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IV. ) Lembranças Literárias
01 - PROCURA-SE UMA IGREJA
02 - O DIABO
03 - MEMÓRIAS DE UM PÚLPITO
04 - O PORÃO
05 - EM POUCAS LINHAS
06 - FOLHINHA DE OLIVEIRA

07 - QUEM SOU EU? 30/01/2013
08 - ESTIVE ORANDO ...
09 - DUAS SACOLAS
10 - ENCONTREI MEU NOME
11 - DEUS VIU - 01/02
12 - A MULHER SEGUNDO O CORAÇÁO DE DEUS
13 - AINDA SOU DO TEMPO

14 - DOUTOR TRÊS HORAS - 05/02
15 - E AINDA ESTOU AQUI... 12/02
15 - A FROTA
16 - A CARA DA IGREJA - 13/02
17 - QUANDO TUDO PARECIA PERDIDO...
18 - PEREIRA E PEDRO - 15/02
19 - ERA UMA VEZ PAULO, OU QUEM QUER QUE FOSSE... (20/03
20 - COMUNHÃO COM DEUS
21 - HONRANDO AS CÃS - 22/02
22 - DESAFIO PARA OS CRENTES - 27/02
23 - Constrangedor - 28/02
25 - CAMINHANDO NO PASSADO...
26 - O ABECEDÁRIO DE DEUS
27 - O PASTORZINHO E SEU DUELO- 04/03
28 - SE EU MORRESSE AMANHÃ
29 - LAVE O ROSTO- 05/03
30 - MEU PEQUENO JASON
31 - DE QUEM É O PROBLEMA?
32 - PUREZA
33 - AGORA!!!
35 - JOVENS NA DIREÇÃO DE DEUS...
36 - MALDIÇÃO DE CRENTES
37 - IGREJAS SADIAS PREGAM A SALVAÇÃO
38 - RECORDAÇÕES DE PORTUGAL - narrativa da viagem de 2005
39 - ... E JOÃO NÃO VEIO ...
40 - UMA SURPRESA NAS PESQUISAS - conto missionário
41 - EU SORRI EM SÃO PAULO - conto missionário
42 - POSSO OU DEVO?
43 - CATÓLICO ROMANO
44 - 12 DE OUTUBRO - DIA DA IDOLATRIA DO BRASIL
46 - ENTÃO PENSO ... E ME LEMBRO
45 - QUE VERGONHA!
47 - O QUE SE ESPERA DE UMA CONVENÇÃO?
48 - BATISTAS "PAZ E AMOR" 16/03
49 - AÇÕES DE UM CRENTE VERDADEIRO
50 -
SENSO DE EMERGÊNCIA - 28/03
51 - JESUS - UMA VIDA SEM IGUAL
52 - JESUS - UMA DOR SEM IGUAL
53 - JESUS - UMA MORTE SEM IGUAL
54 - ESTOU ENOJADO
55 - NÃO SE TRAIA!!!
56 - USE O QUE TIVER RECEBIDO
57 - ESTOU ENOJADO - 04/04
58 - ESTOU ENOJADO 2 - 07/04/2013
59 - "MOÇA, POR FAVOR..."
60 - BÊNÇÃOS DURADOURAS
61 - O TELEFONE TOCOU ...
13/04
62 - COMEÇAR DE NOVO
63 - A MORDIDA DO LEÃO 15/04/2013
64 - SEMEANDO SEM CESSAR
65 - JESUS - UMA RESSURREIÇÃO SEM IGUAL
66 - DE QUE TIPO SOU?
67 - ORA
68 - ABRE A BOCA- 20/04
69 - AMIGOS
70 - OBRIGADO, SENHOR, PELO "NÃO"!
71 - O QUE EU FIZ COM O MEU DIA - 26/04
72 - TUDO É ESPETÁCULO
73 - PALAVRAS MEDICINAIS
74 - TÍTULOS VAZIOS
75 - DE VOLTA À SALA
76 - UM VELHINHO, UM VIOLÃO - 04/05
77 - SERMÃO: UNIDADE NA DIVERSIDADE...
78 - DIVAGAÇÕES PÓS-TUDO - LEMBRANDO DE ELZIRA BONFANTE - No. 01
79 - QUATRO MESES - LEMBRANDO DE ELZIRA BONFANTE - No. 2
80 - ELZIRA BONFANTE - UM ANO LONGE DELA...
81 - ATÉ EU TE DEVO...18/05/2013
82 - A MELHOR HORA


 

01 - PROCURA-SE UMA IGREJA
 
Procura-se uma igreja que use a Bíblia Sagrada do jeito que era usada no passado não muito distante. Que use a Bíblia como revelação de Deus. Aliás, uma boa bíblia tradicional e FIEL, e não as publicações "à la carte" (bíblia para idosos, para jovens, para gays, para empresários, etc.). Não importa que tenha capa preta e letras de tipos antigos. Não importa que uma ou outra palavra precise ser consultada no dicionário.

 
Afinal, a Bíblia deve servir também para aprimorar os conhecimentos de seus leitores. Que use a Bíblia acreditando nela. Confiando em seus escritos, linha por linha, letra por letra. Que creia em sua inerrância e em sua total confiabilidade. Que a use no púlpito, não por pretexto para eventos sociais, políticos ou comerciais, mas como a Palavra de Deus, revelação divina para todos os povos.
 
Procura-se uma igreja que tenha púlpito. Sim, porque o tablado das igrejas tem abrigado toda sorte de coisas, menos um púlpito. Lá encontram-se baterias, guitarras, pandeiros, atabaques, porta-microfones, câmeras, luzes, castiçais de Israel, óleos de Jerusalém, cartazes comerciais, "links" ao vivo para a TV e Internet, mas dificilmente se encontra um púlpito. Para aqueles que não estãofamiliarizados, púlpito é aquele móvel que os pastores antigamente usavam para colocar as suas bíblias e pregar a Palavra de Deus. Usualmente era colocado no centro da plataforma, numa disposição que alcançasse todos os presentes, ou mesmo em um dos lados, no alto. O lugar era mais ou menos aquele onde estão os "levitas" ou os animadores do "auditório gospel". Encontram-se muitos desses móveis antigos nos "museus eclesiásticos".
 
Procura-se uma igreja com templo. Não precisa ser um grande templo, nem um pequenino templo. Não precisa ter torre, relógio e cruz, nem tampouco ter um órgão de tubo e um vestíbulo. Apenas um templo, um lugar reservado para adoração a Deus, um lugar onde as pessoas se consagrem para a oração, a meditação, o respeito e a dedicação a Deus.  eralmente encontram-se ex-templos onde hoje estão casas lotéricas, açougues, mercados ou agências bancárias, porque as igrejas que os usavam acabaram por alugar grandes auditórios, cinemas, fábricas, pizzarias ou ginásios esportivos. O templo tornou-se tão obsoleto quanto a adoração tradicional bíblica. O templo não era adequado para a atual "aeróbica cristã", que faz com que os participantes suem tanto quanto uma boa aula de ginástica. Procura-se uma igreja que tenha um templo, seja de tijolos, de barro ou de bambus, mas que seja "Casa de Oração", lugar de adoração, de reverência, de alegria espiritual, de encontro com Deus. Se for grande, muito bom. Se for pequeno, bom também. Se tiver ar condicionado, ótimo. Caso contrário, não haverá problema, desde que o povo tenha consciência de que "a minha casa será chamada CASA DE ORAÇÃO". (citação das palavras de Jesus em Mateus 21.13).
 
Procura-se uma igreja que cante hinos. Uma igreja que ainda ouse usar um "Cantor Cristão", um ""Hinário para o Culto Cristão", um "Hinário Evangélico," um "Melodias de Vitória", um "Salmos e Hinos" ou outro hinário que contenha as preciosidades da hinódia evangélica. Uma igreja que ouse cantar coisas que vão de encontro à música chamada "do momento", e ao encontro do coração de Deus, em adoração firmada em verdades da Palavra do Senhor, e não em palhas e restolhos de emoção fútil. Uma igreja que ainda use os hinos publicados em forma de livrinho, não apenas um retro-projetor com transparências, que priva as pessoas de levarem a letra para casa e estudá-la, decorá-la, entoá-la em sua devocional particular. Uma igreja que cante "Rocha Eterna", "Fala, Deus", "Bendita a Hora de Oração", "Vamos à Igreja", "Já Refulge a Glória Eterna", "A Doce Voz do Senhor", "Tu és Fiel", "O Rei Está Voltando", "Grande é Jeová", etc. Uma igreja que embase o que canta na Palavra de Deus, rejeitando cânticos que não têm razão de ser, como os que dizem que Deus está "passeando" (estaria Ele de férias?) "Agarre as penas das asas dos anjos" (seriam eles galinhas despenando?), "Dá-me a mão e meu irmão serás" (é tão simples assim? Nem de Cristo se precisa?). Uma igreja que não tenha um "hit parade", ou um índice das "10 mais de hoje", mas cante coisas de ontem, de hoje e de sempre, concretas, profundas e permanentes.
 
Procura-se uma igreja de gente renascida. Não reencarnada, pois reencarnação não existe (cf Hebreus 9.27). Mas uma igreja de gente que foi regenerada pelo novo nascimento, através de sua conversão a Cristo (Cf. João cap. 3 e II Co 5.17). Uma igreja que abre as portas para o povo do mundo, mas coloca um aviso: "o pecador é bem-vindo; o pecado não!". Uma igreja que tenha gente que leve a sério o que aprende, que pratique o que ouve ser pregado, que procure ser "luz do mundo" e "sal da terra", que manifeste as "virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". Uma igreja de gente que não fume. Gente que não beba álcool. Gente que não use drogas. Gente que não fale palavrões. Gente que não seja escravizada pelo entretenimento, que não toma a forma do mundo, mas que renova dia a dia o seu entendimento pela Palavra da Verdade. Uma igreja que não tenha receio de firmar posturas indigestas à maioria das outras igrejas, como exigir de seus membros uma vestimenta decente, um namoro moralmente aceitável, um casamento que possua "leito sem mácula", uma fraternidade construtiva, cidadãos cumpridores de seus compromissos, crentes honestos em suas transações. Uma igreja que pregue o que é certo e viva o que pregue.
 
Procura-se uma igreja que tenha amor não fingido. Uma igreja que não faça acepção de pessoas. Que não faça uma entrada "só para automóveis", para evitar que crentes pobres ou sem condução congreguem ali. Uma igreja que não coloque os crentes bem sucedidos nos bancos da frente, e reserve os últimos assentos para os pobres e os inexpressivos socialmente. Uma igreja que não dê assistência apenas para os que têm polpudos salários, desprezando os que contribuem apenas com três míseras moedas de centavos. Uma igreja que não trate seus membros pelo grau de instrução, dignificando o douto e desprezando o inculto, uma igreja que use de amor, misericórdia e atenção para com todos. Uma igreja que não tenha duas leis, dois pesos e duas medidas, disciplinando severamente os que não fazem diferença no orçamento mensal, e encobrindo os adultérios, as desonestidades, as falcatruas, as maledicências e os muitos pecados dos mais ricos. Uma igreja que não coloque um político no púlpito e uma pobre velhinha malcheirosa no canto, junto à porta de saída.
 
Procura-se uma igreja que tenha pastor. Mas não um pastor do tipo "profissional da área religiosa", mas "profissional da área celestial". De preferência um pastor que não tenha especialização em vendas, "tele-marketing", venda de consórcios ou carnês do baú. Também não precisa ser especialista em análise de mercados e doutor em planos mirabolantes de crescimento de igreja. Procura-se uma igreja cujo pastor esteja mais interessado em pastorear cada um como um filho, do que contar cada um como um número. Esse pastor poderia ser até de origem humilde, sem o grau de "latus census" ou "restritus census". Que tenha apenas "bom census" de levar a sério o seu chamado de "ganhador de almas, amigo do rebanho, pregador da Palavra, intercessor em oração pela sua comunidade, porta-voz da sã doutrina, líder respeitado, manso e cordato", porém, peremptório em suas afirmações. Um pastor que tenha cara de pastor, coração de pastor, postura de pastor, vida de pastor.
 
Que use a Bíblia, não o "manual de igrejas do sucesso" ou "plano de restauração do propósito do discipulado dos grupos da unção" , ou quaisquer outras inovações evangélicas que estejam em alta BMIF - Bolsa de Mercadorias de Igrejas com Futuro. Procura-se um pastor que esteja de joelhos diante do Pai, pois é a única forma de não cair; um pastor que sorria com os que sorriem, chore com os que choram, que visite o pobre, e também o rico; que ame o bonito, e acolha também o feio; que se importe com a dor de um idoso e com a alegria de um jovem. Um pastor que diga a verdade, pela bíblia, doa a quem doer, sem, contudo, jamais perder a ternura. Um pastor que não busque a glória dos homens, mas a glória de Deus; que não esteja de olho nas recompensas terrenas, mas nas celestiais. Um pastor que saiba ser homenageado, rendendo glórias a Deus, e saiba também resignar-se quando for esquecido. Um pastor segundo o coração de Deus.
 
Procura-se essa igreja.
 
Aos que souberem do seu paradeiro, favor ligarem para os crentes de bom senso, notificando o achado. Talvez não restem muitas dessas por aí. E me avisem também, para que eu saiba para onde ir, se acaso precisar".
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo
= =
bom, preciso da ajuda dos amigos que recebem os meus textos.
por incrível que pareça, não tenho todos os meus textos...
lembro-me de ter escrito um, onde usei, em seu corpo, a expressão "que evangelho é esse que ..."
certamente era algo apologético, alguma denúncia contra a apostasia, mas não me recordo
em que artigo está.
sei que há amigos que colecionam e lêem.
assim, se puderem me informar onde foi que leram isso, em que artigo,
ficaria grato.
 
seria cômico, se não fosse trágico: eu realmente não me lembro!
obrigado!
Wagner Antonio de Araújo
bnovas@uol.com.br
= =



02 - O DIABO

 
QUEM É O DIABO?
 
Que evangelho é esse? Que igreja é essa? Os noticiários mostram pastores indiciados por levarem propinas de casas lotéricas, envolvendo-se em ilícitos na política brasileira.
 
Igrejas crescem astronomicamente, mas os seus membros não conhecem a Deus, não dão valor aos visitantes, não vivem o que pregam.
 
Que igreja é essa, que se instala num lado da avenida como uma mega-igreja, e, no outro, concorre com ela mesma, com um templo maior ainda!
 
Que povo é esse, que inventa a cada dia novas modalidades de culto, como a unção zoológica, o urinar para demarcar territórios, soprar para receber o Espírito Santo, tocar chofar ou comer gafanhotos e vestir-se de couro...
 
Há três inimigos da vida da igreja de Cristo, que são: O MUNDO, A CARNE E O DIABO. Queremos conhecer quem é o Diabo.
 
Quando Deus criou todo o Universo, não o fez para ser um caos, vazio (Isaías 45.18).
 
Deus criou o mundo para ser admirado, e para que o Seu nome fosse louvado.
 
Diz a bíblia que, ao criá-Lo, os filhos de Deus rejubilavam (Jó 38.7). Esses filhos de Deus não eram os homens, criados muito tempo depois, mas os anjos.
 
Um deles era especialmente poderoso, e seu nome era “Anjo de Luz”, “Querubim da Guarda”, comparado e chamado também de “Rei de Tiro” (veja-se Ezequiel 28).
 
Apesar de não haver um texto que especifique tal enredo, entendemos que houve uma batalha no Céu (Apocalipse 12.7), quando Lúcifer (anjo de luz) levou um terço da corte angelical consigo (Apocalipse 12.4).
 
Desde então, parte desses anjos caídos passou a estar guardada no abismo para o julgamento (Judas 6), e outra parte espalhada pela atmosfera e o universo (Efésios 3.10).
 
Lúcifer e seus anjos caídos passaram a ser conhecidos como demônios.
 
Ele, especificamente, foi identificado como Satanás (Jó 1.14), pai da mentira (João 8.44), Apoliom e Abadom (Apocalipse 9.11) O significado dessas palavras é inimigo, adversário, maligno, tudo o que não presta.
 
Ainda que tenha se tornado demônio e seja maligno, Lúcifer e seus anjos caídos mantiveram a hierarquia militar que existia quando eram do céu.
 
Há no céu um escalão angelical, onde encontramos pelo menos um arcanjo, que são é chefe dos anjos, e a expressão “Senhor dos Exércitos”, que identifica a corte angelical como uma gigantesca força militar.
 
Quem é o nosso inimigo chamado Satanás?
 
O maligno está hierarquizado numa estrutura muito bem montada.
 
Ele, Lúcifer, não está fisicamente entre nós, mas se faz representar pelos seus subalternos.
 
Somente no cumprimento das últimas profecias é que Satanás se envolverá com a raça humana, através das duas bestas e do anticristo, ambos mencionados no livro do Apocalipse.
 
Satanás é o cabeça, o chefe, o mandatário, o pior.
 
Jesus o chama de “pai da mentira”. (Jo 8,44), “príncipe deste mundo” (João 12.31). Paulo o indica como “o deus deste século” (II Coríntios 4.4).
 
Isso me faz pensar no esnobe povo evangélico, que pendura placas em várias cidades do país, dizendo “O Brasil (ou a cidade) é do Senhor Jesus – povo de Deus, declare isso”.
 
Frase muito bonita. Mas seria verdadeira? Jesus declarou peremptoriamente: “O meu Reino não é deste mundo” (João 18.36). Teria Ele mudado? Morreram em vão os mártires, que ansiavam por um novo mundo, um lar onde nem a morte, nem a doença, nem a injustiça, nem a idolatria, nem o pecado existissem?
 
Certamente que Jesus não mudou.
 
Ouçamos o que nos diz a bíblia sobre a hierarquia satânica. Leiamos Efésios 6.12:
 
“pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os dominadores/príncipes deste mundo tenebroso, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.”
 
O primeiro escalão de poderes no império do mal é chamado de PRINCIPADOS.
 
Equivale ao presidente de um país, ao rei de uma nação, ao líder máximo de um povo.
 
Trata-se do demônio de mais alta patente dentro de uma área geográfica ou de um povo étnico. Isso é o que concluímos com as citações do Anjo Gabriel, que, ao ser portador das respostas das orações de Daniel, afirmou que o Príncipe da Pérsia havia lutado contra ele, que o Príncipe da Grécia lhe faria outra guerra, e que só Miguel, o Príncipe de Judá, ficou e ficaria do seu lado.
 
Que príncipes são esses? São anjos que governam, e, no caso, anjos malignos que governam sobre um povo e fazem oposição aos príncipes bondosos, que são os anjos não caídos (veja-se Daniel 10.13,20,21).
 
Tais principados são os piores inimigos de um povo, e que possuem autoridade destrutiva sobre ele. Assim como um presidente, coordenam, de forma organizada, tudo o de ruim que acontece naquela região ou com aquele povo: seus seqüestros, seus pecados, suas mortes, suas interpéries climáticas, sua cultura, sua sexualidade.
 
Seu objetivo: fazer o povo perder-se e levá-los todos para a condenação eterna. Eles estão diretamente subordinados a Satanás e são de poder incalculável, menor apenas (malignamente falando) ao poder de Lúcifer.
O segundo escalão de poderes é chamado de POTESTADES.
 
Assim como um presidente possui o seu ministério, os PRINCIPADOS também colocam responsáveis em cada área de atuação sobre aquele povo e/ou sobre aquele país.
 
No Brasil temos o Ministério da Cultura, Ministério da Ação Social, Ministério do Trabalho, etc. No maligno temos as potestades que cuidam da perversão sexual, da injustiça social, das tempestades e catástrofes naturais, dos levantes e escândalos públicos, da sedução política, etc.
 
São poderosíssimos seres espirituais, diretamente subordinados aos PRINCIPADOS.
 
O terceiro escalão de poder é chamado DOMINADORES DESTE MUNDO TENEBROSO.
 
Tais seres são demônios subordinados às POTESTADES, responsáveis em áreas específicas de malignidade, como demônios destruidores de cidades inteiras, especializados em fomentar a jogatina, a perversão sexual, o roubo, os assassinatos, etc.
 
Esses seres, menores que as potestades, são os líderes mais manifestos nos cultos malignos, chamados “orixás”, “exus”, ou, no alto espiritismo, chamados de “guias espirituais”, com nomes famosos, inspiradores de grandes escritores esotéricos.
 
Eles têm sob sua autoridade muitos e muitos soldados rasos, muitos e muitos subalternos, muitos e muitos demônios.
 
O quarto e último escalão é denominado HOSTES ESPIRITUAIS DA MALDADE.
 
Esses são os demônios comuns.
 
Esses são os que infestam as pessoas endemoninhadas, uma das quais possuía em si algo em torno de 2 mil deles! (veja-se Marcos 5.13).
 
Esses são os trabalhadores braçais, os que encaram corpo-a-corpo os seres humanos.
 
Esses são as assombrações, os fantasmas, os espíritos dos centros, os “pretos velhos”, os “caboclos”, os “guias” dos gurus, etc. Esses são os trabalhadores braçais do maligno.
 
O seu número é de milhões e milhões, um terço dos anjos originais.
 
O seu poder é limitado e há uma ordem divina para que nós, os cristãos, os expulsemos (Marcos 16.17).
 
Todo crente legítimo tem poder de expulsar demônios.
 
Como combater Satanás? Como combater todos os demônios de sua hierarquia, já que eles são muito mais fortes do que nós?
 
01) O Espírito Santo habita em nós, e o Espírito Santo é o próprio Deus (I Coríntios 3.16). Maior é o Espírito do Senhor do que o poder que está no mundo, do que o poder das trevas. (I João 4.4)
 
02) O Maligno não pode tocar num crente em Jesus Cristo, não pode penetrá-lo, invadir a sua alma (I João 5.18). Portanto, se alguém quiser expulsar o demônio de você, expulse ele, porque é um mentiroso e sua doutrina é maligna (II Jó 10-11).
 
03) Mas é possível um crente tornar-se frágil e vítima dos ataques de Satanás, de fora para dentro, ou seja, Satanás nos tenta e caímos, perdendo o poder espiritual, a integridade moral, deixando de fazer escolhas corretas e iluminadas pelo Senhor. A bíblia nos diz para não darmos lugar ao Diabo (Efésios 4.27), nos diz para vigiarmos e orarmos para não cairmos em tentação (I Pedro 5.8).
 
04) Só existe uma maneira de vencer, e ela está resumida em Tiago 4.7: “SUJEITAI-VOS A DEUS, MAS RESISTI AO DIABO, E ELE FUGIRÁ DE VÓS”.
 
A vitória contra Satanás é simples, nós é que complicamos.
 
As armas são redondas e o caminho é muito claro.
 
O diabo não liga para gritarias, ameaças, shows cheios de emoções, palavras de determinação, efeitos especiais, nada disso.
 
Entretanto, quando um crente é obediente, quando um crente guarda os mandamentos de Jesus, ah, daí ele não suporta e não é capaz de resistir ao poder de Cristo, à luz da vida que brilha no coração dessa pessoa.
 
Leia João 14.,21 15.10. Veja o quanto o Senhor Jesus Cristo valoriza um servo obediente! Por isso, para se obter vitória contra o inferno, há de se ter obediência aos mandamentos de Jesus, ao lado de uma vida piedosa, de oração, leitura bíblica, dedicação financeira, comunhão na igreja e perseverança no testemunho.
 
Que Cristo vença a cada dia em nossas vidas!
 
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ACAMPAMENTO DE CARNAVAL 2004 DA
 
PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE LAUSANE PAULISTA, SÃO PAULO, SP
 
PRELEÇÕES DO PR. WAGNER ANTONIO DE ARAÚJO
 
 
 
1ª. PALESTRA – dia 21 de fevereiro de 2004

 

 



 03 - MEMÓRIAS DE UM PÚLPITO

 
" 03 de setembro de 1978 -
 
Hoje eu nasci. Eu era uma árvore frondosa junto à floresta da Amazônia. Estava no caminho das máquinas que arrumavam a estrada que construiram. Então me cortaram. Pensei que seria o meu fim. Levaram-me para a a madeireira e fizeram de mim uma prancha bem trabalhada. Fui para São Paulo, num estoque gigantesco de madeiras. Fiquei 3 anos ali. Na semana passada vieram me buscar. Levaram-me para uma marcenaria. Cortaram-me, colaram-me,  pregaram-me e transformaram-me num púlpito de igreja. Disseram que serei muito útil nos trabalhos de Deus. Fico feliz. Fiquei muito bonita, aliás, muito bonito, pois agora não sou mais A TÁBUA, mas O PÚLPITO. Vamos ver o que me acontece..."
 

" 09 de setembro de 1978 -
 
Acabo de chegar à igreja. Nossa, que lugar grande! Eles estão terminando o templo e vão inaugurá-lo amanhã. Todos os bancos novinhos em folha, o chão com revestimento de ardósias, o teto com lindo forro de gesso. Acho que será uma festa e tanto! ..."
 

" 10 de setembro de 1978" -
 
Agora descobri para que sirvo. O pastor coloca a bíblia sobre mim, mantem-na aberta num trecho e prega o que está escrito. Que honra servir a Deus desse jeito! Parece que todos gostaram de mim! No final do culto muita gente veio até mim e deu toques com a mão, falando da beleza do acabamento, da qualidade da madeira, do quanto combinou com os bancos, etc. Estou muito satisfeito! Colocaram um montão de bíblias e folhetos no armário que está dentro de mim. Também resolveram guardar microfones e cordas de violão. Sou polivalente! ..."
 

" 05 de junho de 1982 -
 
Estamos em conferências aqui na igreja. Uns pastores americanos foram convidados para pregar. Eu já estou conhecendo bem as Escrituras Sagradas. Também, pudera: dia após dia ouço o pastor e os pregadores que se sucedem. Até critico os pregadores! Tem uns que são ótimos. Outros, porém, percebo que estão enrolando, ou apenas apelando às emoções. Mas está sendo ótimo este evento..."
 

" 04 de julho de 1984 -
 
É mês da mocidade. O culto desta manhã foi dirigido por eles. Um rapaz magrinho, de 16 anos, foi convidado para pregar. Nossa! Ele tem futuro! Já faz pose de gente grande, ele realmente leva jeito de pregador! Gostei. A mocidade está de parabéns. Espero que muitos novos talentos apareçam aqui. Terei prazer em auxiliá-los!..."
 

" 10 de maio de 1991 -
 
A igreja está trocando de pastor - Parece que houve um problema com o anterior e eles resolveram aceitar o seu pedido de exoneração. Eu gostava tanto dele! Apesar de que muitas vezes apanhei: ao pregar, ele dava uns socos em mim, frisando alguns textos. Eu agüentava, era pra Deus! Mas agora ele foi embora. Que triste. Espero que o outro seja tão bom quanto este..."
 

" 18 de agosto de 1996 -
 
Cinco cupins tentaram entrar na minha base hoje à tarde. Eles sairam em revoada de primavera, perderam as asas, cairam no chão e foram devorar as minhas bases. Graças a Deus eles sentiram o gosto do veneno que colocaram em mim quando me fizeram. Ficaram tontos e foram embora. Falei como o pastor: "Yess!...". Ou como o presidente dos jovens: um a zero pra nós!..."
 
" 03 de janeiro de 1998 -
 
Hoje eu servi de pedestal para bebês: o pastor apresentou o primeiro bebê nascido neste ano. Colocou-o sobre mim. Que ternura! Quase que o bebê me molha, mas foi ficou só no "quase". Estou feliz! Como me sinto útil no trabalho do Senhor!..."
 

" 15 de novembro de 1998 -
 
Estou sentindo algo estranho. O pastor é meio esquisito, parece que não gosta de mim. Outro dia, quando ele foi me usar, disse: "porcaria de tranqueira que só ocupa espaço..." O microfone estava desligado, mas eu escutei em alto e bom som. O pessoal daqui não estã mais me usando como antes. A criançada cresceu, virou adolescente, e agora toca muito bem os instrumentos. Mas o pastor acha tão bonito, que diz não haver necessidade de pregação, e manda colocar-me de lado, cobrindo-me com a toalha da mesa de Ceia. Estou achando estranho, mas, tudo bem. Deve ser uma fase..."
 

" 7 de fevereiro de 2000 -
 
Hoje aconteceu um acidente. Colocaram-me no centro da plataforma novamente (fazia meses que eu ficava no canto, utilizado só uma vez por mês). O pregador era de fora. Sempre colocam um copo com água para que o visitante beba. Parece que os pregadores agora ficam roucos (quando vim pra cá não tinha dessas coisas!). Só que, na hora em que ele foi dar um tapa na bíblia e, conseqüentemente em mim, ele derrubou o copo e a água caiu. Penetrou toda em meu interior. Ah, meu Deus! Senti um pequeno estufamento na parte superior. Espero que seja passageiro e que amanhã eu volte ao normal..."
 

" 23 de outubro de 2000 -
 
Estou encostado na parede do batistério da igreja há 3 meses. Eles não me usam mais. A plataforma serve agora para instrumentos musicais e para as pessoas que chegam chorando. O auditório da igreja mudou muito! Eles pulam tanto durante o culto que chegam a suar! Depois choram; eu não entendo! Se sofrem tanto, por que fazem? Tenho saudades do meu tempo de ser usado como apoio dos pregadores! No meu armário as bíblias estão cheias de traças. As cordas de violão enferrujaram (só usam instrumentos elétricos agora). Tenho duas hóspedes: uma barata, que está com um ninho repleto de ovos, e uma aranha, que adormeceu e há mais de um mês não acorda. Vamos ver o que acontece..."
 

"02 de janeiro de 2001 -
 
Colocaram-me no porão. Dizem que a igreja tem que se modernizar, que não há lugares para velharias. Seria meu novo nome? "Velharia"? Prefiro ser chamado de púlpito. Aqui eu divido o espaço com o órgão, com pedestais usados, com uma pilha de hinários antigos, com as roupas do coral, e com bastante poeira. Às vezes aparece um casal de namorados procurando alguma privacidade, ou um irmão buscando refúgio para oração. Mas a maioria do tempo a porta permanesse trancada. É tão escuro e monótono! O que vão fazer comigo?..."
 
" 28 de novembro de 2001 -
 
Fui desmontado a golpes de martelo, marreta e pé-de-cabra. Esfolaram meu acabamento. Quebraram meus encaixes. Colocaram-me numa carroça de um homem chamado "catador de lixo". O que será que farão comigo?..."
 

" 05 de dezembro de 2001 -
 
Estou numa grande pilha de madeiras velhas. Encontrei pedaços de uma árvore lá da Amazônia, ficava pertinho da minha copa. Que saudade! Mas saudade mesmo estou da igreja. Será que virão me buscar? Irão me reformar? Disseram que eu serei "reciclada". O que viria a ser isso? Espere: estou vendo uma coisa.... Estão pegando as madeiras da pilha ao lado e ateando fogo! Deixe-me escutar o que eles dizem: "Tião, pode queimar essa pilha toda, porque não presta pra nada! ..." Era isso que chamavam de "reciclagem"? Acho que estou correndo perigo!..."
 

" 21 de dezembro de 2001 -
 
Hoje eu morri queimado..."
 

FIM.
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo


04 - O PORÃO
 
- Telefone pra você, Caio!
- Já estou indo, mamãe! - Caio corre até o telefone, para atender ao Renan:
- Olá, Renan! E aí, tudo certo pra daqui à pouco?
- Sim - responde Renan - Já estou com o jornal do meu pai e o almanaque dos países europeus. Em meia hora estarei aí. Caio, a Vivi já confirmou?
- Não, Rê, vou ligar pra ela agora. Até mais!
- Até.
Caio pega o seu caderno de escola, abre na última página e vê o telefone das garotas da "8a. E", a sua classe. Ele é um garoto muito bonito, e, como tal, cheio de pretendentes para daqui alguns anos.
- Vera, Vilma, Vitória, humm..... tá aqui: Vivi: 7896-7644.
Está tocando. Ela atende:
- "Oi, aqui é a Vivi. No momento não posso atender. Mas deixe o seu nome e o seu número de telefone que em breve ligarei. Obrigado..."
Caio sabe que ela está lá e grita:
- Vivi, pare de ser chata, atende o telefone! Vivi! Vivi! VIVI!!!
- Não precisa gritar, eu não sou surda! - responde Vivi - o que você quer?
- Tudo certo pra daqui à pouco?
- Tudo. A Sheila já fez a lista do pessoal da classe e eu do pessoal da igreja.
- Ótimo. Agora só falta confirmar com o Cássio...
Toca a campainha. Caio diz:
- Tá confirmado, Vivi, o Cássio chegou. Te vejo daqui a 20 minutos.
- Tudo bem. Até.
Caio recebe Cássio:
- E aí, Cacá, tudo bem? Trouxe?
- Claro! - ele mostra uma fita de videocassete. - Gravei o jornal da tarde. Tem tudo que a gente precisa.
- Ótimo. MAMÃE, a gente pode ir pro porão?
- Não façam bagunça, que eu não sou empregada de vocês pra ficar arrumando a casa todo dia...
- Tudo bem, mãe!
Os dois descem. São 15 degraus até lá, um porão subterrâneo, que o seu pai tinha construído pra guardar as tranqueiras, mas que Caio, com muito custo reinvindicou para si como o QUARTEL GENERAL. O pai protestou, mas decidiu deixar seu filho usá-lo por enquanto.
Um porão bem arrumado, bem rebocado e pintado, com respiração direta do quintal lá em cima. Na parede um grande mapa-mundi, na outra fotos de crianças da Índia, Etiópia, Guatemala e favelas. Na outra uma cartolina toda marcada, com os dias da semana anotados à caneta. ao redor da mesa cinco cadeiras, quatro cadernos e quatro bíblias velhas.
- Só falta a Vivi, a Sheila e o Renan chegarem, Caio.
- É. Hoje temos muito o que fazer! O General conta conosco e nós não podemos falhar em nossa missão!
Ouvem-se passos pela escada. Os garotos olham ansiosos: são os dois coleguinhas, Renan e Viviane.
- E aí, galerinha? Chegamos! A Sheila não vem, viu? Ela teve que sair com a mãe dela comprar um peru pro Natal.
- Que vocês chegaram já deu pra perceber! Agora, que chato que a Sheila não pode vir! - Diz Cássio.
Cada um procura a sua cadeira ao redor da mesa. Levantam plaquinhas de identificação junto de si. As plaquinhas foram feitas pelo irmão da Viviane. São bonitas, parecem da Marinha Americana. Seus dizeres:
* Cáio: Comandante
* Viviane: Serviço Secreto
* Renan: Inteligência
* Cássio: Conselheiro
* Sheila: Comunicações
Caio toma a frente e começa a reunião:
- Pessoal, estamos com uma missão urgente! A Argentina entrou em colapso, as pessoas perderam o emprego, vão passar um péssimo Natal, as crianças estão tristes e o governo está perdido. O mundo está preocupado e precisamos fazer alguma coisa específica hoje!
- Concordo - Diz Renan.
- Eu também, fala Vivi. Cássio só acena com a cabeça.
Caio então passa a palavra a Vivi. Ela diz:
- Gente, eu fiquei sabendo que em nossa classe tem 4 alunos que estão sendo obrigados pelos pais a freqüentarem um centro de umbanda, e estão desesperados, porque detestam aquilo! Eu tenho falado de Jesus pra eles e parece que estão aceitando a mensagem!
- Nossa, Vivi, que situação terrível! Os pais não podem obrigar os garotos a se envolver com os demônios! Temos que falar com o General!
- APOIADO! - gritaram todos.
A seguir o Renan abre o almanaque que trouxe, abre no verbete AFEGANISTÃO e diz:
- Pessoal, o país é pobre, tem muitas tribos, eles não têm o que comer, a Rússia voltou lá pra ajudar na alimentação e eles não permitem que se abram igrejas no país. Temos que falar com o General!
Mais um APOIADO!
Cássio então coloca a sua fita no velho videocassete do porão e todos passam a assistir o Jornal da Tarde. No programa, todas as reportagens nacionais e internacionais. Tiroteios, crianças com fome, governos opulentos, idolatria, comemorações natalinas mundanas, os gols do Ronaldinho na Itália.
Caio diz:
- Renan, hoje é a sua vez de falar com o General.
- Tudo bem. Todos em posição de sentido!
Então, com as cabecinhas abaixadas, mãos em posição de oração, todos acompanham as palavras desse garoto de 11 anos:
- Jesus, aqui é o Renan. Aqui comigo estão Caio, Viviane e Cássio. O Senhor vai bem? Que bom, porque a gente sabe que o Senhor está ótimo. Jesus, precisamos de sua ajuda. A Vivi vai falar sobre o problema da Argentina:
Vivi, com a cabeça abaixada e olhos fechados, diz:
- Senhor, eles estão sofrendo muito! As crianças estão sem comida, seus pais sem emprego, deve ter muitos cristãos ali pedindo que o Senhor socorra suas famílias. Ah, Jesus, por favor! Dá um jeito! Coloca no coração dos chefes daquele país uma solução! Dá comida, trabalho, paz e prosperidade pra eles! E, acima de tudo, ajuda que os cristãos falem de ti para as pessoas que moram ali!
E todos dizem "Amém".
Renan continua:
- E agora, Jesus, nosso General, o Cássio vai falar do Afeganistão:
- Pois é, Jesus, Senhor, a coisa lá tá difícil; eles estão com as pernas amputadas pelas minas que os russos fizeram, o Bin Laden fugiu e a comida acabou. Ah, Senhor, a gente tem tanto aqui, mas não sabe como fazer pra comida chegar lá! Ajuda eles, General! E tem mais um probleminha: eles não deixam falar de ti pra ninguém! Muda o coração deles, Jesus! E se precisar de mim, estou pronto pra ir lá falar do teu amor...
Um "Amém" cheio de confiança. A Vivi sussurra:
- Você vai mesmo, Cássio?
- Se Ele quiser eu irei sim, Vivi. Mas fica quieta que a gente tá orando!
- Tá - desconcertada, volta a fechar os olhos.
- Senhor - continua Renan -, a Viviane também tem uma coisa importante pra falar. Fala, Vi...
- Jesus, como que a gente faz pros pais dos nossos 4 colegas não obrigarem eles a irem pro terreiro de umbanda? Eles estão indo todo dia lá, têm que bater atabaques, tocar berimbau, eles tem que ver gente estrebuchando, gritos, cheirar aquelas coisas fedidas, eles estão com medo, Senhor! O que a gente faz? Ajuda a gente a ajudar a eles!
Outro amém. Por fim, Renan conclui:
- General, obrigado por mais um encontro do nosso quartel general. Amanhã, se o Senhor permitir, a gente volta. E esperamos trazer novidades boas! A bênção, Senhor!
E todos dizem: "Amém"!
Quando abrem os olhos, eles se assustam, mas abrem um lindo sorriso unânime: têm a impressão de terem visto alguém junto à porta, olhando para eles, com um sorriso meigo e gracioso. O interessante é que todos viram isso, e viram asas nessa pessoa:
- Você viu o que eu vi, Caio?
- Noooosssa! Que "da hora"! Acho que era um anjo!
- Foi 10! - Diz Renan.
- Era um anjo de verdade, Caio! E dos grandões! Seria um querubim? - pergunta Renan!
- Sei lá! Só sei que estou todo arrepiado!
- Gente, vamos brincar? - Pergunta Vivi.
- VAMOS!
Apagam a luz do porão e sobem pra tomar chocolate com bolachas.
E o porão volta a ficar vazio, porão que virou palco de fantasias de crianças.
Fantasias?
 
"Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus. (Mt 18.10)
"Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles."(Mt 18.20)
"e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."(Mateus 18.3)
"O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra." (Sl 34.7)
"Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. (Mt 18.19)
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP
 


05 - EM POUCAS LINHAS
 
O amor pode ser comparado a uma porta.
 
Uma porta aberta.
 
Aberta para se entrar.
 
Aberta para se sair.
 
Aberta para se ficar, se quiser.
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo


06 - FOLHINHA DE OLIVEIRA
 
Gênesis 8.11: "À tarde, ela voltou a ele; trazia no bico uma folha nova de oliveira; assim entendeu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra."
 
Depois de meses vagando sem rumo pelas águas do dilúvio a arca de Noé foi encontrando um local para ficar. Não deve ter sido fácil atravessar um mar sem fim, navegar sem leme e saber que não havia porto para o destino. Mas Noé não tinha tempo para pensar nisso. Havia um zoológico em seu navio. Não havia depressão ou pensamentos furtivos que vingassem ao som de uma hiena risonha ou de uma araponga gritenta, ou de um elefante faminto. Geralmente quem está ocupado pouco tempo tem para divagações.
 
A vida, porém, não podia continuar daquele jeito. Estar na arca era uma realidade; sair dela uma necessidade. Logo que percebera um movimento de ajuste da arca naquelas volumosas águas da enchente, Noé percebera que Deus lembrara-se dele e de todos os habitantes da sua embarcação. "Será que já podemos sair? Haverá terra seca onde caminhar e viver?"
 
Noé sentiu a arca parar em algumas montanhas, as de Ararate. Mas ainda não significava que a terra estava disponível. Era preciso ter paciência, ter estratégia, ter esperança. Resolveu soltar um corvo. Afinal, se o corvo não voltasse, de duas uma: ou morrera afogado ou encontrara algum local de pouso. Mas, para tristeza sua, o corvo só dava voltas e voltas sobre o aguaceiro, sem encontrar local onde colocar seus pés.
 
Resolveu então tentar com outro pássaro, já que o corvo acostumara-se a ir e vir o tempo todo. Soltou uma pomba. Esta, também sem encontrar local de pouso, voltara para Noé. Talvez Noé pensasse: "Bom, já tentei um corvo, já tentei uma pomba, acho que é melhor desistir e encarar a realidade: tudo o que restou foi isso." Mas não pensou.
 
Ele esperou outros sete dias e fez "o teste da pomba" novamente: soltou-a. Ela foi embora. Voou, voou, voou, até que voltou para ele. "Pobre pomba, deve estar cansada, nada encontrou além de água". Mas, espere! Que surpresa agradável! "Uma folha nova de oliveira!" Sim, ela trazia em seu pezinho uma folhinha, um raminho, alguma coisa que enganchou ou que pegou numa árvore cuja folhagem era nova, era verde, era viva! Aleluia! "Já há terra seca!"
 
Acredito que ao olhar da arca para o horizonte Noé não tenha visto nada mais que água. Mas a folhinha de oliveira dizia o contrário: além do que a vista enxergava havia terra seca e verdejante brotando novamente! E foi nessa confiança, nesse alento, nessa esperança, que Noé aguentou outros sete dias e soltou a pomba novamente. E soltou-a para sempre, pois ela não voltou para ele. Ela encontrara lugar para viver, para morar, para prosseguir. Pronto! Era tudo o que Noé precisava. Estava pronto para sair da arca. Preparou-se e, no devido tempo, abriu os portais da arca para que todos saíssem. Nós, seres vivos do século XXI, somos frutos dessa arca, desse Noé, dessa pomba e dessa folhinha de oliveira.
 
Folhinha de oliveira - que importância ela teve para a fé do herói Noé! Naquela folha estava o sinal da esperança, do futuro, do porvir, era a materialização do que o coração sentia. Era o sinal necessário!
 
Essa folhinha não era a terra toda. Ela não tinha a floresta inteira em seu bojo. Não trazia terra, não trazia cereal, não trazia pedras, não trazia madeiras. Era apenas a portadora da esperança. E como precisamos de folhinhas de oliveira!
 
Sim, precisamos pela fé de folhinhas trazidas pela pomba da esperança e da confiança no Senhor. "Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito;" (Mt 21:21); "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." (Hb 11:1)
 
Precisamos de folhinhas de esperança. Quantas vezes as dificuldades e vicissitudes da vida levam embora toda a esperança possível! Vemos a enchente levar os nossos móveis, um acidente levar os nossos queridos, a doença levar a nossa vitalidade, a idade levar o nosso tempo! Mas quando deixamos Deus trazer até o nosso coração e a nossa mente uma folhinha de esperança, então tudo se restaura, tudo se alegra, tudo se fortalece e somos capazes de reconstruir os nossos móveis, amar os queridos que nos restam ou adotar novos amigos e entes; somos fortes para lutar contra a doença e à favor da vida e encaramos o tempo como uma dádiva, não perdendo mais um minuto sequer da nossa curta existência aqui!
 
Necessitamos de folhinhas de saúde. O nosso corpo tem um prazo de validade, ele prega-nos peças: quando pensamos que tudo vai bem, que não há enfermidade, que não há qualquer deficiência, surge-nos uma gripe sorrateira, um acidente, um enfraquecimento súbito, um mal degenerativo, então todos os nossos planos vão por água abaixo. Precisamos de folhinhas de saúde, pequenas graças do Senhor, conquistadas a cada dia diante do Pai em oração. Elas nos enchem de esperança, nos movem para uma situação melhor, para lutar mais um pouco, para não desistir! A graça de Deus aliada à nossa força de vontade, pode realizar verdadeiros milagres de regeneração em nosso físico! Sou um exemplo disto: desenganado em 1982 por problema congênito e infeccioso no coração, vivo hoje como um milagre diário do poder do Senhor!
 

Carecemos de folhinhas de felicidade. Temos o costume de colecionar amarguras, coisas que outros nos fizeram e que nos aborreceram duramente. Somos eficazes em lembrar datas, fatos, pessoas, situações que nos magoaram e constrangeram. Mas precisamos mudar a nossa maneira de pensar e iniciar o processo de regeneração memorial: guardar só o que é bom. E celebrar as felicidades! Talvez uma nota boa que o filho tirou nas provas; talvez uma viagem tranquila que fizemos; a quitação do carro ou da casa; a compra de uma blusa ou de um jogo de copos para a cozinha. Devemos celebrar a flor que nasceu em nossa árvore, o calo que não doeu, o arroz que não queimou na panela, a regeneração de um pecador que achou em Cristo a vida eterna! Diz-nos a Bíblia: "porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força." (Ne 8:10). Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos. (Fp 4:4)
 
Acima de tudo, porém, temos a folhinha de eternidade. Sim. Porque se esperássemos no Senhor só nesta vida seríamos os mais miseráveis de todos os homens, conforme nos diz Paulo em I Coríntios 15.19. Mas nós esperamos no Senhor para o porvir também, e cremos de todo o nosso coração! Por isso, ainda que este nosso corpo se degenere, ainda que o fim de nossa vida se aproxime, ainda que não haja folhinhas de nada para qualquer planejamento que temos, NINGUÉM NOS TIRARÁ A FOLHINHA DE ETERNIDADE que o Senhor nos deu em Suas palavras, ao dizer: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós." (Jo 14:18). "E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." (Jo 14:3)
 
Olhemos e enxerguemos a FOLHINHA DE OLIVEIRA que o Senhor nos trouxe. Ela pode estar no pezinho da pomba que sobrevoou o nosso coração nesta manhã, no raio de sol que penetrou a janela do quarto, no sorriso meigo da criança, no leve movimento daquele moribundo no hospital, na semente jogada na seara, nos joelhos dobrados em oração. Tempos melhores virão e o Senhor nos fortalecerá! Creamos nisto!
 
Wagner Antonio de Araújo
 

 

07 - QUEM SOU EU?
Quem sou eu para estar cantando?
Quem sou eu para estar aqui louvando?
Quem sou eu para ter a vida eterna?
Quem sou eu para ouvir a voz tão terna
de Jesus?
Não mereço, Senhor, não sou digno,
Nem sequer de, prostrado, adorar!
Não esqueço Teu amor tão benigno
Que se deu pra minh’alma salvar!
Quem sou eu para a graça alcançar minha vida?
Quem sou eu para ter o perdão dos pecados?
Quem sou eu para ter uma casa lá em cima?
Quem sou eu para ter o Senhor ao meu lado
Todo dia?
Não mereço, Senhor, não mereço!
Eu sei que não há bem em mim!
Mas, contrito, Senhor, agradeço,
Quero ser um cristão ‘té o fim!
Eu sou teu, meu Senhor, para sempre!
Quero amar-te e andar sempre em frente!
Vou lembrar-me que jamais mereci
Mas, que um dia, Teu amor recebi
Em meu ser!
Sou Teu filho, Senhor, Teu pertence,
Comprado por Teu sangue na cruz!
Teu discípulo serei para sempre,
E aos Teus pés estarei, Rei Jesus!
Pastor Wagner Antonio de Araújo



08 - ESTIVE ORANDO ...
 
Essa foi a frase que me veio à cabeça ao abrir o velho álbum de fotografias da igreja de minha juventude.
- “Quem é ele, papai?”
- “Bem, meu filho, ele já não está mais entre nós, ele foi morar com Jesus, no Céu. Ele era o irmão Landinho, um irmão muito especial.”
- “Especial, papai? Por que?”
- “Bem, meu filho, o irmão Landinho gostava de falar com Deus, e Deus gostava de atender às suas orações…”
Enquanto conversava com meu filho, a imaginação soltou-se e eu fui flutuando pelo tempo, até os meus dias da juventude. Lá estava o irmão Landinho, sério e meigo, junto com a família. Não perdia um culto, não falhava na Escola Bíblica Dominical, nunca passara uma semana sem levar um macinho de folhetos evangelísticos para dar às pessoas que encontrasse na rua, no ônibus ou no mercado. Ele era muito estimado por todos nós.
Gostávamos de ouvir os seus conselhos e almoçar em sua casa nos dias de domingo. Nunca o vimos bravo ou rancoroso com quem quer que fosse. Era um conselheiro, um pai, um amigo.
O irmão Landinho tinha algo muito especial, que fazia dele um ser único: ele orava. Sim, muita gente ora; eu oro, nós oramos, mas a oração daquele homem era especial. Não era como a nossa, esporádica e formal. Era uma oração diferente, prioritária e profunda. O irmão Landinho era chamado quando tudo o mais havia falhado. Até o pastor recorria a ele nas horas de aflição! Ele era uma espécie de “pronto-socorro de última hora”. E funcionava!
Todos nós conhecíamos o livramento que Deus dera à sua pequena Sheila, de apenas 16 anos. Tempo de revolução sexual, década de 60, a menina envolveu-se com uns rapazes motociclistas, que desafiaram Landinho à porta de casa: “Aí, velho, dentro da sua casa manda você, mas lá fora mandamos nós, morou?” A menina engraçara-se por eles, e, por mais que os pais falassem que era perigoso andar com más companhias, ela estava encantada, ludibriada, quase caindo em pecado.
Foi quando Landinho disse: “Filha, eu orarei por você”. Só isso. Mais nada.
Entrou em seu quarto, trancou a porta, disse para a esposa não incomodá-lo, e ajoelhou-se. Falou ao Pai: “Senhor, tu disseste em Tua Palavra: ‘clama a mim e eu te responderei’. Eu estou clamando pela filha que me deste! Livra-a das mãos malignas, ó Deus!…” E chorou. Naquela noite os rapazes não vieram buscá-la para os passeios noturnos na cidade. Sheila ficou preocupada. Às 23 horas as amigas da escola ligaram para ela, dizendo: “Sheila, mataram os nossos amigos! Eles se envolveram numa briga e foram esfaqueados! ” Sheila bateu à porta do quarto de Landinho, aos prantos, arrependida, pedindo perdão. Landinho, em lágrimas, orou pela filha. Essa história propagou-se, e a oração de Landinho passou a ser desejada e temida: desejada por quem precisava, e temida por quem devia algo.
E funcionava! Uma vez a prefeitura resolvera passar uma avenida bem em cima do templo da igreja, e por mais que o advogado tentasse resolver a questão, nada derrubava a decisão judicial. Foi quando o pastor resolveu chamar o Landinho. “Meu irmão, não sei o que fazer!” Landinho, com ar meigo e humilde, disse: “Oremos, pastor!” E oraram, de joelhos, no gabinete pastoral. Após a prece, Landinho abraçou o pastor e disse: “Vamos esperar pelo melhor, pastor. Deus já nos ouviu!”. Dois dias depois o projeto da avenida foi abandonado pela prefeitura, pois surgiram denúncias de irregularidades no processo, e o problema resolveu-se.
E no Dia da Bíblia? A praça central foi requisitada, instalaram-se tablados, contratara-se som, tudo foi planejado para um grande culto. A praça estava cheia de gente, muitos aguardavam com curiosidade o início dos trabalhos. De repente uma tempestade avançou pela cidade, com ventos, granizo, aguaceiro, e estava chegando para a praça. Os irmãos viram a multidão dispersar-se temeram: “Oh, Deus, tenha misericórdia! Gastamos uma fortuna nisso, e o povo está indo embora!” Um jovem gritou lá no meio dos equipamentos: “Peçam pro Landinho orar!” Isso mesmo! Mas, onde estava ele? Encontraram-no atrás do palco, de joelhos, pedindo ao Senhor que desviasse a tempestade, porque muitos estavam perdidos e precisavam de Cristo naquela tarde. De repente, sem que as pessoas compreendessem, a tempestade formou uma clareira sem chuva, bem na praça, onde só sentíamos os respingos da água que caía a uns 300 metros, mas nenhuma gota de chuva caía na praça. Foi quando o pastor, aproveitando a chance, afirmou, cheio do Espírito Santo: “Estão vendo, senhoras e senhores? Esse é o Deus da Bíblia, a quem pregamos e servimos! Entreguem-se hoje a ele!” Uma pequena multidão, em lágrimas, aceitou a Cristo. Vários membros da igreja são fruto daquela tarde da Bíblia.
- “O senhor gostava dele, né, papai? Por que o senhor fala dele com tanto carinho?”
- “Sabe, meu filho, através do irmão Landinho eu ganhei dois presentes de Deus. Uma moça muito bonita era membro da igreja, mas estava namorando um rapaz rico e não crente. Eu a amava, mas ela não queria saber de mim. Então eu fui almoçar na casa do irmão Landinho. Ele olhou para mim, sorriu e me perguntou se eu sentia algo por ela. Eu fiquei encabulado, e ele disse que não precisava responder. Depois, completou: ‘eu orei por você’. Meu filho, eu senti as minhas pernas estremecerem, porque alguma coisa iria acontecer”.
- “E aconteceu, pai?”
- “Ah, garoto, com certeza! Eu me casei com ela! É a sua mamãe!”
- “Nooossa! Que legal! Mas, e a outra coisa, papai?”
- “A outra bênção é você, meu filho: mamãe não podia ter filhos. Nós sonhávamos com você, mas era impossível. Nenhum tratamento na época nos daria um filho. Foi quando Landinho ligou pra nossa casa, sem saber de nosso desespero, e disse: ‘Esta tarde eu orei por um filho para vocês’.
Nós sentimos uma alegria tão grande! E dois meses depois descobrimos que Deus iria nos dar você. Sabe, garoto, Landinho pegou você no colo primeiro do que eu – eu fiz questão disso”.
Nós dois choramos juntos, eu e o meu filho. Minha esposa, fazendo bolinhos de chuva lá na cozinha, deixou por um pouco a panela e veio nos dizer: “Eu amo vocês!”
Ah, meu Deus, que falta nos fazem os Landinhos! Senhor, dá-nos outros que orem assim também!
 
Wagner Antonio de Araújo

 

09 - DUAS SACOLAS
 
O crente deve munir-se sempre de duas boas sacolas. Deve andar com elas na mente, no coração. Não precisa carregá-las nas mãos, porque de nada adiantariam. Essas sacolas são simbólicas, não materiais. Mas, que devem existir, ah, se devem!
 
Uma delas é furada. Sim, não tem fundo. Não está estragada não; ela foi feita para não ter fundo. A  outra é completa, com fundo.
 
Na sacola furada nós devemos guardar tudo o que nos magoa; tudo o que não presta; todas as afrontas e injustiças que cometeram conosco; todas as más recordações; todas as lágrimas que derramamos por dores e amarguras. Essa sacola é uma bênção. Nós colocamos tudo ali, em grandes quantidades, e a
sacola nunca fica cheia! É ali que devem ser guardadas as discussões e as brigas que tivemos. Ali também devem estar as humilhações a que nos submeteram, as críticas que recebemos, as decepções que sofremos. É por isso que a bíblia diz: "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e
de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem." (Hb 12:15)
 
Já na outra sacola, a completa, devemos guardar outras coisas. Devemos guardar os amigos. Devemos guardar as alegrias e as coisas boas que nos acontecem. Devemos guardar os jantares em família, os passeios e as festas alegres. É ali que devemos guardar as coisas boas que nos marcam, para nunca sermos ingratos com quem quer que seja. Ela é o depositário das boas memórias. Nessa sacola deve ficar o primeiro encontro, o primeiro beijo, o dia da conversão e batismo, o passeio e o intercâmbio da igreja, a formatura, o noivado e o casamento, o nascimento do primeiro filho, o dia da promoção, o dia em que a sogra cozinhou bem (...brincadeirinha...), enfim, as coisas que dão alegria e contentamento à vida. É nesse sentido que as Escrituras afirmam: "Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento" (Ec 12:1)
 
Somos tão mesquinhos e mal-direcionados, que custamos a aprender em que sacola guardar o que! Geralmente invertemos as memórias: guardamos o que não presta num cofre com sete chaves, de onde nunca sai, e, com isso criamos grandes tristezas e dissabores para as nossas vidas, amizades e futuro; e
armazenamos as coisas boas na sacola furada, esquecendo-nos com a maior facilidade de cada uma delas! É incrível! Se, há quinze anos atrás, alguém nos respondeu torto, com ira, basta olharmos para o seu rosto, e nos lembramos com detalhes daquele dia. Mas, àquele que nos sorriu ante-ontem, com carinho e consideração, simplesmente nos esquecemos!
 
Jogamos fora uma amizade de dez anos, com páginas incríveis de demonstrações de carinho e consideração, por causa de uma única desavença!
 
Como diria Tiago, "Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. (Tg 3:10)
 
Vamos organizar as nossas memórias. As coisas boas devem ir para a sacola completa. As ruins para a sacola furada.
 
Veremos como é gostoso ser feliz!
 

Wagner Antonio de Araújo

10 - ENCONTREI MEU NOME

 
Eu tinha apenas 14 anos, e já notava o quanto as pessoas consideravam aquela senhora repulsiva.
 
Seu nome era Conceição. Trajava uma blusa azul rasgada, uma muleta metálica toda esfolada, um prendedor de cabelos amassado, um vestido até os joelhos e sempre se sentava no último banco.
 
Sabíamos que nunca a igreja ficaria fechada, fosse no Carnaval, com os retiros, fosse no dia de Ano Novo, Natal, Dia da Pátria ou qualquer outro evento em que quase todos viajassem.
A irmã Conceição não faltaria. Isso era tão certo quanto dizer que Belo Horizonte fica em Minas Gerais.
 
Mulher pobre, morava com uma filha solteirona.
Notava-se que tinha pouca higiene, não por ser suja, mas por ser idosa e não haver pessoas que cuidassem dela. Seus outros filhos eram todos já sessentões e haviam seguido caminhos tortuosos, alguns eram bêbados, outros vagabundos, enfim, não era o que se esperava de uma família cristã.
 
Ah, mas isso fora resultado de uma vida sem Deus em outros tempos. Vinda de Portugal, Conceição não tinha o temor do Senhor.
Viúva precoce, lutou como poucas para sustentar os seus filhos. Lavou roupas, foi doméstica, fez salgadinhos, ela foi uma heroína. Agora, idosa, já pelos 90 anos, estava na época de usufruir da gratidão dos filhos que, infelizmente, não acontecia.
 
Há alguns anos Conceição conhecera a Cristo durante um culto ao ar livre. O irmão Idelino Lopes de Oliveira, hoje Pr. Idelino, pregava num culto da pracinha. Conceição o ouvia com atenção, até que, não podendo mais evitar a emoção e o desejo, entregou-se a Cristo, tornando-se naquela tarde mais uma remida pelo Cordeiro de Deus.
 
Foi batizada e desde o início tornou-se membro de nossa Igreja (Batista de Sumarezinho, São Paulo, SP). Eu, convertido aos 14 anos, já a encontrei com anos de igreja.
 
Mas eu percebia algo impressionante: Conceição nunca fora eleita para cargo algum. Seu nome nunca fora cogitado para nada, nunca compôs qualquer comissão, jamais estivera à frente de qualquer atividade da igreja.
 
Aliás, as pessoas nem gostavam muito dela, principalmente de pedir-lhe que orasse. Suas orações eram longas, comovidas, sua voz era trêmula, suas palavras difíceis de se entender, com mistura de sotaques.
 
Geralmente ela entrava muda e saía calada, apesar de alguns a cumprimentarem quando não tinham outra opção. Pela manhã e à tarde, ao abrir os portões, a zeladora contemplava Conceição, a primeira a chegar. E ao término das atividades, quando a bênção era impetrada, Conceição ia embora, descendo a ladeira, mancando com sua velha bengala.
 
Quantos problemas nossa igreja passara em 4 anos!
Problemas com membros, problemas entre igreja e pastor, problemas de saúde, problemas de assalto, problemas de toda espécie.
 
Mas, miraculosamente, no meio das aflições e da expectativa de estarmos no final da estrada, sem a mínima possibilidade de solução, sem futuro, uma bênção inesperada acontecia, um novo caminho e uma brilhante solução despontava ante os olhos estarrecidos e estupefatos de toda a congregação. E, ao darmos graças, lá estava Conceição, quietinha, lágrimas nos olhos e sempre uma palavra de conforto para nos dar.
 
Deixei a igreja para congregar em outra. Foi lá na outra que recebi a notícia:
Conceição adoeceu e quer vê-lo. Meu Deus, ela adoecera mais ainda? E agora? Fui visitá-la. Tadinha, sofria tanto naquela cama, sem cuidados, mas estava tão feliz e alegre! Ela orava, e orava, e orava!!! Não havia o que confortá-la.
 
Eu é que saí confortado! Certa noite o pastor disse que ela pediu para que deixassem-na partir para a Glória Celestial, pois Jesus a chamava. E Jesus a levou.
 
Passados os primeiros dias, a igreja tomou conhecimento de um tesouro inigualável, algo assustador, maravilhoso, celestial, impressionante. Entre os seus míseros e parcos pertences (um móvel velho, sua cama quebrada, seus farrapos de vestir, seus velhos objetos e bíblia), encontraram cadernetas.
 
Havia cadernos e mais cadernos, cadernos surrados, cadernos velhos, rotos, costurados, amarelados, com letras tão mal-escritas, à lápis, à caneta, à pena, cadernos escritos por dentro e por fora. Eram os CADERNOS DE ORAÇÃO.
 
Descobrimos que Conceição era muito mais do que qualquer um de nós poderia imaginar. Encontrei o meu nome naquele caderno.
 
Encontrei quando entrei na igreja como visitante, encontrei quando adoeci mortalmente em 1982, encontrei anotações de agradecimento, e pelo futuro ministério que um dia teria. Encontramos os nossos nomes todos ali.
 
Aos poucos começamos a entender porque Sumarezinho nunca sucumbira ante os ferrenhos ataques terroristas do Diabo: Conceição não dormia, ela orava! Ela clamava!
 
Vi o nome de quem nunca a cumprimentou! Vi o nome de pessoas que a chamavam de "velha fedida"! Vi o nome de gente granfina que nunca imaginou ser alvo das orações de alguém.
 
Ali estava um tesouro incomensurável, em "vasos de barro", em papel velho e amarelo, que representava muito mais do que todos nós um dia já havíamos oferecido a alguém ou a Deus.
 
O meu nome estava lá. Cada situação, cada dificuldade, cada desafio. Conceição orava por mim. E por que? O que eu havia feito para merecer as suas orações?
 
O que os pastores que nunca a recomendavam para cargo algum faziam para figurar em suas constantes súplicas? Cada presidente da República, cada artista de TV, cada pregador visitante, cada criancinha que nascia, estávamos todos lá, sendo apresentados a Deus pela Conceição.
 
Minhas palavras na época foram: "Meu Deus, quem ocupará o lugar dela?" Ninguém. Aliás, ninguém de que se tenha notícia, pois pode bem acontecer de outra Conceição ter se colocado "na brecha" e esteja orando, orando, orando...
 
Como sinto vergonha, dor, rubor de faces, ante a grandeza da Conceição e a minha pequenez! Ela nunca pediu NADA para si, nada havia em seus cadernos por si própria, mas pedia tudo para os outros! Que resignação, que vida em prol do próximo, que abnegação desmedida!
 
Conceição é uma das heroínas da fé que passearão com Cristo com vestes resplandecentes e coroa na cabeça. Em lugar da muleta terá palmas para saudar o Rei por quem viveu o tempo todo em que foi crente. Seu nome está não em um caderninho, mas no Livro da Vida do Cordeiro!
 
E eu me pergunto: quem, além da Conceição, foi tão esquecido quanto ela? Nós não éramos dignos de uma mulher de sua qualidade e coração! Ela foi "um dom de Deus" para nós, foi a nossa intercessora.
 
O que eu tenho sido nas mãos de Deus? O que nós temos sido diante d’Aquele que um dia teve aos Seus serviços uma serva como Conceição?
 
Quisera eu que mais Conceições surgissem hoje. Talvez pela falta delas é que nossas igrejas estão tão pobres espiritualmente, ainda que muitas tenham tesouros que a traça corrói e os ladrões roubam!
 
As riquezas que Conceição buscava as nossas igrejas hoje têm esquecido, por isso cambaleiam ante os "Boeings" que o Diabo-Terrorista atira contra as nossas estruturas interiores.
 
"Senhor, obrigado porque um dia houve uma Conceição que orou por mim". Obrigado porque as orações dela foram atendidas. Ajuda-me, Senhor, a seguir o exemplo daquela tua serva, há tantos anos dormindo em Cristo, para que novos heróis e heroínas na fé se apresentem para ocupar a brecha que ficou vazia.
 
Em nome de Jesus. Amém."
 
Wagner Antonio de Araújo


11 - DEUS VIU.
 

Deus viu você no ato de sua concepção. Ele viu cada célula se multiplicando, cada molécula, cada milagre de partição na geração da vida. Seu DNA ele conhecia decór e salteado. E exultou, quando fortaleceu a sua mãe, durante toda a gestação.
 
Deus viu você nascer. O instante mágico, em que você saiu do ventre dela, quando respirou o primeiro ar, deu o primeiro choro, bocejou de sono, mamou, abriu os olhinhos, vestiu as primeiras roupinhas, carimbou o papel com as digitais do pezinho, tomou o primeiro banho, usou o primeiro talco, em todos esses momentos, Ele estava ali, com você, acompanhando e festejando a criação maravilhosa que permitira!
 
Deus viu você crescer. Viu quando aprendeu a brincar, a correr, a andar de bicicleta, a comer comidas esquisitas (verduras e legumes), viu as primeiras palmadas e também as primeiras medalhas. Deus viu sua estréia na creche, e no pré-primário, e no ensino fundamental. Viu seu choro ao ter que ficar sem a mamãe, e viu a alegria, quando ela voltava para buscá-lo. Deus viu a alegria do presente de Natal, e também a felicidade da viagem de férias, quando o papai levava a família para a praia ou para o campo. Sim, apesar de não ser visto com os olhos normais, Ele estava lá, presente, sendo testemunha de tudo!
 
Deus viu você amar. Ele viu a primeira vez em que olhou para a menina da escolinha e sentiu o coração bater mais forte. Viu quando você ganhou o primeiro beijo, no rosto, nossa, que sensação de vergonha, calor e alegria! E você era tão pequeno! E você, menina, Deus viu os seus olhinhos brilharem quando aquele garoto brincava com a molecada ou quando ele vinha irritar você, agarrando em seu pescoço e saindo correndo. Deus viu quando você se vestiu bonita para poder sentar-se ao seu lado. E viu quando, pela primeira vez, amou alguém. E Deus sorriu, feliz por ter colocado em seu coração tão grande doçura e ternura!
 
Porém, Deus também viu você virar um pecador. Ah, esse virus maldito, alojado em nossa essência, em nosso DNA espiritual, sempre acorda, desperta e mata a pureza, trazendo feiura e sujeira ao que dantes era lindo e puro. Deus viu a primeira vez que você odiou, viu o surgimento do egoísmo, viu a primeira mentira, o primeiro insulto, a primeira trama, a primeira transa fora do casamento, a malvadeza, o primeiro porre, o primeiro cigarro, ou até os tóxicos. Deus viu. Deus sentiu. Deus sofreu.
 
Mas Deus também viu quando você conheceu o que Ele havia feito por você. Viu o dia quando um evangelista lhe trouxe um folheto, uma bíblia, um cd, uma mensagem, um apoio, e lhe apresentou Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morrera na cruz e ressuscitara, para matar o pecado dentro de você, e garantir-lhe vida eterna. Deus viu o quanto fora difícil para você convencer-se de que era pecador, mas deu uma força enorme lá dentro, lá na sua mente, para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo, e fazer você não só saber, mas sentir e crer. E foi ali, com essa ternura criativa, que Deus ajudou você a converter-se. Foi naquele lindo dia, em que você chorou,  confessando a Cristo e desejando segui-lo, que Deus lhe deu um novo coração, uma nova vida, que limpasse e purificasse o que o pecado turbara.
 
Deus viu.
 
Ele viu!
 
Ele sempre viu e esteve com você!
 
E agora você o deixou. Você, que tornou-se tão feliz com Cristo, que buscava amá-lo e servi-lo a cada dia, que cantava e tocava para Ele, que falava do seu amor e buscava estar sempre ativo no meio das pessoas que também o amavam, agora o abandonou. Você simplesmente o rejeitou na prática, ainda que mantenha uma aparência mínima de cristão. Ele sabe que você não o ama mais. Ele sabe que você não o busca mais. Ele sabe que você rompeu toda a relação com Ele, e que só se lembra dele para criticá-lo ("por que não me deu isso? Por que permitiu aquilo? Por que não me deixou em paz? Por que Ele não desaparece e para de me cobrar?")
 
Ele vê que você o considera um estorvo, um apêndice, um alguém descartável (para não dizer desprezível...). Hoje, até aqueles que antes eram seus irmãos, amigos mesmo, se tornaram inoportunos para você. A simples presença deles já lhe enerva e incomoda.
 
E Ele só fez amá-lo! O melhor que tinha, Ele fez por você: criou-o. E agora você o pune por isso! Ele deu o próprio filho dele, para sofrer em seu lugar, e hoje você o quer longe, para poder viver do jeito que quiser, em franca rebeldia e oposição!
 
O que foi que Deus lhe fez, para você estar aí, perdido, com cara e coração rebelados? É justo estar assim? É justo ter jogado a sua bíblia no lixo, ou na caixa em cima do guarda-roupa? É certo abandonar a igreja e buscar diversão na pista de dança, na garrafa de cerveja e na permissividade e libertinagem sexuais? Como você se sentiria, se fosse o seu filho que fizesse isso com você? Você conhece a dor do desprezo de um filho? Não? Ou talvez já até conheça, mas não quer aceitar que é essa dor que Deus sente por um discípulo que se faz "filho pródigo".
 
Mas, mesmo assim, Ele não lhe abandonou. Ainda lhe acompanha; às vezes de longe, porque você não o aceita mais. Às vezes só com um olhar paternalmente terno, mas não mais como um partícipe de suas realizações. Não porque não queira, mas porque você não apenas o rejeita, mas faz tudo aquilo que Ele
disse para não fazer. Ele escolheu deixar você livre para escolher; ainda que, em Sua soberania, pudesse transformar você num ser inexistente. Para Ele, isso não resolveria; Deus ainda espera ser amado por você espontaneamente. Ele não desistiu de você...
 
Olhe para Ele.
 
Olhe para Seu Filho, cravado na cruz do Calvário, com uma coroa de espinhos na cabeça, pregos enormes em suas mãos e pés, sangue, mosquitos e inflamações na pele, pelas chibatadas que ganhou. Olhe. Veja, aqui do pé da cruz. Contemple-o. Está vendo? Ele está aí por você! E, mesmo que você esteja rejeitando-o, Ele ainda não se arrepende de ter feito isso. Simplesmente porque lhe amou, como amou! Ainda que tivesse vindo ao mundo única e exclusivamente por sua causa, Ele teria vindo, e consideraria ter valido à pena!
 
Agora olhe-o ressuscitado. Veja que vestes resplandescentes, branquíssimas e iluminadas! Olhe para a coroa em sua cabeça: magnífica, cravada de jóias, uma coroa de Rei! Olhe para os seus olhos, ternos e compassivos! E olhe para os seus braços: estão abertos: Ele quer que você volte! Ele quer recebê-lo de volta! Puxa, por que você não corre de novo para os braços dele?
 
Deixe de lado o que você usou para abandoná-lo. Largue o pecado. Abandone a vida promíscua, o vício, as crendices e incredulidades, banhe-se nas águas do arrependimento, e, humildemente, se achegue a Ele, dizendo: "Tem ainda um lugarzinho pra mim em Seu coração, Senhor?" Tenho certeza de que Ele correrá para os seus braços, abraçando-lhe afetuosamente, recebendo-o alegremente, e limpando você de toda sujeira que trouxe (não foi assim com o pai do filho pródigo?)
 
Ele lhe viu. Ele lhe fez. Ele lhe quer ainda!
 
"Senhor, quantos que lêem esse texto, estão longes do teu caminho, vivendo vidas distantes de ti. Ao invés de estarem aos teus pés, te servindo e adorando, estão gastando a juventude em coisas de nenhum valor, que te agridem e ferem! Quantos trocaram o culto pelos shows e inferninhos dos palcos! Quantos trocaram a irmandade pelas gangues, a comunhão pela excitação, a oração pela blasfêmia, a pureza pela imundice, a beleza pela mediocridade, a vida pela morte! Quantos hoje não sabem o que é ter uma
relação de valor contigo, quantos não te amam, não te adoram, não te servem! E eles estavam contigo, Senhor; eles faziam parte dos discípulos; mas, estão perdidos e distantes agora. Pai Santo, em nome de Jesus Cristo, o teu filho, desperta em seus corações um desejo intenso, insuportável, incurável, de voltar aos pés da cruz, de purificar-se com o sangue do Cordeiro de Deus, de beberem novamente da água da vida, e alimentarem-se do pão da vida! Traze-os de volta, Senhor! Usa-nos, nós, os que também fomos resgatados, a resgatar os que ainda estão perdidos. Toca-lhes! Infunde-lhes a fé! Convence-os do pecado! Inflama-lhes o coração, enchendo-os de sede da Palavra de Deus! Faze isso, Deus querido! Cada um de nós tem alguém em mente, mas sabemos que tu conheces a todos. Toca em todos os que carecem. Em nome de Jesus. Amém."
 
Ele vê você agora, aí, neste momento, enquanto está lendo este texto. Foi Ele quem me mandou escrever, e foi Ele quem fez a mensagem chegar até o seu computador. Volte pra Jesus! Volte! Continue a obra que você fazia tão bem! Comece outra vez!
 
Um abraço.
 

Wagner Antonio de Araújo


12 - A MULHER SEGUNDO O CORAÇÁO DE DEUS
 
INTRODUÇÃO

 
· A mulher foi a obra-prima da criação divina, idealizada para ser a ajudadora do homem (Gn 2.18)
 
· O pecado, contudo, danificou a ambos, fazendo-os cair da graça e tornarem-se pecadores (Rm 3.23; 6.23)
 
· Deus, ao enviar Seu Filho ao mundo, trouxe também a possibilidade da restauração da raça humana e dos papéis que ambos deveriam ocupar (II Co 5.17)
 
· Gostaríamos de destacar 14 coisas que existem no coração, caráter e vida de uma mulher regenerada por Cristo, uma mulher segundo o coração de Deus.
 
