos que só veem atos dignos de sua parte. Ele é bom para os amigos, dispondo-se na medida do possível. Enfim, seus atos não são mera teoria, mas prática diária de um autêntico cristão.
 
FIDELIDADE - Para esse pastor ter fé é fundamental e a sua fidelidade a Deus é o princípio de tudo. Foi por amor a Deus que ele aceitou o chamado ministerial. Foi pela fé que foi salvo e pela fé que edificou toda a sua vida. Então para ele a fidelidade é intrínseca à própria fé. Ele é um homem fiel. Fiel ao Deus que lhe salvou, vocacionou, capacitou, comissionou, enviou e delegou. Fiel à esposa com quem se casou e com quem comprometeu-se a viver até que a morte o separasse. Fiel no cuidado para com os filhos que o Senhor lhe confiou graciosamente. Fiel ao patrão que lhe contratou, caso seja um pastor que também trabalhe fora. Ele trabalha com afinco, amor, dedicação e tudo faz para a glória de Deus, não meramente em troca de remuneração. Ele crê que a fidelidade no ofício vem primeiro, o sustento vem de Deus e este não irá falhar. Fiel à Palavra de Deus, aos fundamentos da fé, ao pacto que fez no dia de seu batismo, a tudo quanto aprendeu em sua carreira cristã. Fiel ao compromisso e à confissão pública que deu no dia de sua ordenação e consagração pastoral. Fiel às doutrinas que abraçou. Fiel ao compromisso de servir ao Senhor para sempre. Também é fiel à sua igreja, não mantendo um amor dúbio ou coxeando entre dois amores. Para ele a igreja que pastoreia é a melhor igreja que existe. Porém, atento à voz divina, saberá terminar um ministério em alegria e paz para realizar outro, quando o Supremo Pastor o chamar. É fiel aos amigos, não confidenciando aquilo que com grande confiança lhe foi dito. Ele não cobiça a mulher alheia e nem desrespeita qualquer outra pessoa. Sua fidelidade independe de estar próximo a alguém conhecido. Ele teme a Deus! É fiel na sua vida comercial, não comprando o que não pode e só faz dívidas que possa pagar. Ele mantém um bom nome e uma boa conduta na praça. É bom pagador, bom cliente bancário, bom administrador dos bens, sejam poucos ou sejam muitos. Em suas mãos Deus multiplica o dinheiro e a capacidade das coisas. Todos são capazes de confiar nele, pois cumpre o que fala e mantém seus compromissos independentemente de circunstâncias temporárias.
 
MANSIDÃO - O pastor possui a excelência do espírito de Cristo: capaz de manter-se senhor de suas emoções até em circunstâncias adversas. Assim, no coração deste pastor não há lugar para um ser iracundo, que toma os pés pelas mãos, que resolve os problemas na ira, na violência, no grito, na tempestuosidade das brigas e divergências. Pastores mansos são capazes de contar até mil antes de manifestarem reações. Quanto à doutrina e à fidelidade às Escrituras são pontuais: sabem ensinar, chamar a atenção, disciplinar, repreender com autoridade. Um pastor manso expressa isso em prática e prédica. Ele repreende, mas não agride. Ele admoesta, mas não humilha. Ele é severo, mas não é tirano. Sua mansidão expressa-se no trato benigno com a esposa, mesmo quando precisa resolver divergências ou impor limites na relação. Ele é manso na educação dos filhos, corrigindo-os biblicamente até com castigos, mas encharcando cada ato com um mar de piedade e sincero desejo de crescimento. Ele é amoroso com sua igreja, mesmo quando tem que excluir os insubmissos ou pecadores. Para ele até o excluído precisa de uma chance para recuperar-se e jamais exerce disciplina com o intuito de humilhar. Ele é manso nas desavenças de trânsito, nos conflitos comerciais, nas desavenças relacionais, nas polêmicas intelectuais. Ele é capaz de não sentir ódio ou ira mortal, não por si, mas porque o Espírito Santo o encheu desta mansidão típica do Senhor. Assim, pode ser um Moisés conquistador e guerreiro, mas manso e cordato, um autêntico representante dos Céus no lugar onde Deus o plantou!
 
