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 Enos Moura Filho, 1° Igreja Presbiteriana de Guarulhos
  http://cliquepaz.net/detalhescolunista.php?codcolunista=178

 

 Índice :
1. ) Arraial
2. ) Mais perto da Nova Jerusalem
3. ) Onde planto meu Ipe
4. ) Ouvindo o silencio de Deus 
5. ) Tres aspectos da oracao.doc
6. )  “Se Deus quisesse que o homem voasse ... (02/07/2009)
7. ) É fácil sorrir...(?) (09/07 )
8. ) Coeteris paribus (14/07 )
09. ) Pequenos adoradores (06/08 )
10. ) “Kiki” (13/08 )
11. ) Segura na mão de Deus e... (27/08 )
12. ) Aurora (10/09)
13. )  Um jardim regado por lágrimas (01/10)
14. ) Você já disse hoje “Eu te amo” ? (22/10)
15. ) "Ah, se eu tivesse mais cinco minutos". ( 24/11)
16. ) Queimou o pisca! (14/12/2009)
17. )
Medo de trovão (10/01/2010)
18. ) Ecos da Catedral ( 04/02)
19. ) Chão de estrelas (25/02)
20. ) Fábula de Páscoa (31/03)
21. ) GRIFE (10/04)
22. ) Desejos (10/05)
23. ) Torcendo pela Pátri (01/07)
24. ) Férias de Deus (02/08)
25. ) Jardineiro Fantasma ( 26/08
26. ) Eles não precisam de Deus ( 20/09
27. ) Destruindo um templo (17/10
28. )
Só mandam por que Deus deixa! (21/10/2010)
29. ) Anjos da Guarda ( 27/01/2011)
30. ) Frevo, axé e samba X gospel ( 26/2
31. )
Relâmpago em céu de Brigadeiro (04/04
32. ) O privilégio de carregar a cruz (19/04
33. ) O Mar (11/05
34. )
As igrejas e a homosexualidade ( 07/07
35. )
iGod ( 28/07
36. ) O Segundo por do Sol ( 6/9
37. ) Você e mais sete mil! (27/9
38. )
Humildade, oração, busca pelo Senhor ... 10/11
39. ) O Segundo natal _ 20/12/2011
40. )
A escola de onde nunca saímos _ 26/02
41. ) Alegria escarlate - 06/04/2012



1. ) Anavantur! Anarriê!

 


      Caso algum incauto pense que são palavras egressas de alguma tribo africana, é bom explicar que nada mais são que palavras aportuguesadas de originais francesas: (em) avant tout e (em) derrière, que significam, respectivamente: “para frente” e “atrás”, ou “para trás”. Palavras que fazem parte da quadrilha matuta, dança típica de festas juninas, presente nos melhores arraiais. Tem sua origem em antigas danças populares de áreas rurais inglesas e francesas (Normandia). Foi trazida para o Brasil por volta de 1820 por membros da elite imperial que a introduziu no Rio. Na época do império a quadrilha era a dança usada para abrir os bailes da Corte. Depois popularizou-se e tomou forma mais regional. Como as coreografias eram indicadas em francês,  da repetição das palavras orginais pelo povo surgiram suas versões em “matutês”.

 


      Num autêntico arraial de festa junina encontram-se facilmente comidas típicas, a maioria à base de milho. Levei algum tempo para entender que o que eu conhecia como canjica, abaixo do trópico de capricórnio é chamado de cural, e que a canjica nas regiões mais ao sul do Brasil é outra comida!

 


      Não desmerecemos a imensa importância que homens de Deus como João e Pedro tiveram na história bíblica, mas não comungamos das mesmas motivações que levam a maioria do povo a realizar as festas juninas, quais sejam celebrar Santo Antônio, São João e São Pedro nos arraiais montados pelo Brasil a fora. Nesses dias temos a satisfação de lembrar de outro arraial, mais antigo, de mais significado para nós.   

 


      No Velho Testamento o povo de Deus passou muito tempo vivendo num arraial. Mas, apesar de ser um povo que celebrava algumas festas, nenhuma delas era junina, nem o seu arraial tinha alguma semelhança com os das festas do mês de junho dos nossos tempos.

 


      O arraial do povo de Deus era o assentamento deles em situações como por exemplo, ao longo de seu deslocamento durante o êxodo. No livros do Pentateuco vemos a constante presença de Deus junto ao Seu povo, conforme lemos em Êxodo 13.21-22:

 


“E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.”

 


      E ainda em Números 10.34 lemos 

 


      “E a nuvem do SENHOR ia sobre eles de dia, quando partiam do arraial”

 


      Hoje imaginamos o arraial do povo de Deus como sendo nossas igrejas, local que reúne pessoas que professam a mesma fé no único e verdadeiro Deus. Mas o conceito vai além do espaço físico, abrange a instituição em si, a congregação. 

 


      É ainda mais interessante como podemos admitir que Deus continua no meio do Seu povo, no seu arraial. 

 


      A igreja tem papel importante no nosso crescimento espiritual, justamente por congregar irmão, por ser o lugar onde podemos aprender ainda mais, aproveitar a experiências dos mais antigos na fé e assimilar ensinos baseados na Palavra de Deus de forma mais didática.

 


      E a atuação de Deus se estende fora do arraial, através de  sua proteção para nós, dando-nos sombra e iluminando nossa caminhada diária, bem como fazia no êxodo.

 


      É maravilhoso estar no arraial do povo de Deus, e é ainda mais confortante saber que Deus está conosco quando estamos fora, Ele não nos abandona.

 


      Da próxima vez que se deparar com uma festa junina num arraial matuto, lembre do verdadeiro arraial do qual faz parte, e da festa celestial que acontece toda vez que alguém se junta a esse arraial!

 


      Enos Moura Filho

 

      (1°  IP Guarulhos)

 

2. ) Mais perto da Nova Jerusalém

 


      “A glória do jovem é a sua força; e a beleza dos velhos são as cãs” Pv. 20:29

 


      Eventos que se repetem todo o ano podiam, às vezes, ser ignorados, pois a repetição tende a levar ao tédio.

 


      Vestibular, por exemplo. Resolvi ignorar pois não me fala mais nada há anos. Carnaval, como festa mundana, também, sempre ignorei.

 


      Outras data, porém, são tratadas com desprezo por algumas pessoas e com muito carinho por outras. Quer um exemplo? O aniversário.

 


      Tive uma colega de trabalho que detestava seu aniversário, só fiquei sabendo quando, ao parabenizá-la,  não demonstrou nenhuma alegria e ainda pediu que eu não mencionasse para mais ninguém.

 


      Na outra ponta posso citar meu pai, que sempre celebra muito bem seu aniversário. Quando ele fez 60 anos teve até slogan: “6 dias de festas por 60 anos de bênçãos”.

 


      Às vésperas de completar a chamada “idade de Cristo”, ando pensando na vicissitude da vida, sua tênue existência, significado e razão. 

 


      Obviamente que não tenho dúvidas do porquê existo, o Breve Catecismo nos fala que o fim principal do homem é “louvar a Deus e gozá-lo para sempre”.  

 


      Mas é inevitável não querer colocar a fita VHS de sua vida no vídeo e ver o que ficou gravado até hoje (sim, porque minha geração gravava em VHS, daqui pra frente é DVD Blue Ray). 

 


Daí pensamos e chegamos a vários pontos:

 


      Em primeiro lugar: cantar  

 


“Conta as bênçãos dize quantas são,

 

recebidas da Divina mão,

 

vem dizê-las, todas de uma vez,

 

e verás surpreso o quanto Deus já fez”.

 


      Não dá pra negar o quanto o Senhor tem abençoado e estado ao lado dos que O amam. Mas admito que em houve vários momentos dos quais não nos orgulhamos.

 


      Em segudo lugar, saber que ainda não cheguei à metade de minha vida, mas já passei de um terço dela, de acordo com a espectativa de vida do brasileiro. E para os próximos dois terços, a esperança é que sejam vividos de maneira ainda mais intensa. Imitando o Cristo homem em todos os aspectos. Tendo em vista o Ele que ensina  em Provérbios 16:31: “Coroa de honra são as cãs, quando elas estão no caminho da justiça”. 

 


      Quando meus cabelos estiverem todos branquinhos, ou seja, com as cãs bem visíveis, quero tê-las como coroa de honra. Segundo minha esposa, já há  vários cabelinhos brancos em minha cabeça, e outro dia descobri alguns na barba, mas ainda acho que não passam de resquícios de talco que ficou depois de trocar a fralda de minha filha. 

 


            Pensando no versículo que abre esse texto, será  que estou chegando à fase da transição da glória para as cãs?
 

 


      A próxima etapa é preparar o DVD para gravar o resto da vida.

 


      No cancioneiro da MPB há alguns versos que, se pincelados e visto por determinados prismas, são interessantes. Nando Reis certa vez escreveu em uma de suas músicas:

 


“Eu não tenho mais a cara que eu tinha

 

No espelho essa cara já não é minha

 

É quando eu me toquei achei tão estranho

 

A minha barba estava deste tamanho...

 

...Não vou me adaptar”

 


      Bem, ele não conhecia barbeador e provavelmente não sabia da verdade que o apóstolo Paulo deixou registrado em Filipenses 1:21: “Para mim o viver é Cristo, o morrer é lucro”.

 


      Enquanto vivo, o caminho da justiça é Cristo, mas o morrer significa partir dessa pra melhor! Em suma, envelhecer é estar mais perto da Nova Jerusalém!!  Mas não tenho pressa, pois meu lugarzinho lá em cima está guardado.

 


      É saudável celebrar aniversário. Agradecer pelo que Deus deu, dá e dará; fez, faz e fará.

 


      Aleluia.

 


      Enos Moura Filho

 


 

 

3. ) Onde planto meu Ipê?  

 


Mt 13.23 - Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um. 

 


      No meu último aniversário ganhei algo inusitado: algumas sementes de Ipê, mas especificamente de Ipê rosa (Tabebuia pentaphylla). Árvore comum nas regiões menos quentes do país, essa espécie é, geralmente, o primeiro dos ipês a florir no ano. Inicia a floração em junho e pode-se encontrar flores ainda em setembro. Uma espécie exótica, com provável origem argentina, bastante usada em paisagismo urbano pois se desenvolve rápido. 

 


      Acontece que, de acordo com as instruções de plantio, as sementes devem ser colocadas em terra de boa qualidade e regada moderadamente, então a germinação deve acontecer em até trinta dias. Antes de completar cento e cinquenta dias, ela deve ser transplantada para um local onde possa se desenvolver e atingir seus quatro metros de altura. 

 


      Fiquei extremamente feliz, pois, uma vez que já tenho descendente, após plantar uma árvore, só vai me faltar escrever um livro! 

 


      Comecei, então, a procura por um local para minha incursão ao mundo agrícola! Passei a notar mais as árvores na cidade onde vivo. Percebi mais os ipês nas ruas, praças e canteiros. Obviamente que, como a criação exulta o poder de Deus, lembrei-me do meu Criador e fiquei orgulhoso em saber que as mesmas mãos que fizeram tantas maravilhas naturais também me criaram, que honra. 

 


      Percebi que não é tão fácil assim achar um local seguro, onde possa plantar meu ipê sem que algum aventureiro queira transplantá-lo antes que eu. Isso porque, vivendo numa metrópole, terra é artigo de luxo. Tem bastante, mas todas sempre em locais públicos, onde não há segurança para plantá-lo e esperar crescer. 

 


      A parábola de semeador me veio à mente. Nela Jesus descreve alguns locais onde a semente havia sido plantada, e que, no lugar certo, a semente frutifica e produz muito bem.  

 


      Num primeiro momento coloquei-me no lugar do semeador. Como tenho poucas sementes, não posso sair espalhando a esmo, mesmo porque gostaria de acompanhar o crescimento, registrando meu futuro Ipê em fotos. Preciso achar a terra ideal. 

 


      Depois, pensei melhor, e me coloquei como sendo a terra. O semeador, Deus, procura uma boa terra onde Sua semente possa frutificar. A minha melhor intenção é, então, oferecer-me como uma terra ideal para Seu plantio.  

 


      Mas o fato de só achar concreto e terras ruins para meu ipê  tem me feito pensar: será que concretei minha própria vida e Deus não tem encontrado espaço para semear e me fazer frutífero? 

 


      Será  que a correria do dia a dia, do desenvolvimento e crescimento da vida particular, das responsabilidades e das adversidades pelas quais todos nós passamos atuam como o solo rochoso ou o solo cheio de espinhos da parábola? 

 


      Ainda não achei a terrinha que preciso pro meu Ipê, mas sei que, mais urgente que achá-la, é voltar a preparar a terra de minha vida para receber as sementes que o Maior Agricultor quer semear, e deixar produzir os frutos que Ele espera. 

 


      A minha mão já está no arado, e a sua? 

 


Enos Moura Filho, diácono    (1°  IP Guarulhos)

 


 

4. ) Ouvindo o silêncio de Deus
 

 


      Uma das desculpas mais usadas para se justificar, ou ao menos, explicar os problemas interpessoais de hoje em dia é o stress, a correria da vida, principalmente nas grades cidades.

 


      O stress é responsável por brigas conjugais, rixas familiares, discussões de trânsito, problemas com a chefia e tudo o mais de ruim que possa acontecer.

 


      Incrivelmente as pessoas estão com os pavios cada vez mais curtos.

 


      A tendência é que, por causa da falta de paciência, da falta de longanimidade, o imediatismo comece a imperar em nossas vidas. Segundo o meu pastor, o neologismo “curtanimidade” é que tem ditado nosso ritmo. Queremos soluções rápidas, queremos resolver tudo de uma vez. E nesse ímpeto não raro acabamos por nos precipitar em falar mais do que devemos.

 


      Deus nos ensina a sermos pacientes, a sermos cautelosos no falar. Não nos deixarmos dominar pelas emoções, refrearmos a língua.

 


      No livro de Provérbios, capítulo 17 versículo 28 lemos:

 


“Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido”.

 


      Deus não está sujeito a stress, Ele não opera movido a pressões humanas. É dEle o tempo, É dEle a criação, nós somos dEle. 

 


      O silêncio de Deus, sua maneira suave de agir, em quietude, serenidade – é nisso que devemos refletir.

 


      Ele não deixa de aparar nenhuma aresta, não nos desampara em momento algum.

 

      No capítulo 19 do primeiro livro de Reis vemos o relato de Elias, profundamente preocupado com sua vida, tendo que fugir da rainha Jezabel, que o tinha jurado de morte. Elias estava angustiado. Procurou refúgio no deserto, e lá Deus providenciou o que Elias precisava: além de alimento, uma experiência incrível com Deus:

 


11. E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; 12. E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. 13. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?

 


      Deus não estava no vento, Deus não estava no fogo, Deus se apresentou em uma voz calma; imagino, talvez, uma voz doce e aveludada, extramamente paternal, que transmitia segurança e conforto.

 


      Elias foi confortado e já partiu de lá com nova missão, sabendo que ele não estava sozinho, Deus havia preservado 7 mil pessoas que estavam do lado de Elias na crise pela qual passava naquele momento de sua vida.

 


      Em situações estressantes, quando somos impulsionados a cobrar de Deus resposta rápidas, em alto e bom som, gritantes e latentes para nossos problemas cotidianos, que tal lembrarmos que Ele não precisa gritar para que nós possamos ouvi-Lo? Se nós nos aquietarmos, sabendo que Ele é Deus (Sl 46:10a), ficará mais fácil escutá-Lo. 

 


Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR. (Lamentações 3:26)

 


Enos Moura Filho

 

1° IP Guarulhos

 

 



5. )  Três aspectos sobre oração

 


      É certo que uma vida de oração é o que se espera dos filhos de Deus. Sim, porque, como filhos, temos acesso direto e irrestrito ao Pai. E esse acesso é feito pela oração, o ato de falar com Deus.

 


      Há  inúmeros textos bíblicos que nos falam sobre orar, quando orar, porque orar. Até modelo de oração, ensinada pelo próprio Jesus, temos!

 


      Mas há três aspectos que gostaria de destacar: A influência da oração em nosso dia-a-dia, a perseverança na oração e o poder da oração.

 


      Principalmente em momentos críticos, belicosos, onde nos vemos rodeados pelos dardos inflamados do maligno apontados em nossa direção, esses três aspectos se mostram ainda mais instigantes.

 


      Temos três episódios bíblicos onde podemos vislumbrá-los melhor.
 

 


Influência da oração Js 10.12:

 


Então Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom.

 


      Deus permitiu que, pela oração de Josué, em meio a uma batalha do povo de Deus contra os amorreus o dia esticasse!!! Sim, o dia demorou a passar, teve mais de 24 horas!

 


      Nossos dias passam voando, mal acordamos já nos vemos em meio ao almoço e em seguida findando as atividades. Mas... ainda falta tanta coisa pra fazer! A gestão do tempo fica mais eficiente se

 

Priorizamos os assuntos de Deus (Mt 6.33) e,
Entregarmos em Suas mãos nosso planejamento de vida (Sl 37.5).
 

 

      Em ambos os casos temos oração envolvida!
 
 

 


Perseverança na oração (Ex 17.12):

 


Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pôs.

 


      Novamente uma situação de batalha. O povo de Deus em guerra, e seu líder em oração, em batalha espiritual. Quando Moisés cansava e baixava os braços, o povo começava a perder a luta. Moisés teve de perseverar em oração, e teve ajuda de Arão e Hur para isso.

 


      Em nossa vida não é diferente, quantas vezes oramos para Deus nos mandar uma resposta e não conseguimos ouvi-la? O apóstolo Paulo tinha um espinho na carne, e por várias vezes pediu a Deus para que o retirasse. Perseverar em oração é nosso dever. I Ts 5.17: Orai sem cessar. Deus responde, como aprendemos na escola dominical, de três formas: sim, não, espere no Meu tempo.  Mas, enquanto espera, ore, persevere em oração.

 


      Se estamos em posição de liderança na igreja, oremos pelos nossos liderados. Se temos um líder, vamos apoiá-lo e sustentá-lo. Orar com ele. Dar o suporte que precisa para que seus braços não desfaleçam.
 

 


Poder da oração ( II Reis 1.12):

 


E respondeu Elias: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu, e te consuma a ti e aos teus cinquenta. Então o fogo de Deus desceu do céu, e o consumiu a ele e aos seus cinquenta.

 


      O profeta Elias pediu fogo aos céus. Ele o fogo desceu! 

 


      Não chegaremos, em nossos dias, a pedir que Deus queime alguém que não se dá bem conosco. Mas o poder de Deus continua o mesmo. O Deus que atende às minhas orações hoje é o mesmo Deus que mandou fogo do céu quando Elias orou.  E tenho certeza que, como Pai, não retém Seu poder e pode usá-lo em favor de Seus filhos.

