10/09/2009 Cape
Town, Agosto/2009
Devocional com a Igreja Graça e Paz do Senhor Jesus a todos os amados! Como todo bom missionário em atividade pelo envio da igreja, sinto-me convocada a prestar-lhes o tão conhecido e por que não dizer, ritualístico, relatório de campo. Gostaria, contudo, de aplicar um pouco de leveza nesta nossa comunicação que se dará a distância de aprox. 8.000km. Nestes meses o vento por aqui chega a soprar forte (de 60 a 80km/h), a chuva geralmente vem junto não deixando escapar nenhuma parte do seu corpo gelado. Sombrinha não é aconselhável, a não ser que você queira ouvir notícias de que foi vista no ar de Cape Town uma Merry Poppins contemporânea. Preciso caminhar toda manhã cerca de 30 min. da casa onde estou morando até a escola de inglês a que estou vinculada. Mas graças a Deus, tudo está correndo bem: O inverno neste ano não está tão rigoroso como de costume, estou bem instalada e bem relacionada com a família sul africana do Mr. and Mrs. Franco. Finalmente meu relógio biológico compreendeu que não está mais no Brasil e já não acordo no meio da noite, também consegui algumas adequações para minha alimentação, já que o povo só costuma fazer duas refeições por dia: café da manhã e jantar. O que é notório e impressionante, culturalmente falando, não são estas usuais diferenças que já aguardamos encontrar, mas a segregação racial ainda existente entre brancos e negros, mesmo após 15 anos passados do Apartheid. Por traz de uma linda cidade, há muita coisa triste de se ver. Os bairros, lojas e restaurantes ainda são divididos pela cor da pele; ainda se pode ver em algumas ruas as grossas correntes que separavam o espaço permitido para o trânsito de brancos e negros; as famílias brancas sofrem de um pânico coletivo, trancafiando-se dentro de casa com janelas e portas sempre bem fechadas, com medo de serem atingidos por negros revoltados, como já ocorreu em anos passados. É uma cultura do medo. As 17hs todos caminham pra casa e depois não se vê mais ninguém transitando nas ruas, a não ser, poucos veículos particulares. Há uma população muito alta de muçulmanos em Cape Town. Eu por exemplo, moro em um bairro islâmico, há poucas quadras da grande mesquita. Posso ouvir a chamada da sirene para a oração três vezes ao dia. Mas ainda há outros bairros por onde já passei que são totalmente tomados pelos muçulmanos, com lojas, casas e colégios. Estrategicamente o Islamismo tem avançado por aqui, aproveitando-se da segregação racial. Quando os brancos deixam suas casas por causa de algum negro que se instalou próximo, temendo a desvalorização do bairro, as famílias muçulmanas se apropriam e assim têm ganhado mais e mais espaço físico na cidade. Muitos estrangeiros transitam neste país o tempo todo. Por causa da pobreza e guerras civis constantes nos países vizinhos da África do Sul, centenas de refugiados chegam aqui ocupando a cidade sem ter estrutura financeira nenhuma para manter-se, enfrentando frio, fome e discriminação racial. Esse tem sido um grande problema para os governantes, e a meu ver, é um problema social que só tende a crescer, porque ainda não têm uma política específica para impedir a entrada ou pelo menos controlar um número que o governo possa suprir. Com tudo isso, meus irmãos, em pouco tempo neste campo, tenho pensado bastante sobre o fato de ser estrangeira. Na semana passada fui convidada para trazer uma palavra no culto de língua portuguesa, que inclui missionários, estudantes brasileiros e refugiados de Angola, Congo e outros países de fala portuguesa. Foi uma rica experiência para mim, compartilhar na minha própria língua e meditar nas Escrituras dentro dessa diversidade cultural. Escolhi um texto que era bastante propício pra todos nós presentes: “Pela fé Abraão peregrinou na terra da promessa como em terra alheia... porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador... confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo, manifestam estar procurando uma pátria... Mas agora aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles.” Hebreus 