DOMÍNIO PRÓPRIO - Um ministério pode salvar-se quando um homem de Deus possui esse caráter do fruto do Espírito. Dominar a si mesmo. Ter domínio da língua quando esta quer dizer verdades inadequadas ou apontar erros sem piedade ou nos fóruns errados. Ter domínio da ira, que deseja surrar os contrários ou quem ousou contra si. Ter domínio do ódio, sedimentado por insultos recebidos no trânsito, na igreja, no trabalho, na familia. O domínio próprio pode fazer de um pastor um autêntico herói. Dominar a língua para que ela só fale o que edifica. Dominar a emoção para que não dê guarida aos sentimentos mais baixos do pecado interior. Dominar a sua cobiça, para não desejar a riqueza do outro, a mulher do próximo, a igreja do outro pastor, a oportunidade do amigo. Um pastor que tem domínio próprio sabe dar fim à preguiça, ao marasmo, ou sabe trabalhar apenas o suficiente e dosar sua atenção com a família e com sua saúde. Quem tem domínio próprio sabe arrancar do peito as amarguras da vida. Domínio próprio manifesta-se em todas as áreas e faz do pastor um bom marido, um bom pai, um bom profissional, um bom intercessor, um bom amigo, um bom pregador, um bom administrador, um bom conselheiro, um bom servo. Pastores que se dominam atravessam crises e vencem. Pastores que se dominam mantém a família unida e o rebanho confiante. Pastores que se dominam são lembrados como modelos a ser seguidos. Pastores que se dominam veem dias melhorese têm paz em suas vidas.
 
Diante desta reflexão eu pergunto: estaríamos nós, pastores, deixando o Espírito Santo produzir em nós o Seu bom fruto? Estaríamos realmente sob o domínio de Deus? Estaríamos dando o melhor testemunho possível? Estaríamos produzindo tudo o que seria possível se vivêssemos na plenitude do Senhor? Ou por falta desse fruto temos seguido por caminhos tortuosos e colhido ao longo do ministério dissabores e frustrações, escandalizando outros irmãos que desejavam ver em nós algo melhor do veem em si próprios?
 
Eu creio que é necessário ponderar e avaliar as nossas vidas, não sob a ótica do mundo, do sucesso, da prosperidade ou do crescimento, mas do ponto de vista de Deus, de Sua Palavra e do fruto do Espírito em nós. Porque, enquanto o fruto do Espírito for pouco em nós, o mundo só verá pastores dignos de piedade e de lamentos e indignos do chamado e da missão. Mas se deixarmos de semear na carne e semearmos uma vida de santidade e verdadeira dependência de Deus, então nos esvaziaremos de nossas próprias mediocridades e nos revestiremos do novo homem, que se renova dia após dia na estatura de Cristo e na Sua glória.
 
O que escolheremos? Que caminho trilharemos?
 
Não posso responder pelos colegas. Mas posso dizer por mim. Eu quero que Deus produza em mim o Seu maravilhoso e bendito fruto, para que a cada dia eu seja mais de Cristo e menos de mim. Eu quero que vejam em mim a Obra de Deus, que é capaz de transformar um miserável pecador em alguém controlado pelo próprio Senhor. Eu quero mais do Seu puro e Santo amor, mais do meu Salvador em mim.
 
Que assim seja!
 
São Paulo, Brasil, 10 de novembro de 2012
 
Wagner Antonio de Araújo
irmão em Cristo, chamado para o serviço do Senhor no ministério pastoral.
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil


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REFLEXÕES SOBRE O ATUAL LIBERALISMO
 TEOLÓGICO DE ALGUNS PREGADORES BATISTAS (23/11/2012)

 
 
 
Li há poucos instantes um texto de um jovem pastor cearense que tecia elogios a um pastor conhecidíssimo em São Paulo. O discurso do paulista (“uma igreja relevante para o homem pós-moderno), longo e apresentado numa conferência que se propunha a ser “missionária” concluiu algumas coisas interessantes.
 
o vídeo está em http://vimeo.com/53525262
 
Primeiramente esse pastor disse que o “deus” em quem ele crê hoje não é aquele ao qual foi apresentado quando criança, no qual foi doutrinado e a quem buscou servir. O “deus”  a quem serve hoje não é aquele de quem fez confissão no batismo e nem quando foi ordenado ao ministério pastoral batista. Diz esse pastor que, em determinado ponto de sua vida teve que “desconstruir” tudo o que aprendera sobre Deus, jogar aqueles velhos conceitos fora e firmar uma nova visão de "deus", fundamentada em seu farto conhecimento filosófico, teológico, histórico-eclesiástico etc. Para esse pastor o “deus” a quem serve prefere que a igreja seja “mística” e não “religiosa”, “dialogal” e não “proselitista”, “diaconal” e não “evangelística”.
 
