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COIMBRA/PORTUGAL . Marcos Amazonas _ Mensagens recebidas no www.uniaonet.com

Índice :
25. Pecado: o inimigo do discipulado (21/01/06)
24. As consequências do pecado em relação a Deus
23. Liberdade Ministerial 7/1/06
22. O que desejar neste novo ano? (3/1/06)
21. Crescer é Preciso 10/12/05
20. Tema: Cumpra-se em mim segundo a tua palavra (04/12/05)
19.Firmados na Palavra (03/12/05)
18. Tema: A tarefa diária da Igreja (27/11/05)
17.Valorizando a comunhão (27/11/05)
16. Uma Igreja Vitoriosa (21/11/05)
15. Como exercer o ministério pastoral?(20/11/05)
14. Olhando para dentro de si mesmo (1/9/05)
13. Egolatria (30/8/05)
12. Apertar o Cinto(10/7/05)
11. O motivo certo
10: Propriedade exclusiva do Senhor
09: O Pão da Vida (26/06/05)
08 : Firmes no Senhor 19/06/05
07. Ser Pastor (11/6/05)

06. Igreja: Uma família para as famílias (29/5/05)
05. Fique Atento (22/5/05)
04 . A busca (15/5/05)
03. Reflectindo sobre a Família (01/05/05)
02 . Obedeça o Senhor (
23/4/05 )
01. A Base da Estabilidade Familiar é a Palavra de Deus (17/4/05)


Mensagens atuais ( recebidas após fev/2006) ver : www.uniaonet.com/msgmarcosamazonas.htm


Queridos,
 
Estou a enviar a primeira mensagem que preguei sobre o pecado.
Espero que Deus fale aos vossos corações.
 
Abraços,
 
 
 
Marcos
 
 
Texto: Génesis 3.1-24
25. Tema: Pecado: o inimigo do discipulado
 
Introdução
 
Meditaremos nestes dias sobre o pecado. Todos nós, de um modo ou de outro sabemos definir o pecado e temos consciência de que ele afecta nossas vidas. Sabemos que há falhas nas nossas vidas que nos fazem sentir culpados. Essa sensação é fruto da queda. É consequência do pecado. Temos que ter bem presente que o pecado é um conceito religioso. Sendo assim, este conceito deve ser visto à luz do texto sagrado. Devemos meditar neste tema não numa perspectiva psicológica que tenta desresponsabilizar o homem dos seus actos. Outros dizem que são disfunções genéticas ou apenas opções. Contudo, a Bíblia, a Palavra de Deus declara que pecado é uma agressão contra o próprio Deus.
 
É necessário dizer que este texto é real. Não é uma ficção. Não é uma fantasia. Não é um símbolo, não é mito. É uma história real. É uma história que deve ser entendida de modo literal. Esta é a história mais trágica de toda a humanidade. É a história da queda. Mostra-nos como o pecado entrou na humanidade. A Bíblia declara que o pecado é real (Jó 31.33-34; Os 6.7; 2 Co 11.3). O pecado nos afasta de Deus. Impede que tenhamos uma relação íntima e pessoal com o Senhor.
 
É esta a luta do cristão. Tentar vencer o pecado que guerreia em nosso corpo (Rm 7.24-25). Esta luta acontece no dia-a-dia. É a caminhada cristã. É a vida dos discípulos do Senhor. E nós, só podemos ser vitoriosos quando permitimos que o Senhor nos ensine. Quando entendemos que já não somos donos de nós mesmos, somos do Senhor e permitimos que Ele nos ensine. A vitória só é possível quando somos discipulados por Jesus.
 
Nestes dias iremos trabalhar a questão do pecado e suas consequências. Veremos que ele afecta nossa relação com Deus, connosco, com nossos semelhantes, com a natureza. Faz com que deixemos de ouvir a voz de Deus. Sendo assim, vamos responder o que é o pecado, o que significa ser discípulo de Jesus e o porque o pecado é inimigo do discipulado.
 
Jogo da cadeira (no máximo dois minutos)
 
Aquilo em que depositas tua confiança, torna-se o Senhor da tua vida.
 
Sendo assim, vejamos se estamos a ser dominados pelo pecado ou não. Aliás, vamos procurar definir o pecado para saber o que ele realmente representa:
 
1 – O pecado
 
Há pessoas que pensam que não é necessário pensar e reflectir sobre o pecado. Mas é fundamental termos um conceito correcto sobre o pecado, porque se uma pessoa “não tiver aprendido sobre o pecado, não poderá entender a si mesmo, aos seus semelhantes, nem ao mundo no qual está vivendo, nem a fé cristã. Também não será capaz de entender o que a Bíblia diz; pois, a Bíblia é a exposição da resposta de Deus ao problema do pecado humano.”[1] Em nossos dias a igreja fala muito de amor e da graça de Deus, mas não fala do pecado, não medita sobre ele com profundidade. Quantas mensagens já ouvimos com profundidade sobre o pecado?
 
Praticamente já não se vê o pecado como uma ofensa contra Deus. Hoje na maioria dos casos pecado passou a ser apenas a quebra dos padrões aceitáveis de decência, particularmente nas questões sexuais. Entretanto, nunca teremos uma verdadeira compreensão sobre o pecado se não atentarmos para ele no sentido do nosso relacionamento com Deus.
 
Tendo dito isto, vamos agora definir o pecado:
 
 
 
Ø   Pecado é uma deliberada transgressão da vontade divina
 
Ø   Pecado, é portanto, uma atitude diante de Deus, bem mais do que actos. É desobediência e rebelião.
 
Ø   Pecado não é apenas fazer, cometer o erro. É, também, deixar de fazer o bem. [2]
 
Ø   O pecado, consiste na ausência de Deus no pensamento e na vida do indivíduo.
 
Ø   O pecado é a perversão do bom, e o pior pecado pode ser mesmo a perversão do melhor.[3]
 
Ø   O pecado é desviar-se do caminho que Deus determinou (Êx 32.8), para um caminho proibido, um caminho de própria escolha (Is 53.6). O pecado consiste em andar contrariamente a Deus, retroceder para longe de Deus, voltar as costas para Deus, desafiar e ignorar a Deus.[4]
 
Ø   O pecado é algo que está no coração dos homens e das mulheres, não algo na superfície de suas vidas, mas completamente nas profundezas delas.”[5]
 
Na Bíblia, “pecado” significa errar o alvo. É não alcançar o padrão estabelecido. É desobedecer à autoridade. É fugir da vontade de Deus. É um acto de desobediência cometido contra Deus.
 
É o homem a tentar ser Deus. Lembre-se que a serpente disse: “sereis como Deus”. É o acto de não viver para Deus, mas para si mesmo. É querer receber a adoração que é devida a Deus. É agradar a si mesmo, sem se importar com o Criador. É uma atitude egoísta do ser humano.
 
É o acto de não glorificar a Deus nem lhe dar graças (Rm 1.21).
 
É por isso que Paulo quando escreve aos filipenses diz: “Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar” (Fp 2.5-6). O Senhor, Emanuel, Deus connosco, não teve por usurpação ser igual a Deus. Não teve o desejo egoísta do ser humano.
 
É a causa básica das dores, perdas, angústias de coração e frustrações. “O conceito de pecado abrange toda a gama de fracassos humanos, desde a transgressão de um único mandamento até a ruína da totalidade da existência de uma pessoa.”[6]
 
 Isto acontece porque o pecado destrói as relações entre o homem e o seu Criador e também destrói a sociedade humana.
 