1. TEM CONSCIÊNCIA DA RAZÃO DA SUA EXISTÊNCIA, MISSÃO E PECULIARIDADE FEMININAS
 
· Sabe que foi criada para ser a ajudadora do homem (Gn 2.18)
 
· Sabe que foi dotada do dom da maternidade, mediante o qual educa e renova o mundo (I Tm 2.15)
 
· Não disputa o papel do homem, mas está feliz em cumprir e valorizar o seu próprio papel na história e na vida (I Tm 3.11)
 
2. TRAJA-SE COM FEMINILIDADE, HUMILDADE E MODÉSTIA
 
· Usa roupas femininas e procura figurar-se com mulher na sociedade em que vive (Dt 22.5; I Co 11.15; I Tm 2.9)
 
· Não se vale de artifícios de vaidade e luxo para embelezar-se, mas usa a modéstia e a beleza interior (I Pe 3.3-5)
 
· Ensinam as moças mais novas com o testemunho e o exemplo (Tt 2.3-5)
 
3. SERVE A DEUS COM DEDICAÇÃO E DESPRENDIMENTO
 
· Sevem a Deus com total submissão e dedicação (Lc 1.38)
 
· Servem a Deus com orações, jejuns e seus bens (Lc 2.37)
· Servem a Deus com o testemunho e a evangelização (I Pe 3.1; At 9.36)
 
4. SÃO FILHAS, ESPOSAS E MÃES DEDICADAS
 
· Como filhas são submissas à orientação dos pais (Mt 19.19)
 
· Como esposas, amam aos seus próprios maridos e lhe são submissas (Ef 5.22; Cl 3.18; Tt 2.4-5)
 
· Como mães criem seus filhos na admoestação do Senhor (I Tm 5.9-10)
 
5. SÃO HOSPITALEIRAS
 
· Exemplo de Lídia (At 16.15,40)
 
· Exemplo de Marta e Maria (Lc 10.38; Jo 12.2)
 
· Exemplo de Sara (Gn 18.6; I Pe 3.6)
 
6. SÃO SÁBIAS, COMEDIDAS E DE POUCAS PALAVRAS
 
· De tão raras, são mais preciosas do que finas jóias (Pv 31.10)
 
· Não são faladoras, fofoqueiras, mas sábias e virtuosas (I Co 14.34; I Tm 3.11; Tt 2.3-5)
 
· Não vivem como faladoras e fofoqueiras, mas guardam no coração as coisas importantes (I Tm 5.11-13)
 
7. SÃO HONRADAS, TRABALHADORAS E HONRAM O MARIDO
 
· São gestoras do lar, mantendo filhos em submissão e a casa em ordem (Pv 31.10-31)
 
· Não têm preguiça, não acusam o cônjuge, mas trabalham com as próprias mãos na mantença do lar (mesmo texto)
 
· Seus maridos são elogiados por tê-las como esposas e mães de seus filhos (idem)
 
8. ESPELHAM-SE NA ABNEGAÇÃO E DOÇURA DE MARIA (Lc 1.30)
 
9. IMITAM A FÉ DE ANA (I Sm 1,2)
 
10. SÃO BOAS FILHAS, OBEDIENTES COMO RUTE (Rt 1.16)
 
11.BUSCAM A PAZ E A RECONCILIAÇÃO, COMO ABIGAIL (I Sm 25.32)
 
12. CONVERTEM-SE COM A DEDICAÇÃO DE MARIA MADALENA E DAS OUTRAS MULHERES QUE SERVIAM AO SENHOR COM O SEUS BENS (Lc 8.2-3)
 
13. SÃO CAPAZES DE LUTAR EM SILÊNCIO, DANDO TESTEMUNHO PARA A CONVERSÃO DO MARIDO E DOS FILHOS (I Pe 3.1)
 
14. SÃO FIÉIS (I Tm 3.11)
 
Estariam as distintas jovens e senhoras dispostas enquadradas a cumprirem o que ensina a Palavra de Deus sobre a posição e testemunho feminino?
 
Não estariam motivadas a serem novas mulheres a partir de hoje, guiadas pela Palavra de Deus, que é viva e eficaz?
 

Que Deus nos abençoe!
Autor: Pr. Wagner Antonio de Araújo



13 - AINDA SOU DO TEMPO


 
Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um ‘trabalho profissional’, mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa ‘roupa de missa’, ‘roupa de igreja’. Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: ‘foi na cruz, foi na cruz’, ‘andam procurando a razão de viver’; ‘Porque Ele vive, posso crer no amanhã’, ‘Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar’, ‘O Senhor da ceifa está chamando’; ‘Jesus, Senhor, me achego a ti’, ‘Santo Espírito, enche a minha vida’, ‘Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou’, etc. Não copiávamos os ‘hits’ estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era ‘dançante’; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.
 
Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.
 
E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!
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Hoje é moda ser crente, ou melhor, ‘gospel’. Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores ‘viram crentes’ pra vender seus CD’s encalhados, pois o ‘povo de Deus’ compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomencalatura religiosa.
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Hoje os crentes tatuam as suas peles e já existem denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O ‘piercing’ deixou de ser escandalo e passou a ser ‘fashion’, e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e ‘levitas’ das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e ‘Deus não olha a aparência’. (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito…).
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Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é ‘bitolado, babaca ou retrógrado’. Garotas usam suas mini-saias dos ‘rebeldes’ e exibem umbigos cheios de ‘piercings’, estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é ‘novo convertido’, ou é ‘beato’. É típico encontrarmos pastores dizendo aos ‘engravatados’: ‘Pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?’ E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
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Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de ‘glórias’, ‘aleluias’, ‘no trono’, ‘te exaltamos’, ‘o teu poder’, etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e a vida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
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Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de mega-sonhos ‘de Deus’ (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem onde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de ‘louvor’, meia hora de ‘ofertas’ e quinze minutos de ‘pregação’, ou meia hora de ‘palavra profética e apostólica’. Que desgraça!
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Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do ‘Pastor fulano’, com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os fundamentalistas radicais que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.
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Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar ‘piercing’ para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?
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É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo ‘pega! pega! pega!’, como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: ‘Senhor, me proteja, não me deixa ser assim!’
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Que Deus tenha piedade de nós.
Wagner Antonio de Araújo



14 - DOUTOR TRÊS HORAS
 
Era sábado pela manhã e as linhas telefônicas nas casas dos formandos estavam congestionadas.
 
Meninas com salão de estética e beleza marcados, rapazes nadando logo de manhã pra evitar o "stress", a companhia responsável pela formatura e baile acertando os últimos detalhes no auditório da Universidade e no Salão Nobre.
 
Todos estavam ansiosos, preocupados, assustados, cheios de expectativas. Carros iam e vinham da portaria das faculdades.
 
O pessoal da decoração dava os últimos toques na arrumação da mesa do Corpo Docente, a empresa de som ligava cabos enormes em todos os pontos do auditório, a iluminação colocava as últimas lâmpadas que faltavam, a floricultura acertava os corredores por onde as moças e os rapazes iriam descer e o outro por onde iriam subir.
 
As camareiras davam os últimos retoques nas lindas togas de formatura, os fotógrafos montavam o estúdio móvel na porta do Salão Nobre, a cantina precavia-se de muitos salgadinhos e refrigerantes, enfim, tudo corria contra o tempo, contra o relógio.
 
Três da tarde. A cerimônia iria começar às 4h, impreterivelmente. O Prof. Dr. Astrogésilo Pessoa Couto, grande celebridade e Reitor da Universidade, não se dava ao luxo de começar um minuto atrasado. Dizia-se que acertava o seu relógio pelo Big-Ben de Londres, até que inventaram o tal "relógio atômico", que ele fez questão de instalar no seu computador. Assim, acontecesse o que acontecesse, às 4 horas a cerimônia iria começar.
 
Muita gente rica chegando. O estacionamento da faculdade mais parecia um desfile de moda e revenda de automóveis importados: BMW, HONDA, DAEWOO, AUDI etc. Até FERRARI e JAGUAR apareceram!
 
Madames muito bem vestidas estavam presentes. Havia gente da TV, cujos filhos estariam se formando.
 
Mas tinha também um bom grupo de gente simples, humilde, lutadora, que também tinha filhos se formando ali. Seus trajes demonstravam que haviam alugado no "Black Tie" mais próximo do bairro. Não tinham familiaridade com a roupa, com os saltos, com as gravatas, com os colares. Até ficavam um tanto desconcertadas, pois queriam fazer bonito e não envergonhar os filhos.
 
Quatro horas. Como já dissemos, a empresa responsável pela cerimônia deu início ao evento.
 
Algo em torno de 700 pessoas presentes. Também, pudera: 89 formandos, 35 em Letras, 12 em Pedagogia, 30 em Direito e 12 em Engenharia de Informática. Uma grande festa. Lugares contados, reservados para duas ou três pessoas de cada formando, e o restante disputado palmo a palmo pelos presentes do lado de fora ou em pé nos arredores. Havia um telão para que todos acompanhassem do lado de fora.
 
Primeiramente a entrada do Reitor. Palmas efusivas. Então a mesa diretora e, por fim, o corpo docente, palmas afetuosas.
 
Apresentação das funções de cada um e tudo o que, de praxe, se costuma fazer numa cerimônia de formatura e colação de grau.
 
Cantaram o Hino Nacional Brasileiro com o tradicional CD da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, gravação épica e universal para o Brasil.
 
As palavras do Paraninfo, do Patrono da Turma, enfim, tudo o que se costuma haver nessas páginas indeléveis na vida de quem se forma.
 
No momento da entrada, as torcidas no meio do auditório. Alguns estavam organizados, com línguas-de-sogra e cornetinhas (reprimidas pelo Reitor tão logo descobrira). Outros, mais discretos, levaram faixas, onde se lia: "SONINHA, VALEU O ESFORÇO - PARABÉNS, DOS SEUS PAIS QUE LHE AMAM"; "AÍ, MARCÃO, VALEU, SEU BABACA! SEUS AMIGOS"; "CARLINHOS, PARABÉNS! TE AMO! SUA NOIVA". Cada um se emocionava do seu jeito. Umas garotas choravam. Outras coravam. Os rapazes erguiam as mãos como se fosse um gol do seu time. Outros faziam o "V" da vitória, e um a um foram chegando com suas togas bem alinhadas e majestosas.
 
Chegada a hora de passar a palavra ao orador das turmas (combinaram ter um só orador, pelo tempo despendido na cerimônia e pela proximidade do horário do baile, que se seguiria dentro de uma hora), o Julinho, ou melhor, Dr. Júlio Lacerda Loyola Anastácio (nome de advogado desde nascença), foi aclamado, quase levado nos braços dos formandos, que estavam do lado direito do auditório, que tinha formato de teatro.
 
Sua prédica havia sido impressa para todos acompanharem. Os formandos sugeriram o que o Julinho teria que falar. Estava tudo previamente combinado.
 
"Ilustríssimo Senhor Doutor Professor Astrogésilo Pessoa Couto, digníssimo Reitor de nossa egrégia Universidade, Senhor Professor Carlos Marques Lara, digníssimo pró-reitor da área de humanas, etc... etc..." Num outro trecho as tradicionais palavras: "Foram árduas as nossas batalhas: cansados do labor diurno, cá chegávamos, com fome, tanto do pão quanto do saber, e éramos fartos pelos nossos valorosos Mestres, que tudo davam de si... etc".
 
Tudo ia muito bem. Até que Julinho se engasgou, ao dizer uma palavra que estava além do texto: "Agora, Senhor Reitor e senhores formandos, preciso dizer algo pessoal..." Os formandos gelaram.
 
- "Ele vai fazer besteira".
- "Julinho, cala a boca, termina logo".
- "Ih, cara, sujou. Ele vai embolar tudo".
- "Sabia que no final ele iria melar".
 
Mesmo conhecendo a cara de desaprovação da turma, Julinho continuou, branco, pálido, engasgado, mas firme, dizendo: - "Senhor Reitor, Corpo Docente, Formandos, Familiares e Amigos: Preciso confessar algo, para fazer justiça e, ao mesmo tempo, reconhecer o que é certo. Todas as coisas aqui foram muito importantes: aulas, colegas, materiais didáticos, a seriedade de nossa secular instituição, tudo. Mas há algo que está faltando no meu texto, e não lerei o que vou dizer, porque o que tenho pra falar vem das letras escritas a ferro, dentro da minha alma. Devo este dia inesquecível e histórico às 3 da manhã de cada dia desses 5 anos.
 
- "Três da manhã?", pensaram os formandos. "Esse cara bebeu. Ah, Julinho, para de enrolar e desce logo... Ah, se te pego na saída..."
 
- "Nunca desfrutei de amizade com o meu pai. Na verdade sempre o desprezei. Tanto é assim que ele não está aqui, entre os meus convidados, porque não pode se locomover e eu não fiz o menor esforço para trazê-lo. Aqui estão minha mãe e irmã, mas não meu pai. E ele é responsável pelas três da manhã. Durante 5 anos eu acordei várias vezes no meio da madrugada, e, não raras vezes, às 3h da manhã. Meu pai, que empregou quase todo o seu parco salário no meu curso, mesmo sendo por mim ignorado, entrava no meu quarto, com hercúleo esforço, às vezes caía, mas sempre levantava, e orava a Deus. Sim, ele me apresentava a Deus. Tenho marcas no meu cobertor que não foram feitas por doces ou refrescos que derrubei, nem pontas de cigarro que deixei acesas na minha cama. São as lágrimas do meu pai, que pedia a Deus para fazer-me feliz, fazer-me íntegro, para guardar-me de acidentes, para proteger-me de bandidos, para abrir o meu entendimento na compreensão das matérias, para abrir-me oportunidades de trabalho na área. Ele chorava, pedia, dizia a Deus para que tocasse no meu coração e fizesse de mim um homem e um cristão. Mas, Senhor Reitor, não foi isso o que mais me tocou. O que marcou a minha vida, e é a razão desta homenagem, era a frase com a qual ele sempre se emocionava e chorava copiosamente junto a mim. Ele dizia: 'Deus, como eu amo ao meu filho, fruto de mim mesmo! Deus, como eu o admiro! Deus, como eu o quero bem! Deus, faça o que quiser comigo, mas abençoe o meu filho, porque, depois de Ti, ele é a razão do meu viver! E dá-me o privilégio de que um dia ele me ouça, que ele me ame também!'
 
Júlio chorava. O Reitor tossia, para disfarçar a emoção, os formandos estavam com a cabeça baixa, pois sabiam que o Júlio tinha feito a coisa certa e estavam envergonhados de terem desaprovado sua atitude no início.
 
O auditório se derretia. E, num ápice de dor e amor, Júlio gritou:
 
- "Meu pai, como eu queria te dizer EU TE AMO!"
 
De repente a porta do corredor central se abre subitamente, e uma cadeira de rodas entra, guiada por uma enfermeira, e o pai de Júlio entra, magrinho, cabelos grisalhos, rosto cansado, voz baixa, mas grita com toda a força do seu ser:
 
- "Eu sei que você me ama, filho! EU SEMPRE TE AMEI! Seja feliz, meu filho, seja feliz!!!"
 
Júlio quebra o protocolo e sai correndo da tribuna corredor adentro e vai abraçar o seu pai, chorando no seu ombro copiosa e demoradamente.
 
Todos, unanimemente, chorando e gritando "BRAVO! BRAVO!", aplaudiam longamente a cena fantástica e novelesca que ora se fazia viver no mundo real! Foram 5 minutos, os cinco minutos mais importantes já vividos naquela universidade!
 
Chamado novamente à tribuna, recebeu o seu grau e diploma. Então gritou:
 
- "PAI, ISSO É POR VOCÊ! TE AMO!"
 
O pai sorriu, mas já não tinha forças para falar. No seu coração ele via galardoado todo o seu esforço, o salário minguado dedicado à faculdade do rapaz, e, principalmente, às três horas de toda madrugada. Ele estava feliz. Podia morrer tranqüilo. Mas, morrer, já? Ele não tinha planos para morrer agora, naquele instante. Queria desfrutar dessa alegria indizível.
 
Deus ainda lhe deu alguns anos, os melhores da vida dos dois, do Dr. Júlio e do seu pai, que se tornaram os melhores amigos. Aliás, Júlio ficou conhecido na comunidade acadêmica como "Doutor Três Horas".
 
"Honra a teu pai e à tua mãe, para que se prolonguem os teus dias, na terra que o Senhor teu Deus te dá." (Ex. 20.12.)
 

Que Deus dê aos leitores, que têm pais vivos, a oportunidade de honrá-los em vida. Flores no túmulo murcham. Flores no coração desabrocham, PARA SEMPRE!!!
 
Wagner Antonio de Araújo .


15 - E AINDA ESTOU AQUI...
 
Corria o ano de 1982. No auge dos meus 17 anos, lá estava eu, buscando servir a Deus, na Igreja Batista de Sumarezinho. Já havia sido professor de Escola Bíblica Dominical, presidente da União de Jovens, líder de juventude na associação de igrejas batistas da região oeste da capital, etc. Eu não era o melhor. Havia muitas outras pessoas melhores do que eu, mas, citando o poeta, "Havia gente bem melhor, mas o meu nome eu escutei..." E, se eu escutara o meu nome, nada mais importante para mim do que servir ao Senhor. Era estudante colegial à noite e auxiliar administrativo no BCN SERVEL de Alphaville, em Barueri, Grande São Paulo. Comecei ali como office-boy, e, digo sem pestanejar: foi a melhor fase da minha vida, em termos profissionais!

 
Contudo, era época de primavera. As rosas desabrochavam nos jardins, mas as chuvas da primavera traziam também alguns virus, algumas enfermidades. A molecada contraiu catapora. Eu, que não era vacinado (no meu tempo de bebê não havia o remédio disponível), acabei por contraí-la. O médico da empresa deu-me uma semana de licença. "Que bom! Vou descansar!" Descansar? Como? Coçava tudo! Eu não parava de me coçar, tinha febre, e até a fome havia perdido, o que realmente denota uma enfermidade considerável para mim...
 
A semana passou rapidamente. Meu pai rumara para Salvador, para participar do Centenário dos Batistas Brasileiros. Fora com a Igreja Batista Betel, com o saudoso caravaneiro Pr. Silas Mello. Mamãe e meu irmão é que estavam em casa.
 
No dia marcado retornei. O médico, como de praxe, examinou-me detalhadamente. Ao usar o estetoscópio no meu peito, fez cara de suspense, ficou pálido e não parava de auscultar-me. Perguntei-lhe o que era. Ele nem respondeu. Preparou uma guia de internação para o ambulatório central. Gelei. Caro leitor, você também não ficaria atônito? Eu fiquei.
 
Liguei para a minha mãe, que rumou logo para a Vila Mariana. Eu fui de carro da empresa. Lá chegando, o outro médico me examinou. Imediatamente tomou o telefone na mão: ligou para uns 4 hospitais, gritando com os atendentes que me arrumassem uma vaga, porque era caso de vida ou morte. "Vida ou morte?!!"
 
Por fim, corremos ao pronto socorro do Hospital São Joaquim, na Beneficência Portuguesa. O médico exigiu todos os exames novamente. Surgiu em mim a esperança de que fosse tudo um grande mal-entendido. Pedi à minha mãe que me preparasse aquele bife à milanesa para o jantar, porque tinha confiança de estar em casa à noite.
 
O médico, depois que obtivera o resultado dos exames, chegou de mansinho, colocou a mão no meu ombro e disse: "Está vendo aquela maca? Está vendo aquele soro? Está vendo aquele enfermeiro? É tudo para você. Suba, porque você será internado imediatamente na UTI."
 
Amigos, minha mãe, pobre mulher, começou a chorar desesperada. Os filhos eram toda a sua riqueza. Mulher sofrida, de corpo frágil pelas interpéries até então enfrentadas, agora ficara frente à frente com um destino devastador! O médico confidenciara-lhe que o meu caso era gravíssimo, provavelmente irreversível. A catapora havia infeccionado vários órgãos do meu corpo, principalmente o coração. Não sabiam bem o que fazer, mas iriam tentar de tudo. Incentivou-a, porém, a deixar as documentações em ordem, a verificar preço para caixão, as formalidades de sepultamento, etc. "Minha senhora, talvez ele não passe desta noite".
 
Eu, deitado naquela maca, imaginava um jeito de fugir dali. Detestava hospitais, morria de medo de injeções, tinha ânsia de vômito com o cheiro forte de éter, estava no lugar onde eu realmente não queria estar.
 
O elevador demorava a chegar. Quando chegou, o enfermeiro gritou com a ascensorista, dizendo: "Você quer que o moleque morra no elevador?" Pensei:"Meu Deus, o que estará acontecendo?" Ao chegar, obrigaram-me a me despir. Fim do meu sonho de fuga! Fugir nu era demais para mim. Resignadamente e à força, submeti-me ao hospital. Logo colocaram-me um soro, deram-me umas seis injeções doloridas, rasparam o meu peito, ligaram eletrodos, três máquinas com o mapeamento do meu coração, cérebro e outras funções. Enfim, virei um autêntico"ROBOCOP" enferrujado... Logo o companheiro do lado veio a falecer - minha primeira experiência dura com a morte! Vi várias ali. Escutei gritos aterrorizantes, de pessoas que desciam da cirurgia, que não suportavam a dor da enfermidade, e que partiam deste mundo cheias de sofrimento. Logo depois transferiram-me para um quarto isolado, pois eu era uma ameaça à saúde de todos: estava convalescendo da varicela...
Lá fora, minha mãe tentava encontrar forças para voltar para casa. Ligou para a Mocidade da igreja, que correu ao hospital, visando receber informações, boletins médicos, etc. Meu pai foi notificado e estaria voltando assim que fosse possível. O pastor da igreja também estava em Salvador. Segundo minha mãe, foi uma noite não dormida, foi uma noite de vigília. No domingo, segundo dia de UTC - UTI, o médico de nossa igreja foi visitar-me. Ao falar com a junta médica, ao reunir-se com a equipe, muniu-se de informações preciosas. Seu testemunho no culto da noite em nossa igreja foi: "Irmãos, eu sou médico, falarei como profissional da medicina. Nosso irmão Wagner está com uma enfermidade terrível. Só um milagre poderá tirá-lo de lá. Oremos para que ele parta em paz e que Deus console a família". Comoção geral.
 
O meu coração batia sem ritmo. Parava um pouco, batia um pouco, semelhante aquele comercial de companhia aérea, onde diziam "viaja um pouquinho, descansa um pouquinho, etc." Numa das passagens de turno médico, (eu não dormi um minuto dos 3 dias e meio de UTC - UTI), os médicos disseram: "Às três horas ele teve princípio de infarto; às 5 ele foi socorrido com medicamentos por ameaça de derrame, etc". Enquanto diziam isso, o meu coração disparou. Perceberam que estavam falando muito alto e que eu estava ouvindo.
 
"Acho que vou morrer". Foi a conclusão a que cheguei. Naqueles três dias fiquei amarrado a 4 enfermeiras, cada uma com um turno de 6 horas. Elas eram as únicas pessoas com quem eu podia conversar. Em sendo JESUS o meu grande assunto, acabei por contar toda a história da criação, a formação do povo de Deus, os reis, os profetas, o ministério de Cristo, os atos dos apóstolos, as profecias do fim do mundo, etc. Acredito piamente que, se eu ficasse um pouco mais ali, as enfermeiras é que precisariam ser internadas. Elas não me suportavam mais! Mas o que é que eu podia fazer? A boca fala do que o coração está cheio, e eu tinha que lhes falar como estava feliz por ter Jesus no meu coração!
 
Fiz uma oração. Lembro-me dela, porque foi um verdadeiro "a.C./d.C." na minha vida. Eu disse:
"Senhor, eu acho que vou morrer hoje. Talvez amanhã, não tenho bem certeza, mas as coisas estão muito difíceis. Quero agradecer-te pelos 17 anos que vivi. Senhor, quantas coisas eu pude fazer! Estudei, brinquei, chorei, apanhei, conheci lugares, me converti, trabalhei na igreja, falei de Jesus, foi muita coisa boa. Muito obrigado. Quero que o Senhor me perdoe as faltas que me são ocultas. Mas gostaria de pedir-te uma coisa: gostaria de não morrer. É possível, Senhor? Bem, se o Senhor achar que é, então eu farei uma coisa, quando sair daqui: serei pastor. Não estou chantageando a ti, ó, Deus. É uma oferta de gratidão. Terei prazer em fazê-la. Em nome de Jesus. Amém."
Acalmei o coração. Nessa hora entrou na UTC o Dr. Hugo, um venezuelano. Levaram-me de cadeira de rodas à sala de um moderno equipamento recém-instalado no hospital, um tal de "ultra-som". Eu já não andava mais. Colocado em outra cama, recebi aquela dose generosa de gosma pelo peito. O médico começou a apertar uma espécie de microfone na gosma espalhada, e via um monte de chuviscos num monitor ligado ao equipamento. Enquanto ele passava a máquina em mim, uma listagem saia do computador. Quando ele leu a listagem, saiu correndo no corredor, gritando: "Potássio! Potássio!" Logo uma enfermeira, junto com ele, trouxeram outro soro. Arrancaram o que estava em mim e puseram o novo. Quando o líqüido correu a minha veia, eu gritei no corredor. O médico mandou adicionarem xilocaína, mas, de forma alguma deixassem de me injetar aquela substância.
A igreja orava. O povo clamava a Deus. Meu pai e o pastor chegavam de viagem. A mocidade estava triste, apreensiva, aguardando nas misericórdias do Senhor, que são a causa de não sermos consumidos.
 
Após dois vidros de soro e umas 3 horas depois do início do processo, o meu coração foi ganhando ritmo, ganhando nova vida, entrando na normalidade, e eu fui sentindo sono, um gostoso estado de sonolência benfazeja. Quando acordei, estava num quarto. Era o sexto andar da ala nova do hospital. Eu tivera melhora. Deus ouvira as orações, em especial a minha, que era o maior interessado no assunto. Ele concordara com o oferecimento que fizera. Seláramos um acordo com aquela dedicação. Foram mais 9 dias de hospital. Fiquei sabendo do meu problema: eu nascera com uma grave disfunção genética, má formação. O nome das enfermidades que eu tivera: miocardite, endocardite, taquicardia crônica, prolapso da válvula mitral, ausência generalizada de potássio no sangue. Não sou médico, não entendo disso, mas sei que eu deveria estar morto, à luz das estatísticas. Mas estou aqui, vivo para a glória de Deus. Bendito seja o Senhor, o médico dos médicos, doutor dos doutores, que tudo faz como lhe apraz!
 
Os nove dias de quarto normal foram inesquecíveis. Os enfermeiros marcavam em seus relógios o horário das 22 horas. Vinham uns 15 no meu quarto. Lá eu pregava num culto improvisado e só eu e outros 3 cantávamos, porque os outros nada sabiam. Dos três que cantavam, dois eram desviados do Evangelho e só um era crente fiel. Ao final, bendito seja Deus, 8 decisões ao lado de Cristo. Aleluia! Cheguei acompanhar a história de alguns deles.
 
Setembro de 1982. Dezembro de 2001. Estou há 19 anos vivendo um tempo extra. Cresci (e engordei também...). Tive recaídas, tenho crises de quando em quando, tomo 18 comprimidos diários, faço acompanhamento, mas, quem me vê, é incapaz de dizer: "ele é doente". Exceto pelos exercícios físicos, dos quais sou proibido, levo uma vida absolutamente normal. E por que? Porque Deus quis assim.
E eu sou pastor. Ó, inaudita felicidade, pude cumprir a minha parte da oração! É claro, eu já pensava nisso desde os 14 anos, mas ali foi o meu chamado absoluto! E aqui estou, com 10 anos de caminhada pastoral.
 
O futuro? O futuro para mim é Cristo. O passado? Dias inesquecíveis com o Senhor. O presente? Bem, o presente eu posso construir. A nossa vida é a colheita do que semeamos. Quero continuar semeando boas sementes. Tenho certeza de que elas produzirão muitos frutos. E eu ficarei feliz em ver que não atravessei a vida em vão. Quero viver cada dia no centro da vontade do meu Pai celestial.
Glórias, pois, a Ele.
 
E obrigado pela paciência, dileto leitor. Obrigado pela leitura.
Pr. Wagner Antonio de Araújo,
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP.
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Já que caiu no conhecimento de alguns, quero esclarecer um problema que enfrentei nesta semana.
 
Há três dias sofri um ataque cardíaco. Sou cardíaco há anos, fazia tempo que não tinha qualquer manifestação, mas nesta semana sofri um intenso ataque. Estou em casa, convalescendo. Estou melhor. Ainda não estou bem, mas não parti para o Senhor; Ele quis que eu ficasse um pouco mais.
 
Assim, obrigado pela oração e pelo amor dos amigos.
 
Wagner Antonio de Araújo

15 - A FROTA

 

- "Cuidado com os postes, Seu Geraldo! Não são de borracha não!"
 
- "Vê se vai pela sombra, Seu Geraldo! Cuidado com as costelas-de-vaca!"
 
- "Só passeando, né, Seu Geraldo?"
 
Era assim todo dia. O Seu Geraldo era o taxista do bairro, conhecidíssimo, muito estimado. Também pudera: 12 anos no volante, levara muita mulher grávida pro hospital e trazido mãe e filho pra casa. O povo era-lhe muito agradecido. Às vezes um fiado, outras um chequinho pré-datado, mas sempre tranqüilo. Ele dizia:
 
- "Deus ajuda a quem cedo madruga. E quem ajuda a quem cedo madruga também recebe ajuda do Senhor". E lá ia o Seu Geraldo pro batente, alegre, sorridente e confiante.
 
Ele era crente. Ele e toda a família. Não era rico, nem classe média. Era um lutador, tentava manter as contas em ordem, o leitinho da molecada e o cabeleireiro da mulher. Devagarinho as coisas andavam. Fiéis na igreja, o dízimo era sagrado. Todo dia 10 lá estava o Seu Geraldo todo faceiro, levando o envelopinho da família:
 
- " 100 meus, 50 da patroa e 25 de cada guri. Marca certinho, Irmão Astolfo ", as costumeiras orientações que passava pro tesoureiro. Nunca falhava. Nos meses de poucas corridas caia um pouquinho, mas na alta temporada o dízimo acabava compensando o tempo dificil.
 
Não perdia um culto de oração. Geralmente ele mais agradecia. Mas, às vezes, dizia ter um sonho: queria ter uma frota!
 
- "Ah, pastor, já pensou? "GERALDO TAXI EXPRESS', que maravilha! Eu ia levar toda a igreja de taxi pro culto! Não, não todo dia, senão eu iria à falência. Mas no domingo os meus carros ficariam de prontidão: "perdeu o ônibus? Chame o Geraldão!" E assim o Seu Geraldo ia levando, sonhando, trabalhando.
 
Num belo dia chegou um telegrama: era para ele apresentar-se no Fórum. O que seria? Ficou preocupado, nem dormiu à noite. Mas, para sua surpresa, era coisa boa: um parente distante deixara uma quantia em dinheiro para os parentes, e ele fora contemplado com uns bons trocados.
 
- "Olha aí, meu velho! Venho orando por você por muito tempo! Já dá pra comprar mais um carro, uma frotinha!"
 
Frota não era, porque em sua cidade, grande e populosa, uma frota era composta de 50 unidades. Mas deu para comprar 6 automóveis "0" quilômetro, registrar e colocar na praça.
 
Que alegria! Com direito a culto de ação de graças e tudo! Contratou motoristas, colocou um para dirigir o seu velho chevrolet e passou a administrar.
 
Todos estavam muito felizes. Todos, exceto a esposa. Ela notara algo diferente no marido: parecia que o esposo perdera um pouco o brilho e a espontaneidade.
 
Não só a esposa notara; o pastor também. Seu Geraldo começou a faltar nos cultos de oração, os seus prediletos. Seu lugar já era marcado no banco número 5 do lado direito; mas, agora, estava vazio, aliás, sempre vazio. Ele comprara um sítio muito bonito, próximo da cidade, e, quando não estava com os amigos, estava cuidando da chácara.
 
- "E então, irmão Geraldo, estou sentindo sua falta! " Dizia o pastor, no domingo.
 
- "Pois é, pastor, está muito corrido pra mim agora, mas logo as coisas engrenam. É como sinal de trânsito: quando parece que não abre nunca, o verdão aparece! Já, já eu volto!" O já-já não chegava nunca.
 
Posteriormente, quando o pastor lhe perguntava isso, a resposta era grosseira:
 
- "Pastor, vê se faz o seu trabalho. Tem gente de sobra pra ouvir o senhor por lá. Eu já sei tudo o que o senhor prega".O pastor sofria.
 
O Seu Geraldo prosperou. Em dois anos ele transformou os 7 taxis numa frota de 50. Como? "Bênção de Deus", dizia ele. Contratara muitos motoristas, colocara o nome de sua empresa bem bonito e graúdo nos seus automóveis:"GERALDO TAXI EXPRESS". Na inauguração fez um "coquetel", mas não chamou a igreja. Nem o pastor.
 
Um dia a igreja precisava ir a um velório. Povo muito humilde, não havia condução pra todo mundo. Dna. Zulmira, sua esposa, falou com ele:
 
- "Geraldo, pede pros carros ajudarem a transportar o pessoal pro velório e cemitério. Lembra que você brincava que queria ajudar?"
 
- "Ah, mulher, larga mão de ser mané! Sou eu burro de carga de alguém? Esse povo que se vire! Não vou carregar o pessoal de graça de jeito nenhum. Que se danem!"
 
- " Mas, bem, você dizia que ..."
 
- "Ora, mulher, quando se é pobre se fala muita besteira. Larga a mão de conversa e vai pro seu velório, que eu tenho encontro marcado com o pessoal lá do bar. Vai logo, não me enche!"
 
- "Mas, bem,  ...."
 
- "Cala a boca, beata! Parece besta! Ah, e quer saber mais? Tô cheio desse negócio de igreja. Só sabem cobrar, viver de "pindura" em quem tem mais o que fazer! Vai, dá logo o fora se não quiser levar um tapão na orelha"
 
Zulmira estava desconsolada. E não era para menos. Seu marido dera para jogar truco com os amigos, beber"socialmente", ir pro clube no final de semana. Às vezes a obrigava a acompanhá-lo. Tirou os meninos da Escola Bíblica Dominical e matriculou-os em grupos de excursões - algumas vezes iam para as montanhas, outras para a praia, e, ainda outras, para o exterior. "Coisas de classe", dizia ele.
 
Zulmira chorava. O tesoureiro, antes tão acostumado com os 200 reais do Seu Geraldo, agora recebia 50 da mulher, que ela separava "escondido" do marido. De vez em quando o Seu Geraldo vinha ao culto, terno "Hugo Boss", cheirando a "chanel número 5", sapatos importados, BMW na porta. Chegava atrasado, ouvia o sermão e saia sem cumprimentar ninguém. "Tenho compromissos", dizia ele: ia para o encontro dos "prósperos", os ricaços do clube.
 
Zulmira orava. Os meninos, cuja base cristã era firme (a mãe orava e lia a bíblia todos os dias com eles), também oravam. A igreja orava.
 
Certo dia um dos taxis acidentara-se. Sem perceber, Geraldo não atualizara o seguro daquele carro. Assim, para indenizar a família (houve vítimas fatais nos dois automóveis), precisou vender outro carro. Ao mesmo tempo 4 ex-motoristas o processaram, pois atrasara os seus proventos e tirara direitos que eles tinham a receber. Com os juros e multas, acabou por vender outro carro. Mais dois motoristas demitidos, indenizações a pagar, e outro carro seguia para a revenda.
 
Passaram-se 5 meses. A família mudara-se dali. Não freqüentaram mais aquela igreja. Não que Zulmira não protestasse; mas o marido estava transtornado. O pastor nem sequer soube para onde foram. Sumiram. A igreja tinha um prazo de 8 meses para desligar membros ausentes. A igreja orava.
 
Numa quarta-feira, no culto de oração, enquanto o pastor lia o texto responsivo com a congregação, eis que entram na igreja o Seu Geraldo e a família. Foram direto para o empoeirado banco número 5, do lado direito. O pastor sorriu, mas continuou o culto.
 
Parecia que a família estava feliz. A igreja estava perplexa. Mas continuou a celebração. Cantaram os hinos do Cantor Cristão (hinário da igreja), oraram, ouviram uma breve meditação e escutaram uns dois ou três solos.
 
Antes de terminar, o pastor franqueou a palavra a quem quisesse contar uma bênção ou pedir uma oração. O Seu Geraldo emocionou-se no banco, mas sua esposa o abraçou afetuosamente. O pastor pensou que alguém tivesse adoecido. Zulmira pediu a palavra para o Geraldo. O pastor assustou-se, mas, em respeito a Zulmira, concedeu.
 
Lá foram os 4 para a frente:  Geraldo, Zulmira, Bruno e Aloísio. Seu Geraldo pediu a palavra. Abriu a bíblia em Mateus 16.26, onde se lê: "De que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?" A seguir, falou:
 
"Fui membro desta igreja por longos anos e taxista antigo no bairro. Amava a Jesus e também a igreja. Um dia, há cerca de dois anos e meio atrás, ouvi um pastor dizer que, como crente, eu tinha obrigação de ser rico, de usar as credenciais de Filho do Rei. Não foi daqui não, foi um pastor da televisão. Eu fiz um voto e ganhei o que pedi. Ganhei herança, prosperei nos taxis e criei uma frota. Irmãos, (e agora Geraldo chorava), antes eu nunca tivesse pedido isso pra Deus! Se ganhei dinheiro com a frota, perdi a minha fé, perdi a minha família, a minha saúde, os meus amigos e até a minha dignidade. Fumei, bebi, adulterei, pintei o caneco e dancei o samba de uma nota só. De 51 carros, contando com o meu, perdi tudo, exceto o meu velho taxi. Tirei a família da igreja e ganhei a desgraça. De que vale querer ser rico, quando não se sabe ser fiel? Por isso pedi pra Zulmira, essa heroína (agora era ela quem chorava), que pedisse pro Senhor me ajudar, porque eu já não agüentava mais ter que vender carros pra pagar processos na justiça, ex-funcionários, tratamento de bebida, pagar propinas, etc. Eu deixei de dizimar, deixei de vir aos cultos, deixei de ser fiel. Vim aqui pedir ao meu Deus e à minha igreja: P E R D Ã O  !!! PERDÃO, SENHOR! PERDÃO, PASTOR! (todos choravam copiosamente). Eu perdi tudo, mas não perdi o meu Salvador! Ele me deu mais do que eu merecia: me deu a salvação, me deu esposa, filhos, um bom pastor e uma boa igreja! Obrigado, meu Deus! Antes com Cristo sem riquezas materiais do que, tendo tudo, não ter nada! "
 
Foi uma choradeira geral. O pastor abraçou o irmão, osculou a esposa e os meninos, e disse ao povo:
 
"Aprendamos, irmãos, que o verdadeiro Evangelho não é comida nem bebida; Cristo não dá ouro ou bens para gastarmos segundo os nossos prazeres. Ele até permite, quando insistimos demais, mas por nossa própria conta e risco. Está aí o resultado das riquezas temporais: quando postas em primeiro lugar, levam o homem à falência. Lembremo-nos do que nos ensina o Senhor: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem consomem, nem os ladrões minam e roubam. Porque, onde estiver o vosso tesouro, alí estará também o vosso coração". Mt 6.19-21. E diz mais: "Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas". (Mt 6.33)
 
Seu Geraldo trouxe, do carro, um panelão de salsichas em molho, preparado com amor por Dna. Zulmira, e dois sacos de pão francês, que pegara na padaria da esquina. Fizeram uma confraternização, um culto de ação de graças. Foi lindo!
 
Dia seguinte. 5 da manhã. Lá vai o Seu Geraldo pela Avenida Brasil, descendo com o seu velho chevrolet, passando em frente à casa dos vizinhos. As frases soavam como música aos seus ouvidos:
 
- "Cuidado com os postes, Seu Geraldo! Não são de borracha não!"
 
- "Vê se vai pela sombra, Seu Geraldo! Cuidado com as costelas-de-vaca!"
 
- "Só passeando, né, Seu Geraldo?"
 
E ele, feliz da vida, foi fazer as corridas do dia, sem esquecer-se de que também estava correndo uma outra corrida, a da consagração rumo à vida eterna com Cristo. Agora sabia que era o homem mais rico do mundo, pois tinha algo que o dinheiro não deu nem nunca dará: felicidade.
 
- "Vai com Deus", dizemos nós também ao Seu Geraldo.
 
Pastor Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
 

Pós-escrito (2001)
 
Quero testemunhar algo ocorrido há pouco. Este texto foi escrito com muito carinho e amor. Quando terminei, repassei as frases, para tirar um ou outro erro. Quase ao término, o computador travou. Bateu o desespero: e agora? Eu nunca consegui salvar texto algum, depois do travamento. E, infelizmente, não o tinha copiado parcialmente para a pasta de rascunhos. Antes de desligar o equipamento, orei, pedindo ao Senhor que, se o que escrevi fosse abençoar alguém, que fizesse algo por nós. E algo aconteceu: fechei alguns programas abertos automaticamente, mas tudo estava parado. De repente o e-mail "libertou-se", e pude gravá-lo. Mas foi o tempo de gravá-lo e travar tudo de novo. Ei-lo aqui, como mais uma prova da graça do Senhor. Eu bendigo a Deus por essa vitória. Louvado seja Deus! Amém.
 

 
16 - A CARA DA IGREJA
Vou à igreja para buscar a Deus.
 
Encontro uma igreja sem cara de igreja.
 
Igreja com cara de clube
Igreja com cara de show
Igreja com cara de esporte
Igreja com cara de terreiro e centro espírita
Igreja com cara de hospício
Igreja com cara de palanque político
Igreja com cara de programa de entretenimento.
Igreja com cara de gangue.
Igreja com cara de autoajuda.
Igreja com cara de oficina.
Igreja com cara de danceteria.
 
Fico desesperado.
 
Pergunto: meu Deus, onde foi parar a Igreja?
 
Questiono: e a igreja católica romana? Ainda tem cara de Igreja romana?
 
Então assisto a Canção Nova (canal católico).
 
Retiro de Carnaval.
 
Show de pagode.
Show de aché.
Show de samba.
Show de rock.
Show de música eletrônica
Show de frevo.
Show de forró.
 
Fico desesperado.
 
Pergunto: meu Deus, onde foi parar a Igreja?
 
Questiono: e a igreja evangélica? Ainda tem cara de Igreja Evangélica?
 
Daí eu olho a Rede Gospel (canal evangélico)  e os milhares de sites evangélicos.
 
E então eu vejo.
 
Retiros com hip hop.
Retiros com manto púrpura da unção.
Danças e coreografias até nas orações.
Pregadores que gritam.
Mulheres que cantam e repetem, repetem, repetem, explodem.
Guitarras envenenadas.
Clamores por ofertas.
Desafios de crescimento.
 
Fico desesperado.
 
Pergunto: meu Deus, onde foi parar a Igreja?
 
Pego a minha bíblia, vou para o meu quarto, dobro os meus joelhos.
 
E ouço Jesus: "Quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé na terra?" (Lc 18.8)
 
E então percebo.
 
Nunca a Igreja cresceu tanto em toda parte.
 
Nunca o evangelho foi tão popular e vulgar.
 
Mas o que cresce não é a Igreja, mas o parasita que se alimenta da raiz.
 
Cresce uma Igreja com cara de mundo.
Cresce uma Igreja com cara de salão de bailes.
Cresce uma Igreja com cara de clube esportivo.
Cresce uma Igreja com cara de empresa.
Cresce uma Igreja com cara de pecado.
Cresce uma Igreja que brinca com o nome de Jesus.
Cresce uma Igreja que faz do Espírito Santo um rojão de São João, só para explodir e levar o povo ao delírio.
 
Fico desesperado.
 
No lugar de Deus o povo fez um bezerro de ouro.
 
Ouro dos números. Ouro das ofertas. Ouro da prosperidade. Pó de ouro na roupa dos enganadores. Ouro dos canais comprados. Ouro dos analfabetos bíblicos que não sabem a diferença entre trigo e joio.
 
E ouço o Senhor dizer:
Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. (Lc 21:28)
 
E então tranquilizo o coração no Senhor e  digo:
 
Mestre, satisfaz a minha alma, pois a Igreja do Senhor perdeu a cara, ganhou uma máscara. Perdeu a fé.
 
E ouço o Mestre dizer:
 
Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3:11)
 
Então choro, sofro, silencio e adormeço. Durmo no colo do Pai.
 
Amanhã, quando acordar, ainda serei peregrino a testemunhar o quanto puder do Senhor e da verdadeira cara da Igreja de Jesus.
 
Wagner Antonio de Araújo
 

17 - QUANDO TUDO PARECIA PERDIDO...

 
 
Era a última noite de conferências. A organização missionária tinha realizado uma grande série de encontros, visando esclarecer o povo de Deus sobre a importância da santificação e do envolvimento de todos na obra de missões.
 
Aquele pastor estava sentado na 5a. fila, da direita para a esquerda, na ala central. Ao seu lado um velho obreiro, amigo de longa data. Na verdade, como a cidade era pequena, quase todo mundo se conhecia.
 
Uma velha missionária estava pregando. Dizia ela que aprendera de forma dura a falar com Deus como uma filha conversa com sua mãe. Disse que na selva, onde se encontrava, recebera um anúncio de que os canibais a comeriam naquela noite. Tremendo de medo, praticamente desesperada, pôs-se de joelhos, declamando as mais lindas orações que conhecia, mas não conseguia encontrar paz para a sua alma. Foi então que decidiu deixar a formalidade de lado e gritar, como uma criança em desespero:
 
- Papai, eu estou com medo! Não vou desistir, não vou negar a fé, mas estou desesperada! Ah, papai, me conforta! Me faz sentir o teu amor, carinho, consolo! Preciso do teu colo! Preciso do teu acalanto!
Segundo ela, os índios ajoelharam-se diante dela, enquanto orava. Após a oração, vendo aquela cena inusitada, perguntou o que significava aquilo. O cacique dizia que não era por ela, mas pelos "índios luminosos" ao seu redor, com flechas fulgurantes apontadas contra eles. "Que índios?" Ela não via, mas os índios entendiam que a proteção dela era divina, por isso resolveram naquela noite comer outro alimento, resolveram comer do "pão da vida". Eles se converteram e a missionária foi vitoriosa. Ela concluiu, dizendo:
 
- Pastores, parem de fugir do colo de Jesus! Ele é o caminho para a solução de seus problemas! Não importa o tamanho da crise, não importa a dificuldade que enfrentam, pulem no colo de Jesus, como uma criança pularia no colo de seu pai, quando este chegasse do trabalho! Falem com Jesus, conversem com Jesus, chorem com Jesus, adormeçam com Jesus!!!
 
- "Que audácia"- disse, encolerizado, o pastor da quinta fileira -, "essa mulher não tem o mínimo pudor teológico. Onde já se viu dirigir-se a Deus sem a devida reverência? Quem ela pensa que é para orar como se estivesse conversando com um ser igual a ela? Também, pudera, perco o meu tempo para ouvir uma maltrapilha evangelista de índios! Ora, façam-me o favor!"
 
- "Pois eu acho que ela tem razão", exclamou o amigo do pastor, muito mais velho que ele - "sabe, se eu tivesse pensado nisso há mais tempo, teria evitado muito sofrimento. Gostei muito das palavras da mocinha."
 
- "O que, reverendo? Até o senhor? Ah, meu Deus, este mundo está perdido! Onde estão os fiéis! Não os vejo mais!!!" E, esbravejando, foi embora, não aguardando nem o término da conferência.
 
Ele pegou o carro e ruidosamente dirigiu-se ao prédio onde morava. Ao chegar à portaria, recebeu um recado: o porteiro queria falar-lhe. Após estacionar, foi até a guarita. Então, a trágica notícia:
 
- "Patrão, o seu filho foi preso por porte de drogas. Ele disse que só as consumia, mas os tiras não quiseram saber. Ele está na delegacia do condado. Disseram que um advogado estaria lá, mas as coisas estão difíceis..."
 
- "Meu Deus", pensou o pastor, "só me faltava essa!"
 
Subiu para o apartamento. Ao entrar, deparou-se com um sulfite pendurado na porta da geladeira, escrito a baton:
 
- "Querido, acho que é hora de pararmos com a farsa. Estou tendo um caso. Não lhe amo mais. Por isso, estou indo embora. Na próxima semana passo para pegar as minhas coisas. Cuide-se. Mary".
 
Suas mãos tremiam. Seu coração disparara. Ele não podia acreditar no que lia! "Desgraça pouca é bobagem", dizia ele no seu íntimo. Seu filho era usuário de drogas, disso ele já sabia. Tentou criá-lo na igreja, tentou evangelizá-lo, mas "como um bom filho de pastor", pensava, "primeiro irá ser um terror, pra depois converter-se", e se iludia com esse pensamento. Mas, sua esposa? Ele, que ouvia algum comentário sobre um provável romance dela com um colega de trabalho, jamais acreditara nisso, pois a amava. Porém, desde há muito o relacionamento não andava bem das pernas: poucos encontros, conversas só por secretária eletrônica, carinhos não havia mais. Agora, a verdade! E como dói a verdade!
 
Mal acabara de ler o papel, ligam para o seu telefone. Ele atende, ávido por notícias do filho ou da esposa.
 
- "Pastor? Aqui é Joseph Smith, vice-presidente da igreja. Pastor, nós, do conselho de diáconos, decidimos realizar uma reunião consultiva nesta noite. Não estamos contentes com o senhor. Achamos que o seu tempo em nossa igreja terminou. Estaremos decidindo isso hoje pelo voto. Só estou ligando para que não venha a dizer posteriormente que a igreja fez isso à sua revelia. Acho que o seu ministério já deu o que tinha que dar. Que Deus lhe abençoe, pastor!"
 
E agora? Esposa nos braços de outro; o filho na delegacia; a igreja colocando-o para fora.
 
A dor no peito começou a atacar. Um infarto do miocárdio? Um derrame? Um desmaio? Enquanto ponderava, assentando-se no sofá da sala, veio-lhe a mente o que ouvira por parte da missionária, na conferência:
 
- Pastores, parem de fugir do colo de Jesus! Ele é o caminho para a solução de seus problemas! Não importa o tamanho da crise, não importa a dificuldade que enfrentam, pulem no colo de Jesus, como uma criança pularia no colo de seu pai, quando este chegasse do trabalho! Falem com Jesus, conversem com Jesus, chorem com Jesus, adormeçam com Jesus!!!
 
Ele pensou: "as eu nunca fiz isso! O que os outros vão pensar? Eu sempre acreditei diferente! Não, não vou ceder aos emocionalismos baratos daquela maltrapilha. Vou orar do meu jeito."E começou: "Senhor nosso Deus, divino mestre, soberano Senhor dos céus e da terra..." E as lágrimas começaram a cair copiosas dos seus olhos. Quanta dor! Chorava desesperado, em meio a gritos de agonia...
 
Dobrou os joelhos junto ao sofá, e disse, em meio ao pranto:
 
- "Deus, eu nunca fui bom em oração, me desculpe! Chamar-te de Pai eu nunca chamei. Mas agora estou desesperado! Pai, olha o que me fizeram! Pai, estou sofrendo muito! O meu filho está preso, Senhor! Minha esposa está nos braços de outro e minha igreja me odeia! Senhor, Senhor, Senhor, me acuda, me socorre, Senhor!" Seu choro invadia os cômodos vazios da casa. Seu canarinho, espantado, parara de cantar, pasmo ao ver o seu dono desse jeito.
 
Ele abriu o coração. Disse tudo o que estava atravessado pela garganta há muito tempo. Falou das tristezas, falou das frustrações, falou da família, falou da fé, falou da incredulidade. Falou, falou, falou. Chegou a adormecer de canseira e dor, mas acordou e continuou. Ao término, após o "em nome de Jesus", ele levantou-se e disse:
 
- "Acho que nunca orei tanto na minha vida! Acredito ter batido o recorde: 10 minutos! Nem no dia do meu batismo foi assim!"
 
E olhou no relógio. "O que?"   Era meia-noite quando ajoelhara, e agora já passava das 13 horas do outro dia... Ele orou durante toda a madrugada e manhã! E nem percebera quanto tempo passara assim, de joelhos diante de Deus! Sorriu confortado, e pensou:
 
-"Bem, o meu problema não se resolveu, mas Deus está comigo. É tudo de que eu preciso! Louvado seja Deus!"
 
Era um outro homem. Jamais dera graças assim, tão convictamente. Foi até a cozinha, pegou o leite na geladeira, o Toddy no armário, fez um achocolatado, pegou um pedaço de bolo, colocou tudo sobre a mesa, deu graças de forma linda, como um filho agradecendo ao Pai pelo suprimento, e comeu gostosamente.
 
Enquanto tomava o seu café, o interfone tocou:
 
- "Patrão, o senhor não vai acreditar! Sabe quem está aqui embaixo? É o seu filho! É, a polícia resolveu dar uma chance pra ele, disse que ainda era tempo dele se consertar. Só que ele está com vergonha de subir, pois pensa que o senhor irá bater muito nele. Ele me pediu para dar dois recados: "Me perdoe!" e "Eu amo o senhor!" . O que é que eu faço, patrão? Falo pra ele subir?"
 
- "Claro!"
O garoto correu, subiu as escadas voando, nem esperou o elevador. O que eram 8 andares, frente ao desejo intenso do abraço de perdão do pai? A porta já estava aberta, e não houve nem tempo de dizer nada, pois o pai o abraçou e o beijou, e ambos, pai e filho, choraram copiosamente e por longo tempo, ao pé da escadaria do prédio...
 
Entrando, o pai preparou outro café, para tomá-lo com o filho. Assim que misturou o chocolate ao leite, tocou o telefone.
 
- "Alô"?
 
- "Pastor? Aqui é o Joseph Smith. Pastor, eu nem sei como lhe dizer. Não sei o que aconteceu. A igreja simplesmente mudou de opinião (porque não posso acreditar que as reclamações que ouvia eram mentiras). Resolveram não só lhe dar total apoio, como também que o seu salário será melhorado. Bem, pastor, desculpe ter causado inconveniente e transtorno para o irmão. Receba os meus votos de sucesso e felicidade."
As lágrimas corriam quentes pela face do pastor, que agora chorava de alegria! Deus agira enquanto ele estivera de joelhos! Nada, absolutamente nada, poderia tirar de seu peito essa convicção!
 
Enquanto se refazia emocionalmente, bateram na porta. O pastor estranhou muito, porque o porteiro não poderia ter deixado alguém entrar, sem avisar. Olhando pelo "olho mágico" da porta, a surpresa final: a esposa, com duas malas às mãos. Abriu a porta. A mulher, com o rosto inchado de tanto chorar, disse:
 
- "Querido, Jesus perdoou a mulher adúltera e fez dela uma pessoa transformada. Não mereço a sua compaixão, mas eu lhe imploro: me perdoa! Eu pequei! Tem um espaço no seu peito para mim?"
 
Cena inesquecível: marido e mulher num longo e demorado beijo de dor, perdão e carinho, seguido de um abraço com choro e lágrimas indescritíveis, não de quem está triste, mas de quem reencontrou a vida! O garoto, quebrantado com tantas bênçãos, agarra os pais num abraço envolvente, juntando o seu choro ao choro do casal. E o canarinho (ah, que alegria!), voltou a cantar no viveiro...
 
E a cena descrita vem comprovar que, não importa o quanto queiramos fugir, teremos que resolver os nossos problemas no colo de Jesus. Ele é o caminho para a solução de nossos problemas! Não importa o tamanho da crise, não importa a dificuldade que enfrentemos, pular no colo de Jesus, como uma criança pularia no colo de seu pai, quando esse chegasse do trabalho, é a única solução! Falemos com Ele, conversemos com Ele, choremos com Ele, adormeçamos em Seus braços!
 
E digamos, com convicção: OS MEUS PROBLEMAS JÁ NÃO SÃO MAIS MEUS, SÃO DE JESUS.
 
Wagner Antonio de Araújo




18 - PEREIRA E PEDRO
 
Há dias em que estamos tão felizes, que damos "bom dia" até pra poste. Em outros, ai dos cachorros que cruzarem os nossos caminhos, não é mesmo? Damos chutes pra todo lado! Nós somos assim. E isso não é questão de ter ou não ter dinheiro; é uma questão interior! Já dizia o velho Salomão: "O coração
alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate." (Pv 15:13)
 
Eu me lembro do seu Pereira. Ele era o entregador de crachás na entrada do BCN do Edifício Andraus, no centro de São Paulo, onde eu trabalhava. Ele era apenas um recepcionista, de baixo salário e sem perspectiva de crescimento na carreira. Estava assim há anos. Mas nos recebia com um sorriso tão benéfico, tão gentil, que alegrava e enriquecia o nosso dia! E um detalhe: ele tinha um dos braços ressequido!
 
Também me lembro do Pedro. Êta, Pedrão! Era boy, foi promovido a porteiro. Isso em Alphaville, em Barueri, onde também trabalhei. De cabeça baixa, lendo revista, a gente passava e pegava o crachá. Se não estivesse no lugar, perguntávamos a ele. Sem levantar a cabeça, e com voz incomodada, ele esbravejava: "Veja aí na caixa, pô" E sequer verificava quem era. Um rapaz azedo. Torcíamos para não ter problemas, porque senão, era triste.
 
Todos temos um pouco dos dois, dentro de nós. Ora estamos bem, e funcionamos como ímã: todos querem ficar junto de nós. Só falta darmos autógrafos! Outras vezes, ninguém nos procura, e sequer querem sentar-se do nosso lado. Pensamos até que o nosso desodorante venceu, ou o nosso hálito está acebolado demais! Conseguimos a façanha de afastar a todos!
 
Em quaisquer circunstâncias, devemos saber que Deus continua a nos amar intensamente, sem sombra de variação. Ele não muda! "Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo." (2Tm 2:13). Deus não nos ama pelo que nós fizemos a Ele, mas pelo que Cristo, o Seu Filho, fez por nós ("Nós o amamos porque ele nos amou primeiro." (1Jo 4:19). Ai de nós, se Deus nos tratasse por merecimentos! Seríamos carvões ambulantes, cinzas caminhantes! "As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;" (Lm 3:22)
 
Quando estivermos de mau humor, o melhor a fazer é parar, entender que não podemos acrescentar um fio de cabelo em nossa cabeça, ou aumentar um côvado à nossa estatura. Ser realistas é o remédio. "O que não tem remédio, remediado está". Há outras coisas que podem ser mudadas, seja por dedicação nossa, seja por transformação, seja por milagre. Para essas, uma boa dose de esperança, faz o dia amanhecer mais claro! Diz a bíblia: "A paciência traz a experiência, e a experiência a esperança." (Rm 5:4)
 
Ninguém tem o poder de estragar o nosso dia, se nós não quisermos. Para tanto, não devemos deixar a cabeça ao léo, vagando em besteiras. Já diziam os antigos que "mente vazia, oficina do Diabo". Não vamos correr o risco. Vamos encher nossos pensamentos de coisas boas! Devemos nos ligar nas coisas do Alto, onde Cristo está assentado à direita do Pai (conforme Tiago 1.17).
 
Atentemos para a ordem divina, e transformemos os nossos dias ruins, em dias bem melhores: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (Fp 4:8)
 
Wagner Antonio de Araújo

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19 - ERA UMA VEZ PAULO, OU QUEM QUER QUE FOSSE... (20/03/2013
 
Consolai,
Consolai o meu povo,
diz o vosso Deus!
(Isaías 40.1)

 
Eram duas da tarde e Paulo aguardava com expectativa a chegada do motoboy. Afinal, estavam prontos os convites para o seu casamento. Sítio alugado, serviço de "bufê", igreja grande, enfim, tudo. Agora era iniciar as visitas na casa de amigos e parentes. Como ele desejou esse dia! Na mesa o retrato de Angélica, ao seu lado, em trajes de banho, fazendo pose de apaixonada, na Ilha Bela, litoral paulista, em frente de São Sebastião. Que lindo!
 
Mas Paulo estava preocupado. Já era sexta-feira e ele só falara com Angélica na segunda à noite, e, ainda assim muito rapidamente. Ele tinha a impressão de que algo estava acontecendo.
 
Chega o motoboy e Paulo recebe os pacotes.
 
"Ah, tá'qui a minha felicidade. Ei, rapaz, leve um pra você, faço questão que você vá ao casamento". O rapaz agradeceu, recebeu o cheque da entrega e foi embora. Lá no corredor o diretor da empresa chega com um executivo e entra na sala de reuniões, mas Paulo está tão feliz que só tem olhos para a janela e para suas lembranças do futuro...
 
Toca o ramal. "Seu Paulo, Dna. Angélica na linha 2".
 
Todo feliz, Paulo diz:
 
- "Olá, amor! Que bom que você ligou! Chegaram os nossos convites! Ficaram lindos, do jeito que você queria! Passo aí hoje à noite pra você ver?"
 
Angélica, gaguejando um pouco, voz um pouco rouca, de quem chorara, diz, em tom sentido, mas firme:
 
- "Querido, é sobre isso que eu gostaria de falar. Queria lhe falar pessoalmente, mas vai ficar difícil, você sofreria muito mais. Sabe o Ferreira Júnior, aquele que namorou comigo faz uns três anos? Pois é, bem, eu o reencontrei num culto lá da igreja da minha mãe, a gente se falou, ele me convidou para tomar um suco, a gente conversou, se gostou de novo, e acho que pintou um clima. Eu lamento, amor, mas não posso enganar você: eu fiquei com ele e vou reatar meu namoro. Perdão, querido, perdão! Não fica triste, você vai achar a sua cara metade. Te amo também, mas vou tentar o Júnior. Tchau." Desligou antes que o Paulo pudesse dizer qualquer coisa.
 
O computador estava ligado, a figura do convite na tela, e o Paulo tremia, segurando-se na escrivaninha. Lágrimas incontidas saiam de seus olhos, e uma interrogação do tamanho do mundo aparecia: "Por que comigo? O que foi que eu fiz?"
 
Lá no corredor a sala de reuniões se abriu e o diretor saiu com o executivo sorrindo, fumando e falando alto. Entrou na sala do Paulo, como quem tem novidades.
 
- "Paulinho, tudo bem? Vim apresentar-lhe o Maurício Dantas, economista e administrador de empresas".
 
- "E aí, Dr. Maurício? Tudo bem? Prazer."
 
O diretor continuou:
 
- "Paulo, você se lembra quando lhe falei de que precisávamos de sangue novo aqui na firma? Pois é, é disso que a nossa organização precisa: garra, ousadia, criatividade! O Maurício veio pra trazer tudo isso. Mas tudo tem um custo, Paulinho. Infelizmente não temos condições de manter dois executivos no mesmo espaço. Passe no departamento pessoal e acerte tudo, pagaremos tudo o que você tiver direito. Valeu, você foi jóia pra nós. Certamente achará emprego fácil". E saiu, rindo e falando alto com o Maurício, que olhou para o Paulo com o olhar de quem diz "Sinto muito, cara, eu não sabia que ia dar nisso".
 
Paulo, abobado com o telefonema e o fim do noivado de dois anos, agora recebe demissão! A secretária entra correndo e diz:
 
-" Paulo, pelo amor de Deus, calma! Gente, ele está branco, tá suando e tremendo! Tragam uma água com açúcar, rápido!" Foi uma correria.
 
Paulo tomou a água com açúcar, ficou estático por uma hora, orou um pouco (ele era temente a Deus), mas a sua oração foi: "Senhor, sou humano. Preciso de consolo. Como faço? Não suporto tudo isso!"
 
Passou a mão no telefone e ligou para o Pastor da sua igreja. Ofegante, pediu para a esposa do pastor chamá-lo. "Sinto muito", disse ela, "ele viajou para o interior, para organizar o trabalho de nossa congregação, e o celular está fora de área. Posso ajudar?" Não, ela não podia. Não se sai por aí contando as tragédias para quem não se conhece muito bem, a gente precisa de pessoas íntimas, e o pastor, apesar de ser meio distante, certamente lhe ouviria, e não gostaria que sua esposa se aborrecesse com problemas de membros.
 
Então começou o seu martírio. Ele ia arrumando as coisas e lembrando de alguém: "Sim, Francisco! O 'tio' Francisco aconselha toda a juventude, ele vai me ajudar!" Ligou para o irmão Francisco. Do outro lado da linha o irmão diz: "rapaz, você não está com sorte. Só poderei conversar com você no domingo à noite, após o culto, estou saindo de viagem. Vou orar por você no caminho, certo?" Ah, Paulo, agora sentia-se só, sem um ombro para chorar!
 
Até tentou falar novamente com a "ex" noiva, mas ela insistia para que ele não ligasse mais. Tentou falar com o diretor, mas esse tinha ido embora, "tomar café" com o Maurício, apresentando-o para os vendedores. E agora? "Irmã Joana, não, se eu contar pra ela todo mundo fica sabendo. Irmã Glorinha ... não, ela ia dizer que não tenho fé; irmão Calixto, Deus me livre! Jamais! Ele diria que eu tenho idade para resolver os meus próprios problemas e que sou frouxo. Meu Deus, eu não agüento! Estou sem opção! É mole?"
 
Paulo não achou uma pessoa disponível: "Sinto muito, Paulo, estou saindo para a prova de Química"; "Paulo, ligue depois das onze, é a hora que eu chego da faculdade"; "Paulo, dá pra ser breve, porque estou no trânsito, compromisso inadiável"; "Paulo, agora estou brincando com meus filhos"; "Paulo, depois do jogo, ok? É o coringão e o Flu!"; "Paulo, estou orando, não posso confortar você"... "Meu Deus..." Carregando duas caixas de papelão até o carro, Paulo desabou em lágrimas.
 
Paulo era crente. Mas Paulo era humano também! Ele não estava agüentando o peso das duas caixas, não as de papelão, mas do papelão que fizeram com ele, terminando o noivado bruscamente e demitindo-o do serviço sem a menor piedade. Paulo precisava de um conforto, mas não encontrava.
 
Foi até a lanchonete da esquina, pateticamente chamada "Consolo's Bar". "Pede uma cerveja, Paulo!" Foi o que pensou. Mas, lembrando-se de que não bebia, pediu soda com limão e gelo. Chorava, bebia o refrigerante, pensava em algo, desesperava-se. Imaginava-se na igreja, a bênção do pastor, a assinatura no cartório civil, a viagem de lua-de-mel, os beijos, a maciez dos cabelos de Angélica, e agora os beijos que outro lhe roubava! Pensava em sua mesa de trabalho, sua secretária, seu carro, e agora a fila de seguro-desemprego, a humilhação de ter que começar tudo de novo!
 
"Não, eu não agüento mais isso! Deus, eu vou fazer uma besteira! Chega! Ninguém está aí pra mim! Não tenho um amigo, um irmão, um pastor que me acolha agora! Deus, não deixe que eu faça uma besteira, mas eu vou fazer porque cheguei ao meu limite! Me perdoe! " Eram 22 horas e Paulo estava próximo do Jaguaré, em São Paulo. Ele lembrou-se da Ponte da Cidade Universitária, que liga a USP à Praça Panamericana. Pensou no Rio Pinheiros. Pensou em jogar-se dali. Simularia um roubo, jogar-se-ia no rio, e tudo acabaria em duas ou três matérias de jornais, e pronto. "Não agüento mais! Deus, não me deixe fazer besteira! E me perdoe, porque não suporto mais!" E saiu correndo.
 
De fato ninguém estava disponível para o Paulo. Mas Deus amava o Paulo, e, ainda que ninguém olhasse por ele, Deus o amava e estava atento para sua dor.
 
Roberto, um velho amigo, de uma igreja próxima à dele, estava preso no trabalho naquele momento. Ele tinha tentado sair às dezoito, mas o carro estava com problemas e foi necessário chamar a seguradora. "Em dez minutos estaremos aí", chegaram às 15 pras 10... Problema simples, era só trocar o cabo do acelerador. Pronto. Roberto só queria chegar em casa, tomar um banho, jantar com a esposa, beijar os filhos e dormir! Roberto era um bom cristão. Pronto o carro, Roberto foi atravessar a Ponte do Jaguaré (trabalhava nas imediações), mas não se sabe por qual motivo (?) decidiu atravessar a ponte da Cidade Universitária. "Dá na mesma",pensou ele.
 
Ao chegar à curva da ponte, Roberto viu uma cena horrível: um rapaz de pé, em cima do carro, com a camisa rasgada, descalço, pronto para pular o rio."O que é isso, meu Deus?" Acelerou e foi chegando ao meio da ponte. Olhou bem para o carro e pensou: "Não é possível! Será que é o Paulinho? Não, deve ser alguém muito parecido. Peraí: é o Paulinho sim, o farol está quebrado no mesmo lugar!PAULINHO!!!" Gritou pro rapaz e parou imediatamente o carro.
 
"Paulinho, meu garoto, o que você está fazendo? Pelo amor de Deus, não se jogue!"
 
O Paulinho, rosto inchado, lágrimas nos olhos, cabelos desgrenhados, sentou-se no teto do carro e chorou copiosamente por um tempo. Roberto, ao ver o rapaz daquele jeito, orou ao Senhor, dizendo:"Senhor, se os teus anjos me guiaram até aqui pela Tua vontade, permita que eu o salve da morte! O que eu faço, Senhor?" Paulinho chorava.
 
- "Pode chorar, Paulinho. Chore mesmo. Vou ficar aqui com você." Paulo olhou  para Roberto, olhos espantados, saiu do teto, já um pouco amassado pelo seus pés, correu para os braços dele, e começou a chorar tudo o que queria ter chorado nos braços de tanta gente próxima a quem procurou, mas que não estavam disponíveis, que não tinham tempo para ele. Aos poucos a ponte foi enchendo de gente, e o guarda de trânsito chegou-se e perguntou: "Precisa de ajuda, cidadão?" Roberto disse: "Sim, policial: afaste todos daqui porque o meu amigo está precisando de mim, só de mim, não de curiosos ou repórteres." O guarda entendeu e manteve o trânsito numa só faixa. Paulo molhava o paletó de Roberto. Chorava como um menino. Chorava como uma criança. Abraçava como um filho ao pai, uma filha à mãe, um desesperado ao salvador, um moribundo ao médico, um carente ao benfeitor.
 
Roberto, depois de quarenta minutos, disse ao ouvido de Paulo: "Vamos lá pra casa, meu filho. Lá você pode chorar mais tranqüilo. E depois, se quiser, pode dormir, ou tomar chocolate quente. Eu vou estar com você".
 
Cada um entrou em seu carro e foram embora da ponte. Paulo só queria um ombro. Alguém que o acolhesse. Um colo de mãe e um abraço de pai. Só isso. Mais nada. Não fossem os anjos de Deus e os propósitos eternos do Altíssimo, Paulo estaria morto. Mas havia um Roberto, um simples Roberto que não sabia porque o carro enguiçara, um Roberto que mudara de trajeto de repente, um Roberto que não parou para condenar, para criticar, mas para acolher, para abraçar, para fazer silêncio, para ouvir o choro, para enxugar lágrimas, para estar presente.
 
Quantos Paulos me lêem agora! Quantos já precisaram de consolo e não encontraram! E quantos de nós deixaram para consolar amanhã, ou quando fosse possível, e deixaram os Paulos escaparem de seus ombros, talvez para sempre! Que justificativa terão diante de Deus, quando o Senhor perguntar: "Aonde estavas?"
 
Lembremo-nos do que diz a Bíblia: "Consolai, consolai o meu povo!" Somos agentes da consolação! Ainda que tenhamos que ser como o Bom Samaritano, que consolou a alguém que nunca mais iria ver, pagaria as despesas quando voltasse à hospedaria, valerá à pena consolar. Consolando é que somos consolados. Mesmo sem retornos materiais. Mesmo que nunca mais o vejamos.
 
Será que alguém da igreja se lembra do seu número de telefone para desabafar? Será que lhe procuram para conversar? Será que a sua companhia é um refrigério, um privilégio? Será que você é uma opção? Abra o coração. Coloque-se ao dispor dos outros, embale a criança nos braços, acolha o entristecido com um abraço, ganhe a confiança com um olhar meigo e sincero, que não ameaça e nem condena, mas perdoa e compreende! Faça silêncio para que o outro possa desabafar, atire lenços ao invés de pedras. Está na hora de consolar, consolar o povo de Deus!
 
"Oh, Deus, assim como muitos de nós já precisaram de consoladores e não encontraram, outros de nós conhecem bem de perto os "robertos" do caminho. Ajuda-nos a sermos consoladores presentes. E que um olhar nosso, um abraço nosso, um momento gasto com o nosso irmão ou com o nosso próximo possa fazer um grande milagre, o milagre do consolo! Em nome de Jesus. Amém".
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo
= =
20/02/2013  _ Olá, amigos.
 
Estive acamado nos últimos dois dias. Comecei a melhorar.
 
Obrigado aos que oraram por mim.
 
Wagner



20 - COMUNHÃO COM DEUS
 
Perguntei a um jovem: "como está a sua comunhão com Deus?" Ele me respondeu, com ares de quem não sente a menor crise de consciência: "Não posso dizer que vai bem, mas o básico eu faço: oro antes de dormir e leio um versículo da bíblia, pelo menos". Pobre garoto! Engana-se a si mesmo! Tal relação espiritual em muito se assemelha aos casais de namorados, com relacionamento em estágio terminal: não há o que conversar, não há o que comentar, só se pede, nada se dá, e a culpa é sempre do outro. Para o menino, Deus ainda deveria estar muito contente de haver um rapaz que lê um "versiculozinho" ou que faz uma "oraçãozinha-merreca" antes do ronco. É mais um jovem evangélico, a demonstrar, de forma grotesca e rústica, a péssima qualidade espiritual da igreja do século XXI.

 
Quando não há comunhão, a grande questão é: "até onde será que eu posso ir? Posso beber? Posso fumar? Posso ficar? Posso transar? Quantas vezes eu posso pedir perdão pelo mesmo pecado? Se ninguém ver, estará tudo bem? Será que não é apenas preconceito, uso e costumes, questões culturais?" Aquele que vive um estado espiritual meramente vegetativo, caça brechas, nas quais possa enquadrar-se como alguém menos pecador do que realmente é. É a vontade de auto-justificar-se à todo custo. Seu cristianismo é pura tradição.
 
Quando há comunhão, a questão é outra. Não se pergunta: "posso fazer isso?", mas "devo fazer isso? Será que edifica? Será que é construtivo? Isso beneficiará a mim e aos demais? Não será motivo de escândalo? E se um irmão mais fraco me vir assim, estaria eu em paz comigo mesmo e com Deus? O que quero está baseado no amor altruísta?" No coração do legítimo comungante, a glória de Deus e a edificação do próximo vêm em primeiro lugar. O gosto pessoal passa por esses crivos. E as decisões são baseadas nisso, mediante a revelação contida nas Escrituras Sagradas. É a chamada "lei da liberdade em amor", mencionada por Tiago, em sua epístola.
 
Para Cristo, quem o ama guarda os seus mandamentos. E quem não o ama, não guarda. É simples, não? Alguns considerariam simplista, mas não é. Deus é um ser definido. Não há morno, mas quente ou frio. Não há talvez, mas sim ou não. Não há purgatório, mas céu ou inferno. Deus é tão claro e definido como o código binário, da informática: ou é zero, ou é um. Não há dois ou mais. Ou se está ligado, ou desligado. Ou se é salvo, ou se é perdido. Ou se ajunta, ou se espalha. Ou se é à favor, ou se é contra. Ou se é fiel, ou se é infiel. Ou se está certo, ou se está errado. Citando novamente os dizeres do Senhor, ou se ama a Jesus, guardando os mandamentos, ou simplesmente não se ama.
 
Você é do tipo que ama a Jesus? Ou nunca lhe passou pela cabeça que o amor, desejado por Cristo, traduz-se em atitudes, não meramente em palavras? É fácil demais nos escorarmos na justificação pela fé, mediante a graça do Senhor. O difícil é entender e aceitar que essa graça, motivada pela fé que ela nos outorga, produz indubitavelmente um fruto, e esse fruto se chama obediência. Quem não obedece, ainda não experimentou, de fato, do amor de Deus em sua vida. O Apóstolo Paulo diz: "o amor de Cristo nos constrange" II Coríntios 5.14. Se o amor de Cristo não estiver a constranger o nosso coração, então não houve salvação, nem justificação, nem regeneração, e estamos perdidos.
 
E não se está falando aqui de perfeição. Nenhum de nós é perfeito. Nem um de nós é isento de pecado. Todos tropeçamos e caímos. Infelizmente nós ainda não alcançamos a perfeição, e nem a alcançaremos enquanto na Terra. Mas falamos de comunhão: quanto mais próximos do Senhor, mais tocados e transformados somos, e menos coisas erradas e egoístas praticaremos. Em comunhão, subimos os degraus da santificação constantemente, e buscamos não descê-los de novo. Vamos nos esquecendo do que fica para trás, e vamos prosseguindo, sempre melhorando, sempre vislumbrando um comportamento mais correto, mais santo, mais justo, mais perfeito. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Pv 4:18). "Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado a perfeição; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Fp 3:13-14)
 
Mas ainda pecamos, mesmo sendo crentes. Contudo, há uma diferença básica: os que são regenerados pecam esporadicamente, vitimados pelas armadilhas da carne, do mundo e de Satanás. E arrependem-se amargamente, logo após a tragédia, seja ela grande ou pequena. O Espírito Santo nos convence do pecado (João 16.8). Se somos do Senhor, não teremos paz de espírito em meio ao erro. A consciência nos acusará, a vergonha nos corará, a tristeza do Senhor nos enquadrará. Mas é para o nosso bem, "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação" (2Co 7:10). Seu propósito é disciplinar, para que não pequemos mais. Deus diz, em Primeira João: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo." (1Jo 2:1). E, para fortalecimento maior da confiança que temos no Senhor, encontramos também: "Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal." (Pv 24:16); "Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão." (Sl 37:24).
 
Mas os não-regenerados não se arrependem. Erram, zombam, brincam de enganar a Deus manhã após manhã, e, não raras vezes, tentam enganar a si mesmos com uma falsa comunhão, com uma "oraçãozinha-merreca" e um "versiculozinho" por dia. Irmãos, definamo-nos diante de Deus! Saiamos de cima do muro, e escolhamos hoje a quem queremos seguir! "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor," (At 3:19). A vitória sobre o pecado só é possível quando nos rendemos ao Senhor, e render-se significa recebê-lo como Senhor e Salvador, de verdade, não só da boca para fora. Por que não fazê-lo agora, aqui mesmo, neste momento?
 
Digamos, se for o nosso caso: "Senhor, perdoa-me, pois sou escravo do pecado. Não consigo libertar-me e nem tenho vontade de libertar-me. Ajuda-me, opera em meu coração, dá-me a fé e o arrependimento necessários, e, com tua mão, segura bem a minha, conduzindo-me à regeneração pela fé em Teu nome. Quero amar a Jesus, e, em decorrência disso, guardar os seus mandamentos, demonstrando todo o meu amor. Por favor, atende-me. Em nome de Jesus, amém".
 