Algumas considerações se fazem necessárias.
 
Esse “pastor” não deveria ser pastor, ao menos caracterizado como um “pastor batista”. Ao que parece as respostas que forneceu em seu exame ministerial foram um blefe, uma mentira, ou, na melhor das hipóteses, “verdades temporárias abandonadas”. Ele ocupa o título de pastor batista em uma denominação cuja fé supõe-se ainda ser do tipo que ele abandonou. Por honestidade não deveria identificar-se como batista. Ele ocupa o púlpito de uma igreja fundada e formada por batistas tradicionais e a conduziu ao liberalismo, usurpando um trabalho que não lhe pertencia. Assim, esse pastor usurpa o título de pastor batista e a direção de uma igreja batista. Sim, igrejas são livres para escolher o pastor que quiserem. A igreja local pode estar feliz com sua fé, prática e obreiro. Mas deveria honestamente assumir a nova fé e encontrar um novo nome.
 
Esse “pastor” deixou de ter fé evangélica, pois seus valores pós-modernos são fundamentados no misticismo e não na teologia reformada. Mantém-se numa sutil linguagem ecumênica de quem se adaptou a um clube de pensadores. A igreja que pastoreia não está mais sujeita a nenhum estereótipo eclesiástico, senão às mais variadas experiências de comunidade, de discussão e de ações sociais em prol do humanismo, informações por ele prestadas (não conheço essa igreja hoje, conheci-a nos tempos em que ainda era tradicional). A “verdade” desse pastor  é relativa, pois depende “de que ponto da janela se está a olhar para a verdade lá fora”. Assim, o relativismo é absoluto e tudo o que é sobrenatural é “sinistro”.
 
Essa é a denominação batista que queremos? Uma denominação similar a um panelão onde pululam nas chamas do ativismo todo tipo de fé? Que cristianismo é esse? Que denonimação é essa que mantém sob seu selo e sob sua influência todo tipo de perspectiva religiosa e não religiosa? Então posso ser batista sem ser crente? Posso ser batista sem ter fé ou compromissos assumidos no batismo? Posso ser batista e não crer em declaração doutrinária? Posso ser batista e não pregar a fé cristã bíblica e reformada? Onde está o juízo de valores e a disciplina? Para esses não existe, uma vez que seus nomes e igrejas atraem multidões, mídia, poder político e ofertas...
 
E a Ordem de Pastores, que ostenta jactanciosamente mais de uma dezena de milhar em número de filiados? Que tipo de pastores une e agrega? Qualquer tipo? Congrega até aqueles que ludibriaram os concílios e seguem qualquer fé? Um cristo místico em lugar do Cristo bíblico? Um Deus dialogal ao invés do Deus revelado? Um cristianismo de verdades relativas e pós-modernas ao invés de uma experiência de conversão legítima ao Senhor Jesus Cristo?  Não há juízo de valores contra o liberalismo teológico?
 
Esse liberalismo apodrece a cada dia a beleza da denominação batista. Igrejas independentes, autônomas, anteriormente unidas por órgãos cooperativos e de comunhão de fé, que exercia juízo de valor e exigia compromisso doutrinário. Hoje essa fé enfraqueceu, pois não há juízo de valores na administração e na mantença de pastores ou de igrejas. O tempo “medieval” da fé (segundo esse “pastor”), onde se confrontava a prática com a Bíblia, já passou. Voltamos à pós-modernidade nada moderna, a que existiu em Israel no tempo dos juízes: cada um fazia o que julgava mais certo. E assim a apostasia pavimenta o seu caminho. Hoje o asfalto alisa e fortalece a estrada. Em breve será uma rodovia toda iluminada. E na seqüência daremos guarida ao anticristo, encarnação de tudo o que hoje se chama “dialogal”, “diaconal” e “místico”, um cristo qualquer-coisa, unificador naquilo que de mais baixo existe no seio das igrejas, uma igreja sem Cristo.
 
Como disse esse “pastor” , “essa é a minha opinião”. Sim. Ele teve direito da opinião emitida em evento público. Eu também tenho. E a minha opinião é que pessoas que crêem dessa forma são inconversas, ou, no mínimo, desviados da integridade e da simplicidade da Palavra de Deus. Também creio que uma denominação que mantém teólogos dessa prédica em suas instituições de ensino é irresponsável e envenena sua via arterial teológica; a colheita está chegando... E uma ordem de pastores que tem como filiados obreiros híbridos, de qualquer matiz e com qualquer tendência teológica, deixou de ser ordem para ser desordem. Devemos ser tolerantes? É assim que aprendemos na Palavra de Deus? Ah, perdoem-me! Devemos ser intolerantes sim, mas com os batistas clássicos, que não param de protestar.
 