 


      Conhecemos dezenas de testemunhos de como a oração foi fundamental para que maravilhas divinas fossem realizadas, milagres operados, mesmo no mundo contemporâneo. Ao escrever essas palavras alguns exemplos me vêm à mente, e sei que ao lê-las, outros mais virão à mente do leitor.

 


      Pense nisso, reflita nessas três nuances. 

 


      Ore.

 


      Diácono Enos Moura Filho
 


6. ) “Se Deus quisesse que o homem voasse...
 
...teria lhe dado asas!”
 
Esse é um dos ditados populares mais bobos, mais sem graça, mais sem pé-nem-cabeça que conheço!
 
Se ele fosse verdade, o homem também não se locomoveria sobre (ou sob) as águas, pois não tem nadadeiras.
 
Os que me conhecem um pouco mais sabem de minha “ligeira queda” pelo mundo maravilhoso da aviação. Deus me deu a graça de poder voar em diferentes ocasiões, diferentes equipamentos, em várias condições meteorológicas. Foram experiências únicas, pois em cada uma delas uma alegria imensa tomava conta de mim, um profundo sentimento de gratidão ao Pai. De alguma forma, ainda que metaforicamente, estar sobre as nuvens me lembrava a sensação de estar mais perto de Deus.
 
Obviamente que ninguém precisa estar a bordo de uma aeronave para sentir a presença de Deus bem perto, Ele está conosco onde quer que estejamos.
 
O que quero enfatizar é que, lá do alto, as visões possíveis: do firmamento tocando o infinito, ora num azul incrível, ora em nuances coloridas por uma aurora multicolorida ou por um crepúsculo amarelo-avermelhado; das paisagens: como o mar verde turquesa beijando a costa, ou de verdes relvas cobrindo colinas e vales, ou ainda de picos nevados espetando as nuvens...remetem sempre à maravilha da criação, e, consequentemente, impelia-me a louvar a Deus por tanta beleza.
 
Mas, indo além, o versículo 31 do capítulo 40 do livro de Isaías, que diz:
 
“...os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”,
 
sempre me vinha à memória. Isso porque a águia é um dos pássaros que conseguem voar mais alto. Que faz seu ninho em regiões de difícil acesso por outros meios que não voando. Ela dispõe da segurança que só se tem em lugares altos, e se privelegia de um raio de visão tremendo lá de cima!
 
E é isso que a Sua Palavra nos promete, ao esperar nEle, temos a segurança que só Ele nos dá ao nos propiciar abrigo em um ponto seguro, que só pode ser alcançado porque nEle se confia. Esperar nEle nos dá tranquilidade para observarmos as ameaças e as oportunidades que nos cercam com uma visão mais holística, completa, e pautada em Sua vontade.
 
Esperar nEle não é cansativo, é revigorante, por mais alto que o vôo seja!
 
Deus não nos deu asas, mas nos deu inteligência, por isso hoje o homem voa, navega e faz tantas outras coisas outrora impensáveis.
 
E no mundo espiritual podemos ser seres alados, desde que nEle esperemos.
 
Que tal experimentar alçar vôos mais altos, usando as asas que Isaías nos ensinou?
 
Enos Moura Filho
1° IP Guarulhos


7. ) É fácil sorrir...(?) (09/07/2009)
 
 
Sempre temos aquelas boas lembranças de infância e adolescência, lembranças essas que não morrem por que exercitamos o que está escrito em Lamentações 3.21: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”.
 
          Uma dessas minhas lembranças é de uma música muito bonita, de autoria de uma jovem à qual Deus deu inspiração para compor muito bem, Maíra Peixoto, e que o quinteto feminino chamado “Karis” (da Igreja Presbiteriana das Graças – Recife), gravou. A música, cujo nome era “É fácil sorrir”, foi posteriormente regravada pelo quarteto masculino PV4, do ministério “Palavra da Vida”, de Atibaia – SP.
         
          Lembrar daquela letra me ajudou em vários momentos difíceis onde não era nem um pouco fácil sorrir.
 
          Seus versos diziam:
         
          “Quando as coisas não acontecem do jeito que eu quero
          Em lugar de ficar triste é melhor quando eu espero
          Pra saber o porquê, o que o Senhor quer me mostrar
          O que Ele quer dizer quando não faz
          Aquilo que meu coração quer mais.
 
                   É fácil sorrir quando a gente acredita que Deus toma
                   conta da nossa vida
                   É tão bom saber que Ele vai suprir qualquer necessidade
                   que eu sentir
 
          Mas às vezes fica difícil acreditar
Que aquilo que eu quero não o melhor pra mim
          Então procuro o meu Senhor e Lhe digo que não consigo
          entender
          Mas que posso crer
          Que Ele sabe realmente o que é melhor
 
                   Agradeço Senhor, por fazeres em minha vida só aquilo
                   que Tu queres.
                   Agradeço porque, apesar do que sou, Senhor, ainda me
                   tratas com tanto amor.”
 
 
          Cantar essa música quando tudo está bem é muito fácil. Flui perfeitamente, afinadinha.
 
          Mas cantá-la quando o horizonte está negro, quando todas as perspectivas são as piores possíveis, quando se está com a voz embargada e os olhos marejados porque algum problema, alguma situação, ou mesmo até vários desses, estão atormentando a mente, é muito mais complicado.
 
          A Bíblia está recheada de promessas que embasam os versos dessa música. Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, então as promessas que ali estão são promessas Suas, e Ele não mente!
 
          Algumas bem conhecidas: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” Sl 30.5; “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” Rm 8.28; e no evangelho segundo Mateus, capítulo seis, dos versículos 25 a 34 vemos que se Deus cuida das aves, que não trabalham, e veste os lírios do campo com beleza maior que as vestimentas do rei Salomão, quanto mais não fará a nós, que temos valor muito maior para Deus que os animais e as plantas?
 
          Temos as promessas de Deus, único e verdadeiro; além disso, temos a honra de serví-Lo, e poder chamá-Lo de Pai. Falta um ingrediente básico para realmente ser fácil sorrir: a fé. A certeza de que Ele é quem toma conta de nossas vidas. É pela fé que podemos descansar no Senhor e saber que cumprirá Suas promessas.
 
          Uma grande diferença que separa os filhos de Deus (aqueles que já O conhecem), das criaturas de Deus (os que ainda não tiveram esse privilégio) é que esses últimos podem ser felizes em certas circunstâncias; mas os filhos de Deus são felizes apesar de qualquer circunstância (veja Fp 4.11).
 
          É Deus quem coloca o sorriso no rosto nas horas mais tenebrosas.
 
          Sim, é fácil sorrir.
 
          Enos Moura Filho
1° Igreja Presbiteriana de Guarulhos

8. ) Coeteris paribus (14/07/2009)
 
“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt 5.13-16.
 
A expressão em latim acima (lê-se “ceteris paribus”) é amplamente usada por algumas disciplinas como as ciências contábeis por exemplo, ou em problemas de cálculos matemáticos probabilísticos, e significa: “considerando que todas as demais variáveis do problema são constantes”. Sendo mais claro, a frase é usada para resumir o pressuposto de que nada mais varia além do que está sendo estudado, daquilo com o que se está mexendo, alterando.
 
Apesar de sua utilização ser normal nessas ciências exatas, às vezes uso o Coeteris Paribus para imaginar saídas para uma ou outra situação. Nem sempre dá certo, mas pode ser divertido de vez em quando.
 
Sendo um pouco mais crítico, falando mais seriamente, estive pensando, coeteris paribus, que diferença eu faço em minha igreja, no lugar onde congrego, no meio da membresia da qual faço parte? Ou seja, imaginando-me apenas como um simples membro, sem apoiar-me em deciões de assembléias, de Conselhos, de grupos de jovens, de adolescentes, de homems e de mulheres; apenas eu, sem contar com o “eu” e mais os integrantes do grupo de louvor do qual faço parte, do pessoal do coral, da turma da comissão de casais... Será que, se não houvesse nenhuma influência de todos esses conjuntos, eu faria alguma diferença? Eu, sozinho, seria responsável por agregar algo de construtivo à minha igreja?
 
Alguns podem responder: “você não deve pensar assim, pois somos um corpo em Cristo”. Sim, mas o corpo é formado por partes diferentes, que exercem funções particulares, cada uma deve fazer seu papel para que o todo trabalhe bem.
 
Na verdade, o mandamento bíblico é para sermos sal da terra e luz do mundo.
 
O sal, mesmo que apenas um pequenino grão, consegue salgar sozinho. Um pontinho de luz ilumina, mesmo que um pequeno espaço, sem depender de mais ninguém.
 
Se eu não estiver fazendo diferença, tenho que rever meu saleiro e meu candeeiro!
 
Cada um de nós tem de fazer nossa parte, para que a soma das pequenas diferenças que cada um fizer resulte no perfeito funcionamento da igreja.
 
O Senhor mais uma vez mostra sua sabedoria quando usa o pronome pessoal no plural: “vós”. Com vários grãos de sal é possível salgar eficazmente qualquer receita culinária. E com mais de um ponto de luz pode-se iluminar espaços maiores.
 
Minhas atitudes em prol do crescimento da igreja não devem ser apenas reações a estímulos recebidos externamente. Por exemplo, uma decisão de ação social estimulada pela Junta Diaconal. Devo ser proativo e, nesse caso, coeteris paribus (ou seja, se ninguém mais ajudar), devo agir, tomar a iniciativa, promover ações que tragam crescimento para o Reino de Deus na terra.
 
Vou continuar meu exercício: que diferença tenho feito em minha igreja, sem depender de que me peçam algo?
 
Una-se a mim, reflita também!
 
Enos Moura Filho
1ª IP Guarulhos


09. ) Pequenos adoradores (06/08/2009)
 
 
“... E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” Mt 21.16.
 
No último fim de semana, sem ter compromissos marcados para logo cedo no sábado pela manhã, imaginei que poderia dormir um pouco mais, levantar só às oito da manhã...  Por volta das seis fui serenamente despertado de uma forma que nunca esquecerei: minha filhinha, de dois anos, estava sentadinha no meio de nossa cama, entre mim e a minha esposa, tranquilamente cantando (ou balbuciando):
 
“três palavrinhas só,
eu aprendi de cor,
Deus é amor,
Tra la la la la lá”
 
Deve ter entoado umas quatro vezes até eu me dar conta do que estava acontecendo e cutucar a mãe dela a tempo de ela ainda escutar um pouquinho.
 
Confesso que sou um conhecido “pai babão”, mas era impossível ficar indiferente àquela cena!
 
Ver e ouvir crianças cantando louvores é, geralmente, um misto de enlevo espiritual e espetáculo.
 
Em nossa igreja, todos os domingos à noite, há um grupo de crianças que participam do momento de cânticos entoando alguma música que ensaiaram mais cedo. São os “Pequenos Adoradores”.
 
Quando estamos conduzindo a congregação durante os cânticos contemporâneos, nós, integrantes do conjunto, temos o privilégio de ouvir as crianças sentadas nos primeiros bancos cantando a plenos pulmões. Aqueles acordes soam mais belos e afinados que todos os adultos cantando juntos!
 
E é com as crianças, os pequenos adoradores, que o Senhor Jesus nos sugere a aprender sobre perfeito louvor. Um louvor sincero, isento de preocupações; um louvor não influenciado por problemas com as questões diárias; um louvor leve, solto, puro.
 
É óbvio que devemos nos preocupar com a qualidade musical do louvor, e que, além disso, é mais difícil para os adultos esvaziarem-se daquilo que os atormenta a mente, dos problemas que os cercam, e se concentrarem naquilo que estão cantando, orando ou sentindo em louvor a Deus.
 
 
Contudo são atitudes assim que devemos ter; é com pureza de coração, com sinceridade pueril, com ânimo de quem ainda mal fala, mas que já não se contém em tentar cantar, que devemos louvá-Lo.
 
Ouça as crianças, ouça o perfeito louvor.
 
 
Pb. Enos Moura Filho
1° IP Guarulhos - SP



10. ) “Kiki” (13/08/2009)
 
Em um bom livro de auto-ajuda secular pode-se descobrir que “Kiki” é a palavra japonesa para designar “Crise”. A língua japonesa é muito rica, e a grafia de “kiki” é do alfabeto Kanji, que tem várias palavras com origem chinesa. Descobre-se ainda que ela é formada por duas letras, a primeira letra é de ayaui, abunai (perigo, ou risco), porém a segunda letra significa kikai (chance, ou oportnidade).
 
Dizem que os japoneses são muito bons em superar as crises, pois encaram os riscos como oportunidades.
 
Mas, nesse tempo em que a tão afamada e malfadada “crise mundial” já se faz sentir ainda maior que a “marolinha” prevista por nosso presidente meses atrás, e mais: que, em nome dessa crise mundial, empregos têm sido ceifados, empresas têm ido à bancarrota, grandes marcas têm sido engolidas por concorrentes e mesmo países com economias mais frágeis estão maus lençóis, o que os filhos do Deus Altíssimo, que está acima de tudo isso, devem esperar?
 
Uma resposta simples que terminaria de vez com a dúvida é: leia o Salmo 107.
 
Mas podemos ir além, podemos nos fortificar e confortar relembrando que a Palavra de Deus é rica em promessas que nos dão segurança e paz.
 
Ainda no livro de Salmos lemos que o nosso socorro vem do Senhor (Sl 121), e que:
 
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Sl
           46.1
 
Não que a crise não vá nos atingir, até pode ser que sim, mas em Deus temos a segurança que nossa vida é gerida por Ele, conforme Ele quer. E que aquilo que acontece conosco, os filhos de Deus, de alguma forma, é para o nosso bem.
 
No Novo Testamento podemos até encontrar benefícios imeditados provocados por problemas:
 
“... mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência. E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Rm 5.3-5      
 
Os problemas podem ser uma fonte de lembrança para que busquemos a Deus. Saímos dos problemas mais preparados para o futuro.
 
E aqui retomo o pensamento dos japoneses, a crise é a oportunidade de crescimento com os riscos, os perigos. Similar, não?
 
Por isso, nossa atitude deve ser a descrita na carta do Apóstolo Paulo aos Romanos, capítulo 12, versículo 12:
 
“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na
           oração”.
 
E lembrando ainda que nenhuma crise mundial é capaz de nos apartar do Senhor:
 
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” Rm 8:35
 
A crise está aí, recheada de problemas. Que tal observamos Suas promessas e enfrentá-la declarando nossa vitória em Cristo?
 
*Enos Moura Filho é Presbítero na 1° I. P. De Guarulhos - SP

11. ) Segura na mão de Deus e...
Enos Moura Filho*
 
 
“Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.” Sl 37.5
 
Quando eu era bem pequeno, um ratinho de igreja, pois, graças a Deus, nasci em lar evangélico, era comum ouvir nos cultos um cântico que tinha essa frase no refrão. É bem conhecido, e, recentemente, para matar saudades, resovi pesquisá-lo no google e tentar resgatar a letra. Qual não foi minha surpresa quando vi que a comunidade católica também o canta, aliás, só encontrei a letra em sites católicos, e nem lembro se difere muito da letra que cantava na infância. O que importa é que a mensagem que ela transmite continua atual.
 
Deixando de lado algumas discussões teológicas de pessoas que afirmam que é errado cantar dessa forma, pois é Deus quem nos sustenta e não o homem que vai buscar a mão de Deus para segurá-la, a imagem que me vem à mente é a de um pai conduzindo seu filho pela mão por caminhos seguros.
 
O rei Davi, exímio salmista, no Salmo 37, onde faz paralelos entre os justos (nós, os filhos de Deus), e os ímpios, deixa bem clara a percepção da forma como Deus opera em relação a nós.
 
Num momento em que meu coração humano, concebido e maculado pelo pecado (mas que encontrou redenção e Cristo), se turba por estar diante de momentos decisivos de minha vida, e por não conseguir enxergar além da névoa das incertezas do futuro, é na Palavra de Deus (como em Jo. 14.1), e em memórias de cânticos que nos exortam a buscá-Lo que procuro conforto.
 
            Porque temer o futuro se é Ele quem ratifica os passos que dou sob Sua vontade?
 
“Os passos de um homem bom são confirmados pelo SENHOR, e deleita-se no seu caminho.” (Sl 37.23)
 
Porque agir com receio de falhar se nesse mesmo salmo o Senhor nos ensina, através do Seu servo Davi, o que fazer para descansar no Senhor e esperar nEle? Veja o versículo 5!!!
 
Por vezes tememos por nosso sustento, por nosso emprego, pela manutenção de nossa família. Humanamente, e com a fé em momentos de fraqueza, é até comum que assim pensemos, mas ainda no Salmo 37, no versículo 17 lemos que é o Senhor quem sustenta os justos, E ainda no versículo 25 lemos:
 
“Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão”.
 
O mesmo salmista, no capítulo 20, versículo 7 desse livro declara:
 
“Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus”
 
Ou seja, não é o noso salário, o nosso emprego, a nossa labuta que nos sustenta, e sim o Senhor. Dentre os vários instrumentos que Ele pode usar para isso, emprego, salário são bênçãos que ele nos proporciona para nos que Ele mesmo nos sustente. É a Ele que devemos tributar honras e glórias, e dar graças pelo o que nos é dado.
 
Com isso em mente, é mais confortável encarar os desafios que o futuro nos aguarda, sejam eles profissionais, familiares, ou de qualquer outra natureza.
 
Assim sendo, podemos completar a frase do refrão do cântico: “Segura na mão de Deus e vai!
 
 
*Enos Moura Filho é Presbítero na 1° I. P. De Guarulhos - SP

12. )
AURORA
Enos Moura Filho*
 
 
 
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!“
 
 
Esse é um trecho de “Meus oito anos”, poema de Casimiro de Abreu, poeta da segunda geração romântica da literatura brasileira. Nessa bela obra Casimiro de Abreu, quando estava em Portugal, escreve sobre sua saudosa infância no Rio de Janeiro, enaltece suas aventuras típicas de um garoto caiçara e lamenta não poder revivê-las, senão em suas memórias.
 
Pude entender mais claramente a importâcia da aurora, alva, ou ainda rair do dia, na literatura, depois de viver numa região mais setentrional do país. Isso porque, devido à curvatura da Terra, quanto mais perto da região do equador, mais cedo o sol nasce. No nordeste às cinco da madrugada já temos a noite posta. Hoje é normal para mim acordar antes dos primeiros raios de sol surgirem, por volta das cinco e meia ou seis horas, e acompanhar pela janela de casa a vista maravilhosa do multicolorido e dinâmico céu logo cedo, com as nuances de tons amarelos e vermelhos se clareando a cada minuto que passa.
 