Deus nos abençoe!
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
Good News Partnership Missions no Brasil

 


21 - HONRANDO AS CÃS
 
Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião;
e temerás o teu Deus.
Eu sou o SENHOR.
(Lv 19:32)
 
Quando eu era pequeno, pensava que “cãs” eram as fêmeas dos “cães”. Foi quando descobri que cãs eram os cabelos brancos de um idoso, sinônimo de pessoas muito experientes e bastante vividas.
 
Deus nos manda honrar os idosos. Nesse sentido, deveríamos nos levantar para eles, deveríamos respeitar a face deles. E, infelizmente, o mundo ocidental de hoje não faz isso. O mundo oriental, já tão contaminado com nossos maus costumes, também tem relegado ao segundo plano o respeito para com os mais velhos.
 
Parece que nossas igrejas começam a ignorar os idosos também. Se não os ignoram, pelo menos os classificam como seres de segunda classe, gente de menor importância, meramente um “grupo da terceira idade”, ou da “melhor idade”. Estou para afirmar que esse não é o desejo do ancião, nem de Deus.
 
Dizer ao velho que ele é velho e que deve se colocar no lugar de velho, não traz benefício algum. Pelo contrário, demole sua auto-estima e lhe tira qualquer perspectiva de relevância numa sociedade de jovens. O idoso não precisa de ninguém a repetir-lhe o que as juntas do seu corpo cansado falam o tempo todo. Ele não precisa ser lembrado de que já está prestes a partir. Também não precisa ser colocado no rol dos “que dão trabalho”, e que vão ocupar-se de coisas de pouco valor (jogar dominó, dar milho aos pombos, dançar a valsa da saudade).
 
O idoso é digno. O idoso é importante. O idoso é fundamental, e precisa ser valorizado. O idoso tem características especiais, que não o tornam menos importante que os demais.
 
Há muitos pastores que, em suas visitações quotidianas, visitam apenas os idosos ricos, que poderão cobrir-lhes de recursos para seus sonhos nem sempre exequíveis. Se o velho é pobre e sem dinheiro, só receberá visitas quando estiver no leito de morte, ou quando a família ameaçar deixar a igreja. Que vergonha! O idoso é uma bênção! Não é um entulho! Não é um peso! Aliás, não raras vezes, pastores idosos são tão desprezados quanto os idosos da igreja: não prestam para administrar igrejas, não são convidados para pregar, não recebem o carinho e a mantença de suas ex-ovelhas, que têm agora um pastor jovem. Que tristeza!
 
A igreja que valoriza os idosos honra a Deus. Há muito para eles fazerem no Reino de Deus! Primeiramente, são bons ouvintes. Servem como conselho consultivo. Depois, como confessores: como precisamos de um ombro amigo para abrir o coração, e como os idosos são compreensivos! Tive em meu ministério, uma Dna. Maria (Vila Souza), uma Celina (Boas Novas Jd. Brasil), Alice (Bela Vista Osasco), Isabel e Sinair (Boas Novas Osasco), sem contar a minha amada e saudosa mamãe. Eu não seria o que sou, se essas mulheres não fossem minhas confidentes. Quantos conselhos recebi! E eram todas idosas, octogenárias!
 
Valorizar o idoso equivale a honrá-lo. Prestigiar sua presença, visitá-lo, sentir sua falta, levar a igreja ao seu lar, telefonar-lhe, dar-lhe presentes, dar-lhe tarefas possíveis e importantes, buscar sua participação, torná-lo importante, útil e ativo. O idoso rejuvenescerá. Ele reencontrará motivos para continuar vivendo. E a igreja provará que todos são importantes na família divina.
 
Honremos os nossos idosos!
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

 


 

22 - DESAFIO PARA OS CRENTES
 
"Tudo quando fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo, pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas" (Colossenses 3.22-25)
 
Estamos chegando num momento crucial da existência da Igreja do Senhor, uma época de semeaduras e colheitas. Esperamos uma grande colheita, pois, como diz a Palavra de Deus, "Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará" (II Coríntios 9.6)
 
O campo é o mundo, prezados irmãos. Há muito povo neste Brasil precisando de Cristo e de Sua salvação. São pobres, ricos, ignorantes, eruditos, sãos, doentes, homens, mulheres, crianças, velhos, religiosos, ateus, todo tipo de gente, cuja alma é eterna e que foram amadas por Deus, valendo mais do que o mundo inteiro! "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(João 3.16).
 
Sei que Satanás, o adversário, tudo faz para prejudicar a obra de Deus. Ele é o usurpador, o inimigo. Ele odeia a Cristo e também aos seguidores de Cristo. Estamos invadindo o território do adversário. Ele luta contra Deus, contra a marcha do evangelho. No entanto, Cristo prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja. "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16.18)
 
Que tipo de crentes Deus espera que sejamos, para que opere com Sua graça eficazmente, deixando Satanás sem a mínima vantagem em nenhuma ocasião?
 
1) CRENTES AUTÊNTICOS -  Em nossa época vivemos uma triste realidade: tudo é imitável. Há produtos falsificados, aparelhos falsificados, verdadeiras réplicas. No entanto, um crente autêntico jamais poderá ser copiado, pois há um diferencial inconfundível. Não são as roupas, não são as palavras bonitas, não são os versículos decorados ou os hinos apresentados. Um crente verdadeiro possui o FRUTO DO ESPÍRITO: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gálatas 5.22,23).  Você possui o Fruto do Espírito?
 
2) MENSAGEIROS DAS BOAS-NOVAS - Temos uma mensagem a propagar a todas as pessoas: Só Jesus Cristo salva! Este é o nosso lema, o nosso "slogan", a nossa marca registrada. Jesus ordenou: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas  que vos tenho ordenado." (Mateus 28.19).  Devemos usar todos os recursos possíveis: folhetos, cultos ao ar livre, conferências, programas de rádio, visitas, cursos nos lares, telefonemas, cartas, etc.  Nossa missão é divulgar a salvação em Jesus
Cristo, e tudo investimos para este fim.
 
3) VIDA CRISTÃ DEDICADA - Precisamos de uma qualidade de vida que agrade a Deus e desperte os homens para Deus. A Bíblia diz: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12.14). Os simples ouvintes da Palavra não têm nenhuma vantagem diante de Deus. Somente os praticantes experimentam a vitória: "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não meramente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla num espelho o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera atentamente na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar" (Tiago 1.22-25)
 
4) IRMÃOS AMADOS - Fomos feitos uma família. Na Casa do Senhor não há Araújo, Lima, Pacheco, Rodrigues, Fatel, Curcino ou Ferreira. Somos todos DO SENHOR. José do Senhor, Wagner do Senhor, Maria do Senhor. Temos todos um mesmo Pai, Deus. Temos todos um mesmo Senhor, Jesus. Temos todos um Espírito, o Espírito Santo. Não há lugar para contendas. Todos num respeito mútuo, com tarefas claras, sem ira nem amargura, sem desejo de domínio, sem fraqueza ou relaxo, sem insubordinações ou anarquismos.
 
5) CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO -  Ser cheio do Espírito Santo deve ser uma realidade em nossas vidas. Preenchidas as condições, o Espírito Santo enche as nossas vidas. Vida reta e íntegra, leitura bíblica e momentos de oração constantes, nenhuma raiz de amargura, buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, amar o próximo como a si mesmo, oferecer a Deus o corpo como sacrifício vivo, prestando ao Senhor um culto racional, são todas atitudes que, juntas, nos dão plena condição de sermos cheios do Espírito. "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim."(Gálatas 2.20). "E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito" (Efésios 5.18)
 
Diante destas realidades, pois, conclamo aos queridos leitores que, no poder do Espírito Santo, vivamos para a glória de Deus, fazendo valer Sua Palavra, a saber, que somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou  (Conforme Romanos 8.37)
 


Pr. Wagner Antonio de Araújo


23 - 24 - CONSTRANGEDOR...

 
 
- Irmã, por favor, me ajude, porque ainda não consegui localizar a igreja!
 
- Mas, pastor, o senhor está bem pertinho! Olha, siga duas ruas à frente após o semáforo e desça à esquerda. No quarto cruzamento vire à esquerda e vá para o número 252.
 
- Ah, meu Deus, direita, esquerda, semáforo, irmã, eu vou me atrasar um pouquinho!
 
O pastor estava procurando a igreja Batista da Vila Colônia. Mas a cidade é grande e era a sua primeira vez naquela região. Levou consigo o guia de ruas, mas, por via das dúvidas, deixou o celular ligado. Tentou orientar-se com a secretária da igreja, que era a esposa do pastor local. Mas ele estava tão aflito, que não conseguia nem achar o semáforo.
 
- Segunda, terceira, ah, droga, cadê esse semáforo? Eu vou chegar atrasado! Meu Deus, me ajude!
 
- Calma, pastor, o senhor vai conseguir já, já! - disse a secretária, do outro lado da linha.
 
Subitamente o pastor cruzou a terceira travessa, enquanto falava com a moça. Foi quando tentou cruzar a terceira travessa. Não percebeu que havia um semáforo bem no cruzamento, e o sinal era vermelho. Ele passou. Na rua que cruzava um outro veículo vinha devagar, obedecendo ao sinal verde. Ao perceber o descuido do pastor, acabou brecando violentamente e conseguiu evitar uma tragédia. Bem, evitou a batida, mas a tragédia... Ele esqueceu de desligar o celular. A irmã o chamava:
 
- Pastor, pastor, o que aconteceu?!
 
O outro motorista, que fora cortado, sem saber que o pastor estava perdido, começou a gritar:
 
- Seu imbecil, não viu que o sinal estava vermelho pra você?
 
- Imbecil é a sua mãe, seu palhaço! Eu cruzo no vermelho quantas vezes quiser e ninguém tem nada com isso! Vai encarar?
 
- Olha, não me ameace não, porque você não sabe com quem está mexendo...
 
- Ah, judiação do nenê! Tô morrendo de medo! Vem, vem me pegar, seu sem-vergonha! Vem se você for homem!
 
A secretária, atônita, pensou:
 
- Meu Jesus, e agora? Ele vai apanhar na rua! E o meu marido que não chega...
 
O motorista do outro carro parou e desceu. Tinha um pedaço de pau dentro do carro, que ele tirou com ares de superioridade. O pastor, por sua vez, sangue quente, enfiou a mão por debaixo do banco e tirou o extintor de incêndios.
 
- Ele quer briga? Pois vai ter! - pensou.
 
Ambos estavam na rua. O celular do pastor estava pendurado na cinta. E a secretária já estava rouca de tanto gritar, inutilmente.
 
- Olha aqui, seu barbeiro - falou o outro motorista - É melhor ir andando, se você tiver amor pelos seus filhos. Você está errado e vai apanhar aqui e agora. Assim, saia enquanto é tempo!
 
- Seu cafajeste, pensa que a rua é só sua? Só você sabe guiar? Vem, vem aqui com o papai, que eu te dou um banho de espuma!
 
A secretária já estava roxa de tanto gritar e agora ficava pálida: eles iam brigar!
 
Mas, subitamente, o outro motorista disse:
 
- Quer saber de uma coisa? Você é insignificante demais pra mim. Não vou estragar meu pedaço de pau numa cabeça tão oca quanto a sua. Dá o fora, imbecil!
 
- ahahahah, amarelou, né, palhaço? Pois eu é que não vou gastar o meu extintor num cara que não honra as calças. Vá pro inferno e não cruze mais comigo!
 
- Vá pro inferno você, babaca!
 
Os dois entraram nos seus carros e saíram cantando pneus, quase batendo novamente. Mas foram embora. O pastor parou o carro e começou a xingar:
 
- Cara fdp, v, c, &*()(  #$@R%^^^& (palavras intraduzíveis, caríssimo leitor. Qualquer dúvida, pergunte para a secretária, que estava na linha, ouvindo tudo).
 
Então, lembrando-se das conferências da noite, cujo tema era MANSOS COMO CRISTO, parou um pouco, tentou lembrar-se do endereço e tentou ligar pra secretária. Sem aperceber-se que havia linha no aparelho, apertou os botões e disse:
 
- Alô? Já atendeu, irmã? Que rapidez!
 
Ela, escandalizada, envergonhada, decepcionada, sem ter o que dizer, falou:
 
- Desce a segunda à direita e vira à esquerda. Número 252.
 
E rapidamente o pastor chegou à igreja. Estacionou, escolheu o seu melhor sorriso, disse consigo mesmo que aquelas coisas acontecem e são passageiras, desceu do carro e, em lugar do extintor, tomou a bíblia e o hinário.
 
As pessoas, ansiosas por cumprimentarem-no, aproximaram-se. Ele, cortez e cavalheiro, a todos atendeu com carinho. O pastor da igreja, que chegara atrasado, estava ocupado na sala de reuniões e iria entrar no decorrer do culto, para apresentar o pregador.
 
O culto começou. Orações, leituras responsivas, corinhos da equipe de louvores, números especiais, um culto e tanto! O pastor-visitante estava feliz.
 
Então, antes de passarem a palavra para ele, chamaram o pastor da igreja, para que ele fizesse a apresentação. O pastor da igreja não o conhecia pessoalmente, só por fama de bom pregador.
 
Foi quando o pastor entrou, pela porta dos fundos, ao lado da esposa, a secretária da igreja. O pastor visitante estava de costas, falando com um corista.
 
O pastor da igreja olhou para o auditório, olhou para o pastor e ficou mudo. O povo imaginava que ele estivesse escolhendo as palavras para apresentá-lo de forma polida e diplomática. Afinal, ele gostava de honrar os visitantes. Mas o silêncio estava custando a passar, e começava a ser constrangedor. Algumas bagas de suor escorriam pela testa do pastor. O pastor visitante, de repente, sentado onde estava, envermelhou-se e abaixou a cabeça, no maior silêncio também.
 
Agora a igreja estava preocupada.
 
Os adolescentes diziam:
 
-"Aí, meu, da hora esse suspense! Acho que pintou sujeira, saca só!"
 
Um garotinho de dois anos olhou pra mãe e perguntou:
 
- "Mamãe, o pastor usa flaldas também? Ele tá fazendo a mesma cala que eu faço quando tô fazeno cocô" . E a mãe: "Cala a boca, menino!"
 
Um seminarista cutucou a namorada, com ares irônicos, e falou:
 
- Tá vendo, bem? Até ele esquece o esboço de vez em quando. Não sei porque só falam de mim".
 
Silêncio na igreja. Um olhava para o rosto do outro, sem saber o que fazer. O coral fazia gestos ao regente, que os mandava aguardar. Eram duzentas pessoas suando, sem saber nem porquê.
 
E o pastor, no púlpito, começou a chorar. A igreja pensou que ele tivesse recebido uma notícia ruim. Mas, estranhamente, o pastor visitante também, e de soluçar!
 
Um universitário, novo convertido, exclamou:
 
- Poxa, cara, surrealismo pós-moderno! Divino!
 
O choro dos dois, cada um no lugar onde estavam, era tão comovente, que muitos começaram a chorar também, sem terem a mínima idéia do porquê. Um crente pentecostal, que estava alí, arriscou a dizer para os seus colegas de banco:
 
- Aleluia, irmãos, acho que ele recebeu o batismo! Eu sabia! Um dia ia acontecer! Aleluia!
 
O pastor visitante levantou-se e desceu da plataforma, chorando. Realmente comovente. Estava indo embora pelo corredor lateral, quando o pastor da igreja disse, ao microfone:
 
- ESPERE!!!
 
- Pra quê?
 
- Porque somos crentes!
 
Então o pastor visitante estacou, virado de costas. O pastor da igreja começou:
 
- Irmãos, há cerca de uma hora eu e ele quase saímos no tapa no cruzamento da rua de cima, por causa de uma briga de trânsito. Ele iria me dar um banho de extintor de incêndios, e eu iria surrá-lo com um pedaço de pau que guardo no carro. Amados, quando é que eu iria imaginar que esse era o homem que eu havia convidado para pregar aqui na igreja hoje?
 
E o pastor visitante, do corredor, exclamou:
 
- E como eu iria saber que o senhor era o pastor da igreja que eu estava procurando?
 
Voltaram a chorar. Agora a igreja chorava de gosto, porque sabia a razão.
 
Um velho diácono, experiente, sincero, leal e consagrado, tomou a palavra e disse:
 
- Igreja, que sermão melhor poderíamos ouvir sobre ser MANSO COMO CRISTO? Esses pastores, humanos, pecadores, falhos, mostraram para nós tudo quanto não devemos fazer, e certamente muitos de nós fazemos até pior! Nós só não temos coragem de dizer! Mas, se eles pecaram, Jesus é fiel e justo para perdoá-los e purificá-los! E essa é a maior lição! Pastores, vocês são crentes! Lembrem-se do que diz a Bíblia: "irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira" (Rm 12.19). Vocês acham que Jesus faria o que vocês fizeram? Ele era manso! Sejam mansos também! E agora façam o favor de se reconciliarem e glorificarem ao Senhor! Vamos, pastores, o que estão esperando?
 
Envergonhados, pálidos, assustados, os pastores saíram de seus lugares e, nas escadas da plataforma, abraçaram-se, pedindo perdão um para o outro, em lágrimas comoventes, que marcaram a vida daquela igreja. Naquele dia o sermão não foi pregado com palavras, mas proclamado com atitudes. Não pelo pecado que cometeram, mas porque aprenderam que pecar custa muito caro. E Deus usou o velho diácono como nunca havia usado. Seja Deus engrandecido.
 
Faz 4 anos que isso aconteceu. E há 4 anos essa igreja não tem mais problemas de ressentimentos ou mágoas, porque, assim que surgem os problemas, são tratados com responsabilidade. Afinal, ninguém quer passar o vexame que os pastores passaram.
 
POIS SENDO RESGATADOS POR UM SÓ SALVADOR
DEVEMOS SER UNIDOS POR UM MAIS FORTE AMOR
OLHAR COM SIMPATIA OS ERROS DE UM IRMÃO
E TODOS AJUDÁ-LO COM BRANDA COMPAIXÃO
 
SE TUA IGREJA TODA ANDAR EM SANTA UNIÃO
ENTÃO SERÁ BENDITO O NOME DE "CRISTÃO"
ASSIM O QUE PEDISTE EM NÓS SE CUMPRIRÁ
E TODO O MUNDO INTEIRO A TI CONHECERÁ
 
(hino 381 do Cantor Cristão, AMOR FRATERNAL, segunda e quarta estrofes
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo
bnovas@uol.com.br
20/04/2002


25 - CAMINHANDO NO PASSADO...

 
Sim. Esse é o melhor título para minha última crônica de dezembro.
 
Após fechar a conexão, percebi que o sono custava-me a chegar.
 
Resolvi caminhar. Eram 5 horas da manhã, a energia física em pleno vigor, e o desejo de fazer algo concebido há muito: caminhar.
 
Foi o que fiz. Coloquei meu velho tenis, usado em minha primeira viagem a América, Tenis que me serviu quando eu era bem mais magro. Foi esse o tenis que chamei por cúmplice da minha loucura boêmia.
 
Saí portão afora. Que luar lindo! Lua cheia em plena aurora! Silêncio na rua, como soi acontecer nas ruas do interior paulista. Uma São Paulo adormecida, prestes a despertar para mais um dia de trabalho. Tão bonita quanto esta, que brilha lá fora hoje à noite, noite de 31 de dezembro de 2001...
 
Eram 5 da manhã e calculei o meu destino: iria fazer o caminho que por tantos dias, meses e anos fiz, em minha adolescência: o caminho para o BCN, onde eu trabalhava. "Ah, que saudades eu tenho da aurora da minha vida". Alí, naquelas ruas, estava eu novamente. Eu descia ao banco e subia 4 vezes ao dia e não ficava cansado! Daqui até lá são 12 quarteirões cheios de subidas e descidas, cheios de travessas e obstáculos. Decidi voltar ao meu tempo de office boy.
 
Que impressionante! Como as ruas se transformaram! As casas, dantes habitadas por gente que eu conhecia de "bom-dia, boa-tarde", agora com novas fachadas, novos carros, outras simplesmente deram lugar a enormes arranha-céus. Que vazio no meu peito, senti-me como um peixe fora d'água, pois o local era o mesmo, mas o tempo levou embora as coisas que me eram caras.
 
Cheguei ao BCN. Que tristeza! Uma faixa enorme dizia: "futuras instalações da faculdade SENAC". Aquele prédio, duplo, 7 andares, 486 funcionários, a quem eu conhecia nome por nome, a quem presenteei bíblias talvez para mais da metade deles, aquele prédio que conheço profundamente, conheço suas portas, suas salas, seus banheiros, suas escadas, seus elevadores, aquele prédio que ficava aceso dia e noite, agora estava todo apagado, empoeirado, como que a mostrar para um saudosista os fantasmas de anos e dias que nunca mais voltarão! Olhei para a porta e foi como se eu visse o guarda Lourival, o guarda Mello, os carros do despacho de agências, aquele entra e sai constante! Sombras de um passado antigo!
 
Decidi continuar o caminho para o bairro da Lapa. Caminhadas que fazia sempre, rumo a minha velha escola. Comecei a suar. Minha gordura impedia que eu me deslocasse como o jovem garotão de 16 anos de outrora. Casas modernas, novos comércios, a banca de jornal do seu Manoel, que já deve ter falecido há muito, novos tempos. E eu, o velho jovem, a reviver memórias de minha adolescência! Efemérides que nunca sonhei ter um dia!
 
Subi até a minha escola, onde aprendi a viver. Lá no Thomaz Galhardo eu comecei a estudar à noite. Lá eu comecei a ser homem, responsável. Lá eu namorei, lá eu vivi o meu tempo de convertido novo, lá eu criei meu primeiro ministério evangelístico, "Ministério Shalom", onde tínhamos cultos todos os dias na hora do recreio, com mais de 40 participantes. Lá que evangelizei meus colegas, colegas hoje casados, pais de família, cada um seguindo seu próprio rumo, seu próprio destino.
 
Mas, que surpresa! Nem o colégio era mais o mesmo! Nosso péssimo governo, verdadeiro rolo compressor de tudo que ainda prestava neste Estado, mudou a Escola Estadual de 1o. e 2o. Graus para Escola Estadual de Ensino Fundamental - ah, meu Deus, o grande Thomaz Galhardo, que formou gerações de trabalhadores e pensadores por tantos anos, que nos dava o preparo até o 3o. colegial, escola disputada na época, agora tornando-se apenas escola de primeiro grau, mormente com classes infantis! Nada contra o ensino de crianças, mas o Thomaz tinha o período da manhã para primário, o da tarde para ginásio e o da noite para colegial - uma autêntica sinfonia, com começo, meio e fim. Hoje, uma simples escolinha de bairro.
 
E eu olhei para o meu passado pelas paredes pixadas do meu colégio - foi como se escutasse os meus antigos professores a ensinar-me, a turma do fundão a bagunçar, os carros que vinham encontrar as namoradas à porta no final das aulas. Efemérides!!!
 
Retornei para casa. Descobri que há dois caminhos na vida: um é aquele em que se cultua o ontem, como único tempo de felicidade, mesmo que na época não tenha sido tão valorizado. E o hoje, que encara a realidade e procura tentar fazer das experiências atuais memoráveis para os dias futuros. Não temos escolha. Temos que continuar caminhando, ainda que deixemos para trás grandes recordações. Certamente que, ao longo do caminho, encontraremos experiências e pessoas tão boas e marcantes quanto as que tivemos nos tempos de outrora! Às vezes precisamos disso, desse reencontro conosco mesmos, com as ruas por onde caminhamos no antigamente...
 
Ah, se a lua cheia continuasse a brilhar como brilhava! Mas veio o sol e clareou o dia, sol que amanhã cedo brilhará sobre o Brasil...
 
"Senhor, obrigado por me deixar caminhar pelo meu passado por um pouco, relembrando quantas coisas o Senhor fez em mim, por mim e através de mim, relembrando dos amigos que deixei, dos professores que ajudaram na minha formação, do serviço que fez de mim um homem responsável e honesto, das oportunidades de evangelismo que tive.
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo



26 - O ABECEDÁRIO DE DEUS
Quanta saudade nos traz a lembrança da primeira escola onde fomos alfabetizados! Tempo de descobertas, tempo de surpresas, tempo de desafios! Alguns estudaram na escolinha da roça, onde aprenderam a tabuada e o á-bê-cê. Outros, de origem urbana, recordam-se com doçura do pré-primário. Mas cada um de nós tem uma história para contar sobre aqueles primeiros anos!
 
O abecedário mais popular em todo o Brasil durante muitos anos foi “Caminho Suave”, ainda publicado e utilizado por alguns professores. Eu, entretanto, aprendi a ler e a escrever com a cartilha “Convite à Leitura”. Mas todas as cartilhas propiciavam ao infante a mesma oportunidade: familiarizá-lo com as letras, as sílabas, os formatos de escrita e de imprensa e, finalmente, com a leitura de todos os textos em português.
 
Comumente, antes da era da pedagogia construtivista, nossos mestres nos ensinavam a formar sílabas: bê-á-bá; cê-á-cá, de-á-dá, etc. E as primeiras letras que aprendíamos eram A-B-C-D. O nosso alfabeto inicia-se com essas letras. E ABCD é sinônimo de alfabeto.
 
Hoje, contudo, aprenderemos um outro alfabeto, não mais pelo abecedário dos homens, mas pelo abecedário de Deus. No nosso alfabeto as primeiras letras são ABCD. No divino, as letras principais são OBDC.
 
Qual o significado de O-BÊ-DÊ-CÊ ? Sem dúvida, trata-se de uma ilustração, que vem em boa hora para ajudar-nos a nos comunicar de forma satisfatória com o nosso Criador.  A linguagem através da qual nos comunicamos com Deus é a linguagem da OBEDIÊNCIA, da submissão, da entrega voluntária da nossa vontade e da aceitação da vontade de Deus para as nossas vidas. Obediência é a linguagem que toca o coração de Deus.
 
Vejamos então: o que nos lembram cada uma das letras que formam esse acróstico?
 
1)    O, DE “ORDEM”
 
Obediência não é uma opção para os Filhos de Deus, tanto quanto obediência não é uma opção para os nossos filhos. Obedecer é uma ORDEM. Trata-se de uma condição indispensável no relacionamento pais-e-filhos, algo obrigatório e indispensável. Certamente pela falta da obediência é que estamos vivendo numa sociedade completamente confusa, violenta, imoral e desumana.
 
Samuel, quando repreendia Saul por este ter feito sacrifícios sem a presença dele, o que era indispensável para aquele momento, afirmou peremptoriamente:  “Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros” (I Samuel 22.15). Deus considera a obediência à Sua Palavra melhor do que sacrifícios, e atender aos Seus mandamentos melhor do que ofertas. Vejam a importância de se obedecer ao Senhor!
 
Jesus, o nosso único e Todo-Suficiente Salvador, condicionou o nosso amor a Ele pela obediência que lhe prestássemos, na observância de Seus mandamentos. Disse-nos Ele:  “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (João 15.14) E complementou: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” (idem, 14.15).
 
O saudoso Pastor Dr. Rubens Lopes, brilhante príncipe dos púlpitos batistas nas décadas de 40 a 70, pastor da Igreja Batista de Vila Mariana, SP, criou uma frase inesquecível: “Não se pode amar sem obedecer, tanto quanto não se pode obedecer sem amar”. Grande verdade! A verdadeira obediência não se impõe; se conquista ! E, para o relacionamento dos homens com o Criador, a obediência é aspecto indispensável, sem a qual não há comunhão.
 
2)    B, de “BÊNÇÃO”
 
Ao cristão cabe a obediência, não como penalidade, mas como privilégio. Foi assim que Jesus Cristo, o Unigênito do Pai, encarou a necessidade exemplar de ser-Lhe submisso: “Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.” (João 4.34). Obedecer era uma bênção para Jesus, pois lhe satisfazia a alma agradar ao Pai em todos os aspectos e sentidos! “E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado.” (João 8.29)
 
Quando obedecemos ao Senhor e cumprimos os Seus mandamentos recebemos bênçãos decorrentes de tal obediência, bênçãos condicionadas à nossa submissão. É um erro pensarmos que, junto com a salvação, que nos é garantida pela fé, obteremos também o galardão, que é fruto de nossa obediência e dedicação. Quem é salvo tem prazer em obedecer. Quem está perdido não tem em si o espírito de submissão. Por isso é indispensável que, na avaliação de nossa vida cristã, nos questionemos sobre nossa obediência a Deus.
 
“E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás por cima, e não por baixo; se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, para os guardar e cumprir. “ (Deuteronômio 28.13) Uma bênção aos hebreus, caso fossem fiéis a Deus, que os criou e constituiu, coisa à qual não se ativeram.  Assim, “E entraram na terra, e a possuíram; mas não obedeceram à tua voz, nem andaram na tua lei; de tudo o que lhes mandaste fazer, eles não fizeram nada; pelo que ordenaste lhes sucedesse todo este mal.” (Jeremias 32.23)
 
Que bênçãos estariam reservadas para nós, se diligentemente obedecêssemos ao Senhor? Várias, dentre as quais citamos:
 
A bênção do pão de cada dia: “Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus.” (Filipenses 4.19) “Ora, Deus é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.”(Efésios 3.20)
 
A bênção da oração respondida: “Muito pode a oração de um justo em seus efeitos” (Tiago 5.16)
 
A bênção da proteção contra Satanás: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4.7)
 
A bênção de ganhar almas para Cristo e obter galardões: “O fruto do justo é árvore de vida; e o que ganha almas sábio é.”(Provérbios 11.30); “E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória.” (I Pedro 5.4)
 
Se nós gastássemos um pouco do tempo que perdemos em coisas de nenhum valor, numa pesquisa sincera, piedosa e profunda sobre quais são as bênçãos decorrentes da obediência, ficaríamos impressionados com a infinidade de promessas que encontraríamos. Queira o Espírito Santo que as que acabamos de citar despertem o interesse de todos na obediência ao Senhor. É correto esperar pelas bênçãos do Senhor, como fez Moisés, que, “tendo em vista a recompensa”, desprezou sua posição política no Egito, preferindo o vitupério de Cristo! (cf. Hebreus 11.26)
 
3)    D, de “DECISÃO”
 
O saudoso Reverendo Josué Alves de Oliveira, pastor da Igreja Congregacional de Santos, SP, em seu opúsculo “A Excelência do Ministério”, explica-nos com maestria a diferença entre ser um escravo de homens e sermos escravos de Deus: “O escravo dos homens não tem vontade própria, nem liberdade de ação. Sua vontade é a do seu senhor, imposta por violência e prepotência. Não é o caso de Paulo e dos ministros em geral, que servem por amor e plena submissão ao Senhor Jesus. São escravos voluntários porque ouvem o chamado e, em prova de gratidão pela maravilha da salvação, querem servir. É uma decisão voluntária e pessoal. “ ( pág. 78, capítulo III). Conquanto o Rev. Josué estivesse expondo a questão quanto aos ministros do Senhor, a explicação é válida para todo e qualquer servo de Deus, que se dispõe voluntariamente a obedecê-lo: tem que ser uma decisão pessoal, e, se imposta, que o seja pela consciência, e nunca pela força.
 
Disse Josué ao rebelde povo hebreu: “Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24.15). A própria nomeação de Israel como “povo de Deus”, “nação sacerdotal” não foi um ato de imposição divina, mas baseado em um compromisso do povo para com o Senhor:“Também tomou o livro do pacto e o leu perante o povo; e o povo disse: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos.” (Êxodo 24.7). Logo, se foram vítima dos caldeus e de tantos outros, houve uma origem  de quebra do compromisso voluntário que fizeram.
 
Ser de Cristo é um ato miraculoso, que acontece no cerne da alma humana. O Espírito Santo trabalha em nossos corações, enquanto ainda somos perdidos e pecadores, e convence-nos do pecado da justiça e do juízo. A seguir, de uma forma ou de outra, somos levados à conversão, seja através de um apelo evangelístico, seja por um estudo  bíblico, um programa televisivo ou a leitura de um folheto. Então, naquele dia, decidimos seguir ao Senhor. Somos admitidos como filhos amados, como soldados do Reino, como cidadãos dos céus. Assim como recebemos a Cristo como Salvador, também o admitimos como único senhor. E senhor significa dono, proprietário, autoridade. Nós voluntariamente decidimos obedecer-lhe.  Trata-se de algo voluntariamente aceito, e que deve ser assumido ao longo da vida.
 
Ao ter Jesus nós decidimos obedecer ao Senhor: “Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.” (João 12.26). Nunca Jesus obrigou quem quer que fosse a seguí-Lo. Suas expressões são sempre persuasivas, nunca intimidatórias:  “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;” (Mateus 16.24); “...se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.” (Mateus 19.17b); “Perguntou ao cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.” (Marcos 10.51); “Vinde a mim” (Mt 11.28a); etc. Se aceitarmos o seu convite, teremos vida; do contrário, arcaremos com as conseqüências: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.”(João 3.36)
 
Quando eu me converti ao Senhor sabia que estaria mudando de vida, ainda que não soubesse como faria. Deus a mudou por mim. Assim acontece com quem ama ao Senhor: é transformado pelo Seu poder. Mas tudo vem de um compromisso que com Ele assumimos, qual seja, o de obedecer-lhe: “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” (Deuteronômio 30.19)
 
4)    C, de “COMPROMISSO”
 
Em nosso acróstico do abecedário divino, “c” é a última letra. Ela nos alude ao compromisso que temos com o Senhor, algo que nos faz perseverar até a morte, até o fim. O que mais vemos nos dias atuais são pessoas que traem a confiança de outrem, seja de um cônjuge, seja de um governador, seja de um povo. As pessoas estão se tornando volúveis, ou, como querem os entendidos das bolsas de valores, “voláteis”. Ninguém pode confiar mais em ninguém, pois, se confiar, estará sujeito a tristes decepções ao longo da vida. Certamente que a confiança excessiva é pecado diante de Deus, que amaldiçoou homens que confiavam em homens (cf. Jeremias 17.5). Contudo, Jesus Cristo ensinou-nos a lealdade, ao afirmar que o nosso falar deveria ser “sim, sim; não, não”, e o que disso passasse seria considerado de procedência maligna (cf Mt 5.37). Hoje, porém, as pessoas têm considerado algo normal um “amadurecimento de opinião, mudança de sentimentos, alteração de rumos”, em coisas com as quais se comprometeram em nome da honra! Dizem os mais velhos que “o fio do bigode” selava um negócio, querendo com isso indicar compromisso oral pura e simplesmente. Hoje, em dias “voláteis”, nem que se amarre a pessoa a uma pedra não se consegue ter segurança de sua integridade e cumprimento da palavra! Aliás, pessoas inconversas, pois as cristãs são cumpridoras de seus deveres e decisões. Os que assim não são correm o risco de serem falsos crentes, pois não possuem o compromisso básico no Senhor, qual seja, o de serem verdadeiros.
 
Tornamo-nos obedientes ao Senhor voluntariamente e assumimos um compromisso eterno. Não voltamos atrás. Por isso cremos que os salvos jamais se perdem, pois perseveram até o fim: “E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mateus 10.22). Jesus foi peremptório ao rapaz que se ofereceu como seguidor do Senhor, mas que desejava despedir-se dos de casa: “...Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.” (Lucas 9.61).
 
Muitas vezes as provações são grandes, terríveis, sufocantes. Mas o Senhor nos ajuda, nos acompanha, nos assiste. Contudo, perserverar será nossa tarefa, e não dEle. Se voltarmos atrás, será por nossa escolha e risco. “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.” (Tiago 1.12). “Sê  fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2.10b) ; “Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.”  (I Coríntios 10.13). É bem verdade que o apóstolo Paulo certa feita afirmou o contrário, dizendo:“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira oprimidos acima das nossas forças, de modo tal que até da vida desesperamos” (II Coríntios 1.8); porém, também está escrito: “Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com ele, também com ele viveremos” (II Timóteo 2.11). Nada pode destruir um servo do Senhor.
 
CONCLUSÃO
 
Lembremo-nos do bem-aventurado Policarpo! Ele, com sua fidelidade, tornou-se símbolo do cristianismo autêntico, que não teme aos homens, mas submete-se a Deus!
Lembremo-nos do Apóstolo Paulo, cuja vida vivida em prol do Reino de Deus propiciou-nos a bênção de termos a instrução bíblica necessária, pois dispôs-se a ser porta-voz do Senhor!
Lembremo-nos que há um céu nos esperando, aguardando para galardoar os “mais que vencedores por Cristo Jesus”!
 

Cumpramos o ABECEDÁRIO DE DEUS!
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo


27 - O PASTORZINHO E SEU DUELO
 
Obrigado, Senhor, por me chamar para o ministério.
 
Como? Não entendi. Pode repetir? "Buraco Quente"? Senhor, aquilo é uma favela!
 
Sim, eu sei, tem gente lá, mas, Senhor, eu pensei que o Senhor quisesse me aproveitar num lugar melhor; aliás, eu tenho dois convites aqui, igrejas ótimas, são Suas também!
 
Não? Nâo me quer lá. Poxa, Senhor, tudo bem. E onde é essa igreja? Naquela rua? Aquela ali, sem asfalto? Ah, Senhor, por favor, manera comigo! Eu comprei um carro novo agora! Pelo menos um lugarzinho com asfalto!
 
Não? É ali mesmo? Tá bom. E o que o Senhor quer que eu faça? Pregue? Administre? Visite? Ensine? Pode escolher.
 
O que? Está brincando, não é, Senhor? Não? O Senhor quer que eu faça de tudo um pouco? Mas Mestre, é muito pra mim! Eu me especializei em pedagogia religiosa, sou craque nisso, o resto eu só sei o básico! Como? Mesmo assim? Ai, ai, ai, tá certo, Senhor.
 
Mas, Mestre, e o salário? Penso que o Senhor não vai querer que eu passe necessidades, não é? Já tenho aqui o meu orçamento direitinho. Preparei-o baseado no salário da pastorada da cidade. Tirei a média. Com isso acho que dá pra me manter. Quanto pagarão, Senhor?
 
COMO? Só isso? Mas como eu vou viver, Deus? Assim já é demais! Como? "Pela fé?" Ah, Senhor, isso funcionava com Hudson Taylor, Jorge Muller, mas não comigo, que sou inteirado em economia. Não dá, Senhor! Por essa miséria eu não trabalho.
 
Como? Vou trabalhar sim? Mas Deus, e como vou me manter? O Senhor? O Senhor suprirá? Como? Ah, pelos "corvos", como Elias. Tá certo, Deus, a estória é bonitinha, mas hoje em dia só tem pardais e pombas. Vai mudar? Como, trazendo corvos? Ah, não? Vai trazer carne e pão por pombas e pardais? Meu Deus, ...
 
E por quanto tempo ficarei ali, Senhor? Será só um estagiozinho, não? Não? O Senhor tem planos longos aqui pra mim? Ah, Senhor, misericórdia! Ah, quer que eu fique bastante tempo, não? Quanto tempo? COMO? A vida toda? Ah, eu não aguentarei, meu Deus... Tenha piedade!
 
Senhor, por que esse plano pra mim? Os meus colegas estão nas primeiras igrejas, outros foram pra missões e aparecem nos jornais, eu também tenho direito, também sou Seu filho! Plano melhor? Como isso pode ser um plano melhor? Eu sou qualificado, Senhor! Sim, sei que foi o Senhor quem permitiu, mas pra que tanta qualificação senão tiver utilidade? Ah, terei? Ali, naquele lugarejo? Tá bom.
 
Está certo, Senhor. Não estou nada contente. Não Lhe entendo, Deus. Mas tudo bem. Não vou discutir.
 
(ele então pensa:)
"... E eu que queria ser famoso, ser rico, ter meu nome na placa da igreja, um programa de TV e um montão de pastores trabalhando pra mim. Agora serei pastor nessa favela sem asfalto, escondido, trabalhando com púlpito, visita, ensino, administração... Se eu soubesse que era assim... "
 
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O jovem pastorzinho terminou de reclamar e resolveu orar. E enquanto orava cheio de ressentimento e tristeza ouviu um barulho. Era seu hinário que havia caído no chão. Tomou-o e, antes de fechá-lo, viu o hino 298 CC com uma marca feita pelo seu primeiro pastor: "filho, um dia você precisará desse hino; use-o!". Então ele leu:
 
Nem sempre será pra o lugar que eu quiser,
que o Mestre me tem de mandar;
é tão grande a seara já a embranquecer,
a qual eu terei de ceifar.
Se, pois, a caminho que nunca segui,
a voz a chamar-me eu ouvir,
direi: "Meu Senhor, dirigido por ti, irei tua ordem cumprir."
 
Eu quero fazer o que queres, Senhor; serei sustentado por ti.
E quero dizer o que queres, Senhor, que o servo teu deva dizer.
 
Eu sei que há palavras de amor e perdão,
que aos outros eu posso levar;
porque nas estradas dos vícios estão,
perdidos que devo ir buscar.
Senhor, se com tua presença real,
tu fores pra fortalecer,
darei a mensagem de servo leal,
farei, meu Senhor, meu dever.
 
Eu quero encontrar um obscuro lugar,
na seara do meu bom Senhor;
enquanto for vivo, sim, vou trabalhar,
em prova do meu grato amor.
De ti meu sustento só dependerá,
tu, pois, hás de me proteger;
a tua vontade, sim, minha será;
e eu, pronto o que queres a ser.
 
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E então disse em oração ao Senhor:
 
"Deus, perdoe a minha arrogância. Quem sou eu para escolher a lavoura? Quem sou eu para ditar as normas? A Igreja é Sua, a minha vida pertence ao Senhor. Toma-me, usa-me o quanto quiser, quando quiser e onde quiser!
 
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E foi assim que esse pastor começou o seu trabalho. Ele continua naquela igreja. O local ainda não tem asfalto. O seu carro novo ficou esfolado e já foi trocado. Mas muitas vidas que residem naquele bairro não são mais as mesmas. Jesus as salvou. E o Reino de Deus ali chegou. Se esse jovem pastor não fosse para lá a Obra do Senhor estaria incompleta. Ele aprendeu a humildade, aprendeu que servir a Deus não é algo para ganhar fama, dinheiro ou poder, mas para doar vida, mensagem, amor, tempo e dedicação. Hoje ele e a igreja são muito felizes. E espero que assim continuem.
 
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A todos os meus colegas "sem nome", desconhecidos,
cujos ministérios têm sido a causa da salvação de inúmeras pessoas
nos lugares onde muitos "grandes" não vão pessoalmente, ofereço este texto.
 
Do conservo e também pequeno com eles,
 
Wagner Antonio de Araújo
 

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28 - SE EU MORRESSE AMANHÃ
 
Se eu morresse amanhã, gostaria de fazer do dia de hoje o mais feliz de minha vida. Gostaria de rever todos os meus amigos, todos os meus irmãos em Cristo, e conversar demoradamente com cada um. Gostaria de passar bons momentos com minha mãe, conversar bastante com meu irmão, cunhada e irmã adotiva, e viver romanticamente um maravilhoso jantar com minha namorada.

 
Se eu morresse amanhã, gostaria de gastar grande parte do dia semeando as boas-novas do Evangelho. Gostaria de sair com um pacote de folhetos na mão, distribuindo-os pelas casas, nas esquinas, nos bares e aglomerações humanas. Gostaria de dizer aos meus parentes tudo quanto Jesus fez em meu coração, perdoando-me, salvando-me, transformando-me e incumbindo-me de levar as boas notícias do amor de Deus em Cristo. Gostaria de pregar ao ar-livre uma mensagem bíblica, evangelística, repleta de emoção e autoridade espirituais. Gostaria de dizer a todo o mundo que sou um crente!
 
Se eu morresse amanhã, passaria grande parte do dia orando. Mas não seria uma oração morta, uma reza. Seria um autêntico e fervoroso encontro com Deus. Diria ao Senhor o quanto eu o amo, o quando eu o glorifico por tudo o que fez e por tudo o que planejou para o futuro. Confessaria todos os meus pecados ocultos, arrepender-me-ia de cada um deles, e pediria ao Senhor que me aceitasse assim mesmo, de mãos vazias. Comprometer-me-ia em dar o melhor de mim nestas horas derradeiras, vivendo plenamente minha nova vida em Cristo. Oraria pela conversão dos meus amigos, parentes e desconhecidos. Clamaria a Deus pelo Brasil, para que Ele curasse esta ferida nacional que não sara, que faz o nosso povo sofrer tanto. Suplicaria pela conversão de cada concidadão, pediria para que o Evangelho se alastrasse de norte a sul, transformando o país numa autêntica nação cristã.
 
Se eu morresse amanhã, cantaria todos os hinos que conheço. Ainda que ninguém tocasse p’ra mim, cantaria à capela mesmo, sem música. Cantaria os hinos dos hinários cristãos, corinhos jovens, hinos de coral, músicas de programas evangélicos que aprendi no rádio, cantaria com toda a minha voz, pelas ruas e pelas praças. Cantaria sem me envergonhar. Ouviria todos os meus discos cristãos, ouviria cultos antigos que gravei ao longo da vida. Escolheria três pregações e as ouviria novamente.
 
Se eu morresse amanhã, não ficaria esperando a morte dormindo. Não deitaria num leito mórbido, aguardando a hora derradeira. Teria certeza de que meu Senhor me aguardaria na outra margem do Rio Jordão, além da morte. Ficaria servindo ao meu Senhor até o final. Fosse pregando, fosse orando, fosse evangelizando, fosse cantando, fosse visitando, fosse mantendo comunhão com os irmãos, gostaria de morrer servindo-o. Se assim fosse morreria feliz. Feliz porque teria certeza de minha salvação, pois minha vida foi entregue exclusivamente a Jesus Cristo, desde o dia em que me converti a Ele.
 
Se VOCÊ morresse amanhã, o que faria? Ficaria desesperado? Correria freneticamente sem parar? Cuidaria para gastar todo o seu dinheiro, não deixando nada para a família? Acertaria a conta com os seus credores? Cobraria os devedores? Se submeteria a qualquer ritual que lhe desse alguma expectativa de viver um pouco mais? Contaria cada segundo, cada minuto, com o coração na mão, aterrorizado com a foice que a morte logo traria, para ceifá-lo deste mundo para sempre?
 EU e VOCÊ morreremos algum dia. Porém eu morrerei feliz, pois Jesus Cristo me salvou, através de sua morte na cruz. A dívida que Deus me cobraria no além foi paga por Cristo em Sua morte. Quando eu chegar até Deus, Jesus mostrará ao Pai a conta paga e me conduzirá ao céu, ao Paraíso, à Nova Jerusalém. Tal perdão eu ganhei no dia em que confessei meu pecado ao Salvador e implorei o seu perdão e amor. Cri em Sua palavra, aceitei-o como Senhor e Rei de minha vida, e hoje vivo para Ele, para o Seu louvor. Se você confessar os seus pecados a Ele, reconhecendo-se incapaz de salvar-se, e implorar o perdão de Deus, Ele com prazer irá salvá-lo. Disse Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei”.(Mateus 11.28).
 
Eu não sou melhor do que você. Não mereço outro lugar senão a eterna separação de Deus, pois sou um pecador, como você também o é. A Bíblia diz que todos somos pecadores (Romanos 3.23). Mas assim como eu confiei em Cristo e lhe dei a minha vida, você também poderá fazê-lo neste instante, esteja onde estiver. Ele disse certa feita: “Na verdade, na verdade vos digo que, quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida”. (João 5.24). Não há outro remédio, nem outro caminho. “Eu (Jesus) sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”. (João 14.6).
 
Não espere amanhã para começar a viver melhor. Entregue-se a Cristo e viva feliz hoje, com perspectiva de uma eternidade feliz e realizada. Você pode. Faça-o. Que Deus o abençoe. Amém.
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP

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29 - LAVE O ROSTO
 
Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.  (Gn 43:31)
 

 
Essa atitude de José, filho de Jacó, tem muito a nos ensinar.  Depois de chorar por ver seus irmãos após tantos anos de ausência, comer com eles e ainda não ter se dado a conhecer, fê-lo chorar de novo. Com isso, pressupomos que suas emoções devem ter alcançado um pico: sofreu, sentiu saudades, sentiu raiva, sentiu dó; quantas lembranças lhe vieram à mente, saudades da mãe, do pai, da infância. Tudo isso lhe fez chorar.
 
José é tão humano, tão normal, tão comum em suas reações, que sentimos grande simpatia por ele. Suas atitudes expressam exatamente como nos sentimos, como nos expressamos, como nos emocionamos. Eu nunca li o texto concernente à sua história, sem derramar uma ou outra lágrima.
 
Contudo, a elegância de José e a sua maneira de superar a crise, faz dele um dignatário da coroa de primeiro ministro, um elegante e brilhante líder. Diz o texto que ele não reteu suas lágrimas; antes, as derramou, como qualquer um de nós. Contudo, após a dor, lavou o rosto e foi comer. Não quis sentir-se de rosto ressecado por lágrimas ou manter-se no clima de tristeza. Ele lavou o rosto e mandou servirem pão.
 
Essa atitude muitas vezes nós não temos. Mantemo-nos numa situação de tristeza continuada, de emoção sem limites, de dor contínua e sufocante. Principalmente nos instantes em que perdemos alguém que nos era querido, ou um bom emprego, ou descobrimos estar com câncer, ou ao término de um namoro, noivado ou casamento. Há tantas situações que nos fazem chorar, e que, em sendo realimentadas, provocam rostos abatidos!          
 
É preciso lavar o rosto. Isto é, não apenas a face, a pele, não apenas barbear-se (ou arrumar a barba), pentear o cabelo, cuidar dos dentes ou vestir-se adequadamente. É preciso lavar o rosto, virar a página, ser forte, ser homem, ser um filho do Rei. Há muito por fazer: há um mundo para ser conquistado, há um Jacó para ser trazido e sustentado por nosso trabalho e empenho; há uma família para manter, há uma profissão a desenvolver, há uma faculdade a terminar, há vidas a salvar, há uma carreira a explorar, há um futuro a desbravar.
 
Isto não é fácil. Se não lavarmos o rosto, nos sentiremos ainda em lágrimas. Precisamos renovar. Precisamos remoçar. Precisamos fazer alguma coisa para nos olhar no espelho e dizer: “posso todas as coisas naquele que me fortalece”, ou “somos mais que vencedores por aquele que nos amou”, ou “o choro pode durar toda uma noite, mas a alegria vem pela manhã”, ou “o Senhor é o meu Pastor, e nada me faltará”, ou “cairá o justo, mas o Senhor o levantará”, ou “vá mas não peques mais”.
 
Sozinhos nós não conseguiremos. Mas colocando o Senhor como nosso amparo, nosso libertador, nosso socorro bem presente na hora da angústia, teremos a mesma força de José, que chorou, mas conseguiu superar. E ele não chorou só aqui. Fez isso outras vezes, porque era um ser humano, sensível e de coração quebrantado. Mas em todas as vezes que fez isso, certamente lavou seu rosto, ergueu-se na força do Senhor e foi avante. Nós também lavaremos nossos rostos, nos ergueremos na força do Senhor e iremos avante, firmes, constantes, olhando para o alto e para a frente, com a graça de Deus!
 
Wagner Antonio de Araújo

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30 - MEU PEQUENO JASON
 
Hoje é um dia tão feliz para mim e para a sua mãe! Sabe, faz três dias que você nasceu. Estávamos tão ansiosos pela sua chegada que nem nos demos conta de quanto você era importante para nós!
 
Espero que goste do seu bercinho. Nós o compramos especialmente para você. Daqui a alguns meses você poderá brincar com os bichinhos que penduramos, com os mordedores, com os animaizinhos que fazem barulho quando os apertamos.
 
Como eu estou feliz, meu filho! "Meu filho"! Meu Deus, como é gostoso dizer MEU FILHO! Eu nunca imaginei que um dia pudesse ter uma vida procedente de mim! Desculpe a lágrima, meu filho, mas é que estou muito feliz!
 
Quando sua mãe e eu nos conhecemos, sentimos os nossos corações se unirem de forma mágica, foi como o pôr-do-sol no outono, como o vento frio nas faces avermelhadas de dois apaixonados! Fizemos tantos planos, tantas juras, tantas promessas! Por vezes pensávamos que nunca daria certo, mas perseveramos e nos casamos.
 
Ah, Jason, você nem imagina como fomos felizes! Quando viajamos na lua-de-mel, sonhávamos com o dia em que acalentaríamos você em nossos braços! E foi justamente numa linda noite de lua cheia, numa pousada no alto de uma montanha, que nós, apaixonadamente, unimos tudo o que tínhamos, tudo o que éramos, tudo o que sentíamos e mergulhamos num êxtase de alegria e beleza, num amálgama de felicidade e ternura!
 
Foi alí que você foi formado, meu filho, pelo amor eterno do nosso Criador. Sua mãe tornou-se mais doce ainda, tornou-se meiga, tornou-se frágil, tornou-se sensível, você passou a residir dentro dela, como um lindo presente que estava se formando!
 
Ah, Jason, seus dedinhos pequenos, agarrados em minha mão, como me emocionam! Você é tão frágil, tão sublime, tão carente, como eu amo você!
 
Quero assistir os seriados antigos com você, ensinar-lhe a cantar as canções inesquecíveis, brincar de cavalinho, pular cordas e pintar o sete. Quero ser um pai de verdade para você, meu filho! Quero contar as velhas histórias, mostrar-lhe os velhos lugares e andar passo a passo com você!
 
Filho, sei que agora você está com soninho. Sei que não está entendendo nada do que falo, do que choro ou do que sinto; você ainda é uma flor em botão. Por isso estou escrevendo tudo;  assim um dia você poderá ler e reviver comigo as emoções que senti quando você veio morar conosco, tomar conta do seu bercinho e invadir o nosso coração com o seu encanto!
 
Acho que para mim a vida tem agora um novo sentido, meu filho! Agora você é a minha razão de viver, de aprender, de vencer, de lutar! Não, não deixei a mamãe de lado não, querido. Eu e a mamãe sentimos o mesmo por você. Nem eu e nem ela temos ciúmes por amarmos a você. É como se você fosse a ponte que solidifica mais e mais o amor que ela e eu sentimos um pelo outro.
 
Muito obrigado, Jason, por nos fazer felizes e por existir!
 
Agora, deixe-me ajoelhar junto ao seu bercinho. Vou falar com o Criador, aquele que cuida de você, da mamãe e do papai. Aliás, quero que você aprenda a amá-lo junto comigo. Por isso, querido, hoje mesmo, aqui de joelhos, quero ensinar-lhe a buscá-lo sempre, até nas horas alegres e lindas, como essa.
 
"Papai do céu, aqui sou eu, o papai do Jason. É tão gostoso ser pai, Papai! Eu não imaginava o quão rico é o sentimento de paternidade; agora posso imaginar o Teu sentimento por Jesus Cristo, o Teu Filho querido! Muito obrigado por fazer-me capaz de gerar, e muito obrigado por fazer minha esposa capaz de conceber! Muito obrigado por dar vida ao meu bebê!
 
Ajuda-me a ser um bom pai, a ser amoroso, sincero, meigo, disciplinado, correto, bíblico e presente. Sim, Papai do céu, não quero perder nenhum momento do Jason.
 
Eu Te dou a minha palavra, Papai do céu, que ensinarei o homem que irá crescer a amar-Te sobre todas as coisas, a servir-Te, a colocar-Te em primeiro lugar de sua vida. E, quando ele ficar velho, haverá de se lembrar que o pai dele era um homem que andava com Deus. Me ajuda, Papai do céu. Eu nunca fui um grande santo, um homem muito consagrado. Procuro fazer o melhor, mas sou tão falho! Em nome de Jesus, me ajuda a falhar menos, a lutar mais e a perseverar sempre!
 
Em nome de Jesus,
 
Amém."
 
Boa noite, Jason! Dorme com Deus, meu filho! Deus te abençoe!
 
(texto fictício)
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo,


 
31 - DE QUEM É O PROBLEMA?
 
Se você odiar, de quem será o problema? O problema será só seu, tenha certeza. O seu ódio não afetará o objeto do seu ódio. Só você será afetado. O ódio não vem de Deus. "Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas." (1Jo 2:9). E quanto ao inimigo? "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça." (Rm 12:20). Sei que é muito difícil. Mas quem disse que seria fácil? Somente com Cristo seremos capazes, pois é Ele mesmo quem diz: "...porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15:5)
 
Se você desejar o mal, o problema será só seu, porque o mal não apenas não afetará a outra pessoa, como voltará dobrado contra você! Não raras vezes, queremos que o inimigo se esfacele, se arrebente nas pedras, não é mesmo? E ainda dizemos: "Pesa a mão, Jesus!". Mas não é bem isso que encontramos nas Escrituras! "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; (Pv 24:17). O mal dos outros não deve ser a nossa alegria. Tudo o que você desejar, voltará pra você. Cristo mandou que os seus discípulos desejassem paz nas casas onde se hospedassem. Caso a casa não fosse digna daquela paz, a paz voltaria para os discípulos! O mal também volta, caso os alvos do seu ódio não sejam dignos desse sentimento. Se a paz voltava, voltava dobrada. O mal também volta, e com juros. Portanto, é o que Jesus quis dizer quando afirmou: "Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mt 6:23)
 
Se você ficar magoado, o problema será só seu, porque, além de não ter o problema resolvido, ganhará uma porção de outros, como úlceras, gastrites, depressões emocionais, obesidade,  e até infartos do miocárdio. A mágoa intoxica a você e destrói sua vontade de viver. "Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós." (Ef 4:31). Não deve haver espaço para a mágoa em nossa mente e coração. "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem." (Hb 12:15). É por causa da mágoa que grandes amizades se destróem, igrejas se degeneram, missões fracassam, e famílias se dividem. Além disso, pensamos que a mágoa faz o outro sofrer. Mas não faz não. Ela faz a gente sofrer. E sofremos pra cachorro! Fora com a mágoa! O remédio para a mágoa é o perdão.
 
Se você ficar indignado, o problema será só seu, porque a indignação pura e simples impede uma ação razoável e aceitável. Indignar-se e reagir positivamente, é uma coisa. Indignar-se só pelo gosto de contestar, de falar contra, de ficar nervoso, é que é o problema. De que adianta? Quando vivemos indignados, estragamos o nosso dia, o ambiente onde estamos, e deixamos de ser agradecidos! Ao final, de que valeu? De nada! "O que não tem remédio, remediado está!". E, se ainda tem remédio, ao invés de ficarmos resmungando, vamos pegar vassoura e água, e limpar o estrago! Se assim agirmos, experimentaremos uma situação de paz inimaginável! "E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos." (Cl 3:15). Com tristeza disse o profeta: "Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria a vossa força, mas não quisestes." (Is 30:15). Bom, se para eles não dá mais, para nós ainda dá! "Eis o tempo aceitável, eis agora o dia da salvação" II Co 6.2
 
MAS - e sempre há um MAS, aleluia! -, se você for feliz, amoroso, perdoador, receptor só das coisas boas, a bênção será de todos, porque é bom demais estar perto de alguém em bom estado interior! Seja uma bênção!
 

Para terminar, quero citar Letícia Thompson, em sua bela poesia "Construa Sonhos", citada por Meire Michelin (lista Em Nome do Amor):
 
Viver é tirar proveito dos momentos que nos são ofertados,  é sentir prazer neles,  é o suspiro que vem do âmago e que não sabemos explicar.  Viver é amar a própria vida do jeito que  ela se oferece e se isso não nos satisfaz,  ainda é possível colocar um colorido aqui  ou lá de vez em quando se colocamos um  pouco de boa-vontade.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP



32 - PUREZA
 
Logo de manhã, depois de um banho quente e aconchegante (ou frio e refrescante), sentimos toda a força e energia para começarmos um dia produtivo. Usamos nossos apetrechos de higiene, nossos sabonetes, talcos, cremes, perfumes, colônias, "shampoos", polvilhos pra chulé, enfim, deixamos o corpo digno para o uso de uma roupa limpa, bem passada e cheirosa. Ah, como é bom!
 
Suponhamos que o dia esteja quente, e que nós soframos os efeitos do calor. Suamos, molhamos a camisa, nossos cabelos ficam úmidos, nosso rosto torna-se engordurado. Ao chegar a tarde, tudo o que buscamos é um bom chuveiro, uma ducha, um banho, para livrar-nos do mal-estar, do cansaço, dos odores, das impurezas. E como é bom, quando termina, sairmos do banheiro! A sensação de liberdade, de bem-estar, de vida nova, de pureza! Parece que isso nos deixa animados, aptos para mais uma rodada de afazeres, agora estudantis, ou familiares.
 
Nossa vida se assemelha à rotina do corpo. Assim como os banhos são obrigações diárias, sob a pena de, não os observando, nos tornarmos repugnantes para nós mesmos - quem dirá para os outros! -, a nossa mente, coração, alma, espírito, também precisam diariamente de uma limpeza, de uma purificação, de um banho. Certa feita Jesus lavou os pés aos apóstolos. Pedro, um tanto precipitado, disse que não poderia aceitar isso. O Senhor lhe disse que se não aceitasse o lavar dos pés não teria parte com Ele. Então Pedro pediu um banho inteiro, ao que o Mestre respondeu: "Quem já está limpo, não precisa senão lavar os pés! Vós já estais limpos..." (João 13.10).
 
É fato conhecido que "o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado" (I João 1.9), e que nos tornamos partícipes disso quando nos entregamos ao Senhor, pela fé. "Pela graça sois salvos, por meio da fé" (cf. Efésios 2.8). Mas ainda há os pés para lavar. Esses pés representam a nossa vida diária, empoeirada pelas preocupações e erros, pelas desavenças e rancores, pelas mágoas e rebeldias, pelas mentiras e más intenções, enfim, por tudo aquilo que nos faz culpados diariamente. Infelizmente, enquanto não ressuscitarmos com o corpo glorificado, ainda teremos as duas naturezas em nós, lutando uma contra a outra, numa disputa hercúlea e terrível, cabendo a cada um de nós "vigiar e orar" (I Pedro 4.7).
 
Precisamos purificar mente e o coração todos os dias! Precisamos limpar a alma! E como fazer isso? Através da COMUNHÃO! Sim, leitores amigos, a comunhão com Deus, o contato diário, direto, absoluto, privado, secreto, com o nosso Criador, a nossa alma e o Espírito do Senhor, a nossa vida e a vida do Altíssimo! Sem comunhão não há limpeza, e vamos nos tornando empoeirados, engordurados, desanimados, descaracterizados, exalando, ao invés do "bom perfume de Cristo", os maus odores de uma vida rebelde. "Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra" (Salmo 119.9).
 
Nós precisamos de bíblia, diletos leitores! Sim, precisamos ler a Palavra de Deus! Assim como as crianças esperneiam para fugir do banho, como o  personagem Cascão, da Turma da Mônica (Maurício de Souza Produções), assim nós esperneamos para voltarmos a nossa atenção à Palavra de Deus. Mas, porque amamos aos filhos, nós os banhamos; se nos amarmos, vamos também nos banhar com a Palavra de Deus, pois ela tem, em si, os elementos purificadores indispensáveis!
 
Ela é luz! Ela clareia a nossa estrada, desvenda diante de nossos olhos os caminhos de Deus, nos faz entender as veredas eternas, pelas quais Ele nos faz andar! "Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para os meus caminhos!" (Salmo 119.104)
 
Ela é comida! Em Apocalipse, o anjo diz a João para comer o rolo, que era a Palavra de Deus, e vários outros profetas, no Velho Testamento, assim o fizeram também! "Não só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus" (Mateus 4.4)
 
Ela é fortalecedora! Quando estamos fracos e desanimados em nossa vida cristã, somos revigorados e transformados pelo seu poder, e sentimo-nos fortes para reagir! Foi isso que aconteceu com os sacerdotes e escribas, no tempo do Rei Josias, que encontraram o Livro de Deuteronômio jogado em algum canto do templo. Eles nem conheciam o texto, mas, ao lê-lo, foram tocados pelo Senhor! Ao lerem o mesmo texto para o rei, esse também foi transformado, e fez uma reforma nacional, levando a Pátria aos pés de Deus! " Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei." (Isaías 55.11)
 
Ela pode tirar-nos da inércia de uma vida desanimada, cheia de permissividade, uma vida sem graça e sem gosto, onde não temos vitória alguma sobre o pecado, e nos levantar, erguendo-nos das trevas, colocando-nos em pé, e vitoriosos! A nossa mente, sem a Palavra de Deus, está cheia de tudo o que não presta, cheia das sujeiras do dia a dia: notícias sangrentas, cobiças, malícias, fofocas, más intenções, preocupações, imaginações vis, pornografia, planos malignos, etc. Assim, contra tudo isso, nós injetamos em nossa mente uma dose cavalar de bíblia, e nos levantamos vencedores! " Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (Filipenses 4.8).
 
Amados leitores, desliguemos por um pouco os nossos computadores, apertemos o botão "off" ou  "close" dos nossos televisores, DVDs, videogueimes ou joguinhos, fechemos por um pouco os livros da faculdade ou os romances e literaturas, e abramos as nossas velhas e esquecidas bíblias! Honremos Àquele que no-la confiou, façamo-la de âncora, de elixir, de tônico, de remédio, de estimulante! Vamos ler a bíblia! Paremos um pouco com tudo, e invistamos um tempo para ouvir Deus falar! Vamos! Não inventemos desculpas! Não sejamos preguiçosos! Lutemos contra a nossa má vontade! Invistamos em nossa comunhão! Busquemos a pureza de nossa alma! Leiamos a Bíblia agora!
 

Josué 1.8:
"Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido."
 

Wagner Antonio de Araújo


33 - AGORA!!!
 
 
Começar é mais difícil que terminar. Principalmente quando se trata de literatura. Ao me propor escrever nova série de textos, similar às CRÔNICAS DE DEZEMBRO, pensei: "como começar?"
 
Então um pequeno conto, uma fábula muito interessante, chegou à caixa de entradas da minha conta de e-mail. Infelizmente, como sói acontecer no ambiente virtual, o texto chegou sem paternidade, anônimo. Quisera Deus que seu autor estivesse lendo isso agora, para sussurrar-me seu nome, e, assim, dar-me a chance de fazer-lhe justiça!
 
Vejam só que criatividade (isto é simplesmente uma fábula, não um fato):
===
Era uma vez, há muitos e muitos anos, uma escola de anjos.
 Conta-se que, naquele tempo, antes de se tornarem anjos de verdade, os anjos aprendizes passavam por um estágio. 
Durante um certo período, eles saíam em duplas para fazer o bem e, no final de cada dia, apresentavam ao anjo-mestre um relatório das boas ações praticadas. 
Parece que, naquele dia, o mal estava de folga. Enquanto voltavam tristes, os dois se depararam com dois lavradores que seguiam por uma trilha. 
Neste momento, um deles, dando um grito de alegria, disse para o outro:
- Tive uma idéia. Que tal darmos o poder a estes dois lavradores por quinze minutos para ver o que eles fariam? 
O outro respondeu:
- Você ficou maluco? O anjo-mestre não vai gostar nada disto!
Mas o primeiro retrucou:
- Que nada, acho que ele até vai gostar! vamos fazer isto e depois contaremos para ele.
E assim o fizeram. 
Tocaram suas mãos invisíveis na cabeça dos dois e se puseram a observá-los.
 Poucos
passos adiante, eles se separaram e seguiram por caminhos diferentes. 
Um dos lavradores, viu um bando de pássaros voando em direção à sua lavoura. Passando a mão na testa suada, disse:
- Por favor, meus passarinhos, não comam toda a minha plantação! Eu preciso que esta lavoura cresça e produza, pois é daí que tiro o meu sustento. 
Naquele momento, ele viu, espantado, a lavoura crescer e ficar prontinha para ser colhida em questão de segundos.
Assustado, ele esfregou os olhos e pensou: devo estar cansado.
E acelerou o passo. 
Logo adiante, ele caiu ao tropeçar em um pequeno porco que havia fugido do chiqueiro.
Mais uma vez, esfregando a testa, ele disse:
 você fugiu de novo, meu porquinho! 
A culpa é minha. Eu ainda vou construir um chiqueiro decente para você.
 Mais uma vez, espantado, ele viu o chiqueiro se transformar num local limpo e acolhedor, todo azulejado, com água corrente e o porquinho já instalado no seu compartimento
Esfregou novamente os olhos e apressando ainda mais o passo, disse mentalmente:
 estou muito cansado! 
Assim,  ele chegou em casa e, ao abrir porta, a tranca que estava pendurada caiu sobre sua cabeça. Ele, então, tirou o chapéu, e esfregando a cabeça disse:
-de novo, e o pior é que eu não aprendo. Também, não tem me sobrado tempo.
 Mas ainda hei de ter dinheiro para construir uma grande casa e dar um pouco mais de conforto para minha mulher. 
Naquele exato momento aconteceu o milagre. Aquela humilde casinha foi se transformando numa verdadeira mansão diante dos seus olhos. 
Assustadíssimo, e sem nada entender, convicto de que era tudo decorrente do cansaço, ele se jogou numa enorme poltrona que estava na sua frente e, em segundos, estava dormindo profundamente. 
Não houve tempo sequer para que ele tivesse algum sonho. 
Minutos depois, ele ouviu alguém pedir socorro:   compadre! Me ajude! Eu estou perdido! 
Ainda atordoado, sem entender muito o que estava acontecendo, ele se levantou correndo.
 Tinha na mente, imagens muito fortes de algo que ele não entendia bem, mas parecia um sonho. 
Quando ele chegou na porta, encontrou o amigo em prantos.
Ele se lembrava que, poucos minutos antes, eles se despediram no caminho e estava tudo bem. 
Perguntando o que havia se passado, ele ouviu a seguinte história:
- Compadre, nós nos despedimos no caminho e eu segui para minha casa. Acontece que poucos passos adiante, eu vi um bando de pássaros voando em direção à minha lavoura. 
Este fato me deixou revoltado e eu gritei:
- Vocês de novo, atacando a minha lavoura. Tomara que seque tudo e vocês morram de fome! 
Naquele exato momento, eu vi a lavoura secar e todos os pássaros morrerem diante dos meus olhos!
Pensei comigo, devo estar cansado, e apressei o passo.
 Andei um pouco mais e cai, depois de tropeçar no meu porco, que havia fugido do chiqueiro
Fiquei muito bravo e gritei mais uma vez:
-  Você fugiu de novo? Por que não morre logo e pára de me dar trabalho?
 Compadre, não é que o porco morreu ali mesmo, na minha frente? 
Acreditando estar vendo coisas, andei mais depressa, e, ao entrar em casa, me caiu na cabeça a tranca da porta.
 Naquele momento, como eu já estava mesmo era com raiva, gritei novamente:
- Esta casa...Caindo aos pedaços, por que não pega fogo logo e acaba com isto?.. 
Para minha surpresa, meu compadre, naquele exato momento a minha casa pegou fogo, e tudo foi tão rápido que eu nada pude fazer!
 Mas...compadre, o que aconteceu com a sua casa?...De onde veio esta mansão?
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Os anjos, depois de tudo observarem, foram embora, muito assustados, contar para o anjo-mestre o que havia se passado.
 Estavam muito apreensivos quanto ao tipo de reação que o anjo-mestre teria.
Mas tiveram uma grande surpresa. 
O anjo-mestre ouviu com muita atenção o relato. Parabenizou os dois pela idéia brilhante que haviam tido e resolveu decretar que,
a partir daquele momento,
todo ser humano teria 15 minutos de poder ao longo da vida. 
Só que, NINGUÉM, jamais, saberia quando estes 15 minutos de poder estariam acontecendo.
 
Será que os 15 minutos próximos serão os seus?
 
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Essa lindíssima fábula, cuja autoria não foi mencionada (como acontece com textos que escrevi), ilustra muito bem o pouco que quero dizer neste primeiro dia.
 
Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas. É o primeiro dia do último mês do ano. É o início de uma nova fase, na vida de quem se propôs a algo. É um marco, um momento histórico, um divisor de águas. Exatamente hoje alguém está conhecendo o grande amor de sua vida. Talvez esteja entrando no emprego que lhe trará o sucesso tão amplamente planejado, ou ainda o dia em que receberá a alta médica, o resultado do exame, a aprovação na faculdade, o "sim" da noiva amada. Quanta coisa não estaria acontecendo exatamente hoje?
 
Há coisas tristes também. É o dia em que se perde um amigo, um parente, um amor. Pode ser o dia da despedida, do boletim médico a decretar um tratamento severo, uma mudança súbita de cidade ou país. Pode ser o roubo de um carro, de uma casa, um seqüestro. Infelizmente o mundo jaz no Maligno, e no mundo teríamos aflições.
 
Mas hoje pode ser mais importante que tudo isto, porque pode ser o dia em que você diga: "De agora em diante buscarei primeiro o Reino de Deus, e toda a sua justiça". Que bênção! Lembro-me da história de um conhecido sanfoneiro evangélico, que, enquanto divertia seus ouvintes no baile do final de semana, lembrava com carinho das palavras inesquecíveis de sua mãe, que, evangelizando-o, dissera: "um dia você haverá de dar o melhor para Jesus". Então, em prantos, anunciou no microfone: "Pessoal, agora a última música de minha carreira, porque sairei daqui, rumo a uma nova vida, vou ser um crente em Jesus Cristo". O povo, atônito, ouviu-o tocar: "Oh, quão cego eu andei e perdido vaguei..."
 
Lembro-me, igualmente, do testemunho do Cantor Fernandinho, de saudosa memória, muito conhecido do meio renovado paulistano. Cantor de boates, dono de uma voz privilegiada, era um jovem triste, porque não conhecia a sua mãe verdadeira. Um dia, a Vovó Marta, uma evangelista da década de 70, levou-o a Cristo, juntamente com o Cantor Nicoleti, e ele converteu-se. Abandonou a noite, abandonou o mundo, e disse: "Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida, hei de viver só para Jesus". E isto ele fez, e como fez!
 
Que tal começarmos de novo, leitores? Aquelas promessas de ler a bíblia e orar todos os dias, compromissos tão batidos e não cumpridos, que tal começarmos firmes agora? Entregarmos folhetos evangelísticos no nosso trabalho, testemunharmos  a nossa fé entre os colegas de escola, irmos à igreja com freqüência e envolver-nos numa igreja local, fazendo dela a nossa congregação, por que não começarmos AGORA? Aquele regime alimentar tão sonhado e nunca obedecido, aquela poupança para adquirir uma propriedade ou o pagamento de previdência privada para aposentadoria condigna, enfim, há tanta coisa protelada, que pode ser começada A G O R A!!!
 
Pare de prometer. Cumpra. Pare de treinar; jogue! Pare de sonhar; realize! Pare de querer; faça acontecer! Há dois tipos de pessoas, conforme nos ensina Anthony Hobbins, em seu livro "Desperte o Gigante Interior": os que estão interessados e os que estão empenhados. Passamos a nossa vida interessados em fazer alguma coisa. Mas as coisas só acontecem quando nos empenhamos nas mesmas. Está aí o filho pródigo, para nos ensinar. No dia em que sentiu a barriga vazia e a solidão lhe fazer companhia, determinou-se voltar para casa,... e voltou mesmo! Faça o mesmo! Aja! Não seja um sonhador, mas um realizador!
 
Tem relacionamentos para consertar? Vá até as pessoas envolvidas e reconcilie-se! Tem cartas para enviar? Vá ao correio e mande-as! Tem telefonemas a fazer? Faça-os! Tem tarefas difíceis na gaveta? Tire-as e realize-as! A melhor forma de fazer as coisas é começar pelas mais difíceis! Faça-as de uma vez por todas! Não tem sido um bom mordomo do dízimo do Senhor? Coloque uma pedra no caminho e comece de hoje em diante! Deus lhe deu dons e talentos, e você os enterrou? Corra para o quintal, desenterre-os, e coloque-os ao serviço de Cristo! Faça o dia de hoje valer alguma coisa!
 
Salmos 118.24:
"Este é o dia que o Senhor fez;
regozijemo-nos, e alegremo-nos nele."
 
 
 

Wagner Antonio de Araújo


35 - JOVENS NA DIREÇÃO DE DEUS, NA CONTRA-MÃO DO MUNDO
 

 
Falar sobre esse tema num congresso de três associações é ao mesmo tempo um privilégio e um desafio. Privilégio porque tenho a honra de encontrar jovens de diversas igrejas de uma das mais importantes regiões da Grande São Paulo. O NORTE.COM alcança hoje as dimensões da importância dos antigos ‘CON-CAP” da JUBESP ou dos famosos “INTER-LESTE” na Penha. Porém, também é uma responsabilidade enorme, porque pregar para vocês nos faz “temer e tremer”, visto que o que dissermos ajudará na formação da opinião, da ação e da estratégia divina para muitas vidas e juventudes  batistas.
 