Enquanto a política interna for mais importante que o juízo de valor bíblico de nossas ações, de nossos púlpitos ou de nossas igrejas, continuaremos a ver dia após dia o desastre completo, absoluto, irrecuperável de nossa denominação batista principal.
 
Voltemos às Escrituras Sagradas, voltemos às origens evangélicas, protestantes e, especificamente no caso de batistas, às nossas doutrinas, princípios, valores distintivos da Fé!
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil

12. ) Tempos difíceis, tempo de figueiras sem fruto! ( 18/12/2012
 
Estive na sorveteria para repor o meu estoque de picolés (sorvetes de palito/gelados em Portugal). "Tem de uva?", "não". "E de Limão?", "não. E assim foram as perguntas. Dos 50 sabores anunciados, com muito custo consegui 10. E veio a pergunta: "Por que anunciar uma porção de coisas que não têm?"
 
Clientes voltaram frustrados da sorveteria. É o mesmo que sentem os que vão ao açougue buscar carne e nada encontram, ou na farmácia e não acham os seus remédios.
 
Empresas boas devem preparar-se para a demanda, providenciando oferta adequada para os momentos de procura. Do contrário não serão mais procuradas. Afinal, queremos o serviço de quem de fato nos supra do objeto de nossa necessidade.
 
Pensei em nós, cristãos. Pensei naquilo que temos a ofertar para o mundo: o evangelho da salvação em Cristo. Pensei no papel que nós, cristãos, devemos exercer em meio de uma sociedade em demanda: o papel de "embaixadores de Cristo", "luz do mundo", "sal da terra", "carregador das cargas uns dos outros", "bons samaritanos". Pensei em tudo aquilo que fomos enviados e comissionados por Cristo: ir por todo o mundo, anunciando o evangelho, batizando os convertidos, fazendo discípulos, consolando, fortalecendo, salvando.
 
Porém, onde está o cristão supridor? EM FALTA. Os cristãos andam calados, sem nada de útil para repartir. Reproduzem em si o vazio de uma sociedade tecnológica e sem alma.
 
"Ore por mim?"; "Não tenho orado nem por mim, amigo!"
"Tem uma mensagem para mim?"; "Não tenho não, mas ligue a INTERNET ou a TV que tem gente falando lá"
"Posso compartilhar uma luta contigo?"; "Olha, não tenho tempo, minhas lutas estão difíceis também; procure outra pessoa".
"O que você acha disto? O que a Bíblia ensina?"; Ah, vá me desculpar, mas não tenho vontade ou conhecimento sobre isso, não tenho o que dizer".
"Por que você é crente?"; "Sou crente porque quero, não perturbe".
 
 Alguns sequer conhecem o PLANO DA SALVAÇÃO para compartilhar. Não têm uma palavra de consolo ao entristecido. Não possuem nenhum preparo bíblico para ajudar os inexperientes a saber a vontade de Deus. Estão tão ocupados, tão cheios de problemas, tão metidos com política, futebol, facebook, comidas, roupas, academias, preparos profissionais intermináveis, trabalhos, namoros, que deixaram o seu estoque do essencial a zero! O fruto do Espírito está em falta. Também o exercício dos dons e a graça da bondade. O serviço ao Mestre já ficou para o ano que vem. Oração? Só quando mandam ou quando "rezam" para comer ou dormir. Vidas secas, vidas vazias, vidas sem a Graça!
 
Isso nos lembra a figueira infrutífera onde Jesus foi buscar fruto. Ele estava com fome e quis um figo. O que achou? Folhas. Folhas eram DESCULPAS da figueira, assim como "ESTAMOS OCUPADOS DEMAIS" são as nossas desculpas para um estoque esgotado das coisas de Deus em nós. Parece que até nos incomoda quando alguém nos pede um conselho, ou uma palavra, ou uma orientação, ou nos traz um problema, uma consulta bíblica. Não temos nem tempo, nem vontade, nem conteúdo.
 
Sinal dos tempos. Tornou-se banal nivelar tudo por baixo. Professores na TV ou na escola que não sabem falar corretamente; matemáticos que não sabem fazer contas; engenheiros que não sabem construir ou calcular; técnicos que não sabem consertar; médicos que não sabem tratar; advogados que não conhecem leis e CRENTES QUE NÃO TÊM ESTOQUE DAS COISAS DE DEUS NO CORAÇÃO.
 