Nos fins de semana tenho a grata companhia de minha filha, que de segunda a sexta acorda mais tarde, mas sábado e domingo muda a rotina! Quando ela crescer mais um poquinho vou ensinar a música que Chico Buarque fez em 1981 para um musical infantil e que dizia:
                       
“Sou eu quem cutuca o galo, viu
Pro galo cocorocar” 1
 
Confesso que me apaixonei por essa paisagem, e por ela dou graças e glórias a Deus.
 
E nesses momentos peço a Deus que eu possa buscar sempre Sua vontade, para que seja tido como justo, e vivenciar Provérbios 4.18:
 
“...a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”.
 
Somente pelo Seu Espírito atuando em nossa vida, podemos almejar uma vereda tão perfeita como a aurora. O Salmo 139, nos versículos 9 e 10 proclama que é Ele quem nos guia e sustém, em qualquer lugar, sempre:
 
“Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.”
 
Mas um outro sentimento que aflora ao contemplar a última estrela é a certeza de que Deus é quem permite que eu esteja ali, naquele exato momento, vivendo aquela experiência, pois suas misericórdias de renovam a cada manhã, conforme Lamentações 3.22-23:
 
“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”.
 
 
Quanto à aurora de nossa vida, não precisamos sentir saudades, como Casimiro de Abreu. Deus nos deu um novo amanhecer quando O aceitamos, ao crermos no sacrifício de Cristo, e sermos alcançados por Seu sangue.
 
E, desse momento em diante, a cada alva que vivemos, podemos nos lembrar da aurora de nossa vida, de nossa nova infância nos braços do Pai, a qual Ele não deixa que os anos levem embora, mas que são renovadas dia a dia por Suas misericórdias.
 
Lembre disso quando vir o sol nascer de novo.
 
- - -
1- “Rebichada” (Enriquez - Bardotti - Chico Buarque/1981 – para o musical “Os Saltimbancos trapalhões”)
 
 
 
*Enos Moura Filho é Presbítero na 1° I. P. De Guarulhos – SP

13. )  Um jardim regado por lágrimas
Enos Moura Filho*
 
 
 
O homem não foi criado para morrer. Mas graças à colaboração de Adão e Eva, o pecado entrou no mundo e como consequência a morte física se tornou uma realidade para todos os viventes.
 
Naturalmente enfrentamos alguns momentos da vida nos quais alguém muito próximo encontra o fim de seu tempo aqui na terra.
 
Como filho de pastor às vezes acompanhava meu pai a velórios e sepultamentos. Algo aprendi com isso: há muita diferença entre velório de irmãos em cristo e de pessoas que não eram declaradamente evengélicas, principalmente se a família também é ou não evangélica.
 
Acontece que aqueles que ainda não aceitaram o Plano de Salvação se desesperam, a dor da perda é sentida em sua totalidade e a incerteza do que vai acontecer com o ente querido que se foi reinará em seus corações dali para frente.
 
Já com a família da fé, com os filho de Deus, com os salvos em Cristo, a situação é diferente.
 
No livro de Salmos, capítulo 116 versículo 15 lemos que “Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos”
 
Não que Deus tenha prazer na morte, mas é que Seus filhos vão para Sua presença eterna após a morte física. O Pai recebe Seus filhos de braços abertos.
 
Claro que há choro entre os evangélicos quando alguém amado parte para a Glória. Mas é um choro que traduz a dor da separação física, não o desespero da perdição total.
 
O jardim de nossa vida passa a ser momentaneamente regado por lágrimas de um choro lamurioso que durará algum tempo: o luto, mas que é consolado pela ação do Espírito Santo.
 
Por vezes, com o passar do luto, esse choro dá lugar às boas lembranças marcadas em nossa mente por aquela pessoa que se foi, e lágrimas de contentamento e até de felicidade evocada por tais pensamentos começam a regar esse nosso jardim.
 
Sabemos que a Jerusalém Celestial nos espera, que alguns queridos já estão lá. O apóstolo Paulo declarou em sua carta aos Filipenses:
 
“...para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp. 1.21)
 
Saudades são normais. A certeza de que não se verá mais aquela pessoa querida que falaceu enquanto por aqui estivermos, dói.
 
Mas esse não é o fim em definitivo, é o começo da eternidade aos pés do Senhor. Saber que aqueles que se foram, salvos por Cristo, agora estão contemplando-O face a face deve nos despertar para a noção de que o lamento é passageiro.
 
Enfrentaremos a morte de pessoas próximas, e a nossa também, a não ser que nosso Senhor Jesus Cristo volte para nos buscar primeiro. Mas enquanto Ele não vem, temos o Consolador, o Espírito Santo, que nos ajuda que a encarar essa inimiga que o próprio Jesus já derrotou.
 
Assim podemos entender que as flores do nosso jardim, regadas por lágrimas de luto ou de lembranças agradáveis, hão de ser belas por causa da ação de Deus em nossa vida nos fortificando frente à morte.
*Enos Moura Filho é Presbítero na 1° I. P. de Guarulhos – Sp
(01/10/2009)
14. ) Você já disse hoje “Eu te amo” ? ( 22/10/2009)
Enos Moura Filho*
 
 
“O meu mandamento é este:
Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.”(João 15.12)
Aprendi que há três palavras gregas usadas na Bíblia para designar “amor”: ágape (o amor de Deus para com os homens), fileo (o amor fraternal entre os homens), e eros (o amor responsável pela união entre os casais).
 
Desde cedo fui incentivado por minha família a fazer um simples exercício que consiste em não deixar que o dia passe sem que eu tenha dito a alguém que o amo. Especialmente aos de casa.
 
É uma prática sadia. Mas confesso que pode ser complicada quando as nuances e correrias da vida nos tomam tempo, vigor e paciência.
 
Mas não é simplesmente o dizer “eu te amo” que atende à recomendação desse exercício. Antes de mais nada deve ser sincero, não só para “cumprir tabela”.
 
Mas qual dos três tipos de amor deve ser levado em consideração nesse exercício?
 
Os três! Para Deus é bom dizer sempre que O amamos. Como parte dos nossos momentos diários de comunhão com Deus. Pode ser numa oração de louvor, ou de gratidão... bem, em qualquer instante. É bom termos em mente que Deus nos amou primeiro. O amor ágape é o amor sublime, puro, santo, eterno.
 
“Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.” Jeremias 31.3
 
Para a pessoa amada, nosso cÃ?njuge, ou quem estiver a caminho de sê-lo, isso pode até ser feito de forma criativa. Grande parte das pessoas acha difícil, piegas, retrógrado e quadrado verbalizar essas três palavrinhas, mas por vezes nem é preciso verbalizar. Os atos podem significar mais que várias palavras. Um gesto, um afago, uma flor, até mesmo um chocolate deixado em cima do travesseiro pode ser o suficiente para que a outra pessoa entenda o “eu te amo”.
 
E ainda temos a facilidade de poder declarar para outras pessoas nosso amor fileo para com elas. É o carinho que sentimos por nossos irmãos chegados, por nossos familiares. Dizer “eu te amo” pode significar oferecer o ombro amigo na hora da angústia. É andar mais uma milha, ou seja, fazer sempre um pouco a mais do que solicitado, ou do que esperado. Lembrando que, fazer com interesse próprio deixa de ser amor apenas e pode até mesmo ser hipocrisia. O apóstolo João é enfático quanto à sinceridade do sentimento:
 
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” 1 João 4.20
 
Se quiser adotar esse exercício, uma boa sugestão é começar durante os fins de semana, quando passamos mais tempo com a nossa família, e, além disso, quando encontramos várias pessoas queridas num só lugar: a igreja.
 
“Eu te amo”. Apenas uma frase, mas que poder fazer uma grande diferença quando dita na hora certa, da forma correta.
 
 
*Enos Moura Filho é Presbítero na
1° I. Presbiteriana de Guarulhos – SP

15. ) "Ah, se eu tivesse mais cinco minutos". (24/11/2009)
 
Enos Moura Filho (*)
 
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Ec 3.1
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Ec 3.7
 
Às vezes dúvidas surgem em nossa mente que nem mesmo o google dá a resposta!
 
Para algumas delas nossa mente associa nomes que imediatamente poderiam nos responder. Mas nem sempre essas pessoas estão acessíveis!
 
Quantas vezes eu me vi envolto por alguns questionamentos eclesiásticos quando estava preparando as aulas dominicais! Especialmente as de anjeologia! Ah se eu tivesse mais cinco minutos e pudesse conversar a respeito com meu avÃ? materno, que era profundo conhecedor do assunto!
 
Ah se eu tivesse mais cinco minutos com minhas avós e pudesse saber mais sobre as infâncias dos meus pais, o que aprontaram..., como se comportavam..., o que deles elas viam em mim...
 
E em outras situações que vivenciamos e que não soubemos aproveitar da melhor maneira! Depois ficamos pensando e tentando revivê-las, imaginando o que teria dito melhor, ou que atitude mais adequada poderia ter tomado e aproveitado de maneira mais útil aqueles momentos.
 
Ah se eu tivesse mais cinco minutos com aqueles políticos que encontrava ao trabalhar em aeroportos, e tido a intrepidez de lhes pregar o Evangelho!
 
Ah se eu tivesse mais cinco minutos com o Rev. Wilson de Souza Lopes, e pudesse aprender mais sobre a administração da igreja.
 
Ah se eu tivesse mais cinco minutos com Guaracy Maranhão, e pudesse ter ouvido ainda mais sobre os primórdios da Mocidade Presbiteriana.
 
Atualmente o tempo é um bem escasso. Deus já sabia que o homem, de forma geral, teria dificuldade em administrá-lo. Em Eclesiastes Deus nos exorta a fazer bom uso de nosso tempo.
 
Devemos dar valor às oportunidades que surgem e não deixar que elas passem sem que nós possamos aproveitá-las da forma como Deus quer. Afinal, eu acredito que “coincidência”, “acaso”, “destino”, nada mais são que a vontade de Deus operando para que cada evento aconteça no momento certo na nossa vida. É ele, e só Ele quem controla  essas variáveis.
 
Além disso, é preciso dar valor às pessoas, e àquilo que se pode aprender com elas, enquanto as temos por perto.
 
No cancioneiro da MPB, rico em alguns conselhos, lembramos dos versos:
“... é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...”
 
E como parte do amar têm-se o ouvir, dar atenção, mostrar-se atento, principalmente aos mais velhos, àqueles cujas cãs já se revelam.
 
Ah se eu tivesse mais cinco minutos... poderia discorrer por mais algumas páginas, porém creio que vou aproveitar os próximos cinco minutos, no mínimo, e aprender como não mais ter motivos para escrever esse bordão.
 
Seguir os conselhos bíblicos é um bom começo para isso.
 
 

16. ) Queimou o pisca!
 

         Noite de natal 24 de dezembro, 19h00m. Na casa de Otávio todos se arrumavam para a grande ceia da família (seriam vários convidados). Quatro gerações do clã dos Andradas se encontrariam para celebrar o natal juntos.
 
Otávio, que tinha terminado de se aprontar antes dos outros, foi para a sala dar os últimos retoques no ambiente. Mas quando ligou o pisca-pisca da árvore de natal... nada, nem uma piscadinha! Queimou!
 
E agora? Onde iria conseguir outro antes da ceia? Não dava pra deixar a árvore de mais de um metro e oitenta de altura, que levou uma tarde para ficar enfeitada, sem pisca-pisca!
 
Otávio pega a chave do carro e sua carteira, solta uma grito de “Já volto” pra sua esposa e filhos e sai apressado de casa. Já ao volante começa a pensar nas possibilidades de onde achar um pisca-pisca: shopping? Não, está fechando... Loja de conveniência do posto de combustíveis? Não vende esse tipo de coisa. Ah! O supermercado “24 horas” da avenida no bairro vizinho! Na noite de natal fica aberto até às 22h00m. Então Otávio acelera e ruma para lá.
 
Mas um incauto vira-lata esboça atravessar na frente do carro, Otávio se assusta e puxa o volante com força. Acaba acertando um hidrante, batendo com a cabeça na porta do carro e começa a sangrar.
 
Com o susto e a adrenalina a mil, Otávio sai do carro, percebe que está sangrando na testa, e que, além do amassado na lataria, a roda do carro está empenada. Enquanto procura o telefone da seguradora, um morador que presenciou o acidente já havia ligado para o resgate e se oferecia para ajudar.
 
Em questão de minutos o resgate chegou. Otávio deixou a chave do carro na mão do “bom samaritano” que esperaria pelo guincho e foi conduzido ao hospital mais próximo pelos profissionais na ambulância, que fizeram os primeiros socorros.
 
Em sua mente Otávio pensava na bondade daquele homem que interromperia sua ceia para embarcar o carro danificado no guincho. Pensava também o quão sortudo ele era por estar sendo ajudado por aquelas pessoas. E pensava no pisca! Ah, o pisca! No caminho pro hospital ligou pra seu irmão falando do pisca, mas nem disse onde estava.
 
         Já no hospital Otávio levou dois pontos na testa, e só perguntava se ia demorar para deixarem-no sair, pois tinha uma ceia para participar. Cerca de quase uma hora depois tomou um táxi para percorrer os oito quilÃ?metros até em casa. Tempo suficiente para conversar com o motorista e saber que ele estava contente por poder trabalhar mesmo sendo natal, e que folgaria na noite de ano novo.
 
Chegando em casa, atrasado para a ceia, toda a família já o esperava aflita. Otávio contou tudo, em detalhes.
 
Só então Otávio começou a perceber o que acontecera, Deus, além do livramento que tinha dado não deixando que o acidente fosse mais grave, fez com que Otávio entendesse, à medida que ia descrevendo o desfecho de sua aventura, a importância que cada uma daquelas pessoas teve para que ele pudesse estar com sua família ali, a tempo de celebrar o natal com os entes queridos. Sua fala foi ficando mais pausada, sua voz mais embargada, e, quando percebeu que alguém havia conseguido substituir até mesmo o pisca-pisca, com os olhos fitos na árvore, deixou escorrer uma lágrima.
 
Ninguém estava mais entendendo, por que ele tinha parado de contar a história justamente no finalzinho?
 
Otávio pediu que todos sentassem. Abriu a palavra de Deus e leu:
“todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus...” (Rm 8.28).
 
Otávio, homem de Deus, crente no senhor Jesus, começou a recontar a história, dessa vez ressaltando o papel de cada um dos personagens. E conseguiu transmitir aos seu queridos quão importante é ter pessoas que, enquanto celebramos, trabalham secularmente para que possamos ficar tranqÃ?ilos. Foi Deus que nas mínimas coisas, nos detalhes, nas providências, regeu os acontecimentos e colocou cada uma daquelas pessoas no caminho de Otávio, para que ele pudesse estar ali contando o fato.
 
No natal costumamos refletir um pouco mais do que em outras épocas do ano. E não é difícil entender o sentido do natal. Sentido esse que se faz acompanhar de substantivos como gratidão, reconhecimento, amor, fraternidade. Qualidades inerentes e esperadas dos filhos de Deus, como nós.
 
Qualidades que nos trazem à memória os frutos do Espírito, do Espírito Santo, do Espírito da Trindade, o verdadeiro Espírito do natal.
 
É esse Espírito que tem alegrado meu coração, que me leva a celebrar o meu Salvador.
 
E nesse natal quero incluir um motivo a mais de gratidão a Deus: a vida daqueles que não estão celebrando com suas famílias por estarem em serviço: médicos, policiais, bombeiros, motoristas, profissionais da aviação, de transportes públicos... pessoas que, sem percebermos, não deixam que o mundo todo pare.
 
Otávio, depois da meia-noite, saiu por meia hora no carro do seu irmão para passar no hospital e na casa do rapaz que o ajudou com o carro levando um abraço de “Feliz Natal” e de “Obrigado” a eles, e com isso mostrando que o Espírito de natal pode estar presente também longe das ceias, mas perto dos que O buscam.
 
Há pessoas que fazem já fazem isso. Quem sabe nós não possamos fazer algo assim também?

 

17. ) Medo de trovão
“A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.” (Salmos 77:18)
Quando eu era criança tinha medo de trovão. Na verdade, até me mudar para uma terra onde trovejar é tão normal quanto chover, ainda me sentia incomodado com tempestades.
Herdei esse medo de minha avó paterna. Ela foi criada no interior do estado de Alagoas, na roça. Era meio raro trovejar por lá, mas minha bisavó achava que quando acontecia era por que Deus estava muito bravo com os homens. Então todos se recolhiam para suas casas. Havia também alguns cuidados como cobrir os espelhos para não atrair raios... crendices populares do início do século passado nos rincões nordestinos.
É certo que a Bíblia trata da voz do Senhor como trovão, mas não seria essa a aplicação mais normal.
Mesmo depois de crescida, minha avó ainda não havia se acostumado com os trovões. E fui no embalo.
Meus pais, cientes do caso, sempre explicavam e ensinavam o que era o trovão e que não devia termer. Além deles, outros membros da família também contribuíam na “terapia”. Certa vez, pequenino ainda, estava visitando meu tio por parte de pai em Atibaia (SP) quando começou uma tempestade. Minha tia viu que fiquei com medo. Então me ensinou uma canção que dizia:
“Aprendi um bom segredo
Pra quando às vezes sinto medo
Lá na Bíblia está gravado
O que Jesus me diz
Ele diz que está comigo
Mesmo no meio do perigo
Quando às vezes sinto medo
Lembro que a Bíblia diz”.
Essa música ficou gravada em minha mente, e desse dia em diante não passo por uma trovejada sequer sem que dela me lembre.  Agradeço a Deus por  minha família ter me ajudado com isso, e agradeço também por minha tia ter me ensinado aquela música, ajudou bastante a vencer esse medo.
De acordo com a “Grande Enciclopédia Larousse Cultural”, por definição, medo é o sentimento de inquietação, de apreensão em face de um perigo real ou imaginário. A palavra medo está relacionada também com receio, temor, horror, pavor, pânico.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, há algum tempo muito discutido nos meios da psicanálise, dizia que: “o medo é um sentimento que nos inspira a possibilidade real de sermos afetados por um mal real, por um mal que conhecemos pela experiência”.
É saudável ter medo, pois instintivamente nos resguarda de alguns perigos.
É interessante ver nos primeiros anos de nossos filhos como os medos vão surgindo à medida que crescem. Lembro de minha filha, com quase dois anos, quando viu pela primeira vez uma aranhazinha, para ela apenas “um bichinho”. Eu sabia que era inofensiva, mas e se fosse uma armadeira ou caranguegeira??? Ela não sabia ainda discernir!
Hoje, estando no papel de pai, de tio, ou seja, de pessoa mais velha, entendo melhor a responsabilidade que temos junto aos pequeninos em ensinar o que temer, ou o que não temer, e os porquês.
E a Bíblia nos dá ampla base para fazê-lo. Textos como o Salmo 27.1 : “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” servem para ensinar as crianças que é Deus que está ao nosso lado para enfrentar os problemas que a vida nos traz.
 