Que o mundo está nas trevas, não é preciso esforço para perceber. Estamos vivendo dias inesquecíveis e ruins. Contemplamos as bolsas de valores no mundo inteiro num pânico sem precedentes, amedrontadas pelas mentiras dos relatórios contábeis das grandes empresas. Verificamos a incapacidade dos governos mundiais em ajudar os seus povos a superarem suas crises. Enquanto prego o Paraguai vive um estado de exceção, com toque de recolher e a possibilidade de uma revolução. Israel perde soldados e palestinos perdem cidades. Africanos morrem de AIDS e o Brasil embebeda-se diante de um televisor, assistindo “Casa dos Artistas” e “Big Brother Brasil”. Enquanto isso as nossas igrejas “entretém bodes”, sem dar à luz e alimentar “ovelhas”.
 
Que mundo é esse?
 
Não muito diferente da época em que viveu um dos mais importantes homens de Deus de todos os tempos, que ousou ir na contra-mão da sociedade de sua época, optando por Deus, optando pela justiça, optando pela ação, ao invés de viver de palavras.
 
Estamos no ano 640 antes de Cristo. Judá, o Reino do Sul, acabara de perder por assassinato o seu imperador ímpio, chamado Amom. Ele era um idólatra, e seu pai fora pior do que ele: Manassés, o mais imundo dos reis de Judá. Logo, um menino de 8 anos não teria a menor noção de reinar sobre um país ou de fazer distinção entre a verdadeira adoração e o culto abominável para Deus.
 
Josias, cujo nome significa “Deus sustenta”, “Deus sara” ou “Deus apóia”, reinou de 640 a 609 antes de Cristo.
 
Judá adorava a Deus da forma mais imunda possível. Nos altos dos morros e montanhas eles mantinham altares onde queimavam animais e crianças para os seus ídolos. Debaixo de árvores frondosas e em casas especializadas eles faziam “roupinhas’ para as suas imagens de escultura, além de dar aos homens “sessões de sexo cultual”, ou seja: transarem como ato de adoração aos deuses e até ao Deus verdadeiro. Em cada casa haviam “terafins”, ou imagens domésticas de adoração. Seus deuses eram as entidades mais execráveis que se podia conceber na mente humana: o deus-sol, chamado “shamash”, para quem consagravam cavalos e prestavam sacrifícios. Tofete e Moloque – a versão de um deus-racional dos amonitas, que era oco, feito de bronze, tinha brasas dentro do seu interior e servia literalmente para “queimar crianças”, sob a justificativa de “aplacar a sua ira e obter os seus favores”. Havia também “bezerros de ouro”, nas cidades do extinto Reino do Norte, chamadas Dã e Betel, bezerros que eram a “imagem de Deus”, para que o povo não precisasse ir ao templo de Jerusalém render culto. Havia em Jerusalém uma coisa enorme chamada “poste-ídolo”, que era uma imagem feminina da deusa “Aserá”, a esposa-amante do deus “Baal”, cujo significado era “senhor” ou “marido”, a entidade da fertilidade e protetor contra as tempestades. O “Livro da Lei” desde décadas estava perdido, a geração daquela época nem conhecia o seu conteúdo, pois fora abandonado desde os tempos do Rei Manassés, o maior idólatra que Judá jamais teve. Os templos que Salomão edificara para a sua multidão de esposas estavam em plena atividade de adoração.
 
Esse era o mundo onde Josias nasceu e no qual viu-se obrigado a reinar com 8 anos de idade.
 
Nós não pedimos para nascer em nossa época, nem no Brasil. Nós estamos aqui por permissão de Deus. E o que encontramos hoje? Um país falido, sem moral, sem padrões éticos e sem a menor esperança de melhorias. O mundo evangélico brasileiro cresce avassaladoramente em número, mas parece que não está influenciando beneficamente na mesma proporção. E a nossa juventude tem um grande desafio: ir na contra-mão de tudo o que está imperando por aqui.
 
Isso não significa tornarmo-nos “rebeldes sem causa”, ou “anarquistas”, que eram contra qualquer tipo de governo. O nosso desafio é o mesmo desse menino: ir na contra-mão do mundo, mas em direção de Deus!
 
Josias foi um jovem na contra-mão do mundo em seu tempo. Quando tinha 26 anos, quando já reinava há 18 anos, mandou os escrivães e os sacerdotes irem até o esquecido “Templo do Senhor”, para avaliarem a necessidade de uns reparos e reformas, e dar ordens sobre o destino das ofertas. Hilquias, o escrivão, olhando as coisas jogadas no templo, encontrou um rolo todo escrito, ao qual chamou “Livro da Lei” que era uma cópia do Livro de Deuteronômio. Leu-o e levou-o ao Rei, para que este ouvisse o seu escrito.
 
Acompanhando o texto bíblico, nós encontramos 3 ATITUDES DE JOSIAS que fizeram dele um JOVEM VENCEDOR ANDANDO NA CONTRA-MÃO DO SEU TEMPO, MAS NA DIREÇÃO DE DEUS.
 
Primeiramente, Josias HUMILHOU-SE PERANTE DEUS.
 
Em 22.11 Josias ouve a leitura do “Livro da Lei” e humilha-se diante do que ouviu, diante do que escutou. Como estamos precisando de Bíblias na vida da nossa juventude! Temos vivido de alimentos não consistentes, que não suprem a nossa necessidade! Queremos viver no “Monte da Transfiguração”, porque é “bom estarmos ali”, mas esquecemo-nos que somente um contato sério e constante com a Palavra de Deus irá nos fazer “abrir os olhos e humilharmo-nos diante do Senhor”! Josias ouviu a leitura e HUMILHOU-SE. Qual tem sido a nossa atitude para com a Bíblia? Temos feito prioridade do Senhor o contato com as Escrituras? Josias humilhou-se e mandou CONSULTAR a profetiza Hulda (22.14). Ele queria saber até que ponto o seu país estava amaldiçoado pelo Senhor. Ele levou à sério o que estava escrito no rolo. A profetiza lhe disse que infelizmente tudo o que estava previsto iria acontecer (22.16).
 
Há um ponto na história de uma vida ou de uma nação em que o castigo é INEVITÁVEL. Judá tinha provocado de tal forma a ira de Deus que não havia a menor chance de deixar de ser castigado. Eles iriam arcar com as conseqüências do ato de idolatria e de vida abominável que viviam.
 
E a atitude do Rei Josias, não contaria nada? Claro que sim! Deus promete a Josias que ele “seria poupado”, porque tivera uma “ATITUDE SÉRIA” de humilhação perante Deus (22.19-20).
 
A humilhação de Josias mudou o tempo do juízo, atrasando o castigo e dando oportunidade para a nação experimentar um período jamais visto em toda a sua história. O rei teria tempo de colocar em prática a Palavra, a qual havia feito tão maravilhosa transformação em seu coração.
 
 
 
Em segundo lugar, Josias EMPENHOU-SE EM MUDAR.
 
Ele não ficou no reino das palavras, das boas intenções. Ele agiu, e como agiu!
 
Harold Robbins, autor do livro “Desperte o Gigante Interior”, diz que há duas maneiras de encarar o futuro: uma é estar “muito interessado” em mudar e viver coisas boas, em mudar de emprego, de atitude, assumir compromissos, etc. Só que o estado de “muito interessado” nunca causará qualquer mudança, porque ele é estático, e não dinâmico. O segundo modo de encarar é “estar totalmente empenhado” em colocar em prática aquilo a que se determinou a fazer.
 
Há muita gente aqui que gosta muito da Palavra de Deus, que concorda com as Escrituras, que desejaria muito que as igrejas fossem mais fortes, mais consagradas, que nossa juventude fosse mais consagrada. Sim, isso é bom, mas é inútil, se não vir acompanhado de ação! Geraldo Vandré, o poeta contrário à revolução militar de 64, cantou: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”  E é a mais pura verdade! Quem deseja mudar, vai morrer desejando, mas quem quer mudar, muda! Vocês já ouviram falar na origem do ditado “de pensar morreu o burro”? Conta-se que havia um burro muito burro. Ele tinha dois fardos de feno à sua frente. Ele olhava para um e dizia “vou comer deste”. Mas daí olhava para o outro e dizia: “não, acho que vou comer daquele”. E assim passou-se o tempo, até que ele morreu de fome, sem ter comido qualquer um deles...
 
Josias foi um homem de ação, ele se EMPENHOU em mudanças radicais, ele não ficou sentado esperando o futuro passar por ali! Ele foi à luta, e eu quero desafiar essa juventude do norte.com a fazer a mesma coisa, a entrar na contra-mão do seu tempo e seguir na direção de Deus!
 
Josias agiu da seguinte forma:
 
1)                              Subiu ao templo e mandou ler o “Livro da Lei” para o povo (23.1-2)
2)                              Renovou a aliança entre o povo e Deus (23.3)
3)                              Limpou a Casa do Senhor de todo o lixo acumulado, idolatria e sujeira (23.4)
4)                              Destituiu os ministros de Baal (23.5)
5)                              Tirou o “poste-ídolo” do templo e do centro da cidade (23.6)
6)                              Tirou o prostíbulo-cultual, a casa de “roupinhas” de imagem (23.7)
7)                              Profanou os altares nas montanhas (23.8)
8)                              Destruiu o ídolo “Tofete”, onde sacrificavam crianças (23.10)
9)                              Tirou os cavalos consagrados ao deus-sol (23.11)
10)                           Tirou os altares oficiais construídos pelos reis anteriores a ele, altares de idolatria (23.12)
11)                           Destruiu os altares de “Astarote”, “Quemos” e Milcom, os tempos abomináveis construídos pelo Rei Salomão (23.13)
12)                           Encheu de ossos humanos o lugar do “poste-ídolo” (23.12)
13)                           Destruiu o altar de Betel, onde o povo adorava o “bezerro de ouro” (23.15)
14)                           Queimou os ossos enterrados ao pé de Betel, de sacerdotes abomináveis (23.16)
15)                           Respeitou o sepulcro do profeta de Deus que profetizara que ele faria isso (23.17-18)
16)                           Destruiu os altares de Samaria (23.19)
17)                           Matou os sacerdotes de Baal (23.20)
18)                           Celebrou a Páscoa por decreto (23.21), tudo isso aos 26 anos de idade, no seu 18o. ano de reinado.
19)                           Aboliu o ESPIRITISMO e a IDOLATRIA DOMÉSTICA (23.24)
20)                           Foi o mais empenhado de todos os que se converteram radicalmente ao Senhor (23.25)
 
E você, jovem do século XXI, diante de quem estou hoje proclamando a Palavra de Deus, terá que se empenhar em que? Que desafios o Senhor coloca para você, para dizer “não ao mundo”, e sim para Jesus?
 
1)                             Não namorar como os mundanos namoram, mas deixar a vida de intimidades plenas para depois do casamento;
2)                             Não viver uma vida de hipocrisia diante de Deus, como um mero assistente de cultos e congressos, mas pagar o preço, orando, fazendo devocionais diariamente, testemunhando de Cristo, procurando andar nos ensinos do Senhor;
3)                             Não fazer as próprias escolhas sem buscar em primeiro lugar saber qual é o desejo de Deus para você, pois não há lugar melhor ou mais abençoado do que o centro da vontade de Deus para cada um de nós;
4)                             Dizer não ao entretenimento de “emburrecimento” de massa, como os programas de TV com “reality show” ou as músicas que ensinam padrões contrários às Escrituras
5)                             Abandonar o estereótipo do mundo, a aparência com roqueiros, o linguajar torpe, o comportamento revoltoso e rebelde, e passar a ser bom filho, bom pai, bom esposo, boa esposa, bom membro de igreja, bom funcionário, bom patrão;
6)                             Etc.
 
Em último lugar, Josias FOI PERSEVERANTE.
 
Ele foi morto numa guerra contra o Faraó-Neco, com 31 anos de império e 39 anos de idade. Morreu jovem, mas seguiu com as decisões de ser de Deus e contra o mundo até o fim. Ele não se vendeu para os reinos próximos, ele não se alugou por um pouco de paz com os vizinhos, ele perseverou nas decisões de fidelidade ao Senhor.
 
E você, caro jovem, também está sendo desafiado hoje a não se vender por um pouco de prazer, nem baixar os padrões a troco de não perder os amigos. Deus tem padrões éticos, morais e sociais muito superiores aos que o mundo hoje aceita e admite.
 
Se a juventude hoje caminha para o amor livre e para a libertinagem, você continua firme nos padrões de moral e decência criados por Deus para os homens e as mulheres.
 
Se o mundo hoje vive um clima de entretenimento, pois é mais fácil manipular as massas entretendo-as e deixando-as sem ação, você faz diferente, trabalhando por um futuro melhor, estudando, dedicando-se a projetos realmente consistentes e que farão diferença na sua vida e na vida do próximo.
 
Se nas igrejas hoje o cristianismo é nominal, com roupa de crentes e atitudes de incrédulos, você fará a diferença, não aceitando ou admitindo o pecado, fazendo um protesto com a própria vida, com as atitudes, com o comportamento de “sal da terra" e “luz do mundo’”.
 
Josias provou que vale à pena ir na contra-mão do mundo e em direção a Deus. Há 2700 anos ele viveu e morreu, e nós estamos falando dele hoje, no século XXI! Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre e nunca será esquecido! Que diferença fará daqui a 1 ano a vida do Claudinho, de “Claudinho e Bochecha”, o rapaz que faleceu na semana passada? Que diferença fará você para a sua igreja, sua família, seus amigos, seu país, seu mundo?
 
Moody era um jovenzinho, quando escutou um pregador dizer: “O mundo está para ver o que Deus fará com um jovem inteiramente entregue em Suas mãos”. Moody disse: “Eu quero ser esse jovem”. E foi o Billy Graham do século XIX. Quantos têm aceitado o chamado do Senhor para irem aos campos missionários, proclamar a salvação em Cristo! Quantos ousam fazer a diferença!
 
Agora é com vocês.
 
Josias já fez a parte dele.
 
E você, caríssimo jovem, fará a sua?
 
Jesus Cristo, o nosso Salvador e Senhor, supremo exemplo de tudo isso que dissemos, pois ousou deixar a glória celestial para vir ao mundo “buscar e salvar” aqueles que se haviam perdido, aguarda uma atitude de cada um de nós. Qual será a nossa atitude? Eternamente desejosos, ou ativamente empenhados nas mudanças?
 
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
São Paulo, 17 de julho de 2002
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo


36. MALDIÇÃO DE CRENTES
 
 
"Suas portas estarão fechadas"
 
"Que o Anjo do Senhor o persiga"
 
"Não terá prosperidade"
 
"Não terá mais sossego nem de dia nem de noite"
 
"A mão de Deus pesará sobre a sua vida"
 
"Ficarás enfermo e morrerás"
 
É incrível, mas essas palavras têm sido ditas por ministros chamados cristãos e por crentes imaturos que aprendem sempre e nunca aprendem nada. Basta que alguém divirja de suas opiniões ou não concorde com os seus comportamentos aberrantes, e as profecias e maldições "ungidas" começam.
 
Dias atrás Benny Hinn decretou a morte de quem lhe perseguisse. Aqui no Brasil assistimos estupefatos os tubarões evangélicos da mídia amaldiçoando o trabalho dos concorrentes e dos amotinados. E então eu me pergunto: que cristianismo é esse?
 
Esse é o cristianismo da lama, o cristianismo neopentecostal popular. Ele é uma mistura de misticismo, baixo espiritismo, magia negra e ódio. Nele são citadas expressões bíblicas contra os inimigos de Israel e acusações pesadas, mas não se identifica o espírito cristão do Mestre e Senhor em tempo algum. Esquecem-se que Cristo é o explendor da glória de Deus e que Ele interpretou toda a Escritura à luz de Sua pessoa, de Sua mensagem e de Seu sacrifício vicário, onde reconciliou o mundo com o Pai ("Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação." (2Co 5:19)
 
Na bíblia dos amaldiçoadores só há lugar para a vitória pessoal e qualquer pessoa ou organização que se colocar no caminho é amaldiçoada e entregue ou a Satanás ou ao Anjo do Senhor. O Diabo ou Deus, dependendo da imprecação, recebe uma lista de tarefas para executar contra a pessoa ou a instituição. Deus e o Diabo tornam-se servos do amaldiçoador. Geralmente as questões citadas e as obrigações divinas são: acabar com a dignidade do amaldiçoado, descarregar sobre ele enfermidades mortíferas, mostrar publicamente a humilhação e, por fim, conduzi-lo à morte. Coisa muito similar ao fundamentalismo islâmico e aos terreiros de quimbanda.
 
Será preciso lembrar a esses supostos cristãos amaldiçoadores que eles estão seguindo a um Cristo falso, pois tem cara de Cordeiro mas a boca é do Dragão: "E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão." (Ap 13:11). A aparência é de um suposto cristianismo, mas a boca, ah, essa está coroada de tudo aquilo que não convém.
 
Qual a diferença do cristianismo autêntico para o falso cristianismo amaldiçoador?
 
1) Cristo perdoa ao invés de amaldiçoar: "E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." (Lc 23:34). Seus seguidores seguem por esse caminho: "E Estêvão, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu (At 7:60).
 
2) Cristãos perdoam até quem não merece ser perdoado: "E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas." (Mc 11:25)
 
3) Cristãos seguem o caminho da humilhação e não da ostentação de poder: "Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses;" (Lc 6:29); "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;" (1Pe 5:6)
 
4) Cristãos nunca amaldiçoam: "Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis." (Rm 12:14)
 
5) Cristãos suportam as perseguições: "Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também." (Cl 3:13)
 
4) Cristãos  não tomam o nome de Deus em vão, fazendo uso de maldições de um Deus que nos ensinou a não amaldiçoar: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente ao que tomar o seu nome em vão." (Dt 5:11)
 
5) Cristãos não usam de palavras torpes, chulas ou iradas contra outrem, nem contra o inimigo. Pelo contrário, eles tratam o inimigo humano de forma boa, atitude que, não raras vezes, causa um constrangimento no mesmo, ao ponto de sentir a própria cabeça incomodada como se estivesse cheia de brasas vivas: "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça." (Rm 12:20)
 
6) Cristãos vivem o que pregam: eles deixam-se encher pelo Espírito Santo, que tira deles as características do velho homem pecador e os identifica com Cristo, Seu caráter e Seu próprio Ser: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhados afetos de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; "(Cl 3:12);
 
6) Cristãos têm corações quebrantados e não vivem debaixo do sonho de vingança: "Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira." (Ef 4:26); "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12:21)
 
7) Cristãos possuem em si a disposição de amar até quem não os ama, perdoar quem não mereça e ajudar sem fazer acepção de pessoas: "E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. "(Lc 6:32); "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4:32)
 
8) Cristãos não cobram territórios ou cercam áreas de atividades; para eles, o campo é o mundo e eles cooperadores no Reino de Deus: "E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;" (Rm 15:20); "Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus." (1Co 3:9); "Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. "(Fp 1:18)
 
9) Cristãos não humilham irmãos diante dos outros: "Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; "(Mt 18:15);
 
10) Cristãos se parecem com Cristo: "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (1Jo 2:6)
 
Diante do acima exposto, afirmo categoricamente: o cristianismo ameaçador, amaldiçoador e perseguidor não é o cristianismo de Cristo Jesus, o Filho de Deus, mas de Satanás, o usurpador, que até se veste como Cristo, mas é o Diabo.
 
Que avaliemos o cristianismo de nossos pastores, de nossos líderes, de nossos irmãos, de nossos amigos, e que busquemos nos aproximar do autêntico cristianismo perdoador e abençoador do Senhor Jesus. Afinal, foi pelo perdão e pela misericórdia que um dia fomos aceitos diante do Pai por meio de Jesus. Que sejamos também misericordiosos e que entreguemos todas as nossas causas nas mãos dAquele que julga retamente.
 
Amém.
09/03/2013
Wagner Antonio de Araújo


37 - IGREJAS SADIAS PREGAM A SALVAÇÃO
 
 
"E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12)
 
Igrejas sadias pregam a salvação. Não uma salvação qualquer (existencial, cultural, motivacional, emocional). A mensagem bíblica é que Cristo veio ao mundo "salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (cf. I Tm 1.15).
 
Assim, nos púlpitos e nas salas de aula das igrejas sadias os assistentes são confrontados com a dura realidade bíblica: todos somos pecadores. “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;”(Rm 3:23).
 
Igrejas sadias não criam máscaras para entreter os pecadores, apresentando-lhes apenas uma alternativa melhor para viver. Igrejas sadias mostram com clareza que os homens, por si só, estão condenados à morte eterna e ao Lago de Fogo e Enxofre. “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”(Rm 6:23); “mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.”(Ap 21:8).
 
Igrejas sadias apresentam o plano de salvação idealizado pelo próprio Deus para tirar do homem o seu pecado original e transformá-lo em nova criatura, em um filho adotivo, em um cristão autêntico. Tais igrejas crêem que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Messias, o ungido, o enviado do Pai para reconciliar consigo o mundo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.”(2Co 5:19); “nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.”(1Jo 4:10)
 
Igrejas sadias levam os pecadores a crerem em Jesus, não mediante teatros emocionais e envolvimentos sorrateiros com atividades secundárias, mas através do confronto com a Palavra, com a decisão, com a conversão: “os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,”(Dt 30:19).;“quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”(1Jo 5:12). "De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." (Rm 10:17).
 
Igrejas sadias não convertem as pessoas, mas pregam a Palavra de Deus, usada pelo Espírito Santo no convencimento e na conversão: (cf. João 16.8). Porém, no que compete ao seu testemunho, tudo fazem para levar os pecadores a mudar de vida: “Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5:20)
 
Igrejas que usam seus púlpitos para propagar outros mediadores que não Jesus, que gastam o tempo inteiro em ensinar regras sociais ou leis mentais para o sucesso e para a felicidade não são sadias. São igrejas enfermas, que podem estar doentes, ou já serem apóstatas, heréticas e pecaminosas.
 
A missão dada por Cristo à Igreja foi para que ela propagasse a Sua salvação, apresentando-o como o enviado pelo Pai para a salvação dos pecadores. Igrejas que não pregam o evangelho puro e simples, o evangelho da cruz, negaram a fé e estão debaixo da condenação do Senhor: “Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.” (Ap 2:16)
 
Que as nossas igrejas propaguem a salvação em Cristo. “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Ts 5:9).
15/09/2012
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Wagner Antonio de Araújo

38 - RECORDAÇÕES DE PORTUGAL
Caros leitores
 
Em 2005 tive a oportunidade de pregar em Portugal. Na ocasião enviei e-mails reportando passo a passo a viagem.
 
Por ser longo não o publicarei nas listas. Se alguém interessar-se pelos textos, basta acessarem este link:
 
www.prwagnerantoniodearaujo.blogspot.com.br
 
 
Abraços.
 
Wagner Antonio de Araújo

39. ... E JOÃO NÃO VEIO ...
 
 
- Alô? João?
 
- Maria? Olá, Maria! Tudo bem?
 
- Tudo, João. E aí, como está o coração???
 
- Ah, Maria, não começa de novo, por favor...
 
- Tá legal, João. Não liguei pra isso não. Quero te fazer um convite. Posso?
 
- Manda bala.
 
- É que o Sammy Tippit vai pregar no ginásio da prefeitura, e vai sair uma kombi de cada igreja aqui da baixada, eu queria te convidar pra ir comigo. É grátis, vai ser no domingo à tarde, e vamos ter boa música e uma boa pregação. Topa?
 
- Topo.
 
- Como?!? Você topa?
 
- Topo, poxa! Era pra não topar?
 
- Não, claro que era pra topar! É que eu fiquei superfeliz!
 
- Tá. Que horas tenho que chegar? "Tô à fim" de ir à noite, no culto, também.
 
- Nossa, cara, que legal! Olha, chega às 13:30, a perua vai estacionar às 14. Assim a gente não perde a condução, e ainda conversa um pouquinho. Nossa, estou superfeliz, João!
 
- Tá legal. Vou no culto da noite também. Só que agora tenho que desligar, que o chefe tá chegando. Beijinho. Tchau.
 
Maria amava João. Eles namoraram por alguns meses, dois anos antes. Mas João voltara para a velha namorada (foi um fogo de palha, que durou um mês)  e Maria ficara magoada, triste, mas não desesperançada. Sempre que podia, enviava telemensagens, e-mails, cartas, recadinhos. João nunca respondia. Ou, quando o fazia, inventava as desculpas mais esfarrapadas. Mas Maria era persistente, e continuava cheia de esperanças. João era membro de outra igreja. Mas, atualmente, não ia em lugar algum. Ele se achava um cristão auto-suficiente.
 
A felicidade de Maria justificava-se: afastado que estava, João prometera ir à cruzada! Sammy Tippit envolvera todas as igrejas da região nesse evento evangelístico. Cada congregação ganhara uma perua para buscar os visitantes e membros. O ginásio comportava umas duas mil pessoas; assim, conseguir-se-ia encher todas as arquibancadas.
 
Ainda era quinta-feira. Maria não se agüentava de tanta felicidade! Até o domingo ela fez de tudo, para demonstrar a sua gratidão ao Senhor, e implorar-lhe a bênção: jejuou, orou por horas, leu muitos capítulos da bíblia, evangelizou, enfim, fez muito mais do que estava acostumada. No seu "diário", decorou cada um desses dias com um arabesco diferente, colorido e trabalhado. Ela estava tão ansiosa, que perdera até a fome. Estava tão feliz, que cumprimentava a tudo pelo caminho: "Bom dia, poste!", "Bom dia, gato!", "Bom dia, hidrante!". Ah, como é linda a paixão!
 
Já era sábado. Gastou um bom dinheiro no cabeleireiro, produzindo-se de forma brilhante. Pedira à mãe para apertar o vestido que comprara para o casamento da prima, e emprestara os sapatos de veludo colorido de Soraia, colega de escola. Ela teria, enfim, um encontro! Sim, João iria à cruzada!
 
Chega o domingo. O relógio marcava 13 horas, e Maria já se encontrava na porta da igreja. O sol brilhava forte, Maria estava debaixo da sombrinha, sem incomodar-se. O zelador ainda não abrira o templo. 13:30: começaram a chegar as meninas da sua turma de mocidade. Também os adolescentes, seus alunos, que iriam cantar no "grande coral da baixada". Ela estava orgulhosa por ver os meninos integrados em atividades musicais de louvor, tão clássicas e solenes.
 
Faltavam 10 minutos para as 2 da tarde, e a perua chegara. Maria agora suava frio. João não aparecia na rua, nem de um lado, nem do outro. "Será que ele esqueceu? Oh, meu Deus, estou tão ansiosa!" Às duas em ponto todos estavam presentes, menos o João. Maria inventou, então uma desculpa, dizendo ter esquecido um prendedor de cabelos no banheiro feminino, e pediu para entrar. Pois sim. Ela queria ganhar tempo, para que o seu amor chegasse.
 
Mas às duas e dez o motorista da perua ameaçou deixá-la, caso não entrasse. Com um grande bico, carrancuda, entrou no veículo, rumo ao ginásio. E João não veio.
 
Chegaram no ginásio. Gente de toda a parte, de todos os lados, pessoas felizes, com faixas das igrejas, com camisetas coloridas, fitas nos cabelos, bandeirolas na mão, cada um fazendo a sua própria campanha. Maria conduziu o seu grupo para as escadas que davam de frente ao palco, onde o coral e o Sammy estariam. Sentaram-se e conversavam muito. Mas Maria observava os portões. "Será que o meu amor perdeu-se, será que ele vem de ônibus? Será que ele vai me surpreeender? Oh, Deus, por favor, não me deixe sozinha..."
 
Estava ventando muito nas escadas onde estavam. Marcos e as garotas pediram a ela se poderiam sentar-se lá do outro lado, pois não estavam se agradando do vento. Maria disse que sim. Perguntaram-lhe se não iria com eles, e ela disse que já estava bem acomodada ali. E eles foram embora, deixando-a sozinha. "Poxa, que amigos da onça eu tenho! Ninguém quis ficar comigo".
 
Começou o culto. O coral cantava maravilhosamente. Alguns solos, avisos, e Sammy Tippit pregou a Palavra de Deus. Depois do apelo evangelístico, dezenas e dezenas de pessoas desceram das escadas, em lágrimas, entregando-se a Jesus.
 
Maria ficara feliz, com certeza. Mas o seu coração estava arrasado. O João não viera. E ela queria que essa tarde fosse uma tarde completa: ela e o João. Ela queria estar ao lado de quem amava. Seu coração pulsava forte por João, mesmo que dois anos os separassem.
 
Assim que Sammy orou pelos decididos, o povo foi se levantando para ir embora, pegar a condução. Mas o coral ainda cantava. Maria ficou até o fim. Maria ouviu parte por parte. Seus garotos estavam cantando, ela fez questão de prestigiá-los. Quando terminaram, ela levantou-se e aplaudiu efusivamente a apresentação, e desatou a chorar. E chorava copiosamente. Seu coração doía. Ela já não sabia se chorava de alegria pelas conversões, ou pelo gozo de  ver seus meninos cantando uniformizados, ou se lamentava a ausência de João, que a fizera passar vergonha, com uma roupa de festa num lugar onde todos estavam de camisetas. Olhou à sua volta. Não sobrara ninguém! Ela estava absolutamente sozinha. A única que ficara sentada na arquibancada! Sentiu-se só. Sentiu-se melancólica, ao ver-se no final do grande evento.
 
Maria chorou, e ninguém a consolou.
 
- "Senhor, por que comigo? O que foi que eu te fiz? A Gláucia, a Cíntia, a Beth, a Zenaide, todas são felizes, estão namorando, e não sofreram assim! Elas me pressionam, Senhor, dizem que não sou normal! Onde está o João, Senhor? Onde estão os meus amigos? Aonde está a minha felicidade?"
 
Ah, sim. A dor que Maria sentia era muito grande. Não era manha não. Nos seus 21 anos, Maria era virgem. Guardara-se para agradar ao seu Criador, honrando ao Senhor Jesus. Maria era trabalhadora, desde os 14 anos nunca deixara de exercer alguma função, e agora era secretária numa boa empresa. Era a primogênita da família, uma filha excelente. Seu quarto era um brinco, seus pais muito a amavam. E, na igreja, um exemplo: recepcionista de visitantes, professora dos adolescentes, cantava solos, dava cursos de artesanato e participava da sociedade de moças. Sua beleza era inconfundível: uma pinta bem debaixo da orelha direita exercia um charme especial. Quando sorria, lindas covinhas se abriam, e os seus loiros cabelos brilhavam mais ainda, combinando com aqueles olhos de um azul claríssimo! Linda, trabalhadora, inteligente, amada, Maria não queria outro homem, só o João, seu primeiro e grande amor. Maria sentia-se só.
 
Quantos de nós não somos como Maria, detentores de um vazio enorme dentro do coração, frustrados com as coisas que não acontecem, ou fartos de outras que teimam em acontecer! Quantos de nós ficamos sentados, sem um amigo verdadeiro do nosso lado! Ninguém conhece as profundezas de nossos corações!
 
Ainda nas escadas do ginásio, Maria orou com a bíblia no colo:
 
"Senhor, fala comigo! Eu não agüento mais! Senhor, eu preciso ouvir a tua voz!"
 
Então ela fez algo incomum em sua formação bíblica. Resolveu abrir a sua bíblia aleatoriamente. Sua bíblia estava toda marcada, grifada, sublinhada, com canetas de todas as cores. Então, ao abri-la, deparou-se com um versículo saltando da página, como se dissesse "me leia, por favor!". Ei-lo:
 

"Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.
 
O texto era Jeremias 29.11. Maria leu, releu, leu novamente, e orou:
 
"Senhor, se és tu quem falas comigo, então mostra-me que planos são estes! Que futuro é este! Que esperança é esta! Sinto-me sozinha, sinto-me abandonada, indesejada! Senhor, eu preciso saber quais são os teus planos para mim! "
 
Maria foi embora na perua. Chegando na igreja, foi ao banheiro, lavou seu rosto, arrumou-se um pouco e foi ao seu lugar especial, no quarto banco à esquerda, próximo do ventilador.
 
Com o coração pesado, Maria sentia vontade de estar invisível, de não ser notada, de ser só ela e Deus, naquele momento. O pastor solicitava os cânticos, Maria só ouvia as canções, acompanhava com o pensamento. Mas, por fora, apenas lágrimas quentes rolavam de suas faces. João não viera ao culto também. Não, ela nem olhava para a porta do templo. De que adiantaria?
 
Maria chorava. Enquanto o pastor pregava, Maria estava à quilômetros de distância, sentindo o rosto a queimar, o peito a doer, o corpo a moer. Duas senhoras, sentadas próximas, lhe perguntaram: "Maria, o que há? Você está bem? Está sentindo dores? Quer que tragamos água, ou a acompanhemos até o banheiro?" Gentilmente Maria desculpou-se, dizendo: "Não, irmãs. Eu estou em comunhão com Deus". As irmãs, imediatamente, recuaram. É como se estivessem tocando em solo sagrado. As lágrimas derramadas na presença de Deus, não devem ser represadas.
 
Ah, quando o peso é grande demais, quando a dor é forte demais, quando o abandono é longo demais, quando a frustração é profunda demais, sentimo-nos como Maria! O rosto nos queima, as canções soam longe, a pregação nos escapa, o mundo muda de ritmo, parece que tudo custa a passar! Estar com o Senhor é o melhor lugar, em tempos de perturbação!
 
Maria dizia em seu íntimo:
 
"Senhor, que planos tens para mim? Que esperança me dás, se as coisas que mais quero não consigo ter? Aonde está o meu João? Aonde está o respeito das minhas amigas? Eu sou diferente, Senhor! Todas têm namorados, todas estão quase se casando, e eu estou aqui, sozinha, chorando por um homem que não me ama! Fala comigo, Senhor!"
 
O culto terminara. O pastor dera a bênção apostólica e fora à porta, despedir os membros. Maria, que era uma das primeiras a confraternizar-se, ficou sentada. Suas pernas pesavam, ela estava fraca, sentia-se mal, queria morrer. "Fala-me, Senhor!"
 
Depois do tumulto do instante inicial, o corredor foi se tornando mais livre, e as crianças corriam de um lado para o outro. Julinho, um garotinho espoleta, correndo por todos os lados, tropeçou numa bíblia, pegou-a correndo, deu-a aberta à Maria, e disse: "Tó, tia, tô indo. Tchau".
 
Maria tomou a bíblia e, antes de fechá-la e colocá-la no encosto do banco, viu acesos alguns versículos grifados, e decidiu lê-los antes. Ei-los:
 
Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.
Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.
Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
 
Então ela pensou:
 
"Meu Deus! Paulo dava graças mesmo padecendo necessidades? Paulo passava fome também! Era isso que ele queria dizer, quando falava POSSO TODAS AS COISAS NAQUELE QUE ME FORTALECE!"
 
Foi como o sol a nascer no horizonte da vida de Maria. O Espírito Santo mostrara-lhe algo que lhe era encoberto: "ANTES DE PENSAR NAQUILO QUE NÃO SE TEM, AGRADEÇA PELAS COISAS QUE TEM; E ENTREGUE O FUTURO AO SENHOR, QUE TEM PLANOS DE PAZ PARA VOCÊ ". Sim, era disso que ela precisava! Mas, como  tirar a dor do coração? Como esquecer do João, ou do opróbrio, de ser tratada como "a diferente"?
 
Maria ajoelhou-se, tomou as mãos e fez um gesto, como a colocar sobre o banco um pacote. E disse:
 
"Senhor, eu não sou capaz de agradecer pela necessidade. Eu não sou capaz de gostar do teu plano para com a minha vida. Mas EM CRISTO, que me fortalece, eu serei capaz. Capacita-me, ó, Pai! Agora, Senhor! Eu te dou o meu coração, e todas as minhas frustrações. Dá-me um coração igual ao teu, meu Mestre!"
 
Sammy Tippit afirmou, em uma palestra aos pastores, que o verdadeiro avivamento só virá, quando houver arrependimento para os arrependidos. E isso só pode acontecer quando nos rendemos inteiramente ao querer do Senhor. Ainda que não o entendamos, ainda que não enxerguemos que futuro isso terá; Deus tem o melhor para aquele que deposita nEle a sua confiança.
 
A dor não saiu rapidamente, mas Maria levantou-se dali decidida.
 
Ela decidiu não ligar mais para o João. Se alguém estava perdendo, nessa história, esse alguém era ele, e não ela. Portanto, se ele não dava valor, então era porque o Senhor não o havia designado como companheiro para ela. Maria decidiu virar a página e não esperar mais por ele. E foi o melhor que fez.
 
Disse ela: "Se eu pensar no quanto sou infeliz sozinha, os meus problemas não desaparecerão. Pelo contrário, só tornarão a minha vida mais amarga. E se eu pensar nas coisas que tenho, e no quanto o Senhor me ama, a paz do céu encherá o meu coração. E eu serei feliz. Então entrego a minha solidão ao Senhor".
 
Ela decidiu também ignorar o opróbrio das amigas. Ela lhes explicou que, se elas estavam namorando e iam se casar em breve, que agradecessem ao Senhor por isso, mas que não quisessem obrigá-la a ter a mesma coisa, pois, em sua vida, os planos de Deus eram outros, e isto tinha que ser respeitado. Suas amigas entenderam, e não a forçaram mais a correr atrás de alguém.
 
Sua fisionomia já não estava abatida. Pelo contrário, Maria agora estava mais simpática que nunca! Lecionava com mais amor e vigor, aos seus adolescentes; cantava com gratidão ao Senhor; recebia os visitantes com grande simpatia; enfim, tudo ficou melhor. Ela dizia: "EM TUDO DOU GRAÇAS, MESMO PELAS COISAS QUE NÃO GOSTO. DEUS TEM PLANOS PARA MIM, PLANOS DE PAZ, PLANOS DE VIDA, PLANOS DE ESPERANÇA. VOU CONFIAR!"
 
E Maria tornou-se feliz.
 
Dias atrás, soube que casou-se! Sim, um jovem garboso e elegante (garboso? essa palavra é arcaica; hoje se diz "saradão"...), muito crente, gentil e responsável, atravessou o seu caminho quando ela menos esperava. Os dois se gostaram tanto, se entenderam tão bem, se atraíram tanto, que casaram-se, numa festa de fazer cair o queixo! O primeiro filho chama-se JEREMIAS (mas o sobrenome não é 29.11...), e o PAULO está prestes a nascer. Que coisa!
 
Deus é assim! Converte o nosso pranto em folguedo, converte o nosso opróbrio em vitória. Deus ergue o caído, fortalece o fraco e torna um plebeu em príncipe.
 
Mas tudo começa com QUEBRANTAMENTO...
 
---
 
O que? Como vive a Maria e seu esposo? Querem saber se o Jeremias é espoleta? Bom, minha gente querida, quem sabe, um dia desses, eu lhes conto um pouco. Mas isso é caso para uma próxima PÁGINA SOLTA.
 

=================
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm
 
obs:  Esta é uma obra de ficção. Foi escrita na madrugada do dia 01 de agosto de 2004. Este texto,  "...E JOÃO NÃO VEIO..." nasceu como uma ilustração, durante a pregação da Palavra do Senhor, no culto do 26o. aniversário da Igreja Batista de Lauzane Paulista, na capital paulista, em 31/07/2004. Naquele culto, para a honra e a glória de Deus, um grande quebrantamento veio, da parte do Espírito Santo, sobre toda a congregação. À semelhança de Maria, muitos e muitos  renderam-se à vontade de Deus, entregando as suas próprias a Ele. Vamos fazer o mesmo?
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segunda-feira, 11 de março de 2013
memórias literárias - 38 - RECORDAÇÕES DE PORTUGAL - narrativa da viagem de 2005
 
Sent: Thursday, June 16, 2005 1:58 AM
Subject: RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 1 E 2
 

Ola, amigos!
 
Graca e paz!
 
Enquanto escrevo, o sol esta se pondo. E jah sao dez e quinze da noite! Eu nunca havia visto isso.
 
CORRERIA DE SAIDA - Com dificuldade terminei os preparativos para viajar: comprei malas, mas malas AZUIS! Tive um almoco maravilhoso com o jovem Raul, adolescente da igreja. Providenciei filmes e preparacao de malas, e fui conduzido ao aeroporto pelos irmaos Valter e Manoel Melo.
 
La no aeroporto, a fila era enorme. Enquanto eu fazia o check'in, alguns irmaos da igreja chegaram, de surpresa, para se despedirem e me emocionarem! Posso cometer injustica, esquecendo'me de alguem, mas estavam la a Izamara, a Lana e o Caio, a Iris, a Andreia, a Zulene, e o Ministro de Musica Joao Marcos. Que coisa boa!
 
MATADOURO - Entrei na fila para fazer a imigracao. A multidao deveria estar por volta de 300 pessoas. Fomos andando e parando, como o corredor por onde os bois andam, quando viram bife e filet mignon. Bem, depois de muito esforço, de troca de portoes, de inspecao com maquinas, de um onibus lotado para o aviao,enfim, chegamos.
 
UM 777 - Esse boeing eh enorme, um monstro mesmo. Ao chegar ao assento, espantei-me: poltronas amplas, esticador de pes, controles no braco, e aeromocas vindo perguntar se queria alguma coisa. Pensei: puxa, a classe economica estah parecendo executiva! Que maravilha! Depois vim saber que ou foi um erro da empresa, ou precisaram usar essa area, pelo numero de passageiros que havia. Bem, tomara que sempre precisem dessa area para os economicos!
 
VOO TRANQUILO – Sim, o voo foi abencoadissimo. Apesar de algumas turbulências, e do meu nervosismo (minha primeira viagem desse porte, transcontinental), tudo correu bem. Ate um tapaolho eu ganhei para poder descansar melhor.
 
PISEI NAS TERRAS PORTUGUESAS – Seria vergonhoso dizer que me emocionei quando pisei pela primeira vez na Europa? Acho que seria. Então não direi. Entretanto, é mais estressante a entrada no pais do que todo o voo! Nas filas para ganhar um visto, o nervosismo de ter que se explicar e não ser compreendido. Mas ateh ai tudo bem, sem problemas. O grande problema foi A MALA. Oh, bendita mala! A minha foi a ultima! Mas estava la, graças a Deus!
 
NÃO CUMPRIMENTE POLICIAIS – esse negocio de ser cortez tem que ter limites. Principalmente quando se cumprimenta policiais. Se você encontrar um, da federal, no aeroporto, quando esta entrando no pais não diga BOM DIA. Por causa de um bom dia, o policia me revistou, me questionou, quase me mandou abrir a mala, mas depois me liberou.Caramba!
 
RECEPCAO ‘- Que alegria encontrar o Pastor Marcos Amazonas dos Santos, acompanhado do irmão teotónio, membro da mesma igreja! Me receberam tão bem! E eu pensei que o irmão da igreja se chamasse JOAQUIM, e fui conversando, chamando’-o de Joaquim. Ateh que o Pastor Marcos me corrigiu. Por que será que fiquei com Joaquim ou Manuel na cabeça?
 
ALMOÇO – Encontramos o Pastor Samuel, de uma igreja de Lisboa, e ele nos acompanhou no almoço, na praça de alimentacao de um shopping, em Benfica. Os dois pastores são ávidos torcedores de times rivais, o Benfica e o Porto,  tiveram assunto para muito tempo. Comi porco. Eu iria comer javali, mas eles mudaram de ideia.
 
METRO – Aqui a palavra eh paroxítona. Mas o metro éh otimo, parece são Paulo. Boas estacões, passagens eletronicas, tudo muito bem organizado. O Pr. Marcos Amazonas conseguiu uma bencao muito grande nesta tarde: sua igreja ganhou o status de IGREJA, pois antes era ASSOCIACAO RELIGIOSA. E esse foi um alvo de muitos meses, e razão de muitas oracoes. Andamos muito por Lisboa, mas achamos o lugar certo. Aleluia!
 
RONCOS E BABAS – Fomos embora para Coimbra, são quase 200 quilometros. Paramos para uma coca’cola, mas eu estava absolutamente cansado. E vi pouco da viagem. O pastor me acusou de ter roncado e babado, enquanto ele dirigia. Eu acho isso o cumulo, não posso acreditar. Eu não ouvi nada. Infâmia! Mas o sono esteve pesado!
 
CALDO VERDE – Comi essa comida diferente, mas tão gostosa! A irmã Lilian, esposa do Pastor Marcos, eh um doce de pessoa, tremendamente crente, cordial e simpática. E muto boa mãe também, pois o Mateus e a Debora são crianças altamente educadas, simpáticas, alegres, muito cheias da graça do Senhor.
 
TCHAU – Vou indo, porque aqui jah eh tarde. E, com a graça de Deus e as oracoes dos amigos, espero cumprir toda a agenda que o Pastor Marcos preparou para mim, para que o nome do Senhor seja glorificado.
 
Um abraço a todos.
 
Com amor,
 
Wagner António de Araújo
Coimbra, Portugal, Europa
Viagem.usa@uol.com.br
 
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MEMORIAS DE PORTUGAL - 02 - O FIM DE SEMANA
 
Caros amigos
Diletos irmaos
 
Nao ha prazer maior, na vida de um pastor, de um crente, do que ver a operacao de Cristo nos coracoes das pessoas.  E nao tem sido diferente neste tempo em Portugal. Com os meus olhos, alem de contemplar a terra de onde os meus ancestrais vieram, contemplar a paisagem, as vinhas, as aldeias, estou vendo tambem a obra que o Espirito Santo faz em cada coracao. Bendito seja o Senhor.
 
SABADO
 
Finalmente pude durmir ate tarde. Foi a primeira vez, desde que comecamos o trabalho com a Good News. E como foi bom! O Pr. Marcos foi muito generoso comigo, permitindo qu eu descansasse. Alias, este lar eh um lar segundo o coracao de Deus. A irma Lilian, esposa do pastor, eh uma ternura de pessoa. trata de mim como de um filho. Ha duas criancas na prole do pastor, a alegria do papai e a mamae: o Mateus, de 11 anos, que ainda fala um pouco de portugues brasileiro, e a Debora, de 6 anos, que so fala portugues portugues. Sao criancas doceis, alegres, educadas, carinhosas, sao os filhos que todos gostariam de ter.
 
VALE DE CANAS
 
Sabado foi Dia das Crianças por aqui. E a igreja resolveu ir ateh o vale de canas, um parque arborizado, muito bem cuidado e tratado, para divertir os seus pequenos. Eu estava um tanto retraido, porque a igreja de Coimbra eh composta da nata da sociedade pensante europeia. A Universidade de Coimbra tem muitos doutores e professores crentes, da igreja. O povo eh exigente intelectualmente, e eu, coitado de mim, um simples bacharel. Mas aos poucos fui conhecendo um pouco essas familias. Dr. Jonatas, a maior autoridade portuguesa em direito, Dr. Artur, expert na area de quimica, Prof. Teotonio, autoridade em fisica, e por ai vai.
 
UM BOM LANCHINHO
 
Depois das conversas, reuniram as crianças e as tias contaram historinhas, muito agradaveis. As criancas tinham feito pequenos bonecos com copos descartaveis e com cartolina, e utilizaram tudo isso para as historinhas. Entao, depois da aula, tivemos um gostoso piquenique. Lanchinhos diferentes, doces tipicos daqui, mousse de chocolate, etc. A intelectualidade nao impediu a açao do Espirito Santo e a confraternizacao. Bendito seja Deus!
 
FAZENDO BOLETINS
 
O Pr. Marcos eh um pastor muito eficiente e trabalhador. Ja chegava ah meia noite, e ainda estavamos na igreja, tirando copias dos boletins, dos canticos da manha, acertando os ultimos detalhes para os servicos de hoje, domingo, dia 05 de junho de 2005.
 
 UMA AULA INESQUECÍVEL
 
A Igreja Batista de Coimbra, fundada pelo inesquecível missionário António Maurício, formada por uma centena de crentes de diversas partes do mundo, intelectuais em sua grande maioria, eh uma igreja simplesmente maravilhosa. Confesso que me senti pequeno demais e retraído para qualquer atividade. Mas uma coisa me salvou: a aula da Escola Bibica Dominical veio primeiro. E o professor foi o irmão António Teotónio. Eu confesso, com sinceridade: posso contar nos dedos as aulas em toda a minha vida que foram tão boas, tão inspirativas e tão profundas, quanto a que tive hoje, sobre a salvação e sua conceituaçao. Meu Deus, como me fez bem! E como o irmão Teotónio, Professor de Física, foi piedoso!
 
DESCULPE-ME, LUIZ DE CARVALHO
Sim. Tenho que pedir desculpas a ele. É que em todo lugar que vou, levo o playback de suas canções, e canto. Acabo fazendo com que não comprem o CD, porque canto mal demais, e as pessoas festejam quando termino! (perdão, padrinho!). O meu cd PORQUE ELE VIVE jah esta furado. Cantei, e isso me ajudou a tomar a palavra. Falei sobre OS TRÊS SÍMBOLOS CRISTÃOS. Ao final, abraços e UM BEIJINHO (as irmãs osculam nossas faces duas vezes, mas eh UM BEIJINHO). Palavras de encorajamento, palavras amigas, mas uma delas eu não vou esquecer-me. Partiu de uma intelectual. *Pastor, a sua palavra foi interessante, bem organizada, deu para compreender o inicio, o meio e o fim, e fez sentido para mim. Deus tocou em mim e vou buscar pratica-la.. Obrigado por ter vindo” Puxa, isso foi fantástico!
 
FRANGOS, SUA SINA EH O NOSSO PRATO!
Sim. Os frangos assados, fritos, a passarinho, são consumidos pelos crentes daqui também. Então eu descobri que os empenados não tem sossego nem em Portugal. Que frangos gostosos preparam aqui!
 
VILA VERDE
Não houve tempo de descanso. O irmão Joaquim (esse era Joaquim mesmo!) veio buscar-me. No dia anterior, ele tomara o cuidado de pedir a minha ficha para o pastor Marcos. Eu iria pregar numa igreja de aldeia, e de outra denominação, A IGREJA DOS IRMÃOS. E lah fui eu. Para ANDORINHA, mas teria que passar em VILA VERDE, outra aldeia.
 
O caminho para a aldeia foi maravilhoso: vinhas por toda parte, milharais crescendo, hortas esparramadas pelos sítios, coisa fantástica. Então, passamos na casa do irmão Joaquim, para pegar o aparelho de CD, porque, para variar, eu iria cantar … LUIZ DE CARVALHO… e a sogra dele estava à nossa espera. Uma autentica portuguesa, daquelas que eu conhecia no Brasil. Idosa, dócil, meiga, porem, muito crente no Senhor Jesus Cristo. Aleluia!
 
ANDORINHA
Em Andorinha vi um JEGUE. Isso mesmo: um jegue. Uma portuguesa, com chapéu e roupas pesadas estava a falar com alguém. Quando eu a fotografei, a moça com quem ela estava a falar quase me bateu! Bem, espero que a foto tenha saído, para valer a bronca.
Chegamos num salão, sem placa, numa viela que dava para um campo. Quando entrei, era uma igreja! O povo estava orando e cantando! Logo que cheguei, percebi que o Espírito de Deus estava naquele lugar, na face das pessoas, no sorriso que esboçaram, nas canções que entoavam. Uma igreja diferente. As mulheres usam véu . As viúvas vestem-se todas de preto, ate o véu. Eles não tem pastores, mas não criam caso com quem tem. Eles são muito amigos dos Batistas por aqui.
A minha pregação foi emocionada. Quando digo que os meus ancestrais vieram daqui, e que seria emocionante um deles ter sobrevivido, para saber que houve um regresso, então não me contenho. E eles comigo, porque sabem que perderam muitos parentes com a emigração para o Brasil.
Falei sobre a minha experiência com Deus, quando aos dezessete anos, fui libertado da morte ( vide E AINDA ESTOU AQUI). Por incrível que pareça, JAH CONHECIAM A MINHA HISTORIA! Eles disseram que aqui em Portugal essa experiência foi muito conhecida, e que estavam felizes por ver ao vivo e em cores, a pessoa que foi tirada da morte pelo poder de Deus!
Ao final, eles, que não são abastados, enfiaram no bolso do meu paletó alguns euros. Eu protestei, mas eles fizeram questão de dizer: serve para tomar um “pequeno almoço” (café da manhã). Meu Deus, que prova linda de amor e carinho! Claro que vou tomar um pequeno almoço!
 
CANTANHEDE
Fomos para essa outra cidade. O calor aqui eh muito, mas muito forte. Eu, de terno pesado, correndo para outra cidade, pingando, para pregar novamente. La a igreja já era completamente diferente. Era uma igreja urbana, bem menor, Batista, e estava me aguardando para começar. Um dirigente angolano estava à frente. Passou-me a palavra, e eu cantei, depois fizemos um circulo, e pude contar a experiência da irmã Conceição, que era portuguesa (vide ENCONTREI MEU NOME). Ao final, no apelo para que alguém reconsagrasse sua vida ao Senhor, todos, do dirigente aos visitantes, isso fizeram. Aleluia!
 
 CAFÉ E CAMA
O irmão Joaquim trouxe-me para casa. Tomamos antes um café, e depois, viemos para cah, Jah jantamos, e eu agora vou dormir o sono do dever cumprido. O trabalho soh começou. Tudo quanto sou, ou cada centímetro da força que tiver, quero dedicar ao meu Senhor, que por mim doou a própria vida.
 Saudades da mamae, do Daniel, da Milu, da Igreja Batista Boas Novas de Osasco, do Brasil, e dos amigos.
 Ateh breve!
 Wagner Antoniop de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
Viagem.usa@uol.com.br
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Sent: Thursday, June 16, 2005 2:00 AM
Subject: RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 3 E 4
 

RECORDAÇÕES DE PORTUGAL - 03 - DE FRENTE PRA TRÁS 1
 
Olá, amigos. Graça e paz!
 
Hoje é quarta-feira, dia 08 de junho de 2005, são 11 e 44 da manhã por aqui.
 
Estive com problemas no computador, por isso não escrevi antes. Mas projeto contar, pelo menos em rápidas pinceladas, como está sendo esta minha viagem para Portugal, mormente sobre estes últimos dias, isto é, segunda, terça e quarta. Mas, assim como li numa estorinha do Bidu, o cachorrinho do Franjinha (personagens do Maurício de Souza), onde havia um cachorrinho muito esquecido que, para lembrar-se de onde viera, tivera que lembrar-se dos fatos de trás pra frente, assim vou tentar voltar no tempo, para não perder as coisas principais, deixando registrados os acontecimentos-chave.
 
JUMBO
 
Quando eu era pequeno (e isso não faz tanto tempo assim...), havia uma rede de supermercados chamada JUMBO, depois JUMBOELETRO, e agora soh ELETRO. Era da família DINIZ. Que surpresa monumental chegar em Portugal e encontrar o velho JUMBO, com o mesmo logotipo, e uma vasta rede de supermercados funcionando! Só não é mais da família Diniz: de resto, é tudo igual. Bem-vindo ao passado!
 
SOMOS TODOS IGUAIS
 
À tarde de ontem, pude ver os estragos que o amor não correspondido, faz no peito de um jovem português. Cá estava um rapaz, em aconselhamento, buscando, no pastor, o consolo e as orientações necessárias para superar a crise de um sentimento não correspondido. "você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ser amado por uma mulher..." Rapazes são rapazes em qualquer lugar do mundo! Partilhei com ele algumas dores e os muitos consolos do Senhor, adicionando isso como ilustração, às orientações do Pastor Marcos Amazonas dos Santos.
 
CAFÉ COM LÍNGUA
 
Antes disso, estivemos num centro comercial,  que é o nosso shopping center, tomancdo café com a irmã Maria Jorge. Que irmã fascinante! Uma senhora muito alegre, com quem conversamos muitas horas sobre as peculuaridades da língua portuguesa, no Brasil e em Portugal. Infelizmente a porta-voz a língua no Brasil é a TV Globo, e Portugal pensa que o falar deles representa a totalidade sonora de nosso português. Falamos sobre palavras que são diferentes nos dois países, e rimos muito. Fomos regados a uma BIQUINHA COM BOLINHO, isto é, um café com mistura.
 
AULA COM OBREIROS
 
Já estou na segunda-feira, à noite. Os fatos que citei correspondem à terça-feira.
 
continuo.
 
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RECORDAÇÕES DE PORTUGAL - 04 - DE FRENTE PRA TRÁS 2
 
ACONTECIMENTOS DE AGORA
 
Estou chegando do almoço e visita à parte baixa de Coimbra. Fui almoçar com o Professor Artur Alfaiate e o Pastor Marcos Amazonas dos Santos. Fomos ao centro comercial novo. Não vou dizer o nome do que comi, mas é uma bengala de pão francês com uma série de coisas dentro. Presunto (diferente do nosso), mussarela, etc.
Coimbra tem a chamada parte baixa, um lugar altamente histórico. Fomos à igreja de Santa Cruz, onde encontramos sob os nossos pés os túmulos de antigos monarcas portugueses. Um detalhe: agora se pagam por velas de eletricidade, que brilham o tempo suficiente da oração. Você coloca uma moeda, a vela acende. Terminado o prazo do dinheiro, ela apaga...
Fiz um bom negócio nas lojinhas da escadarias do Arco da Almedina. Encontramos a tal Dona Rosário, cuja comadre é prefeita de Valparaíso. Os meus companheiros ficaram estupefactos ao verem como consegui regatear o preço, baixando quase 40 por cento do valor que deveria ter pago. Sou brasileiro pechincheiro! Tomamos um refrigerante no antigo velorio da cidade. Mas sem defuntos.
Bem, agora aguardo a hora de ir para Agueda, onde devo pregar a noite. Estamos com 39 graus de temperatura, pouca coisa.
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VOLTANDO AA SEGUNDA FEIRA
 
CONFESSANDO AS CULPAS
 
Na segunda-feira à noite eu fui o palestrante do curso OBREIRO APROVADO, cujos participantes são de Coimbra e de Oliveira do Hospital. Falamos a respeito da confissão na igreja. Pude contar as experiências tidas nesses 17 anos de pastorado, 14 deles ordenados. Lembrei-me do que aconteceu em Vila Souza, quando, após um período de oração, as pessoas confessaram espontaneamente seus pecados, e lembrei-me também da chamada Santa Convocação, que fizemos na Boas Novas, e que trouxe tantas revelações! Bem, Deus ali operou maravilhas também. Eles estavam felizes, porque Deus estava a falar às suas vidas, e eu também.
 
VISITA AO HOSPITAL
 
À tarde dessa mesma segunda, fomos visitar a Dona Irene, que caíra e quebrara uma perna, e agora convalescia no hospital, após passar por procedimento cirúrgico. Mas, após a visita, quem ficou doente fui eu, que, não acostumado com 40 graus de calor, caí prostrado na cama, carecido de doses maiores de medicamentos. Mas melhorei. Tanto melhorei, que até fui para a aula do curso OBREIRO APROVADO!
 
VISITA À UNIVERSIDADE DE COIMBRA
 
Mateus, o pastor e eu fomos até a Universidade de Coimbra, conhecer a Faculdade de Direito Foi muito interessante. Tiramos fotos, conhecemos os corredores, andamos muito em todo aquele calorzão. Tirei até uma foto junto à estátua de Dom Diniz!
 
ADENDO
 
Bem, jah historiei tudo. Exceto o culto da família, acontecido ontem, aqui, antes de irmos ao supermercado JUMBO.
 
O Pastor Marcos reuniu a família na sala. Ele, sua esposa Lilian, o Mateus e a Deborah. Primeiro eles cantaram. Depois eles oraram. Depois fizeram a HORA DO DESABAFO, onde cada um falou sobre as coisas que não estão boas em casa: a Deborah está demorando muito para comer, o Mateus precisa de uma corneta para acordar, etc. Depois os elogios: um melhorou nas brincadeiras, outro em aspirar a casa, enfim, cada um recebeu um bom elogio. Daí fomos à hora da leitura de uma história de missões contemporâneas. O Mateus leu uma história de uma missionária na Índia, e todos debateram sobre o tema. Após cantarem, terminaram o culto. Eles fazem isso uma vez por semana, e estou motivado a escrever uma mini-esquete edificante, para apresentar na Boas Novas, instando para que os lares da igreja também façam isso, se não podem fazer diariamente o culto doméstico. Posso dizer que o Pastor Marcos e sua família, são verdadeiramente cristãos. Glória a Deus!
 

FIM
 
Agora vou ao banho e vou à Águeda. Quando puder, escreverei mais. Se quiserem escrever-me, acho que agora entrei num acordo com o computador. Ficarei grato em ler.
 
Um abraço, amigos.
 
Wagner Antonio de Araújo
viagem.usa@uol.com.br
de Coimbra, Portugal, Europa.
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Sent: Thursday, June 16, 2005 2:01 AM
Subject: RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 5 E 6
 

RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 05 - ÁGUEDA
 
COMO IRÁS?
Vais de comboio! Foi o que o pastor Marcos me disse. E foi o que aconteceu. E fui sozinho! Ele deixou-me à frente da Estação de trens de Coimbra, para eu mesmo comprar o bilhete e ir sozinho para Oliveira do Bairro, porque alguém estaria a me esperar por lá.
 
Que medo! Faltava 5 minutos para o trem sair. Eu, sozinho, a circular de comboio por Portugal! Era muita emoção ao mesmo tempo! Comprei o bilhete. 2,25. Uns 7 reais. Consegui descobrir qual dos dois comboios ia para o Porto. Era o da linha 4. Mas, enquanto alguém não confirmou-me categoricamente que eu estava no trem certo, não sosseguei. Uma boa alma o fez. Então aquietei-me.
 
QUANTAS PARAGENS!
Coimbra2, Adémia, Fornos, Souselas, Pampilhosa, Mealhada, Aguim, Curia, Mogofores, Paramo-Sangalhos, Oliveira do Bairro. Quantas paragens (estações)! Eu estava a viajar de trem pela Europa! Um vagão excelente, com ar condicionado e tocando músicas de Giuseppe Verdi, Tchaikovsky, Mozart! Lá fora, vinhas e plantações de milho, entrecortavam as pequenas vilas, aldeias e cidades. Também vi favelas, mais ao lado de pontes e viadutos. E vi o que é tremer de medo, nervoso por não imaginar se desceria no lugar certo!
 
APERTE O BOTÃO!
Chegamos em Oliveira do Bairro. O trem parou. Fui à porta. E a bendita não abria! Ai, Jesus! Abre, pelo amor de Deus! Estava a ver a hora que o comboio partiria, e eu ficaria estacado a esperar de pé! Mas ainda há boas almas neste mundo! Um rapaz, que percebera não ser eu da região, pos-se a perguntar-me se houvera apertado o botão para abrir a porta. Eu disse que nem vira botão algum. Então mirei a porta. Lá estava um botãozito amarelo, grande, com os dizeres: PORTA. Ai, Jesus, que vergonha!
 
SOZINHO NUMA PARAGEM DESERTA
Saí do trem e fiquei só, numa estação deserta. Deu-me um esfriar na barriga que só Deus para aquecê-la. A escada ficava distante uns 200 metros. Caminhei até lá e tive que voltar por baixo, porque a saída ficava exatamente onde eu havia descido... Enquanto caminhava, pensava: meu Deus, por que trouxestes-me para cá? Como isso pôde acontecer? E caminhava e agradecia ao Senhor, que enviara-me pelas terras lusitanas, não para fazer turismo, mas para proclamar as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Se algum turismo casual e eventual estava a fazer, era mera consequência da necessidade de locomoção.
 
UMA MOÇAMBICANA
Uma jovem irmã branca, nascida em Moçambique, criada no Rio de Janeiro e estabelecida em Águeda, foi buscar-me. Nem eu a conhecia, nem ela a mim. Aliás, eu estava indo para uma igreja desconhecida, onde não conhecia absolutamente ninguém. Conversamos um bocadinho, mas apenas para quebrar-se o gelo do que qualquer outra coisa. Uma pessoa maravilhosa, que trabalhou no Acampamento Palavra da Vida, e no outro do finado Waldemar Fomim. Seu pai é pastor cá em Portugal, e ela tirará férias no próximo mês. Está desesperada para voltar ao nosso país.
 
UMA IGREJA DIFERENTE
A igreja está a funcionar na garagem de uma grande residência, de propriedade d uma das irmãs da igreja. O calor estava quase insuportável, e era quase 9 horas da noite, com raios de sol a clarear o horizonte! Aos poucos os irmãos e irmãs foram chegando. Eu, sem jeito, sem graça, sorrindo para todos, e todos para mim, mas desconfortável porque não tinha com quem conversar, e eles não tinham qualquer assunto a tratar comigo. Enfim, entramos. A mesma jovem pos-se a dirigir o louvor. Alguns cânticos eram conhecidos, mas completamente diferentes, porque assumiram um colorido todo português, e foram transformados.
 
UMA APRESENTAÇÃO
O Pastor Heitor, o ministro daquela grei, apresentou-me assim: irmãos, ouviremos o irmão Wagner, que veio de longe, de Coimbra, para nos falar. Não o conheço, mas foi apresentado pelo Pastor Amazonas. Esperamos que Deus o use. Pastor...
Que situação! Uma porção de gente a olhar-me tão assustada quanto eu a eles! O que fazer agora? Todos absolutamente desconhecidos! Ai, Jesus!
 
UMA GUITARRA QUEBRA-GELOS
Havia uma guitarra! Aleluia! Não era uma guitarra acústica (violão), mas já dava para os gastos. Apresentei-me, dizendo que o desconforto deles era o mesmo que eu sentia, mas teríamos que fazer algo sobre isso. Perguntei o que eles achavam. Eles riram, mas não sabiam o que propor. Então eu me propus a tocar alguma música cristã brasileira, e fosse o que Deus quisesse.
 
Toquei: A MINHALMA ESTÁ CHEIA DE PAZ, A MINHALMA ESTÁ CHEIA DE PAZ. TENHO GOZO CELESTE E PRAZER EM DIZER, A MINHALMA ESTÁ CHEIA DE PAZ. Meus irmãos, precisavam ver a alegria desse povo, porque ELES CONHECIAM O CANTO! Cantaram, acompanharam com palmas, sorriam, etc. Estava quebrado o gelo! Ao final eu disse: Ora, pois, pois, quer dizer que eu estava a manter-me enganado o tempo todo, a pensar que esse cântico era brasileiro, e não o era? Eles riram muito! Para complementar, cantei outro, dizendo: esse os imãos não conhecessem: CAMINHANDO VOU PARA CANAÃ, SE VOCÊ NÃO VAI, NÃO IMPEÇA-ME, etc. Pra que fiz isso! Esses irmãos ficaram de pé e acompanharam cantando e com palmas, ao ritmo do vira, papapa, papapa, etc!
 
A PARÁBOLA DA LARANJEIRA.
Ah, bendita parábola de John White! Lá estava eu, no meio da faixa litorânea do Porto, a pregar sobre essa parábola de trinta anos atrás! Os olhos dos irmãos nem se mechiam! Ao final, em lágrimas, todos deram-se as mãos e oraram, ofereceno-se ao serviço do Senhor! Ao findar o culto,  os irmãos vinham cumprimentar-me, contar suas lutas e pedir orações. E eu, prontamente, orava por seus problemas. Isso consumiu quase uma hora além do culto! Só terminei porque o Professor Artur Alfaiate, de Coimbra, fora me buscar, e não poderia esperar mais.
 
Acredito que foi um momento inesquecível.
 
OREM POR MIM
Estou a atravessar um dilema. A igreja de Coimbra deseja ouvir-me na próxima sexta-feira, não amanhã, mas na outra, e eu não estarei mais aqui. Voltarei para o Brasil, com a graça do Senhor, na segunda-feira. Entretanto, o Pastor Marcos Amazonas está a pressionar a ROBERTOUR e a Igreja Batista Boas Novas, para liberar-me mais alguns dias, para cumprir essa agenda. Orem por mim, para que eu decida o que fazer. Até amanhã terei que decidir. Só o fato do interesse já corresponde a uma honra grandiosa demais! Obrigado, Jesus!
 
Escrevam-me.
viagem.usa@uol.com.br
Wagner Antonio de Araújo,
Coimbra, Portugal, Europa.
 
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RECORDAÇÕES DE PORTUGAL –06 – EM QUE PARTE ESTOU?
 
Olá, amigos. Estou fora da internet neste momento, por isso não me lembro em que número estou. Mas não faz mal. Este texto é a sequência do último. Creio que falei sobre a ida para Águeda, não é mesmo? Então falarei do outro dia, do dia seguinte, acho que foi quinta-feira, nove de junho de 2005.
 
UM LONGO CAMINHO
A minha agenda fora mudada, de última hora, para que pudesse atender a uma igreja do litoral. Haviam sido informados da minha presença na região, e quiseram uma visita. Tratava-se da Igreja dos Irmãos de Gafanha da Nazaré, junto a Aveiro, no litoral. Então o Pastor Marcos, eu e o Matheus (filho do Pastor Marcos), fomos encontrar o irmão Joaquim Girão, que nos conduziria até a localidade. Mas eu não sei quem sabia menos, se era o Pastor Marcos ou o irmão Girão. Isso fez com que andássemos muito, e demorássemos. Estou a dizer isso por causa de um grande problema: FICAMOS SEM JANTAR. Puxa vida, eu havia mantido a barriga vazia, para degustar um leitão, mas fiquei a ver navios mesmo. Literalmente. Em Aveiros.
 
UMA IGREJA DE UMA FAMÍLIA
Em lá chegando, encontrei alguns irmãos conhecidos, que estiveram em Andorinha, no domingo passado, a me ouvir. Foram eles os responsáveis em convidar-me para visitar a igreja deles. Mostraram-nos o templo, as dependências, etc. Não é um grande templo, mas atende muito bem a comunidade de 30 pessoas, 18 das quais daquela família. Pus-me a pensar: se o pastor brigar com um daquela família, o que será do ministério dele?? Mas isso é impossível de acontecer. Eles não têm pastor. Têm anciãos (grande diferença!) E o ancião ... é da família... rs
 
UM CULTO ABENÇOADO
Mulheres com véu e mulheres sem véu estavam espalhadas, junto a irmãos que não usavam terno. O único batistão tradicionalzão, era eu mesmo. Não me lembro se o Pastor Marcos estava de gravata. Os jovens tinham teclado, bateria, havia um irmão a tocar violão elétrico, e cantaram bonitas canções. Mas eu emocionei-me mesmo quando cantaram EU SÓ CONFIO NO SENHOR! Puxa, o cântico da Boas Novas, o mais querido e conhecido, ali, numa vila de pescadores portugueses! Havia um casal muito bonito, que cantou uma música flamenca, com letra cristã. Linda demais. Pena que a câmera já dava sinais de fim da bateria. O irmão que cantou era ex-combatente na guerra com a Guiné.  As músicas eu gravei na câmera que meu irmão Daniel me deu. Apenas o áudio, que quero compartilhar com quem quiser. Mas direi quando, com a graça do Senhor, estiver no Brasil.
 
MINHA MISSÃO
Não vim a Portugal passear, nem comer, nem me divertir. Não se trata de viagem turística ou de quem não tinha o que fazer, ou quem vive às custas da boa fé que alguém deposite. Fui para pregar a Palavra de Deus, para proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas, para a sua maravilhosa luz. É claro que, no decorrer do tempo, vejo paisagens, alimento-me, e procuro ter algum descanso. Mas não são ênfases, nem serão.
 
Minha missão estava a cumprir-se. Deram-me a palavra. Então pedi ao Fernando, filho do irmão Joaquim Girão, para que tocasse PORQUE ELE VIVE, porque havia esquecido o playback do Luiz de Carvalho. Depois tomei emprestado o violão elétrico e perguntei se eles conheciam a música CAMINHANDO VOU PARA CANAÃ. Ah, novamente o fenômeno: cantaram e se alegraram. Mas não bateram palmas, porque ali não se pode. Então preguei sobre o Salmo 37. Quando comecei, o sonoplasta veio desligar-me o microfone. Poxa, deveria ter vindo ligar! Acontece que o salão é muito pequeno, e, digamos que eu estivesse um tanto entusiasmado com a Palavra de Deus. Bendigo ao Senhor pelos efeitos, pois, ao final dos trabalhos, muita gente veio agradecer a mensagem. É assim mesmo. Às vezes um pregador da casa, ou patrício, prega as mesmas coisas, e não surte o mesmo resultado. Mas quando um estrangeiro fala, ah, daí é diferente! Vejo muito isso no Brasil, quando a Good News está a trabalhar. Mas é como diz o ditado. Santo de casa não faz milagres. Aproveitemos, então, os santos de fora, para a glória de Deus!
 
PÃO ... COM OVO...
Terminado o culto, eu estava doidão para jantar. Entretanto, o irmão ancião fez questão de nos levar para sua própria casa, demonstrando, assim, todo o carinho e o afeto. Ele é dono de uma lavanderia. A casa é lindíssima, na beira da rodovia que liga à Espanha. Eu queria muito ir até lá, mas fica longe, uns 300 quilômetros. A casa parece americana, mas tem a mobília portuguesa, repleta das cerâmicas e dos móveis bem trabalhados. A esposa dele nos contou toda a história de sua conversão, da conversão da família, etc. E, enquanto falava, ofertava-nos o café. Dentre as coisas, havia um pão-de-ló de uma aldeia vizinha, amarelo, com recheio  cheiroso com açúcar, e que deveríamos comer como sobremesa, no prato. Deu vontade de comer e repetir.  Voltamos bem tarde, subindo para Coimbra.
 
Até o próximo, se Deus quiser!
 
Wagner Antonio de Araujo
Viagem.usa.uol.com.br
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Sent: Thursday, June 16, 2005 2:03 AM
Subject: RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 7 E 8
 

RECORDAÇÕES DE PORTUGAL –07 – MUITO CALOR ... E ... BEM, ...
 
Agora estamos na sexta-feira, dia 10 de junho de 2005. Um feriado muito importante em Portugal. Dia de Camões, Dia das Comunidades Portuguesas, enfim, Dia de Portugal. O país parou. E as crianças do Pastor Marcos estavam absolutamente decididas a ir celebrar esse dia na praia, como tantas outras pessoas. E eu fui de mala.
 
Uma estrada boa, uma distância similar a de São Paulo e Santos. A estrada lembra a subida de Campos do Jordão, no Vale do Paraíba. Ao chegar em Figueiras, atravessamos uma ponte muito bela, com designer ultra-moderno. Depois, ladeamos braços do mar, onde as pessoas tentavam pescar alguma coisa.
 
UM PIQUENIQUE
Havia um parque, com churrasqueiras comunitárias e mesinhas. Um campinho de futebol alegrava os garotos, e as meninas brincavam de correr por entre as árvores. A irmã Lilian, esposa do Pastor Marcos, levara gostoso empadão para comermos, acompanhados por arroz, salada, deliciosas guloseimas. Ela só não contava com O FRIO. Sim, estava calor até uma certa altura, mas, de repente, uma brisa gelada passou a incomodar. Será que teríamos boa praia?
 
ENFIM, MAR!
Ah, o mar! Que maravilha! Na hora é maravilhoso, mas, depois, como hoje, quando não usamos protetor solar, arde como pimenta e fogo (quem nunca viu sol, quando vê, se queima). Eu, que não fui preparado para a praia, ganhei essa dádiva familiar e acompanhei a família. Que emoção saber que eu estava exatamente do outro lado do Atlântico! Quando estou em Praia Grande, em São Paulo, olho pro mar e me pergunto: qual seria a distância até Portugal e África? Agora fiz a pergunta inversa! E praia é praia! Praia é o paraíso na Terra! Mas não precisava ser tão literal...
 
ESTOU A VER BEM?
Então, enquanto a família do Pastor Marcos se divertia, e essas coisas nós nunca mais nos esquecemos, e eu não queria atrapalhar, fui caminhar pela orla, para orar, para apresentar ao Senhor a Boas Novas, a minha família, o meu futuro casamento, etc. E fui caminhando, tranquilo, contemplando pais, filhos, mães, filhas, jovens, adolescentes, todos se divertindo, ao lado de .... de .... PELADOS! Sim! Caminhando por alí, fui dar bom dia para um senhor careca de bigodes. Quando disse “bom dia”, eis que o cidadão estava nu, absolutamente nu, e a sua família também estava nua, exceto uma menina, um pouco mais recatada. Pensei: “isso não está acontecendo”. Caminhei mais um pouco, e lá estavam dois rapazes tomando sol horizontalmente, uma senhora banhando-se alegremente, todos convivendo com outros normais.  Meu Deus, isso então acontece na Europa! Pensei que colocassem plaquinhas dizendo: praia de nudismo. Mas depois descobri que não são praias específicas, mas cada um faz a sua própria conduta em termos de pudor, e o outro tem que respeitar. Claro, bati naquela parte, e dei meia volta, porque não estava à fins de ficar empeladando-me. Ao retornar, e confidenciar ao Pastor Marcos, ele disse: “Essa estória está mal contada, rapaz! Você estava é a participar do nudismo, diz a verdade, pá!” Já pensou? Que manchete? E que tragédia obesal?
 
Até o próximo, se Deus quiser!
 
Wagner Antonio de Araujo
Viagem.usa.uol.com.br
 
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RECORDAÇÕES DE PORTUGAL –08 – ÚLTIMA PARAGEM
 
Estou a terminar minha viagem. A viagem mais rica missiologicamente, em toda a minha vida e carreira ministerial. Preguei muito e em muitos lugares, e conheci uma multidão heterogênea da igreja do Senhor. Coimbra, Andorinha, Cantanhede, Coimbra de novo, Águeda, Gafanha da Nazaré, e agora Oliveira do Hospital, a cidade mais distante, e de um povo abençoado.
 