O pecado tira-nos da comunhão com Deus. Passamos a viver em desobediência. Estamos separados da comunhão de Deus. Devemos compreender que o pecado é universal (Rm 3.10, 23; Sl 14.1ss). “Às vezes o pecado é grosseiro e vulgar; outras vezes é polido e civilizado. É possível que pecado nem sempre pareça mau à vista do homem, porém jamais causa prazer a Deus. Com efeito, podemos dizer que tudo quanto não apraz a Deus, não corresponde à Sua natureza, portanto, é pecado.”[7]
 
O nosso texto afirma que o pecado veio de fora. Não era algo natural do homem. O ser humano teve o livre-arbítrio para decidir entre pecar ou não pecar. Sua escolha foi pecar. É interessante notar a relação entre este texto de Génesis com o que João nos diz: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo.” (1 Jo 2.15-16). Aqui encontramos o modo pelo qual a tentação atinge o ser humano. A concupiscência da carne (o apetite da carne). Concupiscência é desejo forte. Este desejo provoca o apetite da pessoa. Este apetite pode fazer com que a pessoa cometa um mal. Este apetite torna-se em tentação. O segundo aspecto que é dito aqui é a concupiscência dos olhos. É a imaginação. Vê e passa a imaginar coisas. O texto diz que Eva viu que a árvore era boa para se comer (3.6). Ela imaginou, criou algo que poderia ser verdade. O outro aspecto que culmina com o pecado é a soberba da vida (vaidade). O desejo de ser grande, de ser maravilhoso e fenomenal.
 
Estes aspectos nos conduzem ao erro e ao pecado. Quando deixamos de olhar para Jesus e seguimos os nossos desejos, caminhamos de braços abertos em direcção à tentação.
 
Pecado é uma atitude no ser humano que diverge do Criador. É uma atitude que nos afasta de Deus e da comunhão que temos uns com os outros.
 
2 – O Discipulado
 
O discipulado é o acto de ser disciplinado pelo Senhor. A pergunta é a seguinte: Quando é que nos tornamos discípulos de Jesus?
 
Nos tornamos discípulos de Jesus quando aceitamos o seu convite e em obediência O seguimos. Como declarou Bonhoeffer: “A resposta do discípulo não é uma confissão oral da fé em Jesus, mas sim um acto de obediência.”[8]
 
O discípulo é alguém que tem intimidade com o seu Senhor. É uma pessoa que conhece a vontade do seu Senhor.
 
Quando afirmamos que somos discípulos de Jesus, que estamos a ser discipulados por Ele, estamos a dizer que nos comprometemos exclusivamente com Jesus. Dizemos que não aceitaremos os legalismos mediante a graça de Jesus. Pode-se dizer o seguinte do discipulado: “É o chamado da graça, mandamento gracioso. Fica além do antagonismo de Lei e Evangelho. Cristo chama; o discípulo segue; isso é graça e mandamento num só. “E andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos” (Sl 119.45).”[9]
 
O que é o discipulado?
 
1.    O discipulado é aprendizado. É o conhecimento da vontade de Deus. Como é a vontade de Deus? (Rm 12.2). Para que possamos experimentar a vontade de Deus, devemos nos entregar a ele como sacrifício. Devemos abrir mão de nós mesmos. É abdicar da nossa vida. Dizemos não ao nosso livre-arbítrio, pois o discípulo diz que deseja ser escravo do seu discipulador.
 
Nessa busca da vontade de Deus, dedicamos tempo a oração, à leitura da Palavra de Deus, procuramos estar em comunhão com os nossos irmãos. Meditamos profundamente no que o Senhor tem preparado para cada um de nós.
 
2.    O discipulado é aceitação do ensino do Senhor e sujeição a este ensino. É ceder sempre para que a vontade do Senhor se concretize na sua vida. John Perkins disse o seguinte: “Ceder a vontade de Deus pode de facto ser uma dura experiência, que às vezes fere e dói. Mas sempre traz muita paz.”[10]
 
Toda pessoa que aceita o ensino do Senhor terá paz. Será uma pessoa que viverá em paz com Deus, consigo própria e com o seu semelhante. Paulo escreve: “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.” (Rm 5.1-2).
 
3.    O discipulado faz com que sigamos o Senhor. Implica dizer que, quem se torna discípulo de Jesus muda de atitude. O discipulado faz com que aja mudança de vida. Antes de ser a Cristo é um pecador condenado (Rm 3.23). Quando se torna discípulo de Jesus, passa a ser uma nova criatura (2 Co 5.17). Todo o discípulo que está a ser disciplinado, crê no ensinamento do seu Senhor. Quem segue a Jesus é porque crê nele como Senhor e Salvador de sua vida. Antes não cria. Quem segue a Jesus é porque crê nele e obedece aos seus ensinamentos. Sendo assim, “só o crente é obediente, e só o obediente é que crê.”[11]
 
4.    O discipulado é expresso em comunhão com o Senhor. Esta comunhão é fundamentada na cruz. Jesus afirma que cada um dos seus seguidores deve tomar a sua cruz (Mc 8.31-38). A cruz não é um pesado destino. É resultado da nossa união com Cristo. A cruz é imposta a cada ser humano. A comunhão que temos com Cristo na cruz faz com que abandonemos as ligações com o mundo (pecado).
 
A comunhão com Cristo na cruz faz com que o velho homem morra e nasça uma nova criatura. Na cruz Jesus levou o nosso fardo. Nós também temos que levar o fardo, as cargas uns dos outros (Gl 6.2). A lei que Cristo estipula no discipulado é carregar a cruz. “O fardo do irmão que devo levar, não é a sua situação, a maneira de ser, o temperamento, mas, acima de tudo, seus pecados. Não posso levá-los sobre mim de outra forma senão perdoando-os no poder da cruz de Cristo, cruz da qual me tornei participante. Assim o chamado de Jesus a levarmos a nossa cruz, coloca cada discípulo na comunhão do perdão dos pecados. O perdão dos pecados é o sofrimento de Cristo imposto ao discípulo, imposto a todos os cristãos.”[12]
 
O discipulado é o caminho do aprendizado. É a caminhada do cristão até que chegue a medida do varão perfeito (Ef 4.13).
 
Estamos dispostos a trilhar o caminho do discipulado?
 
3 Por que o pecado é inimigo do discipulado?
 
Já vimos o que é o pecado. Vimos que ele nos afasta da nossa relação com Deus. Compreendemos que o pecado é a nossa tentativa de ser como Deus.
 
Deixamos de olhar para o Senhor para olhar para nós próprios.
 
O discipulado é a nossa vida de sujeição aos ensinamentos do Senhor. Não queremos viver mais para nós mesmos. Queremos que em nossas vidas se realize a vontade do Senhor. Por este motivo, podemos dizer que o pecado é inimigo do discipulado pelos seguintes aspectos:
 
Ø      Faz com que ouçamos vozes que não são de Deus. Eva passou a escutar a serpente. Adão escutou Eva. David escutou o seu coração e por isso, adulterou com Bate-Seba.
 
Ø      Faz com que estejamos em desobediência aos ensinamentos do Senhor. Não seguimos a orientação do Senhor. Fazemos o que entendemos. Deixamos de ouvir a voz do Senhor para seguir outras vozes.
 
Ø      Interrompe a comunhão que temos com Deus. Quando pecamos, dizemos que não queremos estar em comunhão com o Senhor. Não queremos seguir os seus caminhos. O pecado nos separa de Deus (Rm 3.23). Se perdemos a comunhão com o Senhor, já não iremos mais buscar a direcção do Senhor. Não desejaremos cumprir a sua vontade.
 
Ø      Fazemos o que desejamos e não o que o Senhor deseja. Eva queria comer do fruto e assim fez. Não deu ouvidos ao que o Senhor havia dito. Ela fez o que queria e não o que o Senhor havia determinado. O mesmo acontece connosco. Quando estamos em pecado, fazemos o que queremos e não o que o Senhor deseja para nós.
 