11:8-16 Que grande oportunidade Deus tem me dado de apreciar as Escrituras na perspectiva daquele que deixa a sua terra e vive como estrangeiro. Havia algo em comum entre eu e todos os que estavam naquele culto, além de sermos cristãos ou apreciadores da fé cristã, todos nós ali éramos de fato estrangeiros peregrinando (de passagem) em terra alheia. Porém, o escritor de Hebreus nos conduz um passo à frente no que concerne a real situação humana de todos que compartilham da mesma fé de Abraão. Não é estranho que todos nós estejamos sempre ansiando por algo que ainda não conseguimos alcançar? Quantas metas já estabelecemos em nossa vida, e ao chegar lá nos alegramos e no minuto seguinte já retornamos ao estado de necessitados de algo melhor, mais além? Quantas vezes, a despeito de tudo que temos, somos e construímos nessa vida, ainda nos sentimos inseguros, como se algo constantemente nos faltasse no alicerce? Quantas vezes peregrinamos em busca de algo que nem sabemos o que é exatamente, apenas ansiamos e ansiamos? Quantas vezes nos enchemos de coisas materiais em busca de suprir um anseio sem nome e sem tamanho? Pensei fixamente na situação que a Bíblia nos apresenta usando a pessoa de Abraão. Ele estava em busca de algo que Deus o havia prometido, gastou sua vida nisso, e ao final (VS 13), restou-lhe a única certeza (Hb 11:1) de que o melhor ainda estava por vir, a promessa se concretizaria totalmente na eternidade, o constante sentimento de falta se preencheria por completo em Deus, no chão da pátria celestial, cujos fundamentos e alicerces foram estabelecidos pelo próprio Criador, e onde o sol e a lua tornam-se desnecessários (Ap 21:23) porque o próprio Deus a aquece e a ilumina com a Sua presença gloriosa. O nosso maior anseio é, então, na alma e não no campo material, porque um dia expulsos da plena companhia de Deus, nos tornamos peregrinos, numa terra que não nos completa, até que O reencontremos e habitemos de novo com Ele. Queridos, essa é a real identidade e situação da igreja de Cristo: somos peregrinos! E se você faz parte dela, você anseia por algo superior, e, no seu íntimo, você aguarda por isso. Portanto, não é apenas a distância geográfica que nos torna estrangeiros, mas a distância espiritual que ainda nos afasta da total e plena presença de Deus, por causa do pecado que ainda habita em nós. Meditem nisso, reavaliem o seu modo de viver, os seus planos para o futuro, os seus investimentos e as suas motivações. O que você tem aspirado vale a pena gastar a sua vida? Em que direção está aplicada a sua fé e sobre qual fundamento você se planeja? Convido você a orar pela sua vida, por mim e pela realidade da África do Sul. Até a próxima! Um caloroso abraço,
Mis. Verônica Farias Projeto de Cuidado ao Missionário África do Sul Meus irmãos,
Gostaria muito de me comunicar com a membresia da IPG sobre o projeto. Não sei se é possível incluir esta carta anexa no boletim da igreja e quem cuida dessa área. Por isso, peço que façam isso por mim, se acharem que é pertinente; Tou viajando pra Minas sábado e volto dia 22/04/2009 . Deus os abençoe muito. Na volta, gostaria de ter tempo pra conversarmos um pouco. Orem por mim. Ah, se conseguirem colocar no boletim, guarda um pra mim! Bjs, Verônica - - -
“... Se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as cousas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” (1 Pedro 4:11b) Meus amados irmãos
da IPG,
Gostaria de compartilhar com vocês as maravilhas de um Deus criativo, fiel e soberano. Alguns já me acompanham na vida missionária há muitos anos, outros só recentemente se tornaram próximos, há outros que só me conhecem de longe e ainda há aqueles que nunca ouviram falar de mim; á todos, com a mesma consideração, saúdo com a Paz de Jesus. É nesse precioso Nome que tenho posto a minha fé desde que O conheci. Em nada Ele tem faltado, conforme promete em Sua Palavra. A minha gratidão é imensa, por saber e sentir que Ele está presente cuidando e mantendo a minha vida, nos dias altos e nos dias baixos, na clareza ou