E o Salmo 23.4: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” Que promessa maravilhosa! O ideal é fazê-los entender desde cedo.
Mas, além disso, há ainda outro tipo de temor extrmamente importante:
“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência.” (Provérbios 9.10).  É nesse temor que devemos criar nossas crianças. Elas devem entendê-lo, e a promessa é que daí nasce a sabedoria para a vida.
Não devemos desprezar os medos das crianças, por mais banais e bobos que possam parecer. Já fomos crianças e se tivéssemos alguém para nos ensinar a enfrentar todos os nosso medos, quem sabe hoje seríamos pessoas melhores, com menos complexos e manias...
Devemos nos lembrar que temer a Deus significa também guardar Seus mandamentos. E um deles é justamente criar as crianças nos Seus retos caminhos.


18. ) Ecos da Catedral ( 04/02/2010)

ECOS DA CATEDRAL
 
 
 
Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, (At 17.6b)
 
 
Por ocasião do XVI Congresso Nacional de Mocidade Presbiteriana, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, mais conhecida como Catedral, viveu quatro dias de intenso fervilhar da juventude, entre 20 e 24 de janeiro de 2010. Lá, o berço da Mocidade Presbiteriana, rostos e sotaques dos quatro cantos do país se reuniam, congregavam, conversavam, e faziam das salas, corredores e dependências da Catedral o quartel-general, inda que temporário, dos jovens presbiterianos brasileiros.
 
O tema do congresso: “Transtornando o mundo”, foi baseado na passagem bíblica acima. O contexto é a chegada de Paulo e Silas a Tessalônica, e sua eficaz pregação do evangelho de Cristo, que estava arrebanhando cada vez mais fiéis, incomodando assim alguns dos judeus que ali viviam. 
 
Durante os quatro dias do Congresso Nacional, os jovens, além de discutirem e deliberarem sobre assuntos pertinentes à Mocidade Presbiteriana, puderam aprender mais o que é “transtornar o mundo”.
 
E vários foram os exemplos, as aplicações, as comparações. Nem seria possível tentar resumi-los todos em poucas linhas, pois muito do primordial se perderia.
 
Porém a conscientização da necessidade de fazer diferença é digna de ser mencionada.  Paulo e Silas, como se diz através de gírias e regionalismos, estavam apavorando; estavam causando! Eles chegaram a Tessalônica e foram logo mostrando para que tinham ido.
 
Rapazes intrépidos, corajosos, determinados, fiéis, tementes a Deus e resignados em sua missão.  Não é isso que os nossos jovens procuram? Não são esses alguns dos valores que fazem a juventude alinhada com os ideais da Reforma Protestante mover-se cada vez mais em direção a uma atitude transformadora e transtornadora da sociedade?
 
Os jovens que viveram aquele Congresso receberam instruções sobre como transtornar o mundo, e partiram para suas regiões a fim de replicar as informações.
 
Mas mesmo que essas informações demorem a chegar, por uma outra razão qualquer, a fonte é a mesma, a Palavra de Deus. E a essência não muda: transtornar o mundo, fazer diferença, testemunhar de Cristo (seja verbalmente, seja com a vida cristã) onde estiver. Incomodar o ambiente de forma sadia, fazendo aqueles que ainda não conhecem a Deus refletirem sobre a beleza de Cristo na vida do jovem salvo e redimido por Seu sangue.
 
Enquanto vivo estiver, ficarei sempre orgulhoso quando alguém se referir a mim como um dos que tem transtornado o mundo, pela Graça de Deus. A mesma Graça que me faz e nos faz despertar nossos jovens para essa missão

19. CHÃO DE ESTRELAS
 
 
Não há outro, ó amado, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda e com a sua alteza sobre as nuvens. (Dt 33.26).
 
O silêncio reina. A única iluminação que se vê é de algumas telas individuais nos assentos de passageiros que não conseguiram adormecer, passando filmes ou informações do vÃ?o: lá fora está –50°C, aqui dentro, uns 22°C. A 890 quilÃ?metros por hora e a mais de 11 mil metros de altitude penso em despertar minha esposa e filha que dormem ao meu lado para apreciarem pela janelinha o estupendo pÃ?r do sol no firmamento emoldurado na parte superior por algumas estrelas, e embaixo por uma espessa camada de nuvens de uma frente fria que estacionou sobre o sudeste.
 
Penso bem e prefiro não interromper seus soninhos, só falta uma hora até a selva de pedras paulista... que durmam sossegadamente enquanto curto a paisagem.
 
É sempre assim: cada vez que estou sobre as nuvens Deus me revela um pouco mais de sua grandeza. Já mencionei isso antes.
 
Segundo o Salmo 104.2b-3: “Tu estendes o céu como uma cortina, pões nas águas o vigamento da tua morada, tomas as nuvens por teu carro e voas nas asas do vento”. E o profeta Naum afirma que as nuvens são o pó dos Seus pés. (Naum 1.3).
 
Como não louvá-Lo?
 
Mas subitamente lembrei do nome de um bairro lá da minha terra: “Chão de Estrelas”. De onde vem esse nome? Um dia descubro. O interessante é que apenas UM é quem pode ter o Seu chão forrado de estrelas: Deus. 
 
Jó já havia dito que Deus passeia pela abóbada do céu (Jó 22.14). O salmista que compÃ?s o Salmo 147 afirma que Deus sabe o número de estrelas e chama cada uma pelo seu nome! (Sl 147.4). Nada mais natural, pois foi Ele que as criou; lembre dos versos de Davi no Salmo 8.3-4: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?”.
 
Pois é, nós, tão pequenos ante a um Deus tão magnífico e tremendo!
 
Como é agradável sentir que é justamente esse Deus que cuida de mim.
 
Mas como ter certeza disso?
 
Que tal continuar pelo Salmo 8? Lendo mais um pouco vemos que Deus confiou ao homem o domínio sobre as obras das mãos dEle, Ele nos fez um pouco menores que os anjos. É difícil entender a proporcionalidade se compararmos com o Seu chão de estrelas, mas é estupenda a nossa situação!
 
Lembra dos versos do cântico de João Alexandre/“Vencedores por Cristo”: “Nas estrelas vejo a Sua mão...”?  Em certo momento da música ouve-se “... descobri então que Deus não vive longe lá no céu, sem se importar comigo”.
 
Quando imagino que estou em maus lençóis, olho pro alto, se for dia, vejo o pó dos Seus pés. Se for noite, procuro pelo Seu chão de estrelas. Não dá pra imaginar o tamanho do Senhor! Estou ainda mais abaixo, mas isso apenas significa que é esse Deus tão grande que me sustenta e está ao meu lado sempre, mesmo pequeno como sou.
 
Olhe pra cima!

20. ) Fábula de Páscoa (31/03/2010)
Enos Moura Filho*
 
Início do ano em Coelhândia. De janeiro a abril é a época mais conturbada e corrida dessa pequena cidadezinha, que há algumas décadas não passava de uma vila de espertos coelhos.
 
Desde que a comunidade de coelhos percebeu que era mais lucrativo prestar consultoria do que produzir ovos de páscoa, os cidadãos de coelhândia passaram de operários a executivos. E nos quatro primeiros meses do ano, antes do período de páscoa, portanto, não há um coelho que não esteja em alguma missão de consultoria sobre a produção de ovos ao redor do mundo. Tirar férias durante esse período é proibido, afastamentos por motivos médicos... só se for extremamente grave, ou comprometa o resultado do trabalho, como diagnósticos de coelhos chocólatras.
 
Coelhândia tem fechado vários contratos com corporações fabricantes de chocolates ao redor do globo. Um escritório de representação de Coelhândia foi recentemente aberto em Genebra, Suíça, apenas para cuidar de interesses comerciais na terra dos chocolates.
 
Como parte do programa de formação dos coelhos, além de serem bacharéis em áreas correlatas, como gastronomia, nutrição e engenharia de alimentos, há programas de intercâmbios específicos.
 
Recentemente um jovem coelho, chamado Tatrufo, chegou da LapÃ?nia, onde passou um ano em intercâmbio cultural e de estudos na áera de logística global. Uma das últimas atividades foi acompanhar os preparativos e a própria viagem do trenó do Papai Noel no último natal, a fim de tomar nota de idéias de distribuição a serem adaptadas e aplicadas na páscoa.
 
Mas, um detalhe chamou a atenção do Tratufo nesse intercâmbio. Algo de diferente ocorria no escritório de Papai Noel no último período de natal. Parece que tudo havia começado com o Rudolf, aquela rena do nariz vermelho. Ele foi o primeiro a entender que o natal era muito mais que apenas distribuir presentes, espalhar esperança e alegria. Foi ele quem despertou a turma do escritório na LapÃ?nia para a existência do significado cristão do natal. E até o casal Noel já estava convencido que a história de Cristo é o verdadeiro sentido do natal.
 
Porém ninguém lá conseguia entender diretinho como que o evento da vinda do Salvador do mundo poderia fazer diferença. Se a história começava no natal... onde terminava?
 
Tratufo, que conhecia muito bem a história da páscoa, além da produção e distribuição de ovos de chocolate, lembrou que seus ancestrais, coelhos que viviam nas tocas incrustadas em colinas da Judéia, contavam a história de um homem, que certa vez, durante a festa judaica da páscoa, apesar de nunca ter feito nada de errado, foi morto de forma brutal, como um ladrão, assassino, malfeitor. Essa história era ainda mais fantástica e linda porque esse homem não ficou desaparecido muito tempo, três dias depois ressuscitou e, desde então, seus discípulos têm declarado que aquele homem é o Salvador.
 
Então Tratufo ligou os pontos, a história começava lá no natal, e tinha seu ápice na páscoa. Era o mesmo homem, aquele que era celebrado no natal, e aquele que protagonizou a mais bela história de páscoa!
 
Então ficou fácil tanto para ele como para os lapÃ?nios entenderem toda a história.
 
Tratufo chegou contanto a novidade em Coelhândia. Os outros coelhos ficaram ainda mais animados. Um deles questionou: ?e como acaba a história, Tratufo??
 
Foi aí que aquele coelhinho sabido mostrou que entendeu muito mais do que deixou parecer: explicou que a história não terminava na páscoa, mas que ela continua. A Páscoa era o desfecho da missão daquele homem, mas que a partir daquele momento, aquela história continuaria, dessa vez de forma indiviual, em cada ser humano que nela acreditasse, que a entendesse.
 
Tratufo entendeu que o natal se ligava à páscoa, e que ambos a cada um dos humanos. Eles tem a alegria de celebrar sua salvação através daquele homem, sem pecado, que pagou com a morte o preço de libertar a todos, e que triunfou tendo ressuscitado, mostrando ser soberano, invencível, santo, redentor.
 
(*) Enos Moura Filho é presbítero
na Primeira I.P. de Guarulhos-SP

21. )
 
Grife de igreja
Enos Moura Filho*
 
Dou graças a Deus por ter nascido em lar evangélico. É uma honra e uma bênção. Mas isso não me faz melhor que nenhum outro filho de Deus, a saber, os que já O conheceram e foram remidos por Seu sangue, mesmo que não nascidos de pais evangélicos.
 
Durante minha caminhada cristã, frequentei, basicamente, igrejas presbiterianas, apesar de passar alguns anos frequentando a igreja anglicana. Tenho em minha família membros de outras igrejas, como batistas e assembleianos, por exemplo.
 
Lendo o livro de Atos dos Apóstolos, temos uma clara visão da igreja primitiva, de como funcionava. E algo que desperta minha atenção nela é a ausência da mão do homem transformando-a numa instituição. Isso aconteceu com o passar dos anos, sabemos. Mas nos primórdios, os vícios e as tendências ainda não existiam. Uma pureza de comportamento e de propósito ainda era mais fácil de ser identificada.
 
At 5.42 descreve uma das atividades da igreja primitiva:
 
“E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”.
 
Interessante que, hoje em dia, muitas das igrejas parecem ter esquecido sua missão de anunciar a Jesus Cristo! Isso sem falar de outras atividades que exercem cujo viés em relação à igreja primitiva é explícito.
 
Não quero e não vou citar uma ou outra denominação. Não se trata de uma defesa do porquê frequentar uma delas especificamente.
 
O que não podemos e não devemos fazer é nos ater às grifes das igrejas.
 
Uma igreja é formada por homens, os mesmos dos quais a Bíblia fala que todos pecaram e necessitam da Sua Graça. A natureza pecaminosa do homem acaba influenciando o trabalho das igrejas. Assim sendo, sempre veremos algumas coisas que nos desagradam. A Igreja Militante, essa terrena, é imperfeita. A Igreja Triunfante (a celestial) será perfeita.
 
Alguns afirmam que a igreja XYZ é mais forte no louvor, outros dizem que a igreja MNOP é a que mais tem ênfase na educação cristã. A verdade é que em todas veremos pontos fortes e fracos.
 
A Igreja que Jesus tem como noiva é aquela formada pelos santos, os salvos, os que tem Cristo como único e suficiente Salvador, que confessaram seus pecados e obtiveram o perdão do Pai; nos quais o Espírito Santo veio fazer morada.
 
Mas é extremamente importante que frequentemos as igrejas, as que concordam com o parágrafo acima. É nelas que encontramos as melhores oportunidades de crescimento espiritual e comunhão com irmãos.
 
E é importante que as igrejas se espelhem na Igreja Primitiva, que procurem viver biblicamente. O fato de haver denominações diferentes explica-se, em parte, pelas formas diferentes de interpretação bíblica. Mas cabe ao povo de Deus combater a discriminação entre as igrejas evangélicas. Mesmo porque não acredito que haverá divisão por denominações na Igreja Triunfante!
 
Desde os primeiros dias a igreja foi perseguida:
 
“E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a Palavra.”  (At 8.3-4 )
 
Mas, mesmo em meio às perseguições o Evangelho era anunciado.
 
Igrejas se dividem nos nossos dias por questões humanas, por rixas e picuinhas entre membros. Que bom que Deus, em Sua infinita sabedoria e por Sua soberania, usa mesmo as divisões e perseguições para o crescimento do Seu rebanho. Conheço igrejas fruto de divisões, que se tornaram incríveis instrumentos de Deus para a multiplicação dos recursos para se anunciar o Evangelho.
 
Vamos nos preocupar menos com a “grife” das nossas igrejas, somos um só corpo em Cristo. Procuremos gastar mais nossas energias em divulgar a Salvação em Cristo.
 

22. Desejos
Enos Moura Filho*
 
“Minha terra tem palmeiras (...)” 
 
A não ser os amantes da literatura, a maioria de nós só lembra mesmo dessa frase na época de prestar vestibular. Uma pena, pois pertence a um lindo poema chamado “Canção do Exílio”, escrito por Gonçalves Dias, enquanto passava uma temporada em Portugal, lá pelos idos de 1845 ou mais. O primeiro e o último versos do poema dizem respectivamente:
 
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
 
...
 
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
 
Nordestino, mais especificamente maranhense, Gonçalves Dias escreve em um momento de profunda saudade, roga a Deus, como que expressando um sincero pedido que não deixasse essa vida sem antes rever as belezas de sua terra natal.
 
Eu ainda não fiz tudo o que quero na vida. Ainda não saltei de asa delta, ainda não publiquei um livro, ainda não conheci a AmazÃ?nia, ainda não levei minha família para voar de balão, ainda não vi meus filhos crescerem...
 
Mas, além disso, ainda não falei de Cristo a todos que podia, ainda não fui corajoso o suficiente para pregar a Palavra em qualquer circunstância, ainda não ajudei a todos os que podiam contar comigo, ainda não estendi minha mão aos irmãos sem medir todos os prós e os contras, ainda não louvei a Deus de todas as formas e em todos os lugares que gostaria, ainda não participei de todos os congressos e eventos evangélicos que queria...
 
Por vezes ainda não me despi do velho homem, ainda não aprendi a demonstrar todos os Frutos do Espírito; ainda não aprendi a ser o filho, marido e pai da forma como quero ser.
 
Como o apóstolo Paulo descreve em sua carta aos Romanos, capítulo 7, versículo 19:
 
“Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.”
 
Nossa vida é tão rápida, tão corrida, que muitos de nossos planos se desfazem em segundos. Nossos planejamentos mudam constantemente. Não raramente adiamos algo que pensamos em fazer, pois as circunstâncias nos levam para outros rumos.
 
Porém tudo o que fazemos deve ser guiado e orientado pelo Pai. E, quando arriscamos sair debaixo de Sua vontade, e tentamos trilhar nossos próprios caminhos sem Sua anuência, é certo que não vamos ser felizes e realizados nos nossos intentos. Ele até permite que demos umas escapadas, e por misericórdia, protege nossa jornada, mas também permite que as coisas dêem errado, pois quer que aprendamos que o melhor é estar sempre sob Seu querer.
 
Todos os meus desejos devem estar submetidos à Sua aprovação. Parafraseando Gonçalves Dias: não permita Deus que eu morra sem antes ter realizado meus desejos descritos acima; mas, apenas se Ele estiver de acordo com cada um deles.
 
Quais têm sido nossas metas? No que estamos colocando nossos esforços? O que temos priorizado? Será que o nosso egocentrismo tem se destacado, será que temos pensado apenas em nós mesmos? Nós almejamos algo pensando coletivamente? Mais: nossos desejos têm estado alinhados com uma vida cristã?
 
Podemos cantar “Quero estar ao pé da Cruz” sinceramente? Será que o que está escrito em Provérbios 11.23 se aplica a nós hoje?:
 
“O desejo dos justos é tão somente para o bem, mas a esperança dos ímpios é criar contrariedades”.
 
Que tal lembrar o que Sua palavra nos instrui no livro de Salmos, capítulo 37, versículo 4:
 
“Deleita-te também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração.”

23. ) Torcendo pela Pátria
Enos Moura Filho (*)
 
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp 3.20)
 
Temos vivido dias de “pão e circo”, como na Roma antiga, onde o povo era entretido com doação de alimentos e realização de espetáculos, tirando assim um pouco de sua angústia por alguns instantes, desviando o foco para assuntos menos dolorosos.
 