Guisa de Conclusão
 
O pecado destrói nossa relação com o Senhor. Ele nos torna maus discípulos.
 
O pecado está a dominar nossas vidas se estivermos agindo da seguinte maneira:
 
– Ouvimos vozes que não são a do Senhor
 
– Se desobedecemos o que Ele nos diz
 
– Não temos comunhão com Ele
 
– Fazemos o que nos apetece
 
Entretanto, seremos bons discípulos se tivermos as seguintes atitudes:
 
– Escutamos a voz do Senhor
 
– Obedecemos os ensinos do Senhor
 
– Temos comunhão com o Senhor
 
Seja um bom discípulo e não alguém que está a desagradar o Senhor.
 
Tome cuidado:
 
O pecado quer destruir a comunhão que há com o Senhor
 
O pecado faz com que sigas em direcção oposta à do Senhor
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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[1] PACKER, J. I. Vocábulos de Deus, 1ª Edição, Editora Fiel, São José dos Campos, 1994
 
[2] COELHO FILHO, Isaltino Gomes, Teologia Ssitemática. http:/www.ibcambui.org.br
 
[3] CONNER, Walter T., 2ª Edição JUERP, Rio de Janeiro, 1981
 
[4] Op. Cit
 
[5] LLOYD-JONES, Martin, Deus o Pai, Deus o Filho Vol.1, 1ª Edição, PES EDITORA, São
 
Paulo. 1988
 
[6] BROW, Colin (Editor Geral). O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo
 
Testamento Volume III, 3ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo 1985.
 
[7] GUTZKE, Manfred G. Manual de Doutrina, 2ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo 1990
 
[8] BONHOEFFER, Dietrich, Discipulado, 3ª Edição, Editora Sinodal. São Leopoldo 1989
 
[9] Ibid.
 
[10] PERKINS, John. O poder da justiça, Missão Editora, Belo Horizonte, 1990.
 
[11] BONHOEFFER, Dietrich, Discipulado, 3ª Edição, Editora Sinodal. São Leopoldo 1989
 
[12] Op.Cit.


Queridos,
 
 
Segue a segunda mensagem sobre o tema do pecado.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
 
Texto: Génesis 3.7-11, 23-24
 
24. Tema: As consequências do pecado em relação a Deus
 
INTRODUÇÃO
 
O pecado é uma realidade. Todos nós pecados. O pecado foi o vírus mais contagioso de toda a humanidade. Todos nós já nascemos contaminados. Nascemos com a raiz do pecado em nós e num determinado momento de nossas vidas, mais cedo ou mais tarde, ele aparece consumindo-nos. É por este motivo que a Bíblia afirma que não há nenhum justo e que todos pecaram (Ec 7.20; Sl 14.1; Rm 3.10;23). Nós somos pecadores e sofremos às consequências deste acto em nossas vidas.
 
O capítulo três de Génesis nos mostra que podemos escolher pecar, mas não podemos escolher as consequências que advêm do nosso pecado.
 
O ser humano decidiu desobedecer a Deus. Agora enfrenta o resultado da sua decisão. Devemos notar que no texto de Génesis, a serpente nunca disse que haveria consequência alguma à Eva. Quando estamos a enfrentar a pecar, não pensamos nas consequências que do nosso pecado, mesmo a saber que ele afecta nosso relacionamento com Deus.
 
O pecado tem consequências. Quais são as consequências que estás a sentir na tua vida? Tens visto os teus pecados e visto que eles afectam teu relacionamento com Deus?
 
Estamos diante de um texto que nos mostra que o pecado afectou o relacionamento da humanidade com o seu criador. Precisamos reflectir e ver quais foram estas consequências. Sendo assim, vamos responder a seguinte pergunta: Quais são as consequências do pecado em relação a Deus?
 
1 – Vergonha
 
O texto afirma que o homem e a mulher viviam nus e não tinham vergonha de estar em plena comunhão com Deus desta forma. Não tinham vergonha de estarem assim diante um do outro.
 
Foi-lhes feito uma promessa. Se eles comessem daquele fruto seus olhos se abririam e eles seriam como Deus. Hoje nós temos a percepção e sabemos que esta promessa foi o maior embuste de toda a história da humanidade. A serpente foi manipulada e usada pelo pai da mentira (Jo 8.44). O casal foi enganado e comeu do fruto. Entretanto, no momento em que eles comeram do fruto, seus olhos se abriram. Tiveram a percepção imediata das coisas. Viram tudo, mas não como lhes haviam prometido. Eles não se tornaram como Deus. Agora estavam a viver como criaturas, mas criaturas que tinham consciência que haviam desobedecido o Senhor. Eles pecaram. O pecado abriu-lhes os olhos. Mas não foi como o prometido. É fabulosa a declaração de Anne Graham Lotz que diz: “os olhos de Eva se abriram, mas de uma maneira grotesca. Ela conheceu o bem, mas soube também que estava separada dele. Ela conheceu o mal, porque agora estava saturada dele. Conheceu o bem e mal de uma maneira que Deus nunca pretendeu que ela conhecesse – através de sua própria experiência. E estava profundamente envergonhada.”[1]
 
Quando a queda se concretizou, a vergonha tomou conta deles. Eles tinham vergonha de encarar Deus, por isso tentaram desesperadamente algo que os cobrisse. Por isso, tentaram se cobrir com folhas de figueira. Fizeram aventais para esconder a nudez. “Ainda hoje o homem moderno faz seus aventais, alguns deles com nomes pomposos e científicos, para abafar o senso de culpa pela desobediência a Deus.”[2]
 
O que é vergonha?
 
s. f. perturbação moral produzida pelo receio do ridículo, da desonra, etc.[3]
 
s.f. sentimento desagradável relacionado com o receio da desonra ou do ridículo; pejo; (…) acto indecoroso; sensação de perda de dignidade ou de falta de valor pessoal; humilhação; rebaixamento; desonra; opróbrio; coisa mal feita ou mal acabada.”[4]
 
Adão e Eva tiveram esta consciência. O ser humano tem consciência desta desonra. Ele sabe que desonrou a confiança que Deus depositou nele.
 
Por que o homem teve vergonha de Deus?
 
1.    Reconheceu que estava nu – O versículo sete afirma que eles reconheceram que estavam nus. Seus olhos foram abertos. Conheceram o bem e o mal, mas isso foi prejudicial a eles. Eles ficaram saturados do mal. Eles viviam nus e isso não era problema para eles. Quando viram como se encontravam procuraram esconder-se e cobrir sua nudez. “Adão e Eva ficaram parados defronte um do outro, sujos pelo pecado e sentindo-se muito expostos. Tinham vergonha de si mesmos e também um do outro, mas não se podia comparar com o sentimento de vergonha que tinham diante de Deus. Estavam tão envergonhados, que só em pensar que tinham que encarar a Deus, saíram em disparada para providenciar algo que os cobrisse. As folhas de figueira que escolheram para costurar eram totalmente inadequadas. Deus podia ver tudo através delas.
 
Quais folhas de figueira você costurou como uma coberta para o seu pecado e vergonha diante de Deus?
 
2.    Reconheceu que havia um problema com o seu corpo - O corpo passou a ser um problema para eles e é um problema para nós também. Um animal não tem consciência do estado do seu corpo. O homem tem consciência e fica envergonhado. Diante de Deus, nós ficamos patentes, não podemos nos esconder. Ele vê muito mais além. Não há como nos esconder.
 