O que fazer? Voltar à Palavra:
 
a) Esconder no coração a Palavra, a Bíblia Sagrada, guardando-a na alma.
b) Meditar nela dia e noite, tendo o cuidado de cumpri-la.
c) Rogar a Deus amor pelos perdidos, munindo-se dos conhecimentos básicos do plano da salvação do Senhor.
d) Manter linha direta com o Céu, orando em todo o tempo, gastando também diariamente um tempo especial em comun hão com o Senhor.
e) Estar pronto para servir, para compartilhar, para levar a mensagem do evangelho.
 
Eu gostaria de encontrar na minha sorveteria tudo o que procurava. Também gostaria que o Senhor produzisse em mim todo o estoque de virtudes, dons, frutos e conhecimento bíblico, para que aqueles que cruzassem o meu caminho tivessem as suas necessidades espirituais supridas. Afinal, é para isso que fomos salvos: para sermos semeadores da boa semente, missionários nos lugares onde Deus nos colocou e arautos do Evangelho.
 
Que Deus nos ajude a sermos crentes supridos e supridores.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil


 

13 - E A VIDA CONTINUA ... ONDE? (27/02/2013
 
Ontem estive no Hospital São Camilo, de Vila Pompéia, São Paulo, para tomar injeções e tratar-me de severa infecção. Fiquei sabendo do falecimento do ator Luiz Bacelli, primoroso ator televisivo-teatral, um dia antes. Esse ator transmitia, em suas atuações, grande cultura, brilhante interpretação, um ar paternal e fez muitos papéis ao longo da carreira, especializando-se, ao final, em papéis de cunho espírita cardecista. O último deles foi um requiém de si próprio, E A VIDA CONTINUA, filme hoje fartamente divulgado pelos cinemas e pelo TELE-CINE.  Ele tratava de um câncer e teve parada cardíaca. A mídia pouco divulgou, pois talvez, por não ser um ator de projeção midiática maciça não renderia muitos cliques ou a venda de muitas manchetes. Apenas noticiou pifiamente o falecimento.
 
Esse filme, que assisti ontem para fins apologéticos, com qualidade questionável em seus diálogos um tanto artificiais, com mixagem pobre e de roteiro às vezes quebrado, conta uma estória revelada pelo espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Trata-se de um homem e uma mulher que vão a uma clínica em Itapira para prepararem-se psicologicamente para a cirurgia de câncer. Ambos esbarram-se na estrada e sentem conhecer-se há muito tempo. Ela, católica, ele, espírita. No hospital os vínculos aumentam e ele tenta explicar a ela a teoria cardecista do espiritismo: o espírito é o carroceiro, o perispírito é o cavalo e o corpo é a carroça. Quando a carroça quebra o carroceiro monta no cavalo e busca nova carroça e assim o processo de reencarnação acontece. Ela protesta, mas a conversa agrada.
 
Após a cirurgia ambos acordam no hospital em condições boas, mas aos poucos descobrem-se não na Terra, mas no Novo Lar, uma plataforma idêntica à Terra, materializada para eles, com pessoas, construções, hospital, cidade e vida social. Recebem a permissão de visitar seus familiares na Terra. Para isso vão de "vôo espiritual", um perfeito avião do além. E no "aeroporto espiritual" terão horário para voltar. Então a história desvenda-se: o homem descobre-se pai da mulher que traía essa amiga com o antigo marido; também descobre que ele, o amigo, é o assassino do pai dessa nova amiga. E ambos descobrem vínculos familiares profundos, onde cada um fez algum mal profundo para o outro ou para os seus. E vêem que todos precisam se reconciliar.
 
Lá na plataforma o orientador diz algumas coisas importantes:
 