Estou escrevendo no sábado, 11 de junho de 2005. Enquanto escrevo, ouço, lá fora, as rãs na sua cantata noturna. O galo também anuncia a mudança das horas. À tarde eu conheci uma oliveira de verdade, e estou levando um galho, para dar uma folhinha para cada membro da Boas Novas, pois é uma lembrança importante. Não temos oliveiras no Brasil. Conheci uma cerejeira, uma pereira, uma fruta amarela gostosíssima, mas que não me lembro o nome. Chupei laranjas-bahia diretamente do pé, acompanhei um pastor de ovelhas a conduzi-las pelo pasto, junto a três cachorros-pastores (não disse pastores-cachorros), conheci o templo da igreja batista de Oliveira do Hospital, conheci a poetisa Maria Arlete Bastos, que leu-me umas 40 poesias, e agora coloco-me para dormir, pois terei um domingo muito atarefado.
 
Ao vir para cá, nesta manhã, junto com o irmão Prof. Dr. António Theotónio, que é o tesoureiro da igreja de Coimbra (e foi diretor da universidade de física de Coimbra)., viemos conversando sobre as bênçãos do todo-poderoso. Almoçamos no Túnel Restaurante, e ali pude conhecer uma chanfana bem cozida, no ponto. Uma comida semelhante à carne de panela. Lá encontramos a irmã Arlete, que é líder da igreja em Oliveira do Hospital.  Estou distante uns 100 quilômetros de Coimbra, mais ao norte do país. Amanhã eu iria pregar pela manhã, lecionar, e, logo em seguida, ser transportado para Oliveira do Bairro, um lugar muito distante daqui, mais de cem quilômetros, para pregar lá. Mas eles querem-me aqui o dia todo, e só retorno para Coimbra à noite. E, no dia seguinte, vou para Lisboa, tomar o vôo de volta para o Brasil. Então, ainda não sei bem quantas vezes irei cantar, quantas vezes irei pregar, quantas vezes irei orar. Mas sei quantas vezes irei agradecer ao Senhor. Afinal, pregar é a obra que Ele confiou-me, e é tudo o que tenho na vida.
 
Esta viagem foi, em tudo, um milagre de Deus. Quando o irmão António Theotónio me confidenciava que a mensagem de domingo foi tão marcante no peito da igreja, que estão fazendo cópias e mais cópias do CD para presentear, eu rendi graças ao meu Deus. Quando soube que há igrejas que ficaram sem agenda para que eu as visitasse, eu bendisse ao Deus de toda a glória. Quando soube que eles tudo fizeram para que eu fosse embora só na sexta-feira que vem, para que eu pudesse participar de outros cultos e encontros, inclusive o dos professores e empresários da cidade de Coimbra, agradeci ao Senhor. Se algum benefício pude representar, diante de tantos e tantos que pude receber, devo isso ao Senhor, a quem entreguei a minha vida. E agora parto, na data certa. Até aqui tudo está bem. Não quero ficar mais, porque eu preciso da Boas Novas. Sinto sua falta. Espero que sintam de mim também. Há muito, muito, muito o que fazer!
 
Vale à pena confiar em Deus. “Pastor Wagner, eu gostaria tanto que você viesse visitar Coimbra e pregar por cá!”, disse-me o Pastor Marcos Amazonas, pelo MSN , “Pastor, eu também gostaria, mas como faria?” , “Wagner, eu não tenho como transportá-lo!” , “Sim, pastor, eu também não. Mas deixemos nas mãos de Deus. Em sendo do agrado dele, tudo se resolverá”. Pedi oração, e apresentei o que precisava. E, em menos de 20 dias, tudo foi suprido, através de pessoas que se sentiram motivadas a fazer isso, pessoas que leram minhas crônicas e pessoas a quem o Espírito de Deus levantou para isso. Por isso, quando contabilizo tudo isso, mesmo tendo sido desligado de algumas listas muito amadas e queridas, sob a justificativa de que minhas viagens não interessavam a ninguém, senão a mim mesmo, sinto-me com o dever cumprido.
 
E pra que conto isso? Para me envaidecer? Buscar fama ou cartaz? Aparecer? Longe de mim. Acontece que, de alguma forma, com a graça do Senhor, essas coisas podem edificar algum servo de Deus, que precisa de ânimo, algum irmão pode fortalecer-se, ao ver a atualidade da graça do Senhor. Se Deus está agindo num miserável pecador arrependido, indigno de sua graça, um homem falho, imperfeito e limitado como eu, o que ele não poderá fazer na vida do meu leitor, que certamente é muito melhor e tem alcançado progressos muito maiores na vida cristã, intelectual e espiritual? Se Deus usa a mim, certamente que usará ao meu leitor também! Por isso, confie! Por isso creia! Por isso saiba: tudo pode mudar em minutos! O que está caído, pode levantar-se! O que está velho, pode renovar-se! O que está morto, pode ressuscitar! E o que é impossível, pode acontecer!
 
Se Deus permitir, escreverei mais um texto. O que historiará os fatos de amanhã, e o da chegada em São Paulo, se assim Deus permitir. Orem por mim, por favor.
 

Até o próximo, se Deus quiser!
 
Wagner Antonio de Araujo
Viagem.usa.uol.com.br
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Sent: Thursday, June 16, 2005 2:05 AM
Subject: RECORDAÇÕES DE PORTUGAL 9 E FOTOS
 

RECORDAÇÕES DE PORTUGAL - 09 - FINAL
 
MANHÃ NA QUINTA
Sim, mas não quinta-feira, Quinta dos Tigelinhos, em Oliveira do Hospital. É o nome do sítio onde hospedei-me, casa da poetisa e serva de Deus Maria Arlete Bastos, sua filha Sandra, sua mãe Maria Assumpção e sua neta Miriam. Logo pela manhã tomamos um delicioso café, com queijo de ovelhas.
 
UMA IGREJA DIFERENTE
Fomos ao salão da Igreja Evangélica Baptista de Oliveira do Hospital. O irmão Victor Costa estava a lecionar para a Escola Bíblica Dominical. Logo que terminou, um grupo, oriundo da Assembléia de Deus, e agora membro da igreja batista, cantou um belíssimo hino. Finda a música, cabeu-me dar continuidade. Cantei com o playback do Luiz de Carvalho. Dois hinos. E, logo depois, dei o meu testemunho sobre a sobrevivência em 1982 e a graça que o Senhor tem para dar a cada um de nós, que nEle confiarmos. Ao final, entoei QUE DOCE VOZ TEM MEU SENHOR. Convidados para receber orações, toda a igreja foi à frente, em lágrimas. Aleluia!
 
CONVÍVIO
Os irmãos almoçam juntos. Cada um leva o seu prato predileto e a sua bebida preferida, e celebram o amor, a amizade e o convívio cristão, uns com os outros. À mesa, muito amor, carinho, edificação cristã e bom humor. Na pança, uma excelente oportunidade de matar a fome. E na alma a esperança de que, se não nos encontrarmos mais na Terra, nos encontraremos nos céus.
 
DE VOLTA À COIMBRA
De tardezinha o irmão Edson, diácono da igreja, nos levou à casa do Pastor Marcos Amazonas. No caminho, conversamos sobre tantas coisas! Irmã Arlete, também a esposa do Edson, eu, a Miriam, fomos conversando pelos tantos quilômetros que separam Oliveira do Hospital, de Coimbra.
 
UMA DESPEDIDA COM LÁGRIMAS
Subimos ao terceiro andar, casa do Pastor Marcos. Depois de algumas conversas, eles me deram presentes (domingo foi dia do pastor).  No mesmo momento, o irmão Joaquim Girão ligou-me, ele e sua esposa Albertina, para despedirem-se. Daí não deu mais. As lágrimas invadiram-me os olhos, e a dor da saudade bateu na alma.
 
ARRUMANDO AS MALAS
O Pastor Marcos Amazonas é um excelente arrumador de malas. Eu enfiei as minhas roupas goela abaixo em minhas duas malas, mas não havia nada que as fizesse fechar decentemente. Mas o Pastor Marcos, com seu jeito peculiar de aproveitar todos os espaços, conseguiu, criando algum vácuo, fazer caber e ainda sobrar espaço! Que coisa!
 
DESPEDINDO DOS DE CASA
A irmã Lilian despediu-se rapidamente, porque senão iria chorar. O Matheus, filhão do pastor, jogou dominó comigo, para despedir-se (e perdeu! We are champion!). Depois, com os olhinhos rasos de lágrimas, me disse: pastor, eu nunca mais vou te esquecer."Quem agüenta isso, irmãos? A Débora, a princesinha, adormecera, depois de chorar bastante com um machucadinho no joelho. Uma alma sublime e inocente!
 
ACORDANDO CEDO
Hoje, segunda-feira, logo de manhãzinha, o Pastor Marcos tocou o pé na porta do quarto, anunciando que iríamos perder o avião, que já era 8 e 30! Eu desesperei-me. Me vesti como pude. Quando olhei no relógio, nem sete horas eram! Cara chato! Pegamos um pouco de chuva pelo caminho. Eu presenciei todo tipo de clima por lá: sol de estalar, chuva, frio, calor. Um autêntico privilégio. Recebi a ligação do irmão Joaquim Girão, a despedir-se, e do irmão Theotônio também. Amigos para sempre, sem dúvidas.
 
NÁDIA!
Lá em Coimbra, entrei correndo, para tentar fazer logo o check-in. E, antes de chegar à VARIG, a irmã Nádia encontrou-me. "Olá, pastor!" Que alegria eu senti! Ela fazia-se acompanhar de seu esposo e de sua mamãe! Nossa, foi maravilhoso! Pudemos tomar um gostoso café, conversar sobre louvores, e eu até ganhei umas lembrancinhas, que já estou a guardar com muito gosto! Ela tirou fotos e já as publicou. As minhas aguardarão a revelação ainda. Irmã Nádia, foi um presente de Deus conhecê-la pessoalmente, viu? Espero vê-la, juntamente com seu esposo, a visitar o meu São Paulo e o meu Brasil! Um beijinho, e muito, muito obrigado pelo carinho!
 
UM VÔO TRANQÜILO, GRAÇAS A DEUS
O VARIG 777-200 boeing, foi excelente. Não houve uma única turbulência durante as dez horas de vôo de Lisboa a São Paulo. Voltei nas poltronas executivas, mesmo sendo econômico! Fora as comissárias de bordo, o resto estava ótimo. O problema foi que elas não deixavam eu abrir a janelinha (abrir a tampa de dentro, claro). Eu queria ver lá fora e levei três broncas. Fiquei bronqueado.
 
VALTER E IZAMARA
Ao chegar em Cumbica, Guarulhos, SP, não tive problemas nem com as malas, nem com a alfândega. Também, que problemas eu poderia ter, não é mesmo? Não trouxe nada de mais, a não ser uns panos de prato para as famílias da minha Boas Novas. Trouxeram-me aqui em casa. E agora, após jantar a comidinha da Milu, resolvi encerrar essas narrativas sobre a viagem para Portugal.
 
E O FUTURO?
A Deus pertence. O Professor Theotônio encerrou sua despedida, em lágrimas, dizendo desejar que retornemos não apenas visitar Portugal, mas residir em Portugal. Será? Não sei! Certamente seria um privilégio muito, muito grande! E qual seria a vontade de Deus? Também não sei! Ainda é muito cedo para saber. Por ora tenho que pensar que vou dormir durante toda a terça-feira, para descansar desses 20 dias, acostumar-me ao fuso-horário, e estar com a minha querida Igreja Batista Boas Novas. Mas já me disseram que quarta-feira não terei a direção e o púlpito. Já me tomaram a direção, irmãos! E agora? Bastou estar um pouco fora, e fui deposto!!!
 
FIM
Um abraço a todos. Obrigado por lerem.
 
 
Ficarei agradecido com algum retorno dos meus leitores. Alguma coisa para eu guardar, talvez para dizer à minha alma que não foi em vão ter escrito e compartilhado.
 
Deus a todos abençoe.
 
Câmbio Final. 
 
VARIG ANTONIO DE ARAÚJO. Ops,
WAGNER ANTONIO DE ARAÚJO
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
viagem.usa@uol.com.br

40. - UMA SURPRESA NAS PESQUISAS - conto missionário
 
Marcos estava feliz: só mais uma cidadezinha, e sua pesquisa estaria completa. Ele trabalhava em agência de pesquisas de porta em porta, e recebera a incumbência de detectar quais as instituições mais importantes em cada uma das oito cidades estudadas. Polícia, bombeiros, escolas, farmácias, até uma barraquinha de pastéis fora identificada.
 
A oitava cidade era pequena, um pouco mais que as outras. Não seria difícil levantar a amostragem. Ele já pegara a prática.
 
Escolheu uma rua central e foi a uma casa. Procurou a campainha, mas não achou. Bateu palmas.
 
- Quem é?
 
- Pesquisa, minha senhora. Pode me dar atenção uns minutinhos?
 
- Claro! O que deseja?
 
Marcos explicou: estava trabalhando para a implantação de um novo negócio, e precisava saber dos moradores quais as coisas mais importantes no bairro. Fez as clássicas perguntas (quantas pessoas moram na casa? Qual a faixa salarial? Quantos estudam? Quantas horas gastam em frente um televisor? Etc.). Então fez a última:
 
- Se a senhora pudesse escolher, qual seria a coisa mais importante aqui no bairro, algo que não pode faltar de forma alguma?
 
- A Igreja  Batista - respondeu convictamente.
 
- Como? ? ?
 
- A Igreja Batista!!
 
- Ué, ninguém respondeu isso até agora! Que surpresa! Vou anotar bem pequenininho aqui do lado.
 
- Não senhor. Escreva aí IGREJA BATISTA. Aqui na cidade a igreja batista é insubstituível. Ah, como eu agradeço a Deus por essa igreja! E eu nem crente sou, hein? Mas já fui tão abençoada por eles!
 
- E o que eles fizeram de tão importante assim?
 
- Tiraram meus três filhos da rua, das más companhias, e os levaram para o bom caminho. Só isso já teria valido!
 
Marcos agradeceu, e decidiu ir para outro ponto da cidade. Talvez por lá ele conseguisse uma amostragem "normal". Bateu numa outra porta, fez as perguntas, e complementou com a derradeira (Qual a instituição mais importante do bairro?)
 
- A Igreja Batista! Ah, moço, aqui em casa todos nós freqüentamos essa igreja. E todo mundo aqui era "desandado", viu? Meu marido largou a bebedeira, minha filha "aprumou" e meu filho tá até "trabalhano de verdade"! Por isso não tem outra coisa pra sugerir não! Tem que ser a igreja batista!
 
Marcos estava perplexo, porque, em todas as outras cidades, nunca uma igreja fora citada como algo relevante. Mas aqui, as coisas estavam diferentes!
 
Marcos fez a pesquisa pelas casas da cidade durante todo o sábado. Eram cem casas. Em 98 delas a resposta foi a mesma: IGREJA BATISTA! Ao final, fez um levantamento do porquê as pessoas julgavam tão relevante a Igreja Batista da cidade. Aqui está a súmula:
 
A IGREJA BATISTA: TIROU CRIANÇAS DA RUA - ENSINOU MÚSICA PARA ADOLESCENTES - SERVIU DE CONSELHEIRA PARA CASAMENTOS EM DIFICULDADES - ENSINOU UMA PROFISSÃO AOS DESOCUPADOS - SERVIU SOPÃO AOS POBRES - ARRECADOU AGASALHOS NO FRIO, DISTRIBUINDO-OS - ENSINOU ADULTOS ANALFABETOS A LER E A ESCREVER - DEU REFORÇO ESCOLAR ÀS CRIANÇAS CARENTES - FEZ CONFERÊNCIAS BÍBLICAS - FEZ CURSO DE SEITAS E HERESIAS - VISITOU OS LARES COM NÚCLEOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - AJUDOU A PINTAR ALGUMAS CASAS - TORNOU O CULTO DOMINICAL UM COMPROMISSO PRAZEIROSO - DEU UMA BÍBLIA PARA CADA MORADOR - DEU UMA RELIGIÃO RELEVANTE PARA OS SEM-IGREJA -  DEU PERSPECTIVA DE VIDA E ESPERANÇA PARA A CIDADE - CONTRIBUIU COM O PROGRESSO PESSOAL E COLETIVO.
 
Marcos estava muito impressionado. Decidiu visitar a igreja no culto do domingo à noite. E, como era de se esperar, o pequeno salão estava lotado. Muitas cadeiras foram colocadas do lado de fora, com uma caixa de som servindo de contato entre o salão e a rua. Mas todos estavam felizes, e as pessoas continuavam chegando. No culto, orações, músicas bonitas, uma boa e simples pregação. Ao final, um "friendship" (confraternização), quando todos comeram "de graça" os pratinhos de quitutes que levaram.
 
Antes de ir embora, o pastor cumprimentou Marcos. Este lhe perguntou: "Pastor, qual é o segredo para se fazer uma igreja tão pequena como a sua, tão importante para uma cidade? Como vocês conseguem?"
 
O pastor lhe disse:
 
- Filho, os batistas são COOPERADORES, trabalham em prol do Reino de Deus. Assim, não estamos sozinhos aqui. Esta é a ponta de um iceberg. Nós somos fruto da VISÃO MISSIONÁRIA de nossa CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tudo o que somos e temos, é algo compartilhado por batistas de outros lugares. Temos algo chamado PLANO COOPERATIVO, quando nossas igrejas cooperam financeiramente umas com as outras, e proporcionam as condições para sustentar um trabalho como esse, em convênio. Nascemos assim. Algumas igrejas investiram em nós: deram-nos terreno, capela, casa pastoral. Outras entraram no sustento do pastor. E outras ajudam indiretamente, com o PLANO COOPERATIVO. Além disso, recebemos visitas de igrejas, que nos trazem o seu melhor: cursos, treinamentos, atendimento médico-odontológico, pregações, visitações, mutirões missionários, palestras sobre alcoolismo e drogas, e alguns fazem cursos quinzenais de música, para dar capacitação aos nossos. Por isso a nossa igreja é tão frutífera. O segredo é COOPERAR.
 
Marcos foi embora satisfeito. Se há algo que ele nunca se esquecerá na vida, é que ainda há espaço para uma igreja ser importante na vida de um bairro, de uma cidade e de um país. E, para que isso ocorra, o segredo é COOPERAÇÃO, SOLIDARIEDADE, PARTICIPAÇÃO. Ao invés de falarem sobre os problemas da igreja como instituição falida, os batistas agem, trabalham e constróem a igreja de amanhã, ajudando, investindo, amando, compartilhando.
 
Nesta campanha em prol de MISSÕES ESTADUAIS da CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO, leve a sua igreja a participar. Nas contribuições mensais, ensine a igreja a participar do PLANO COOPERATIVO. Na oferta especial, ajude sua igreja a alcançar o alvo proposto. Certamente histórias como a de Marcos se repetirão em muitos e muitos pontos de nosso grande Estado de São Paulo. Quem sabe não será a sua igreja uma protagonista de uma nova história de sucesso?
 
Wagner Antonio de Araújo
 
pós-escrito: este artigo foi escrito para a CAMPANHA DE MISSÕES ESTADUAIS DA CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO, em 2005, na época em que a mesma era administrada DESSA FORMA pelo Pastor José Vieira Rocha. A realidade institucional da citada organização não é mais a mesma. Bendito seja Deus pelos bons tempos daquela administração! (do autor). E que Deus tenha misericórdia de Sua obra no mundo atual.

41.

EU SORRI EM SÃO PAULO - conto missionário
 
Era domingo e eu ainda estava naquela cidadezinha perto da divisa com o Mato Grosso. Fazia muito tempo que não cobria aquela rede. Mas durante a semana visitara inúmeros estabelecimentos comerciais, reatando velhos relacionamentos e abastecendo as casas com os meus produtos. Cansado, decidi viajar no domingo. Uma diária a mais no hotel não iria fazer muita diferença. Só fiquei sentido porque não poderia estar na minha igreja nesse dia. Mas certamente Deus me compreenderia. Fui dormir agradecido. Porém, antes de dormir, pensei: "Ei, quem sabe eu ache uma igreja batista numa cidade grande? Nessas pequenas não há nenhuma." E foi o que eu decidi.
 
Amanheceu, paguei a diária e peguei a estrada. Uma região linda, que eu não pudera apreciar na vinda, pelos inúmeros compromissos. Mas, agora, sozinho, com o som ligado num cd cristão, eu poderia apreciar. Calculei que encontraria uma igreja batista bem longe, talvez após rodar uns duzentos quilômetros. Dava tempo ainda de pegar a Escola Bíblica Dominical. O dia estava ensolarado, o ar fresco, e o coração feliz.
 
Logo no início, uns quarenta quilômetros adiante, vi o reflexo do sol numa igreja, no morro do lugarejo. Pensei tratar-se de uma igreja católica. Fui mais devagar e percebi que o formato era de um templo evangélico. Pensei: "Que bom, pelo menos alguns crentes já desbravaram esse fim de mundo. Quem será que ousou?" Saí da estrada e peguei a rua que levava ao templo. Ao me aproximar, vi tratar-se de um templo amarelo lindo, pequeno, porém, muito bonito. Ao chegar em frente, fiquei de queixo caido: era uma igreja batista! "Mas que maravilha! Qual terá sido a igreja corajosa? Afinal, com tantos lugares, vir instalar um templo justo aqui? Deve ter uns dois crentes só!"
 
Parei o carro, desci, apertei a campainha (tinha até casa para o  zelador!). Uma senhora atendeu-me.
 
- Bom dia, irmã. Desculpe acordá-la tão cedo!
 
- Que nada, irmão! Nós estávamos nos preparando para a Escola Bíblica Dominical! Vamos tomar um cafezinho?
 
Claro. Quem recusaria um convite desses? Ao entrar, encontrei uma linda família. Pai, mãe e dois filhos. Todos com bíblias abertas, orando, terminando o culto doméstico. O café estava no fogão, e rapidamente foi servido. Entre um pão e um café, eles me contavam suas bênçãos. Disseram que, apesar de ser uma cidadezinha inexpressiva, havia muita gente alí, gente por quem Cristo morrera. Disseram que nenhuma igreja diretamente quisera semear nada por ali, mas que a Convenção Batista do Estado de São Paulo enviara um casal de missionários, e esses revolucionaram a cidade. Eles me contaram que haviam se convertido com eles, que foram o primeiro casal a pedir o batismo. Hoje a igreja tem uma escolinha de crianças, e até o prefeito educa seus filhos alí. Falaram que são "duzentos e poucos" na igreja, mas que à noite estão fazendo dois cultos, porque "vem bem mais que isso". Como dois músicos também se converteram, ensinaram instrumentos de sopro para os membros e formaram a Banda da Cidade, tocando no coreto nas tardes de domingo.  Fiquei maravilhado!
 
- Fica pro culto, irmão!
 
- Numa próxima vez, quem sabe! Não faltará oportunidade! Hoje eu quero ver se chego de noitinha na capital. Até mais ver!
 
Segui tão feliz! Comecei a lembrar-me das vezes em que o pastor fazia campanhas para a oferta especial de Missões Estaduais. As crianças traziam moedinhas, os jovens lavavam os carros dos irmãos e ofertavam o que ganhavam para missões; as senhoras faziam os seus quitutes e as classes da EBD votavam seus alvos. Quanta coisa pôde ser feita e eu nem sabia!
 
Não passaram sessenta quilômetros e eis um outro povoado, um distrito semi-rural. Bem na subida da avenida eu vi uma placa: "SÓ JESUS CRISTO SALVA". Pensei: "Não é possivel! Tem batistas aqui também? Essa cidade nunca teve crentes!" Saí de novo e fui até a placa, que marcava o endereço. Pergunto daqui, pergunto dalí, não foi difícil encontrar a igreja. O povo sabia informar direitinho. No interior todo mundo se conhece. Dessa vez um templo bege e branco, lindo, com um jardinzinho bem cuidado na entrada.  "O que é isso, Jesus? Mas que beleza!" Ainda não era hora da EBD, mas o templo estava lotado. Pensei: "Acho que teve velório, deve sair um enterro". Que nada! A mocidade fizera uma vigília e estava toda ali, concentrada, firme, e tomava café num salão anexo! Pensei: "que povo fantástico!" Alguém me convidou para entrar: era o pastor.
 
- Aprochegue, irmão! Vai entrando que a casa é do Senhor Jesus!
 
- Amém! Bom dia!
 
Lá fui eu pra cozinha de novo. Havia duas mesas grandes, umas 50 pessoas sentadas, gente bonita, com a camiseta de campanha missionária e tudo! O pastor contou-me que a igreja era nova, tinha 6 anos, fora fruto de um mutirão missionário e que a Convenção Batista do Estado de São Paulo adotara o lugarejo para trabalhar. Também contou que foi nomeado para tomar conta do trabalho e que quatro igrejas da região (incluindo aquela primeira que eu vira) ajudavam com visitas, estudos bíblicos e mantimentos. Dissera que esse povo todo era, na maioria, povo da roça. Aprenderam a ler, a escrever e a tocar violão, e que agora a igreja possuia uma "orquestra de violões", onde, com trinta violonistas, acompanhavam o órgão nos cânticos da congregação. Mas o forte mesmo era o teatro. "Já encenamos a Paixão de Cristo e o Natal, de deixar a caboclada de queixo caído, sô! Só vendo mesmo!"
 
Fiquei para o culto. Que culto maravilhoso! A mocidade cantava animada os cânticos do momento. O coral da igreja estava alí, com seus trinta e poucos coristas. E a igreja estava cheia. Pensei: "Gente do céu, de onde vem tanto crente?" Era o povo do lugarejo, das fazendas, das roças, boias-frias, povo simples, humilde, gente por quem a maioria não daria nada, mas que foram amados por Cristo e encarados como por demais importantes por Missões Estaduais, e ali estavam eles, servindo a Cristo. E tinha gente com carrão também. Pensei: "Não fazem acepção de pessoas. Glória a Deus!"
 
Depois do culto continuei o meu caminho. Passei por vários lugares, por várias cidades, pequenas e grandes. Entrei na maioria delas e encontrei uma igreja batista. Algumas estavam pequenininhas, outras já estavam grandes, e vi também em povoados uma plaquinha, dizendo: "Ponto de Pregação da Missão Batista, com o apoio de Missões Estaduais". E exultei no Senhor.
 
Quando cheguei na capital, tinha muito o que falar! Ah, como eu estava encantado! E, por incrível que pareça, era a noite de Missões Estaduais (eu, que só trabalhava, esqueci da data e nem tinha reservado a minha oferta). As classes da EBD foram levar seus envelopes solenemente à frente e o pastor pregou com muita autoridade uma mensagem missionária. Mas eu não me agüentava, e tive que levantar a minha mão.
 
- Pastor, cheguei de viagem, preciso dizer uma coisa!
 
- Irmão - disse o pastor -, depois conversamos, certo? Talvez ele pensasse que eu fosse fazer alguma crítica. Longe de mim!
 
- Mas é sobre Missões Estaduais! É um testemunho!
 
Mais aliviado, o pastor permitiu. Chamou-me à frente e deu-me a palavra.
 
- Meus irmãos, estou chegando de viagem pelo interior paulista e estou perplexo. A obra de Missões Estaduais é algo que só a eternidade poderá avaliar. Lembram-se daquela cidade perto da divisa com o Mato Grosso? Pois é, meu tio tinha fazenda lá e não existia um crente que fosse! Hoje tem igreja batista pra mais de duzentos membros! E aquele outro povoado, na beira do caminho, com aquela meia-dúzia de casas? Tem outra igreja batista! Eu contei 8 igrejas novas, irmãos, e muita gente está salva, graças à pregação! E isso é fruto da nossa cooperação, do nosso Plano Cooperativo,  e do que ofertamos em Missões Estaduais! Eu não trouxe oferta - e corei de vergonha, quando disse isso. - Estou envergonhado. Mas amanhã mesmo, com a graça de Deus, vou dar a esta obra uma oferta sacrificial, porque quero ter parte nisso!  Quando uma criança cantar, quando um jovem for batizado, quando uma senhora abandonar a idolatria, quando um pai de família tornar-se crente, nessas cidades distantes, eu quero poder dizer: eu ajudei, eu participei, eu cooperei. Quem vai fazer coro comigo?
 
Foi a maior oferta que a igreja levantou nos últimos anos. E eu sei que, em cada real ofertado, estava depositado um sonho, o sonho de salvar alguém e fortalecer uma igreja em algum lugar do Estado de São Paulo.  Quem sabe no ano que vem, por outra estrada paulista, eu acabo descobrindo outras vitórias...
 
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Batistas paulistas, isso é um conto, mas já está se tornando realidade! Leia a nossa revista, conheça as bênçãos, os alvos, os desafios! Mas precisamos fazer mais, muito mais! Vamos povoar o Estado de São Paulo com igrejas batistas? Vamos salvar vidas com o evangelho de Cristo? Vamos preencher o vazio batista de nossos municípios?
 
Façamos uma grande campanha de Missões Estaduais! Ofertemos! Oremos! Seguremos as cordas! E tenhamos parte nessa obra!
 

Wagner Antonio de Araújo
Pastor da Igreja Batista Boas Novas de Osasco (ABAFER)
uma das pequenas igrejas conveniadas com a  CBESPbnovas@uol.com.br
 
ARTIGO PARA A REVISTA DE MISSÕES ESTADUAIS
à pedido do Pr. José Vieira Rocha e
da Missionária Harumi Kakugawa Gianastácio - 2004
 
MAIS UM PÓS-SCRIPT, infelizmente: Isso retratou muito bem a CBESP de 2004, numa gestão que se importava com as pequeninas igrejas batistas, pobres, carentes, e com a abertura de novos trabalhos; uma CBESP que se importava com a boa doutrina e pastores fiéis que serviam a Deus com destemor. Digo infelizmente porque atualmente isso não retrata fielmente os nossos novos tempos. Mas quem viveu aqueles dias viveu dias de glória. Tiro o meu chapéu para AQUELA Convenção Batista do Estado de São Paulo, na gestão JOSÉ VIEIRA ROCHA.

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42.

- POSSO OU DEVO?
 
Se me amais, guardareis
 os meus mandamentos. (Jo 14:15)
 
Perguntei a um jovem: "como está a sua comunhão com Deus?" Ele me respondeu, com ares de quem não sente a menor crise de consciência: "Não posso dizer que vai bem, mas o básico eu faço: oro antes de dormir e leio um versículo da bíblia, pelo menos". Pobre garoto! Engana-se a si mesmo! Tal relação espiritual em muito se assemelha aos casais de namorados, com relacionamento em estágio terminal: não há o que conversar, não há o que comentar, só se pede, nada se dá, e a culpa é sempre do outro. Para o menino, Deus ainda deveria estar muito contente de haver um rapaz que lê um "versiculosinho" ou que faz uma "oraçãozinha-merreca" antes do ronco. É mais um jovem evangélico, a demonstrar, de forma grotesca e rústica, a péssima qualidade espiritual da igreja do século XXI.
 
Quando não há comunhão, a grande questão é: "até onde será que eu posso ir? Posso beber? Posso fumar? Posso ficar? Posso transar? Quantas vezes eu posso pedir perdão pelo mesmo pecado? Se ninguém ver, estará tudo bem? Será que não é apenas preconceito, uso e costumes, questões culturais?" Aquele que vive um estado espiritual meramente vegetativo, caça brechas, nas quais possa enquadrar-se como alguém menos pecador do que realmente é. É a vontade de auto-justificar-se à todo custo. Seu cristianismo é pura tradição.
 
Quando há comunhão, a questão é outra. Não se pergunta: "posso fazer isso?", mas "devo fazer isso? Será que edifica? Será que é construtivo? Isso beneficiará a mim e aos demais? Não será motivo de escândalo? E se um irmão mais fraco me vir assim, estaria eu em paz comigo mesmo e com Deus? O que quero está baseado no amor altruísta?" No coração do legítimo comungante, a glória de Deus e a edificação do próximo vêm em primeiro lugar. O gosto pessoal passa por esses crivos. E as decisões são baseadas nisso, mediante a revelação contida nas Escrituras Sagradas. É a chamada "lei da liberdade em amor", mencionada por Tiago, em sua epístola.
 
Para Cristo, quem o ama guarda os seus mandamentos. E quem não o ama, não guarda. É simples, não? Alguns considerariam simplista, mas não é. Deus é um ser definido. Não há morno, mas quente ou frio. Não há talvez, mas sim ou não. Não há purgatório, mas céu ou inferno.  Deus é tão claro e definido como o código binário, da informática: ou é zero, ou é um. Não há dois ou mais. Ou se está ligado, ou desligado. Ou se é salvo, ou se é perdido. Ou se ajunta, ou se espalha. Ou se é à favor, ou se é contra. Ou se é fiel, ou se é infiel. Ou se está certo, ou se está errado. Citando novamente os dizeres do Senhor, ou se ama a Jesus, guardando os mandamentos, ou simplesmente não se ama.
 
Você é do tipo que ama a Jesus? Ou nunca lhe passou pela cabeça que o amor, desejado por Cristo, traduz-se em atitudes, não meramente em palavras? É fácil demais nos escorarmos na justificação pela fé, mediante a graça do Senhor. O difícil é entender e aceitar que essa graça, motivada pela fé que ela nos outorga, produz indubitavelmente um fruto, e esse fruto se chama obediência. Quem não obedece, ainda não experimentou, de fato, do amor de Deus em sua vida. O Apóstolo Paulo diz: "o amor de Cristo nos constrange" II Coríntios 5.14. Se o amor de Cristo não estiver a constranger o nosso coração, então não houve salvação, nem justificação, nem regeneração, e estamos perdidos.
 
E não se está falando aqui de perfeição. Nenhum de nós é perfeito. Nem um de nós é isento de pecado. Todos tropeçamos e caímos. Infelizmente nós ainda não alcançamos a perfeição, e nem a alcançaremos enquanto na Terra. Mas falamos de comunhão: quanto mais próximos do Senhor, mais tocados e transformados somos, e menos coisas erradas e egoístas praticaremos. Em comunhão, subimos os degraus da santificação constantemente, e buscamos não descê-los de novo. Vamos nos esquecendo do que fica para trás, e vamos prosseguindo, sempre melhorando, sempre vislumbrando um comportamento mais correto, mais santo, mais justo, mais perfeito. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Pv 4:18). "Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado a perfeição; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Fp 3:13-14)
 
Mas ainda pecamos, mesmo sendo crentes. Contudo, há uma diferença básica: os que são regenerados pecam esporadicamente, vitimados pelas armadilhas da carne, do mundo e de Satanás. E arrependem-se amargamente, logo após a tragédia, seja ela grande ou pequena. O Espírito Santo nos convence do pecado (João 16.8). Se somos do Senhor, não teremos paz de espírito em meio ao erro. A consciência nos acusará, a vergonha nos corará, a tristeza do Senhor nos enquadrará. Mas é para o nosso bem, "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação" (2Co 7:10).  Seu propósito é disciplinar, para que não pequemos mais. Deus diz, em Primeira João: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo." (1Jo 2:1). E, para fortalecimento maior da confiança que temos no Senhor, encontramos também: "Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal." (Pv 24:16); "Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão." (Sl 37:24).
 
Mas os não-regenerados não se arrependem. Erram, zombam, brincam de enganar a Deus manhã após manhã, e, não raras vezes, tentam enganar a si mesmos com uma falsa comunhão, com uma "oraçãozinha-merreca" e um "versiculosinho" por dia. Irmãos, definamo-nos diante de Deus! Saiamos de cima do muro, e escolhamos hoje a quem queremos seguir! "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,"  (At 3:19). A vitória sobre o pecado só é possível quando nos rendemos ao Senhor, e render-se significa recebê-lo como Senhor e Salvador, de verdade, não só da boca para fora. Por que não fazê-lo agora, aqui mesmo, neste momento?
 
Digamos, se for o nosso caso: "Senhor, perdoa-me, pois sou escravo do pecado. Não consigo libertar-me e nem tenho vontade de libertar-me. Ajuda-me, opera em meu coração, dá-me a fé e o arrependimento necessários, e, com tua mão, segura bem a minha, conduzindo-me à regeneração pela fé em Teu nome. Quero amar a Jesus, e, em decorrência disso, guardar os seus mandamentos, demonstrando todo o meu amor. Por favor, atende-me. Em nome de Jesus, amém".
 
Deus nos abençoe!
 
Wagner Antonio de Araújo

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43. - CATÓLICO ROMANO
 
"Pastor Wagner, o senhor nunca foi católico? Por que deixou de sê-lo?"
 
Essa pergunta eu recebo sempre. Tenho a alegria de ter, entre meus leitores, um grupo muito grande de católicos romanos, e isso me traz enorme felicidade e grande contentamento. Diz a bíblia: "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros."  (Rm 12:10)
 
O meu tratamento para com os católicos romanos é do mais profundo respeito, da mais alta consideração e do mais profundo amor. Eu sei o que é ser católico. Eu fui católico. Eu fui coroinha por três anos, auxiliando os padres a servir a Eucaristia. Eu fui rezador de terços, e sabia decór todos os mistérios do rosário, e suas orações especiais. Eu iria seguir o sacerdócio católico-romano, e me tornaria seminarista camiliano. Não, não posso olvidar de minha origem e de respeitar a tantos que continuam vivendo sob a fé católica.
 
A razão de eu ser batista, ou, como muitos dizem, protestante, é bastante simples. Em um determinado momento de minha adolescência eu experimentei algo maravilhoso, chamado NOVO NASCIMENTO, REGENERAÇÃO. "Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo."(Jo 3:7); "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. "(2Co 5:17)
 
Trata-se de algo subjetivo, que tem conseqüências objetivas para o resto da vida e para a eternidade além-túmulo. "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (Jo 5:24)
 
 Isso se deu, quando reconheci-me pecador. "Não há um justo, nem um sequer.    Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.    Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. " (Romanos 3.10-12). Como católico eu me reconhecia pecador;
 
Entendi que os pecadores iriam para o inferno. "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." (Mt 10:28). "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor ".(Rm 6:23). Como católico, havia a possibilidade de um purgatório intermediário e das graças geradas pelas missas, rezas e velas.
 
Reconheci ser Jesus Cristo o Filho de Deus. "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16:16). Também o reconhecia, quando católico. Por ser Ele Deus-Homem, e o único crucificado em favor da humanidade, também tornara-se o único mediador entre Deus e os homens. "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." (1Tm 2:5). Como católico romano a minha fé admitia a CO-MEDIADORA e diversos intermediários menores, os santos.
 
Assim, cônscio dessas verdades, e da incompatibilidade daquilo que eu cria com o que a Bíblia dizia, aceitei o convite feito pelo Salvador, que prometia perdão de todos os meus pecados e vida eterna imediatamente. "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (Jo 3:18).
 
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; "(Ef 2:8-9). Eu nunca havia ouvido falar de salvação pela graça e compaixão de Deus, e de um perdão absoluto dos pecados, senão de um pagamento através de ritos e celebrações que me fariam passar pelo purgatório e sair de lá, depois de um tempo.
 
Então, por ser isso baseado na bíblia, livro que eu tanto amava, a Palavra de Deus, credenciada por Cristo ("Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade." , Jo 17:17) , entreguei-me a Jesus e fui salvo. A graça me alcançou. Fui perdoado. Fui redimido. Foi-me garantido um lugar no Céu. Cristo veio morar em mim. Minhas obras sucumbiram. Hoje, se pratico boas obras, faço-o como conseqüência da salvação, e não para buscar a salvação. Além do mais, a salvação não vem das obras, mas da graça através da fé. "Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada." (Gl 2:16)
 
Não consegui conviver com três bases de fé, porque eram conflitantes e opostas entre si. Só consegui escolher uma, e essa uma é a bíblia, a Palavra de Deus. E quais são as três bases de fé para um católico romano?
 
A primeira é a Bíblia Sagrada. Amém! Que maravilha! Hoje, com o movimento carismático, os católicos romanos redescobriram em suas bíblias as sacrossantas palavras do Senhor, e têm buscado pautar suas vidas em tais ensinos. Bendito seja o Senhor por isso.
 
A segunda é a Tradição. Ao longo do tempo muita coisa foi acrescentada como interpretação à bíblia, uma espécie de TALMUDE ao TORÁ cristão. E, infelizmente, essas tradições não serviram para construir, mas para destruir a simplicidade dos ensinos bíblicos. Assim, se a Bíblia orienta algo, mas a tradição milenar da religião faz diferente, as duas coisas precisam conviver juntas, e os teólogos precisam fazer verdadeiros malabarismos interpretatórios para conciliar a ambas. Meu Deus, que pena! A tradição estragou a fé.
 
A terceira é o Sagrado Magistério, ou a autoridade da Igreja Católica, através de seu líder, considerado INFALÍVEL, de interpretar a bíblia e a vontade de Deus para o povo. Sem discutir a capacidade intelectual ou moral de seus bispos ou papas, tornou-se inadmissível ao meu coração pecador, acreditar que, além de Jesus, houvesse algum outro ser humano capaz de ser infalível. A história testifica isso.
 
Dias atrás, tínhamos um papa bondoso e amoroso. Este pediu perdão por coisas que seus antecessores, outros papas, também infalíveis, disseram ou fizeram, fosse contra os judeus, fosse contra os ortodoxos, fosse contra os não-católicos. Nesse bojo está a Santa Inquisição, que queimava os que se opunham à Igreja Católica Romana. Então a infalibilidade papal mostrou-se falível. Assim, o que até então era considerado infalível, mostrou-se falível, mostrou-se absolutamente humano. Portanto, uma base de fé falível não pode servir para a minha fé, pois careço de uma base infalível para a eternidade.
 
Quanto a isto, vale dizer que atualmente a Igreja Romana discute outra doutrina, e tenciona mudá-la (como se a eternidade pudesse mudar ou "desmudar" ao belprazer ou ao gosto das gerações). Dizem que a teologia do LIMBO está ultrapassada. Diz-se que os bebês não batizados na Igreja Católica, vão para um lugar chamado LIMBO. Segundo os pensadores da Igreja, isso precisa mudar. Quer dizer, até ontem, isso existia, porque a infalível interpretação do Magistério ensinava assim. Hoje, porém, não será mais. Que fé se sustenta assim? E qual é a verdade verdadeira? E para onde levaram os bebês?
 
Como um pecador arrependido, seguidor de Jesus Cristo, como qualquer outro católico, decidi optar por uma das três bases, igualzinho aos cristãos do primeiro século. Aqueles não tinham uma tradição para seguir. Também não possuiam um Sagrado Magistério, senão uma Palavra Revelada, fresquinha, saída da fonte fidedigna da inspiração do Espírito Santo. Assim, preferi ficar com a Bíblia, o Velho e o Novo Testamentos, e me satisfazer com isso. Preferi lê-la e pedir ao Espírito Santo para me orientar e fazer-me entendê-la. Preferi não admitir a hipótese de que a Tradição pudesse mudar o que estava escrito, ou completar o que já estava completo na Bíblia. E também decidi não colocar a minha fé na infalibilibade do Sagrado Magistério, porque, se  eles são falíveis e podem errar, então poderia crer em algo falso. Mas as Escrituras Sagradas, conquanto escritas por homens, foram especialmente inspiradas pelo Espírito Santo, e credenciadas pelo próprio Cristo. "... a Escritura não pode ser anulada" (Jo 10:35)Então isso me bastou.
 
Não digo isso para discutir, polemizar, brigar. Digo isso para explicar. Assim como tenho profundo respeito pelos que crêem romanamente, e tenho amizade e profunda estima por diversos, assim gostaria que essas minhas palavras fossem compreendidas como uma explicação, e não como uma crítica pela crítica.
 
Contudo, se isso faz com que o leitor católico reflita, pondere, e reavalie a sua fé, certamente é porque o Espírito Santo permitiu que tal acontecesse. Então, como eu fiz, convido-lhes a fazer também: decidir-se por uma base só. Isso trará paz, segurança, vida e harmonia.
 
"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho." (Sl 119:105); "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." (Is 8:20); "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;" (2Tm 3:16); "Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo".  (2Pe 1:21)
São Paulo, SP, 07 de janeiro de 2006
 
Pastor Wagner Antonio de Araújo

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44. - 12 DE OUTUBRO - DIA DA IDOLATRIA DO BRASIL
 
Os evangélicos aprovam aqui e ali o seu dia comemorativo. Até aí nada de errado. Católicos os possuem aos montes, distribuídos por todo o calendário anual. Mas no momento em que os governos decretam feriado em seus dias de celebração acabam por ferir um dos maiores valores de uma sociedade democrática: a liberdade de escolha de cada um com relação ao seu credo religioso. Obrigar os demais a parar as atividades profissionais e estudantis por causa de festejos religiosos impostos não é liberdade de escolha. Claro que todos os trabalhadores apreciam os feriados, principalmente nesse estressante mundo contemporâneo. Qualquer oportunidade de parar é um tempo a mais com a família. Mas se esses trabalhadores forem patrões ou ganharem por comissão, nem eles apreciarão tantas paradas obrigatórias. E se o motivo for religioso, e da religião do outro, ficará mais constrangedor ainda.
 
Hoje é DIA DE NOSSA SENHORA CONCEIÇÃO DE APARECIDA, A PADROEIRA DO BRASIL. Esse feriado foi oficializado pela Lei Federal 6802/80 para “o culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida”, instituído por ocasião da visita do Papa João Paulo II naquele ano, ao Brasil. Trata-se da veneração nacional da estátua de terracota de 40 centímetros, encontrada nas águas do Rio Paraíba, em São Paulo, por três pescadores e que originou posteriormente em culto público à santa aparecida, nome que tornou-se referência da imagem (Aparecida).
 
Para o católico popular, que não entende de sua própria teologia, mas vive as tradições de sua igreja, cada Nossa Senhora é diferente uma da outra. Mas o catolicismo confessa que as imagens não são santas separadas e distintas, mas a mesma santa em aparições diferentes. Assim há a Nossa Senhora de Fátima (que apareceu em Fátima, Portugal), Nossa Senhora de Guadalupe (que apareceu no México) etc. É a mesma suposta aparição de Maria mãe humana de Jesus, mas em aparições diferentes. Contudo, para o religioso comum, acender uma vela para Nossa Senhora Aparecida é diferente de acendê-la para Nossa Senhora do Rosário, o povo não distingue que são apenas aparições. Porisso festejos múltiplos e diferentes.
 
PADROEIRA DO BRASIL, protetora nacional. Uma estátua de 40 centímetros, que espatifou-se em 200 pedaços na década de 80, poderia proteger a nossa nação?
 
Somos todos cristãos, nós, que assim nos consideramos. Deveríamos ir à Palavra de Deus. Lá nós encontramos a voz do Todo-Poderoso, que nos diz o seguinte:
 
“Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira.” (Jr 7:18) Esse texto de Jeremias fala do povo de Judá, que fazia oferendas a um ídolo identificado como RAINHA DOS CÉUS. Como Nossa Senhora é considerada pelo catolicismo popular? RAINHA DOS CÉUS!! Isso se chama ERRO. O céu não tem rainha; só um Rei, o próprio Deus.   “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.” (Is 42:8)
 
O Papa Pio XII “decretou” que Maria era reconhecida como Rainha dos Céus em 1954. Meu Deus, “tende piedade de nós”, que ignoramos o que a Bíblia ensina sobre um Deus que não reparte Sua glória!
 
O comércio de imagens de escultura, de gesso, de bronze, de ferro, de madeira, de plástico, de qualquer material, será grande no dia de hoje. Milhares de estátuas reproduzindo a figura da estátua original serão vendidas aos lares brasileiros. E o que se fará delas? Elas irão para a casa das pessoas, serão colocadas num lugar de destaque, uma vela será acesa, uma rosa decorará o ambiente, um incenso para perfumar o momento de reflexão e as pessoas farão as orações olhando para a imagem. Ou então irão para as padarias, para as oficinas, para os escritórios, para os gabinetes, servindo de proteção contra os inimigos. Aquele objeto era apenas  gesso, madeira, ferro, plástico, mas feito em imagem da santa, tornou-se objeto de veneração.
 
As pessoas imaginam estar fazendo uma grande coisa, porque desconhecem o que diz a Bíblia sobre isso: Isaías 44:13-17. "O ferreiro, com a tenaz, trabalha nas brasas, e o forma com martelos, e o lavra com a força do seu braço; ele tem fome e a sua força enfraquece, e não bebe água, e desfalece. O carpinteiro estende a régua, desenha-o com uma linha, aplaina-o com a plaina, e traça-o com o compasso; e o faz à semelhança de um homem, segundo a forma de um homem, para ficar em casa. Quando corta para si cedros, toma, também, o cipreste e o carvalho; assim escolhe dentre as árvores do bosque; planta um olmeiro, e a chuva o faz crescer. Então serve ao homem para queimar; e toma deles, e se aquenta, e os acende, e coze o pão; também faz um deus, e se prostra diante dele; também fabrica uma imagem de escultura, e ajoelha-se diante dela. Metade dele queima no fogo, com a outra metade prepara a carne para comer, assa-a e farta-se dela; também se aquenta, e diz: Ora já me aquentei, já vi o fogo. Então do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e se inclina, e roga-lhe, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus.”
 
Ser idólatra é algo de foro íntimo e não pode ser legislado pelo Estado. Mas se a idolatria for no meio do povo cristão, a Bíblia é a Lei, e nela encontramos a condenação disso, além do tradicional texto dos dez mandamentos, modificados pelo catecismo católico, mas não modificado pelo Espírito Santo ao longo dos milênios: Ex 20.4: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; Não te encurvarás a elas, nem as servirás;”
 
DIA DA PADROEIRA, Dia imposto ao país para uma bênção que a Bíblia não ensina.
 
Oremos pelo Brasil e pelos Brasileiros...
 
Wagner Antonio de Araújo

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45. - QUE VERGONHA!
 

Eu iria compartilhar apenas com a família COMPARTILHANDO (lista de pastores
em comunhão, na internet), mas resolvi estender a tragédia, e compartilhar
com todo mundo.
 
Tomei conhecimento de que a esposa de um pastor americano, brasileira, iria
para o Pará, fazendo conexão em São Paulo. Então, como eu tinha umas
fotografias que lhe pertenciam, e como estava com saudades, resolvi marcar
com ela, e esperá-la em Guarulhos, para um café e oração. Só que o seu vôo
chegaria às 6:05 da manhã, e, como sei das constantes mudanças de horário,
resolvi chegar uma hora e pouco mais cedo, garantindo o encontro.
 
Nem dormi. Fiquei a escrever até umas três, e aprontei-me. Daqui até
Guarulhos são 45 quilômetros, mas, sem trânsito, a coisa anda bem.
Estacionei e peguei meu ticket.
 
Fui ao painel eletrônico, e vi que o vôo Delta de Atlanta chegaria mesmo às
6:05, então fui "enrolar" um pouco. Quando o horário chegou, o painel
mostrou que o avião havia pousado. Os passageiros iriam descer pelo portão
1. Então não haveria erro. Se não houvesse nenhum problema ou orientação
diferente, ela teria que sair por ali.
 
O povo começou a sair. Mães a reencontrar filhos, maridos a abraçar esposas,
motoristas a levar funcionários, amigos se reencontrando, como é rico o
portão de desembarque de um aeroporto! Quantas histórias não estão
acontecendo naquele momento mágico, momento do reencontro?
 
Bem, o povo saiu, e o pessoal de Paris começou a sair. A irmã não apareceu.
Pensei: "Ah, deve ter sido pega na alfândega. Devem estar desmanchando suas
malas, porque suas lembrancinhas pra família excederam. Tudo bem, é já que
aparece". O relógio marcou 7 da manhã, e nada da irmã aparecer.
 
Comecei a ficar aflito. As pernas já cansavam. Deixei para tomar café com
ela, e estava me sentindo fraco (estou de regime). Quando chegou às 7:30 hs,
desesperei-me. Pensei: "será que ela saiu por uma porta especial? Bom,
deveria ter ligado para o meu celular". Esperei até às 8. Subi e fui
perguntar à INFRAERO. Eles não podiam dar-me a lista de passageiros. Corri
para o portão e vi que não havia mais ninguém. Às 8:30 hs eu realmente
estava cansado. Cansado e poderosamente enfurecido.
 
"Mas não é possível! Que falta de consideração dessa irmã! Poxa, se iria vir
em outro vôo, alguém poderia ter me avisado, não é mesmo? Agora eu fico
aqui, a pensar mil coisas, se ela realmente está bem, se virá no próximo
vôo. Isso não se faz!" Liguei para casa e minha mãe falou: "filho, deve ser
o furacão". Aquilo amenizou um pouco, mas não tirou a minha braveza.
 
Paguei o estacionamento e, com muito custo, deixei o portão, ainda na
expectativa de que ela por ali saísse. Que nada! Fui embora cuspindo fogo.
Ao chegar no carro, fui tirar os papéis que trouxe, com os números do vôo.
Estava lá, tudo marcadinho. Mas... espere um pouco.... O que é isso?
 
VÔO DELTA .... ATLANTA TO GUARULHOS 01/SET/2005....
 
 
 
"Meu Deus, hoje ainda é 31 DE AGOSTO! Eu vim um dia antes!" Que mico!!!! O
vôo só iria chegar no dia seguinte! Eu pensei que já era 1 de setembro,
porque não lembrei que agosto tinha 31 dias! E lá estava eu, de alegre,
pagando um mico danado, esperando quem não iria chegar de jeito nenhum!
 
Fiquei com vergonha até de voltar pra casa. Pensei: "Meu Deus, que burro que
fui! Vai ver é a idade dos "ENTA" chegando!" Esperei-a no dia errado! Essa
foi de lascar!
 
Mas, com isso, reavaliei a minha postura. Eu prejulguei-a. Eu a acusei de
não ter me avisado, de não ter tido consideração, e também ao pessoal de lá,
por não me avisar da mudança de planos! E o errado era eu! Já pensou?
Acusei-a, e ela era inocente! Ah, como Cristo advertiu-nos sobre o juízo
temerário! Falou-nos que seremos julgados, com a medida do nosso próprio
julgamento! Somos tão orgulhosos! Muitas vezes não damos o braço a torcer,
mesmo descobrindo, no processo, de que somos os errados da história! E tudo
isso poderia ser evitado por um simples pedido de "perdão!". Se fôssemos
humildes, reconheceríamos nossos erros, e diríamos "puxa, eu errei. Eu
cometi uma falha grave, mas conto com sua compreensão". Muitos casamentos,
muitas amizades, muitos empregos, muitas igrejas, não sofreriam tanto, se
soubéssemos dar o braço a torcer. Agora, quando vir a irmã, vou pedir perdão
a ela, explicando-lhe o porquê. Sinto que devo fazê-lo.
 
E, para terminar, isso mostrou-me novamente que, não adianta ter fé em
alguma coisa, se essa coisa não estiver certa. Eu cria piamente que ela
estava naquele vôo, mas a minha fé não valera de nada, pois ela não estava.
A nossa fé deve ser baseada no que é certo, no que é concreto, no que é
revelado pelas Escrituras Sagradas. Não adianta as religiões nos prometerem
caminhos múltiplos para Deus, maneiras mil para sermos felizes e abençoados.
Se procurarmos a Deus fora de Cristo, que afirmou categoricamente ser "O
caminho, A verdade e A Vida", não chegaremos ao Pai, por mais que o
busquemos. A fé é fundamento firme, mas baseada na verdade. Foi Jesus quem
afirmou: "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade" (João 17.17).
A fé na mentira é o mesmo que esperar a irmã descer do avião no qual não
embarcou. No final teremos apenas frustrações. Vamos crer só na verdade!
 
E agora com licença, que vou cochilar, porque, daqui há pouco, vou
recepcionar a irmã no aeroporto. Ah, mas dessa vez na hora certa, e no dia
certo. (só não vi direito em que ano seria a viagem....Será que é 2005
mesmo? Vou conferir... ai, ai, ai...)
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SPbnovas@uol.com.br
 
pos-script:
 
sou um reincidente! hoje, 14 de março de 2013, estou aguardando a chegada do Pastor Carlos Alberto Teófilo Firme, em Viracopos, São Paulo. E ELE ACABA DE ME DIZER QUE SÓ VIRÁ AMANHÃ, conforme consta no e-mail. E eu, novamente, confundi as datas....
 

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46 - ENTÃO PENSO ... E ME LEMBRO ...
 
 
A vida pastoral não pode ser exercida por meros executivos eclesiásticos. Estes nunca têm tempo para as pessoas; aliás, para eles, o que estraga a igreja são as pessoas que nela congregam...
 
Quando se é pastor por chamado e se entende que o serviço de Deus ao povo é uma das prioridades, então as marcas que estas deixam na alma do obreiro são para sempre.
 
E como é triste descobrirmos o paradeiro de muitas pessoas que conosco congregaram, conosco trabalharam, conosco conviveram, servindo a Deus e participando do serviço ao Senhor.
 
Com o império das redes sociais é fáicil encontrá-las.  E as vejo às vezes, quando alguém aceita amizades delas em redes onde também estou inscrito.
 
Vejo aquela moça. Tão meiga, tão adolescente, tão dedicada, hoje envolvida com drogas e com um casamento destruído. Penso: onde foi que eu errei? E me lembro: as escolhas eu não pude fazer por ela, apenas indicar-lhe o caminho.
 
Vejo aquele jovem instrumentista. Ensinei-lhe as primeiras posições. Onde o vejo hoje? No mundo, cheio de piercings, brincos, tatuagens, não há um único símbolo que lembre que um dia ele fez a boa confissão diante de Deus e comprometeu-se a ser fiel até a morte. E imagino: o que Deus pensa de alguém assim? E me lembro: Deus nunca deixou-se escarnecer; portanto, aquele louvor e aquela interpretação pública nunca iludiram ao Senhor.
 
Vejo aquele menino, hoje pai de família. Antes pacífico, gentil, singelo, querido ao extremo. Hoje com armas e fuzís sobre a cintura e os ombros. Lembro-me das canções que cantava e dos estudos bíblicos que fazia. E me indago: foi isso que lhe ensinei? E me lembro: nem todo o que diz Senhor, Senhor, é de fato do Senhor. Para Deus não vale cantar, ensinar, expulsar demônios no nome de Jesus; no Céu o bem-vindo contemplará: "os que não praticam a iniquidade".
 
Vejo aquele pregador. Como pregava bonito. Achava defeitos em tudo e em todos; muitas vezes busquei mostrar-lhe que o caminho era proclamar as virtudes do Senhor e não as suas próprias. Agora o vejo. Faz com a mão o símbolo do Diabo e mantém uma página escura e satânica, nem de longe semelhante ao jovem adolescente a quem ensinei a Palavra do Senhor. E penso: por que as pessoas mudam quando amadurecem, ficam diferentes com a passagem  do tempo e nunca é para melhor? E me lembro: o servo é provado pelo fogo e o tempo mostrará sobre o que edificou, se sobre ouro, pedras preciosas, madeira, feno e palha.
 
Como disse no começo, a vida pastoral não pode ser exercida por um mero executivo. Esse não liga para o povo, não chora pela ovelha perdida, não festeja a conversão do pecador, não se preocupa com ninguém além de si mesmo. Pastorado tem que ser feito por gente que não teme cheirar a ovelha, cheirar a bode, cheirar a animal (nem sempre tem-se só ovelhas, e só Deus conhece os bodes presentes). Certamente que isso é analogia. O que se faz necessário é que o pastor desça da cadeira do gabinete e vá para o meio do povo. Que abrace a velhinha solitária, que gaste tempo com o idoso enfermo; que converse com a juventude transviada, que pegue a criancinha no colo, que continue a investir tudo o que tem no bem da igreja, na pregação do evangelho, no "assim diz o Senhor".
 
Não sabemos quem são os eleitos, os salvos, os verdadeiramente cristãos. Só Deus e as próprias pessoas as conhecem. Então devemos continuar a semear. Sementes ainda cairão na estrada e desaparecerão. Sementes ainda nascerão nas rochas e morrerão. Outras nascerão no espinheiro e serão sufocadas. Mas às vezes contemplamos algumas que cairam na boa terra. Estas são tão maravilhosas, são tão consagradas, tão estáveis no Senhor, que compensam todas as demais, alegrando coração do pastor que semeia.
 
São lutas de pastor. Que Deus nos ajude a conviver com elas, superá-las e nos manter com a "mente de Cristo", através da qual pensaremos no que é lá do Alto e não nos sufocaremos com as angústias dos que abandonam o caminho ao longo da jornada.
 
Wagner Antonio de Araújo
23 de março de 2013


47. - O QUE SE ESPERA DE UMA CONVENÇÃO?
 
 
Quero convidá-los a uma reflexão sobre a relevância e o papel de uma convenção batista.
 
Sei que estou na contramão do sucesso, pois atualmente a “gestão” impõe “políticas empresariais de resultado” (está em moda usar-se linguagem empresarial e não mais a ministerial).
 
Batistas não têm bispos, apóstolos, sacerdotes ou quaisquer outras funções episcopais. Não há supremos concílios, sínodos nem presbitérios. O governo batista é democrático, direto e congregacional.
 
Cada igreja batista é independente, autônoma e soberana. As igrejas tomam suas decisões sem que haja interferência de quaisquer organizações externas. Elas administram a si próprias.
 
Conquanto independentes, os batistas são COOPERADORES entre si. E, para realizar esse propósito, constituem associações de igrejas, convenções, organizações missionárias, escolas e orfanatos para executar toda espécie de ações positivas que redundem no implemento do Reino de Deus, cumprindo o “Ide” e vivenciando o amor por Deus e pelo próximo.
 
Em São Paulo, por exemplo, os batistas se reúnem como convenção cooperativa sob o nome “Convenção Batista do Estado de São Paulo” – CBESP. Essa organização tem servido de instrumento na consolidação e expansão do trabalho de Deus.
 
Através das convenções ajudamos igrejas pequenas, congregamos pastores, enviamos missionários, adquirimos pequenos terrenos para igrejas carentes, mantemos escolas para que os nossos filhos e os filhos dos outros tenham boa educação etc. A estrutura não é de dominação, ou seja, uma diretoria que manda nas igrejas; pelo contrário, o poder emana das igrejas, as quais se reúnem anualmente e elegem sua diretoria, responsabilizando-a por cumprir o programa, os objetivos e os alvos propostos por todas as igrejas.
 
Sendo impossível reunir todos os batistas num só lugar, cada igreja elege seus representantes e os envia para o local onde são realizadas as assembléias. Ali se deliberam as decisões administrativas e, junto com isso, promove-se a comunhão denominacional, a oportunidade de novos desafios, o intercâmbio musical, artístico, pastoral e pedagógico, a consagração espiritual e o desenvolvimento de estudos e temas relevantes para igrejas e crentes, tudo visando um fim único: o progresso da Obra de Deus na denominação que compomos.
 
As convenções sustentam-se com ofertas das igrejas locais. Cada igreja compromete-se com o envio de uma verba para a denominação, que a administrará, observando o que as igrejas determinaram em assembleia.
 
Entretanto, atualmente, algumas convenções, no afã de se modernizar, têm adotado “formatos empresariais”, baseando suas políticas em “resultados”, “nichos” e “eficiência”. Assim, visando produzir assembléias anuais mais “competitivas”, “mais e melhor freqüentadas”, “interessantes e edificantes”, vêm tomando decisões incompatíveis com a identidade batista.
 
Neste ano (2009) algumas convenções realizaram suas assembléias anuais num período estendido, desenvolvendo atividades artísticas, comerciais e empresariais durante toda uma semana, chamando o evento de SEMANA BATISTA. Contudo, tais mudanças não trouxeram benefícios.
E o que mudou?
 
1) MUDOU A MÚSICA - Os batistas sempre foram conhecidos pelos ótimos solistas que têm, pelos corais de categoria internacional, por algumas orquestras de igrejas locais, por ministros de música qualificados e, acima de tudo, por um povo que cantava e louvava muito, muito bem. Mas agora isso tem mudado. Nós, os batistas, parece que não somos mais qualificados para dirigir nossos próprios momentos de louvor. Precisamos de “cantores profissionais”, “grupos que vendam bem”, “gente da mídia”, “nomes que atraiam”, que façam frente ao “competitivo mercado gospel nacional”. Que infelicidade! Nós, que ensinávamos nossos jovens a serem criteriosos na escolha de seus cantores e grupos, que buscassem CULTOS E LOUVORES ao invés de SHOWS E EGOS AVANTAJADOS, agora temos para nos DIRIGIR, ENSINAR E CONDUZIR, no chamado LOUVOR, pessoas que fazem exatamente o contrário disso! Não podemos mais ensinar em nossas igrejas a cantar apenas o que edifica e tem boa teologia, mas sim o “politicamente correto” e o “atualizado”. Depois dos shows que assistimos, com raras exceções, não poderemos mais dizer aos nossos jovens: “SEJAM CRITERIOSOS NA ESCOLHA DE SUAS MÚSICAS; CANTEM HINOS TEOLOGICAMENTE CORRETOS”. Algumas convenções buscaram o que havia de mais comercial, espalhafatoso e ecumênico no chamado “MERCADO GOSPEL”. Esse tipo de música não tem como objetivo o louvar a Deus, intercambiar ou edificar igrejas; o propósito é “AGRADAR A TODOS OS ESTILOS”. Outrora, cantar nas convenções era honroso; não se cobravam cachês para louvar com canções; pelo contrário, de boa vontade os músicos CONTRIBUIAM com suas participações. Agora não é mais assim; tudo deve ser PAGO, tudo deve ser COBRADO. Estranha forma de conduzir os batistas ao culto cristão. Corais, orquestras, simples equipes de louvor, cameratas, quartetos, conjuntos, tudo isso não se enquadra neste modelo de gestão empresarial.
 
2) MUDOU-SE O ENSINO E OS ENSINADORES - Nas assembléias convencionais, tínhamos a oportunidade de ouvir os grandes pregadores das igrejas mais renomadas, os grandes evangelistas, os professores dos seminários, os pregadores convidados de outros estados e países, sempre a desenvolver o tema principal, conduzindo o povo à reflexão, à dedicação ao Senhor, à formação de um ideal geral. Afinal, tratava-se de uma CONVENÇÃO DE IGREJAS, não de um “WORKSHOP MULTITEMÁTICO”.
 
Isso mudou. Não precisamos mais de nossos professores, pastores, evangelistas, missionários e visitantes. Agora temos PROFISSIONAIS ESPECIALISTAS nas diversas áreas do EMPRESARIADO E DA MÍDIA. Já não há critérios espirituais, doutrinários ou morais. Quaisquer especialistas servem, sejam eles membros de seitas, católicos, neopentecostais ou ateus; tenham eles apreço ou não pelo povo batista; basta que sejam pessoas conhecidas, qualificadas secularmente e que atraiam público.. Suas posições quanto às guerras não importam; seus comprometimentos com organizações não-cristãs não têm valor. Não precisam mais dos nossos mestres, professores ou formadores de opinião. A nossa opinião deve ser formada por gente de fora. “Temos que ter a mente aberta”.
 
3) MUDOU-SE O ESPÍRITO ECLESIÁSTICO PELO ESPÍRITO COMERCIAL - Se as assembléias das convenções serviam para o compartilhamento de experiências com Deus, alvos e propósitos departamentais, desafios missionários, discussão de temas doutrinários e relevantes para a boa educação cristã, agora isso não tem mais qualquer valor, desde que possa obter GRANDE PARTICIPAÇÃO DE PÚBLICO PELOS PRODUTOS OFERECIDOS. As convenções estão se transformando numa FEIRA GOSPEL, num SALÃO DE EXPOSIÇÕES. Ai de nós, velhos e conservadores batistas tradicionais! Estamos ultrapassados e não há espaço para nós. “Ou se renovam ou serão derrubados pelo mercado”. Será que não podemos mais ter personalidade própria? Temos que ficar quietinhos, ensinar nossas igrejas a serem frouxas e hipócritas, adotando costumes, jargões e atos litúrgicos estranhos aos batistas?
 
Temos que ser vencedores custe o que custar, vendendo o patrimônio doutrinário e eclesiástico? O que é errado sob o ponto de vista bíblico deve ser adotado porque é correto comercialmente? Estamos caminhando por uma senda perigosa. Convenção é COOPERAÇÃO. A questão será: cooperar com o que?.
 
VOLTEMOS ÀS ORIGENS COOPERATIVAS E SOLIDÁRIAS! Assembléias anuais não precisam ser semanas batistas; basta que realizem as reuniões administrativas necessárias, que se dê oportunidade para que todas as igrejas e obreiros tenham sua participação; que promovam a edificação espiritual e o congraçamento do povo. Que os cantores cantem DE GRAÇA, que cantem LOUVORES, que as nossas orquestras, corais, quartetos e igrejas tenham voz e vez; que os nossos pastores, professores, missionários, evangelistas e visitantes preguem e lecionem nas assembléias convencionais com amor à obra e obediência ao Senhor da Seara. Chega de comércio! Chega de consumismo! Chega de transformar os nossos auditórios em casas de espetáculos, as nossas audiências em salões de baile gospel, as nossas palestras em meros encontros de auto-ajuda. Que ouçamos servos e não palestrantes incrédulos; que cantemos com servos e não com artistas que cobram cachê. E em lugar de satisfazer aos diversos gostos e faixas etárias, satisfaçamos a Deus na obediência da Sua Palavra.
 
Espero ter contribuído para uma reflexão honesta sobre o papel das convenções e da cooperação do povo de Deus chamado “batista”.
 
Pastor Wagner Antonio de Araújo
pastor batista – sócio 1036 OPBB/ 1402 OPBBSSP
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br
 
Wagner Antonio de Araújo
(artigo publicado na presente edição da REVISTA ECLÉSIA)

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quinta-feira, 14 de março de 2013
 

48. - BATISTAS "PAZ E AMOR"
 
 
O povo batista, de um modo geral, era considerado o "povo da Bíblia". Por mais humilde que fosse o crente batista, seu preparo na classe de catecúmenos (batismo) ou na Escola Bíblica Dominical fazia dele um sábio intérprete das coisas do Reino. Para o povo batista a Bíblia era "a única regra de fé e prática".
 
Então entrou uma turma de inconversos nas nossas instituições de ensino teológico. Gente inteligente e bem articulada que conseguia fazer as provas e driblar os concílios de exame ao ministério pastoral. No princípio esses candidatos eram avaliados publicamente, porém com o tempo passaram a apresentar TCC e/ou exames escritos. Para eles foi muito melhor, uma vez que bastava responder a contento no concílio, dar um bom almoço aos convidados, bajular o pastor presidente e a ordenação estava garantida.
 
Após a ordenação tudo se tornava mais fácil. Compromissos? Com quê ou com quem? "Com Deus", diziam abertamente. "Não obedeço a homens, não tenho compromisso com a igreja batista". E em nome de Deus passaram a deixar a Bíblia como regra DE PRÁTICA em prol de um pragmatismo tosco e mundanizado.
 
Foi a geração de BATISTAS PAZ E AMOR. Um jeito novo de ser batista. Novo no Brasil, pois nos Estados Unidos já existia desde a década de 40 e são os pais desses batistas. Emotivos ao extremo, chamaram para si a RENOVAÇÃO ESPIRITUAL da década de 1960, transformando igrejas evangélicas tradicionais em agências do pentecostalismo híbrido: usavam o nome BATISTA indevidamente. A crítica foi ferrenha no início. Mas como tudo é uma questão de tempo e adaptação, montaram para si uma convenção e viveram felizes e alegres (se a situação fosse hoje, a denominação não apenas daria nota dez ao deslize doutrinário como também os transformaria em mestres de seminário e criaria um departamento para angariar fundos para o novo sistema; afinal, tudo é uma questão de GESTÃO, FUNDOS, RESULTADOS...)
 
Mas outra parte da geração BATISTA PAZ E AMOR continuou na convenção e foi minando, dia após dia, as práticas bíblicas e as pobres igrejas que convidavam esses obreiros estranhos. Em nome da compreensão, do bom convívio, da harmonia, da unidade da igreja ou da célebre frase: "NO ESSENCIAL, A UNIDADE; NO NÃO ESSENCIAL, A TOLERÂNCIA E, EM TUDO, O AMOR", foram inventando seu próprio modo de ser cristão, qual seja: o MÉTODO ESPONJA. Esse método, consistiu no seguinte:
 
1) Absorveram os costumes da "American Black Gospel" com seus trejeitos, com suas manias, com sua pneumatologia e implantaram essas coisas nas igrejas, transformando uma expressão local num estilo nacional e unificador;
 
2) Absorveram o "GOSPEL ROCK" com várias performances, vestiram-se de roqueiros e trouxeram o show para os palcos das igrejas, afastando o púlpito ou colocando fogo nele; trouxeram não apenas o estilo, mas a prática do rock and roll;
 
3) Absorveram o sincretismo religioso neopentecostal, aceitando dentes de ouro, pó de ouro, sopro, cai-cai-no-espírito, unção do riso, do animal, transferência de unção, tarde do descarrego, reunião de empresários, terapia do amor  etc.
 
4) Foram atrás de todos os métodos de crescimento de igreja e fizeram experiências laboratoriais com cada um deles, formando verdadeiras monstruosidades. Absorveram G12, M12, MIR, ICP, M.D.A. etc. O resultado foi a quebra de muitas igrejas e, de cada dez, a criação de uma mega-igreja, com os restos das que morreram; agora é moda encontrarmos 50 pianistas numa mega-igreja e 50 igrejas pequenas sem um simples violonista ou 30 pastores-membros de mega-igrejas, e 30 igrejas pequenas sem um simples pregador dominical de qualidade;
 
5) Absorveram as práticas sincréticas dos liberais: Marcha para Jesus, café de pastores, noite da bênção, 40 dias de jejum etc. Transformaram o louvor de igreja (feito por crentes que amavam a Jesus e louvavam com canções, ou evangelizavam através da música) em empresariado gospel, com novos milionários às custas do povo que lhes compra cds e dvds (agora para cantar uma canção de muitos conjuntos ou até de hinários as igrejas estão ameaçadas de ter que pagar DIREITOS AUTORAIS!);
 
6) Criaram a hierarquia religiosa, uma espécie de episcopado disfarçado (batistas eram congregacionais), ordenaram as esposas dos pastores em pastoras e graduaram pastores de sucesso como apóstolos;
 
6) Aderiram à modernização das bíblias, através do famigerado método da EQUIVALÊNCIA DINÂMICA, inventando desde paráfrases com o nome de bíblia até versões "a la carte", ao gosto do freguês. Já há batistas amando bíblias católicas e paráfrases; um desses tradutores, após terminar a sua tradução de uma conhecida versão internacional, pulou para outra editora, começando outra tradução (ué, então a primeira não prestou?);
 
7) Resolveram entulhar o batistério, porta solene de entrada numa igreja batista,  e viver a PAZ E O AMOR, aceitando crentes e obreiros de qualquer método de batismo e qualquer ideologia teológica. Já temos igrejas aqui e no exterior onde os membros são evangélicos de outras terras e igrejas, a maioria não batizada biblicamente e muito menos doutrinada, e criaram sistemas híbridos de administração, como igrejas batistas com PRESBITÉRIO (quando a interpretação batista de sempre jamais diferenciou presbíteros de pastores). Não bastasse isso, as mega-igrejas agora convidam ministros protestantes não batizados biblicamente para serem do "CORPO PASTORAL"; não tardará o dia em que teremos pais-de-santo, médiuns e padres pregando em nossos púlpitos;
 
8) Em igrejas batistas da Alemanha já é normal vermos PASTORAS, com o instrumento católico de água benta, batizando bebês das famílias que aderem às igrejas (uma família querida testemunhou isso para mim, em viagem que fez de Portugal para a Alemanha, mas eu já não me escandalizo com nada...)
 

Chamo isso de "BATISTAS PAZ E AMOR". Sim, é um mimo! Para eles ninguém é pecador, todos são filhos de Deus. Qualquer igreja é boa, não importa o conteúdo doutrinário, não importa o tipo de culto, não importa a fé que tenham. Todos são amados e chamados à Mesa do Senhor. Sim, Deus não faz acepção de pessoas, não manda ninguém para o Inferno, só o Diabo é que irá pra lá; isto é, se Deus na última hora não mudar de idéia ou se realmente Diabo existir, pois bem pode ser uma metáfora...
 

O interessante é que o BATISTA PAZ E AMOR, que hoje está na liderança de várias esferas denominacionais, ama a todos, ama incondicionalmente, mas DETESTA UM BATISTA TRADICIONAL. Aliás, é inimigo visceral dos batistas que não jogaram suas bíblias fora, que não entulharam seus batistérios, que ainda têm a fé dos pioneiros. Eles não toleram batistas tradicionais! Eles os ofendem, os ridicularizam, os ameaçam, usam a mídia denominacional para ameaçá-los e cercear-lhes a liberdade de cooperar sem se alinhar com o pecado. Por isso, os maltratam, não os escutam e os rotulam de FUNDAMENTALISTAS. Sim, é mais fácil rotular assim, pois como não gostam de gente que pensa e que pensa com a Bíblia na mão, qualquer um que não ande na toada do rebanho enganado é classificado como retrógrado e ameaçador.
 

Isto iria acontecer. A Bíblia já dizia assim. "Nos últimos dias - sobrevirão tempos difíceis - muitos apostatarão da fé".
 