A Copa do Mundo de futebol ocupa mais espaço na mídia que os problemas da nação, por exemplo, as calamidades no nordeste por causa das fortes chuvas. Mas essa não é a tÃ?nica deste texto, não quero enfatizar, pelo menos não neste espaço e neste momento, qualquer crítica ao governo.
 
É importante destacar que a Copa do Mundo é realmente um evento que pára o país, aliás, não só o nosso. São milhões de pessoas unidas em prol de um único objetivo: torcer pela pátria!
 
Eu também me incluo aí. Porém, uma pergunta surge: qual é minha pátria?
 
E um hino me vem à mente: “Minha pátria para Cristo, eis a minha oração...”.
 
Respondo com um slogan de uma grande companhia aérea tupiniquim: “orgulho de ser brasileiro”.
 
Anos atrás uma escola de inglês veiculou uma propaganda que dizia: “você, cidadão do mundo!”. Hoje isso até pode ser verdade, imagine hipoteticamente um executivo brasileiro, descendente de italianos, presidente de uma multinacional com sede nos Estados Unidos e negócios espalhados por todo o mundo: é uma pessoa que, ostentado dupla cidadania, está cada semana num país diferente!
 
Encontramos na carta aos Hebreus um texto chamado de galeria dos heróis da fé, eis um trecho:
 
“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade”.
(Hb 11.13-16)
 
Eram cidadãos da Nova Jerusalém. Eu também sou Cidadão da Nova Jerusalém, também tenho dupla cidadania!!!
 
O interessante é que temos compatriotas entre nós, somos muitos, e todos vamos nos encontrar na Cidade Celestial.
 
Contudo, Deus nos permitiu passarmos nossa vida terrena como cidadãos de uma pátria desse mundo. Lá na Copa há compatriotas nossos, tanto da pátria Brasileira, quanto da Pátria Celestial.
 
E é aí que eu incluo minha dupla torcida: pelo Brasil, como time disputando um troféu, que é finito, perecível, corruptível; e pela expansão do Reino de Deus, através do trabalho de testemunho de nossos irmãos que aproveitam a concentração mundial de cidadãos de várias pátrias diferentes para evangelizar, dentro e fora dos gramados, e cujo galardão incorruptível será dado na Pátria Celestial.
 
Enquanto assistimos aos jogos pela TV, há um batalhão de colegas que professam a mesma fé na Divina Trindade, no sacrifico de Cristo, levando as boas novas do Evangelho em terras sul-africanas.
 
São eles grupos musicais, grupos de jovens, voluntários, profissionais... Pessoas que o Senhor destacou para essa missão. Como um bom exemplo temos os “Atletas de Cristo”, um grupo que há quase trinta anos se dedica a semear a Palavra de Deus no meio esportivo. Mesmo dentro da seleção Brasileira há alguns atletas evangélicos, como Kaká, Lúcio, Jorginho e outros. Também por lá estão diversos integrantes dos “Atletas de Cristo” engajados em ações evangelísticas nas cercanias do evento.
 
E com eles vou eu, para dentro e fora do campo, suportando-os em oração, rogando a Deus que Sua vontade seja feita, Seu nome proclamado e glorificado através da vida e ação daqueles irmãos.
 
Certa vez ouvi um testemunho do ex-piloto de Fórmula 1 (e de outras categorias automobilísticas), Alex Dias Ribeiro, igualmente um Atleta de Cristo, contando que escreveu um livro que, se não me engano, tinha o título “Quem venceu o tetra”. Neste livro Alex narrava sua participação junto aos atletas evangélicos na campanha da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil conquistou o título pela quarta vez. A sua oração não era para que o time brasileiro vencesse, mas que fosse campeão o time através do qual o nome de Deus fosse mais exaltado com a vitória.
 
Eu torço pelas pátrias. Pela seleção brasileira de futebol, enquanto viva na competição (e depois quando sempre entrar em campo defendendo nossa bandeira, independente de qual for o resultado na Copa do Mundo). E pela seleção dos Eleitos de Deus, que travam embates terrenos para proclamar as boas novas da Salvação a fim de aumentar o número de jogadores na Seleção da Nova Jerusalém.
 
Torço e oro. E você?
 


24. Férias de Deus
 
 
O período dos meses de Julho, Dezembro e Janeiro são, usualmente, dedicados às férias escolares. Mas para aqueles que já terminaram os estudos, esse período também é bem vindo. Especialmente se moramos em cidades grandes, onde é mais fácil ver o impacto positivo na fluidez do trânsito e na diminuição do número de usuários de transportes públicos.
 
Há quem diga que tirar férias é bobeira, que não precisa disso, é desperdício de tempo, mas vale lembrar que o descanso é recomendado por Deus na Bíblia diversas vezes. E, graças à CLT, o descanso remunerado anual é direito dos trabalhadores brasileiros.
 
Por outro lado, há aqueles que preferem estar sempre de férias, apenas ganhando seu salário, mas sem muito esforço. Para esses recomendamos Provérbios 6.6-11
“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado”.
Pensando um pouco sobre o período de férias, várias idéias me vêem à mente. Por exemplo, o meu ideal de férias talvez fosse ter condições de passar os 30 dias viajando com a família, desligando-me totalmente de minhas obrigações. Ótimo, não?
Mas utópico. Primeiro porque ainda não tenho um salário que me permita fazê-lo. Segundo que, mesmo que tivesse, há assuntos dos quais é muito difícil se desligar completamente por um longo período de tempo.
Obviamente não somos insubstituíveis em nossos deveres e tarefas, sempre haverá alguém que poderá realizá-las em nosso lugar.
Especificamente aos assuntos ligados à fé, como ficam essas questões?
As responsabilidades que assumimos perante Deus e perante nossa igreja podem ter períodos de férias?
Já vi muita gente afirmar durante as férias do emprego ou da escola: “não vou à igreja próximo domingo, estou de férias”. E mesmo sem estar viajando, preferiu se ausentar daquela comunidade.
É claro que um remanejamento de datas pode resolver qualquer caso e fazer coincidir as férias da família é recomendável. Se houver possibilidade de curti-las saindo da rotina, melhor ainda. Se isso envolver alguns dias e fins de semana longe da igreja, basta conversar com quem for necessário para programar as substituições.
Mas o que acontece, na maioria das vezes, é que as férias são estendidas a Deus, à vida espiritual. Por vezes relaxamos quanto à nossa vida cristã, mesmo que sem percebermos.
Já ouvi pastores dizerem que nem pisariam numa igreja nas férias. Precisa tanto? Tudo bem que não vá à sua comunidade em seu período de descanso, pois há muito membro de igreja que não respeita esse tempo que o pastor precisa para si mesmo e para sua família, e acaba aproveitando que ele continua por ali para fazer “apenas uma consulta pastoral rapidinha”. Mas, porque não aproveitar que não tem a obrigatoriedade de estar em sua igreja, e visitar alguma outra, mesmo que seja de outra denominação. No mínimo servirá de aprendizado.
Isso se aplica a quem não é pastor também. Porque ficar vendo televisão no hotel ou apenas preferir algum outro programa sem sentido quando se está em uma cidade diferente, que tal conhecer uma igreja nova?
Não defendo o farisaísmo de ir para igreja apenas para não deixar de fazê-lo, para “bater ponto”, esteja onde estiver. Defendo o bom senso. Defendo a necessidade de vigiarmos e não esmorecermos na prática da vida cristã.
“Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda.” (Salmos 121.3).
“Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 6.26)
Imaginemos se Deus resolvesse tirar férias de tudo e de todos...  Não ia sobrar ninguém. É ele que nos mantém, sustenta e guarda. Mas desde o Gênesis fomos ensinados que Ele descansa.
Da próxima vez, vamos tirar férias sim, férias com Deus, e não férias de Deus. Ele não tira férias de nós!
 
 
Enos Moura Filho


25. ) Jardineiro fantasma?
 
 
 
Jesus Cristo, um nome mudialmente conhecido. Uma personalidade que, de tão marcante, divide o mundo entre cristãos e não-cristãos.
 
Biblicamente há outros nomes atribuídos também para Jesus, como Emanuel, por exemplo. O profeta Isaías proclama ainda uma outra lista de nomes: Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Prícipe da Paz. (Isaías 9.6).
 
Poderíamos listar ainda outros nomes mais. Porém, seríamos capaz de reconhecer Jesus?
 
Pensemos numa situação, bem cotidiana: algumas vezes somos surpreendidos em algum lugar com presença de alguém famoso, que estamos acostumados a ver na televisão. Pode ser num restaurante, num shopping, no saguão do aeroporto ou até no meio da rua. E aí temos uma certa dificuldade de reconhecer a pessoa, fora da telinha, sem a preparação normal que recebem para filmarem, agindo com pessoas como nós. Há quem custe a acreditar...
 
Por algumas vezes Jesus também não foi reconhecido. E o mais intrigante é que não foi reconhecido por pessoas muito amigas dEle.  No evangelho de Mateus lemos:
 
“Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.” (Mt 14.26)
 
E no evangelho de João lemos: “Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei”. (Jo 20.15)
 
Em ambos os casos as circustâncias “cegaram” essas pessoas. Os dicípulos estavam aterrorizados, com medo de morrerem naufragando. Maria estava profundamente triste pela morte de Jesus, e revoltada com o sumiço do corpo dele. E era a segunda vez que Jesus fazia a mesma pergunta: “Mulher, por que choras?”
 
As respostas de Jesus foram sublimes, a narrativa de João 20 continua em seu verso 27: “Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais”
 
Jesus acalmou o vento e o coração dos discípulos.
 
No episódio de Maria Jesus apenas pronunciou seu nome, e ela imediatamente o reconheceu.
 
Há algo em nossas vidas que esteja nos impedindo de reconhecermos o Senhor ao nosso lado? Os temores de nossa vida fazem-nos ver de forma embaçada, confundindo a glória do nosso Salvador com espectros frutos de nossa imaginação? Ele está tão próximo de nós e não temos ciência disso?
 
Maria foi procurá-lo, e esperava encontrar Seu corpo, mas Ele apareceu ressurreto.
 
Quem sabe não temos procurado o Senhor da forma errada, querendo encontrá-Lo da forma que melhor nos parecer, por vezes sem crer que é Ele quem define o andar da história, que não está preso aos padrões do tempo e espaço; e que Ele não se limita apenas ao que conseguimos entender?
 
Dois outros dicípulos estiveram ainda por mais tempo com o Jesus ressureto e não o reconheceram. O capítulo 24 do evangelho de Lucas narra essa história:
 
“Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios, e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.” (Lc 24.13-16).
 
Eles falavam justamente sobre a notícia da ressurreição de Jesus, e como o próprio Jesus havia predito que assim aconteceria. Os três andaram por quilÃ?metros conversando, e não O reconheceram. Apenas quando Ele partiu o pão foi que “a ficha caiu”!
 
“E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24.32)
 
Pode acontecer de estarmos tão envolvidos com os assuntos eclesiásticos, a vida na nossa igreja, que o próprio Senhor tem sido negligenciado por nossas atenções. Ele está o tempo todo ao nosso lado, estamos em contato direto com Seus ensinos, e esses nos incomodam para voltarmos ao primeiro amor, como deveria acontecer com a igreja de Éfeso, no livro de Apocalipse. Isso é, não esquecer do principal motivo de nos ocuparmos com as coisas do Senhor: Ele próprio.
 
Não devemos deixar que as circustâncias da vida, que nossos temores, que nossos anseios e até que nossa devoção exarcebada nos impeçam de reconhecer o nosso único e amado Salvador e Senhor em nossas vidas.
 
Pb. Enos Moura Filho

26. ) Eles não precisam de Deus (21/09/2010)
Enos Moura Filho
 
Em 1974 o economista e professor da University of Southern California (EUA), Richard Easterlin, propÃ?s um paradoxo interesante: as pessoas ricas costumam ser mais felizes que as pessoas pobres, mas as nações mais ricas não são mais felizes que as pobres; e à medida que o país fica mais rico, isso não faz com que sua população fique mais feliz. Em outras palavras: não importa quanto você ganhe, desde que ganhe mais do que aqueles que estão próximos a você. Um estudo recente feito por dois economistas da Universidade da Pensilvânia (EUA), Stevenson e Wolfers, contestou esse paradoxo, chegando à conclusão que as nações mais ricas também são mais felizes que as mais pobres, e esse enriquecimento tem a ver com o aumento da felicidade da população. E ntão a afirmação “O dinheiro traz felicidade” está correta, certo?
 
Como diria um conhecido político nosso, nunca na história desse país, a população viveu dias de tamanha euforia em relação à nossa economia. A estabilidade econÃ?mica pela qual passa o Brasil tem permitido que cada vez mais brasileiros ascendam socialmente. Eles estão conseguindo realizar sonhos, concretizar planos que antes eram inatingíveis, viver uma vida nova cheia de esperança e otimismo. Há previsões que afirmam que a renda per capita brasileira em 2011 pode ultrapassar dez mil dólares.
 
Então, temos até aqui apenas boas notícias, isso sem falar nos países já desenvolvidos, que, além do cenário acima, ainda contam com infraestrutura de educação, saúde e transprorte público em excelentes condições e acessíveis à todos (o que está longe de acontecer por aqui!).
 
Não é bem assim ?
 
Sem pensar ainda biblicamente na questão, temos de nos ater ao detalhe que a felicidade é um conceito secular relativo. O que é considerado “felicidade” para uma pessoa pode não ser para outra. A conquista de um objetivo, de uma meta, pode ser até traiçoeria, pois pode-se cair no ciclo de desejo e frustração, o que foi definido pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer resumidamente como: desejamos, conseguimos, nos entediamos, percebemos que a vida segue seu curso de sempre e partimos para outro anseio. Segundo Schopenhauer, os objetivos não passam de simples modos de maquear a dor de viver e a falta de sentido na vida. Quando atingimos nossos objetivos, eles deixam de ter importância. Schopenhauer é conhecido como “filósofo do pessimismo”, e pre ga que o que dá sentido à vida é o sofrimento, pois ele é mais do que simplesmente um aspecto da vida, e que o desafio da existência humana é aprender a lidar com o sofrimento.
 
Agora, pensando cristãmente: o apóstolo Paulo, na carta aos Filipenses, diz:
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.”  E ainda: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glóri a, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (Fp 4.10 - 13 e 19).
Paulo nos ensina que Deus nos provê do que necessitamos, e que devemos aprender a viver com o que Ele nos dá, pois é com isso que temos como fazer tudo o que precisamos através do Seu fortalecimento em nossa vidas.
A Bíblia está repleta de passagens que ensinam sobre a real felicidade, como por exemplo em Provérbios 3.13: “Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”. Sabedoria e conhecimento esses dados por Deus. E ainda no Salmo 144:15: “Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Sim, bem-aventurado é o povo cujo Deus é o SENHOR!” Sim, Deus, e não uma economia desenvolvida ou próximo a isso.
“Ó SENHOR dos Exércitos, feliz o homem que em ti confia.” (Sl 84.12). Se está tudo bem, por que a preocupação em confiar em Deus?
Será que realmente não precisamos mais de dEle? Ele só serve para nos acudir na hora da necessidade?
Devemos reconhecer que só por Sua Graça somos bem sucedidos. Devemos ser fiéis a Ele, mesmo sua Graça não estando condicionada à nossa fidelidade.
Alguém já disse que o homem tem um vazio em sua alma e que só Deus consegue preenchê-lo. Leia o sexto capítulo do livro de Eclesiastes e note que não há felicidade verdadeira na ambundância de riquezas.
A minha felicidade não é passageira, é constante. Ela não depende de aspectos humanos, e sim única e exclusivamente de Deus. Não digo “estou feliz”, digo “sou feliz, apesar de qualquer circunstância”.
Para serem realmente felizes, eles precisam de Deus, sim!


27. ) Destruindo um templo
Enos Moura Filho
 
        Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”(1 Co 6:19)
 
No sexto capítulo da primeira carta de Paulo aos Coríntios o apóstolo Paulo está exortando os crentes daquela localidade sobre o cuidado que deveriam ter com eles mesmos, não se entregando à imoralidade. Lembrando que o corpo dos que foram resgatados pelo Sangue do Cordeiro é considerado templo de Deus.
 
Fico imaginando o que diria Paulo se vivesse nos dias de hoje. Se pudesse andar por nossas ruas e avenidas e ver a banalização do corpo humano, como ele é usado para os mais diferentes fins, muitos inescrupolosos.
 
E também como é fácil para nós estragar esse corpo!
 
Há uma música de melodia bem agradável, chamada “Catedral”, composta por Tanita Tikaran e interpretada por Zélia Duncan. Em determinado momento da música encontra-se o verso:
 
“No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar”
 
Não sei em que a compositora estava pensando quando escreveu a música, mas é até interessante imaginar que faz sentido essa “catedral”, esse “templo” na pessoa que profere essas palavras transformando-a em imortal. Ao menos do ponto vista do versículo acima, pois o espírito do que foi nascido de novo, do que foi salvo pelo sacrifício de Cristo não morre, mas vive eternamente com Ele na Glória.
 
E é incongruente que quem tem a conciência de que é, então, morada do Espírito Santo, não zele pelo seu corpo.
 
Entregar-se a práticas que atentem contra a sua saúde é, portanto, inaceitável. Drogas, práticas lascivas, excesso de álcool... é fácil concordar com essa parte, não?
 
Mas o que me dizem de outras práticas tão corriqueiras e normais em nosso dia-a-dia que também fazem mal ao corpo e nem por isso nos preocupamos com elas?
 
Quais são? Vejamos alguns exemplos: excesso de exercícios físicos, ou a falta deles! Excesso de trabalho, de forma a prejudicar o descanso, que aliás é ordenança de Deus, (o Senhor ordena que trabalhemos para nos sustentar, mas que também desansemos para repor as energias).
 
E as comidas? Humm... Elas são um perigo! Óbvio que os vícios em refrigerantes, em frituras e até ser vegetariano radical fazem mal, umas de forma mais rápida e outras de forma mais lenta. Contudo, os hábitos alimentares modernos, em sua maioria, desbalanceados, também prejudicam o corpo. Comer mal, com o tempo, significa condenar o corpo a problemas diversos. como a obesidade, a hipertensão e outros males conteporâneos.
 
Daí alguém pergunta: é pecado comer errado?
 
Eu diria que é errado não zelar pela saúde. Muitas vezes somos legalistas e agimos como fariseus condenando veementemente os vícios, alcoolismo, drogas, sexo livre, e nos esquecemos de olhar para questões mais sutis como a glutonaria. Todos eles são condenáveis.
 
Confesso que comer é uma das coisas que me dão mais prazer, e que eu sou um dos primeiros que deve observar os cuidados com os excessos e com o desequilíbrio alimentar.
 