3.    Reconheceu que havia procedido erradamente - Depois de pecar o ser humano viu que havia procedido de forma errada. Experimentaram uma perversão de sua natureza moral. Foge de Deus e tenta esconder-se por reconhecer a santidade do Senhor e ver que não pode estar na presença de um Deus santo e puro.
 
2 – Medo
 
O medo paralisa. É causador de stress. Nos deixa de sobreaviso. Ficamos preparados para fugir daquilo que nos aterroriza. Foi esta atitude de Adão e Eva.
 
Antes do pecado, ouvir a voz de Deus era um prazer. Depois do pecado a voz do Senhor causava pânico. Era algo aterrorizador (Gn 3.8).
 
Houve uma reportagem no Brasil que afirmava que as crianças estavam a ficar stressadas por causa do medo que tinham de Deus. A reportagem afirmava que Deus causava terror. Deus era apresentado para aquelas crianças como um carrasco e não como um Deus justo, amoroso e fiel.
 
O pecado faz com que tenhamos medo de Deus. Mas, porque é que o ser humano tem medo de Deus?
 
1.    Por que perdeu a comunhão com Deus
 
. Já não existe mais relação íntima e pessoal com o Criador. O homem perdeu o senso de comunhão com Deus. Agora ele vive com um vazio interior. Este vazio só pode ser preenchido com a presença de Deus. Deus continua a chamar o ser humano para junto de Si. O ser humano foge de Deus. O texto diz que eles ouvem o Senhor a chegar e fogem. A ideia do hebraico é o som e não a voz do Senhor. Lembremos que Deus vinha caminhar e falar com o casal. Eles ouviram o barulho do Senhor e fugiram. O pecado sempre gera o medo e nunca comunhão com o Senhor. Aquilo que era bênção passou a ser algo que lhes aterrorizava.
 
2.    Por causa do julgamento do Senhor. Eles tiveram consciência do julgamento
 
do Senhor. Viram o Senhor como Juiz e que mereciam o julgamento condenatório do Senhor. O pecado traz como consequência morte. Ezequiel escreveu: “A alma que pecar, essa morrerá”. (Ez 18.20). Foi por ter esta consciência que eles tiveram medo e fugiram da presença do Senhor. Contudo, o Senhor os chamou, não com o desejo de condená-los, mas de restaurá-los. Deus não desiste da sua criação. O Senhor não desiste de nós. Como Ele chamou a Adão e Eva, Ele chama-nos e diz: “Onde estás?” Este chamado não significa que o Senhor foi apanhado de surpresa. Não é porque o Senhor não os pudesse encontrar. Este chamado é para a confrontação. É para obter confissão. É uma chamada a responsabilidade.
 
O ponto essencial aqui é que Deus não desiste de nós. É Ele quem busca o ser humano. “Deus é o primeiro missionário da História. Ele procura o homem caído. Essa foi a missão de Jesus: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” (Lc 19.10).”[5]
 
3 – Culpa
 
O homem viu o seu erro e reconheceu que era culpado do juízo de Deus. Adão e Eva viram que Deus é justo. Reconheceram que um Deus santo que não podia conviver com o erro. Eles foram consumidos pelo sentimento de culpa e por isto fugiram da presença de Deus.
 
Quando erramos como é que nos sentimos? Será que não somos invadidos por um sentimento de culpa que nos deixa envergonhados e faz com que nos escondamos de todos?
 
Adão e Eva reconheceram o seu erro. Viram que mereciam o castigo de Deus. Reconheceram que sua atitude diante de Deus tinha consequências. Eles deixaram de ser inocentes e por isso tiveram medo de Deus.
 
A culpa é justamente o sentimento que nos coloca numa posição de inferioridade.
 
É um sentimento que impede que o ser humano seja ele mesmo. “É o medo do julgamento dos outros que nos impede de sermos nós mesmos, de nos mostrarmos tal como somos, de manifestarmos nossos gostos, desejos e convicções, de nos desenvolvermos, de nos expandirmos segundo a nossa própria natureza livremente. É o medo do julgamento dos outros que nos esteriliza, que nos impede de produzir todos os frutos que somos chamados a produzir.”[6]
 
A culpa é real. Não podemos fugir dela. Não é uma falsa culpa. Ela tem sua origem no erro cometido por Adão e Eva.
 
Por que eles se sentiram culpados?
 
Ø      Tiveram consciência do erro cometido. Os olhos de Adão e Eva foram abertos. Eles tiveram consciência de que haviam desobedecido o Senhor. Nós também, quando pecamos temos consciência do nosso erro e por isso, somos invadidos por este sentimento de culpa. Quando temos consciência do nosso pecado fugimos sempre da presença do Senhor.
 
Ø      A culpa mostra que estamos em falta diante de Deus. Esse sentimento de culpa mostra que reconhecemos que nossos actos de desobediência romperam nossa relação com Deus. Ela nos conscientiza de que estamos em falta com o Criador. Temos a percepção clara que estamos separados de Deus.
 
Ø      A culpa mostra que estamos condenados. É por isso que nos escondemos. Tememos o julgamento. O ser humano tem medo de ouvir a sentença que indica que ele é culpado e está condenado em consequência dos seus actos.
 
Enquanto não nos livramos deste sentimento de culpa somos consumidos. Vamos sendo corroídos e por isto procuramos nos refugiar em um mundo cada vez mais perverso para não pensarmos na realidade da nossa condenação.
 
4 – Separação
 
Quando o homem pecou, interrompeu sua relação com o seu Criador. Ele afirmou que estava assumindo o comando de sua vida.
 
Podemos dizer então que ao pecar, o ser humano se afasta deliberadamente do seu Criador. Já não deseja estar em comunhão íntima e pessoal com o seu Senhor. O pecado cria um abismo entre o homem e Deus. É por este motivo que a Bíblia afirma que Jesus é o Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Jesus é a ponte que nos conduz ao Senhor. Ele foi crucificado. Ficou entre a terra e o céu para fechar o abismo que nos separava do Senhor.
 
É bom entender que se Deus é a ponte que nos une ao Senhor é porque a nossa relação com Deus está quebrada. Não temos mais intimidade e comunhão com o Senhor. O homem já não considera Deus seu amigo. Não tem mais prazer em andar na presença do Senhor. O pecado faz com que caminhemos em direcção oposta a que o Senhor deseja para nós.
 
Outro aspecto da separação é a incapacidade que o ser humano tem de se apresentar diante do Senhor. Adão e Eva fogem porque sabem que estão errados. Reconhecem que já não são os mesmos e que por causa disso não podem se apresentar diante de um Deus santo e justo. Nós não podemos nos apresentar diante de Deus com os nossos pecados, achando que está tudo bem. Eles nos condenam e separam da comunhão do Senhor.
 
Quando somos apresentados com os nossos pecados diante do Senhor, devemos ficar calados, a reconhecer que Ele pode nos sentenciar. Contudo se estivermos humilhados e a reconhecer nossa fraqueza, o Senhor manifestará sua graça a cada um de nós (Jo 8.1-12). O Senhor não deseja a nossa condenação. Ele deseja absolver-nos, mas para isto, não podemos fugir da sua presença. É preciso ouvir o seu chamado e ir até Ele, na certeza de que Ele é o único que pode resolver o nosso problema. Ele é o único que pode unir os elos que foram rompidos por causa do pecado.
 
O Homem não pode estar no jardim com Deus. É expulso. É separado da comunhão com o Senhor por causa do seu pecado. É interessante ver que o lugar preferido de Jesus para manter comunhão com o Pai é justamente em um jardim. Creio que isto mostra-nos que o jardim é um lugar de encontro com Deus.
 