Talvez eu não imaginasse que isso estivesse tão próximo de acontecer no Brasil, quando andei pelas ruas de High Point, de Pleasant Grove, de Winston-Salem, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Enquanto admirava as enormes igrejas batistas ali erigidas, sendo que as menores eram maiores do que algumas grandes aqui do Brasil, a pessoa que me mostrava uma após outra, 100 numa mesma cidade, dizia: "não se iluda, irmão. A maioria destas igrejas, inclusive a PRIMEIRA IGREJA BATISTA, não crê mais na inerrância das Escrituras Sagradas, não crê que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo, não crê em Céu ou em Inferno, nem tem qualquer conversão". Perguntei: "então pra que formam igrejas e as frequentam?" Ele disse: "Essas igrejas eram boas. Mas agora a tônica é PAZ E AMOR, sem ofender as pessoas. Eles são amigos, são vizinhos, trabalham juntos, querem um bom clube cheio de paz e amor". Eu disse: "não ofendem ninguém mesmo; só a Deus".
 
Ouvi um colega contar-me de uma discussão entre um velho pastor com um jovem e muito bem sucedido GESTOR DE IGREJA, desses sistemas modernos de crescimento e "deformação" de igrejas.  Disse o jovem: "vocês, velhos pastores, já eram; agora nós damos pão fresco para a igreja todos os dias!" O velho pastor, tranquilo, mas pontual, lhe disse: "Sim, é bom que a igreja coma pão fresco diariamente, mas desde que seja PÃO DE TRIGO e não FEITO DE JOIO..."
 
Que os verdadeiros crentes batistas acordem. Que os verdadeiros pastores batistas despertem. E que voltem o seu olhar para Cristo, para a Bíblia, para o Calvário, para a nossa herança de suor e sangue, e que fujam dos crentes batistas "PAZ E AMOR".
 
"E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz." (Jr 6:14)
 

Wagner Antonio de Araújo
OPBCB 001
presidente da
ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL
ABACLASS - ASSOCIAÇÃO DOS BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL
www.opbcb.org

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49 - AÇÕES DE UM CRENTE VERDADEIRO
COLOSSENSES 2.6-7
 
(inspirado em um sermão do Pr. Silas Falcão em 1957)
23/03/2013
 
INTRODUÇÃO
1. Como distinguir o verdadeiro crente?
2. Este texto nos ajuda a identificá-lo
 
I - JÁ RECEBEU A CRISTO
1. Tem que ter existido um começo, um início.
2. "JÁ RECEBESTES", no tempo aoristo do grego, um ponto de começo para uma ação.
3. Significa CONFIAR, CRER, ACEITAR - pela fé
 
II - SEGUE OS PASSOS DE JESUS
1. "ANDAI NELE" - imperativo presente
2. Não apenas um fato passado, mas uma realidade presente.
3. Isso é prova de fé onde o falso e o verdadeiro se revelam.
4. Não quer dizer que o verdadeiro não tenha problemas, desânimo (Elias, Pedro)
5. Mas a fé supera! (ex: os enfermos Dorothy Whitehead, Pr. Israel Teixeira etc)
6. Devemos andar como Cristo (I João 2.6)
7. Cristo vive em mim (Gálatas 2.20)
 
III - ARRAIGADO E EDIFICADO NELE
1. Particípio perfeito passivo (RECEBESTES)
2. O segundo no presente passivo (ANDAI)
3. Do jeito que começamos em Cristo (pela fé) é que devemos continuar.
4. RADICADOS - com as raízes em Cristo, de onde nos alimentamos e tiramos o necessário para a seiva
5. Somos chamados de "árvores de justiça" (Isaías 61.3)
6. Paulo nos chama de "lavoura de Deus (I Coríntios 3)
7. No salmo 1 somos árvores viçosas e frutíferas
8. No Salmo 92 diz que "o justo florescerá como a palmeira e crescerá como o cedro do Líbano"
9. Podem vir vendavais, sofrimentos, mas o crente verdadeiro os suporta.
 
IV - CONFIRMADO EM SUA FÉ
1. Quando Paulo escreveu o texto as igrejas do Vale do Lico estavam contaminadas pela heresia
2. GNOSTICISMO, JUDAIZANTES, pessoas que exigiam obras para a salvação etc.
3. E hoje? Cultos neopentecostais, teologia da prosperidade, liberalismo teológico, mundanismo etc
4. O verdadeiro crente está CONFIRMADO EM FÉ
5. As provações purificam e fortalecem o crente.
6. Ele não abdica da fé, não nega, não desiste.
7. "Mas eu sei em quem tenho crido (II Timóteo 1.12)
8. A vida cristã nasce da fé e vive nela.
9. O crente verdadeiro não naufraga na fé.
 
V - CRESCE EM AÇÕES DE GRAÇAS
1. "CRESCENDO EM AÇÕES DE GRAÇAS"
2. Dá graças pelo passado (conversão e mudanças)
3. Dá graças pelo presente (comunhão, direção)
4. Dá graças pelo futuro (salvação, céu, vitória)
5. "Em tudo dai graças" (I Tessalonissenses 5.18)
 
CONCLUSÃO
1. Já recebemos verdadeiramente a Cristo?
2. Estamos andando nEle?
3. Se estamos em Cristo fomos radicados; estaríamos recebendo continuamente a Sua seiva?
4. Temos deixado Deus construir em nós o Seu edifício?
5. A nossa fé tem sido confirmada dia após dia?
6. Temos dado graças continuamente ao Senhor?
7. Que Deus nos abençoe.
 
(Mensagem pregada no aniversário da Igreja Batista em Jardim Ângela, São Paulo, Brasil, igreja dirigida pelo Pr. Izaías Durães, no dia 23 de março de 2013.
Baseei-me em anotações do Pr. Silas Falcão (com 50% de modificações), no livro MEDITAÇÕES EM COLOSSENSES, da Casa Publicadora Batista, 1957, páginas 83-88, livro presenteado pelo Pr. Timofei Diacov
 
Wagner Antonio de Araújo

 

 
50 - SENSO DE EMERGÊNCIA - 28/03/2013
 
Eu estava me lembrando dos dias em que era um adolescente novo convertido. Se comparado a botânica, eu era uma flor em botão, tudo era novo para mim, o Céu havia baixado na Terra e eu vibrava emocionado! Não perdia um culto, não saía da casa do pastor e de irmãos experientes, estava ávido por aprender mais sobre o Evangelho.
 
Mas havia uma necessidade emergente: a salvação de minha família. O meu pai estava perdido em seus pecados. O meu irmão era um junior que também precisava de Cristo. A minha mãe era idólatra e, conquanto eu a amasse, ela também não tinha a vida eterna em seu coração. E isto me trazia dor e intenso desejo de vê-los convertidos.
 
Eu orava intensamente. Enquanto trabalhava como office-boy do BCN mantinha-me em oração. Na hora do almoço gastava tempo clamando ao Senhor. Em casa buscava as oportunidades para falar de Cristo a eles. Mas era tão difícil! Meu pai ameaçara matar-me a tiros se eu fosse batizado; o meu irmão dera-me um tapa no rosto, dizendo que eu não era mais seu irmão; a minha mãe chorara muito porque eu quebrara muitas imagens de escultura que possuía. A luta era grande.
 
Em 2 meses eu preparei-me para o batismo. O Pr. Timofei Diacov visitou o meu pai e a minha mãe e o clima abrandou-se. No meu batismo várias pessoas da família estavam presentes. Mas não havia decisão alguma. E eu não me conformava com isso.
 
Foi num regresso do Pr. Timofei Diacov à Igreja Batista em Sumarezinho, para celebrar a Ceia do Senhor (a igreja ficara sem pastor) que Deus atendeu aos clamores meus. Meu pai e meu irmão foram à igreja. Naquela noite o coral cantara SOSSEGAI e na celebração da Ceia do Senhor o meu pai e o meu irmão Daniel converterem-se a Cristo. Aleluia!
 
Mas o coração de minha mãe era de pedra. Ela tolerava a minha fé, e agora a de meu irmão e de meu pai, mas não queria renegar as tradições italianas familiares. O tempo passou. O ano terminou. E no começo do outro ano, após o carnaval, ao chegar em casa, mamãe veio receber-me. Estava exultante. Disse que convertera-se ao fritar um bife. E explicou-me: enquanto fazia a janta, olhara a imagem de gesso pendurada no corredor com uma luz acesa. Pegou-a para limpar e ver, tirou uma lasca, de onde saiu, além do gesso, um pouco de arame enferrujado e um pedaço de jornal amarelado com a foto de uma mulher de biquini, concurso de Miss Brasil 1960 (ela ganhara a imagem no casamento). Então pensou: é isso aqui que está protegendo a minha casa? De hoje em diante eu só adorarei ao Cristo vivo! E então ela nasceu de novo, converteu-se, ali, junto do fogão. Que alegria eu senti! Meses depois foi batizada e eu pude dizer: EU E A MINHA CASA SERVIMOS AO SENHOR!
 
Já não sou mais uma flor em botão. Fui flor, sequei e virei semente. Esse processo dói. Nós envelhecemos. Mamãe mora com Jesus no Céu. Papai também. O meu irmão já é casado e é pai. Eu também casei-me. Bendito seja Deus, os meus familiares foram salvos, os familiares diretos. Porém percebo que perdi o senso de emergência. Chamo de senso de emergência àquele sentimento de insatisfação, de necessidade, de clamor, de súplica por algo que precisamos. A salvação de meus familiares era a minha prioridade. Mas eu tenho outros, não diretos de casa, mas tias, tios e primos.
 
Eu creio que os meus leitores também devem ter familiares que não são crentes. Eles estão perdidos! Pode ser um esposo, uma esposa, um filho, os pais, os cunhados. Se eles não entregarem o coração a Jesus perecerão no Inferno, onde há choro e ranger de dentes, onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga. E, não raras vezes, perdemos o senso de responsabilidade e de emergência e não atentamos para o perigo.
 
Nós precisamos ter senso de emergência. Nós precisamos levar o evangelho aos nossos familiares e amigos. Ao pé do caixão não adiantará confessar que poderia ter aproveitado melhor o tempo com o falecido e compartilhado do amor e da graça de Deus. Não adiantará dizer ao pai falecido ou à mãe morta que lhes devotava amor, se não teve grande aflição pela salvação da alma deles. Há uma eternidade após o túmulo e de lá nunca mais se sairá. Necessário nos é definir o destino em vida, e se não nos importarmos pela salvação dos nossos entes queridos quem o fará? É certo que não sabemos quem se converterá, quem de fato é "eleito do Senhor", mas a ordem é "ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura; quem crer e for batizado será salvo".
 
Banalidades, discussões bobas, interesses efêmeros, diversões, churrascos, compartilhamento de bens, nada disso substitui abordar com franqueza o assunto da salvação da alma com os nossos queridos. Precisamos sentir as labaredas da eternidade sem Deus a chamuscar os nossos queridos na eternidade e então, imbuídos de amor, misericórdia e emergência, falar-lhes de sua perdição, do sacrifício do Senhor e da necessidade do arrependimento dos pecados e da fé em Jesus somente.  Não importa que nos persigam. Não importa que nos boicotem. Não importa que nos chamem de lunáticos, fanáticos, prepotentes ou impertinentes. É melhor que se aborreçam conosco até que se convertam do que dedicarem a nós grande simpatia e perecerem na eternidade sem Deus.
 
 
SENSO DE EMERGÊNCIA - você tem? Não precisa? Eu preciso! "Senhor, dá-me o Teu senso de emergência, fazendo de mim um evangelista sensibilizado pelo amor aos pecadores, a começar dos que me são mais próximos e caros. Amém".
 
Eu pedi com fé. Se desejar, peça também.
 
Wagner Antonio de Araújo

51 - JESUS - UMA VIDA SEM IGUAL

 
SERMÃO No. 61 –24/03/2005
 
SÉRIE DE CONFERÊNCIAS DA SEMANA SANTA 2005
 
SERMÃO 1 – JESUS – UMA VIDA SEM IGUAL
 
 
TEXTO BÍBLICO: I CORÍNTIOS 8.6:
 
“Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.”
 
INTRODUÇÃO
 
A história do mundo é marcada por grandes vultos, homens e mulheres que influenciaram e afetaram toda a existência humana. Alguns para bem; outros para mal.
 
Os maus exemplos são bem conhecidos. Gente causadora de tragédias, mortes, destruição e dor. Um deles foi Adolph Hitler. Um louco, odioso e hipernacionalista alemão. Levou a Europa a banhar-se com o sangue de seis milhões de judeus na primeira metade do século vinte, não fazendo caso de crianças, velhos, senhoras, bebês. Antes, arregimentou súditos que, às suas ordens, mataram sem dó ou piedade, milhões e milhões de seres humanos.
 
Osama Bin Laden, mais recentemente, é outro ser execrável, inimigo da humanidade, que usa a raça e a religião para causar morte, dor e tristeza. Jovem de origem riquíssima, era amigo dos americanos, os quais lhe ensinaram muitas coisas, inclusive coisas erradas. Imbuído de interesses diversos, traiu a América e tornou-se um ser sem o menor pudor, e hoje arregimenta suicidas pelo mundo todo, para morrerem por uma causa funesta. Fundou a AL QAIDA, grupo terrorista e sanguinário, responsável pela destruição das Torres Gêmeas em Nova Iorque, dos atentados na África, na Espanha, na Europa, e só Deus sabe quantas mais serão.
 
Mais um péssimo modelo de ser humano, responsável pela morte de milhares e milhares de russos, foi Joseph Stalin. Um dos responsáveis pela revolução bolchevista da Rússia, foi um dos pais da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Tomando o comando, tornou-se inimigo até dos seus partidários, e inventou um “expurgo”, sob o pretexto de purificar o regime. Com isso, centenas de milhares de vidas humanas simplesmente desapareceram da face da Terra. Matou-os às toneladas. Até hoje a Rússia se envergonha de ter, em sua história, um ser tão mau, um verdadeiro inimigo da humanidade.
 
Se, por um lado, algumas pessoas fizeram e fazem tanto mal, temos também aqueles que ornam a raça humana com sua inteligência, seu caráter, suas obras e investimentos para toda a posteridade.
 
Thomas Alvim Edison foi um deles. Com sua sagacidade e mente inventiva, deu passos tão preciosos, que mudaram a face da humanidade. Hoje, quando acendemos uma lâmpada em nossas casas, devemos essa invenção a esse gênio. Os microfones que aqui nos servem tão bem, e o som que está sendo armazenado num pequeno aparelho, são fruto das descobertas de Edison também. Ele poderia ter passado despercebido pela vida, mas decidiu doar-se em prol da humanidade.
 
O que dizer de Louis Pasteur? Ele, que em suas pesquisas descobriu um método de acabar com as bactérias do leite, fervendo-o a alta temperatura e, imediatamente, resfriando-o profundamente? Sua descoberta salvou e salva a vida de incontáveis seres humanos. Lembramo-nos de Alex Fleming, que, ao estudar o bolor, descobriu a substância chamada penicilina, que nos trata de tantas e tantas doenças, sendo o antibiótico básico para as enfermidades humanas!
 
Sir Winston Churchill, que foi o primeiro ministro, líder dos ingleses na Segunda Guerra Mundial, foi capaz de levantar a América e todo o Ocidente, em discursos acalorados, encorajadores, para que o nazismo fosse banido da Europa. Dificilmente teríamos o desfecho vitorioso que tivemos, não fosse a pujança, a influência, a fé que esse homem teve na vitória.
 
Martin Luther King, o pastor batista negro mais importante da América, conseguiu reunir em Washington, D.C., a grande e famosa Marcha Pelos Direitos Civis, e suas célebres palavras ecoam até hoje! ”Eu tenho um sonho, que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.”
 
Mas, mesmo que muitos homens tenham tido uma vida marcante, uns pela sua maldade, e outros pela sua bondade, ninguém, absolutamente ninguém, foi como nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele foi UM HOMEM SEM IGUAL, e a Sua vida foi uma vida sem igual.
 
Não há termos comparativos com todos os demais seres humanos. Diante de Jesus, os mais importantes vultos da história, perdem o seu significado, o seu brilho, a sua importância.
 
E o que fez de Jesus Cristo, nascido há dois mil anos atrás, que viveu nas poeirentas terras da Palestina, pobre, inexpressivo financeiramente, detentor de uma vida sem igual?
 
 
I – SEU NASCIMENTO FOI SEM IGUAL
 
Seu nascimento foi miraculoso. Sua mãe, Maria, era uma virgem, desposada com José. Segundo os costumes da época, estavam casados, mas ainda não terminara o cerimonial de casamento, faltando a fase da busca do noivo pela noiva, na casa de seus pais. Só então o casamento estaria concretizado. Maria era uma mulher pura, simples, correta, temente a Deus. Recebera o anúncio do Anjo Gabriel, de que seria a mãe do Salvador. Assustada, porém, fiel, aceitou a determinação de Deus. Sem um pai humano, Cristo teve uma mãe terrestre, mas veio do céu, através do Espírito Santo. Ninguém, em todo o Universo, em todos os tempos, é igual a Cristo!
 
Seu nascimento foi alvo de profecias inigualáveis. Ao longo de todo o período profético do Velho Testamento, os profetas apontavam para um dia, chamado “A PLENITUDE DOS TEMPOS”, quando o próprio Deus encarnaria o Seu Filho, fazendo-o servo, tornando-o sacrifício em prol da humanidade. Sobre o ser pré-existente, Cristo é o único ser que já existia antes de nascer. Todos nós somos formados no ventre de nossas mães, mas Cristo é o autêntico “homem que veio do Céu”.
 
A celebração de seu nascimento foi sem igual, pois até o Céu explodiu em folguedos de alegria, pela encarnação do Verbo de Deus. Magos do Oriente viram a Estrela, a brilhar sobre o bebê recém-nascido, e conseguiram se orientar por meio dela. Pastores no campo receberam a visita de um anjo, a proclamar que Cristo nascera, e, imediatamente, um coral angelical entoou a primeira cantata, celebrando o maior fato de todos os tempos. Profetas e sacerdotes, no templo, receberam de Deus a indicação que o bebê, ora apresentado pelos pais, era o Messias de Israel. Qual ser humano contou com todos esses fatos?
 
 
II – SEU DESENVOLVIMENTO FOI SEM IGUAL
 
Cristo foi uma criança como todas as demais, desenvolvendo-se normalmente, um filho normal, uma criança obediente e submissa. Entretanto, desde pequeno, era alguém especial. Aos doze anos, levado a Jerusalém, acaba deixando os seus pais voltarem sozinhos para casa, os quais só o descobrem três dias depois, ainda em Jerusalém. E o que fazia? Falava sobre a Palavra de Deus! Os velhos mestres, os judeus piedosos, estavam impressionados de ver tanta sabedoria e conhecimento, numa simples criança camponesa! Ao receber a reprimenda da mãe, anunciou enfaticamente “Por que me procuráveis? Não sabíeis que era necessário cuidar dos negócios de Meu Pai?” (Lucas 2.49) Certamente seus pais não entenderam essa afirmação, mas Cristo foi humilde, sendo-lhes submisso, o que trouxe grande impressão a José e Maria.
 
O evangelista Lucas, depois e acurada pesquisa, conclui numa célebre frase, o que 30 anos de vida demonstrava a todos quantos viam a Jesus: E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. (Lc 2:40). E mais: E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2:52).
 
III – SEU MINISTÉRIO FOI SEM IGUAL
 
Aos trinta anos Jesus deu-se a conhecer ao mundo. Segundo o Pr. Rubens Lopes, saudoso e primoroso pregador do Evangelho, “para cada ano de ação, houve dez de preparação”. Cristo estava pronto a exercer o ministério, o serviço, para o qual fora designado pelo Pai: pregar o Reino de Deus, curar os enfermos, trazer vida aos mortos, e morrer pela humanidade!
 
Seu ministério não teve precedentes em toda a história humana. Ele não buscava luxo, nem tampouco sofrimento. Cristo não buscava fama, e também não suplicava pelo anonimato. Seu trabalho e serviço estava focado no homem e em sua necessidade espiritual. Em conseqüência disso, Ele não apenas curava o corpo das pessoas, mas transformava os seus corações.
 
Cristo pregava a Palavra de Deus. Pregava às multidões, como no Sermão da Montanha, ou aos apóstolos que escolhera, explicando-lhes parábolas (como, por exemplo, a do semeador). Mas Ele também tinha tempo para falar com uma mulher samaritana, ou visitar um publicano como Zaqueu. Cristo tinha tempo para gastar com o perdão a uma mulher adúltera, ou para responder às indagações dos mestres da Lei. Para Cristo, ninguém era ninguém; todos eram alguém para Ele.
 
Seu ministério não era só de palavras, mas de ação. Ele curava. Os cegos enxergavam. Os mudos falavam. Os possessos eram libertados. Os coxos passavam a andar. Mães com filhos mortos os recebiam de volta, dada a compaixão de Cristo. E, tão importante quanto tudo isso, Cristo orava. Foi na oração que Ele encontrou forças, encontrou consolo, encontrou a direção e a sabedoria para tomar as decisões certas.
 
 
IV – SUA MENSAGEM FOI SEM IGUAL
 
Numa época em que a antiqüíssima Lei de Talião, antigo rei da Babilônia, exigia “dente por dente e olho por olho”, Cristo ousou falar o “Eu, porém, vos digo”. Baseando seus ensinamentos na Lei Mosaica, tanto no Torah (a Lei), quanto no Talmude (os comentários e tradições da Lei), Jesus reinterpretou o pecado. Se, por um lado, pecar era fazer ou deixar de fazer, na interpretação do Mestre por excelência, pecado era a própria intenção, e precisava de remédio. Assim, não era apenas matar que era pecado, mas odiar. O adultério não era o ato em si, mas a intenção de cobiçar quem era do próximo.
 
Seus ensinos foram sem igual. Conquanto falasse de coisas tão profundas, que dois mil anos de história da igreja ainda não conseguiram esgotar os comentários a respeito dos seus ensinamentos, Cristo falava de forma simples, para que o povo simples compreendesse. Ele não tinha o objetivo de complicar a cabeça das pessoas, mas de tornar a Lei de Deus clara e praticável. Assim, ao invés de dar conceitos difíceis sobre fé, Cristo faz uso de um simples grão de mostarda, e diz que se a nossa fé for daquele tamanho, já teremos poder suficiente para tirar montanhas do caminho. Jesus compara a alegria de encontrar o Reino dos céus ao gozo de se achar uma ovelha perdida ou uma moeda que caiu no assoalho. Ao falar da eternidade, Jesus diz que aquele que não se prepara, é como o homem próspero, que morre e deixa o celeiro cheio, mas a alma perdida. Jesus fala da eternidade com tamanha simplicidade, que transforma o Céu num bairro, e a presença pessoal de cada salvo numa morada, e promete morada para todos os que crêem. Fala de ressurreição, de perdão, de bondade, de fé, de amor.
 
Suas palavras foram profundas, ao ponto de deixarem boquiabertos os mestres da Lei, que tentavam encontrar motivos de que o acusar. No entanto, quanto mais o testavam, mais se surpreendiam. Quanto tentaram tirar dele uma declaração de que não dever-se-ia pagar impostos, Ele afirmou: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lucas 10.25). Ao perguntarem-lhe qual o maior mandamento, trouxe à tona a “regra de ouro”: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo” (Lucas 10.27), e deixou os escribas felizes e perplexos, pois, quanto mais tentavam desmenti-lo, tanto mais o admiravam!
 
Há muitos livros no mundo. As bibliotecas estão abarrotadas de textos e mensagens. Mas nenhuma mensagem supera a mensagem de Cristo, cujos ensinamentos não transformam homens simples em homens-bomba, ou cidadãos honrados em justiceiros com as próprias mãos. Aonde o Evangelho chega, chega também a prosperidade, a graça, o perdão, o amor, a fé, a fidelidade, a pureza, a candura, a alegria. A mensagem de Cristo é um remédio, é o elixir da longa vida, é o verdadeiro bálsamo curador! Curadas as fontes, curadas ficarão as águas; quando a mensagem cura o coração, a vida humana se transforma, por conseqüência.
 
 
V – SEU SACRIFÍCIO FOI SEM IGUAL
 
Por mais que procuremos entender o propósito eterno do Pai, nunca compreenderemos na totalidade a maldade do coração humano. Como puderam conduzir Cristo ao martírio cruento, ao sofrimento indizível, à crucificação horrenda? Entretanto, se fôssemos nós que lá estivéssemos, não teríamos sido melhores do que eles, porque somos pecadores, somos maus em nosso íntimo, e não agiríamos diferentemente.
 
Cristo foi preso. Sua prisão foi um ato de traição. Quis Judas Iscariotes provocar o guerreiro e soberano que havia no peito de Cristo. Desconhecia, entretanto, que o Seu império, que não terá fim, não é feito de revoltas, mentiras e subornos, mas de conversão, transformação, paz e verdade. Judas vendeu a Cristo. E, por mais triste e com remorsos que tenham sido os seus últimos momentos, não teve Judas o arrependimento, que certamente poderia ter-lhe dado uma chance. Ele viu o Salvador sofrer.
 
Inúmeros filmes e peças teatrais são exibidos nesta época, retratando o que se passou naqueles dias horríveis do martírio do Senhor. Seu martírio foi físico, moral, espiritual, emocional.
 
Sua dor foi tremenda, porque Cristo não sofria merecidamente. Cada um de nós, pecador que somos, merecíamos o castigo. Entretanto, nos dizeres de Pilatos, que rendeu-se ao populacho que pedia a sua crucificação, “Este, que mal fez?” (conforme Marcos 15.14).
 
A dor de Cristo fora tão grande, que, momentos antes de ser preso, Ele orava pedindo ao Pai para passar dele esse cálice, mas que o Pai mantivesse Seu plano, caso não fosse possível passá-lo. E, por não ser possível alterar o propósito eterno, seu sofrimento foi tão intenso e grande, que Cristo suou sangue, e foi preciso um anjo do céu para fortalecê-lo, pois poderia ter falecido antes da hora (conforme Lucas 22.44). A mesma população que clamava em alta voz uma semana antes, dizendo: “bendito o que vem em nome do Senhor!”, conforme João 12.13, era a mesma que agora clamava, incitada pelos fariseus: “crucifica-o! Crucifica-o!” (Lucas 23.21). Como somos pecadores, mesquinhos, insensatos, volúveis! Cristo estava sofrendo, e foi por mim! Foi por você!
 
Sofria espiritualmente, porque as labaredas do Inferno chamuscavam Seus pés divinos. Até o Pai escondera momentaneamente a graça da comunhão, por um instante, tendo em vista que Cristo estava com todos os nossos pecados sobre suas costas! “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”  (Is 53:5)
 
Aquela cruz não era dele. Aquela cruz era minha. Eu é quem merecia estar lá. Mas Ele tomou o meu lugar. Ele assumiu a minha culpa. Ele levou sobre si os meus pecados. O que poderei eu fazer, em gratidão por tamanho amor?
 
 
VI – SUA RESSURREIÇÃO FOI SEM IGUAL
 
Morto por tamanho sofrimento, e sepultado num túmulo escavado na pedra, a morte não podia conter o próprio Autor da vida. Hospedando-o por três dias, não foi capaz de suportar a presença do próprio Deus, e vomitou-o do túmulo, derrotada, vencida e declarada inferior. Na manhã do terceiro dia, antes que o dia raiasse, a enorme pedra na boca do túmulo foi rolada por um anjo, e a mesma voz do “sai para fora” tirou Cristo da sepultura, trazendo-o à vida, e agora com um corpo incorruptível, carne e ossos, transformado, vitorioso, glorificado.
 
Os grandes homens, que citei de início, morreram, e seus túmulos estão lá, atestando que não puderam superar o mau derradeiro. Martin Luther King, Fleming, Pasteur, Edison, e tantos outros, foram maravilhosos, mas morreram e continuam mortos. Os líderes religiosos, fundadores de religiões, também morreram e foram sepultados ou cremados: Allan Kardec, Maomé, Confúcio, Budha, Zarur e todos os outros.
 
Mas esse homem, JESUS CRISTO, o Filho do Deus vivo, um homem sem igual, não está morto, mas ressurgiu, e sua sepultura aberta e vazia atesta para o mundo e a história, de que Ele é o Senhor da vida, o Senhor da morte, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o único em quem podemos confiar, o único a quem podemos confiar a nossa alma, pois nEle não há morte, Ele venceu e vive!
 
CONCLUSÃO
 
Cristo teve uma vida sem igual. O seu nascimento, o seu desenvolvimento, o seu ministério, a sua mensagem, a sua morte e ressurreição, atestam para um ser acima de todos os seres, um ser celestial, diferente, sui generis, Todo-Poderoso.
 
É isso que nos faz proclamar a Sua mensagem. É isso que nos faz anunciar hoje, em todos os lugares do mundo, que Jesus Cristo é o único que pode salvar o homem de Seus pecados e garantir-lhe a vida eterna! Foi Ele quem disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” ; (Jo 11:25). Também afirmou: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.”  (Jo 5:24). E também: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16)
 
Dê hoje o seu coração para Jesus Cristo. Receba-o pela fé. Reconheça-o Senhor e Salvador. Reconheça-se pecador e indigno. Reconheça-se carente da graça do Senhor. A bíblia diz que devemos confessá-lo com coragem, publica e interiormente. Assim ela diz: “E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.” (Lc 12:8). A salvação vem pela fé, e a fé na Palavra de Deus.
 
Confesse Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, hoje!
 
 Wagner Antonio de Araújo
 

52 - JESUS - UMA DOR SEM IGUAL
 
SERMÃO No. 62 –25/03/2005
 
SÉRIE DE CONFERÊNCIAS DA SEMANA SANTA 2005
 
SERMÃO 2 – JESUS – UMA DOR SEM IGUAL
 
 
TEXTO BÍBLICO: ISAÍAS 53.4:
 
“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.”
 
INTRODUÇÃO
 
Ninguém aprecia sentir dor. Os laboratórios farmacológicos e os congressos de medicina têm gasto fortunas tentando descobrir medicamentos que combatam com eficácia todo tipo de dor. Mesmo que não resolvam o problema da origem, assim, para dores severas, temos os analgésicos, e para dores insuportáveis, temos a morfina. Entretanto, há outras dores no mundo e nos corações humanos.
 
Há a dor de se perder um ente querido, ou perder um grande amor. Há a dor da despedida quando partimos para algum lugar distante. Há a dor do final de uma etapa, quando terminamos uma faculdade e deixamos uma classe. Ou da aposentadoria, quando deixamos o posto de trabalho, que ocupávamos há tantos anos.
 
Há também dores morais. Há a dor de sofrer uma injustiça. Há a dor de se perguntar “por que?”, e não obter-se respostas. Há a dor de ser humilhado, de ser difamado, de ser criticado. Dores que não passam com remédios, com morfina, com receitas.
 
Há a dor do arrependimento, do remorso, do “por que fiz isso?”, “por que perdi o meu tempo?”, “por que escolhi isso?”, “por que agi assim?”. E quando não se consegue tratar essa dor, adquirem-se sérios problemas para o resto da vida.
 
Dor. Infelizmente convivemos com ela o tempo todo. Vemo-la real e presente.
 
Contudo, ninguém teve uma dor tão severa, tão intensa, tão real, tão profunda, tão extensiva, quanto Jesus Cristo em sua paixão pela humanidade perdida.
 
Sim, Cristo, teve a dor das dores, enfrentou um sofrimento intenso, palpável, terrível, medonha, foi uma dor sem igual. E em que a dor de Cristo foi sem igual?
 
I – DOR FÍSICA
 
A sua dor foi física. O seu corpo suava gotas de sangue (conforme Lucas 22.44). Levaram-no violentamente à casa do sumo sacerdote, e lá o esbofetearam sem piedade, perguntando-lhe quem foi que lhe batera (Mateus 26.68). Arrastaram-no a Pilatos, humilhando-o, e depois a Herodes, e mais uma vez a Pilatos. Esse mandou que o chicoteassem (Marcos 15.15). Tais chicotes eram munidos de lancetas de ferro, que abriam sulcos na pele. Os guardas lhe colocaram uma coroa feita de espinhos, cujas pontas chegavam a três centímetros, e foram-lhe enterradas na cabeça.
 
Então, quando o seu corpo ardia em febre, e com o sangue coalhado e grudado na pele, colocaram em suas costas uma cruz pesada. Colocar uma madeira entre os braços, ou colocar em seu ombro a cruz já montada, ambas as versões são possíveis, porém, indiferentes quanto à dor e ao sofrimento. Sua caminhada de cerca de 3 quilômetros, foi cruel, severa, desumana, medonha, terrível.
 
Chegando lá, tomaram seus pés, estenderam-nos e, esticando os seus pés sem piedade, pregaram-nos a marteladas. Pregos enormes, para segurar os pés na cruz. O mesmo fizeram com suas mãos. A dor que Jesus sentia era agonizante. Calafrios, repuxões, ínguas, câimbras, desconforto, ardume, picadas de mosquito, algo cruel demais. Porém, seu sofrimento não foi apenas físico.
 
 
II – DOR MORAL
 
Cristo estava sendo punido por crimes que não cometera. Você já foi injustiçado em alguma circunstância? Imagine Jesus, sendo crucificado sem merecer! Cristo estava sendo humilhado, martirizado, ferido, sangrado, aprisionado, morto, e não devia nada...
 
Mas isso ele fazia, não por ser um mártir tão-somente, ou por amar o sofrimento. Jamais! A bíblia nos diz que Ele tinha uma glória anterior com o Pai celestial (conforme João 17.5), servido por anjos, sentado junto ao trono, na luz inacessível, via-se punido pela própria criatura que criara! E isto ele fez por nós! Porque o seu sofrimento foi mais que moral.
 
III – DOR VICÁRIA
 
A palavra VICÁRIO significa “em lugar de alguém”. Cristo não sofreu por si. Cristo não sangrou por si. Cristo não foi humilhado por si. Cristo não se sentiu só, por si. Ele fez tudo isso em lugar de alguém. E esse alguém era eu, era você, éramos nós.
 
“As nossas dores levou sobre si”. Foi para tomar o lugar de todo aquele que crê, que Jesus sofreu o que sofreu. Cada chicotada, cada escarrada recebida, cada espinho na cabeça, cada tombo no caminho, cada murro, cada prego, Cristo sofria vicariamente.
 
Ele tomou sobre si os nossos pecados. Diante de um Deus justo, nada mais justo do que se fazer justiça. Assim, para cada erro, para cada má escolha, para cada pecado, Necessário era que fosse pago, que fosse justamente quitado. E diante do justo Deus, o salário do pecado “é a morte” (Romanos 3.23); isto é, a eterna separação de Deus.
 
Se qualquer um de nós tivesse que pagar com a própria pele, o pagamento seria a eterna separação de Deus, o inferno, as trevas, o lago de fogo e enxofre, e de lá jamais sairia.
 
Só havia uma pessoa capaz de pagar esse preço, e essa pessoa não precisava fazer isso. Jesus! Sim, porque, por não ser um homem pecador, Ele nada devia. No entanto, “seu amor por mim é mais doce que o mel, e sua misericórdia é nova a cada dia”. Ele teve piedade de nós. Ele sabia que a dor seria indescritível, mas ele quis pagar em nosso lugar, se sacrificar por nós!
 
E tornou-se, nos dizeres de João Batista, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”  (Jo 1:29). Ele foi imolado como ovelha muda: “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.”  (Is 53:7)
 
IV – DOR ESPIRITUAL
 
Enquanto era punido pelos nossos pecados, Cristo experimentou a feiúra de uma alma sem comunhão com Deus. Experimentou a solidão, experimentou o desespero. Experimentou o medo. Experimentou a sensação de desesperança. E, diga-se mais uma vez, fez isso em nosso lugar, unicamente por nos amar!
 
Satanás estava contemplando, naquela cruz, o ser punido como o maior pecador de todos os tempos. Sobre as costas de Cristo repousavam os adultérios os assaltos, os terrorismos, as traições, as mentiras, as feitiçarias, os homicídios, as pedofilias, as rebeliões, os vícios, os tráficos, e toda sorte de males do coração humano.
 
O inferno é o lugar para punir os pecadores, Era como se as próprias labaredas de lá chamuscassem os pés sacrossantos do Salvador, dizendo-lhe: “Virás pra cá, Nazareno! Te aguardamos!”
 
Ao olhar para o céu enegrecido, e para o enorme silêncio espiritual, Cristo sentiu solidão, e clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46). Sim, porque a dor era intensa, Jesus questionava a situação, o porquê do Pai permitir que isso fosse tão longe. Mas era necessário. Se o Pai interrompesse o sacrifico, todos os que cressem em Cristo não teriam a menor chance de serem justificados. Assim, Deus amou tanto ao mundo, tanto a mim, e a você, que, naquele instante, optou por nos salvar, mesmo que isso custasse todo o cruento sacrifício do seu filho.
 
V – DOR DA INGRATIDÃO
 
Mas há uma dor posterior, ainda queimando no coração de Jesus. Ele expressou-a ao chorar sobre Jerusalém, dizendo: ”Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23:39). É a dor da ingratidão.
 
Mesmo tendo sofrido tanto, mesmo tendo doado a si próprio, mesmo assumindo cada um dos pecados da raça humana, as pessoas ainda o desprezam, fazendo pouco caso de sua morte, não crendo em sua ressurreição, se envergonhando dele, e transformando a Páscoa numa festa da fertilidade, simbolizada por ovos e coelhos!...
 
Por ser uma nação dita católica, era para ser um “dia santo”, onde as pessoas refletissem sobre tudo isso. Mas aonde estão elas, senão umas poucas religiosas, que ainda se preocupam com isso? A maioria está vivendo na absoluta normalidade, apáticos à palavra de Deus, fazendo os pecados de sempre, e nem mesmo suas igreja conseguem mobilizá-los!
 
Ingratidão! O mundo se esqueceu da cruz! O mundo zomba da cruz. O mundo não faz caso da cruz. E isto já estava predito pelo Senhor, quando disse: “...Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18:8b)
 
Essa dor tem remédio. Ela acaba no instante que alguém, com humildade, contrição e fé, enaltece e aceita todo esse sacrifício, toda essa dor sem igual, e a aceita para si próprio, como a sua própria salvação. Sim, porque hoje, a única coisa que temos a fazer para alcançar a vida eterna, é aceitar esse sacrifício para nós.
 
CONCLUSÃO
 
Cristo sofreu dor sem igual. Sua dor foi física, foi moral, foi espiritual, foi vicária, foi em nosso lugar e por nós. Mas a dor da ingratidão, pode ser curada, quando nós deixarmos de ser ingratos, e recebermos a Ele como Senhor e Salvador.
 
Disso depende a nossa salvação. Cristo fez tudo por nós. E de nós, só nos pede que creiamos em seu sacrifício, e que o confessemos publicamente como nosso único e suficiente salvador.
 
Somos pecadores. Merecemos o inferno. Não há lugar para pecadores no céu. Não há como entrar. Portanto, estaríamos absolutamente perdidos, não fosse a dor de Jesus, que, mesmo vendo todo o sofrimento que teria, ousou nos amar mais do que a si mesmo, e ofereceu-se como sacrifício, pagando, na cruz, o preço pelos nossos próprios pecados!
 
Amigo, aceite-o nessa noite, em seu coração, receba-o como Seu Salvador! Ele diz em sua palavra: “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 10:32). Diz também: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).
 
Não seja ingrato com o Senhor. Não se envergonhe de sua cruz, de seu sacrifício. Disto depende a nova vida, que você pode receber hoje! “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação.” (Hb 3:15)
 
Que a dor de Jesus não tenha sido em vão, por você.
 
 
Wagner Antonio de Araújo


53 - JESUS - UMA MORTE SEM IGUAL

 
SERMÃO No. 63 –26/03/2005
 
SÉRIE DE CONFERÊNCIAS DA SEMANA SANTA 2005
 
SÁBADO, 26 DE MARÇO DE 2005
 
SERMÃO 3 – JESUS – UMA MORTE SEM IGUAL
 
 
TEXTO BÍBLICO: Romanos 5.8:
 
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
 

INTRODUÇÃO
 
“Por favor, não me fale sobre a morte!” É o que dizemos através de toda a vida, não com palavras, mas com todas as atitudes possíveis, para nos fazer esquecer, que um dia teremos que morrer. Morrem os jovens, morrem os velhos, morrem os bonitos, morrem os feios, morrem os ricos, morrem os pobres, todos um dia irão morrer. A indústria do entretenimento gasta bilhões anualmente, para entreter as pessoas, buscando desviar delas os pensamentos que confrontem-nas de que são mortais, e que um dia terão que encarar a sepultura! Há aqueles que não gostam de velórios (e eu sou um desses), mas há aqueles que temem um morto! Não que o morto tenha algo para falar ou fazer, mas ele representa o futuro físico de todos nós. Salomão, há muito tempo, expressou-se da seguinte maneira: “O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.” (Ec 7:4), ou então: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.”  (Ec 7:2)
 
Há mortes inesquecíveis, principalmente daquelas pessoas a quem amávamos. Nossos pais, nosso cônjuge, um filho, uma filha, um neto, nós nunca mais nos esquecemos. Há mortes que deixaram um buraco, um vazio, uma saudade, uma dor, um sofrimento. Nós, de quando em vez, sentimos a ausência daquela pessoa, e isso dói em nosso coração.
 
Outros, contudo, quando morrem, escutam a nossa alma dizer: “Já foi tarde! Demorou!” São as pessoas ruins, execráveis, pessoas antipáticas, pessoas que fazem mal, que destroem, que não amam, que não constroem. Houve um rei em Israel, cujo nome era Jeorão, e encontramos esses dizeres a respeito de si: “Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém; e foi, sem deixar de si saudades;” (2 Crônicas 21.20)
 
Há mortes naturais, mortes benditas, mortes em que o moribundo morre dormindo, em paz. Há outros que agonizam. Outros sofrem terríveis acidentes, e ainda outros desaparecem, sem deixar vestígio algum. Nenhum de nós aprecia qualquer tipo de morte, mas certamente preferimos a que, aos nossos olhos, cause menor sofrimento. O medo do desconhecido nos apavora, e, quando não sabemos qual será o nosso destino, então nos enlouquece, e fazemos questão de nem pensar no assunto.
 
Mas nós iremos morrer, cedo ou tarde, gostemos ou não, queiramos ou não. E o que será de nossa alma?
 
Houve uma morte, que marcou a história da humanidade, não apenas por ter sido a morte de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas pelas conseqüências e resultados da mesma, para a toda a história do mundo. A morte de Cristo teve características marcantes, inesquecíveis, e provocou efeitos de vida em todos aqueles que dela se beneficiam, através da fé, do reconhecimento e da aceitação da mesma como seu próprio sacrifício por nós.
 
E em que essa morte foi sem igual? Porque Cristo pregou morrendo! E sua mensagem ecoa há dois mil anos, por toda parte, tocando em cada coração, e fazendo com que o pobre se torne rico da graça de Deus, o moribundo tenha cura de sua alma, o entristecido encontre razões para a alegria, o perdido ache a sua salvação.
 
Seu sermão se Expressa em sete frases, fulgurantes, poderosas, memoráveis, que transcendem a cruz, e penetram na eternidade.
 
Quais são elas?
 
I – PERDÃO AOS SEUS ALGOZES
 
“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.” (Lc 23:34)
 
Como é possível alguém, em franca tortura e martírio, poder suplicar por perdão a quem o feria? Sim, é humanamente quase impossível que alguém faça isso, porque nós queremos justiça! Nós queremos que os errados paguem pelos seus erros! E, quando alguém nos prejudica, nos fere, nos humilha, nos despreza, queremos firmemente que tal pessoa seja punida, que reconheça o seu erro, que pague pelo prejuízo que nos causou! É assim quando nos roubam, quando nos acidentam, quando nos demitem, quando nos provocam!
 
Cristo, contudo, não buscava a vingança, mas suplicava por perdão. E por que? Porque, primeiramente, ele ali estava como o cordeiro de Deus. A ovelha segue muda perante os seus tosquiadores, e quando vai ser imolada, não foge, não reclama, apenas chora, lamentando, triste. A ovelha chega a enlouquecer os seus carrascos, porque a sua mansidão fere a violência das mãos de um matador. Cristo, ali, era ovelha, muda perante os seus carrascos, os seus matadores. E o que ele queria? Queria que o Pai os perdoasse, porque eles não tinham idéia do que estavam fazendo! Eles estavam ferindo o Rei da Glória, o Soberano do Universo, o Criador das vidas, o Sustentador de tudo! Ali, em suas mãos, estava o Filho da Divindade, e eles o estavam tratando como a um criminoso da pior qualidade! Claro que seria justo pedir por vingança, pois Deus é o vingador! Se, por um lado seria humano pedir justiça, foi divino pedir por perdão! Tal clamor tocou no coração do Pai, porque, após a morte de Cristo, ao ver os sinais, o próprio centurião deu glória a Deus, reconhecendo que matara um justo!”E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.”  (Lc 23:47)
 
II – SALVAÇÃO AO ARREPENDIDO
 
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.”  (Lc 23:43) Era uma situação terrível. Cristo pendia na cruz central, e dois ladrões nas cruzes laterais. Um deles era ímpio, e buscava sua própria salvação física, insultando Jesus para que descesse da cruz e o livrasse desse sofrimento também. O outro, contudo, ao invés disso, repreende o companheiro de pena, dizendo que os dois eram dignos de estar pendendo na cruz, porque os seus feitos fizeram jus ao castigo. Porém, continuou ele, esse justo, Jesus, nada fez!
 
E, ao olhar para Cristo, suplicou, dizendo: “lembra-te de mim, quando vieres no teu Reino”, ou, nas traduções mais antigas, “lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Esse ladrão reconheceu que Cristo era rei, que teria um reino, que reinaria, e que era suficientemente poderosos para ressuscitá-lo, uma vez que da cruz ambos não escapariam.
 
Cristo, ao invés de buscar o seu próprio conforto, ou de repreender o outro, ou ignorar a voz de súplica (a sua dor já era por demais importante), encontrou tempo, misericórdia e amor, para dizer ao moribundo: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”!
 
Oh, que Cristo maravilhoso, que não lança em rosto os nossos pecados, os nossos erros, o nosso passado, mas atende com amor e doçura um pedido de clemência, de misericórdia, de perdão, de salvação! Sim, até na cruz Cristo foi capaz de salvar! Até na cruz um bandido conseguiu o perdão de seus pecados, e entrou no Paraíso, lugar em que até grandes religiosos não chegarão nem perto! Porque o caminho para a salvação não é o conhecimento religioso puro e simples, mas é Jesus Cristo, o Salvador, a quem podemos recorrer neste momento, clamando-lhe por perdão e misericórdia! E quem aqui não é pecador? E quem aqui não precisa de um salvador?
 
III – CUIDADOS FAMILIARES
 
“Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (Jo 19:27)
 
Era responsabilidade do filho mais velho, suprir a sua família dos cuidados que o pai deveria suprir, se estivesse vivo. Entretanto, José já não vivia mais, e Jesus era o responsável pela casa. Morrendo, quem cuidaria de tudo? Havia outros irmãos, mas estes, infelizmente, não eram tementes a Deus, nem reconheciam, naquele momento, que Jesus era o Cristo. Talvez não fossem responsáveis. Cristo, então, confia a sua mãe ao seu discípulo amado João. Sim, Cristo não falta à responsabilidade familiar.
 
Que grande amor Jesus teve por sua mãe! Certamente ela ocupava em seu coração, um lugar muito especial. Ocupava e ocupa. Ela só não ocupa o lugar em que as fábulas religiosas a colocam, qual seja, a de rainha dos céus, a de assunta ao céu. Ela nunca foi rainha, a não ser, talvez, carinhosamente, no coração de seus filhos. Nem tampouco foi assunta ao céu, como Jesus, levada viva por suas mãos. Maria também foi salva por Jesus, pois expressa, em seu cântico, a seguinte frase: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, o meu Salvador” (Lucas 1.47)
 
Mas Jesus não a deixa desassistida. Ele provê um cuidador para ela. E que beleza, quando, posteriormente lemos, que Maria fazia parte do primeiro grupo de cristãos, que estava entre os apóstolos, e mais à frente, encontramos dois dos irmãos do Senhor, Judas e Tiago, tornando-se não apenas líderes, mas escritores do novo testamento! Bendito seja o amor pela família!
 
IV – SOFRIMENTO INDESCRITÍVEL
 
“E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”  (Mc 15:34); “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” (Jo 19:28)
 
As trevas cobriam a face da Terra. Imagino que as corredeiras pararam, as cataratas seguraram as suas águas, o mar deixou-se envolver por um silêncio global. Os pássaros nada cantavam, as estrelas cintilavam com apreensão, os animais no campo, com tristeza, aquietaram-se. As flores deixaram o seu perfume guardado. O mundo sofria. Sofria com Cristo. Lá estava ele. Pendendo, sofrendo, amargando a pena, que não era dele, mas era minha, era sua, era nossa, era de toda a humanidade!
 
Cristo não percebe a presença do Pai! E clama! Por que? Por que me desamparaste? É claro que o Pai jamais deixara o filho, mas tivera que deixar ele sofrer amargamente até a sensação da solidão, porque naquele instante, ele representava toda a humanidade, e todo o castigo que todos deveriam sofrer. Deus fez cair nas costas de Seu filho, todos os nossos pecados!
 
“Tenho sede”, sim, o seu corpo estava em carne viva. O inchaço agora, deveria cobrir cada região surrada, ferida, sangrada. O sangue coagulado, formando cascas, os mosquitos beliscando, o suor a banhar sua barriga, o ar a faltar-lhe nos pulmões, e a garganta absolutamente seca! Meu Deus, era eu quem deveria estar lá, não Jesus! E ele fez isso por mim! Por que? Por que me amor e sacrificou-se assim? Foi por mim! Foi por você!
 
 
 
V – A OBRA COMPLETA
 
“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado.” (Jo 19:30)
 
Sim. Agora já não havia mais demora. Estava terminada a dor. Seu corpo já não agüentava mais tanto sofrimento. Ele pagara tudo. Tudo o que eu e você, e toda a humanidade, devíamos. Ele fez-se sacrifício por nós. Naquele momento ele estava completando a justiça de Deus. Tudo o que o Deus justo exigia de pagamento, O filho estava pagando, e não havia mais forças, não havia mais condições, não havia mais o que fazer.
 
Cristo sentia o seu corpo morrendo. Cristo sentia cada órgão, cada membro, cada parte, parando as suas funções, desligando-se, em plena flor da idade, não voluntariamente, mas por causa do sofrimento a que estava sendo submetido. Cristo morria, e estava para expirar.
 
Sim, a obra de Cristo era tomar sobre si os nossos pecados. E isso ele fizera. E como fizera! Era um espetáculo para as pessoas admirarem. Era zombado pelos soldados, o mundo ridicularizava, e mal sabiam que ali, diante de seus olhos, estava o maior fato de todos os tempos, a redenção do universo, se concretizando através de um Deus amoroso, que exige do homem um pagamento, e ele mesmo paga por ele! Um Deus que supre até o que pede! O único e verdadeiro Deus!
 
E hoje, a nossa obra é crer na obra que Deus fez em Cristo, quando pagou pelos pecados da humanidade, ali, no Calvário!
 
VI – A ENTREGA NAS MÃOS DO PAI
 
“E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.” (Lc 23:46) Um grande brado, para que o céu, a terra, o mar, o cosmos, o universo, o inferno, as dimensões todas, todos escutassem: Cristo terminara a sua obra, e devolvia seu espírito ao Pai!
 
Sim, os fatos que se sucederam à essa entrega e à essa morte, foram aterrorizantes, e maravilhosos! Lá no templo o véu, que separava o Santo dos santos, que era um lugar inacessível, rasgou-se de cima à baixo, provando, com isso, que não precisavam mais nem de sacerdotes para levar sacrifícios, nem de sangue algum, porque o sangue de Cristo, ora derramado, era suficiente para todo homem e mulher alcançarem o perdão e a redenção! Não havia mais separação, porque um novo e vivo caminho havia sido inaugurado! Cristo era o caminho, a verdade e a vida!
 
Mortos ressuscitaram e entraram na cidade! Um terremoto atingiu toda a Ásia, e a tempestade foi fenomenal! A morte de Cristo afetara todo o universo! Creio que a natureza, estagnada por três horas, quando o sol esteve de luto, aguardando o desfecho, soltou-se violentamente, querendo dizer: “Homens, vocês não merecem o Deus que têm, mas aproveitem esse grande amor e rendam-se a Ele!”
 
Nas mãos do Pai! Foi nessas mãos santas e poderosas, que Cristo colocou-se, para morrer! É nessas mãos que o crente deposita a sua fé e a sua confiança, para que a sua alma também encontre, não apenas a salvação, mas a companhia e a graça daquele que nos criou! E Em Cristo, confiados em seu sacrifício, podemos nos aproximar de Deus, e nos apropriar, pela fé, de nossa salvação!
 
CONCLUSÃO
 
Sua morte foi sem igual. Os seus efeitos foram sem igual. Ao terceiro dia, seu corpo não continuou na sepultura, mas saiu, vivo, ressurreto, incorruptível, imortal! A sua morte é capaz de provocar vida, não apenas em si, mas em todo aquele que, pela fé, aceita esse sacrifício e essa doação, como para si próprio!
 
Foi o que Cristo disse: “eu sou a ressurreição e a vida! Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá eternamente!” (conforme João 11.25)
 
Hoje, não precisamos mais pagar pelos nossos pecados, se quisermos. Podemos aceitar que o pagamento de Cristo, tenha sido por nós, e, pela fé, nos apropriar dessa salvação. Então, o que estamos esperando? Vamos receber a Cristo como o nosso único e suficiente salvador! Não há outro que tenha feito isso pela humanidade! Não há outro que tenha doado a vida, e tenha tomado ela de volta, não há outro mediador entre Deus e os homens, é só Cristo, é só Jesus! E só precisamos crer nele, confessá-lo, recebê-lo, aceitá-lo! Seria muito pedir para que você fizesse uma pública decisão de fé? Isso é demais?
 
Olhe para as mãos ensagüentadas de Cristo! Olhe para os seus pés furados! Olhe para a sua coroa de espinhos! Olhe para ele, quase totalmente despido e em carne viva, pendurado na cruz! E eu pergunto: é muito dizer: “Cristo, eu te recebo como meu único e suficiente salvador, pela fé, e seguirei os teus passos por toda a minha vida”?
 
Se for muito, sinto realmente, mas o céu não é para quem não se considera pecador. O céu é para os pecadores, mas pecadores humildes, que se arrependem e se convertem.
 
Converta-se agora! Vamos! Aceite a Cristo!
Wagner Antonio de Araújo
 


54 - ESTOU ENOJADO
3/4/2013
 
Dias atrás a atriz Fernanda Montenegro manifestou-se politicamente, beijando publicamente uma outra atriz. Não um ósculo de amizade, mas um beijo na boca. Hoje Daniela Mercury, mãe de meia idade e cantora de renome internacional, anuncia sua "esposa", uma jornalista baiana, ex-"namorada" de uma assessora sua.
 
Estou com nojo da MPB. Infelizmente a arte da canção sofre com pessoas que não têm qualificação moral para cantá-la. São pessoas cujo comportamento moral é indigno de um cristão. Todos têm liberdade de ser o que quiser, e nós, os cristãos, temos também a liberdade de dizer a eles: "não aceito o seu procedimento e o seu comportamento".
 
Não tenho mais prazer de assistir Jô Soares. Desde que ele insultou uma criacionista dizendo veementemente que a narrativa da criação era fábula e lenda, provou que não tem sabedoria verdadeira, pois o temor do Senhor é a base do autêntico conhecimento. Ele não discordou da Palavra; ele zombou dela. Aliás, zombou junto com Moraes Moreira e outros, que riram à beça ao contarem que fumavam maconha com páginas da bíblia e que, quando fumavam o Apocalipse, o tchan era mais forte ainda. Essa gente não é digna de minha atenção ou de entrar em minha casa.
 
Sinto nojo dos "reality-shows", febre dos analfabetos do que fazer. A exaltação do homossexualismo em detrimento do comportamento moral e do respeito à família passou do limite do lamentável. É como se o esgoto estivesse aberto no monitor da TV e fôssemos obrigados a consumir tudo isso.
 
Tenho vergonha dos pastores-ícones de minha denominação. Uns palestram para milhares, dizendo que o nosso conceito de Deus é apenas um lado da moeda, que Deus é tão grande que cada um vê um pedaço dependendo de que janela estiver. Outro transformou a sua igreja numa paródia, num clube, num circo, e sai com seu bando para desfilar carnaval pelas cidades do interior, sob o pretexto de evangelizar. Outro está intercambiando com a igreja católica e noutro dia transformou o culto numa exibição de carros antigos. Um outro entrou com 3 motocicletas no templo e mandou queimar pedidos de oração na fogueira do quintal da igreja. Essa gente não tem vergonha e ainda busca intitular-se "bispo, apóstolo, mentor". São mentores de Satanás, filhos da perdição. E não estou julgando ao meu belprazer; estou usando a Bíblia que me foi confiada, onde encontro o dito: "pelos frutos os conhecereis".
 
Sinto vergonha do português de nossos livros, "sites", legendas de filmes e lições de escola. Essa barbaridade da reforma ortográfico-gramatical proposta por um sem-tutano transformou a linguagem escrita, único reduto de conhecimento formal que sobrou, na lei da preguiça e do menor esforço. Isto é: aquilo que os professores corrigiam e diziam que era "erro de português" tornou-se a regra. Escrever certo tornou-se antiquado. Estou farto disso!
 
Tenho medo dos nossos seminários teológicos. Hoje não se leva em consideração a questão de ser neófito; um Fernandinho Beira-Mar é aluno de uma faculdade teológica. Para ser o que, pastor? Ou é um curso bíblico para conhecimento geral? E o certificado, é universitário? Hoje crentes e incrédulos estão nos mesmos bancos de seminários. Homens e mulheres, visando pastorado. Não se faz juízo de valor, nem de doutrina, nem de espiritualidade. Quando as escolinhas teológicas iniciais foram implantadas, visavam o ministério pastoral para o cuidado de igrejas; hoje servem para qualificar professores de carreira profissional na rede pública ou para colocarem executivos na titularidade de igrejas. Quem diria! Hoje eu tenho receio de mandar um vocacionado para a faculdade teológica; se ele não tiver maturidade suficiente voltará destruído em seus conceitos. E alguém pode dizer: mas é o teste, é necessário! E eu respondo: seminário é para instruir, não para confundir. Instrução tem que ser administrada por quem é qualificado emocionalmente, didadicamente, intelectualmente e denominacionalmente. Afinal, não estou preparando um "bacharel em religião" mas um futuro pastor. E, cá para nós, o que temos assistido é o império dos calças-curtas à frente dos ministérios de grandes igrejas, pois nas pequenas eles sequer querem passar pela frente. Quem quer pastorear meia dúzia num buraco de favela?
 
Que mundo é esse? É o mundo que jaz no Maligno. Que país é esse? Um país governado por Satanás. E que não me venham dizer: "O Brasil é do Senhor Jesus, povo de Deus, declare isso". Nada mais falso e mentiroso. Jesus disse: "é a hora e a vez do príncipe deste mundo". Satanás prepara-se para a chegada do Anticristo. A mídia, a família, os governos, o ensino, as artes, a música, a Natureza, tudo caminha para um clímax onde duas coisas acontecerão: o império final das trevas e a volta gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.
 
Portanto, o meu nojo desta cultura, desta geração e desse falso evangelho me faz mergulhar mais e mais na bendita esperança da redenção. Não sou daqui, não ficarei aqui, não comungo com essa cultura do esgoto. Quero servir ao meu Senhor e continuar a proclamar a Sua Palavra, palavra salvadora, transformadora, e se necessário cortar toda a música contemporânea, a arte ou esse acúmulo de lixo da mídia. Quero ser seletivo, muito mais seletivo, porque não importa apenas o objeto da arte, leitura, curso ou discurso; importa quem faz e como vive, que compromissos tem e qual a sua postura moral.
 
E quem não concordar comigo, que discorde e que faça bom proveito do refugo.
 
Estou enojado.
 
Wagner Antonio de Araújo

55 - NÃO SE TRAIA!!!
 
September 2 2006
E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
(Rm 12:2)
 
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”
(Fp 4:8)
 
 
Muitas vezes o nosso maior inimigo é a nossa própria mente. Oramos e, em instantes, desconfiamos da misericórdia de Deus. Dizemos que estamos na paz de Deus, quando, na verdade, damos guarida aos maus pensamentos, às coisas perniciosas, à fita que está gravada na mente há tanto tempo: “não dará certo”; “fracassarei”; “já perdi”.
 
Pedro foi traído pela mente. Enquanto caminhou sobre as águas, sua mente não questionava se aquilo era ou não possível. Ele deixou-se levar pela segurança da fé no Senhor Jesus Cristo. Mas, ao questionar-se sobre a possibilidade de alguém caminhar sobre as águas, não conseguiu mais manter-se. Quem naufraga na fé também afunda no mar. Não fosse o socorro bem presente, recebido de Jesus Cristo, Pedro teria morrido. Ao final, recebeu a dura repreensão do Senhor: “Por que duvidaste?”
 
Nem todas as nossas orações são respondidas da mesma forma. Deus é soberano. Em alguns casos, sua resposta será NÃO. Mas não um NÃO "seco"; Ele fará com que esse NÃO seja aceito, compreendido e agradecido por nossa mente, pois “... a confiança que temos nele (é que), se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1Jo 5:14). Assim, se confiarmos nele, ou ele nos dará o que pedimos, ou nos dará o que for de Sua vontade, mas nos convencerá, nos alegrará e nos certificará da resposta. Às vezes isso leva tampo. Mas, com paciência, chegamos lá.
 
A nossa expectativa quanto às respostas do Senhor não deve ser a de recebermos um NÃO, mas sim um SIM! O NÃO deve ser uma exceção. Entretanto, nós geralmente consideramos isso ao contrário: NÃO como sendo a resposta comum, e SIM como um acidente de percurso ou mero acaso: “Aconteceu! Ah, deve ter sido coincidência, pura sorte, ia acontecer de qualquer jeito”.
 
Meus irmãos, isso é terrível!
 
Devemos encher a nossa mente de tudo o que é verdadeiro! Devemos pensar que a honestidade nos fará prosperar, devemos ser justos na nossa maneira de avaliar, de julgar, de lucrar! Devemos ser puros, sem segundas intenções, sem pensar no pior, e amar não só o que fazemos, mas a quem servimos! Por último, devemos pensar em fazer tudo do jeito certo, da maneira correta, usando as virtudes do caráter humano, tão fora de moda, e as virtudes do novo ser que há em nós, desde que nos convertemos. Devemos fazer coisas boas e louváveis, ao ponto de dizerem: “puxa, eles trabalham de forma maravilhosa, e atendem tão bem!”
 
Toda vez que nossa mente for invadida pelo medo, pelo calafrio do fracasso, pela imaginação de situações desafortunadas, de destruição e prejuízo, lembremo-nos das palavras do nosso Mestre: “NÃO TEMAIS!”; “NÃO TEMAIS!”; “NÃO TEMAIS!” Apresentemos a Deus os nossos pedidos, não como miseráveis pedintes, mendigos falidos, mas como gente amada por Deus, que fez do Senhor sua morada de paz, de segurança. Lembremo-nos disto: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Senhor onipotente descansará” (Sl 91.1).
 
Limpemos a nossa mente. Passemos um detergente mental, através da leitura do Salmo 23, 91, Mateus 6, João 14. Coloquemos um louvor para tocar, ou, quem sabe, uma música clássica, e estabeleçamos nosso alvo do dia. E não traiamos a nossa própria decisão! Vigiemos! Vamos confiar em Deus!
 
 
 

Wagner Antonio de Araújo


56 - USE O QUE TIVER RECEBIDO
October  28   2006
E o SENHOR disse-lhe: Que é isso na tua mão?  E ele disse: Uma vara.  (Ex 4:2)
 
 
Bem sabemos que o texto citado faz parte do diálogo entre Deus e Moisés, no dia em que foi chamado para tornar-se o libertador de Israel das mãos dos egipcios. Moisés não sabia por onde começar, e Deus lhe deu um caminho: com a vara que trazia em suas mãos. Era tudo o que ele tinha, e era com isso que Deus contava.
 
Muitos de nós gostariam de servir a Deus. Mas buscam uma boa justificativa para não fazê-lo: “se eu soubesse falar melhor”, “se eu tivesse carro”, “se eu fosse mais novo”, “se eu tivesse dinheiro”, “se eu morasse mais perto”, etc.
 
Não há limitação que não possa ser superada, quando colocamos tudo o que temos ou o que somos nas mãos do Senhor. Só precisamos ter uma coisa: boa vontade, determinação, desejo intenso, contínuo e constante de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar. O resto Deus suprirá.
 
Havia uma missionária que ensinava ao seu rebanho, que em tudo deveriam dar graças a Deus. Um dia ela caiu e ficou temporariamente acamada. Um visitante, com "espírito de porco", lhe disse: “E agora, missionária, é capaz de dar graças por isso?” Disse ela: “Sim, porque eu não tinha tempo suficiente para orar por todos os pedidos, e agora tenho todo o tempo do mundo!” É como os americanos dizem: WOW! YES!!!
 
Uma senhora era muito fervorosa, e durante longos anos serviu a Deus na Sociedade Feminina Missionária (organização batista das mulheres, hoje substituída por Mulheres Cristãs em Ação). Mas, aos 85 anos, não conseguia mais locomover-se fora de casa. Entristeceu-se muito, e disse: “Senhor, não posso mais ser útil?” Então seu telefone tocou, e uma pessoa pedia a ela que orasse por sua vida. Logo depois outra irmão ligou e oraram juntas também.  Daí por diante essa irmã idosa passou a ligar para os membros da igreja e orar por eles. Estava criado o “ministério da oração”, naquela igreja, e tal irmã foi, por mais de dez anos, um farol a brilhar naquela comunidade, mesmo não podendo locomover-se!
 
Use o que tiver. Tem uma casa? Ofereça-a para realizar cultos e estudos bíblicos. Sabe ensinar crianças? Disponha-se e participe do ministério infantil de sua comunidade. Nâo tem isso lá? Então crie um! Conhece informática? Busque parceria com alguém e coloque um computador para ensinar os que nada sabem. Tem um sítio? Coloque-o à disposição da educação cristã, dos acampamentos de jovens e dos encontros de sua igreja. Tem dinheiro disponível? Invista no Reino de Deus, no sustento dos missionários e pastores e no suprimento das necessidades de sua igreja e do povo de sua comunidade. Tem tempo? Faça visitas aos idosos e crianças. Sabe música? Reparta o seu conhecimento e crie oportunidades para louvar ao Senhor. Aposentou-se e conhece um ofício? Forme uma turma de aprendizes em sua igreja, reúna não crentes e aproveite para evangelizar enquanto ensina. É médico, advogado, professor, bombeiro, policial, mecânico, pedreiro, nutricionista ou tradutora? Ofereça ao Senhor seus préstimos e sirva a Deus com sua igreja.
 
Só não faz nada quem nada quer. Vamos fazer algo no Reino do Senhor! Amém!
 
Wagner Antonio de Araújo



57 - TEMPOS QUE NÃO MUDAM
 
 
01/05/2007
 
A nossa vida é tão curta, tão rápida, tão semelhante a um “conto ligeiro”, tão parecida com a neblina da manhã, que é difícil nos conscientizarmos de que “o tempo não para”. O tempo não aguarda que nos ajustemos a ele. Aquela canção “não vou me adaptar”, dos Titãs, expressa muito bem a surpresa de uma criança crescida, que se vê no corpo de um adulto. E qual de nós não experimentou essa sensação, ao menos uma vez na vida?
 
Diz o sábio Salomão, em um de seus célebres escritos, que “há tempo para todas as coisas debaixo do Céu” (Ec 3.1). Sim, de fato, para tudo, há um tempo determinado. Isto é, há coisas que só devem acontecem naquele tempo. Por exemplo:
 
1)      Uma semente só germina passados os dias necessários para isso
2)      O nascimento sadio de uma criança leva nove meses de gestação;
3)      Um bolo tem os minutos certos para ficar assando no forno; se sair antes, sai cru, se sair depois, sai queimado;
4)      Um ser humano precisa de oito horas, no mínimo, de sono saudável, diariamente;
5)       Devemos ter três refeições ao dia, e nossas barrigas sentem a chegada do horário de costume;
6)      Há um vazio no peito do ser humano, que tem o tamanho exato de Deus, e, enquanto não for preenchido, ele acusará estar oco, necessitando de preenchimento, e esse tempo é a vida toda.
 
Isso nos faz pensar sobre a forma com que lidamos com o tempo, e a maneira que o gastamos, diante da vida pós-moderna de um mundo globalizado. Nossas crianças têm tempo para brincar? Nossos adolescentes têm tempo para aprimorar o que aprenderam? Nossos adultos têm tempo para viver com alegria?
 
É meio difícil.
 
Nossas crianças vivem prisioneiras em nossos apartamentos e casas, devido à necessária segurança contra balas perdidas, seqüestros ou trânsito maluco. Assim, não sabem mais o que é um carrinho de rolemã, um jogo de bola na rua ou, para as meninas, uma brincadeira de amarelinha, de estátua ou de vai-e-vem.
 
Nossos adolescentes vivem grudados num monitor de computador, experimentando a experiência alheia de vitória, derrota, de matança ou de conquista, esparramada pelos jogos de videogame nos comuns “playstation 3”. São verdadeiras bombas-relógio, ou represas que estão prestes a estourar, cheias de vitalidade e potencial não utilizado; no dia em que estouram, o fazem mal, e escolhem a violência, a promisquidade e o afastamento dos valores morais, éticos e cristãos.
 
Nossos adultos, casados e pais, talvez não estivessem preparados para tal, e hoje padecem para alimentar a família, para manterem-se empregados, para sustentar seu conforto, restando pouco tempo para a família, para os amigos e para Deus. Vivem sob a égide do “stress”, andam no limite entre a sanidade e o ataque cardíaco.
 
A flor-de-maio é um exemplo para nós. Iniciando em maio, suas flores são belíssimas. Mas não abrem em novembro ou em fevereiro, se não forem forçadas geneticamente ou por técnicas de invasão à sua natureza. Assim devemos respeitar o tempo de nossa existência, vivendo bem cada uma das fases: tempo de ser crianças, tempo de ser jovens, tempo de ser adultos. E, em cada um deles, lembrarmos de que há coisas cujo tempo é “sempre”, cuja prioridade é “total”, cuja prática é indispensável para o alcance da verdadeira felicidade:
 
1) É tempo de buscar a Deus! “Buscai ao Senhor, enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”  (Is 55.6)
 
2) É tempo de perdoar! “Perdoai, e sereis perdoados”.(Mt 6.12)
3) É tempo de começar de novo! “Cairá o justo sete vezes, mas não ficará prostrado”.(Prov 24.16)
4) É tempo de encarar a eternidade, e tomar decisões que nos aproximem de Deus: “louco, esta noite te pedirão a tua alma...”, “prepara-te para te encontrares com o teu Deus”.(Lc 12.20; Am 4.12)
 
O Criador, o Deus Imanente e Transcendente, Santo, Justo, Perfeito, Eterno, Imenso, Infinito, Pessoal, confiou a cada um de nós um tesouro incomensurável, o dia de hoje, a vida que temos agora. Cabe a nós, no uso de nosso livre arbítrio e sabedoria, escolher o melhor, isto é, escolher buscá-lo, amá-lo e conhecê-lo, pois todas as outras coisas se ajustarão.
 
 “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria”; “Buscai primeiro o Reino de Deus, e as outras coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33)
 
Que seja assim. Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo

 



58 - ESTOU ENOJADO 2 - 07/04/2013
 
Desde que escrevi o primeiro artigo tenho recebido inúmeras manifestações cristãs de apoio, poucas contrárias. Agradeço por ambas.
 
Hoje risquei de meu rol de programas relevantes o FANTÁSTICO, da TV Globo. O motivo? É um agente de doutrinação em prol da "tolerância sexual", sem o direito do contraditório. Em três matérias sem qualquer argumentação contrária o programa passa a mensagem de que CASAL significa QUALQUER COISA, isto é, não significa mais MACHO E FÊMEA, mas dois de qualquer gênero. A primeira matéria iniciou com o depoimento da Sra. Daniela Mercury, numa apologia à liberdade de viver a moral que desejar. Em seguida abordou o caso esdrúxulo da má paternidade de um casal americano, que dá ouvidos a uma criança de 6 anos que diz ser menina, quando o seu corpo comprova ser um menino. Este casal está processando a escola, que mantém o padrão de banheiros separados. E afirma uma psicóloga que a criança é uma menina no corpo de um menino. A única conclusão: o Criador anda a fazer bobagens, coloca almas femininas em corpos masculinos. E conclui: cada um deve ser o que sente que quer ser, independente do gênero do corpo. Conclui a matéria mostrando famílias lésbicas "bem resolvidas", sem nenhum contraditório, incentivando os milhões de telespectadores do programa de não apenas aceitar o fato, mas a pensar na possibilidade de reorientar seus filhos e familiares. Encerra a matéria a participação da cantora, mostrando a harmonia familiar que reina, nesta agressão que faz da anatomia dos sexos e da moral humana. FANTÁSTICO tornou-se para mim EXTINTO, pois não oferece nada mais do que ALFARROBAS (bolotas de porcos). Um programa noticioso que se preze não pode emitir conclusões sem oportunizar o contraditório.
 
Um pastor, meu leitor, em Belém do Pará, escreveu-me, dizendo: "Está chegando o tempo em que os crentes ficarão de um lado e o mundo de outro, escolheremos a quem servir: A Deus ou ao mundo (Satanás), isto é, não poderemos mais tolerar em nossos arraiais o relativismo e a simpatia por qualquer coisa deste mundo." Esse pastor está certíssimo. O tempo chegou, finalmente. Não há mais como tolerar e conviver de forma pacífica com essa agressão ao Criador, agressão contra os conceitos de família e moral, agressão contra a liberdade de ser contrário às mudanças malditas que a esquerda ocidental trouxe para a nossa sociedade. Aliás, esquerda sempre teórica, pois não há mais conotação política, senão filosófica, e sempre em busca de vulgarizar, de denegrir o Criador, de arrebentar com paradigmas, de destruir qualquer conceito de firmeza, de equilíbrio, de equidade, de fundamentação social lícita. São dias difíceis.
 
A tática de Satanás é tomar pessoas importantes, consideradas graduadas e profundamente doutas pelo mundo (mas ignorantes e analfabetas diante de Deus), colocá-las na mídia mundial, para que elas digam novamente em claro e bom som: "Deus disse para não comermos da árvore do conhecimento porque senão morreremos? É MENTIRA, pois Deus sabe que se comermos teremos os olhos abertos!" E então, com cara nova e com equipamento novo, a velha serpente do Éden aparece na mídia, ora com a cara de uma cantora, ora com a cara de um político, ora com a cara de um falso religioso, ora com a cara de um defensor dos direitos humanos, para dizer a todos: "DEUS ESTÁ ERRADO, e quem pensa do jeito que Deus pensa está enganado e tem que mudar de opinião. Não toleramos os contrários, vocês nos incomodam!"
 
Como nós, pastores, agiremos ante a agressão moral e filosófica que os cristãos autênticos estão a sofrer? Ministraremos água com açúcar, prometendo meras curas físicas, prosperidade financeira, unções fantasiosas e malabarismos pirotécnicos de crescimento dos impérios pessoais, ou esclareceremos as nossas comunidades de que está chegando o tempo da separação, de declararmos publicamente a nossa postura moral, postura cristã, postura bíblica com relação aos assuntos de cunho sexual, familiar, moral, existencial e político?
 
Não terá chegada a hora de lembrarmos do que se diz de Babilônia? "Sai dela, povo meu, para que não sejas participantes de seus pecados e para que não incorras nas suas pragas". Sim, as pragas virão sobre todos os que se unem nessa cruzada contra a família, contra a moral, contra a decência.  Deus julgará a todos eles. A começar pelos nossos presidentes,  seja o da América, o do Brasil e todos quantos ousam atribuir erros ao Criador. Seu juízo será duro e virá sem clemência. Em seguida a todos os pensadores e formadores de opinião, que se julgaram tão inteligentes ao ponto de dominar a própria ética e fazer a sua própria moral. Na semana que passou um cientista, pasmo, disse que no futuro os homens serão desnecessários na escala evolutiva, pois fazem parte de informação secundária nas carreiras de DNA humano... Será bom que o mundo se prepare para o grande e final juízo divino, pois estão se sentando no Santo dos santos e tomando o lugar de Deus, profanando a criação e o modelo feito por quem nos tirou do nada e nos fez existir.
 