Já comecei a colher os frutos pouco saborosos de uma vida sedentária. E só Deus é capaz de me dar forças para mudar meu estilo de vida.
 
Há recomendações bíblicas explícitas sobre a aplicabilidade do nosso corpo:
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqÃ?idade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” (Rm 6.12-13)
É fácil destruir esse santuário. É bem mais difícil mantê-lo em bom estado de conservação. Devemos glorificar a Deus com nosso corpo, não entregá-lo às impurezas, como descrito por Paulo em 1 Coríntios 6. Esse corpo é finito, corruptível, mas nem por isso podemos estragá-lo!



28. )
Só mandam por que Deus deixa! (21/10/2010)
 
Ultimamente uma melodia de João Alexandre tem vindo à memória de forma recorrente, não é uma música nova, mas continua atual, chama “Pra cima Brasil”. Os primeiros versos dizem:
 
“Como será o futuro
Do nosso país?
Surge a pergunta no olhar
E na alma do povo”
 
 
Chego a temer pelo futuro, porém esse temor não advém da falta de fé de que Deus controla o universo, é medo justamente da Sua mão poderosa.
 
Recentemente ouvi um ministro de Deus dizendo que Ele usa as autoridades contiutuídas para abençoar Seu povo (ou seja, nós, os redimidos por Seu sangue), mas também as usa para despertá-lo e até castigá-lo.
 
De pronto lembro de quando Israel pediu ao profeta Samuel por um rei. O capítulo 8 do livro de  1 Samuel narra essa história. Samuel não gostou do pedido, mas consultou a Deus. E a resposta foi:
 
“Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele.” (1 Sm 8.7).
 
Israel não precisava de um Rei, o próprio Deus conduzia Seu povo, através do profeta. Ainda assim Deus permitiu que um rei fosse instituído. Saul subiu ao trono e Israel teve dias difíceis.
 
Deus não mais atua conduzindo Seu povo da forma como descrita no Velho Testamento, hoje temos Sua Palavra, a Bíblia, que nos orienta.
 
Mas é Ele quem continua a permitir que as autoridades sejam instiuídas sobre nós.
 
Vejamos o texto de Romanos, capítulo 13.1-5:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,
visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.”
Quem governa, só governa porque Deus quer. Ele é o Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores.
E por isso não tenho dúvidas que Deus pode dobrar qualquer governante e fazer dele instumento Seu.
Grandes e poderosos reis, aos olhos humanos, foram usados por Deus. Na própria Bíblia temos vários exemplos: na época de Esdras, Neemias e Ester, os soberanos do império Medo-Persa, (como Dario, Xerxes, Ciro, Artaxerxes) agiram conforme a vontade Divina. Até mesmo a Nabucodonosor, o temível rei da BabilÃ?nia, o Senhor Deus declara três vezes no livro do de Jeremias como “meu servo” (Jr 25.9, 27.6 e 43.10).  No novo testamento também vemos Deus controlando as circusntâncias e usando reis para que Seus objetivos fossem atingidos, lembram de Herodes?
Foram atuações que, ora prejudicavam os amados do Senhor, ora os beneficiavam, mas, por trás de todas elas, e com todo o Seu amor, estava nosso Deus.
A música de João Alexandre termina com um sábio conselho:
“Brasil olha pra cima
Existe uma chance
De ser novamente feliz
Brasil há uma esperança!
Volta teus olhos pra Deus,
Justo Juiz!”
Sim, porque nossa esperança não é a cantada por Hebert Viana (Paralamas do Sucesso) em “Alagados”:
“A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê”
Nossa esperança vem do Senhor:
“Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.5).
Talvez seja chegada a hora em que Deus chamará a nossa atenção através dos governantes, mas ainda que assim seja, continuaremos a depositar em Deus nossa esperança, pois Ele nos promete restauração quando há arrependimento:
“se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14).
 
Enos Moura Filho




29. ) Anjo(s) da guarda (Enos Moura Filho*)
 
O mundo tem vivido uma moda angelical. Temo que a figura de anjo tenha se banalizado muito hoje em dia.
 
A palavra “anjo” vem do latim, angelus, do grego ángelos, traduzindo o termo hebraico mal'ak. Seu significado priordial é mensageiro (de Deus).
 
Na minha família temos algumas experiências cuja explicação mais plausível, aos olhos da fé, é que foram anjos em nossas vidas, e aqui o termo “anjo” é literal, e não adjetivo para uma pessoa bondosa.
 
Certa vez o meu bisavÃ?, pastor batista, voltava para casa andando pela linha do trem e pensando sobre o tema do sermão do domingo seguinte: o Céu. Em determinado momento um homem começou a andar ao seu lado e puxou conversa. Ele cumprimentou meu bisavÃ? como se fosse velho conhecido, o que ele estranhou, mas o homem falou que estava todos os domingos na igreja, assistia ao culto sentado lá no fundo, e saía logo após o amém final. Perguntou para o meu bisavÃ? sobre o que ele estava pensando, quando foi informado que era sobre o Céu, pois queria pregar a respeito no próximo sermão, o homem começou a contar-lhe muitas coisas sobre a Pátria Celestial, alguns detalhes até.
 
Ao chegar em casa, sua esposa notou que ele estava um tanto quanto diferente. Meu bisavÃ? contou o que acontecera e que precisava continuar a pensar naquilo tudo, pois era por demais maravilhoso, e ele teria muito o que contar para a congregação. Um de seus filhos pediu para que ele adiantasse alguma informação, mas ele preferiu esperar até o fim de semana. Não chegou a pregar aquela mensagem, faleceu no mesmo dia à tarde, vitima de infarto fulminante, enquanto pregava no culto diário do Colégio Americano Batista (Recife). Eu creio que Deus deu uma “palhinha” para ele antes de o chamar.
 
Na Bíblia os anjos são citados quase 300 vezes. E além de desempenhar o papel de mensageiro de Deus, eles também aparecem louvando-O, lutando ao Seu lado, e protegendo o Seu povo.
 
A figura do Anjo da Guarda é bem conhecida do mundo secular. Até bem romanceada, chegou a virar personagem de diversas histórias e contos.
 
Mas você acredita em Anjo da Guarda? Eu não acredito que haja um Anjo da Guarda para mim, acredito em vários!
 
Minha irmã e uma amiga voltavam para casa já tarde da noite, após um concerto de música “gospel”. Em determinado momento viram que vinha na direção contrária dois homens e temeram por sua segurança, pois aquela rua era erma e não havia pessoas por perto. Então decidiram cantar as músicas que ouviram, em voz alta. Ao cruzarem por eles puderam ouvir um comentário entre os rapazes: “Cara não mexe com elas, tá vendo os dois “armários” logo atrás?”
 
Minha irmã disse que não tinha mais ninguém com elas e nem à vista. Os “armários” deviam ser anjos.
 
Outra situação verídica: meu avÃ?, reverendo Américo Ribeiro, estava na Igreja Presbiteriana de Campinas, no centro da cidade, no dia que Getúlio Vargas de matou: 24 de agosto de 1954. Uma algazarra tomou conta da cidade quando a notícia se espalhou. Atearam fogo em um posto de gasolina próximo à igreja, onde meu avÃ? havia estacionado o carro. Ele resolveu correr lá para remover o carro antes que fosse tarde. Apesar dos apelos daqueles que estavam com ele na hora, ele insitiu. Logo um jovem que nunca havia visto se ofereceu para ir junto. Conseguiram tirar o carro, e ao virar a esquina, meu avÃ? foi agradecer o gesto, então percebeu que o rapaz havia desaparecido, e ele tinha entrado no carro, mas não pulou fora em movimento! Então, cadê?
 
E para não dizerem que as histórias que apresentei podem ter sido inventadas: eu mesmo já passei por uma: certa vez, debaixo de um temporal, nosso carro quebrou numa via de grande movimento, estávamos próximos ao canteiro central, eu, meus pais e minha irmã. De um lado, um canal, do outro, mais 3 faixas de rolagem. Cada um vigiava um lado, sem ter o que fazer, nem para onde ir, orando por ajuda de Deus. Sem que nenhum dos quatro tenha visto de onde, surgiu um senhor numa bicicleta que tinha uma caixa de madeira pequena atrás cheia de tralhas. Parou e perguntou se precisávamos de ajuda. Falamos que o carro havia apagado, e ele pediu para ver o motor. Olhou, identificou a peça defeituosa, pegou uma peça usada igual na caixinha da bicicleta, trocou e o carro funcionou. Quando meu pai foi dar algum dinheiro ele havia desaparecido, tão misteriosamente quanto apareceu. Ou pulou com a bicicleta no can al ou era um anjo!
 
Mas essas experiências apenas atestam o que a Palavra de Deus nos ensina:
 

“Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”. Salmos 91:11
 
 
 
“E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:13-14
 

Ló foi resgatado por anjos, conforme narrado em Gênesis 19:
 
“E ao amanhecer os anjos apertaram com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça desta cidade.” Gênesis 19:15
 
Certa vez fiz alguns estudos sobre angeologia na Escola Dominical, baseado num curso mais profundo desenvolvido pelo meu avÃ?, quem sabe incentivado por sua experiência no posto de gasolina. Durante as aulas ouvi outras histórias e testemunhos de pessoas que também relatavam livramentos sem explicação, a não ser a Fé, a certeza de que Deus os guardara através da provável ação de anjos.
 

Talvez você também tenha se lembrado de alguma situação assim. Então não se assuste, agradeça a Deus, louve-O por cumprir Suas promessas bíblicas e por providenciar tamanha proteção.
 

Não quero dizer que não passamos por problemas e adversidades, pois Deus também os permite, de acordo com Seus santos propósitos. Mas é muito bom saber que os anjos estão ao nosso lado, estão presentes, apesar de não estarem visíveis. E podemos nem mesmo perceber a atuação deles, veja a dica de Hebreus:
 

“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.” Hebreus 13:2
 
 
 
Glórias a Deus por Seu cuidado para conosco.
30. )
Frevo, axé e samba X gospel
___________________________
Enos Moura Filho*
 
 
Dizem que no Brasil o ano só começa mesmo depois do carnaval. Bem, se isso for
verdade, pelo menos o carnaval tem algo de positivo, marca o fim da
“pseudo-ociosidade” brasileira e inicia o tempo realmente produtivo! Bem, eu estou
trabalhando normalmente desde dois de janeiro, então não vejo muita diferença!
 
 
Carnaval pra mim é sinônimo de descanso, pelo menos dos afazeres rotineiros, pois se
vamos a acampamentos de igrejas dormimos tarde e acordamos cedo, e com gosto!
 
 
Mas não posso parar de pensar no carnaval como a época em que, como uns dizem, o
Diabo anda ainda mais solto. Isso apenas para justificar os excessos, libertinagens
e brincadeiras que são evitadas fora dos dias de folia.
 
 
Será que é certo as igrejas se ausentarem do mundo nesse período para “retiros
espirituais” e deixar que o mundo se acabe na algazarra? Estariam as igrejas fazendo
vistas grossas e lavando as mãos? Há quem pense dessa forma. Mas há aqueles que
justificam o uso desses quatro dias justamente para que a comunidade da igreja possa
exercitar a comunhão, aprender mais da Palavra e orar pelos que não estão ali e
estão pulando carnaval.
 
 
Várias são também as igrejas que fazem ações durante esse período. Sejam movimentos
evangelísticos mais discretos, ou mesmo “trios elétricos evangélicos”, onde só se
toca música gospel!
 
 
Deus é soberano para agir da forma que Ele bem entender. Contudo, ainda acho
temeroso radicalizar. Não sou contra o uso da música como forma de evangelização, e
até de se utilizar de alguns ritmos para as músicas gospel. Desde que com bom senso.
 
 
Conheço uma musiquinha em ritmo de frevo, muito bem escrita e simples, que não
“agride” os mais conservadores. Já até transcrevi num texto há algum tempo. Também
sei de um ou outro “corinho” que ganhou uma versão tipo sambinha, e que hoje,
basicamente, só é tocado assim, como aquele “Só o Poder de Deus, pode mudar teu
ser...”. Confesso que ainda não ouvi nenhuma música gospel em ritmo de axé, mas não
duvido que já tenham criado.
 
 
O Salmo 150 é rico na diversidade de instrumentos que podem (e devem) ser utilizados
no louvor:
 
 
“Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com a lira e a harpa, louvem-no com
tamborins e danças, louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas, louvem-no
com címbalos sonoros, louvem-no com címbalos ressonantes.” (Sl 150.3-5 NVI).
 
 
Quando foi escrito, ainda não havia os instrumentos modernos de hoje, mas podemos
entender que na forma contemporânea, dedicados a Deus, qualquer instrumento pode ser
usado em Seu louvor. Obviamente que a aplicação de cada um vai obedecer, na medida
do possível, ao gênero musical que melhor convier. Eu estudei um instrumento mais
clássico, clarinete, utilizado em orquestras, mas também usado para jazz e chorinho.
Em um arranjo especial pode até ser usado num samba, mas não é usual. Porém é
difícil pensar em um atabaque ou cuíca sendo usados para tocar um hino como o
Aleluia, de Haendel.
 
 
 
O Reverendo Augustus Nicodemus publicou recentemente um ótimo texto sobre a tênue
linha que separa a cultura e o Evangelho1. E creio ser essa uma de nossas principais
preocupações na época de carn aval.
 

 
Às vezes, em nome do ímpeto de evangelizar e querer mostrar a diferença, acabamos
traindo nossas convicções e rompendo certos limites.
 
 
Particularmente na música, ainda mais se nos deixarmos levar pela euforia dos ritmos
rotulados como mais “mundanos”, podemos ceder a certos exageros e não nos
diferenciarmos como devemos.
 
 
É Deus, através do Seu Espírito Santo, que vai nos guiar a fim de moderarmos as
atitudes e ações, com base em Sua Palavra, para que, mesmo no período do carnaval,
consigamos transmitir Sua verdade, através da música, dos ritmos, dos instrumentos,
e da vida em Louvor a Deus, mantendo um comportamento cristão. Mas para isso,
precisamos estar dispostos a deixar que Deus assim haja através de nós.
_____
 
1-    “Quando a Cultura vira Evangelho”, postado pelo Rev. Augustus Nicodemus no http://tempora-mores.blogspot.com



31.
Relâmpago em céu de Brigadeiro
 
Enos Moura Filho*
 
 
Relâmpago em céu de Brigadeiro
 
“Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (I Co 10.12 NVI)
 
Quem mora em São Paulo, ou quem acompanha as manchetes nos jornais diariamente, pode notar que é uma cidade atormentada por temporais durante o verão. Aliás, até alguns anos atrás era comum ouvir que em outras cidades mais ao norte do país as pessoas marcavam compromissos para antes ou depois da chuva, pois toda tarde chovia. Ao que parece isso também já pode ser feito na antiga “terra da garoa” (essa garoa tem ficado bem mais forte!).
 
Mas é interessante também outro fato, ou, pelo menos, engraçado. Dependendo do ponto de vista do observador, especialmente se estiver em um lugar alto, antes das tempestades paulistanas é possível encontrar pedaços do céu bem azuis e limpos, um “céu de Brigadeiro” como diriam os aeronautas, e do outro lado avistar densas e escuras nuvens de tempestade (que de acordo com os meteorologistas se chamam “cumulus nimbus”). E não raro elas estão emolduradas por relâmpagos!  É uma visão linda e aterradora ao mesmo tempo!
 
“Então minh’alma canta a Ti Senhor, quão grande És Tu, quão grande És Tu”... é no mínimo o que consigo pensar nessa hora! Só Ele mesmo para brincar com o firmamento dessa forma! Às vezes, finda a tempestade, Ele ainda nos brinda com um arco-íris.
 
Mas todo esse cenário me fez pensar no conselho do apóstolo Paulo aos conríntios: em outras palavras:  fiquem espertos, quem pensa que vai muito bem, que está firme, que não tem por que se preocupar, cuide-se para que não tome um susto daqueles! Paulo continua o texto exortando-os quanto à idolatria, e dando conselhos úteis e práticos em termos comportamentais. Num deles deixa claro que nem tudo edifica.
 
Por vezes somos estimulados a ficarmos numa zona de conforto. Ter uma atitude em que sabemos que não vamos ser recriminados, que estamos totalmente dentro dos padrões que a sociedade julga normal e que a consciência cristã julga ser aceitável. Estamos voando num céu de Brigadeiro, onde podemos enxergar ao longe qualquer alteração que possa aparecer.
 
Porém as tempestades podem se aproximar por um ângulo no qual não estamos vigilantes, e ao sinal do primeiro relâmpago, nossa tranquilidade pode ser de tal forma abalada que a queda é iminente.
 
Paulo continua:
 
“Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar.” (I Co 10.13 NVI). Ele explica que há como não cair.
 
E no capítulo 16 ele reforça a dica: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes.” (I Co 16.13 NVI).
 
Se nos aconchegamos na confortável situação de zona de conforto, é fato que vamos relaxar a vigilância. As tempestades podem ser provações, tentações, atribulações... tudo o que chega a sacudir e tenta desestabilizar-nos em nossa vida cristã. Se estamos vigilantes, conhecemos e temos ciência dos instrumentos que Deus nos dá para enfrentá-las, podemos passar por elas seguros.
 
E Ele recompensa os que vencem as tormentas, o arco-íris aparece do outro lado, e nos remete às Suas promessas para nossa vida.
 
 


32. ) O privilégio de carregar a cruz (19/04/2011
 
Enos Moura Filho*
 
 
“E constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.” (Mc 15.21)
 
Aproxima-se a celebração máxima do cristianismo: a Páscoa. Creio ser tanto ou mais representativa que o Natal, pois lembra-nos do sacrifício único e suficiente de nosso Salvador, Jesus Cristo, e de Sua ressureição.
 
Recentemente ouvia uma música "Watch the Lamb", do Ray Boltz,  muito bem traduzida para o português por Samuel Tito, que a gravou há alguns anos(*). Ela conta a história de Simão, o qual foi "gentilmente convidado", para não dizer "obrigado" a carregar a cruz de Cristo em sua "via crucis" até o local da crucificação, o Gólgota.
 
Simão, que habitava em Cirene, hoje uma região da Líbia, onde havia uma colônia judaica, foi pai de dois nomes importantes da Igreja Primitiva, Alexandre e Rufo. Ele presenciou aqueles momentos de sofrimendo de nosso Senhor, e teve o privilégio de carregar Sua cruz.
 