na escuridão, Ele sempre está, Ele sempre diz: “Eu Sou!” Durante vários anos tenho trabalho junto à IP de Casa Caiada (Pr. Sérgio Lyra), desenvolvendo projetos missionários, especialmente para a capital e nos últimos anos para o interior. Recentemente me uni a IPG, que também tem se tornado muito amada em meu coração, pelo carinho com que me acolheu e pelo exemplo de fidelidade a Deus. Temos trabalhado juntos com projetos nas áreas do Cuidado ao Missionário e Plantação de Igrejas no Interior. Neste momento, porém, Deus tem me chamado para um pouco mais distante de vocês. Missões transculturais sempre estiveram em meu coração e de alguma forma sempre encontrei um modo de estar envolvida com isso. Contudo, esperei pacientemente o momento em que Ele, o autor de Missões e do Chamado, me convocaria para este outro lugar em sua imensa obra. Estou literalmente arrumando as malas e fechando todas as minhas atividades aqui no Brasil. Por um curto tempo de 7 meses estarei em viagem para África. Os planos são diversos, mas espero em Deus, apenas no Seu poder, ser fiel naquilo que Ele mesmo planejou para essa temporada. Como é do conhecimento de alguns, tenho trabalhado com atendimento psicológico vinculando esta profissão às necessidades do Reino de Deus. Como boa missionária que sempre esteve em preparo para os campos (aqui, ali e ainda mais longe), sei bem o trilho das emoções, sofrimentos e alegrias que estes amados missionários enfrentam. Deus me deu a graça de transformar todo meu conhecimento acadêmico e teológico em obra missionária. Valeu a pena os anos de estudos. Agora vejo os frutos, ainda que iniciantes, do tempo e recursos dedicados. Mas não parei, continuo me preparando... A África será mais uma escola. Estarei por lá aprendendo como eles (missionários transculturais) vivem. Quais são as suas dificuldades com uma língua, cultura e povo diferente. Estarei pesquisando sobre essa temática da adaptação cultural de missionários e fazendo contatos com bases de trabalhos nas regiões a que eu puder ter acesso, em países vizinhos. Estou totalmente disponível para o Senhor, como me coloquei lá no início, no momento da minha conversão e chamado. Mais uma vez, na virada de uma nova etapa da minha vida, nada me prende para atendê-lo. Estou fechando tudo, para abrir a nossa (minha e Dele) tenda em outra terra, e juntos realizaremos a Sua vontade. Não há nada igual a este sentimento. Não me sinto perdendo nada, nem deixando nada, apenas seguindo para mais um front, onde Ele já está a postos, soberano. Minha alegria é grande e tamanho é o meu temor diante dos desafios e das minhas limitações, mas meu coração está tranqüilo, guardado pela Paz que excede nosso entendimento e que só procede da fonte: Jesus. Espero mesmo contar com o carinho dos meus amados em suas orações e súplicas diante de Deus. Estejam bem certos de que este projeto nos levará mais perto daqueles que a igreja não pode abraçar no campo, e que sofrem emocionalmente e esmorecem pelo próprio peso do trabalho e pela constante solidão. Este é o sonho e o desafio que Deus tem compartilhado comigo, e eu, ainda que assustada com o tamanho da proposta, assim como o profeta Isaías respondo: Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim! Deus abençoe muito a todos vocês! A minha gratidão, Mis. Verônica Farias (81) 91641218 / 86103470 sandra bivar _ 10/09/2009 Irmão, Gostaria de contactar com a irmã Mis. Verônica Farias do Projeto de Cuidado ao Missionário na África do Sul. Se possível passe o meu e-mail para ela. Gostaria de saber se vocês têm algum contato com missionários de trës países: Tunísia, República Centro Africao e Somália. Gostaria de propor um Projeto de Intercessão a eles. Se puderem passem o meu e-mail para eles. Um grande abraço com a paz do Senhor das Nações, Sandra - - - Ela esta estudando ingles em Cape Town no momento e estamos acertando algumas entrevistas em Worcester onde ela ja visitou a nossa base de JOCUM. Abraços nilto cavalheiro www.projetocidadao.com |
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