Quisera ter alguma esperança de dias melhores. Mas os dias melhores virão na eternidade, com Cristo, onde a praga de Satanás, que ousa contra Deus e deseja destruir as Suas obras, não entrará. O Reino de Deus é lá no além, onde está o nosso tesouro. Lá não há choro e lá cantaremos a Deus hinos de louvor. Aqui é nosso campo de batalha, talvez esteja chegando o tempo do martírio e da perseguição religiosa, o mundo não tolera cristãos. Que clamemos como o anjo de apocalipse, aos quatro cantos da Terra: "Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas." (Ap 14:7)
 
Indignado com este mundo,
Iluminado com a luz do Cordeiro de Deus,
 
Wagner Antonio de Araújo


59 - "MOÇA, POR FAVOR..."
 

 
"Moça, por favor..."
 
Ao limparem o quarto onde vivia Dona Amélia da Silva, num asilo paulista, encontraram um pequeno diário, escrito com letras trêmulas borradas, ao que parece, por lágrimas.
 
Lá encontramos a seguinte narrativa:
 
"Não enxergo direito, mas acho que amanheceu. Pela janela vejo as árvores; está frio... Oh, sim, ainda bem que a enfermeira veio servir-me o remédio; eu ando esquecendo tudo com facilidade!"
 
"Só não me esqueço da minha casa; quando é que me levarão de volta, meu Deus? Preciso regar minhas avencas, minha samambaia que ganhei de Dona Maria, meu jardim! Não posso deixar a roupa lá fora tanto tempo, vai sujar! Com tanta poluição não há roupa que aguente! E a carne que ficou em cima da pia? Meu Deus, tenho que guardá-la. Ei, enfermeira, o meu filho já chegou? Não? Ele não virá? Por que? Ah, meu Deus, por favor, pede pra ele passar aqui e me levar, quero ir para casa...."
 
"Elas acham que sou louca porque todos os dias eu peço a mesma coisa. Mas elas não me atendem, tenho que pedir de novo até me atenderem, não? Será que estou errada?"
 

"Não. Não enlouqueci. Eu envelheci. E não tenho mais casa. Não tenho casa, nem móveis, nem guarda-roupas, nem mesa, nem cozinha, nem nada. Acho que nem filho eu tenho...Virei uma indigente..."
 
"A que ponto cheguei!"
 
"Como? Televisão? Não, não quero ver televisão. Vai ligar mesmo assim? Quer dizer que não tenho querer? Hã? Ah, a companheira de quarto quer ver? Está certo, então ligue. Ela também é outra coitada. Deixa ela ver TV. Aqui não se tem privacidade nenhuma, querer nenhum mesmo... Eu cuidava tão bem da minha TV! Onde estão os meus discos, os meus quadros, os meus álbuns de fotografia? Cadê as minhas cartas que o Zezinho escreveu quando éramos namorados?"
 
"Eu não sei. Acho que jogaram tudo fora. Era tudo lixo, como dizem. Velhos não servem pra nada, só pra dar gastos e dar trabalho! Não sei porque a gente fica velho..."
 
"Como? Remédio de novo? Mas você já me deu, filha! Não, não quero! Ah... tenho que tomar, né? É injeção? Eu preciso? Está certo. Está aqui meu braço. Aplique. Ai! Obrigado, filha. (já não sei quantas picadas levei desde que me internaram aqui. Meu filho falou que é só por um tempo, porque eu precisava de cuidados; mas pelo visto esse tempo é pra sempre, porque isso foi antes do Natal do ano passado, e já enfeitaram o quarto novamente..."
 
"Estou no asilo. Chamam de Casa de Repouso, mas é só pra amenizar a nossa dor. Ah, daqui só pro cemitério. O Seu João, aquele do quarto ao lado, foi no mês passado. E a Dona Nena? Coitada, morreu pensando que estava pulando corda, virou criança de novo! Eu às vezes esqueço um pouco das coisas de hoje, fico lembrando de outros tempos melhores. Afinal, se estou presa aqui por que deixar também a mente presa? Queria tanto ver meu filho..."
 
"Filha, por favor, eu já pedi pra outra enfermeira, peçam pro meu filho vir aqui me pegar! Como? Ele viajou? Mas ele disse que viria me pegar! Eu preciso falar com ele! Ah, assim que voltar me avisam? Está certo."
 
"Ai,... ui,..., pronto. Sentei. Meu passeio diário: da cama para a poltrona. E aqui passo as horas. Sinto as mãos frias, por que será? Fico o dia inteiro com frio! Se ao menos as minhas netinhas viessem aqui um pouco... Desculpem, não segurei, são gases, eu não consigo mais dominá-los, sinto vergonha, mas o que posso fazer, meu Deus! Perdão de novo, perdoem também as lágrimas..."
 
"Estou presa aqui. Onde está minha família? Ainda bem que tenho esse caderno para escrever. Mas está difícil enxergar, tudo é tão cheio de fumaça, dizem que é catarata. Eu sei lá, inventam cada coisa pra justificar a idade! No meu tempo não tinha nada disso."
 
"Eu só não queria morrer presa aqui. Por que tive que ser aprisionada? Ah, meu velho, que saudade de você! Você é que foi feliz, viu? Faz tanto tempo que se foi! Fiquei do seu lado até o fim, lembra? Nossa, às vezes me parece que até escuto ele dizer: 'sim, me lembro...'. Cuidei da minha mãe, do meu pai, da minha sogra e sogro também, porque é o dever de toda boa esposa, filha e mãe. Cadê meu filho que se esqueceu de sua mãe? Sou um estorvo tão grande assim? Desculpem, eu choro mesmo, sinto sua falta..."
 
"Meu Deus, tenho que ir ao banheiro. Com licença, ai, será que vou ter que me humilhar de novo? Ai, filha, perdão, se eu pudesse evitar isso, você me dá uma ajudinha no banheiro? Que vergonha, meu Deus... Ai, sentei no vaso. Você vai ficar me vendo? Estou tão envergonhada! Não sei se rio, se choro, perdão, minha filha. Pronto. Você me ajuda a vestir? Eu não me alcanço mais. Que vergonha..."
 
"Deus, onde está meu filho? Filha, por favor, alguém já chamou meu filho?"
 
"MINHA SENHORA, POR FAVOR, FIQUE QUIETA, A SENHORA PASSA O DIA TODO PERTURBANDO AS ENFERMEIRAS, PEDINDO PRA CHAMAR SEU FILHO; ELE VIRÁ APÓS O ANO NOVO; ELE JÁ DEIXOU AS MENSALIDADES PAGAS E O SEU PRESENTE COMPRADO, VAMOS ENTREGÁ-LO NO NATAL; MAS, POR FAVOR, NÃO PERTURBE TANTO, A SENHORA ESTÁ NOS DANDO NOS NERVOS!"
 
"Nossa, que vergonha... Vou ficar quietinha aqui na cama. Sinto tanto frio... Me sinto só..."
 
"Que mão é essa? Quem é você? Voluntária Visitante? Veio me fazer companhia? Nossa, filha, veio gastar tempo com uma velha? Ihihihi, eu fico até sem jeito. Que coisa boa ter alguém aqui pra conversar! Como? Como era a vida na minha infância? Ah, era tão divertida! Deixe-me contar....."
 
"Já vai embora? Mas você ficou tão pouco! Ah, tem outros velhinhos pra visitar. Certo. Então fique um pouco com essa coitada aí do lado, ela está sempre chorando. (até parece que eu não...)"
 
"Nossa, já anoiteceu! Será que não vão me levar embora? Só Deus não me abandona! 'Senhor, por favor, eu não aguento mais; leva-me embora, viver assim não é viver. Quero ir para os teus braços, pois sinto-me só. Me ajude! Em nome de Jesus. Amém'".
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Dona Amélia ganhou o presente de Natal, mas não recebeu a visita de seu filho. Antes do Ano Novo ela faleceu.
 
O rapaz foi ao enterro. Ergueu um túmulo bonito, com um pedaço do dinheiro que conseguiu com a venda da casa. Ele deixara sua mãe no asilo numa tarde, para buscá-la à noite, e em três anos nunca mais voltou...
 
Dona Amélia esperou seu filho até morrer.
 
Não nos esqueçamos dos nossos idosos; eles são o que seremos amanhã. Não os ignoremos, não os joguemos em depósitos humanos, não os consideremos estorvos. Deus não terá por inocente um filho que não cuidar dos seus. Dinheiro não justificará ausência, nem tampouco carência de cuidados médicos; a presença do filho é terapia humana que abre as janelas da alma. Presença nem sempre física, mas sempre emocional e espiritual de quem dá valor e faz saber. Filho, cuide de seus pais idosos. "Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus." (Dt 5:16)
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas - Osasco SP

 


60 - BÊNÇÃOS DURADOURAS
 
Esta, porém, é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte.  (Dt 33:1);
 A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.  (Tg 5:16)
 
Quando Abraão abençoou a seu filho Isaque, ele não estava brincando de falar palavras bonitas ou dizer palavras positivas. Ele cria no que dizia e contava com um poder que ultrapassava o campo normal da vida. Deus concedera ao pai, chamado, justificado, abençoado e crente, o privilégio de desejar coisas para seus filhos.
 
Isaque também abençoou seu filho Jacó, ainda que pensasse tratar-se de Esaú. Sem levar em consideração a questão predestinadora do Senhor, a bênção foi tão poderosa, que derramou-se sobre Jacó e sua linhagem. Jacó, por sua vez, à sua grande e extensa prole, abençoou cada um dos filhos, dizendo palavras específicas, palavras de seu coração, e, em determinado sentido, proféticas. Moisés, centenas de anos depois, estendeu a bênção sobre algo mais que seus filhos, ele abençoou a nação inteira. E a bênção “pegou”. Israel, conquanto um país tão justo e tão ímpio como qualquer outro, ainda é beneficiado pelas bênçãos irrevogáveis do passado.
 
Jesus Cristo também valorizou em extremo a questão das bênçãos. Ele disse que os discípulos, nas casas onde fossem hospedados, deveriam desejar bênçãos de paz. Se as casas não fossem dignas, tais bênçãos não se perderiam, mas retornariam a eles, pois, na economia de Deus, bênçãos não se perdem nunca; elas deveriam continuar armazenadas para casas mais dignas. Que poder têm as bênçãos!
 
Tenho um exemplo pessoal para compartilhar. Fui abençoado com uma mãe magnifica, maravilhosa e profundamente temente a Deus. Jesus a levou. Mas me lembro com muita clareza, das manhãs e das noites dessa mulher idosa. Junto de seu andador ou de sua bengala, com o rádio ligado na REDE MELODIA, que ela tanto apreciava, mamãe balbuciava, com olhos lacrimejantes e cansaço nos braços, orações por nós, seus filhos, e pelas nossas igrejas. Não vi isso por alguns dias; vi isso por longos e longos anos. Quando mamãe se foi, uma enxurrada de bênçãos começou a cair sobre a minha vida e a vida de meu irmão. Tivemos a impressão de que um cuidado mais que especial estava a nos acompanhar, em nossas lides diárias, em nossas profissões, em nosso sustento. Que presença seria essa?
 
É a presença duradoura da bênção paternal e maternal, sobre os filhos tão amados! A bênção dos pais funciona mesmo! Deus ouve, aceita e armazena cada oração, cada clamor, cada súplica. Eu e meu irmão temos a impressão que não há apenas um cálice de orações de nossa mãe, mas um balde, um tacho, um barril!
 
Por isso devemos abençoar nossos filhos. Abençoar nossos irmãos em Cristo. Abençoar nossos governantes. Abençoar nossos pastores. Abençoar nossos vizinhos. Abençoar nossos cônjuges. Abençoar nossos governantes. Abençoar nossos familiares. Abençoar nossos patrões. Abençoar nossos empregados. Abençoar nossas criações, abençoar nossas lavouras. Abençoar nossas igrejas. Abençoar nosso país. Até os nossos inimigos nós devemos abençoar!
 
Que tal deixar-se flagrar em oração, não apenas por  seu filho, esposa ou marido, mas pelo próprio Deus, e também por você mesmo? E, quando flagrado, estar abençoando através da oração?
 
Que tal fazer isso agora?
 
Wagner Antonio de Araújo

 


61 - O TELEFONE TOCOU ...
 
Amigos:
Este é o meu texto mais conhecido por todos.
Ele está circulando no FACEBOOK de forma intensa.
Foi radiofonizado nos Estados Unidos pelos irmãos
Klebão e Tânia, dos Estados Unidos, podendo ser ouvido em
http://youtu.be/0mfh9YtHJ3I
 
 
 
 
 
 
Alô?
 
Alô. Luciano?
 
Sim. Quem é?
 
Não conhece mais a minha voz?
 
Não estou conseguindo identificar. Quem está falando?
 
Nossa, como foi fácil pra você me esquecer... Acho que não tivemos muito significado...
 
Nathasha?!
 
Oi...
 
Que surpresa você me ligar! Pra quem disse que queria me esquecer para sempre ...
 
Vai ofender? Eu desligo!
 
Fique à vontade, querida. Quem ligou foi você mesmo...
 
Não, espere, não vou desligar. Desculpe. É que estou aborrecida, só isso.
 
Tá. E o que você quer?
 
Nada. Eu só queria ouvir sua voz.
 
Só? Então já ouviu. Mais alguma coisa?
 
Espere, pare de ser grosso. Não, desculpe, não desligue. É que eu estou me sentindo muito sozinha.
 
Foi você quem quis assim, querida. Sorva do seu próprio veneno. 
 
Realmente você não muda. Só sabe acusar...
 
Bom, vou desligar. Tchau...
 
NÃO, PELO AMOR DE DEUS, não desligue, espere, preciso te dizer algo...
 
Fala logo, Natasha, tenho que trabalhar.
 
Eu estava errada. Me perdoe.
 
ERRADA? Você estava errada? Tem certeza disso? Será que não é um pouco tarde pra dizer isso?
 
Mas agora eu reconheço...Por favor, amor, me perdoe!
 
Agora? Depois que você acabou comigo, querida? Até hoje eu pago o mico do papelão que você me fez passar... Convites distribuídos, acampamento alugado, comida encomendada, viagem paga, meu casamento com você, tudo perdido... (Luciano suspira). Sofri, sofri mesmo. Queria matar você! Droga, por que eu tive que amar você? Mas tudo bem. Já faz dois anos... Ah, meu Deus, dois anos...
 
Luciano, pelo amor de Deus, me perdoe!
 
Pra que você quer o meu perdão? Você nem ligou pra dizer que já estava com outro cara. Pra que perdão? Vai viajar com ele, vai viver com ele, meu bem... Só me deixe em paz, por favor (Luciano chora baixinho).
 
Sem se dar conta, Luciano percebe uma pessoa na porta do escritório. Era ela. Natasha estava olhando pra ele. Ela falava do celular. Luciano fica perplexo, alegre e triste - ela está linda, belíssima, muito elegante. Mas seu rosto está abatido, cansado, doente. Na mão tinha uma sacola. Aproximou-se da mesa de Luciano, e, com olhos lacrimejantes, desligou o celular, olhou para ele e disse:
 
Oi, amor.
 
Oi, Natasha. Pare de me chamar de amor. Você tá um caco, filha!
 
Olhos baixos, Natasha começa a tirar da sacola algumas coisas: uma caixa do correio com um CD do Demmis Roussos, que Luciano havia enviado de presente no aniversário, uma boneca de porcelana numa casinha de papel, um celular pré-pago, alguns livros devocionais, uma bíblia de Genebra e um pacote de fotografias. Luciano a observava, perplexo, triste, e via as lágrimas de Natasha molharem a fórmica da sua escrivaninha.
 
Cada objeto tirado era uma facada no coração sofrido de Luciano. Algumas coisas lhe custaram caro, ele fizera grande esforço para pagá-las. Mas, pensava ele, se era pra ela, valeria à pena o esforço. Quando tudo terminara, ele se arrependera de tanto gasto desperdiçado...
 
Pensei que você havia jogado as coisas que lhe dei, Natasha...
 
Eu nunca me esqueci de você, Luciano. Eu errei. Errei muito, me perdoe...
 
Luciano, jovem advogado, lutador com as interpéries da vida, sabia que Natasha poderia estar mentindo, como tantas outras vezes, quando namoravam e mesmo quando eram noivos. Mas havia um quê de diferente no olhar vermelho de Natasha.
 
Por que você veio hoje aqui, Natasha? Deu alouca? O que te traz aqui?
 
Natasha suspirou, chorou, recompôs-se e disse:
 
Estou com câncer, Luciano...
 
CÂNCER? Luciano petrificou-se.
 
Sim, amor, eu vim me despedir. Saí do hospital à força, pra falar com você e pra morrer em casa...
 
Luciano não esperava por essa. Veio-lhe à memória uma de suas discussões, onde Natasha, na hora do nervoso, dissera: "E daí, Luciano? Que se dane a igreja, que se dane o pastor, que se dane você, e se Deus achar que estou errada, que me castigue..." Nossa, era como se a cena passasse de novo na mente de Luciano.
 
Como foi, Natasha?
 
Depois que eu deixei você, amor, fui caindo no abismo, afastei-me do Senhor, fui morar com o André, abandonei a Cristo. Eu estava cega. Mas Deus me amava, Luciano. Se eu não fosse dEle, estaria numa boa agora, bem com o André, bem comigo e pronta pra ir pro Inferno. Mas, por amor, Deus veio corrigir-me. Ele repreende e castiga a quem ama. Ele me ama, Luciano! Estou doente. Mas estou bem, porque estou podendo vir até você pra pedir perdão! Nunca fui feliz, nunca tive paz, saí de casa com 3 meses de vida a dois. O André me batia, me traía, eu fugi.
 
E ele não foi buscar você de volta?!
 
O André foi assassinado, Luciano. Tráfico de drogas.
 
Luciano estava perplexo.
 
Luciano, estou voltando pro Senhor, estou me preparando pra partir. Mas tenho que receber o seu perdão, amor! Sei que nunca irei compensar o que lhe fiz, mas... por favor... ME PERDOA, AMOR!
 
Luciano olhou para aquele resto de mulher - outrora tão orgulhosa, ostentando tanta beleza e auto-suficiência, confiando tanto em seu corpo e em sua fulgurante beleza, e agora, bonita ainda, mas notadamente pálida, enferma, cheia de hematomas nos braços, pescoço e pernas, e triste, profundamente triste, a implorar-lhe perdão para morrer em paz!
 
Cena patética! Ali estava quem Luciano mais amara na vida, quem mais o fizera sofrer, a depender de uma palavra apenas, para morrer em paz!
 
"Hora da vingança", veio-lhe à mente. Claro, agora seria a hora da revanche! Mas Luciano era um moço crente, de bom coração, e seria incapaz de reter a bênção para aquela a quem tanto amara e que, infelizmente, ainda tanto amava e tanto o fazia sofrer...
 
Quer que eu perdoe você, Natasha?
 
SIM, PELO AMOR DE DEUS, Luciano! Nunca mais tomei a Ceia do Senhor, nunca mais louvei ao Senhor com alegria, nunca mais fui membro de igreja, não agüento mais! Aceito as conseqüências, mas, por favor, diga que me perdoa!
 
Enxugando as lágrimas, refazendo-se, Luciano olhou-a no fundo dos olhos, tomou as suas duas mãos, que estavam frias como as de um defunto, e lhe disse, num terno sorriso misericordioso:
 
Querida: desde que você foi embora eu já havia lhe perdoado. Mas, se você quer escutar e sentir paz, ouça-me: EU PERDÔO VOCÊ POR TUDO QUE ME FEZ. VOCÊ ESTÁ LIVRE EM NOME DE JESUS!
 
Natasha tremeu. Gritou "aleluia", sorriu, chorou, e caiu desmaiada.
 
Logo o assistente de Luciano veio ajudá-lo, e, colocando-a no carro, levaram-na para o hospital. Luciano tinha o telefone de toda a família ainda, ligou e avisou. Em uma hora todos estavam ali na recepção, tristes, aflitos, alguns desesperados. Chegou o pastor. A família implorou-lhe que fosse até a UTI orar com ela. O pastor, que conhecia o Luciano, olhou bem pra ele, pensou, fechou os olhos em oração, e, a seguir, falou:
 
Quem tem que entrar é o Luciano. Vá lá, Luciano. Eu conheço o diretor da UTI, pedirei autorização.
 
EU, PASTOR?
 
Sim, filho. Ela é o seu amor.
 
FOI, PASTOR..
 
Não, filho. Deus o uniu a ela novamente, ainda que seja na despedida.
 
Luciano não sabia o que fazer. A família, desconsolada, chorava, mas a mãe, certa do que tinha que ser feito, empurrou o Luciano até a porta, dizendo: "Vai, filho, corre, antes que seja tarde!"
 
Ah, aquele corredor que dava para a UTI parecia não ter fim! Cada passo dado era uma lembrança: o primeiro beijo, a primeira maçã-do-amor, o primeiro jantar, o primeiro por-do-sol juntos; o dia em que viajaram num encontro missionário, o dia em que foram juntos à praia e que ele deu de presente a primeira rosa! O jantar de noivado, os telefonemas, tudo. Não sobraram recordações da tragédia, da traição, do desprezo. Na verdade quem ama guarda as más experiências numa sacola furada. E Luciano fez assim.
 
Vestido com o jaleco, a máscara e o sapato de pano, Luciano entrou. Vários boxes onde pessoas definhavam. Lá estava Natasha, no número 6. Estava no respirador artificial, cuja sanfona funciona como um pulmão e faz um barulho horripilante. Estava linda, mas totalmente ligada a aparelhos, notadamente cansada, em coma, morrendo. Luciano sentiu sua dor. Chorou. Tremeu. Segurou forte a mão de sua amada. Pensou em Cristo, que dera a vida pela noiva, pensou em Oséias, que aceitou a esposa adúltera novamente, pensou em Deus, que tantas e tantas vezes tratou a Jerusalém com compaixão. Quem era ele para não perdoar? Quem era ele para não acolher?
 
Então orou.
 
"Senhor, o que posso dizer? Minha garota está morrendo! Ex-garota, claro. Mas mesmo assim está doendo, Pai! E eu sou impotente diante de tudo isso! Essas máquinas, esse cheiro de éter e de carnes inflamadas, esse barulho infernal, meu Pai, o que posso dizer? Que deixe a minha garota morrer em paz? Sim, Senhor, leve-a para a tua glória! Eu a amo! Mas sei que tu a amas mais do que eu! Abençoa a Natasha. Em nome de Jes...
 
Subitamente Luciano pensou em completar a oração com o seguinte pedido:
 
"Mas, Senhor, se ainda houver um espaço para ela viver para ti, recuperar parte do tempo perdido, se na tua infinita misericórdia não for demais, por favor, Senhor, cura a tua serva. Ela já sofreu bastante, ela aprendeu, Senhor. Até eu, que fui o mais ofendido, já a perdoei! Por favor, Senhor, se der, devolve-lhe a vida! Mesmo que não seja pra viver comigo. E agora sim, em nome de Jesus. Amém".
 
Por favor, me avisem - disse Luciano aos familiares - , me avisem quando tudo terminar. Quero estar presente.
 
E foi embora. Tirou a tarde para viajar, seu hobby preferido: foi pra uma cidadezinha próxima, ver o por-do-sol.
 
PARTE FINAL
 
No caminho, ao longo da rodovia, seus pensamentos corriam mais que o vento: por que tudo isso estaria acontecendo? As coisas não poderiam ter sido mais fáceis? E agora? Ele, no carro, ela no hospital, a lembrança daquelas máquinas monstruosas de prolongar a vida não lhe saíam da memória... As lágrimas corriam, misturadas à poeira do vento seco do caminho.
 
Revoltado com tudo isso, parou o carro no acostamento. Encontrou uma estradinha de terra. Devagar, como a seguir um féretro, entrou pela rota dos sitiantes. Subiu devagar a montanha, encontrou um mirante. Parou, abriu a porta, e, num grito de dor e lamento, chorou. Ah, como chorou! Seu pranto escorria pela porta do carro. Os pássaros, assustados, aquietaram-se nas árvores, contemplando aquele misto de dor e revolta. Parecia que todo o mundo fazia silêncio em respeito a tanta dor.
 
Deus, por que? Por que? Por que? Por que tive que amá-la? Por que tive que vê-la? E agora, Senhor, o que fazer? E se tu a levares? O que será de mim? Eu já estava quase esquecendo, Senhor! Agora tudo volta a doer! Senhor, Senhor...
 
Cansado de tanto chorar, entrou no carro e deitou-se, estendendo o banco para o fundo. Travou a porta, colocou uma fita de música clássica e desfaleceu. Ali estava um moço de valor, que amava e que lutava entre sua vontade e a vontade de Deus.
 
Sonhou durante o sono, no delírio da febre. Sonhou estar na igreja. Viu o pastor a pregar, e, ao seu lado estava Natasha, bonita e sorridente. Lá do púlpito o pastor dizia: "Aquele que amar mais à sua mulher, mais do que a mim, não é digno de mim - palavras de Jesus!" E, aos poucos, o sorriso de Natasha foi sendo coberto por uma neblina e desaparecia. Assim acordou.
 
Assustado e cônscio de que Deus falara com ele, pôs-se a orar, dizendo:
 
Senhor, sei que é difícil, mas tenho que fazer isso. Confesso que estou revoltado, ó, Pai. Quero fazer a minha vontade, não a tua. Eu não estou conseguindo aceitar a tua vontade, caso seja a de levá-la embora! Sei que estou errado, Senhor, e sei que é isso que quisestes me falar. Senhor, sou teu servo e quero te obedecer. Se irás tirar a Natasha mais uma vez, tira-a, apesar de mim. Por mais que isso doa, Senhor, prefiro assim: não quero perder-te Senhor. Só me ajude e console o meu coração... Tu sabes o que será melhor para ela, e também melhor para mim. Em nome de Jesus, amém.
 
Voltou a dormir.
 
Toca o celular.
 
Alô?
 
Luciano?
 
Sim, sou eu.
 
Aqui é o pastor, filho. Como você está?
 
Bem mal, pastor. Mas sobrevivendo...
 
Eu orei por você, garoto. Pedi a Deus para lhe fazer suficientemente forte para renunciar, se preciso for. Você quer conversar sobre isso?
 
Pastor - disse, sorrindo o rapaz, - já o ouvi pregar agorinha mesmo no sonho, já renunciei a Natasha. Está doendo, mas estou em paz. Obrigado.
 
Ótimo. Então volte pro hospital, Luciano. A Natasha acordou e saiu do estado crítico. Ela quer ver você...
 
O QUE??? SÉRIO, PASTOR?
 
Séríssimo. Vem com calma, mas acelera, filho...
 
Não levou hora e meia e Luciano estava entregando a chave do carro pro manobrista do hospital.
 
E a Natasha? , perguntou à mãe dela.
 
Filho, corre, ela está chamando por você! Vai, filho! Deus está agindo! Eu já a vi, mas ela teima que quer ver-lhe!
 
Agora o corredor do hospital era longo demais para ele. Se pudesse, daria três passos em um, para chegar mais rápido e contemplar o rosto de sua amada. Seu coração estava disparado, pensava no que ouviria e no que diria. O suor lhe escorria pela face e as vistas estavam enfumaçadas. Correu a vestir o jaleco, o sapato de pano, as luvas e a máscara. Box 06. Lá estava ela, e três médicos palestrando. Ao olharem o rapaz, perguntaram:
 
Você é o Luciano?
 
Sim, doutor, sou eu. Por que?
 
Converse um pouco com ela. Ela gritou o seu nome por mais de meia hora e nos deixou quase loucos! Isso é que é amor! Mas seja breve, ainda não entendemos essa súbita melhora. Temos que medicá-la novamente.
 
Aproximou-se do leito. Os lábios de Natasha estavam sangrados, a boca ferida, canos haviam saído da garganta, o pescoço estava com fios, braços e pernas com soro, sondas, enfim, uma cena dramática, mas não tanto quanto na última vez. Pelo menos o respirador artificial estava desligado, e em silêncio...
 
Lu..cia..no.. me.u...a..mor....
 
Fala, querida, eu estou aqui!
 
Je..sus....veio..a..qui! Eu..vi!
 
Luciano deixou as lágrimas verterem de seus olhos, lágrimas quentes e profundas.
 
Você estava sonhando, querida.
 
Nã..ão, meu ..a..mor, Je..sus veio...me di..zer.. uma..coi..sa!
 
Um tanto alegre, mas também incrédulo, Luciano pergunta:
 
E o que Jesus lhe disse, amor?
 
Dis.se...que.. vo..cê..me ama..va e..que..es.ta...va... (cof! cof!) es..ta..va. orando lá..num sí..tio.. por..mim...e ..lu..tan..do ...para me renun..ciar..
 
Luciano gelou. Natasha completou:
 
E..le.. me..dis..se..que..a.ceitou..a.sua..or.a..ção!
 
Agora ele estava arrepiado. Não só isso, ele estava com as pernas totalmente moles e adormecidas, num misto de medo e perplexidade.
 
E sobre você, amor, ele disse alguma coisa?
 
Dis.se..pa..ra....que..eu não ...pe..casse.. de nno..vo... - Natasha adormeceu.
 
Natasha!!! Natasha!! Não morra!!!
 
Calma, garoto - disse o médico - ela só adormeceu. Fique tranqüilo, mas saia agora, temos que seguir os procedimentos necessários.
 
E assim foi.
 
Natasha saiu do hospital em 20 dias. Sem explicação convincente, os médicos quiseram impetrar a si mesmos um erro de avaliação e diagnóstico,dizendo que pensaram que havia câncer onde nada existia, mas não sabiam explicar as dúzias de exames, de biópsias, de ressonâncias e de quimioterapias feitas. Claro, grande parte da medicina desconhece o poder de Deus, a misericórdia do Altíssimo. E um câncer desaparecido tem que parecer um mero "erro médico". Mas o milagre acontecera de fato...
 
Outra tarde, fim de expediente no escritório de Luciano, Natasha de pé em frente à escrivaninha de trabalho dele.
 
Luciano, de agora em diante eu viverei cada dia como um milagre do Senhor, e viverei apenas e tão-somente para a glória dele.
 
Que bom, Natasha! Espero que você seja feliz! Orarei sempre por você!
 
Luciano...
 
Fale, querida.
 
Quero pedir só mais uma coisa.
 
Se eu puder atender...
 
Eu quero me casar com você e ser a sua mulher, a sua companheira, e servir ao Senhor ao seu lado. Eu te amo! Me perdoe por tudo que fiz!
 
Era tudo o que o rapaz queria ouvir. Sorridente, abriu a gaveta da escrivaninha e tirou uma linda boneca de porcelana, numa casinha de papelão, idêntica à primeira, presenteada quando começaram a namorar. Levantou-se, entregou-lhe a boneca, abraçou sua amada pela  cintura, trazendo-a para junto de seu rosto, e lhe disse, com um brilho jamais visto em seu olhar:
 
Eu perdôo você e quero recebê-la como minha esposa, amor. Eu te amo!
 
Também te amo, querido!
 
Não se podia descrever o que era mais bonito e brilhante; se o brilho do sol da tarde, clareando toda a sala pelas vidraças, ou se o brilho do beijo de Natasha e Luciano, ao som da mais linda música que o mundo pode ouvir: o palpitar de dois corações apaixonados. Aliás, apaixonados por Deus primeiramente, e, por causa do Senhor, apaixonados um pelo outro...
 
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O resto?
 
Bem, essa já será uma outra "PÁGINA SOLTA"...
 
 
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
08/07/2003
 
 


62 - COMEÇAR DE NOVO
Não são raras as vezes em que, em pleno meio de semana, nos encontramos tão perdidos em nossos sentimentos e compromissos, que não sabemos por onde começar. O que fazer primeiro? O que pensar primeiro? Qual coisa atrasada deverá vir antes? O que pode ficar para depois? São telefonemas, correspondências, compromissos na agenda, atividades eclesiásticas, cobranças familiares, desejos sentimentais, enfim, sentimo-nos sufocados e absolutamente perdidos, como se estivéssemos embaraçados em um bolo de linhas multicores.
 
A primeira reação é ficarmos nervosos. Tornamo-nos uma pilha de nervos. As pessoas não podem sequer pensar em falar conosco: estamos tão armados, tão carregados, que agredimos com facilidade. "Bom dia!", dizem os amigos; "Fale logo o que quer, e não me incomode!", é o que respondemos, ou o que gostaríamos de responder. O telefone toca e diz: "E aí, meu amigo, como andam as coisas?"; e nós devolvemos: "Amigo, se você não tem o que fazer, por favor, não venha atrapalhar-me!". As pessoas dizem: "Xi, hoje ele está azedo como um limão, amargo como um giló, ardente como uma pimenta..."
 
A segunda reação é o desespero. A chefia aguarda a entrega do trabalho, do relatório, da planílha, da apresentação em "power point", do fechamento do caixa. Nós não estamos nem na metade, ou, não raras vezes, nem começamos o trabalho. Então suamos frio, trememos, choramos, nem queremos olhar em nossa mesa ou para os objetos de nosso serviço. Negamos que precisamos fazê-lo. Queremos distância, sonhamos com o final de semana. Mas a realidade está ali, nua e crua: temos coisas a fazer, e não as fizemos.
 
A terceira reação é a correria. Principalmente em nosso inconsciente coletivo brasileiro: somos especialistas em deixar tudo para a última hora: a entrega do trabalho de escola, os telefonemas, a impressão dos documentos, o ensaio da canção, a compra dos presentes, o pagamento da conta, os recados necessários, os avisos em casa, tudo nós deixamos para a última hora. Então corremos. É tão comum cruzarmos com pessoas desesperadas, correndo feito loucas, nem olhando onde pisam ou por quem passam! "Oh, desculpe, estou numa correria!". Sim, dá para perceber!
 
A quarta reação é: até quando isso vai ser assim? Até quando viverei freneticamente nesse ritmo alucinante, nessa sensação de vazamento atômico no centro da cidade, ou nesse desespero de sempre estar atrasado com tudo? Será que não haverá um fim? Será que a vida será sempre assim? Será que nunca terei um ritmo diferente, um ritmo de interior, de fazenda, algo que dentro de mim corresponda à tranqüilidade de quem está dentro dos prazos em tudo? Haverá uma maneira diferente de solucionar isso?
 
Bem, não é fácil, mas é possível. Quando não sabemos nem por onde começar, então só temos um jeito de fazê-lo: é começar pela oração! Sim, começar pela maneira mais incomum em nossa prática diária. Começar orando! Nós deixamos a oração em último lugar, como um apêndice na agenda, como algo que faremos se houver tempo, se não nos atrasarmos em outros compromissos, um ato de autêntica bondade de nossa parte. Não temos a oração como início, mas como um ato-extra, muito importante, mas muito distante. E, geralmente, nos damos mal, porque a inversão de valores destrói toda a obra. Já imaginaram um construtor deixando que os cuidados com a firmeza do concreto e com a estrutura da construção só sejam analisados no final, quando até o acabamento estético tenha sido concluído? Acredito que será tarde demais, porque tudo terá vindo abaixo. Assim também conosco: estamos o tempo todo a administrar crises, quando não precisaríamos delas, ou quando elas não precisariam ser tão difíceis e acentuadas.
 
"Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei. "(Sl 5:3)
 
"Contudo o Senhor mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida." (Sl 42:8)
 
"De tarde e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz." (Sl 55:17)
 
Sim, não importa se é de madrugada, de manhã, de dia, de tarde ou de noite. Se queremos arrumar um começo para a solução de nossa crise, a solução está na oração. Quando tudo está caindo, quando tudo está confuso, quando tudo está incerto, é hora de buscar ao Senhor e achá-lo; clamar pela intervenção divina, e aguardá-la; confiar no Deus a quem amamos, e descansar. Se a crise não chegou ainda, melhor será. Se ela já chegou, ainda é tempo. E se estamos quase perdidos,  ainda há esperança, pois "sete vezes cairá o justo, e se levantará;" (Pv 24:16a).
 
Então, caros amigos, paremos um minuto, e olhemos ao nosso redor: onde estamos? Como estamos? Em que ponto nos encontramos? Do que é que precisamos? Até onde estamos seguros? Carecemos de auxílio?
 
Cheguemo-nos, com confiança, ao simbólico altar da oração, no recôndito interior de nossa alma, e busquemos com quebrantamento e confiança ao Deus que acalma tempestades e que dá um rumo certo às embarcações! Se não temos rumo, Ele imprimirá um caminho em nossa mente e coração; se não temos respostas, elas virão tão-logo derramemos sobre o altar as nossas ansiedades e preocupações; se nos faltar a paz, a encontraremos em medida tão grande, que ultrapassará todo entendimento. Mas corramos e recorramos à oração! Orar, falar com Deus, abrir o coração, dizer a Ele que não temos outro bem além dele. "Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria a vossa força, mas não quisestes." (Is 30:15). Se os antigos hebreus não quiseram, que nós queiramos, e que experimentemos "qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". (Romanos 12.2)
 

Wagner Antonio de Araújo



63 - A MORDIDA DO LEÃO
15/04/2013
 
Certo homem cambaleava na rua, chorando bem alto e gritando para que todos ouvissem:"Oh, céus, quando é que a ferida sarará? Quando é que a dor desaparecerá?". Um transeunte que com ele cruzara indagou-lhe: "Por que tamanho desespero, senhor?" O sofredor respondeu: "Não está vendo, ó homem? Fui mordido por um leão e a ferida dói intensamente; já faz tantos dias e ela não sara! Não consigo nem andar tamanho o peso dessa dor!" O transeunte lhe replica: "Mas, senhor, também pudera! A ferida não pode curar-se! O senhor esqueceu de tirar o leão de sua perna; está carregando o bicho, arrastando-o consigo!" Assustado, o homem nem percebera que o leão estava morto; tirou os dentes da perna e sentiu o alívio do peso excessivo; colocou bálsamo na ferida e logo estava bem.
 
Somos como esse moribundo. O leão está sempre a espreita, buscando morder-nos. Trata-se do ofensor. Quantas vezes somos feridos por bocas ácidas, pessoas que não poupam adjetivos para nos desqualificar! Muitas vezes as pessoas nos pagam com o mal o bem que lhes fizemos. A ingratidão é uma constante no universo e geralmente as pessoas que mais ajudamos são as que mais nos magoam e nos tratam com amargura. Acusações falsas, desprezo, insensibilidade, esquecimento, são tantas as circunstâncias! Se fossem apenas pessoas estranhas nem sentiríamos tanto dissabor. Mas geralmente as feridas vêm de pessoas que nos são próximas! O próprio salmista já dizia: Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado; nem era o que me odiava que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo. (Sl 55:12-13). Pessoas de quem esperávamos a gratidão, a amizade, a lembrança, a compreensão, a gentileza.
 
A ofensa é uma mordida de leão. Dói, sangra, fere, infecciona, aborrece. Jesus sabia que muitas vezes poderíamos enfrentar aborrecimentos e ofensas. Assim, na chamada Oração do Pai Nosso Ele nos ensina a dizer: "Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores", ou como diz na Vulgata: "Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido". O remédio para a ofensa é o PERDÃO. Cristo, ofendido pelos que O crucificavam e zombavam, exclamou: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem".  Ele também afirma: E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. (Mc 11:25). Ofensa não é para guardar ou para cultivar. É para lançar fora. Precisamos perdoar. Paulo Apóstolo afirmou: Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. (Cl 3:13)
 
O que acontece quando não perdoamos? O mesmo que ocorreu com o moribundo da fábula inicial: carregamos o ofensor conosco. Sim, o levamos na nossa memória. O fato que nos ofendeu é lembrado e relembrado inúmeras vezes. Pensamos naquilo dia e noite. Sentimo-nos sufocados e ruminamos a mesma sensação, aborrecendo-nos cada vez mais. "Por que ele me fez aquilo?", "Por que não me convidou para ir?", "Por que me tratou com tanta grosseria?", "Por que foi tão ingrato?" E então andamos o dia todo com o leão agarrado em nossa perna, com a ferida aberta da ofensa infeccionada, com os dentes do ofensor cravados em nós. Não saramos! Não temos alegria! Não conseguimos desfrutar de mais nada! A vida pára, o prazer desaparece, a felicidade está sempre distante! E como sair disso?
 
Tomando consciência de que o perdão traz libertação! A verdade liberta. Foram injustos conosco? Tudo bem, já aconteceu. Eu também sou pecador e já fui injusto com alguém. Então assim como eu quis o perdão e o Senhor me alcançou, também vou perdoar. Aliás, perdoar unilateralmente, sem mesmo que a pessoa me peça.  Perdoar quem se arrepende é mais fácil; perdoar quem não merece é muito mais difícil, mas é a verdadeira expressão de uma alma convertida a Cristo. No momento que nós perdoarmos o "leão" irá cair e a ferida irá sarar. Quando não perdoamos não somos capazes de esquecer.  Perdoar de verdade é agir da seguinte maneira: "Eu te perdôo, e toda vez que eu me lembrar do que me fizeste, também me lembrarei de que perdoei-te". Pronto! Matamos o leão. A ferida irá sarar! Porque não teremos mais a pessoa como nossa devedora. E desfrutaremos da paz de um coração purificado da amargura. Diz a bíblia: Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. (Hb 12:15)
 
Olhe para a sua perna: está doendo? Veja se não há um leão a morder a sua carne. Há? É alguém que lhe ofendeu já faz tempo? Arranque esse leão! Perdoe! Liberte-se! Deixe a ferida cicatrizar! Não carregue mais um defunto consigo. Vire a página. Abençoe o ofensor e viva um novo capítulo cheio da paz do Senhor. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. (Cl 3:15)
 
Adeus ao leão e bem-vinda felicidade!
 
Wagner Antonio de Araújo



64 - SEMEANDO SEM CESSAR
 
SEMEANDO SEM CESSAR
 
Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas.
(Ec 11:6)
 
Conta-se que determinada professora, ao deslocar-se de ônibus para sua escola, deparava-se constantemente com uma estrada feia,, sem vida e nem cores. Assim, decidiu aproveitar suas idas e vindas diárias, para desmanchar saquinhos de sementes pela janela. Passava na floricultura, comprava sementes de rosas, copos-de-leite, violetas, margaridas, lírios, e diariamente abria os saquinhos e despejava sementes pela janela. O trajeto era de pouco mais de dez quilômetros. Dentro de seis anos, período no qual ela esparramou sementes, a paisagem mudou por completo: plantas, arbustos, árvores e trepadeiras foram surgindo, florindo e colorindo toda a estrada. Pássaros traziam sementes de árvores, animais pequenos encontravam abrigo por ali, e o local tornou-se a região mais bela daquele lugarejo.
 
Somos imediatistas; queremos tudo na hora e com resultados satisfatórios. Não temos paciência. Não sabemos esperar, não conseguimos perseverar. “Tempo é dinheiro”, dizemos. Então construímos nossas vidas na artificialidade de resultados: lindos por fora, plásticos por dentro. Detesto flores plásticas a enfeitar igrejas: são belas e mortas, não representam bem o que uma igreja deve ser. Assim é a vida de quem não semeia, mas quer florir a vida: plástica e artificial.
 
Na vida profissional e estudantil, precisamos semear, e fazê-lo sempre. Temos que estudar. O saber não ocupa espaço. Temos que nos aprimorar, fazer cursos, melhorar nossos conhecimentos, aproveitar as múltiplas oportunidades. Na área profissional, temos que semear e preparar novas oportunidades, novos negócios, novos empreendimentos. Muitas vezes, quando Deus nos fecha as portas de um emprego, e não nos dá uma nova porta, pode ser a melhor oportunidade do mundo para empreendermos nossos próprios negócios. Essa é a porta que Deus estava a nos abrir, e nós não havíamos compreendido!
 
Mas na vida cristã precisamos e devemos semear a Palavra de Deus. Se alguém não tivesse feito isso conosco, certamente ainda estaríamos perdidos na cegueira da ignorância e do pecado. Foi porque alguém atirou sobre nós a semente do Evangelho, que Deus, em Sua infinita misericórdia, a fez germinar, nascer, crescer e frutificar. A pessoa que semeou não sabia se essa semeadura iria dar em alguma coisa. Ela só semeou. Benditas sejam tais mãos! Agora devemos passar adiante também!
 
Não precisamos ser pregadores. Entregar uma literatura no supermercado e no pedágio, presentear uma bíblia aos colegas de trabalho, distribuir o número de um telemensagens, fazer uma oração por um aflito, testemunhar com a vida e um comportamento digno, exibir mensagens evangelísticas numa camiseta, convidar pessoas para uma conferência bíblica ou a apresentação de um musical cristão, dar cds de louvores como presente de natal, usar os brindes da firma como meio de enviar a mensagem de Cristo, participar de cultos ao ar livre, distribuir folhetos em seu condomínio ou rua, tudo é válido. Não importa se terá ou não o resultado. Deus sabe. Deus vê. Deus abençoa. Deus está com os semeadores incansáveis da boa colheita.
 
Wagner Antonio de Araújo


65 - JESUS - UMA RESSURREIÇÃO SEM IGUAL
 
 
SERMÃO No. 64 –27/03/2005
 
SÉRIE DE CONFERÊNCIAS DA SEMANA SANTA 2005
 
SERMÃO 4 – JESUS – UMA RESSURREIÇÃO SEM IGUAL
 
 
TEXTO BÍBLICO: Romanos I Coríntios 6.14:
 
“Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder”
 

INTRODUÇÃO
 
Temos meditado, nesta série de conferências, sobre a pessoa bendita de Jesus Cristo, a quem denominamos UM HOMEM SEM IGUAL. E, na medida em que as noites passam, procuramos analisar pormenorizadamente alguns aspectos desta inaudita e augusta pessoa. Descobrimos que ele é um homem sem igual, porque sua vida foi sem igual. Seu exemplo, suas obras, suas palavras, seu nascimento, seu ministério, mensagem, sacrifício, tudo foi especial em Jesus. Também caminhamos e sentimos a sua dor, que foi sem igual. Não restringiu-se à dor física, ainda que esta fosse desumana e cruel. Seu sofrimento foi espiritual, foi moral, foi vicário, isto é, em lugar dos outros, foi representativo, e sentimos tristeza, ao saber que a dor da ingratidão continua real, mas exultamos ao descobrir que há gozo em seu coração, no instante que um pecador inconverso decide-se entregar ao Filho de Deus. Em nosso último encontro, estivemos a contemplar Jesus Cristo, pendendo na cruz, sofrendo amarga dor, e pregando, com suas últimas palavras, o maior sermão de todos os tempos. Ali, Jesus teve, em frases soltas, a maior de todas as oportunidades, para mostrar quem realmente ele era: bondoso, amoroso, dando valor ao próximo, não omitindo os cuidados com sua família, sofrendo sacrificialmente em lugar de todos os homens e completando essa obra, e, por fim, rendendo a sua alma ao Pai.
 
Entretanto, nos dizeres do Apóstolo Paulo, “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1Co 15:14). Sim, porque o ministério de Cristo, teria terminado no pior de todos os fracassos de toda a história. A nossa fé seria a fé em um homem vencido, um mero mártir de mais uma causa humanitária, um pobre ninguém, que fez nome na Palestina. Ou, então, seria mais um líder religioso, a ludibriar os seus adeptos, ou um filósofo a proclamar  bons princípios para a vida, ou, nos dizeres espíritas, uma alma iluminada, que guia os fiéis à luz.
 
Cristo, entretanto, teve algo que nenhum líder religioso, pôde ter até hoje. Nenhum vulto da história, nenhum personagem do universo, ninguém contou com um fato marcante e decisivo sobre a sua carreira: CRISTO RESSUSCITOU! Aleluia! Ele saiu da seputura, vivo, não em espírito, mas em corpo e alma, o mesmo corpo que sofreu no Calvário, foi o corpo que foi tirado da sepultura, e revestido da incorruptibilidade eternal!
 
Mas, poderiam alguns dizer, houve outros personagens bíblicos, que também ressuscitaram. Cristo mesmo ressuscitou algumas pessoas. No velho testamento, encontramos um profeta ressuscitando quando o seu corpo encostou nos ossos de outro profeta. Em que a ressurreição de Cristo foi sem igual, e o torna único e todo-suficiente para a nossa fé?
 
 
I – SUA RESSURREIÇÃO FOI CORPÓREA
 
Há uma lenda religiosa, que diz ter Jesus ressuscitado espiritualmente apenas, que o que saiu da sepultura, foi apenas a sua alma, não o seu corpo. E, pasmem os senhores, há crentes sinceros, ignorantes, que acreditam numa tal mentira!
 
Sim, Cristo ressuscitou, e foi ressuscitado fisicamente! E o seu corpo saiu transformado da sepultura. Nós sabemos que “carne e sangue não herdarão o Reino de Deus”, conforme lemos em I Coríntios 15.50. Sim, carne e sangue representam a humanidade decaída, a velha natureza, a vida que termina, que morre, que vira pó novamente. Essa natureza não terá parte nos Céus, tendo em vista que está sob a maldição do Criador, que puniu Adão e todos os seus descendentes, com a volta ao pó, de onde foi criado.
 
Entretanto, após a ressurreição de Jesus, Ele, ao aparecer aos seus onze apóstolos, vendo que pensavam ser ele um espírito, um fantasma, uma alma, uma mera aparição, ordenou: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.”(Lc 24:39). Sim, carne e sangue não herdarão o Reino de Deus, mas carne e ossos, transformados, incorruptíveis, revestidos de algo tão poderoso, que brecará todas as funções decaídas desse corpo, isto sim, herdará o Reino de Deus!
 
E Cristo saiu assim, da sepultura! Oh, graça bendita! Oh, poder sem igual! Que é capaz de tomar um corpo morto, inerte, e dar-lhe novamente a vida! Cristo não ficou na sepultura, Cristo saiu, saiu na madrugada, e está vivo pelos séculos dos séculos!
 
II – SEU CORPO RESSUSCITADO É INCORRUPTIVEL
 
Cristo, ao sair da sepultura, saiu com um corpo transformado. Observamos Jesus aparecendo em um determinado lugar, e, em seguida, desaparecendo e indo para outro, sem precisar se locomover com as pernas. Vemos Jesus comendo com seus apóstolos, ao menos em três ocasiões (com os discípulos de Emaús, com os apóstolos incrédulos e com João e Pedro, à beira do lago). Ele comeu, e, se não comesse novamente, não teria o menor problema, porque o seu corpo não precisa mais de comida!
Cristo ressuscitou com um corpo glorificado! Sua luz, sua beleza, sua perfeição, sua glória, sua capacidade, tudo em Cristo, em seu novo corpo, é perfeito!
 
Os que ressuscitaram, ao longo da história bíblica, não tiveram essa ressurreição eterna, mas apenas um prolongamento provisório da vida. Lázaro, por exemplo, depois de sair da sepultura, viveu com suas irmãs Marta e Maria, até morrer novamente. O filho da viúva de Naim, também. A menina, filha de Jairo, apesar de ter ressuscitado, veio a falecer como todas as outras mortais! O rapaz que caiu do segundo andar, enquanto o Apóstolo Paulo pregava, também morreu posteriormente. As pessoas que saíram do cemitério, no instante em que Cristo morreu na cruz, um efeito colateral do enorme poder de sua vida, certamente que voltaram a viver algum tempo, mas que, depois, chegada a hora derradeira, partiram para a eternidade novamente.
 
Cristo, não. Cristo ressuscitou, não para morrer de novo, não para ir novamente à sepultura, não para voltar a sofrer, não para nascer novamente de uma nova Virgem Maria. Cristo saiu da sepultura, vivo dentre os mortos, para viver para sempre, para ter um corpo que nunca envelhecerá, um corpo que não se machucará, que não ficará doente, que não se tornará pó, porque não faz parte mais da velha criação, do pó da terra, mas possui em sua composição, elementos celestiais, que o tornaram uma nova criação! Apenas ossos e carne guardam a ligação com a humanidade existente, mas, o recheio interior, tudo é novo, é perfeito, é maravilhoso, é glorioso!
 
III – SUA RESSURREIÇÃO PROVA SEU PODER
 
Se Cristo não tivesse ressuscitado, a morte continuaria vitoriosa, sendo a soberana sobre toda a humanidade e sobre todos os seres vivos. Se Cristo tivesse permanecido morto, então o seu poder seria limitado e jamais poderia salvar qualquer um que cresse nele. Se não teve poder para livrar-se da morte, como livraria os que nele confiam?
 
Essa é uma das inúmeras razões, pelas quais nós, crentes bíblicos, não rendemos qualquer veneração a imagens de pessoas que foram boas, religiosas, mas foram mortais, estão sepultadas. Essas pessoas não saíram da sepultura. A morte as venceu. E, se não contarem com um Salvador, estarão perdidas para sempre! Como poderiam fazer algo por nós? Como esses mortais poderiam intervir, mortos como estão? Por isso eles não são intercessores ou mediadores entre Deus e os homens, porque a morte foi mais forte do que eles.
 
Contudo, Cristo, ao sair da sepultura, vivo dentre os mortos, por conta própria, pelo poder do Espírito Santo, com a ordem do Pai, provou que é mais forte do que a morte, e pode intervir na salvação de todo aquele que crê! O seu poder não é apenas hipotético, ou seja, um poder só de palavras! O seu poder é real, é verídico, é verdadeiro, e a sua ressurreição prova isso! Por isso, nós podemos confiar em seu nome, em sua graça, em sua presença, para sermos salvos, e sermos também, um dia, ressuscitados de entre os mortos! Disse ele: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” (Jo 11:25) Cristo provou as palavras que disse, tempos atrás, quando pregava a sua mensagem: “Ninguém tira a vida de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo 10:18). Aquele que teve poder e autoridade para tomar sua própria vida, de volta, da sepultura, pode salvar a todo aquele que confiar nele, e obedecer ao seu mandamento, de confessá-lo como salvador, e segui-lo como discípulo! Que Salvador bendito!
 
IV – A SUA RESSURREIÇÃO PROVA A VITÓRIA
 
Três dias se passaram, e Cristo esteve morto, por esse tempo. Com dificuldade levantamos os dados referentes a esse período de sua vida, e são eles bastante discutidos pelos teólogos, mas de duas verdades incontestes, nós podemos ter certeza.
 
Cristo desceu aos mortos, ao inferno. Sim, é o que diz Pedro, em sua carta, (1Pe 4:6):  “Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;” Sem entrarmos em detalhes sobre essa declaração, talvez numa outra ocasião, podemos imaginar Cristo declarando, aos perdidos, que sua obra fora realizada, que os pecados estavam pagos na cruz, que a fé poderia salvar e que Satanás, o maior adversário, fora vencido para sempre! Sim, Cristo não desceu para ser punido, mas para proclamar, para anunciar a sua vitória! A sua invasão ao lugar dos mortos, e sua saída de lá, prova que só Ele, e ninguém mais, é portador da chave, pois que ninguém pode de lá sair, ao entrar. Mas Cristo, oh, bendito e poderoso Filho de Deus, entrou e saiu! Aleluia!
 
Também temos absoluta certeza, de que Cristo foi ao Paraíso, e teve um encontro com o ladrão! Ele prometera, nos instantes de agonia, àquele que suplicava que o Salvador dele se lembrasse, quando viesse em seu reino: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.”(Lc 23:43) E Cristo não mentiu! Cristo não ludibriou! Cristo não enganou! Certamente aquele foi um encontro glorioso! Lá no Paraíso (seria o velho Paraíso adâmico, recolhido pelo Pai por causa da dureza do coração humano, um oásis para aqueles que aguardam a ressurreição? Seria outro? Pouco nos importa, porque Paraíso é Paraíso!), eu creio que Cristo olhou aquele ladrão, que, naturalmente maravilhado de estar num lugar tão lindo, tão aprazível, tão real, apesar de ser pós-morte, e foi ao encontro dele, dar-lhe o abraço da amizade, o ósculo paternal ao filho que voltou ao lar paterno! Que cena inesquecível deve ter sido! O que prova, incontestavelmente, que quem dorme, quem morre, é o corpo, mas a parte real, duradoura, inesgotável de nossa humanidade, permanece viva, e em lugar específico, ou no Paraíso, ou no inferno!
 
E, quando Cristo rompe os grilhões da morte, e sai da sepultura, ele arrebenta com os cadeados inquebráveis do castigo, e declara para o céu e a Terra: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1Co 15:55)
 
V – SUA RESSURREIÇÃO ATESTA A SUA DIVINDADE
 
Nenhum mortal, por melhor que fosse, poderia ter feito o que Cristo fez! Elias foi um excelente homem, e foi recolhido pelo Pai através de uma carruagem de fogo. Mas isso ele fez por conta do Pai. Enoque, o sétimo depois de Adão, não foi mais encontrado, porque Deus o tomara para si, não que o tenha ressuscitado, mas o levou vivo para os céus. E, provavelmente, esses dois serão as duas testemunhas, ao pé do muro das lamentações, na Grande Tribulação. Porém, estão preservados, não por conta própria, mas por obra e graça do Espírito Santo.
 
Cristo não. Ele deu a vida, e ele tornou a tomá-la. Ele entregou-se à morte, e ele mesmo saiu da sepultura. A sua comunhão com o Pai é tão perfeita, a sua submissão filial é tão total, que é o Pai quem o ressuscita, mas é pelo próprio poder de Cristo que isso acontece, porque, como citamos há alguns momentos, Cristo teve poder para doar-se, e teve poder para recuperar a própria vida.
 
Que mortal pode ressuscitar por conta? Quem desafia a morte e recupera a vida? Quem pode obter a libertação da hora derradeira? Ninguém! Por isso não temos outra alternativa, outra explicação, para clarear o porque do poder de Cristo: Ele é Deus! Aleluia! Cristo é Deus! Cristo é o Senhor! Cristo é o Salvador! Cristo é o próprio EMANUEL, isto é, o DEUS CONOSCO! Ele é o Pai da Eternidade! Ele é a encarnação do próprio Criador! Esse Deus triúno, que tem três distintas pessoas, mas que nunca, hipótese alguma, se interpõem, esse mesmo Deus encarnou a pessoa do Filho bendito! E, de forma inexplicável, Ele é o retrato de Deus! Filipe perguntou: “Jesus, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!” E Cristo disse: “Estou há tanto tempo convosco, e ainda não tendes me visto?” Que maravilha! Cristo é Deus!
 
Por isso Ele recuperou a própria vida, e tem poder para salvar a mim, a você e a toda a humanidade! Cristo pode intervir no destino da sua alma! Cristo pode transformar o seu futuro! Maria jamais. José, jamais. Pedro, jamais, João, jamais. Nenhum devoto ou religioso é apto para intervir, para interceder, para salvar, para ressuscitar. Só Cristo, só Jesus. Só o Filho do Deus vivo!
 
CONCLUSÃO
 
O mesmo poder de ressuscitar-se, Cristo usará para fazê-lo ao corpo de quem morreu crendo em seu nome e em sua graça. Ele não decepcionará os que nele confiam! Aqueles que morreram em Cristo, na confiança de sua  palavra e promessa, sairão da sepultura um dia, quando Cristo voltar nas nuvens dos céus! Naquele dia, quando a última trombeta soar, quando Cristo enviar os seus anjos pelos quatro cantos da Terra, aqueles que morreram na fé, sairão vivos das sepulturas. E os que não foram sepultados? Sairão de qualquer lugar. Seja do mar, seja da Terra, seja do ar, seja do abismo, seja do espaço, não importa! Cristo, que é o criador, mantenedor e sustentador da vida, pode até das pedras tornar a trazer alguém!
 
E os trará com o corpo tão glorificado quanto o dele! Não haverá coxos, nem cegos, nem aleijados, nem queimados, nem envelhecidos, nem acidentados, nem infectados. Todos serão perfeitos, à semelhança do corpo do Salvador!
 
Amigo, hoje é o dia da sua salvação. Hoje é o dia em que você pode passar por uma ressurreição preliminar. Não a do corpo, mas a da alma. De caído e perdido, você pode levantar-se e ser salvo! A bíblia diz que os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” (Is 59:2)
 
É necessário banhar-se nas águas do arrependimento e da fé em Cristo! Jesus disse: “se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.” (Lc 13:3)
 
É necessário crer em Cristo como único e suficiente Salvador: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At 4:12)
 
É necessário ter coragem e confessar isso publicamente, sem vergonha alguma, pois Cristo não terá vergonha de confessar-nos diante do Pai: “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. (Romanos 10.9
 
Não deixe para depois. Amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo te quer libertar. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações. (Hb 3:15)
 
Fazendo isso, você terá, da parte de Cristo, UMA SALVAÇÃO SEM IGUAL.
 
Que Deus nos abençoe.
Wagner Antonio de Araújo
 
obs: o áudio desta mensagem está em
http://www.uniaonet.com/bnovas.htm


66 - DE QUE TIPO SOU?
 
 
Eis aí, no quarto de dormir, um rapaz recém-chegado da escola. Trabalhou duro até às seis, almoçou de marmita, passou quase duas horas em condução. É meia-noite e ele já tomou seu banho e jantou. Na escrivaninha um computador, um modem e a internet ligada. No monitor várias mensagens do Orkut e muitas luzes do MSN, são amigos a chamar-lhe. Ele não titubeia: deixa um recado de que amanhã responderá aos chamados. Desliga o monitor, abre sua bíblia e lê avidamente a carta aos Filipenses. Desde o início do ano ele se propôs a ler a bíblia todas as noites e marcar as coisas que mais calaram em sua alma. Seu novo testamento está todo marcado. Ele lê por 30 minutos. Agora dobra os joelhos junto ao leito. Ele ora. Está com sono. Então se levanta e ora andando. E diz: “Senhor, se eu não caminhar irei dormir, então andando falarei contigo”. E ora. Ora pela mãe, ora pelos irmãos, ora pelo trabalho, faculdade, colegas, igreja, conjunto, reavivamento. Chega a chorar quando apresenta a menina de quem gosta. Então, depois de um bom tempo ele diz amém e vai se deitar. “Em paz me deitarei e dormirei, porque só Tu, Senhor, me fazes repousar seguro”(Salmos 4.8).
 
Eis aí, na sala, uma dona-de-casa. Mulher sofrida, não tem dinheiro para pagar empregada. O marido labuta na firma e ela o faz em casa. Às vezes faz alguns salgados e lava algumas roupas para fora, mas os cuidados da casa lhe tiram as chances de ganhar mais dinheiro. Ela compensa com economia segura e sábia: consegue fazer render o que tem em mãos. Já lavou, passou, arrumou, escolheu feijões, temperou a carne, assou o frango. Ela já acordou as crianças, banhou-as, vestiu-as, colocou-as na perua que veio buscá-las. Já as recebeu de volta, deu-lhes outro banho, roupas limpas, deu-lhes brinquedos, deu-lhes janta. O esposo chegou cansado, ela o recebeu com amor, deu-lhe sua janta, conversou, arrumou as camas, viu o repórter, ligou para a mãe e a irmã, colocou as crianças para dormir, banhou-se e disse ao marido que não iria assistir ao jogo. Sentou-se na sala com a bíblia à mão. Bíblia surrada, usada, cheia de marcas do tempo, boletins antigos, cartinhas queridas, uma ou outra foto, até dinheiro havia lá. Mas também um óculos guardado no zíper da capa e uma caneta: ela lia a bíblia. Quantos versículos marcados com dizeres: “hoje precisei disto”, “desejo isso para meu marido”, “eu creio nessa promessa” , “reconheço que pequei”, etc. Lá está ela, depois de ter lido seu texto, seu devocional diário e até a lição da Escola Dominical. Junto da revista uma listinha: pedidos de oração. Muitos sinais em cada nome, registrando quantas vezes já orara por cada um. Cansada, no final da oração, cochilou e adormeceu. Seu marido a despertou gentilmente, e ela guardou sua bíblia e deitou-se em paz. “mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias” (Pv 31:10).
 
Eis aqui um pastor. Não está na cama. Não está na TV. Também não está no gabinete e nem tomando banho. Ele levantou-se na madrugada, três e meia da manhã, e foi até o quintal. Olhou as torneiras para ver se não vazavam. Foi ao quarto das filhas e verificou se estavam cobertas. Mediu a febre da menorzinha, já tinha passado. E então dirigiu-se à garagem, ao banco do seu carro. Sentou-se, colocou as mãos sobre o rosto e chorou. Sim. Chorou de soluçar. Enquanto chorava, sua mente dizia: “Pai, eu não sou suficiente para pastorear a Tua igreja. Dá-me a mão; dá-me a graça; dá-me o poder do Espírito Santo, para que o povo Te busque de fato e de verdade! Há tanta mentira, Senhor, tanta hipocrisia. Eu também tenho sido hipócrita! Me perdoe, Senhor! Me ajude a dizer não à preguiça de orar; me ajude a desligar a TV, internet e telefone quando em demasia; me ajude a amar o Teu povo e não apenas suportá-lo. Me ajuda a não medir o povo pelo dinheiro que dá, mas pelas pessoas que são: pecadoras como eu, e que precisam de forças Tuas. Renova-me, Senhor! Reaviva de verdade a tua Igreja”. Sua oração vai até às 5, quando então, depois de chorar, clamar, reclamar, lamentar, cochilar, resolve deitar-se mais um pouquinho, para então entrar em mais um dia nessa terra que o Senhor Deus lhe deu. “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, buscar a minha face e se converter do seu mau caminho, então eu os ouvirei do céu, perdoarei o seu pecado e sararei a sua terra.”(II Crônicas 7.14).
 
 Você que é jovem, você que é dona-de-casa (ou profissional de carreira), você que é pastor, você que não é isso, mas é um ser humano também lutador e com uma vida a viver,  poderia encaixar-se nessa descrição que imaginamos? Exagero, não? Ninguém é tão espiritual assim! Ledo engano! Ainda há 7 mil joelhos que o Senhor conserva pelo mundo, de gente que faz valer à pena a existência das igrejas e a pregação do evangelho. "Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou." (1Rs 19:18)
 
Serei eu um deles? Começando por mim, Deus aguarda uma resposta. Será que adoramos ao deus medíocre, de poder questionável e facilmente enganável? Ou será que adoramos ao Deus verdadeiro, que é Santo, é Justo, presente e adorado com racionalidade, espiritualidade e verdade? Pois em Sua palavra Ele diz que não quer ser cultuado por rituais ou locais santos, mas por homens quebrantados, que O reconhecem como Deus e que o honram interiormente, em espírito e em verdade. "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Rm 12:1); "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." (Jo 4:23)
 
Que tipo de crente eu sou?
 


67 - ORA
 
Quando não entenderes o porquê de tudo isso,
Quando não compreenderes como foi que a situação chegou a esse ponto,
Quando te desesperares da própria vida em função do sofrimento,
Ora.
 
Quando teu pai abandonar-te, sem dar-te chance de explicar,
Quando tua mãe não tiver misericórdia, julgando-te sem compaixão,
Quando tua esposa acusar-te injustamente, sem que tu sejas culpado,
Ora.
 
Quando teu marido não mais amar-te,
Quando teus filhos de tua casa forem embora,
Quando teus amigos, sem saber, julgarem-te sem que sejas culpada,
Ora.
 
Quando tua luta estiver tão grande,
Quando o desespero envolver teu pranto,
Quando a amargura colorir teu rosto,
Quando a solidão tornar-se teu manto,
Ora.
 
A oração é o começo, ela é o fim também,
Quando não conseguires cantar porque não sentes,
Ou não conseguires ler, porque não podes,
Nada poderá impedir-te de orar ao teu Pai bendito.
 
Ele, com fidelidade,
Jamais te abandonou;
Mesmo no desespero do teu andar solitário
Ele ao teu lado continuou.
Mesmo quando desististe de ti próprio, Ele não descartou-te
E foi contigo, passo a passo, a guiar-te, a assistir-te.
"Não entendes isto agora" disse Ele,
"Entenderás depois"
 
Se por erros cometidos, ora e pede perdão.
 
Se por mágoas infinitas, ora e abandona-as para sempre.
 
Se por dúvidas sem nexo, ora e esquece-as.
 
Se por dívidas sem fim, ora e paga-as.
 
Se por recursos que não tens, ora e pede-os
 
Se por trabalho que te falta, ora e procura-o
 
A oração é o remédio,
ela é também o consolo.
A oração consegue ir
onde a dor, a mágoa e o grito não podem.
 
Grita bem alto e não serás ouvido;
Ora baixinho e o Senhor te escutará.
 
E quando menos perceberes
Teu problema terá ido,
Teu coração estará tranqüilo
E tua mente clarear-se-á.
 
Porque quando tu oras ao teu Pai
Ele toma teu fardo para Si
Retira a dor e o peso dos problemas
E devolve-te o fardo leve e suave,
repleto de flocos de esperança
E sementes de felicidade.
 
Se nunca experimentaste depender só de Deus,
Aproveita tua dor
Aproveita o desespero
E ora.


68 - ABRE A BOCA
 
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito; abre bem a tua boca, e ta encherei. (Sl 81:10)
 
Essa expressão sempre chamou a minha atenção: “abre bem a tua boca, e ta encherei”.
 
Lá na roça, não raras vezes, vi os pássaros a alimentarem seus filhotes com alimentos armazenados em seus próprios bicos. Os bichinhos, ainda tenros, não podiam alimentar-se direito, então os pais lhes nutriam. Também criamos em casa periquitos australianos. Houve época de termos 60 aves. Que saudades dessa atividade! Mas me lembro perfeitamente que o macho comia, comia, comia, passava para o bico da fêmea, que passava para o bico dos filhotes. Às vezes a ninhada era composta de dez ou doze aves! Que lindo vê-los a deixar o ninho, filhotes de penas coloridas, já com ares de adultos!
 
Deus fala ao povo hebreu que os tirara do Egito. E isso traz à memória quarenta anos de peregrinação no deserto! Ninguém comeu areia, muito menos um milhão e meio de pessoas. Também não cultivaram verduras ou criaram gado, ainda que alguns eram ofertados em sacrifício. Não havia tantos animais para tanta gente ao mesmo tempo.
 
Então nos lembramos do “pão dos anjos”: “O homem comeu o pão dos anjos; ele lhes mandou comida a fartar.” (Sl 78:25). Era o maná, que lhes supria as necessidades muito mais que qualquer “herbalife” dos dias atuais. Eles não morreram de fome. Eles não morreram de sede. Eles morreram de velhice e de rebeldia, mas não de consequências da falta de cuidados básicos.
 
Deus diz que, se abrirmos a boca, ele a encherá. O que significa isso?
 
Significa suprimeito. Deus é supridor. Deus é providente. Ele cuida dos seus filhos. O salmista diz que, já sendo velho, nunca vira o justo desamparado ou a mendigar o pão. Recordo-me de um velho pilantra, que esmolava em minha rua. Quando soube que éramos crentes, dizia ser membro de uma igreja, mas que essa vida de pedinte viera a calhar, pois dava para pagar a faculdade da filha e levar boa vida. Ao chamarmos sua atenção, além de xingar-nos, nunca mais voltou. Claro! Ele não era um servo de Deus, mas um pilantra. Um servo de Deus não esmola. Um servo de Deus tem a família cristã, a igreja, que cuida dos que estão desamparados e necessitados. Um servo de Deus tem a oração, recurso maravilhoso de quem confia no Deus que serve.
 
Meu antigo pastor tinha dez filhos adotivos. Alimentar uma família dessas não é fácil! Um dia não havia comida. Ele então colocou todos ao redor da mesa, pratos e talheres, e deram graças pela fome e pela sabedoria e propósitos de Deus. Naquela mesma hora uma senhora tocara a campainha. Aflita, pediu para que descarregassem do carro dela uma compra de mantimentos para um mês, que Deus havia ordenado ao seu coração para fazer. Detalhe: ela não conhecia o pastor e nem a igreja. Foi embora, e o pastor nunca soube quem era ela.
 
Como diria um pentecostal amigo meu: “ÊTA DEUS MARAVILHOSO, SÔ!”
 
Abra a boca! Não, não é um dentista a falar. É Deus. E ele promete enchê-la. Não de doces, mas de alimento. Não de caprichos, mas de suprimento do necessário. Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo
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69 - AMIGOS
 
Na hora da necessidade é que conhecemos os verdadeiros amigos. E é interessante: a geografia da amizade é diferente da quotidiana: os amigos que achávamos que estariam perto quando deles precisássemos, ficaram distantes, mui longes. E aqueles que, muitas vezes, moravam tão longe, tão distantes, foram os que mais perto estiveram! Daniel e eu experimentamos isso na pele, quando internamos nossa saudosa e querida mamãe no hospital, e quando a enterramos. Quantas ligações e e-mails de gente distante, e de gente próxima também. Mas, quão surpreendente nos foi detectar a ausência de alguns que garantíamos não faltarem nessa hora!
 
Ter amigos é algo fundamental. Não precisamos ter muitos. Tenhamos poucos, mas cuidemos bem deles. Um dia alguém me disse: "Eu não tenho nenhum amigo". Eu respondi-lhe: "A recíproca é verdadeira: ninguém o tem como amigo também". Às vezes virar a mesa nos confronta com o problema: queremos que os outros sejam algo para nós. Queremos ter amigos, mas não queremos SER amigos. É bom que se saiba que SER é melhor do que TER, porque o primeiro é intrínseco ao ser, faz parte de nossa composição interior; mas o segundo pode ser apenas ilusão.
 
Alguns tem amigos porque são ricos, são bonitos, são famosos. Está aí a experiência do Filho Pródigo para não nos deixar na mão. Enquanto tinha dinheiro e pagava tudo para seus companheiros, não faltava comida, companhia, elogios, mulheres, carinho, romance, etc. Quando tudo isso acabou, os amigos foram embora. Certamente ele TINHA amigos, mas NÃO ERA amigo.
 
Ser amigo é estar presente, mesmo ausente. Não preciso que meus amigos me afoguem, vivendo em minha casa, alugando o meu telefone ou exigindo a exclusividade do meu tempo e apreço. Quem faz isso costuma afastar as pessoas de si. "Não ponhas muito os pés na casa do teu próximo; para que se não enfade de ti, e passe a te odiar." (Pv 25:17). O amigo está presente no coração, no exemplo que dá, nas orações que faz, na verdade que vive.
 
Ser amigo é ser capaz de doar-se em prol do outro. E aqui eu posso citar alguém que deixou um rastro de testemunho incalculável: a minha mãe. Ela não podia sair de casa, suas pernas não ajudavam. Outrora socorrera inúmeras pessoas doentes, sendo acompanhante em hospitais, cuidando dos enfermos em casa, fazendo a feira para quem não podia, etc. Agora, presa à casa, não podia fazer nada pelos amigos. Então descobriu um jeito: ligar para eles. Ela sabia que algumas pessoas precisavam acordar cedo. Então fazia o "serviço maternal de despertador matinal". Ligava para as pessoas (o pastor, as minhas tias, primas, membros da igreja), e as despertava com um gostoso e afetuoso bom dia, e algumas palavras de ânimo e força. Daniel e eu éramos acordados por ela. À noite, quando ia repousar, ligava para algumas pessoas, cantando uma antiga canção da TV TUPI, dos cobertores Parahyba, quando as criancinhas iam para a cama, e fazia uma oração, dando um beijo telefonal de boa noite. Essas pessoas precisavam; não pediam, mas mamãe dava. Para ela, o que Cristo ensinou era mais importante: dar, ao invés de receber. Essa era a minha mãe! Não é à toa que precisaram de dois veículos para conduzir as homenagens florais em seu enterro! Ser amigo é isso! Dar despretenciosamente, dar com amor, dar com dedicação.
 
Ser amigo é não omitir a verdade. É dizer a coisa certa, NA HORA CERTA, e do jeito certo. O amigo sabe falar as coisas. O amigo sabe dizer tudo com altruísmo, com misericórdia, com compaixão. O amigo não ilude, dizendo ao outro que está tudo bem, quando na verdade não está. Amizade exige verdade, sinceridade, honestidade. Qualquer coisa aquém disso, não é amizade; é hipocrisia. Mas tudo tem sua hora e seu jeito. O amigo sabe respeitar o tempo do outro, o momento certo para o outro. Não se constrói amizade sobre a mentira. E sobre isso eu posso testemunhar com propriedade. Tive um namoro, no passado, cuja moça não apreciava as pessoas que me eram importantes. Jovem e imaturo, decidi afastar-me dos amigos, em apreço a ela. O Dr. Roberto Cardozo, meu amigo, escreveu-me uma carta, de 12 folhas, registrando tudo o que já havíamos construído em nossa amizade, lamentando o afastamento, e dizendo que, no futuro, se eu me arrependesse, que as portas estariam abertas. Dito e feito! Perdi a namorada. Só aí acordei. E o meu amigo estava lá, pronto a perdoar-me, a dar-me a oportunidade de recomeçar. Amizade é isso!
 
Por fim, amizade é interesse espiritual. Se você é crente, então a alma, o espirito do seu amigo são coisas importantes. Você deve importar-se com a salvação dele. Há pessoas que, para preservar a amizade, nunca testemunham ou compartilham o plano da salvação. Isso é errado. Conheço muitas pessoas desesperadas, que não se perdoam por terem vivido anos e anos ao lado de um amigo, e nunca terem testemunhado de Cristo! Não convém que seja assim. Antes, devemos buscar a sabedoria e a oportunidade para compartilharmos a fé. O nosso testemunho conta muito! Se a nossa vida não bater com a nossa prédica, ou com a nossa religião, então pregar ou compartilhar valerá pouco. Mas, se formos cumpridores da Palavra, e não meramente ouvintes e observadores, teremos grande poder de persuasão.
 
Vamos cultivar amigos?
 