Quanto pesava aquela cruz? Estudiosos dizem que aproximadamente de 13 a 20 quilos. Os que já são pais sabem que esse é o peso médio de uma criança entre 3 e 4 anos. Sabem também que dá uma certa canseira carregar seus filhos por muito tempo no colo, como em fins de festa, passeios no shopping quando elas dormem e similares. Mas para um prisioneiro, já debilitado por açoites e maus tratos, ferido e fraco, o peso é praticamente insuportável. Lembrando ainda que Jesus já vinha de uma madrugada conturbada, provavelmente nem tinha se alimentado dignamente.
 
Fico imaginando o que se passava pela cabeça de Simão naqueles momentos. Será que ele ficou revoltado? Afinal de contas foi pego de surpresa, não tinha nada a ver com o que estava acontecendo ali, nem conhecia o prisioneiro, era apenas só mais um curioso olhando aquele espetáculo mórbido...
 
No fundo ele tinha tudo a ver com o que estava se passando, aquela cruz também era dele. Era minha, era sua. Talvez, se realmente soubesse disso, de forma impetuosa teria até se oferecido para tomar o lugar de Cristo, mas isso não seria o suficiente para a salvação, nem dele nem de ninguém, pois apenas o Cordeiro sem pecado poderia pagar pelos pecados dos homens.
 
Será que Simão, após completar o trecho percorrido, ficou para assistir a crucificação? Será que ele entendeu o que significava? Talvez tenha entendido a posteriori. Seus filhos, pelo menos de acordo com relatos que chegaram até nós, entenderam e pregaram o Evangelho de Cristo com os primeiros cristãos. Até onde foram influenciados por seu pai? Não sabemos, mas podemos dizer que a oportunidade de Simão foi única. Quem me dera poder participar, mesmo que de forma discreta, desse evento tão importante para mim. Não é à toa que esse relato está na Bíblia. Aponta para o discipulado que o próprio Jesus instruiu, se não vejamos em Marcos 8.34:
 
"E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me."
 
A história é tão bela que não culmina no sacrifício de Cristo, mas na Sua ressureição, mostrando-nos que não só zerou a conta que a humanidade tinha pelos seus pecados, mas sobrepujou, derrotou o salário desse pecado: a morte. Dessa forma declarou a soberania de Deus sobre o pecado, extirpou qualquer dúvida ou apontamento sobre seu Poder.
 
A Páscoa, assim como o Natal, é também uma ótima data para se refletir sobre nossa relação com Deus. Sobre nossa gratidão a Ele pelo sacrifío de Jesus. Pela Sua Graça em nos conceder a Salvação de forma imerecida, de forma pela qual não podíamos, sequer, pensar em retribuição, pois está muito além de nossa capacidade.
 
Nisso Simão foi um dos mais privilegiados homens que existiu, teve seu nome ligado ao nosso Salvador de forma maravilhosa.
 
O que posso fazer se não agradecê-Lo por ser eu um dos quais tem o nome também atrelado à essa Salvação? Se esse é também seu caso, junte-se a mim, toma sua cruz e siga-O.
 
*Enos Moura Filho é Presbítero
na 1° I.P. de Guarulhos-SP

33. ) O Mar
Enos Moura Filho
 
 
“Angra dos Reis e Ipanema
Iracema e Itamaracá
Porto Seguro, São Vicente...
 
...Boa Viagem, Ubatuba
Grumari, Leme e Guarujá
Praia Vermelha, Ilhabela...
 
...Portão e Porto de Galinhas...”
(Lulu Santos)
 
 
Trechos de “Descobridor dos 7 mares”, onde Lulu Santos canta algumas das mais belas praias do Brasil. Pena que não entrou nenhuma da ilha de Fernando de Noronha.
 
O visual de quando se está chegando lá é tão bonito que parece que toda a aproximação para pouso é um voo panorâmico. A água do mar vai pasando de um azul escuro de águas profundas para um azul mais claro, até assumir tons de verdes escuros e ainda mais claros até chegar à praia de areia amarelinha e virgem, emoldurada pelo branco das espumas das ondas quebrando na arrebentação, num espetáculo que lembra as cores do nosso Brasil. Parece que se quer afirmar que “sim, no nosso país também há lugares paradisà ­acos”.
 
Como bom caiçara que mora longe do mar, sinto falta dele. É tão agradável, depois de um dia difícil, a caminho de casa, parar na orla, tomar uma água de côco, jogar uma bolinha com os amigos na areia... sentir a brisa do mar, o seu cheiro...
 
Ah, isso a internet (ainda) não conseguiu reproduzir. Se quero ver imagens do mar e praias, consigo, mas o cheiro peculiar da maresia... só indo lá juntinho dele.
 
O apóstolo João, em Apocalipse 21.1, dá uma notícia que, num primeiro momento, soa muito triste para os que gostam do mar: ele vai desaparecer:
 
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”. Ap 21.1
João estava descrevendo a morada celestial, a Nova Jerusalém. Como pescador que era, João tirava do mar seu sustento. Ele conhecia o mar muito bem. E via nele fonte de renda mas também algo que poderia lhe custar muito, devido às limitações quem impunha aos homens.
 
Conforme aprendemos com teólogos e estudiosos da Bíblia, o livro de Apocalipse tem várias ilustrações e usa muita linguagem figurada. Eles também entendem que, nessa passagem, João se refere ao mar como algo de ruim que não mais existirá no Céu, quando estivermos na presença do Senhor por toda a eternidade.
 
Antes da época das Grandes Navegações, os marujos europeus temiam singrar os mares pois criam que a Terra era chata. Acreditavam também que, após a linha do horizonte, onde a vista não mais alcançava a imensidão dos mares, havia um abismo onde poderiam cair no nada, no infinito. Esse foi um dos principais desafios a ser superado. Até então, as navegações eram feitas margeando a linha da costa do continente, a uma distâcia de onde se pudesse ver terra firme.
 
O mar, para João, poderia representar uma separação, uma limitação física. Ele já sabia, pelas palavras do próprio Cristo, que tinha acesso ao Pai através do Seu sacrifício. Mas, após a ressureição de Cristo, não havia mais Sua presença tangível. No Céu estaremos lado a lado com Ele.
 
Outro sentido que podemos denotar é que o mar, quando revolto, dá trabalho, gera preocupação, inquietação. É perigoso, deve ser respeitado, pois pode ceifar a vida dos que o afrontam.  No novo céu e nova terra vislumbrados por João e descritos no livro de Apocalipse, não haverá mais nada que possa gerar sentimentos de inquietação e desconforto na vida. Só haverá paz e segurança na Santa presença de Deus.
 
“E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Ap 21.4
 
No evangelho de Marcos, no capítulo 6, há a descrição de um evento singular: quando os discípulos estão enfrentando um mar revolto e Jesus vai ter com eles andando sobre as águas e aquieta o mar, exortando-os a terem bôm ânimo e não temer. Pedro até tentou ir encontrá-lo ainda sobre as águas, mas temeu e começou a afundar, sendo resgatado por Jesus.
 
É junto com esse mesmo Jesus que estaremos, não haverá mais temor, não haverá mais como afudarmos.
 
Não sei se o mar, aqui no sentido literal, ou seja, aquele montão de águas, vai ou não fazer parte da paisagem celestial, porém pouco me preocupa, pois todo aquele bem estar que hoje sinto ao contemplá-lo, o seu aroma, suas cores, seu movimento... em nada me farão falta. Não mais sentirei saudades, pois estarei na Glória do Senhor.


34. ) As igrejas e a homosexualidade
Enos Moura Filho*
 
 
Ultimamente muito tem se falado sobre o Projeto de Lei 122, em particular no que tange à homosexualidade. São várias as discussões sobre o quanto esse Projeto de Lei vai interferir na vida dos evangélicos, se ele fere princípios da Constituição, e outros aspectos tão importantes quanto esses.
Não vou enveredar por essas discussões, mesmo porque muito do que penso já foi amplamente dito, seria “chover no molhado”. Porém dois pontos apenas gostaria de mencionar, sobre os quais ainda não vi tanto debate.
 

Primeiro, da forma que o assunto vem sendo tratado pela mídia, parece que duas tribos, dois grupos estão se armando e se preparando para enfretamentos: a comunidade GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) e a comunidade evangélica. Isso é tudo o que os evangélicos não querem e não precisam. E penso que a comunidade GLS também não. Os evangélicos devem se aproximar e obter a confiança deles a fim de facilitar processos de evangelização e resgate dos que andam por caminhos diferentes dos indicados na Palavra de Deus.
 
 
 
O tema da “Parada Gay” de 2011 deu o tom de enfrentamento ao usar o tema: “Amai-vos uns aos outros – basta de homofobia”. Um excerto bíblico usado de forma errada e no contexto errado, atrelado a um apelo direto à causa GLS.
 

Os evangélicos não devem alimentar esse sentimento de afronta, e sim, execer o que no diz Romanos 12.18: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens”. Isso não significa ser conivente, mas fazer saber sua opinião de forma pacífica. Biblicamente sabemos que devemos orar por todos, inclusive por aqueles dos quais temos reservas.
 

O segundo ponto é uma pergunta prática: Estamos prontos? A comunidade evangélica está pronta para tratar com a comunidade GLS?
A leitura que faço hoje de muitas igrejas, principalmente as mais tradicionais, é que nós precisamos evangelizar a todos, obedecer ao “Ide e pregai”, isso é certo. Contudo, nas entrelinhas parece que estão dizendo aos fiéis:
 

“Preguem a todos, mas façam uma triagem, preguem mais para uns que para outros”.
 
 
 
Como nossas comunidades reagiriam se estivesse presente durante o culto um travesti? Ou um transexual, alguém reconhecidamente homosexual,ou mesmo alguém com trejeitos efeminados? Claro que supondo estarem decorosamente bem vestidos.
 

A impressão que fica é que devemos delegar a ONGs evangélicas o evangelizar e “catequisar” os homosexuais e, só depois, encaminharem essa turma para nossas igrejas.
Não defendo que recebamos homosexuais como membros das nossas comunidades. Devem antes se arrepender e abandonar tais práticas condenadas biblicamente. Mas não podemos fechar as portas (muito menos os ollhos e ouvidos), pois se pregamos que nosso Deus abomina o pecado, mas ama o pecador, quem somos nós para fazermos algum tipo de seleção de quem merece ouvir as Boas Novas da Cruz?
 

É Deus quem salva, quem escolhe, quem resgata, quem cura.
 

E não apenas agimos assim com relação à homosexualidade, costumamos rotular e discriminar outras pessoas com outros problemas não menos sérios, como viciados em drogas e/ou álcool. Assim, queremos fazer da igreja um lugar que tenha apenas pessoas “limpas”. Mas às vezes não nos incomoda, por exemplo, receber no nosso arraial um empresário com fama de desonesto, desde que seja fiel dizimista!
 

Os evangélicos, eu inclusive, precisamos tomar cuidado com essas outras nuances que toda essa polêmica quanto ao PL122 e à homosexualidade tem trazido à tona.
 

No amor de Cristo, que alcança qualquer criatura Sua,
 

Enos
 
________________________________
(*) Enos Moura Filho é presbítero
na Primeira I.P. de Guarulhos-SP


 35. ) iGod ( 28/07/2011 )
Enos Moura Filho*
 
 
O meu Deus é virtual?
 
Antes de pensarmos a respeito, qual o conceito de “virtual”?
 
Segundo o dicionário Michaelis:
 
virtual
vir.tu.al
adj m+f (lat virtuale) 1 - Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade. 2 - Que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade. 3 - Que é suscetível de exercer-se embora não esteja em exercício; poten cial. 4 - Que não tem efeito atual. 5 - Possível. 6 - Diz-se do foco de um espelho ou lente, determinado pelo encontro dos prolongamentos dos raios luminosos.
 
Um site de internet é virtual: algo que não existe como realidade concreta, que faz as vezes de alguma outra coisa (jornal virtual, por exemplo), tem efeito atual, é possível de vir a ser uma realidade concreta.
 
Mas minha intenção não é me aprofundar na questão filosófico-conceitual da virtualidade, apenas alinhar os entendimentos.
 
Facilitando então: aplicamos “virtual” para aquilo que podemos achar no mundo dos computadores, da internet. Às vezes usamos “virtual” ou “digital” com o mesmo intuito.
 
Eu creio que o homem só está onde está hoje em termos de evolução tecnológica por uma razão: a vontade de Deus. É Deus que dá inteligência ao homem para desenvolver tecnologia. 
 
E a tecnologia de antigamente para nós é ultrapassada. Assim como a nossa o será quando nossos filhos tiverem nossa idade.
 
Tecnologia anda de mãos dadas com inovação e criatividade.  Todos frutos da inteligência dada pelo Senhor.
 
Ele mesmo, na Bíblia, nos deu exemplo de inovação:
 
“Então o SENHOR me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo.” Habacuque 2:2
 
Hoje conhecemos essa técnica de comunicação como “outdoor”, ou seja, algo escrito ou mostrado em letras ou imagens grandes, que seja visível para quem estiver passando em velocidade.
 
Com toda essa massificação da tecnologia, o iPhone, iPad, iPod... (para citar apenas uma marca), sem contar as dezenas de aparelhos com mesmas funções também já disponíveis no mercado, será que nós temos acompanhado tal evolução no nosso dia a dia com Deus?
 
Ele dá condição para que o homem desenvolva tais equipamentos, e eles podem e devem ser usados para conforto, segurança e facilidade de nossas vidas.
 
Em nossa igreja, há algum tempo, foi instalado um equipamento de projeção, também chamado data-show. Uma ótima ferramenta para escola dominical e mesmo para palestras e outras atividades, como retrospectivas com fotos e mesmo sermões.
 
Sistemas de sonorização e iluminação computadorizados já são realidade em muitas igrejas.
 
A Bíblia pode ser acessada ou armazenada no celular (smartphones). Definitivamente agora cabe em qualquer bolso!
 
Há igrejas que, até por questões de segurança, já adotam a prática de aceitar transferências bancárias  ou usam máquinas de débito eletrônico a fim de evitar que os membros levem dinheiro em espécie para os templos. Isso, inclusive, é motivo de discussões e divergências por parte de muitas comunidades evangélicas.
 
Transmissão de cultos pela internet já acontece dominicalmente em várias igrejas, o que facilita a vida daqueles que estão impossibilitados de se deslocarem até os templos ou locais de culto.
 
A igreja pela internet ajuda, mas não substitui os momentos de comunhão com outros irmãos, a vivência da comunidade.
 
As páginas das igrejas nos sites de relacionamento como Facebook, Orkut e outros devem ser algo que agregue valor e facilite, mas não substituam a interação dos membros de forma mais direta, o contato real, o abraço e o ombro amigo tão necessários e importantes.
 
Meu Deus é virtual (ou digital) apenas no sentido de que pode ser também encontrado na internet, mas meu Deus é real. Não se enquadra no sentido dado pelo dicionário para a palavra “virtual”. Lembrando dos conceitos no incício do texto:
 
1 - Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade.
 
Deus existe como relidade! Podemos lembrar de textos como:
 
“E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. Jo 20.28-29
 
“Para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus, e que não há outro”. 1 Reis 8:60
 
2 - Que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade.
 
Deus não equivale a ninguém, tem auto-existência.
 
“Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo”. Jo 5.26
 
3 - Que é suscetível de exercer-se embora não esteja em exercício; potencial.
 
Para esse o melhor é lembrar de Êxodo 3:14:
 
“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”.
 
 4 - Que não tem efeito atual.
 
Sabemos que Deus age, atua, dirige, comanda tudo. Está no controle de Tudo.
 
“Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo”. Isaías 43:19
 
5 - Possível.
 
Deus não é possível de ser, Ele É. É o Alfa e o Ômega, eterno. Sempre existiu e sempre será, e nesse caso um o verbo é intransitivo, não precisa de complemento.
 
“Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” Apocalipse 1:8
 
O meu Deus é real, está na net, na “nuvem”, como já se diz no meio digital; mas é  absolutamente real.

36. )
Um segundo pôr do sol
 
 
 
Recentemente tomei um vôo em Brasília com destino a São Paulo. O vôo estava agendado para decolar por volta das 18h00m. Enquanto seguia para a aeronave via pelos vidros da sala de embarque que o sol já se punha no horizonte sobre o cerrado do planalto central. Já acomodado na poltrona do avião, momentos antes de decolar, apreciava os últimos instantes de brilho do sol. O interessante é que, como um presente de Deus, pude ver o pôr do sol novamente naquele dia. Após a decolagem, à medida que o avião subia, como a velocidade de subida era maior que a velocidade com que o sol se punha, comecei a vê-lo novamente. O vôo estabilizou na altitude de cruzeiro e então comecei a contemplar um segundo pôr do sol naquela tarde, ainda mais belo que o primeiro, agora emoldurado pelo horizo nte limpo com apenas algumas camadas de nuvens esparssas. Devido à grande altitude, pude acompanhar as mudanças nas nuances coloridas do céu até escurecer por completo. Que espetáculo divino!
 
A Bíblia relata que o Senhor interveio na natureza a favor do Seu povo algumas vezes. Numa delas, narrada no livro de Josué, Israel estava numa batalha contra outros cinco reinos de uma só vez. Josué orou e Deus deteve o sol, que não se pôs até o fim da luta:
 
“Então Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom.
E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr, quase um dia inteiro.
E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o SENHOR assim a voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel.” (Josué 10.12-14)
 
O povo de Israel tem um histórico cíclico de estar longe de Deus por um tempo e depois retornar à Ele. E Deus continuava sempre fiel.
 
Que bom que Deus não atrela Sua graça e fidelidade para conosco à nossa fidelidade para com Ele. Quantas vezes estamos longe do Pai e Ele continua a nos mostrar Sua graça, a nos abençoar, a nos presentear?
 
Ele age em nossa vida de forma singular. Ele controla e rege o universo, os acontecimentos, de forma que Seus planos para nós sejam realizados. Ele nos dá vigor e novas chances para lutar.
 
Pode ser que estejamos em momentos em nossa vida que sabemos que podíamos estar fazendo mais e melhor, podíamos estar mais próximos do Senhor, mas teimamos em continuar nossa jornada deixando-O um pouco de lado, querendo andar com nossas próprias pernas.
 
E nessa horas Ele se mostra presente, ele entende nossas lutas e nos deixa claro que pode segurar o sol até que nossa batalha esteja finda, desde que O busquemos.
 
Ou por vezes Ele nos dá uma segunda chance, nos dá um segundo pôr do sol, de forma que entendamos que, se da primeira vez, sem Ele, falhamos, na próxima, com Ele, poderemos ser bem sucedidos.
 
O crepúsculo fica mais belo quando entendemos que Ele o desenhou para que saibamos de Sua presença conosco, por isso podemos confiar nEle, e descansar.
 