5 – Morte
 
É interessante ver este aspecto, pois se não atentarmos cuidadosamente poderemos correr o risco de dizer que a serpente disse a verdade (v.4). Adão e Eva não morreram imediatamente. Eles só foram morrer algum tempo depois. Então o texto não fala de morte física. A ideia é morte espiritual. Morte espiritual no sentido de estar separado de Deus.
 
Há três sentidos de morte na Bíblia. Vejamos cada um deles:
 
“(1) Física – Alude à separação entre o espírito humano e o corpo, quando do fim das atividades físicas e cerebrais: Eclesiastes 12.7. Todos passam por ela: Hebreu 9.27. A morte é universal. Ninguém foge dela. Seja rico ou pobre, intelectual ou analfabeto, todos passarão por ela.
 
(2) Espiritual – É a situação da pessoa sem Cristo: Efésios 2.1. Por isso a pessoa precisa nascer de novo: Jo 3.3. Sem Cristo ela está morta, do ponto de vista espiritual.
 
(3) Eterna – É a situação da pessoa sem Cristo após a morte física: Apocalipse 20.15. Portanto, pode-se dizer que quem só nasce uma vez (Físico), passa por três tipo de morte e morre eternamente. Quem nasce duas vezes (no sentido de João 3.3) só morre uma vez (João 15.25-26) e ressuscita duas (espiritual e corporalmente).”[7]
 
Qual é a tua situação? Já nasceste duas vezes? Já ressuscitaste espiritualmente?
 
Adão e Eva continuaram vivos fisicamente. Contudo, morreram espiritualmente. Sendo assim, vejamos em mais pormenores o que é a morte espiritual?
 
É a perca da rectidão, a correspondência com o caráter moral de Deus.
 
O homem perdeu sua justiça original e sua comunhão com Deus.
 
É separação eterna de Deus. Se a pessoa morre fisicamente sem ter recebido a graça de Deus, irá viver a eternidade longe da presença de Deus. Irá passar a eternidade em sofrimento eterno.
 
Quando Adão e Eva viram que estavam descobertos diante de Deus, tentaram se cobrir. Procuraram remediar o seu erro. Buscaram uma forma de apresentarem-se dignos diante do Senhor, mas não podiam, pois a morte os havia engolidos. O pecado gera a morte (Rm 3.23; 6.23). Entretanto, o Senhor nos ama e continua a buscar-nos para junto de Si. Ele não deseja a nossa morte espiritual, apesar de nós a merecermos.
 
Guisa de Conclusão
 
De modo bem prático podemos resumir tudo isto nas seguintes declarações:
 
1.    Como consequência do pecado, não somos dignos de apresentar-nos diante de Deus.
 
2.    Estamos incapacitados de fazer a vontade de Deus.
 
3.    Não há rectidão em nós diante da lei de Deus
 
4.    Nos tornamos insensíveis à Palavra de Deus
 
5.    Estamos mortos espiritualmente falando.
 
As consequências do pecado são terríveis. Tens consciência disto?
 

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[1] LOTZ, Anne Graham. A História de Deus, 1ª Edição, CPAD Rio de Janeiro, 2002
 
[2] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Génesis I, -- JUERP, Rio de Janeiro, 1992
 
[3] Grande Dicionário Universal versão 2.0 Texto Editora
 
[4] Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora 2004
 
[5] Op.Cit.
 
[6] TOURNIER, Paul, Culpa e Graça: uma análise do sentimento de culpa e o ensino do
 
evangelho. 1ª Edição, ABU Editora, São Paulo 1985
 
[7] COELHO FILHO, Isaltino Gomes, Teologia Ssitemática. http:/www.ibcambui.org.br



Estou a reditar as pastorais sobre a minha filosifa ministerial
Desejo partilha-las convosco.
 
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
23. Liberdade Ministerial (7/1/06)
 
O ministério pastoral atravessa uma crise muito grande. Para comprovar este aspecto, basta olhar nas livrarias evangélicas e ver uma série de livros a falar numa linguagem empresarial. Pastor agora virou gestor, consultor e tantas outras coisas secularizadas que até mete medo.
 
Outro aspecto muito interessante, que sucede no ministério pastoral é a automatização do mesmo. Ouço pastores que desejam o ministério da igreja com propósitos, outros de igrejas em células. Há os que optam pelo estilo G12 e po aí vai. No meio de tudo isto, instala-se à confusão. Muitos começam a pensar que são donos da verdade e tudo tem que passar pelo seu crivo. Já ouvimos fala de rede ministerial. Dentro da rede há metas estabelecidas e todo um sistema específico traçado. Aliás, pastores já desenvolvem seu ministério baseados em objectivos.
 
Olho para toda esta panóplia e assusto-me. É claro que sou a mescla de muitos pastores que marcaram minha vida. Pessoas que no meu processo formativo me ensinaram e influenciaram. Meu pai me influenciou no sentido de caminhar livre entre as muitas denominações, mas amando a minha denominação. O pastor Isaltino me influenciou no estilo da mensagem. Caio marcou minha vida no seu modo de comunicar. Poderia citar muitos outros, mas fico por aqui. Contudo, nenhum deles pediu para que eu fosse uma cópia fiel deles. Eles desenvolveram o ministério deles e cabe a mim desenvolver o meu ministério.
 
O veterano Paulo disse a Timóteo: "Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." (2 Tm 4.5). Paulo não pede para Timóteo ser uma cópia dele. Não pede para que o jovem faça tudo quanto ele fez. Ele diz: "cumpre o teu ministério." Creio que os pastores devem olhar para esta realidade e compreender este facto. Não é necessário copiar o ministério de ninguém. É fundamental desenvolver o seu ministério.
 
Não sou melhor do que ninguém. Sou apenas um caboclo amazonense que foi resgatado pela graça de Jesus, mas que teve a oportunidade de servir o Senhor como pastor. Não quero copiar o ministério de ninguém. Quero ser aquilo que Deus deseja que eu seja. Quero desenvolver o meu ministério. É claro que terei erros e falhas, mas aprenderei e crescerei com elas.
 
O meu ministério é o ministério da Palavra. Quero sempre valorizar a Palavra. Quero ser conhecido como pregador da Palavra de Deus. No meu ministério não quero nunca ser chamado de outra coisa que não seja pastor. Sou pastor, pregador da Palavra redentora de Jesus. Quero ser apenas mais um servo e nada mais.
 
Não serei cópia de ninguém. Este foi o erro de Israel. Vou cumprir o meu ministério pela graça e misericórdia do Senhor Jesus.
Pr_Marcos Amazonas dos Santos

Meus queridos segue o nosso devocional.
 