1) Deus deu ao homem um livre-arbítrio total e exige que ele cumpra essa sua capacidade;
2) Os homens escolhem o seu destino e ao morrerem, se perdidos moralmente, vão para essa plataforma mas ficam do lado de fora, numa materialização horrenda de escuridão, trevas, solidão e dificuldades. Os que vão para o lugar melhor fazem incursões para tentar ajudar os sofredores e às vezes conseguem resgatar alguma alma penada.
3) Os homens reencarnam para poder evoluir em sua vida moral e em seu crescimento interior. No caso do filme, o homem que foi morto reencarna como filho do jovem que o matou; a mulher que gostava do homem velho assassinado pelo amigo reencarna e será esposa dele na próxima encarnação. E assim os espíritos ficam concentrados numa mesma família.
4) As plataformas espirituais concentram pessoas de uma mesma região. No filme todos eram paulistas. Subentende-se que há plataformas para nordestinos, para ingleses, africanos, e assim o planeta está repleto por milhares de mundos intermediários.
5) No final todos poderão gozar de uma evolução moral e espiritual, mediante sucessivas reencarnações, concentradas em castas de espíritos, que ora são mães, ora são filhas, ora esposas, ora amantes, e vice-versa com os homens. Reencarnarão quantas vezes forem necessárias e ao final subirão aos mundos superiores.
6) A religião ali guarda também as suas castas, mas estão separadas em plataformas fanáticas até que possam evoluir para um convívio universal.
 
Portanto, segundo o filme,
 
1) Não há Jesus no mundo do além, exceto em uma ou outra frase afirmativa, convidando as almas penadas para vir até Jesus. A soteriologia é inteiramente baseada no livre-arbítrio e no mérito humano, nas sucessivas reencarnações voluntárias ou impostas e o homem terá que evoluir sozinho, ainda que com a ajuda de espíritos já evoluídos que o ajudam lá e cá.
 
2) Todo mal moral e toda debilidade de caráter terá que ser reparada por si só e quantas vezes forem necessárias. E todos são filhos de Deus, independente do que fazem, estando apenas desajustados com os propósitos criativos, mas que no final alcançarão essa evolução.
 
3) Pessoas mortas voltam para sugerir na mente de familiares e amigos coisas que os ajudem a evoluir, e está subentendido que outros mortos não sobem e ficam amarrados aos locais de sofrimento ou de violência, e incitam o mal e o crime também. Cabe às pessoas discernirem esses pensamentos; muitas nem percebem tais sugestões, apenas lembram-se de seus mortos queridos ou de seus inimigos e associam alguns pensamentos.
 
4) O mundo do além é um mundo igual a este, porém ecologicamente correto, iniciado num baita hospital, com departamentos, faculdades, publicação de livros, tecnologia de filmagem, enfim, uma cópia tecnológica do hoje.
 
5) Os ciclos continuam ininterruptamente até que cumpram seus propósitos. Depois viram espíritos superiores e sobre esses nada se disse.
 
Custo a acreditar que a TV GLOBO, o TELE-CINE e tantas outras empresas, não apenas invistam culturalmente nessas produções (como fazem com os atuais artistas gospel) e mantenham uma fé velada nesses conceitos trasmitidos por supostos espíritos desencarnados aos grandes médiuns espíritas.
 
A minha conclusão sobre o filme e sobre toda essa teologia cardecista tupiniquim (de origem claramente brasileira):
 
1) Os homens criam tais teorias e as transmitem com a finalidade de confortar o tremendo medo do além e jorrar esperança num futuro incerto após a morte. São teorias fantasiosas ao extremo, que buscam iludir ou auto-iludir os seus seguidores, transformando a morte em um remédio necessário e bem-vindo.
 
2) Os homens desconhecem qualquer ação redentora de Jesus Cristo. Não há espaço para o PERDÃO COMPLETO, PLENO, IRREVERSÍVEL, conseguido na cruz pelo sacrifício de Jesus. O papel de Cristo foi o de transmissor de ensinamentos, não o de pagador dos pecados da humanidade. Não há como substituir o que cada um terá que pagar, não há como impedir uma evolução natural e pessoal de alguém.
 
3) Não há inferno definitivo. O que há é um estado temporário de acidez de caráter, de alma turbada e violenta, mas que ao longo do tempo evoluirá para uma alma boa. Nessa teologia o túmulo não é o fim e aos homens está ordenado morrerem várias e várias vezes, vindo depois disso a avaliação do que fez e a graduação do espírito. O inferno é uma projeção do mal pessoal, mas que será transformado.
 
4) Esta é uma construção tão fantasiosa, tão imaginativa, uma fábula tão bem engendrada que necessita de gente muito crente e muito crédula para segui-la. Mas conta com a força do inimigo do homem, Satanás, para a divulgação maciça e tecnológica, e faz adeptos nas mais variadas classes sociais, principalmente entre os mais cultos e mais ricos. Já os pobres mantém-se com fé similar, mas nas baixas doutrinas espíritas, as chamadas afro-brasileiras. Todas, contudo, excluem Cristo como Redentor, excluem um Céu como dádiva aos perdoados e salvos e mantém o homem escravo de um ciclo imenso de morte/readaptação/renascimento/morte/readaptação/renascimento. Um sistema que escraviza a alma a um "ecossistema espiritual" do tipo evaporação da água/formação de nuvens/chuva/penetração na terra/nascimento nas fontes/evaporação etc.
 