 
Enos Moura Filho
- - -
http://youtube.com/watch?v=LNHvf4OVFbg Louvarei ao meu Senhor durante a minha vida , cantarei louvores a Deus enquanto eu viver  Quero Louvar o meu Senhor quando a alva despontar  e terminar o meu louvor , quando o crepúsculo chegar ... yRO
= = =

37. ) Você e mais sete mil!
 
Um dos episódios mais emocionantes do Velho Testamento é narrado no primeiro livro dos Reis, capítulo 18. Creio que, se Hollywood quisesse, daria um filme épico excelente!
O profeta Elias entra num embate sozinho contra 450 profetas de Baal. O desafio era fazer cair fogo do céu, a fim de mostrar quem era o verdadeiro Deus: Baal ou Jeová.
Durante grade parte do dia os profetas de Baal clamaram e nada aconteceu. Depois Elias fez um altar com doze pedras, fez um rêgo ao lado do altar, e mandou encharcar não só o rêgo, como também o holocausto, e a lenha. Então invocou o Nome do Senhor, que mandou fogo e consumiu tudo!
Esse evento procovou a ira do Rei Acabe e de sua Esposa Jezabel, que adoravam a Baal. Então Jezabel jurou Elias de morte. Elias fugiu para o deserto, caminhou um dia inteiro e sentou para descansar. Elias estava estafado, não só da jornada, mas da situação em si. Havia enfrentado 450 profetas, atuava com profeta numa época difícil, e agora era “inimigo do Estado” e sua cabeça estava a prêmio. Elias quis desistir e disse a Deus que preferia morre a continuar dessa forma.
No capítulo seguinte Deus se mostra a Elias de forma especial. Deus trata com Elias com amor, envia um anjo para cuidar dele. E após Elias descansar, tem um diálogo que muda a forma de Elias encarar a realidade.
“Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou” (1 Rs 19.18)
Deus fala para Elias que ele deveria voltar, pois ainda havia sete mil fiés a Deus em Israel. Elias não estava sozinho como ele imaginava!!!
Vivemos dias em que tudo parece conspirar contra nosso trabalho. Na vida cristã isso parece se potencializar quando nos envolvemos com alguma atividade eclesiástica.
Quantas vezes os pastores crêem que sua igreja parece não crescer, não se desenvolver, por mais esforços que façam, por mais que estudem, por mais que se dediquem na preparação das aulas e sermões!
Assim também os líderes de departamentos como louvor, de jovens, de mulheres... não raro chegam a investir seu próprio dinheiro em eventos, pois orçamento que foi destinado no início do ano já foi gasto, e o retorno esperado em termos de participação e resultados práticos são pífios!
Infelizmente, até dentro das igrejas e comunidades vemos que há manobras políticas entre os líderes, e em algumas reuniões de concílios adminstrativos o que se vê é uma caça à algumas cabeças que descordam do modus operandi de quem está ocupando os cargos de liderança.
Será que estamos sozinhos nessas lutas?
A igreja é de Deus, mas feita de homens, mortais e pecadores.
Mas temos de lembrar que trabalhamos para Deus, e não para os homens. Para o crescimento do Seu Reino, e para Seu louvor.
Deus não nos desampara, além de nos sustentar por Sua maravilhosa Graça, ainda garante que em algum lugar, de alguma forma, há mais joelhos que não se dobram aos deuses desse mundo, não esmorecem e não se deixam enganar, perseveram assim como nós devemos perseverar.
Com Elias aprendemos que até os grandes profetas, que falavam quase que face a face com Deus, tinham seus momentos de fraqueza e dúvida, e sentiam vontade de capitular. Mas aprendemos também que, assim como Deus os levantou e sustentou, conosco age de igual maneira. Ele é o Deus imutável, que nos convoca e nos dá o suporte que precisamos para não desistirmos.
Não estamos sozinhos!
 
 
Enos Moura Filho

38. )
Humildade, oração, busca pelo Senhor e arrependimento
 
Enos Moura Filho
"E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra."
2 Crônicas 7.14
Jimmy Owens compôs uma das mais belas músicas para canto coral que conheço: "Se Meu povo", baseada em 2 Crônicas 7.14. Quando ainda era muito jovem, acabei por aprender essa passagem da Bíblia por causa da música. Lembro que foi uma das primeiras que fiz questão de aprender a tocar e poder fazer dueto do clarinete com piano ainda quando adolescente.
 
Mas confesso que realmente levei anos para meditar mais a fundo no texto bíblico. Até então ele significava para mim mais como a referência bíblica para um hino que aprecio.
 
A história de Israel é belíssima. O Velho Testamento está recheado dela, e com ela aprendemos inúmeros ensinamentos que, apesar de narrar a história de um povo, o povo de Deus, continuam contemporâneos, assim como toda a Palavra de Deus.
 
O rei Davi havia posto no coração a intenção de edificar um templo a Deus, mas Deus deixou essa tarefa nas mãos do filho de Davi, seu herdeiro, Salomão, pois Davi havia sido homem de lutas e muito sangue havia passado por suas mãos (2 Samuel 7.1-14)
 
No capítulo 6 do segundo livro de Crônicas, a partir do versículo 12 até o 42 lemos a oração de consagração do templo a Deus, feita por Salomão.  Deus responde a Salomão, conforme lemos em 2 Crônicas 7.12-22. E é nessa resposta que temos a promessa de que Deus nos ouve.
 
É o próprio Salomão que sugere as ações de humildade, oração, busca e arrependimento por parte do povo, veja em 2 Crônicas 6.24-25:
 
"Quando também o teu povo Israel for ferido diante do inimigo, por ter pecado contra ti, e eles se converterem, e confessarem o teu nome, e orarem e suplicarem perante ti nesta casa,  Então, ouve tu desde os céus, e perdoa os pecados do teu povo Israel; e torna a levá-los à terra que lhes tens dado e a seus pais."
 
Ao longo da oração de Salomão essas sugestões de comportamento se repetem.
 
Deus se agradou da oração de Salomão e da consagração do Templo. Salomão sabe que Deus não pode ser contido dentro de uma construção feita por mãos humanas (2 Cr 6.18), mas o templo simbolizaria  a habitação de Deus entre os homens. E Deus realmente ocupou o templo (2 Cr 7.1-3).
 
Depois da vinda do Messias, Deus nos mandou o Seu Santo Espírito, o qual hoje "faz morada" em nós. Somos, então, templos do Espírito Santo.
 
"E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado." João 7.39
 
Na época de Salomão o povo de Deus era instruído a ir ao templo do Senhor, em atitude humilde, orando e buscando a Deus, arrependido de seus erros, a fim de obter o favor do Altíssimo, os Seu perdão, a Sua providência.
 
Hoje temos o privilégio de receber Seu Santo Espírito em nós. Mas com o privilégio também vem a responsabilidade de estar sempre em Sua presença, e para isso agir humildemente, ter uma vida de oração e busca pelo Pai, lutando contra as vontades do carne - pois como o próprio sábio Salomão falou, não há homem que não peque (2 Cr. 7.36) - mas incomodado e arrependido dos pecados.
 
São quatro diretrizes, básicas, das quais Deus se agrada quando exercemos, e promete nos ouvir e socorrer. É claro que Sua Graça não está condicionada a essas ações por parte dos homens, pois somos falhos. Mas se podemos tentar agradar a Deus e agir conforme Sua Palavra, por que não fazê-lo?  Com certeza, somos nós os maiores beneficiados, é a nós que Ele promete ouvir, perdoar, restaurar e prover.
 

Assista o vídeo da música “Se meu povo”, de Jimmy Owens http://youtube.com/watch?v=Lx8hlMakKqk


39. ) O segundo natal (20/12/2011)
 

Uma das canções natalinas mais conhecidas em todo o mundo é chamada “O primeiro natal”. Sua autoria é desconhecida, mas acredita-se que se trata de uma canção inglesa do século XVI ou XVII (se bem que há pesquisadores datando-a como sendo do início do século XIII). Foi publicada pela primeira vez em 1833 no "Christmas Carols Ancient and Modern", uma coletânea de canções de época reunidas por William B. Sandys.
 
Obviamente que descreve o nascimento de Jesus Cristo, proclamado pelos anjos numa noite estrelada em Belém. História que a maioria de nós ouve desde pequenos e que ensinamos (ou pelo menos deveríamos ensinar) aos nossos filhos.
 
Mas nos dias atuais somos quase que obrigados a conviver com outros aspectos natalinos digamos, menos religiosos. 
 
No início de dezembro um cronista (que me conste nada tem a ver com nenhuma igrej a), publicou um artigo num jornal norte-americano chamado USA Today afirmando que esse ano ele precisaria de dois feriados: um para os festejos religiosos, e outro para os festejos culturais. E notem que os Estados Unidos são uma nação de berço evangélico. Quanto mais nós, num país de maioria católica (não-praticante)?
 
Não estou pregando contra o catolicismo aqui, apenas despertando nossa atenção para o fato que um segundo natal, mais mercadológico, comercial, recheado de sofismas, tem se equiparado ao primeiro natal em importância e atenção no nosso dia-a-dia.
 
Ou será que o segundo natal já é o mais festejado por todos nós?
 
Quanto de Papai Noel e de Menino Jesus nossas crianças têm conhecido?
 
Sem entrar no mérito da questão sobre a origem dos diversos símbolos natalinos extra-bíblicos (a saber: Papai Noel, árvore de natal, guirlanda...), a pergunta que fica é: adianta lutar contra esse lado não bíblic o do natal?
 
Bater o pé e pregar uma alienação a algo que já está culturalmente arraigado às nossas tradições é vantajoso? 
 
Defendo que as idolatrias sejam evitadas. Por exemplo: Papai Noel é tão importante quanto o Coelhinho da Páscoa, nada além disso!
 
Acredito ser muito mais lúdica a convivência pacífica baseada no esclarecimento do sentido de cada item cultural e, especialmente e prioritariamente, a explanação do verdadeiro sentido do natal (e aqui falo do primeiro natal).
 
Na minha igreja existe uma árvore de natal. Na porta de casa colocamos uma guirlanda. E na residência dos meus pais há centenas de enfeites natalinos, dentro e fora de casa. Muitos com alusão ao primeiro natal, e outros que mostram aspectos do segundo natal.
 
Eu gosto muito da época de natal. Acho excelente entrar em shoppings e lojas e ouvir músicas natalinas a toda hora. Mas sei diferenciar o que é cultural e o que é reli gioso. Sei pesar e dar a devida importância a cada um deles. Nunca deixando que o segundo natal se torne o verdadeiro motivo de minha real felicidade.
 
Não preciso ter dois feriados natalinos, como descreveu o cronista do USA Today. Posso cantar “O Primeiro Natal” sem pensar no segundo, e posso celebrar o segundo sem sufocar o primeiro! 
 
E você?
 

Um ótimo (primeiro) natal a todos, e um segundo natal divertido também.
 
 
 

Enos Moura Filho


40. ) A escola de onde nunca saímos
 
Os pais vivem um período no começo do ano que é, ao mesmo tempo, satisfatório e doloroso: a volta às aulas dos filhos.
 
Satisfatório pela alegria em saber que os filhos podem estudar, seja em instituições públicas ou privadas, e tem a oportunidade de aprender com profissionais preparados para isso. Claro, infelizmente, não é a realidade para 100% da população, mas já foi bem pior.
 
E doloroso em dois aspectos. O primeiro, mais subjetivo, que é uma nova separação da família após o tempo de férias, quando, teoricamente, a família passa mais tempo junta. O segundo aspecto, mais tangível, é a necessidade de investimento na educação, leia-se: matrícula, material escolar e uniformes. Notem que não usei a palavra “custo”, ou “gasto”. É um investimento, doloroso apenas pelo fato de ser alto, mas com retorno seguro, pois sempre se aprende algo, no mínimo têm-se a alfabetização da criança!  Um dito popular diz que “se você acha cara a educação, experimente a ignorância!”
 
Pensando ainda por esse caminho, lembro que há uma placa na entrada da Universidade de Oxford que diz: “The more I study, the more I know, the more I know, the more I forget, the more I forget, the less I know, so why study?” Numa tradução livre significa: “Quanto mais eu estudo, mais eu sei, quanto mais eu sei, mais eu esqueço, quanto mais eu esqueço, menos eu sei, então pra que estudar?
 
Ora, estudar é mandamento bíblico:
 
“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” Pv 22.6
Mas como sabermos qual é esse “caminho” citado no versículo de Provérbios 22.6?
 
A própria Bíblia, palavra de Deus, nos responde. Uma das respostas está lá segunda carta de Paulo a Timóteo:
 
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça.” 2 Tm 3.6
 
Em boa parte das igrejas os pais costumam batizar os filhos ainda bem pequenos, e uma das coisas com a quais se comprometem perante Deus é proporcionar ensinamento bíblico à criança, levando-a a igreja e compartilhando a Palavra de Deus em casa também.
 
No Velho Testamento Deus já nos dava as diretrizes:
 
“E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Dt 6.7
 
No início do sexto capítulo do livro de Deuteronômio Deus estava falando de Seus estatutos e também mais especificamente do que o próprio Jesus denominou de primeiro e grande mandamento (Mt 22.38):
 
“Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.”
Dt 6:5
 
Notem que a ordem para ensinar aos filhos é descrita sugerindo que haja uma continuidade.
 
Entendemos também que, como consequência de uma educação bíblica, os valores que fomentarão a educação secular também procurarão refletir, e não se opor aos ensinos das Escrituras Sagradas. Assim, quando ensinamos nossos filhos nesse caminho citado em Provérbios, garantimos que é uma via pavimentada por ensinos bíblicos, e por assuntos que construam o conhecimento e o caráter dos aprendizes em sintonia com os padrões esperados.
 
Podemos controlar tudo o que nossos filhos aprendem fora de casa e fora da igreja? Não! Infelizmente. Aqueles que são pais com certeza já foram surpreendidos por seus filhos falando algo não muito lisonjeiro, ou cantando uma ou outra musiquinha de gosto duvidoso!
 
Contudo, a base e o grosso do conhecimento devem ser de ótima qualidade moral, não só técnica. Isso renderá frutos nos anos vindouros.
 
A escola, com todos os seus níveis de ensino, depois a faculdade, os cursos profissionalizantes, enfim, a educação secular, são extremamente importantes na preparação para o mundo. Eles têm seus tempos, ciclos e prazos.
 
Mas o ensinamento Bíblico é contínuo, constante, ininterrupto, onde sempre será possível se aprofundar um pouco mais. Nele somos preparados, atualizados, reciclados, para viver no mundo de acordo com a vontade de Quem o criou.
 
Os dois são complementares e não excludentes. Exemplos: a Bíblia não me ensina como montar um balanço financeiro, mas me instrui a fazê-lo de forma honesta. Não me ensina como abrir o peito de um doente cardíaco e tratar seu coração, mas me ensina que tudo aquilo é criação de Deus, merece se tratado da melhor maneira que eu puder.
 
A escola bíblica é a escola de onde nunca saímos, seja a escola dominical, seja o estudo bíblico nos lares... Não há formatura nela nesse mundo terreno. A nossa graduação será na Glória eterna. Quando, então, estaremos com o Mestre dos mestres.

41. ) Alegria escarlate - 06/04/2012
Recentemente estava lendo um livro intitulado “À imagem e semelhança de Deus”, escrito por Philip Yancey e Paul Brand (Ed. Vida).
Nele os autores fazem uma analogia entre o corpo de Cristo e o corpo humano.
O livro é muito rico em detalhes sobre o funcionamento do corpo humano, e uma das partes mais intrigantes versa sobre o papel do sangue.
Sendo bem sucinto, o sangue é responsável por levar oxigênio e nutrientes às células do corpo, e por recolher as impurezas.
Apesar da importância do sangue para manutenção da vida, por vezes costumamos associá-lo a problemas sérios, doenças e morte.
Se pensarmos que essa associação se faz, basicamente, quando vemos o sangue, fica mais fácil de entender, pois o sangue não foi feito para ser visto.
O lugar dele é dentro do corpo, assim, se estamos vendo sangue, é porque algo está errado com alguém, ou conosco!
É chegada a época da Páscoa.
Sem pensar na conotação comercial e mundana, onde reina a tradição dos ovos e coelhinho, e atendendo o convite à reflexão sobre a data, podemos pensar um pouco sobre o sangue do Cordeiro.
“Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6.53-54)
Essa é apenas uma das diversas passagens bíblicas que falam sobre o sangue de Cristo. Notem que a associação feita pelo próprio Jesus é com a vida.
Pode parecer até estranho: o derramamento de sangue, o sacrifício (e tudo de ruim que veio com isso: dor, sofrimento, humilhação...), por fim gerando vida!
Creio ser um dos aspectos lindos e maravilhosos que a época da Páscoa nos faz recordar: a entrega de Deus do Seu único filho, puro, totalmente isento de qualquer culpa ou mácula, a fim de proporcionar vida à humanidade através de sua morte.
Aliás, Jesus é Deus Filho, parte da Trindade, então, só o fato de tornar-se homem já é algo notável.
“Tende em vós este sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou que o ser igual a Deus fosse coisa de que não devesse abrir mão, mas esvaziou-se, tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens; e sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.”
Filipenses 2.5-8 – (versão da Sociedade Bíblica Britânica)
O alcance do resultado desse sacrifício é pessoal: aplica-se a cada pessoa, conforme João 3.16. A analogia do papel do sangue de Cristo com a função do nosso sangue torna-se, então, mais clara.
Seu sangue é fonte de vida.
Ele limpou as nossas impurezas, nossos pecados, e garantiu-nos a vida eterna.
Não terminou com o sacrifício, mas Ele venceu a morte e voltou à vida.
Tem autoridade para nos dar a vida eterna.
E mais, a vida terrena fica mais agradável quando entendemos e aceitamos Seu sacrifício, pois somos levados a viver conforme Seus ensinos.
Alguém certa vez disse que há um filete de sangue que percorre toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse.
Seu sangue exercendo o papel de nutridor, descrevendo em Sua Palavra como podemos viver melhor, apesar das angústias e problemas normais a qualquer pessoa.
Em um verso do hino “Rude Cruz” cantamos: “Eu me alegro na Cruz, dela vem graça e luz, para minha santificação”. Sim eu amo a mensagem da cruz...” Uma mensagem completa, de salvação, de santificação.
Tenho motivos para ter alegria no sangue de Cristo.
A tristeza tem seu lugar quando reconheço que, também por causa dos meus pecados, Cristo morreu.
Mas todos os benefícios advindos de Sua morte e ressurreição são mais do que suficientes para minha felicidade.
42. )


 
*Enos Moura Filho é Presbítero
na 1° I.P. de Guarulhos-SP
 
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