Abraços,
 
 
Marcos & Lílian
Matheus & Débora
 
 
22. O que desejar neste novo ano? (3/1/06)
 
“Ora, Salomão, filho de Davi, fortaleceu-se no seu reino, e o Senhor seu Deus era com ele, e muito o engrandeceu. E falou Salomão a todo o Israel, aos chefes de mil e de cem, e aos juízes, e a todos os príncipes em todo o Israel, chefes das casas paternas. E foi Salomão, e toda a congregação com ele, ao alto que estava em Gibeão porque ali estava a tenda da revelação de Deus, que Moisés, servo do Senhor, tinha feito no deserto. Mas Davi tinha feito subir a arca de Deus de Quiriate-Jearim ao lugar que lhe preparara; pois lhe havia armado uma tenda em Jerusalém. Também o altar de bronze feito por Bezaleel, filho de Uri, filho de Hur, estava ali diante do tabernáculo do Senhor; e Salomão e a congregação o buscavam. E Salomão ofereceu ali sacrifícios perante o Senhor, sobre o altar de bronze que estava junto à tenda da revelação; ofereceu sobre ele mil holocaustos. Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e lhe disse: Pede o que queres que eu te dê. E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande benevolência para com meu pai Davi, e a mim me fizeste rei em seu lugar. Agora, pois, ó Senhor Deus, confirme-se a tua promessa, dada a meu pai Davi; porque tu me fizeste rei sobre um povo numeroso como o pó da terra. Dá-me, pois, agora sabedoria e conhecimento, para que eu possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderá julgar este teu povo, que é tão grande? Então Deus disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento para poderes julgar o meu povo, sobre o qual te fiz reinar, sabedoria e conhecimento te são dados; também te darei riquezas, bens e honra, quais não teve nenhum rei antes de ti, nem haverá depois de ti rei que tenha coisas semelhantes.” (2 Cr 1.1-12)
 
Quando vamos entrar num novo ano, temos por hábito desejar coisas boas. Um dos patrocinadores da selecção portuguesa de futebol faz uma propaganda onde dizia: “uma passa para taça”. É costume comer doze taças e fazer doze pedidos. Então, um dos desejos que os portugueses devem fazer é para serem campeões do mundial de futebol.
 
Quais são os nossos desejos? O que esperamos para este novo ano?
 
Creio que este texto nos mostra o que devemos desejar. Portanto, vejamos o que o texto nos ensina:
 
Vamos iniciar pelo final. A primeira coisa que devemos desejar é sabedoria. Salomão poderia ter pedido tudo, mas optou pela sabedoria. Nós também devemos desejar sabedoria para este novo ano. Sabedoria para saber fazer escolhas certas. Para que possamos julgar as situações com calma e ponderadamente. Sabedoria para poder conduzir os seus liderados.
 
A primeira coisa que devemos desejar neste ano é sabedoria. E cada dia que passar devemos suplicar para que o Senhor nos oriente em sabedoria.
 
O nosso segundo desejo deve ser o de buscar o Senhor juntamente com o povo. É interessante que Salomão sai para ir à presença de Deus juntamente com o povo. Ele, o rei, juntasse ao povo, porque ele vai entrar na presença do Rei dos reis. Ele se vê como mais um no meio do povo de Deus. O bonito neste texto é que adoração é algo colectivo. Não é singular, não acontece solitariamente. Ela se faz com uma comunidade. Salomão deseja fazer parte desta comunidade. Este também deve ser o nosso desejo para este novo ano.
 
O terceiro desejo é para este novo ano é o de poder consagrar ao Senhor com coração agradecido. Salomão não olha para os outros. Ele consagra ao Senhor com alegria. Ele expressa sua gratidão ao Senhor. Este é um desafio para nós. Devemos iniciar o ano com este desejo de poder consagrar ao Senhor sempre a expressar nossa gratidão por tudo quanto o Senhor tem feito por nós e em nós.
 
O quarto desejo é o de ter uma vida de comunhão plena com Deus. Se continuarmos a leitura do livro, veremos Salomão e Deus a dialogar. Perceberemos a comunhão que há entre eles. Isto nos faz concluir que precisamos desenvolver a comunhão com o Senhor. É necessário ter intimidade com Deus. Ter uma vida de oração.
 
Salomão é alguém que viver próximo do Senhor. Conhece Senhor e é conhecido do Senhor. Ele tem comunhão com o seu Deus.
 
Nós devemos desejar ter esta mesma comunhão com Deus. Eu desejo ter esta comunhão com o Senhor e tu?
 
Pr. Marcos Amazonas dos Santos


21. Crescer é Preciso 10/12/05 (Pastoral)
 
A igreja é uma família. Vive em comunhão. É o povo de Deus. Está firmado na Palavra. Quando vive esta realidade cresce. A igreja não é estática. Não está atrofiada. Uma igreja saudável cresce. Contudo, como é que se efectua o crescimento da igreja? Como e onde é que se dá o crescimento?
 
A Igreja deve crescer primeiramente na vertical. Deve crescer na adoração. No conhecimento do Senhor. Deve aprender a amar o Senhor acima de todas as coisas. Tê-lo como sua razão de viver. Exultar nEle e por Ele.
 
A Igreja deve crescer para baixo. Deve crescer na doutrina. Ter fundamento, raízes para que não seja levada por todos os ventos de doutrinas. Lucas fala do crescimento equilibrado da Igreja. Mostra-nos que o crescimento acontece quando a igreja caminha no caminho do Senhor (Act 9.31). Só podemos trilhar o caminho do Senhor se conhecermos os seus estatutos, se estivermos firmados na doutrina. É interessante, pois, Lucas nos diz que a igreja crescia como um edifício. Um edifício cresce primeiro para baixo. É necessário ter bons fundamentos. Portanto, cresçamos no conhecimento da doutrina bíblica.
 
A igreja também precisa crescer para os lados. É um crescimento interligado. Cresce para cima, para baixo e para os lados. A Igreja que cresce em comunhão com o Senhor, cresce na doutrina, no seu fundamento e naturalmente cresce na comunhão com os irmãos. Por que acontece este facto? A resposta nos é dada pelo Senhor Jesus quando fala sobre o grande mandamento: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo”. (Mt 22.37-39). Quem ama o Senhor, ama o seu semelhante. Quem tem comunhão com o Senhor vai ter comunhão com o seu semelhante. Quem chama o Senhor de Pai, vai amar os seus irmãos e tratá-los com amor.
 
A Igreja precisa crescer. Ela deve desenvolver estas áreas de crescimento. Quando estes aspectos são reais o último aspecto do crescimento acontece. A Igreja cresce para fora. A Igreja não é um grupo fechado. Não é uma comunidade de pessoas esquisitas. É um grupo de pessoas que vive no amor do Senhor e permite que este amor seja jorrado através de suas vidas. O crescimento só é possível através de vidas cheias do Espírito Santo de Deus. Não são os programas que promovem o crescimento. Quem faz o crescimento é o Senhor. É isto que Paulo diz quando escreve aos coríntios: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1Co 3.6). A Igreja cresce quando há espiritualidade. Vida comprometida com o Senhor.
 
A Igreja cresce quando tem conteúdo. Quando tem uma mensagem transformadora e cheia de graça. Cresce quando está cheia do amor de Cristo, constrangida por este amor (2 Co 5.14), segue pela vida manifestando a graça e o amor do Senhor.
 
Quero o crescimento da Igreja. Não a qualquer custo. Desejo um crescimento saudável. Fruto do agir de Deus na vida dos seus servos consagrados, que morrem para si mesmos a cada dia e permitem que o Senhor seja visto em suas vidas. Como alguém disse: “Nossa igreja crescerá tanto quanto crescerem seus membros. Vidas consagradas postas nas mãos do Senhor testemunharão de Cristo, com impacto. Testemunho sem autoridade desonra a Cristo e deslustra o evangelho. O testemunho com credibilidade, com caráter, produz impacto no mundo.”
 
Eu desejo o crescimento da Igreja. Eu quero crescer como pessoa. Quero ser um crente melhor a cada dia. Espero que todos desejem crescer. Que todos queiram consagrar suas vidas ao Senhor. Se assim for, ela crescerá para fora.
 
 
 
Pr. Marcos Amazonas dos Santos

20. Tema: Cumpra-se em mim segundo a tua palavra
(4/12/05)
 
Texto: Lucas 1.26-38
 
Introdução
 
Lucas é fabuloso. Como bom médico, tinha a capacidade de dissecar as coisas. Para ele, a informação devia ser a mais completa possível. É isto que ele diz ao seu amigo Teófilo. A introdução de Lucas é muito elucidativa. Veja o que ele diz: “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem, para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.” (Lc 1.1-4). Todos nós olhamos para Lucas como o evangelista. Falamos do evangelho de Lucas. Quando olhamos para o livro de Actos dizemos que é histórico. Permitam-me dizer que o livro de Lucas, e o de Actos são relato histórico. É isto que Lucas diz. É lógico que o texto de Lucas assume um estilo próprio, mas sua ideia primeira é fazer um relato pormenorizado para contar tudo ao seu amigo Teófilo.
 