5) Essa fé e essa teologia não são nem reais e nem cristãs. Não são reais pois partem do material para o espiritual, sendo uma mera projeção social da mente dos intelectuais, criando um "admirável mundo novo" igual ao nosso, tão humano como foram humanas as mentes que o imaginaram. Uma fantasia linda e monstruosa, mas apenas uma fantasia. Não é real. Cada médium e cada espírito ensina um pouco diferente, explica o mundo além com uma vertente e então é necessária uma ginástica teológica para que os adeptos tenham uma parca idéia geral do que realmente os aguarda. Não é cristã porque Cristo não ocupa lugar algum nela. Ele é substituível. Ele é dispensável. Ele já passou. Ele é só um ícone, sem função alguma senão a de um grande espírito evoluído.
 
6) A Bíblia não tem papel algum nessa teologia. Não há valorização alguma dos fundamentos religiosos judaicos e cristãos. São equiparados a preconceitos de almas não evoluídas. O que conta são as revelações dos espíritos evoluídos, os "anjos", supostos homens que já não estão mais na plataforma, mas nas regiões superiores.  Isso nos dirige às seguintes conclusões:
 
a) A negação das Escrituras Bíblicas é o sintoma de sua falsidade. "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." (Is 8:20)
 
b) Suas revelações mediúnicas por "anjos" estão previstas e condenadas na Bíblia: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." (Gl 1:8); "Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema." (Gl 1:9)
 
c) Não há relação de compartilhamento ou de incursões nos mundos separados dos iluminados e dos escurecidos: "E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá." (Lc 16:26)
 
d) Não há transferências de estado e há punição eterna, para sempre, sem trégua ou perdão, não porque Deus não ame os punidos, mas porque não houve posse de arrependimento ou fé: "Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira." (Ap 22:15); "E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome." (Ap 14:11)
 
e) Não há segundo nascimento para uma segunda morte: "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo," (Hb 9:27). Quando Cristo fala sobre "novo nascimento" recebe de Nicodemos a pergunta: "como pode um homem nascer sendo velho? Voltará ao ventre de sua mãe?" Seria um bom momento para Jesus dizer: "sim, quantas vezes forem necessárias". No entanto Cristo desvincula esse novo nascimento da maternidade natural, ao dizer: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." (Jo 3:6).
 
f) O papel de Cristo não foi meramente pedagógico, não nasceu Ele para ser apenas um profeta. Ele nasceu para ser CRISTO, ou UNGIDO, ou MESSIAS, ou ENVIADO E PROMETIDO, rei e Salvador: "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." (Mt 16:16); "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou." (Jo 13:13); Ele é o próprio Deus encarnado: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Is 9:6)
 
g) Há perdão integral, imediato e completo para quem crê no Senhor Jesus Cristo, sem ter a necessidade de passar por reparações ou vidas que consertem os estragos anteriores. O ladrão na cruz, arrependido, exclama: "Lembra-te de mim quando vieres no Teu Reino"; ao que Cristo responde enfaticamente: "E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lc 23:43). Paulo afirma inspirado pelo Espírito Santo: "A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome." (At 10:43)
 
h) Não há outro caminho para a evolução final, pois a única evolução que existe para a alma humana encontra-se em sua regeneração em Cristo, quando somos feitos participantes da natureza divina. Fora de Cristo não há salvação: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12)
 
Minhas ponderações não exaustivas e completas, pois poderia citar centenas de outras argumentações que me fazem rejeitar o ensino de E A VIDA CONTINUA, ensino credenciado pela Federação Espírita Brasileira e apoiado pelas organizações GLOBO e por meio mundo de brasileiros. A minha fé em Cristo condiciona a minha fé em qualquer outra coisa. O meu parâmetro de julgamento não é o que eu acho, o que eu sinto, o que eu penso, o que eu imagino, o que o médium disse, mas o que Deus diz em Sua única e exclusiva revelação escrita, a Bíblia Sagrada, que é lâmpada para os meus pés, luz para os meus caminhos, que não pode ser cortada ou dissecada como uma rã em laboratório, aproveitando os pedaços que são favoráveis às minhas fantasias, mas ser crida, vivida e aceita integralmente, interpretada à luz de Cristo e de Sua obra.
 