São Paulo, 04 de janeiro de 2006
 

Pastor Wagner Antonio de Araújo
 


70 - OBRIGADO, SENHOR, PELO "NÃO"!
23/04/2013
 
Senhor, eu venho Te agradecer. Não vim pedir nada, apenas louvar-Te pelo NÃO à minha oração!
 
Obrigado, Senhor, por não me dares o que eu pedia. Oh, Pai, como eu era imaturo! Eu tanto queria, tanto desejava, tanto buscava, mas não avaliava o quanto aquilo iria me prejudicar! Sim, Pai, pois com a maturidade de hoje pude perceber que um SIM naquela altura seria a minha perdição, o meu fracasso, a minha derrota estrondosa. Mas Tu disseste "NÃO" e hoje eu Te louvo por isso!
 
Obrigado, Senhor, por não teres me curado! Sim, Pai, pois a minha cura seria uma doença para o meu próprio orgulho! Não imaginava que estarias comigo na dor e na enfermidade, pensava que eras apenas o Deus da cura! Ledo engano! Pude aprender que o Teu poder se aperfeiçoa na minha fraqueza, e pude perceber que enquanto estava fraco Tu eras a minha força! Ah, Deus bendito, muito obrigado por me dares o equilíbrio entre o ímpeto de poder fazer de tudo e as limitações inerentes à minha própria fragilidade! O teu "NÃO" proporcionou-me humildade, cuidado, dependência e absoluta necessidade de Te buscar dia e noite!
 
Graças Te dou, Pai amado, por não me permitires casar com quem eu desejava no passado! Sim, Senhor, pois as paixões humanas são tão mesquinhas e egoístas, que não percebemos a necessidade de buscar a Tua vontade, a Tua orientação bíblica e a Tua aprovação! Quando apaixonados vivemos cegos, pensando enxergar melhor do que Tu! Oh, Senhor, obrigado por não atentares nas copiosas lágrimas que derramei, nos soluços e prantos incontidos noite após noite, quando as quimeras desmoronaram como um castelo de areia! O Teu "NÃO" foi o Teu ato de amor pela minha vida, protegendo-me de um futuro solitário, destruído e infeliz, ainda que eu pensasse o contrário. Foi o Teu "NÃO" que me trouxe a felicidade extrema nos dias de hoje, quando Tu me concedeste aquela que me faria feliz e com quem eu Te serviria. Oh, Deus, graças pelo "NÃO" das melancolias passadas!
 
Obrigado, Senhor, por não me suprires dos recursos da forma normal, usual, rotineira. Obrigado por me manteres tantas vezes com os recursos parcos e inconstantes, pelas horas de incerteza e pela carteira vazia! Foi no pão só para o dia que eu aprendi a louvar-Te pela bênção de hoje e confiar que Tu me supririas no amanhã! Obrigado pelo "NÃO" para o pagamento pelas fontes certas; isso me deu a graça de ver o Teu suprimento pelos "corvos de Elias" que não tardaram a trazer-me carne e pão, além da água fresca do ribeiro junto aos meus pés! Se Tu não permitisses que eu passasse por isso não saberia como é bom confiar em Ti e não teria testemunho suficiente para pregar aos meus irmãos! Graças Te dou pelo "NÃO" temporário!
 
Também dou graças pelo "NÃO" doído e definitivo quanto à cura de minha mãe. Tu a levaste, ainda que Daniel e eu clamássemos diuturnamente por sua recuperação e preservação! Ah, Senhor, quantos argumentos nós Te demos! Dissemos que mamãe ainda viveria para Ti, que Te daria o seu melhor, que poderia cuidar dos netinhos que viesse a ter e que nós precisávamos dela. O Teu "NÃO" foi contundente, foi fatal para as nossas emoções. Mas percebemos que com a partida de mamãe na hora certa não houve uma única página rasurada ou mal escrita em sua vida de crente, pois desde a sua conversão essa mulher foi exemplar, consagrada e deixou um rastro de luz pelo caminho. Tivesses respondido com um "SIM" e talvez ela tivesse caído nas tentações de Ezequias, o rei, que, após receber um bônus de 15 anos, colocou a perder parte de seu grande testemunho de homem bom, temente e piedoso. Obrigado, Senhor, pelo "NÃO".
 
Os Teus "NÃOs" são bênção para mim. Prefiro os Teus "NÃOS" amorosos, sábios e soberanos, do que os "SIMs" irracionais, temporários e egoístas. Por isso Te amo, Senhor, pois és sapientíssimo, gracioso e diriges a minha vida com harmonia e com segurança. Perdoa a minha imaturidade passada, quando reclamei do "NÃO" em tantas oportunidades e ajuda-me a fazer das experiências passadas um chão pavimentado para os  "NÃOs" amorosos que ainda receberei. Comprometo-me a reclamar muito menos e a agradecer muito mais!
 
Em nome de Jesus.
 
Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo

 


71 - O QUE EU FIZ COM O MEU DIA
 

Quando chega a hora de dormir geralmente pensamos se o dia realmente valeu a pena.
 
Valeu a pena ter brigado? Talvez por uma vaga no estacionamento do shopping, talvez por um lugar à fila do banco; talvez por uma divergência de opinião na empresa; talvez por uma palavra mal falada com o cônjuge; talvez por um conselho não aceito pelo filho. Quantas vezes brigamos durante o dia e quando a ira esfria nós dizemos: “não precisava ter sido desse jeito”.
 
Valeu a pena ter exagerado? Combinamos de fazer um regime e exageramos no jantar. Tencionamos não gastar tempo no videogame e, quando vimos, já gastamos uma hora na frente do monitor. Combinamos de ler a bíblia e orar, buscar a presença de Deus e agora acordamos para o fato de que nada, absolutamente nada mudou. Ficamos até altas horas na televisão, celular, computador...
 
Em um dia foi declarada a Paz Mundial no fim da Segunda Grande Guerra. Também em um dia Nagazaki foi destruída. Em um dia as Torres Gêmeas vieram ao chão; mas em um dia caíram os muros de Berlim e a liberdade política chegou para o Leste Europeu. Um dia. Ah, o que poderíamos ter feito com um dia inteirinho bem vivido!
 
Em nossa história há dias que marcaram tanto! Um passeio com a família; o dia do diploma; o dia em que conhecemos a pessoa amada; o dia da admissão; o dia da conversão e do batismo; o dia da morte de alguém que tanto amávamos. Um dia pode ser algo corriqueiro, mas pode ser também um dia mais do que especial. Pode ser mais um dia, mas pode ser "aquele dia"!
 
Diz a Palavra do Senhor: Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele. (Sl 118:24). O dia é uma dádiva, um presente, uma bênção. Desde que ele começa até o instante em que termina é um bem incomensurável; o moribundo daria toda a riqueza do mundo para comprá-lo de nós, para obter um tempinho a mais. Mas nós não podemos aumentar um côvado à nossa vida. Por isso o dia foi dádiva das mais preciosas! Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal (Mt 6:34)
 
Gastar o dia de hoje a remoer o mau dia de ontem é perder o precioso tempo. O dia de ontem não voltará. Irmãos, quanto a mim,... uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo... (Fp 3:13)
 
Gastá-lo na expectativa do amanhã é tolice e loucura, pois, como citamos, cada dia tem o seu próprio mal. Cada dia se basta. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; (Lc 11:3)
 
Cabe-nos usar o dia do jeito certo: Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças... (Ec 9:10) Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. (Js 1:9)
 
Lembre-se agora da oração do Pai Nosso. Exalte ao Senhor, dando-Lhe a glória. Louve-o pelas provisões. Peça perdão, perdoe e se perdoe. E peça a proteção divina para a sua vida. Apresente os seus amigos em oração. Deixe os seus planos nas mãos do Senhor. E descanse nele! Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; (Sl 46:10)
 
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. (Sl 42:5)
 
Tenha certeza de que o dia de amanhã será melhor.
 
Tenha uma ótima noite!
 
Wagner Antonio de Araújo
 

72 - TUDO É ESPETÁCULO - 29/04/2013
Tudo é espetáculo.
 
Um assalto é show: as câmeras filmam, mostram as agressões, o sangue, gravam os tiros, o horror, a fuga e nós, consumidores de mídia, assistimos a tudo não mais com ares de indignação, mas de expectadores.
 
Um culto é filmado. O primeiro propósito era registrar a prédica e a música. Porém hoje tudo mudou. Um grande auditório torna-se multifacetado: câmeras de diversas posições flagram as lágrimas do povo, as mudanças de posição nos instrumentos de corda, as caras e bocas dos que oram, cantam, tocam ou dirigem, os flagrantes de espiritualidade, os discursos, as propagandas. O culto tornou-se um show.Alguns assistem para adquirir conhecimento; outros, pela crítica; ainda outros para satisfazer a consciência pelo culto perdido em sua própria igreja.
 
O carro na estrada filma a viagem. É um vídeo contínuo, com direito aos sons de dentro, do rádio, da voz, do celular, do painel, dos buracos por onde passa. Filma as infrações, filma as discussões, filma as colisões. Editados, tornam-se campeões de audiência para um público ávido por acidentes, de preferência fatais, um mais violento que o outro. Tornam-se astros de "vídeos incríveis" ou cenas cômicas de "videocassetadas".
 
O amor virou mídia. Câmeras indiscretas filmam a privacidade do leito conjugal, gravando filmes impróprios para quaisquer terceiras pessoas. Contudo, para que filmar isto? Certamente para que algum flagrante possa escapar da vigilância do "prudente casal" e tornar-se alvo de desejos incontidos ou elementos para detetives e processos judiciais de divórcio. Não há limites para o público e o privado; aliás, nada mais é privado, pois até os banheiros possuem câmeras e algumas no próprio sanitário...
 
As pessoas viraram perfis nas redes sociais. Quem não tem facebook não existe; quem não tem twitter não diz nada. Quem não se cadastra com e-mail e celular não faz parte do mundo. Ainda depois de morto alguém continua sendo alguém se existir alguma página, blog, identidade em rede social ou twitter em seu nome. Os consulentes estão pouco ligando se são as pessoas verdadeiras a falar; tudo o que vale é o "avatar", o ícone, o símbolo, o sucesso gerado pela audiência.
 
Que mundo é este? Um mundo ridículo, de uma geração má e perversa, que vive um estado de imbecilidade de hiena e de maldade ontológica, buscando o horror a qualquer preço. Os grandes formadores de opinião (Hollywood) ensinam e propõem cenários de violência, onde o sofrimento e a morte geram sites de audiência que ganham fortunas com as vítimas, e então, depois da pedagogia da desgraça aparecem em vídeos de campanhas contra a tortura e os maus tratos. Que mundo é este, que filma tudo e a tudo transforma em espetáculo?
 
É um mundo de horror, sem beleza nem ternura, sem o subentendido ou o imaginário. É um mundo explícito de manifestação de todo o mal residente no coração e na mente humana, de um ser corrompido pelo pecado. A mídia imediata de comunicação (telefone, celular, internet, satélite, TV etc) tornaram imediatas as manifestações e os compartilhamentos. Como nós damos o que temos, então o resultado é esse: um mundo de terror visual, auditivo, sentimental.
 
Acabou o tempo da poesia, do descrever em versos o que o coração sentia. Ah, belos tempos, onde olhares trocados diziam coisas e os rostos em rubor denunciavam a compreensão! Atos de amor, pronunciamentos elegantes, desejo de conhecer o longínquo, a sensação da descoberta de novas terras, culturas, pessoas, países, tudo isso ficou no passado. Antes havia conhecimento limitado para inteligências aguçadas. Hoje há excesso de conhecimento para mentes raquíticas, preguiçosas e adestradas para o mal.
 
Onde tudo isso acabará? Falta ainda algum limite de privacidade a ser rompido? Terá algo que ainda cause vergonha a alguém? Se os homens não acordarem para o mal propagado estarão condenados a se destruírem. Mas, o que digo eu? Isto é tudo o que o homem conseguirá: destruir-se a si próprio, queimando dentistas trabalhadoras, degolando o pescoço de moças, explodindo panelas de pressão nas maratonas ou espirrando gás venenoso sobre populações inteiras.
 
Talvez seja a chegada do tempo do fim. O juízo divino virá e pode ser que a montagem do cenário esteja quase completa: um mundo jazendo no maligno.
 
Contudo, ainda há um lugar sem câmera, sem microfone, sem filmagem, sem acesso às redes sociais: é o coração contrito a buscar a Deus no recôndito do seu quarto (que pode ser na montanha, na praia, no mato, na cidade, na multidão ou no deserto). É o "entra no teu quarto e fica à sós com o teu Deus". É o lugar da oração. Sim, neste ainda há privacidade. Deus e eu, e mais ninguém. Mas tem sido um local tão pouco frequentado! E, conquanto impopular, ainda é o melhor lugar do mundo!
 
Com licença, que estou indo pra lá.
 
Wagner Antonio de Araújo
 

73 - PALAVRAS MEDICINAIS
 
Certa feita o Senhor Jesus Cristo falou: “pelas tuas palavras serás condenado, e pelas tuas palavras serás justificado” (Mt 12.37). Tal juízo é sobremodo maravilhoso, porque não tem apenas um sentido escatológico, para o fim dos tempos, mas possui também um caráter presente, atual, dia após dia.
 
Nós somos o que falamos. Em Provérbios 23.7 nós encontramos a afirmação: “Aquilo que ele pensa, assim ele é”. Nós encarnamos as idéias que temos de nós mesmos e do nosso futuro. “Faça-se conforme a sua fé”, frase costumeira do Salvador (Mt 9.29), é real e atual, devendo ser usada hoje, já!
 
Portanto, temos que tomar conta de nossa boca (e de nossos pensamentos também, porque não é apenas o que dizemos com os lábios, mas o que dizemos em pensamento também). O Salmista diz: “coloca um vigia nos meus lábios” (Salmos 141.3).
 
Se nós pensarmos em coisas boas, elas terão solo fértil para acontecer, o que não significa que deixaremos de passar por provações e lutas. O apóstolo Paulo diz, em Fp 4.8: “Ocupem o pensamento de vocês com coisas boas, louváveis, elegantes, virtuosas, puras e justas.” Mente sã, corpo são. Mente bem ocupada, dia a dia bem vivido.
 
Há palavras medicinais que podem operar maravilhas em nossos corações! Precisamos aprender a usá-las e aplicá-las. Afinal, a tendência da carne, pecaminosa, sofrendo a influência do maligno, é para a depressão, para a derrota, para o fracasso, para a tristeza, para o desânimo. Jesus afirmou que veio nos trazer vida, e vida com abundância (Jo 10.10).
 
Eu, particularmente, se deixado ao léu da minha mente, dos meus traumas (e quem não os tem?) e do meu coração, tenho a tendência de entrar em tristeza e depressão. Como combato e venço tais situações? Com palavras medicinais. A seguir, algumas que me ajudam e me fazem “mais que vencedor por aquele que me amou”, conf. Rm 8.37:
 
Pensamento: “EU PERDI”. Remédio: “Eu sempre sou conduzido em triunfo porque estou no centro da vontade de Deus. Logo, não perdi, eu ganhei!” (cf. II Co 2.14; 12..10).
 
Pensamento: “FUI ENGANADO”. Remédio: “Todas as coisas contribuem para o meu bem, Deus permitiu essa tristeza para que eu amadurecesse, e nada poderá me abalar, porque sou como o Monte de Sião" (cf. Rm 8.28; 5.4 e Salmo 125.1).
 
Pensamento: “VOU DESISTIR”. Remédio: “Jesus disse que aquele que perseverar até o fim será salvo, logo, também salvarei esse projeto com perseverança; em nome de Cristo eu salto muralhas, conquisto exércitos e tenho uma mesa preparada na presença dos meus adversários. Eu já venci!” (Cf. Mt 24.13; Salmo 18.29; Mt 23.12; Sl 23.5)
 
Pensamento: “FUI INJUSTIÇADO”. Remédio: “O Senhor é quem pleiteia a minha causa, eu estou do lado do bem e da justiça; não há causa perdida para aquele que confia no Senhor; se alguém me lesou de um lado, eu receberei do Senhor muitas vezes mais por outras fontes”. (Sl 43.1; I Pe 3.13; Pv 11.18)
 
Pensamento: “TENHO MEDO”. Remédio: “O medo é uma forma maquiada de orar; assim, se eu temer, estarei desejando o que temo. Portanto, nada temerei, pois Jesus mandou eu não ter medo. Não estou sozinho, Cristo está comigo, e pela fé eu já contemplo a vitória, sabendo que a vontade de Deus prevalecerá. O meu amor é perfeito e já lançou fora todo o medo.”  (Mt 17.7; Mc 11.24; I Jô 4.18).
 
Bem, estas são as palavras medicinais que eu uso. Há muitas outras. Mas eu lhe sugiro que escreva as suas. Baseie tudo na Palavra de Deus, pois é ela que é viva e eficaz, e seja alguém cheio de vida e sucesso!
 
Wagner Antonio de Araújo,

74 - TÍTULOS VAZIOS
 
 
Recebi há pouco uma carta, convidando-me para um congresso em certa igreja. No bojo do convite estava escrito: “Você não deve e não pode perder o evento, porque não serão simples pastores a ministrar a Palavra e a oração, mas bispos, profetas e três apóstolos!”
 

Pensei comigo: já vi esse filme antes. Quer dizer, ver eu não vi. Eu li.
 
Conta-nos a bíblia, em Lucas 22.24-27, que os apóstolos estavam discutindo e polemizando no dia em que Jesus celebrava com eles a Ceia. Era um momento de extrema solenidade e grandioso significado. E em quê estavam ocupados? Em saber quem era o líder, quem era o maior. Jesus afirmou-lhes categoricamente: “Entre vós não será assim, antes o maior entre vós seja como o menor, e quem governa como quem serve”. (v. 26).
 
Em outra ocasião, quando o Senhor fazia o célebre sermão contra os fariseus, declarou em alto e bom som: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.” Isto está em Mateus 23.8-10.
 
Ou a minha bíblia está desatualizada (há tantas bíblias ao gosto do freguês hoje em dia, não é mesmo?) ou então a igreja evangélica brasileira entrou por uma estrada altamente perigosa. Jesus disse: “Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo. Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado”. (idem, 11 e 12)
 
É que hoje vivemos a realidade defeituosa da “qualidade total”, dos projetos megalomaníacos de ostentação de números e poder em várias de nossas igrejas. É a sedução dos números e a sedução dos poderes.
 
Para demonstrar o poder de Deus apresentam um relatório do número de pessoas que as freqüentam. E, para deixar mais oficial ainda, hierarquizam os ministérios, nomeando pastores simples, pequenos líderes de igrejas insignificantes, até os grandes apóstolos, detentores de maior poder e maior unção. Meu Deus, a que ponto estamos chegando! Por tantos anos lutamos contra a igreja institucional, a igreja-hierarquia, o romanismo, e agora estamos fazendo pior ainda, porque, não raras vezes, os chamados “apóstolos” não possuem qualidades espirituais, intelectuais ou morais nem para serem obreiros! É tão fácil virar apóstolo hoje em dia!
 
Só fico pensando: o que virá, depois de apóstolo? Sim, porque haverá uma hierarquia, isso está no ser humano. Será superapóstolo? Será querubim? Ou então será o semideus? Meu Deus...
 
Eu sou um pastor. E o que me faz maior ou melhor que meus irmãos? Nada! Eu sou igual a eles, só recebi do Senhor uma incumbência, uma responsabilidade, e sou duas vezes responsável: responderei pelo que vivo e também pelo que ensino. Mas sou um irmão, e só isso! Respeito o bispado das denominações historicamente episcopais. Mas atualmente a questão não é essa. O que transforma um pastor num bispo, nos novos cultos evangélicos, tem mais a ver com abrangência, carisma e coleta, do que com administração. “Arrecadam mais, ajuntam mais gente”. E onde está escrito que deveriam ser apóstolos quando alcançassem esses alvos?
 
Hoje, ser pastor parece não ser mais suficiente. Missionário então, só os remanescentes. Agora a moda é apóstolo, mesmo que não tenham sido testemunhas oculares do ministério de Jesus. Aliás, foi tão difícil achar um substituto para os doze, votaram em Matias, quando talvez Paulo devesse figurar entre eles, e agora temos verdadeiras fábricas de apóstolos.
 
E o que eles têm de diferente? Dizem que são mais ungidos, que manipulam as forças espirituais com maior autoridade, etc. Claro: o pretexto é a abrangência do significado da palavra: missionário, fundador de trabalhos, pioneiro, etc. Ou então as novas profecias que vão aparecendo, recomendando a ressurreição e restauração do "ministério apostolar". E assim vamos caminhando, apostolando a igreja evangélica.
 
Que Deus nos ajude a voltar às páginas da bíblia! Vamos parar de encaixar pessoas no versículo que cita “apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres” e vamos começar a ter a humildade de dizer: “sou só um servo do Senhor, e nada mais”. Paremos de ofuscar a beleza de Cristo com a feiura da vaidade humana! Paremos de nos autopromover, sob o pretexto da espiritualidade, e vamos fazer valer o nosso título de cristãos!
 
Ministros: sejamos só irmãos, só pastores, isso já basta. Que Cristo cresça, e que nós diminuamos! Seja Deus engrandecido, e que o Espírito Santo nos ajude! Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo, irmão em Cristo, chamado para servir como pastor no rebanho de Deus.

75 - DE VOLTA À SALA
 
October  11   2006
DE VOLTA À SALA
 
 
Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe. (Pv 1:8)
 
 

Imaginemos como era uma família, às oito da noite, no início dos anos vinte. A mãe tecia ou bordava na sala, ou então preparava quitutes no fogão à lenha. O pai, com um livro à mão, desfrutava de uma leitura, ou, tomando o violão, cantava mil toadas,  com seus filhos atentos, encantados. Quando a noite era quente, saíam para a varanda, ou para a calçada, sentando-se no banco ou nas escadas da varanda. As crianças brincavam de bicicleta, patinete, bolas de gude ou tômbula, enquanto as meninas divertiam-se com suas bonecas ou brincadeiras de roda. Os compadres e comadres, os vizinhos, reuniam-se para cantar ou contar “causos”, e assim a família vivia em paz. As notícias vinham dos jornais, pois não havia rádio nem tv. Geralmente uma moça sabia tocar piano, e não era raro trazer-se para casa “a última canção de Zequinha de Abreu”. Nove horas, era hora da criançada ir para a cama. E às dez os adultos também iam dormir. O dia começava cedo, mas esses momentos em família nunca eram esquecidos.
 
 
Hoje, uma família, século vinte e um. O garoto está no playstation, jogando o último "game"  da Nintendo. Nos ouvidos, um fone para ouvir seu MP3. A garota, com o celular e a câmera ligados, ouvindo as últimas fofocas e descobrindo a última moda das “patricinhas” ou "hit" do RDB. A esposa ainda não chegou do trabalho; ela ainda passaria na creche, para pegar o bebê. O marido tomou seu banho e foi para a sala assistir ao jogo do seu time, na TV à cabo. Talvez à meia-noite todos estejam em casa, mas só se comunicarão via “geladeira”, nos múltiplos recados deixados embaixo dos ímãs sobre a porta. “A comida está no microondas”, “amanhã tenho prova, vou chegar tarde”, “a conta de luz aumentou, precisamos dar um jeito”, “vou levar o bebê para a vacina amanhã”, "você trocou de celular?", etc.
 
Os meios de comunicação instantâneos transformaram a sociedade. Hoje nos comunicamos mais com quem está fora, do que com quem mora conosco. Somos mais íntimos do ator da novela das oito que de nosso pai, esposa ou filhos. Conhecemos melhor as preferências do dono da Microsoft do que o caráter e o temperamento do próprio filho. Acredito que muitos de nós são grandes estranhos, morando na mesma casa, mesmo tendo o mesmo sangue nas veias.
 
Precisamos voltar à sala. Famílias cristãs devem se reencontrar junto de si. Acredito que está na hora de desligarmos um pouco a TV e outras parafernalhas eletrônicas, e retomarmos nosso contato com a família, no horário nobre. Aliás, a maior nobreza de um horário é que ele é nosso, da família. Precisamos resgatá-lo. Precisamos nos ouvir, nos falar, precisamos voltar a ser pais, a ser mães, a nos sentirmos filhos, a sermos aconselhados, a recebermos limites, amor e atenção. Precisamos voltar a cantar e a tocar sem um cd ou um mp3. Precisamos rir e chorar, dar e pedir, exortar e admoestar, em família. Precisamos voltar à sala do século passado. Nossa família ficou por lá, e  seu resgate é fundamental. Se resgatarmos a família, resgataremos o nosso futuro, o nosso país e o nosso mundo.
 
Então voltaremos a ouvir a nossa mãe, ouvir o nosso pai, conviver com nossos irmãos, decidir a vida em família, e teremos Deus do nosso lado. Foi Ele quem idealizou a família, e até hoje não decidiu dissolvê-la. Resgatemos essa bênção!
 
Wagner Antonio de Araújo

76 - UM VELHINHO, UM VIOLÃO
 
Mais uma daquelas tardes geladas do outono paulista, onde o vento empurra nuvens cintilantes de extrema altura, e move os cabelos das lindas morenas da cor de Madalena.
 
E eu,
ansioso,
cansado,
desesperado,
animado, saio correndo pelos shoppings da cidade,
procurando,
caçando,
garimpando,
observando,
preparando minha viagem.
 
E eu,
atrasado,
suado,
esquecido,
esfomeado,
estonteado,
consigo comprar o que o pouco dinheiro permite,
e decido correr,
ir em frente,
subir,
navegar,
acelerar,
buscar o que me falta na avenida que tem a cara de cada paulistano, de cada um dos incansáveis trabalhadores que se saúdam com um corrido "estou com pressa, a gente vai se falando".
 
E eu,
inconformado,
enfurecido,
nervoso,
afoito,
procuro um estacionamento para o meu velho astra descansar. Deixo o carro nas mãos incansáveis dos operários da comodidade,
enquanto ando,
corro,
paro,
ouço,
olho,
tremo, ambientado com os sons da minha cidade:
carros freando,
buzinando,
motoristas berrando,
xingando, pedestres discutindo,
atravessando,
correndo,
pulando.
 
E eu,
curioso,
admirado,
estupefato,
impressionado, sinto algo diferente em plena tarde de correria e multidão.
O que seria?
Um gás?
Uma luz?
Um perfume?
Um odor? Procurei por todos os lados.
 
Parei no meio da multidão
e olhei
para cima,
para a direita, rumo ao Paraíso,
para a esquerda, caminho da Consolação,
para frente, de fronte à Nove de Julho,
para trás, do lado do Ibirapuera.
 
E eu, impressionado, encontrei o que buscava:
um idoso,
com uma caixa de som,
com três pequeninos autofalantes,
sentado numa cadeira, exibindo aos transeuntes um cd, desses que se vendem em cada esquina.
 
Mais um pirata urbano.
 
Mas, aquele aroma,
aquela fragrância,
aquele som, estava acalmando quem passava;
trazia à memória um pouco da ternura perdida nas buzinas,
um pouco da poesia desaparecida no trânsito,
aquele som estava medicando o estresse de quem ouvia.
 
E eu, como sempre, buscando descobrir novas coisas, mesmo atrasado, cheio de coisas a fazer, parei para ouvir.
 
E que som mavioso,
que música encantadora,
que lenitivo,
que tranqüilizante!
 
- Boa tarde, senhor. Que cd de violão é esse? O senhor que toca?
 
- Não, mas é alguém que amo muito: meu filho Diógenes.
 
Seus olhos vermelhos e cansados brilharam ao falar do filho. E, como sou eternamente sensível à paternidade, parei, olhei e senti.
Que orgulho,
que respeito,
que honra,
que felicidade!
Ter um filho artista,
arteiro,
artesão,
ator,
 doutor,
tocador!
 
Descobri que o Sr. Gérson estava a vender os CDs do filho.
 
Pensei que seria uma coisa banal,
comum,
sem qualidade,
de um pobre artista sem público,
sem beleza,
sem futuro.
 
Confesso que comprei. E comprei pelo brilho no olhar do Sr. Gérson. Mas também pelo bem que me fez na estressante tarde paulistana, um dia antes de zarpar para meu destino lusitano.
 
Ah, como me enganei!
 
Eu,
enganado,
ludibriado pela desconfiança,
cheio de preconceitos contra o cd do Sr. Gérson,
descobri uma verdadeira e legítima obra de arte, algo digno das mais requintadas platéias e apto a rodar nas rádios mais importantes da cultura brasileira.
 
Uma pepita de ouro,
um diamante,
uma luz em meio às trevas artísticas.
 
Então eu,
cheio,
repleto,
transbordando,
desesperadamente coloquei-me a escrever esta crônica urbana,
e encaixei um pedacinho da música que me curou nesta tarde, curou-me do vício de esquecer-me que, acima de tudo, há uma paz que emana da alma em harmonia, que se deixa envolver pela doce e maravilhosa melodia da vida, e permite-se voar como um pássaro no céu azul da existência.
 
Quanto mais se essa alma já souber seu destino e paradeiro,
quanto mais se seu porto for certo e garantido,
se tiver a alegria de voar aos céus,
não o azul do outono paulista,
mas cintilante, do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo.
 
Apenas uma tarde.
Um velhinho.
Um violão.
A Avenida Paulista.
E uma criança encantada!
 

São Paulo, capital, tarde fria de outono, maio, 9, 2006
Wagner Antonio de Araújo


77 - SERMÃO: UNIDADE NA DIVERSIDADE...
(texto fictício)
 
Amados irmãos
 
Hoje quero falar sobre o assunto UNIDADE NA DIVERSIDADE
 
A base da minha meditação é o texto bíblico de João 17: "que todos sejam um ... para que saibam que tu me enviaste".
 
INTRODUÇÃO
 
Não há manifestação mais bela ou mais linda do Reino de Deus do que a UNIDADE DO CORPO DE CRISTO. Sim, unidade não significa IGUALDADE. Somos parte de um corpo, cada um de nós exerce o papel de membro desse organismo. Diferentes, mas necessários. Que maravilhosa é a unidade do povo de Deus!
 
I - UNIDADE ACIMA DA FÉ
 
Como cristãos somos originários de várias ramificações eclesiásticas. Alguns crêem na Trindade, outros não. Alguns crêem no Inferno e no Céu, outros não. Alguns crêem em línguas estranhas, cura, profecia e revelações, outros não. Alguns crêem que Jesus é Deus, outros não. O que importa a fé quando a unidade é que expressa a verdadeira manifestação do Reino?
 
Jesus disse: "que todos sejam um". Todos inclui a todos, não deixa ninguém para fora. Por isso os cristãos devem celebrar e bendizer a Deus pela unidade que possuem em Cristo. Não importa a fé que tenham, não importa as interpretações que dêem aos textos bíblicos, não importa a linha teológica que sigam. O importante é que manifestemos UNIDADE em amor, unidade em serviço, unidade em celebração. Aleluia!
 
II - UNIDADE ACIMA DA BÍBLIA
 
"para que saibam que tu me enviaste". Se há algo desgastante no meio do cristianismo é tentar provar a fé nas Escrituras Sagradas. Sim, elas são importantes, mas a unidade é mais importante do que a Bíblia.
 
Se para ter unidade, harmonia, eu tiver que entender o meu irmão que crê diferentemente de mim, amém! Se eu tiver que suportar conceitos com os quais eu não concorde, amém! Isso é prova de maturidade e prova de que não somos donos da verdade. A Bíblia é importante, mas a unidade é muito mais! E afinal, quem garante que realmente a Bíblia é a verdade?
 
Por essa unidade eu posso tomar a Ceia do Senhor com católicos e com pentecostais. Posso louvar com adventistas e com mórmons. Posso anunciar o Reino com as Testemunhas de Jeová ou celebrar o amor com os Meninos de Deus. E todos se amarão profundamente, pois o propósito de Cristo no mundo foi unir, "para que todos sejam um".
 
III - UNIDADE ACIMA DA CONSCIÊNCIA
 
Geralmente há um quê dentro de nós que custa a unir-se com os demais. Essa voz interior é o PRECONCEITO, é a famigerada herança cultural que nos foi transmitida pelos missionários pioneiros, ignorantes da verdadeira motivação do Reino de Deus. Essa voz nos faz sentir mal com pastores gays, com grupos radicais, com ministério pastoral feminino, com um cristianismo livre e solto, sem preconceitos.
 
Então temos que dizer à nossa consciência: Cristo é maior do que você, consciência; cale-se e una-se em Cristo! Ah, isso nos fará experimentar "a liberdade com que Cristo nos chamou!" Que coisa bela é poder eliminar de dentro de cada coração o nojo, o preconceito, o sentimento de superioridade, o moralismo, a bobagem da santificação física ou mental. Precisamos nos abrir para o novo mover de Deus, o mover da unidade! Onde há o Espírito de Cristo ali há liberdade!
 
CONCLUSÃO
 
Chegou a hora de darmos a mão! Batistas de todas as tradições e preconceitos, com católicos e pentecostais de todas as vertentes. Presbiterianos com metodistas, Mesa Branca com Kardecismo, Fundamentalistas com igrejas unidas! É preciso unir, lançar fora as diferenças, gritar para que o mundo incrédulo escute: JUNTOS SOMOS MAIS! Com isso os não-cristãos verão que somos a maior força do universo e verão Deus em nós!
 
Na unidade em Cristo mostraremos Deus ao mundo. Tradicionais, pentecostais, fundamentalistas, católicos, espíritas, gays e congêneres, todos devem celebrar em toda a parte a unidade que temos no Senhor Jesus Cristo.
 
E viva a unidade!
 
 
Pastor Rolando Caio da Rocha
Congresso de doutorado em teologia inclusiva do
Centro Acadêmico Trinta de Fevereiro, São Paulo, Brasil,
31 de abril de 2013
 
 
(???)
 
Não. Não enlouqueci. O mundo enlouqueceu. Os nossos líderes teológicos estão produzindo este sermão.
 
Não se espantem se um sermão desses aparecer em breve em nossas mídias. Ele está sendo esboçado nas nossas convenções, em nossos congressos, nos blogs livres e escancarados, nos ministérios independentes sem compromisso histórico e na vulgarização do termo "cristão" e "evangélico".
 
Obs: Esse texto é fictício, é falso.
 
Wagner Antonio de Araújo



78 - DIVAGAÇÕES PÓS-TUDO - LEMBRANDO DE ELZIRA BONFANTE - No. 01
 
Como o dia das mães aproxima-se, quero recordar-me dos dias difíceis, quando da morte de minha mãe. Foi um período de dor intensa e de reflexões emocionais profundas.

 
Vou rememorar isso até sexta-feira, publicando textos desse período.
 
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07 DE DEZEMBRO DE 2005
 
Não consigo dormir.
 
Dormi durante a tarde, à custa de remédios, enquanto mamãe era homenageada em velório e enterro. Uma decisão do meu irmão, querendo preservar-me de mais sofrimento, uma vez que passara a madrugada e o princípio da manhã junto ao caixão, e não suportava mais tanta dor, ausência e solidão.
 
O que dizer? O que falar? É como se o mundo não tivesse mais cores, os sons não tivessem mais ruídos audíveis, como se o ar não fosse mais suficiente e o tempo não significasse mais nada. Viver, morrer, nada mais faz sentido.
 
Quanta história esses 16 dias de UTC do Hospital São Joaquim da Beneficência Portuguesa, reservou para nós! Coisas que certamente esqueceremos, com o passar dos anos, mas que aconteceram, e isso não se pode negar.
 
A internação de mamãe. Na cama, quase afogando-se, enquanto os bombeiros chegavam para removê-la, ela disse à Milu: "Cuida bem do Wagner e cuida da casa". Depois, ao chegarmos ao hospital, e removê-la para a tomografia, após sair, suas últimas palavras à minha prima Leila: "Eu te amo", e já não disse mais nada. A hora em que meu irmão Daniel chegou do Rio de Janeiro, junto com seu sócio Renato, e o desespero de ver minha mãe à beira da morte.
 
Os dias se seguiram, e o mundo praticamente parou em nossas mentes. Não vimos mais jornais, noticiários, não sabemos mais o que aconteceu no planeta. O nosso planeta era mamãe, e ela estava sofrendo. Vê-la entubada, pela primeira vez, foi a morte para nós. Meu Deus, ela dormia "tranqüila", se é que se pode chamar esse tipo de sono de tranqüilidade. Visitas ao meio-dia e às dezoito horas. Cada médico plantonista com um jeito diferente de falar: uns, dando muita esperança, dizendo que houve melhoras nos rins, nos índices de glicemia, no sangue, nos órgãos, e que diminuiram a medicação e a respiração mecânica. No outro plantão, tudo caía por terra, porque agora ela estava cada vez pior. E na manhã seguinte, num eterno círculo vicioso, melhoras e pioras se sucediam.
 
Lembro-me quando, junto de meu irmão, vimos mamãe começando a acordar. Seus olhos se abriram. Mas eram olhos diferentes, grossos, com a parte branca engrossada. Seu rosto ficou vermelho e ela tentava tirar os canos. Acalmamo-la, mas nosso desejo era ajudá-la, arrancando tudo. Seríamos presos, se o fizéssemos. Alguns parentes também viram minha mãe assim, chamando (imaginaram que fosse) "Jovê", "Nina", a sua irmã mais velha e mais doente, que sofre com enfermidades longas.
 
Lembro-me do dia em que uma frente fria passou aqui por São Paulo. Aliás, o tempo aqui na capital está tão triste, o sol não se firma, também não há estabilidade, parece que a Natureza chora mamãe. Nossa mente faz associações que lhe confortem e consolem, não é mesmo? Bem, naquela tarde, após vê-la, meu irmão iria embora. Então eu disse a ele que passaria a madrugada no hospital. Ele perguntou-me: "você acha que ela irá morrer hoje?" Eu disse: "Não sei, mas tenho que ficar por aqui, disso eu sei". E fiquei. Primeiramente meus primos Edemir e Eneida, vieram ver-nos e conversar. Ficamos até altas horas. Depois, sozinho, recebi a visita do amigo e irmão Serginho, vice-presidente da Boas Novas. Ah, ficamos a conversar longamente, e a orar também. Mas às 11 horas eu iria usar minha carteirinha para ver minha mãe. Contudo, as enfermeiras estavam em troca de plantão, e eu vi minha mãe bem rápido, para não atrapalhar. Perguntei se poderia vê-la às 3 da madrugada e saber notícias. A enfermeira explicou-me que vê-la ela autorizaria, mas passar informações, só a médica, pois seria anti-ético da parte dela. Ah, se todos os pastores também aprendessem a respeitar a ética cristã e ministerial!
 
ÀS 3 da manhã estávamos lá, Serginho e eu. Uma enfermeira veio à sala de espera, dizendo: "o senhor é o filho da Dona Elzira, certo? A enfermeira-chefe está lhe chamando". O coração já saltou de medo e preocupação. Teria minha mãe falecido? Estaria já a chamar a família? Corri para a porta de entrada, lavei as mãos e vesti o avental. A enfermeira, do corredor, disse: "Venha, ela está a chamá-lo". Corri. Então mandaram-me entrar numa sala, onde estavam 5 enfermeiras. A chefe falou: "Bem,... nós estamos morrendo de vergonha... mas todo mundo aqui já sabe .... que a Dona Elzira tem um filho pastor ... e nós queríamos que o senhor orasse pelos doentes aqui do Choque. Eles precisam, e nós também..." Aliviado, mas excitado pela surpresa, disse: "Mas como assim? Ir de leito em leito?" Elas disseram "Nâo, porque alguns não aceitariam, mas podemos orar aqui mesmo".
 
Fiquei agradecido ao Senhor, porque até lá, no hospital, à beira da morte, mamãe estava a dar o seu testemunho, sendo reconhecida como uma mulher abençoada, cujo filho deveria ser alguém de bem também. Aliás, um dos comentários ali feitos é que nós dois, Daniel e eu, éramos os visitantes mais constantes, contínuos e fiéis de uma paciente. Orei emocionadamente por cada doente, cada enfermeira, cada médico, cada funcionário. E orei também por minha mãe. Enquanto orava, Deus tocava em meu coração para que eu repartisse a Sua Palavra com eles. "Em quantos funcionários vocês são?" Elas disseram: "60 aqui na UTC". "Então eu hei de conseguir 70 Novos Testamentos, ou 70 bíblias, para lhes dar de presente, até um pouco antes do Natal". Ah, elas sorriram e fizeram festa, como quando recebemos a notícia alegre de que alguém está melhor de saúde. "Mesmo que minha mãe ainda estiver aqui, ou se tiver saído para a vida, ou ido aos braços do Pai, eu voltarei". "O senhor poderia orar de vez em quando aqui?" "Mas é claro que sim! Contem comigo!" E ali estava um ministério novo, criado por Deus, através do sofrimento de mamãe! Ainda não tenho os novos testamentos, ou as bíblias inteiras, mas creio que o Senhor as dará, para que eu as encaminhe para eles, até antes do Natal.
 
Penúltimo dia. O médico nos disse que minha mãe estava além dos 70% aceitáveis de gravidade, e que agora a infecção hospitalar havia coberto o seu corpo. Disse-nos que as úlceras estavam abertas e jorrando sangue, e que não havia medicamento que desse jeito à sua pressão. Falou-nos que tentariam alguma coisa, mas que, infelizmente, o mais natural, seria o caso "evoluir para o óbito". Evoluir??? Meu Deus! Saímos de lá abatidos, acabados. Lembro-me, no corredor, quando tentamos ir à capela orar, e encontramo-la fechada..., ter confortado o meu irmãozinho Daniel, quando eu mesmo é que precisava de conforto! Mas eu sou o mais velho, e tenho a obrigação de ser forte, e o Espírito Santo supriu-me de conforto o coração. Aleluia!
 
Quem dormiu à noite? E na madrugada? E na manhã? Cada toque do celular ou do telefone, era uma punhalada em nosso peito, que aguardava com expectativa fúnebre a notícia funesta e fatal do estado de mamãe.
 
Por fim, o meu irmão iria visitá-la à tarde. Quis que eu ficasse. Mas eu tinha certeza de que deveria ir, uma vez que poderia ser a última despedida, ou então, que algum milagre ocorresse.
 
Faltava meia hora para as 18, e eu senti no coração que deveria fazer uso, mais uma vez, da minha carteirinha. E fiz. Ao entrar, vi-a já com a boca arroxeando, sua cor empalidecendo, poucos medicamentos pendurados, e o seu coração em compasso lerdo, lerdo para o que víamos nos outros dias. E ouvi em meu coração A VOZ, que dizia: "Ore agora". Ah, essa voz! Foi essa  a voz que me fez despedir o irmão Antonio, esposo da irmã Isabel, que morreu em meus braços! Foi essa a voz que me fez informar aos vice-presidentes que, logo após ir aos Estados Unidos, eles passariam por um funeral. Essa Voz, do Espírito Santo, me iluminou a orar. E orei, motivado por Ele: "Senhor, tua serva já cumpriu a sua missão, de forma brilhante e maravilhosa! Foi excelente esposa, primorosa cristã e a mãe mais maravilhosa do mundo! Não deixe-a sofrer mais! Seu corpo não suporta tanta luta! Dá-lhe o descanso necessário! Em nome de Jesus. Amém.  Mamãe: muito obrigado por ser quem a senhora é. Daniel e eu a amamos muito! Agora, mamãe, siga em frente, descanse, vá para os braços de Jesus! Logo, logo, estaremos juntos, para sempre!" Orei assim, enquanto sentia, em sua testa, o último calor de vida. Nesse momento, a máquina do coração, indicava 55 por minuto, e caiu para 50, 45, e a enfermeira disse: "Tem mais alguém aí para entrar? Diga para entrar agora". Corri e chamei meu irmão Daniel, que entrou e pôde despedir-se dela. Ao saírmos, meu tio Carlos Bonfante e minha prima Cristina também entraram, e foi na visita da Cristina, que mamãe expirou. O Daniel falou: "ela esperou a sua bênção, mano". Seja Deus engrandecido.
 
Então o forte fez-se fraco, e desandou. Caí em profunda dor, sentimento, tristeza, amargura, desespero. Fiquei em casa, com tias e parentes, e irmãos da Boas Novas, que vieram fazer-me companhia. Obrigaram-me a dormir  um pouco e a comer algo (dois dias sem dormir, e quase isso sem comer). Quem conseguia dormir? Às três estava eu, Izamara e Domingas aqui, e o povo havia descido para a igreja. Corri para lá também.
 
O Daniel quis segurar-me, mas quê! Tive que ficar juntinho do corpo dela. Ah, estava ela vestida com seu vestidinho mais usual e querido. Fizeram-lhe uma cirurgia pós-morte, para retirada de vísceras, pois a barriga estava explodindo e o sangue jorrava por todo canto. Quantas bolsas de sangue e litros de remédio ela não tomou em 16 dias, e os rins não deram conta? Encheram-na de pó-de-serra e de formol. Cheirava remédio e desinfetante. E os cuidadores, iam fazendo o enchimento com galhos de flores e folhas. Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Quando foi que imaginei ver minha mãe assim?
 
Enfeitaram-na com crisântemos brancos, com um véu muito fino, grampeado nas beiradas. Cada ruído do grampeador, era uma martelada em nossas carnes e em nossas mentes. Meu Deus! Depois, com ela preparada, estávamos lá, ombro a ombro, Daniel e eu, os filhos de Elzira! Agora éramos só nós dois, e a Milú, e mais ninguém! Estávamos sem aquela que nos gerara! Ela partira com Jesus. E, fisicamente, estava morta. E, espiritualmente, estava longe, muito longe, na eternidade, no Paraíso, e nós ficamos!
 
Vir e ir. Voltei, trazido pelos irmãos, e comi alguma coisa, retornando para o velório. As pessoas estavam a chegar, mas eu não consegui conter-me, ao ver suas irmãs chegarem, e verem o rosto da irmã querida ali, morto, no caixão. Suas palavras, suas lágrimas, sua dor, foram insuportáveis. O meu coração começou a ter arritmia forte, e senti que algo estava a acontecer. Conhecedor de minhas limitações, o meu irmão ordenou que eu voltasse, trazendo-me para casa. E deram-me calmantes, com os quais dormi até bem depois das 17 horas, hora do sepultamento lá longe, em Embu das Artes. Fiquei triste, por não ter estado junto. Mas tudo o que eu tinha que fazer pela minha mamãe, eu fiz em vida, e isto eu sei que ela soube, e Deus também sabe. Meu irmão, saudável, esteve até o final, e falou-me da multidão de gente, entre amigos, irmãos em Cristo, empresários, executivos, pastores (mais de 30), gente de nosso relacionamento e amigos da internet, todos despedindo-se da "mãezona" Houve a necessidade de alugar-se um carro à parte e a mais, por causa de tantas e tantas homenagens de coroas de flores. Mamãe, nós te amamos!
 
E agora, primeira noite definitiva, sem a expectativa de alguma ligação do hospital (até desligamos os telefones, para descansar), sem a esperança de vê-la sentar-se no seu "trono" da sala, sem aguardá-la para comprar as frutas que gostava, sem arrumar sua cama confortavelmente, para que dormisse, sem ligar o rádio na REDE MELODIA, sua rádio querida do coração, sem dar corda no seu relógio despertador quebrado, que ela mantinha funcionando, mesmo sabendo que não tinha mais ponteiros (e quando ameacei jogá-lo, ela disse: deixa ele funcionar, tadinho), cá estou, pensando alto, com os dedos, no teclado do computador, sabendo que o e-mail já está a terminar e, que depois, ao desligar a máquina, só sobrará um vazio, um vazio do tamanho de minha mamãe! Que saudades da senhora, mamãe Elzira! Como irei conviver com sua ausência?
 
Pedi licença da igreja e estou pedindo licença aos amigos e irmãos também. Meu irmão e eu nos ausentaremos por uns dias. Não sei para onde vou, o que vou fazer, mas sei que não posso ficar aqui. Tudo me lembra a mamãe, e as emoções estão frescas, à flor da pele. A Milú, coitada, está arrasada, porque foi ela quem cuidou de minha mãe como perfeita enfermeira, e convive conosco desde 1982. Ela está a sofrer barbaridades. A Izamara, secretária da igreja, esteve conosco, está conosco e não arredou o pé, sendo de uma gentileza e prestatividade à toda prova, e certamente o Senhor a recompensará muito pelo que fez, e nós também.
 
Não sei quantas centenas de telefonemas que Daniel e eu recebemos, mas certamente ultrapassaram os 500. Os e-mails que continuam a chegar, passaram dos 1000. E eu agradeço por todos eles. Os responderei a todos, mas, com o tempo, quando voltar, porque, agora, não tenho cabeça para nada. Sei que vou me dedicar a Deus em dobro, porque esse é o caminho e também essa era a vontade de minha mãe. Quero viajar para pregar o evangelho aonde Deus me chamar, e aguardarei o que Deus terá à minha frente. Quero casar-me e ter os meus filhos, e lhes dizer o quanto fui abençoado, com a mãe que Deus me deu. E quero testemunhar a todos: o Senhor é fiel, o Senhor é sábio, o Senhor é misericordioso. Hoje eu não sinto ter sido atendido em minha oração, mas eu sei que fui, e o que mais importa é o que eu sei, mediante a Bíblia, do que o que eu sinto, em meu coração; pois a bíblia é eterna, e as minhas emoções são passageiras, e não sou guiado pelas emoções, mas pela Palavra de Deus.
 
Continuem a escrever. Estou recebendo as mensagens, vou guardá-las com amor e carinho, meu irmão também, e vou respondê-las. Só esperem uma semana e pouco, para que voltemos a reconstruir a vida.
 
Um abraço.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm
 
(atenção: este texto é de 7 de dezembro de 2005, não é atual)
 




79 - QUATRO MESES - LEMBRANDO DE ELZIRA BONFANTE - No. 2
 
 
Após 4 meses do falecimento de mamãe escrevi este texto.
 
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Quatro meses.
 
06 de dezembro de 2005.
 
18 horas.
 
Na Avenida Paulista, voltando para casa, após visitarem sua mãe pela última das vezes, dois irmãos, cansados e apreensivos, Daniel e Wagner, recebem um fatídico telefonema: Dona Elzira Bonfante faleceu, na Unidade de Terapia de Choque do Hospital São Joaquim, Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.
 
A garoa paulistana molhava o vidro do carro, e as lágrimas regavam nossos olhos, rolando rosto abaixo, para o chão.
 
No peito, uma gratidão: mamãe foi para o Lar. No coração, uma dor: não a veremos mais aqui na Terra. Ah, Senhor...
 
Ser forte para não deixar meu irmão sucumbir, receber e enviar telefonemas, e-mails, principalmente e-mails. Ah, como circularam e-mails emocionais naqueles dias!
 

Madrugada. Quatro da manhã. O corpo da saudosa Elzira Bonfante chega no templo da Pompéia, que ela ajudou, com suas ofertas, a construir. Templo que não conheceu em vida, agora serve-lhe de velório. Contradições da vida!
 
Coração sofrido, saúde frágil, doparam-me para não sofrer mais do que era capaz. Meu irmão era mais saudável. E aquele foi um dia histórico. Inúmeros amigos, parentes, irmãos em Cristo, pastores, missionários, todos irmanados com nossa dor, vieram dar o último adeus, ou ligaram, ou escreveram. Mas, de algum modo, quiseram que soubéssemos de sua solidariedade.
 
Um carro a mais, sim, foi necessário um carro a mais, tantas eram as coroas e flores, as homenagens póstumas àquela que nos dera à luz, e que fora, para a Igreja Batista de Vila Pompéia, a vovó Elzira, a confidente, a conselheira, a mulher de oração, a "miss simpatia".
 
Dia seguinte. Casa vazia. Alguns amigos a fazer companhia, para amenizar a transição. Mas, passados uns dias, tudo tem que voltar ao normal, pois cada um tem seus próprios fardos, e a vida não espera, ela continua.
 
Daniel voltou à empresa, Milu aos cuidados da casa, e eu ao rebanho de Cristo. Visitamos o cemitério, para celebrar o Natal, simbolicamente junto da mamãe, que sempre ganhava o presente de maior valor, mesmo que tivéssemos pouco para gastar; neste ano presenteamos-lhe duas coisas: nossas flores e nossas lágrimas de saudades. Quantas foram, só Deus o sabe.
 
Quatro meses. Meu Deus, como o tempo passa! Minha casa está vazia. Somente o Senhor e os ecos da saudade. Ecos que nos fazem relembrar o tempo em que o nosso jardim floria perfumadamente, tempo em que mamãe era tudo para nós, humanamente falando. Cômodos vazios, memória cheia, saudade profunda!
 
Nestes quatro meses os sulcos em nossas faces denotam dez anos de envelhecimento, tanto tem sido o nosso sofrimento, a dor da ausência, às vezes insuportável. Afinal, era ela a luz de nossos caminhos, o centro de nossa família, a ternura de nossa vida. Sentimo-nos como Israel cativo em Babilônia, junto aos rios estrangeiros, não conseguindo tanger suas harpas, ou como as almas debaixo do altar, a inquietar-se com o juizo tardio contra os inimigos de Cristo. A resposta é a mesma: "descansai um pouco mais". Descansar, aqui, para nós, é seguir em frente, para o alto, para cima, para Deus.
 
E temos feito isso. Daniel em seus negócios, Milu na casa, eu na igreja e em meus ministérios múltiplos. Alguns não consegui reencontrar; outros, aos poucos vão se normalizando. Mas nada mais foi como era. Nem na formação de uma futura família tenho pensado ultimamente. A dor maior acaba cobrindo a dor menor; e eu pensava que não havia nada mais doloroso! Ledo engano!
 
Saudades, mamãe querida! Muitas saudades!
 
Mas, mesmo assim, nós, Milu, Daniel e eu, jamais deixaremos Jesus Cristo, que é a razão principal de nossas vidas, começo, meio e fim. É por Ele que sobrevivemos a essa tsunami que soterrou quase tudo, e é por Ele que reconstruiremos um futuro lindo, edificado sobre o fundamento dos apóstolos, e o exemplo inesquecível de nossa genitora.
 
Te amamos, mamãe!
 
De seu filho Wagner, o primogênito, e de seu caçula Daniel, junto com a filha postiça Milu.
 

"Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também"; "consolai-vos uns aos outros com essas palavras".(João 14, I Tess 4))
 
Wagner Antonio de Araújo



80 - ELZIRA BONFANTE - UM ANO LONGE DELA...
Terminando por hoje as lembranças literárias, publico o texto que escrevi quando completei um ano sem a presença de minha mãe querida.
 
Foi em dezembro de 2006
 
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ELZIRA BONFANTE
a minha mãe!
- um ano longe dela...
 
Não é um dia como outro qualquer. É um dia nublado. Um vento de outono sopra nesse início de verão, distoando das cantigas natalinas que se ouve pelos ares. "Noite Feliz", "Pequena Vila de Belém", "Nasce Jesus". Parece que tudo está em preto e branco, com baixa definição. As melodias não encantam, o Natal não sensibiliza, nossa árvore continua encaixotada.
 
Poderia ser qualquer dia: 8 de novembro, 4 de dezembro, 15 de outubro, não importa. Mas 6 de dezembro corta como faca de dois gumes, penetra como um punhal, sangra como uma ferida aberta, arde como pimenta nos olhos, entristece como um canto de lamentação.
 
Lamentação: isso! É assim que poderia chamar esse dia. Um lamento ao nascer do luar!
 
Foi em 06 de dezembro do ano passado, 2005, às 18 horas da tarde, que Daniel e eu rumávamos para casa, após a última visita na UTC do Hospital São Joaquim, Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Deus tocara em meu coração, para que não fosse embora até que essa visita acontecesse, fora de hora. Ao entrar, vi aquela que me trouxe ao mundo, agonizando. Canos e canos no nariz, tubos na boca, lábios já arroxeados, respiração artificial vagarosa, barriga inchada, e o médico a dizer: "só estamos aguardando..."
 
Sim. Quando recebemos o telefonema, dizendo para voltarmos - estávamos no trânsito da Avenida Paulista -, sabíamos que mamãe partira. E, nesse instante, a dor consumiu todo o resto de esperança, esperança teimosa, que se negava a aceitar a realidade. Ela partira. Ela se fora. E nós ficáramos. Mas queríamos ter ido com ela, para nunca nos separarmos!
 
Ela era o elo de ligação da família, na ausência de minha avó Sílvia. Quando a vovó faleceu, a família dispersou-se, mas mamãe conseguia unir suas irmãs através dos telefonemas diários ou semanais, que fazia. Algumas ela acordava diariamente, cantando uma musiquinha da TV Tupi dos anos 60. Outras, atualizava as notícias sobre as primas, as tias, o mundo, o evangelho. E assim a família era unida, por uma central de comunicação e ânimo, chamada Elzira Bonfante. Meu Deus, que falta ela faz!
 
Não era apenas com suas irmãs que mamãe mantinha o ânimo, o vigor, o amor, a união. Também com os irmãos em Cristo. Ela era conhecida como "a vovó da igreja", e "o despertador". O pastor, irmãos e irmãs, muitas vezes, pediam para minha mãe despertá-los, pois confiavam mais num telefonema dela que nos seus próprios relógios! Além do mais, com a voz e o amor da minha mãe, o dia era muito, mas muito mais suave e agradável. O meu irmão Daniel era todos os dias acordado por ela, estivesse no Acre ou no Rio Grande do Sul.
 
Tudo isso eu vejo no ar, no céu tristonho e melancólico, na brisa de inverno neste início de verão. Hoje faz um ano. Um ano que ela partiu.
 
A questão não é "há vida após a morte", mas "há vida após a morte de quem se ama?" É possível continuar a vida sem ela?
 
Por um lado sim. Nosso fundamento e base é Cristo. E minha mãe, durante 24 anos, foi uma das crentes mais fiéis de que tenho notícia. E eu conheço muita gente, muitos lugares e alguns países! Minha mãe era uma mulher de oração. Ela orava mesmo! Ela falava com Deus. Ela ouvia dia e noite a MELODIA FM. Fiquei triste porque a ouvinte mais fiel não recebeu uma única homenagem. Os produtos fantasiosos oferecidos pelos patrocinadores, mamãe comprava todos, para ajudá-los e ajudar a si, pois acreditava que pó de tubarão ou de raízes fosse afinar o seu sangue. Que tristeza quando um desses vendedores ligou para cá, pedindo para falar com ela, e, quando dissemos que ela havia morrido, a moça falou: "ah, ainda bem que você me disse, senão eu iria ficar com um nome à toa no meu cadastro. Até logo".
 
Mamãe era confidente do pastor. Era a mãezona, a pastora dos pastores. Seus conselhos, seus ouvidos, suas recepções, tudo isso era de um poder fabuloso na vida dos obreiros e da sua igreja. Se alguma dúvida houvesse quanto à conversão e consagração de minha mãe, então nenhum dos crentes que conheço, incluindo-me a mim, teria qualquer segurança em sua fé, pois ela era um exemplo. Mas, bendito seja Deus, não só temos segurança de sua salvação, quanto de que sua morada com Cristo é especial! Aleluia!
 
Não tivemos Natal no ano passado. Não costumo ser hipócrita e fazer coisas para os outros verem. Gosto de ser eu mesmo e assumir minha humanidade. Chorei, berrei, fiquei perplexo, fiquei emburrado. E agora, que mais um Natal vai chegar? O que minha mãe faria se estivesse em meu lugar?
 
Primeiramente, ela ficaria alegre, nem que fosse da boca para fora, só para não estragar o nosso Natal, e ainda nos incentivar a superar a dor e a crise. Minha mãe era uma consoladora, ela nos erguia e nos fazia recobrar o ânimo. Não houve um dia em que eu chegasse triste da Boas Novas, que ela não tivesse um estímulo, uma palavra de ânimo, acabando com a minha tristeza e depressão. Então minha mãe ficaria alegre.
 
Em segundo lugar, ela continuaria falando com as tias e com os irmãos, correndo atrás da normalidade. Que mulher forte, meu Deus! Superamos a morte do meu pai, porque ela estava conosco. E agora, Senhor? Quem fará isso por nós?
 
Ela arrumaria a árvore, celebraria com grande alegria, ficaria feliz com pouca coisa e faria do Natal um momento único, maravilhoso, inesquecível! Ela nos faria compreender a vontade de Deus, nos faria agradecer pelos acontecimentos e nos mostraria o lado bom de tudo. Deus, como sobreviver sem ela? Imagino  como amavas e amas tua mãe, Jesus! Mãe é tesouro incomensurável, é pérola, é rocha, é gargantilha de ouro, é diamante num anel, é Ferrari na garagem, é um rim novo para o hemofílico! Mãe é a coisa mais bela e maravilhosa na criação divina!
 
Ela nos alegraria, mesmo que sofresse sozinha, sentindo a falta de sua mamãe Sílvia e de seu papai Leandro, ou de meu pai Antonio. Certamente choraria pela falta que sua irmã Isaura lhe fazia, dor que lhe consumiu tanto, ou pela impossibilidade de desfrutar dos telefonemas contínuos com sua irmã Jovelina, impedida pelas interpéries da vida. Ela sofreria aos pés do Salvador. Quantas vezes não escutei seu choro, enquanto orava! Ela só quis o nosso bem, e nunca, nunca reclamou de nada! Essa mulher não sentia dor? Essa mulher não sofria? Às vezes, quando ia dormir tarde, passava junto à porta de seu quarto e a escutava chorar. "O que foi, mamãe?" "Nada, só um resfriado". Pela manhã, quando ligava seu rádio, apoiava-se no andador, sentadinha, e fazia a oração das seis, ouvia a ilustração do dia, adormecia orando, acordava, e estava ganho o dia!
 
Não sou tão forte como ela. Nem eu, nem a Milú, nem o Daniel. Ela se foi, e hoje faz um ano. Do seu quarto não se ouvem mais as ilustrações da rádio. Seu telefone não fez mais ligações. Seu aparelho de som está quieto, não toca mais. Seu rádio-relógio, que ela tantas vezes deixou cair pela fragilidade das mãos, não desperta mais. Tudo está quieto, arrumado, como num ato de respeito e memória àquela que deu vida a este lar, que fez de dois filhos homens honrados, que trouxe luz e esperança para tanta gente!
 
Eu dedico o dia de hoje à memória de minha saudosa mãe. Minha, do Daniel e da Milú. Somos hoje a família que restou. Papai subiu em 1991, mamãe em 2005. Eu queria subir também, subir logo, ir ao encontro de Cristo, e, por misericórdia e graça, encontrar minha mãe! Mas há tempo para tudo, e somos imortais enquanto não cumprirmos a missão confiada pelo Criador nas mãos de cada um de nós. Por isso eu não sei quando irei. Mas sei que irei feliz, contente, cheio de esperança, cheio de saudade, cheio de felicidade! Aceito como vontade de Deus cuidar do meu irmãozinho querido, que precisa de mim. Também de pastorear o rebanho que não é meu, mas de Cristo. Quantas Elziras eu não sepultarei, e quantos Wagners, Daniéis e Milús, eu não terei que consolar ainda? Mas a dor é didática, a dor é uma escola. Sei o que meu povo sente.
 
Acho que continuar a caminhada, pregar o Evangelho, consolar os entristecidos, levantar os caídos, orar pelos enfermos, anunciar o Reino e fazer aos que estão à nossa volta, que a vida seja mais feliz, é o que nós temos que fazer. E o meu irmão continuará a servir a Jesus com todo o amor e entusiasmo, e continuar a ser, e sempre mais, um empresário de renomado sucesso e prosperidade. Não meramente por ele, mas por Cristo, pela Milú e eu, e pela nossa saudosa e eternamente presente mamãe Elzira.
 

Celebrarei o Natal.
 
Celebrarei o Ano Novo.
 
Celebrarei a vida, a salvação, a graça, a fé, a eternidade.
 
É o que minha mãe desejaria, é o que ela fez ano após ano, sorrindo e fazendo sorrir, alegrando e fazendo alegrar, dando amor e cultivando o amor.
 
Pouco me importa não ter bens materiais, casas, dinheiro. Eu tenho os três maiores valores: tenho Cristo, meu Salvador, tenho um irmão e uma irmã maravilhosos, e tenho Elzira Bonfante no sangue, mente e coração!
 
No que depender de nós, a família, NUNCA DEIXAREMOS O NOME DE NOSSA MÃE JAZER NO ESQUECIMENTO. Ela é uma daquelas, das quais o mundo nunca foi digno. Uma heroína na fé.
 

EU HOMENAGEIO
ELZIRA BONFANTE!
A bênção,
mãe querida!
 

Pr. Wagner Antonio de Araújo - bnovas@uol.com.br
Daniel Paulino de Araujo - daniel@nss.com.br
Emiliana (Milu) Pereira Cruz - danviv@uol.com.br
http://www.uniaonet.com/bnovamaelzira.htm




81 - ATÉ EU TE DEVO...
 

 
Quem entra no salão de cultos daquela igreja evangélica não deixa de notar a beleza dos bancos. Madeira maciça, finamente envernizada, de lei, trabalhada com carinho, conservada com esmero. Bancos solenes, com estrados para ajoelhar-se, com local de colocar bíblias e hinários, um cheiro grave e respeitoso da mais fina madeira. Porém, há um detalhe que chama mais ainda a atenção: uma pequenina placa, do lado direito de cada banco, dourada, com os dizeres: "Ele não me deve... eu Lhe devo tudo!"
 
Perguntei ao zelador o motivo daquelas plaquinhas. Ele sorriu e contou-me a história.
 
"Há vários anos atrás, quando a igreja construía esta grande Casa de Oração, um irmão ganhou destaque. Ele se chamava Mariano. Homem simples, fiel, amava contribuir com a obra de Deus. Mas, por causa de sua baixa remuneração, pouco podia fazer. Mesmo assim ele participava de tudo com grande empenho e alegria. Sempre que o ofertório ocorria nos cultos, ele ia feliz e sorridente para o gazofilácio, dar a sua parcela de cooperação. Às vezes recebia ajuda da igreja, mas nem assim deixava de contribuir.
 
"Deus o abençoou muito. Tornou-se um profissional respeitável. Soube investir seus ganhos e comprou diversas casas de aluguel. Sua renda tornou-se muito boa. O seu dízimo acompanhou. E acabou por contratar diversas pessoas da igreja em sua oficina. Construiu um grande edifício para a empresa e uma mansão para morar.
 
"Tamanha prosperidade tornou-o ocupado demais para o Reino de Deus. Na verdade o seu coração esfriou. Sua grande riqueza transformou-o num homem reservado. Já não contribuia mais com nada além do seu dízimo e não tinha mais tempo para Escola Bíblica Dominical; seus compromissos sociais o cercavam: fazenda, chalé na montanha, casa na praia. Não deixou de ir à igreja, mas tornou-se infrutífero. Seu dízimo era alto e ele achava ser o bastante. Apenas não queria envolver-se ou ser incomodado.
 
"Num belo dia, quando a direção da congregação decidiu comprar os bancos e móveis para mobiliar o salão de cultos, verificaram tratar-se de um preço muito alto, acima do que podiam suportar. Não se tratava de uma bancada comum. Era material fino, digno de uma catedral. Todos os bancos da congregação, o púlpito, as cadeiras dos oficiantes, a bancada do coral, gazofilácios, etc. Se comprassem à prestação pagariam uma fortuna muito maior, porém à vista teriam 50% de desconto. Não podiam deixar passar essa oportunidade. Mas como obter financiamento?
 
"A tesouraria não tinha os recursos necessários; o povo não tinha mais como ofertar além dos compromissos assumidos. A igreja não se endividava na praça, nem buscava socorro dos bancos. "A ninguém devais coisa alguma", repetia o pastor.
 
"Foi então que alguém propôs: "Vamos pedir emprestado ao irmão Mariano! Ele certamente poderá nos ajudar! Ele é nosso irmão, é da casa. Faremos um livro de ouro, um sistema para arrecadar ofertas, e se Deus quiser conseguiremos quitar essa pequena fortuna".
 
"A comissão foi até a sua casa. Mariano tinha progredido de forma espetacular. Sua mansão era um sonho. E as casas ao lado lhe pertenciam também, comprara praticamente todo o quarteirão. Recebidos pelos empregados, os irmãos aguardaram na sala de estar, um ambiente utópico, cinematográfico mesmo. Mariano estava em outra dependência, mas desceu para conversar com os irmãos.
 
"Como estão, meus irmãos? Em que posso ajudar?"
 
"Irmão Mariano, viemos pedir o seu socorro. Os bancos e móveis para o salão de cultos foram escolhidos, mas são muito, muito caros, não temos recursos. Se pagarmos à vista teremos cinquenta por cento de desconto. O irmão não poderia emprestar? Sabemos que o irmão tem sido abençoado, quem sabe poderia nos auxiliar sem que buscássemos socorro nos bancos privados.
 
Mariano fechou o semblante. Mostrou-se aborrecido e incomodado. Pensava: "Não me deixam mesmo em paz! Basta termos um patrimônio para não largarem de nosso pé!" Pensou, pegou a calculadora, anotou alguns valores, e disse:
 
"Dar eu não dou, afinal, não sou o único membro da igreja. Tenho a minha vida, os meus compromissos. O que posso fazer é emprestar..."
 
"Irmão, não viemos lhe pedir nada além do empréstimo. Mas se o irmão não se dispõe, não há problemas. Parece que o irmão não apreciou a idéia. Não se aborreça. Buscaremos recursos em outro lugar. Deus o abençoe e até domingo, irmão..."
 
"Não, não se chateiem. Esperem. Eu empresto. Essa quantia eu tenho disponível. Posso emprestar, mas terão que me pagar em 12 vezes, pode ser apenas com os juros de poupança. No final contabilizamos e fechamos a conta. Passem no meu escritório e retirem o cheque, ok?"
"Não muito felizes, pois a cortesia faltou, mas muito agradecidos pelos recursos disponibilizados, os irmãos saíram. Correram ao representante da loja e adquiriram os bancos.
 
"Mariano, um tanto alheio a sentimentos (aprendera a viver sem considerá-los, pois assim a vida comercial exigia), subiu ao terceiro andar de sua mansão. Ali havia um mirante, ao lado da piscina, em frente ao jardim e ao chafariz. Dali ele vislumbrava as 20 casas boas, do quarteirão, que alugara e de onde recebia excelente renda. Também via a fachada do prédio onde estava sediada a sua próspera empresa."
 
"Lembrou-se do quão difícil fora a sua vida; da casinha pequenina alugada onde morava, das cestas básicas que recebera quando o dinheiro era insuficiente. Lembrou-se de sua constante dedicação ao trabalho do Senhor, das tardes evangelísticas, dos cultos, vigílias, das visitas aos novos crentes, do sorriso nos lábios e do quanto, quanto, quanto, Deus lhe abençoara em menos de dez anos.
 
"Olhou tudo isso, sorriu e derramou uma lágrima de gratidão. Sentia-se quebrantado.
 
"Disse em alto e bom som, com grande emoção:
 
"SENHOR, MUITO OBRIGADO, DE CORAÇÃO, POR TANTAS BÊNÇÃOS QUE ME DESTE. Ó, DEUS, COMO TU ME ABENÇOASTE!
 
"Naquele instante, de forma audível para ele, escutou, perplexo, uma resposta vinda do Céu:
"ABENÇOEI-TE TANTO QUE ATÉ EU TE DEVO..."
 
"Mariano caiu no chão, assustado, com tontura e muito medo. Ele realmente ouvira essa voz. Ele a escutara. Ele não estava louco. E por que ouvira isto?
 
"Enquanto se levantava lembrou-se da reunião da comissão dos bancos. Lembrou-se do empréstimo e dos juros. Pensou no que isso significaria para a sua conta: uma fatia pequenina. Lembrou-se de que a Igreja era de Deus e que ele também pertencia a Deus.
 
"Então orou de novo:
 
"meu Deus, como pude me atrever a querer EMPRESTAR para Ti? Se tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou e tudo o que eu faço são frutos de Tua imensa graça? Sou indigno de todas as tuas bênçãos! Perdoa-me, Senhor!"
 
"Mariano correu até a casa do pastor. Afoito e quase desesperado, suplicou:
 
"Pastor, por favor, por compaixão, peça à comissão da aquisição dos móveis para reunir-se comigo hoje à noite. Tenho que falar uma coisa.
 
"Irmão, estou preocupado. Fechamos o negócio, nós vamos lhe pagar. Estaria o irmão arrependido? Não irá mais disponibilizar o valor? Tenha certeza, irmão: nós lhe pagaremos!"
"Não se preocupe, pastor. Esteja à noite em casa."
 
E à noite, na mansão do Mariano, ele disse:
 
"Irmãos, preciso dizer algo sobre o cheque dos bancos".
 
"Os irmãos se contorceram, olharam preocupados uns para os outros, e aguardaram a notícia.
 
"Eu estive orando ontem. Vi todo o patrimônio que conquistei nos últimos dez anos. Não mereço nem um por cento de tantas bênçãos do Senhor. E agora, com vergonha, tenho que confessar: eu fiz Deus me dever... Sim, irmãos, enquanto orava agradecendo as bênçãos, ouvi claramente a voz do Senhor, dizendo: "ABENÇOEI-TE TANTO QUE ATÉ TE DEVO".
 
"Mariano chorava. E continuou:
 
"Deus não me deve nada, irmãos! Eu sou devedor a Ele! Tudo o que eu tenho é dEle! Tudo o que eu sou devo a Ele! Quem sou eu para cobrar juros do Senhor? E mais: esse dinheiro não irá me fazer falta. Por favor, risquem de seus planos pagar o valor para mim. A igreja é de Deus, e Deus não me deve nada! Eu estou doando os bancos. E não precisam me agradecer; sou apenas mordomo do que Deus me concedeu."
 
"Não é preciso dizer que choraram muito. Não é preciso dizer que o pastor orou em prantos. Celebraram um culto no final do mês, agradecendo pela belíssima mobília. Estes são os bancos do Mariano, irmão. Ele quis celebrar essa experiência, e colocou as plaquinhas, para que nunca ninguém se esquecesse: Deus não nos deve nada..."
 
Saí emocionado daquele templo evangélico. Imaginei cada cena, cada detalhe. E pude escutar o eco da Palavra de Deus em meu coração:
 
Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito? (Sl 116:12)
 
Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes. (Sl 126:2)
 
Menor sou eu que todas as beneficências, e que toda a fidelidade que fizeste ao teu servo; porque com meu cajado passei este Jordão, e agora me tornei em dois bandos. (Gn 32:10)
Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? (1Co 4:7)
 
Que Deus nos ajude a compreender que ELE não nos deve nada; nós é que devemos tudo a Ele. E que sejamos fiéis, colocando tudo o que temos, somos ou fazemos em Suas mãos, sabendo que "Deus ama ao que entrega com alegria" (2 Coríntios 9.7)
 
Wagner Antonio de Araújo
22 de março de 2012
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Novo Horizonte
Carapicuíba - São Paulo - Brasil
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br
 
Obs: ESTE CONTO É BASEADO EM UM ACONTECIMENTO VERDADEIRO.


82 - A MELHOR HORA
 
 
 
A melhor hora para orar é quando não se tem vontade. Sim, porque é a hora em que mais precisamos! A falta de vontade de orar é semelhante à falta de vontade de comer por parte do doente enfraquecido: quanto menos come, menos fome tem. E nós sabemos que, se ele não se alimentar, irá morrer! A oração, para o crente, é gênero de primeira necessidade! Diz a bíblia: “Orai sem cessar.” (1Ts 5.7).
 
A bíblia não fala para orarmos só quando temos vontade. Se dermos ouvidos à vontade, não oraremos nunca! Mas, boas notícias: é só começar, que a sede de comunhão volta! “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (Sl 42.1).
 
A melhor hora para se ler a bíblia é quando não se quer lê-la. Sim, porque é quando mais precisamos dela! Não estou dizendo para você parar o trabalho que está fazendo, nem deixar de dirigir o automóvel no meio da estrada. Estou dizendo que não se deve obedecer à vontade, mas fazer força e ler as Escrituras! Sem bíblia, fatalmente tomaremos decisões erradas, e trocaremos o “melhor” pelo “apenas regular”, ou até pelo “ruim”!
Não há crescimento sem bíblia! Já viu um bebê crescer sem comer? Aqui também funciona o “começômetro”: começa-se ler, gosta-se, e continua mais e mais! Faça prova! Por isso o salmista disse, sobre o homem abençoado: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.2).
 
E ir à igreja? Às vezes é tão cansativo! Tem dia que é um fardo pesado, não é mesmo? Eu já me senti altamente desmotivado a ir. Depois paguei o pato, tendo uma semana “amarela”, sem graça e sem cor, e uma profunda dor na consciência, por ter me privado da adoração, da comunhão, da pregação, do ofertório, etc. Quando a gente volta, no outro fim de semana, parece que passou uma década, está tudo meio diferente! Eu aprendi que, quando eu menos querer ir, é justamente a hora em que eu mais precisarei congregar com meus irmãos e adorar a Deus em comunidade! “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb 10.25).
 
Se a sua igreja for sadia (boa doutrina, razoável comunhão, boa ética), você sairá de lá fortalecido! E se convencerá que, faça chuva ou faça sol, igreja é prioridade em sua agenda. E sem ninguém obrigar!
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo



 
Wagner Antonio de Araújo

Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil
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Quartas-feiras às 20 horas

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