O texto que temos pela frente no apresenta o anúncio do nascimento de Jesus. Apresenta-nos Maria, uma jovem virgem que está noiva com um homem chamado José. O texto diz que ela irá engravidar e dará à luz um filho que reinará eternamente. Ele será o Filho do Altíssimo. Ele receberá o trono de David.
 
Isto é muito interessante, porque todos nós dizemos que Jesus é Rei. Ele é assim tratado por Paulo que diz: “Jesus é o Senhor” (Fp 2.11).
 
Outro aspecto interessante é que o livro de Hebreus diz que Jesus é o nosso Sumo sacerdote (Hb 4.14-15). A Bíblia diz isto, mas como é que nós podemos ter certeza deste facto. Lucas nos responde ao incluir Isabel nesta história. Lucas inicia seu livro a falar de Isabel e Zacarias. Um casal já idoso, que não tinha filhos. Ele sacerdote da turma de Abias. A mulher era descendente de Arão. Maria era sua prima. Portanto, era descendente de Arão também. Sendo assim, podemos confirmar a linhagem sacerdotal de Jesus.
 
Maria reunia em sua vida todas as condições para vir a ser a mãe do esperado Messias. É interessante vermos que há um cuidado específico de provar que Maria foi a escolhida por Deus. Mateus utiliza o texto de Isaías 7.14. Ele olha para um texto histórico e o reinterpreta para que seja aplicado de modo correcto, fazendo assim incidir sobre a pessoa de Maria. Os judeus olhavam para o texto e viam a esposa de Acaz, mãe de Ezequias. Mateus vê Maria a mãe do Salvador (Mt 1.18).
 
Quando olhamos para o texto, vemos medo, dúvida, mas também uma confiança plena no agir de Deus ao ponto de fazer com que Maria diga: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.
 
A pergunta é: Por que Maria disse isto?
 
1 – Porque ele tinha certeza que o Senhor era com ela 28
 
Esta foi uma declaração do anjo. Contudo, o seu viver era de comunhão íntima com o Senhor. Talvez alguém diga que não se pode provar esta premissa. Contudo, Deus não iria escolher uma pessoa que não andasse com Ele. Maria confiava no Senhor e na sua manifestação. Ela dialoga com o anjo, mas em momento algum põe em causa aquilo que o Senhor determina.
 
Ela tinha a certeza que Deus estava a agir na sua história. Ele podia ver a mão de Deus em cada aspecto da sua vida.
 
O texto é muito interessante, pois mostra que o Senhor era com ela e com sua família. Isabel sua prima estava grávida.
 
Maria foi criada dentro de uma linhagem sacerdotal. Foi criada dentro dos caminhos do Senhor. Ela cresceu a ver o Senhor como um Deus presente e actuante. Agora ela podia ver de modo muito claro como o Senhor se faz presente.
 
Há momentos em nossas vidas que tudo parece banal. Vivemos uma vida simples que muitas vezes parece e a mais normal possível. Parece que Deus não está presente e nem se preocupa connosco. E repentinamente somos surpreendidos como Maria. Deus vem ao nosso encontro e mostra-nos que está connosco.
 
É uma certeza absoluta. É muito mais que recitar o salmo 23. É vivenciar esta realidade diariamente. Maria tinha esta convicção. Podemos notar isto no seu cântico (Lc 1.46-55).
 
Ela reconhece que o Senhor olhou para ela. Tens parado para ver que o Senhor olha para ti também?
 
Maria aceita que a vontade do Senhor se realize em sua vida.
 
2 – Porque ela achou graça diante do Senhor
 
É interessante ver que Maria diz que era uma pessoa humilde na sua condição. Ela se vê como indigna e notamos que o anjo diz que ela é agraciada (28) e depois diz que ela achou graça (30). Por isso, ela aceita que a Palavra do Senhor se cumpra em sua vida.
 
Quem encontra o favor do Senhor deseja cumprir sua Palavra. Quem entende que Deus não é um pobre coitado, mas sim que Ele é o Senhor Todo-Poderoso e quando este Senhor manifesta-se a pessoa aceita cumprir os seus mandamentos.
 
Quem acha graça diante do Senhor é revestido com o Espírito Santo. O texto diz que o Espírito Santo viria sobre Maria e a cobriria. É interessante notar que quando acontece a vinda do Espírito Santo sobre a igreja em Jerusalém Maria estava lá presente (Act 1.14), pois os que acham a graça do Senhor são selados com o Espírito Santo (Ef 1.13). Esta realidade serve para todos nós.
 
O facto é que só acha graça quem se vê como indigno. Quem olha para sua vida e vê sua condição de miserável. Podemos perceber bem esta realidade com o que diz o publicano da parábola que Jesus contou, quando diz ao Senhor: “Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador!” (Lc 18.13). O Senhor diz que foi este publicano que desceu justificado. Foi ele quem achou graça diante do Senhor.
 
A graça é para indignos. É para pessoas que reconhecem que estão doentes em seus caminhos e precisam de um Salvador. Foi o que o Senhor Jesus disse: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.” (Mc 2.17). Já recebeste a graça do Senhor?
 
3 – Porque ela confiou no Senhor
 
Maria é um exemplo para nós. É pena que muitas vezes tenhamos medo de falar desta mulher que tem que fazer parte dos heróis da fé.
 
Olhe para o texto. Veja o que o anjo diz e perceba a resposta que Maria dá ao anjo: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” Ela não olhou para a sua vida. Ela confiou quem Deus tomaria conta da situação.
 
Ela não pensou nos problemas que teria que enfrentar com o noivo. José poderia querer terminar o relacionamento. Aliás, Mateus nos diz claramente que ele pensa deixá-la secretamente (Mt 1.19). Contudo o Senhor não permitiu (Mt 1.20).
 
Ela não ficou preocupada com a sua reputação. Aparecer grávida naquela altura era decretar a pena de morte. Contudo, ela confiou no que o Senhor lhe falou.
 
Tens confiado no Senhor?
 
Confiar no Senhor é ter a certeza de que tudo vai ficar bem. Deus irá direccionar todas as coisas para que no final Ele seja glorificado e exaltado. Aqui é bom cantar com o salmista: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.” (Sl 37.5). Confie no Senhor!
 
Confiança é fruto da obediência. Maria obedeceu aos planos do Senhor. Obedeceu o projecto que o Senhor traçou para sua vida. Aparentemente não era um bom projecto. Humanamente falando era uma tragédia. Ser mãe solteira, correr o risco de ser abandonada pelo noivo e ainda morrer não é nada agradável. Mas ela obedeceu e confiou no Senhor e por isso, exultou no Senhor.
 
Talvez estejas a olhar para tua vida e a questionar a Deus pelo que está a suceder. Está tudo complicado. Parece que não há saída. Já não há esperança. Confie no Senhor. Obedeça ao que Ele está a dizer na Sua Palavra. Saiba que o Senhor tem o melhor para si. O Senhor diz através de Jeremias: “Pois eu bem sei os planos que estou projectando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” (Jer 29.11). Confie no Senhor, pois Ele tem o melhor para a sua vida.
 
Guisa de Conclusão
 
Maria é um exemplo para nós. Devemos olhar para ela da mesma maneira que olhamos para os nossos heróis da fé. Ela nos encoraja e nos ensina muito.
 