Sim. A vida continua.
 
Mas não do jeito que Luiz Bacelli a interpretou e talvez, infelizmente, do jeito que imaginou em sua hora da morte na última segunda-feira.
 
A vida continua, ou no Céu para os remidos em Cristo, ou no Inferno, para os que o rejeitam.
 
Analisei com todo o respeito aos que crêem diferentemente. Ter opinião não é ofender pessoas mas debater e demonstrar idéias e construir reflexões. E as minhas continuarão fundamentadas nas Escrituras Sagradas e não nas vozes mediúnicas dos cardecistas.
 
São Paulo, Brasil, 27 de fevereiro de 2013
 
Wagner Antonio de Araújo

 


III. ) Divagações da Madrugada

01. ) OUÇA E PREPARE-SE
 
Não são raras as vezes em que Deus nos avisa sobre provas, dificuldades, desafios e turbulências que enfrentaremos. Ele nos fala de diversas maneiras, usa diversas ferramentas e jamais nos abandona.
 
Ocorre que quase sempre ignoramos a Sua preciosa voz. Solenemente conseguimos enganar-nos a nós mesmos e não prestamos atenção aos detalhes do caminho, às pequenas pistas que o Senhor, por amor, nos dá para que nos preparemos melhor para as crises.
 
Eu, como pregador, já preguei para mim mesmo sem saber. Preparei-me para levar a Palavra de Deus e, sem que eu percebesse, preguei uma mensagem absolutamente diferente daquela idealizada. Os resultados diante do auditório tornaram-se evidentes, mas não tanto para mim. Só fui perceber o quanto EU MESMO precisava daquela palavra dias depois! Esta experiência repete-se de tempos em tempos e creio ser o mesmo com outros pregadores.
 
Deus nos prepara. Deus nos avisa. Deus nos conduz à Sua vontade. Cabe-nos discernir a Sua voz das vozes alheias. Não foi assim com Samuel? Deus o chamava, mas ele pensava ser o sacerdote Eli. Quando aprendeu a ouvir a voz do Senhor, então pôde compreender e preparar-se para o trabalho. Não foi assim com José, o maravilhoso pai de Jesus? Atordoado pelos acontecimentos da gravidez de sua noiva e posteriormente pelos acontecimentos miraculosos ligados ao nascimento de Jesus, teve sonhos especiais, e nesses Deus lhe deu toda a orientação necessária. Não foi assim com Pedro na visão do grande lençol com animais, ou com Paulo ao ouvir o Senhor lhe dizer que não naufragaria com a embarcação, ou com Abraão ao ouvir diversas vezes a voz do Pai? Não foi assim que Felipe foi arrebatado para evangelizar um etíope ou que Ágabo descobriu que viria grande fome sobre o mundo de então?
 
Deus nos fala! O fez de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, e nos últimos dias nos falou por Jesus Cristo, o Filho! Também nos fala através da Palavra pregada, cantada, meditada, lembrada. Dizia o salmista que guardaria no coração a Palavra para não pecar contra Deus, e que ela, a Palavra, ser-lhe-ia lâmpada para os pés e luz para o caminho!
 
Deus usa as circunstâncias também: os missionários apostólicos tentavam ir para um lado, mas as circunstâncias mostravam que Deus não aprovava. Eliezer descobriu quem era a esposa para Isaque por causa das circunstâncias em que conheceu Rebeca. Davi iria justiçar seus homens pela maldade de Nabal, quando Abigail, esposa daquele, interveio com uma palavra sábia e iluminada. E Josias, o rei fiel, encontrou o caminho para a restauração espiritual da nação através do Livro da Lei encontrado no Templo!
 
Precisamos aprender a ouvir a voz de Deus. Então, nos nossos ouvidos, conseguiremos detectar a autêntica voz do Bom Pastor e segui-Lo sempre. A voz de Deus é clara, não traz confusão e não é como uma trombeta a dar sonido incerto; ela é única e absolutamente revelada nas Escrituras Sagradas. Aplicá-la para a hora e o momento certo é o que o Espírito Santo faz, mas precisamos de sensibilidade, atenção, consagração, submissão. A Voz nos fala, mas somente para "quem tem ouvidos para ouvir".
 
Peçamos a Deus ouvidos atentos, corações quebrantados e almas submissas. Assim estaremos sempre um passo à frente dos acontecimentos e nada, absolutamente nada, nos pegará de surpresa. O Senhor nos preparará para tudo!
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil


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