Ela nos desafia a permitir que o Senhor cumpra a sua Palavra em nós. Como isto poderá se tornar realidade?
 
·        Quando tivermos a convicção plena de que o Senhor é connosco
 
·        Quando achamos graça diante do Senhor
 
·        Quando confiarmos plenamente no Senhor
 
Maria não era de muitas falas. Ouvia e ponderava no seu coração. Contudo quando via a manifestação do Senhor e o projecto de Deus para sua vida, não tinha dúvidas. Ela desejava obedecer ao Senhor.
 
Será que estamos dispostos a dizer como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.”
 
Que seja este o nosso desejo e a nossa oração para honra e glória do Senhor Jesus.
 


04/12/05 Segue a pastoral que sairá no boletim de amanhã.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
19.Firmados na Palavra
 
A igreja é uma família. Vive em comunhão. É o povo de Deus. Contudo, onde é que nos fundamentamos para fazer tais declarações? Qual é a nossa regra de fé e prática?
 
Afirmamos com firmeza que é a Bíblia, mas será? Hoje vemos que a palavra de Deus tem sido abandonada e deixada de lado. Vemos pessoas que afirmam que a Bíblia não é relevante para o mundo actual. Sendo assim, o que pensa o pastor desta igreja e o que ele ensina e espera que a igreja assimile?
 
Desejo que a igreja, entenda que a Bíblia é a única regra de fé e prática para nós. Ela é autoritativa e normativa. Ele foi inspirada pelo Espírito Santo e não tem erros, por isso pode nos conduzir à perfeição. (2 Tm 3.16-17).
 
Prego e ensino uma fé firmada neste fundamento. Só teremos uma visão coreccta da igreja e do Senhor se conhecermos sua Palavra. Só viveremos em comunhão se exercitarmos o que a Palavra nos diz. Se não conhecermos a Palavra não poderemos ser uma igreja saudável e muito menos viver em comunhão.
 
Ensino a Palavra porque é através dela que podemos compreender todo o amor de Deus e entender a encarnação. É ela que nos ensina sobre a maior demonstração de amor que um dia pôde existir (Rm 5.8). Ensino a Palavra porque desejo que a igreja que eu sirvo como pastor não seja superficial. Conhecendo apenas alguns versículos e a se contentar com isto. Ensino a Palavra porque desejo que a igreja em que eu sirvo como pastor, possa amá-la e conhecê-la. Ensino a Palavra porque amo-a e não desejo que a igreja em que sirvo seja superficial e sem profundidade.
 
Prego e ensino a Palavra na expectativa que os irmãos vejam a Palavra em mim. Não apenas discursos sem vida. Plagiando João Alexandre: "Quero pregar o que vivo e viver o que prego. Desejo que a igreja que sirvo, viva desta maneira também. Espero que possamos discernir que é só através da Palavra que poderemos ser santos (Sl 119.9-11; Jo 17.17). Que a vida só brotará quando a Palavra for encarnada em nós (1 Pe 1.23). Nosso compromisso é com a Palavra e com o Senhor da Palavra.
 
Fundamento-me na Palavra e espero que a igreja que eu sirvo também o faça, para que, não seja enganada e levada por todos os ventos de doutrina. Ensino a Palavra visando que, como igreja possamos chegar à estatura do varão perfeito (Ef 4.13).
 
A Palavra é mais, muito mais. "A Bíblia é o livro mais vendido no mundo. É o mais traduzido. É o mais lido. Só precisa que algo mais aconteça para haver uma revolução espiritual sadia e equilibrada no mundo: ser o mais acatado. Que o seja em nossa vida."
 
Amo a Palavra. Prego a Palavra para que Cristo seja exaltado e glorificado. Desejo que tanto eu, como a igreja que eu sirvo, viva a cada dia a reflectir na Palavra. Conforme ela mostre os nossos erros, peçamos perdão ao Pai e nos sujeitemos ao que Ele nos ensina na sua Palavra. Que cada dia possamos acatar o que o Senhor nos diz.
 
Não sou erudito, não sou mais do que ninguém. Sou apenas alguém resgatado pela Palavra, que deseja a cada dia viver na Palavra. É desta maneira que desejo ver à igreja que faço parte vivendo também, para que possamos cantar como o Salmista: "A soma da tua palavra é a verdade, e cada uma das tuas justas ordenanças dura para sempre" (Sl 119.160). Porque Ela dura para sempre, é relevante para nós hoje.
 
É a Palavra que nos ensina a viver a realidade de Cristo, da Igreja e da comunhão.
 
Pr. Marcos Amazonas dos Santos


18.Tema: A tarefa diária da Igreja (27/11/05)
 
Texto: Actos 2. 42-47
 
Introdução
 
Este é o dia que dedicamos à Missões Nacionais. Fizemos a dedicação da nossa oferta. Intercedemos por cada região do nosso país. Temos um desafio enorme pela frente, pois quando olhamos para a nossa realidade, ficamos a saber que nossa representatividade é mínima. Ainda há um caminho enorme a percorrer. Portugal é um desafio missionário. É um campo a ser alcançado.
 
Precisamos ser a igreja que prega o absoluto do evangelho, que é Jesus Cristo. Não necessitamos de uma nova evangelização, nem de métodos novos. Precisamos apenas ser a Igreja que o Senhor deseja que sejamos.
 
Não sou contra a campanha de missões nacionais. Não me interpretem mal. Sei que muitos estão a questionar o que o pastor vai dizer sobre missões com este texto e com este tema?
 
Sei que estou num terreno escorregadio. Contudo, quero que os irmãos me acompanhem, pois tenho a convicção plena de que nossa visão sobre missões será fortalecida e que sairemos daqui muito mais responsabilizados com a obra missionária. Aliás, sairemos daqui a compreender que nós somos missionários e que a obra missionária é tarefa diária de cada um de nós. Foi isso que o Senhor Jesus disse antes de subir aos céus: “Portanto indo, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.19-20). A ênfase é na caminhada. Enquanto estou a peregrina estou a pregar. Estou a anunciar a graça do Senhor.
 
Este texto é fantástico. Lucas nos dá uma visão da vida diária da Igreja. Ele mostra-nos uma igreja que está cheia do Espírito Santo e que se deixa direccionar pelo Espírito. É uma Igreja que está submissa aos ensinamentos do Senhor. Estamos diante de um texto que surge após um grande evento evangelístico. Pedro havia pregado o seu sermão e 3.000 pessoas foram congregadas à igreja. A ênfase da mensagem de Pedro foi o Senhor Jesus.
 
Lucas então nos conta como é que estas pessoas viviam e o que faziam. Nos mostra em detalhes a preocupação diária deles e o quanto amavam ao Senhor e uns aos outros. Fundamentados neste amor, eles evangelizavam e mostravam a graça do Senhor ao povo e muitas vidas eram transformadas pelo poder do Evangelho.
 
A olhar para esta Igreja nascente, com uma mensagem poderosa, que impactava os ouvintes devemos nos perguntar o que mudou? Porque hoje não conseguimos causar tanto impacto?
 
Quero que olhemos para este texto, com o desejo de sermos como esta igreja. Quero que olhemos para o modo de vida desta igreja com o desejo sincero de que este estilo de vida seja o nosso também. É com este desejo que desejo falar sobre Missões Nacionais.
 
Quero dizer aos amados que, se formos como a igreja nascente, dentro de pouco tempo, deixaremos de ser uma minoria e veremos diariamente pessoas a chegarem-se ao Senhor Jesus. Por que? A resposta é simples, evangelização era algo natural na vida da Igreja. Sendo assim, como é que isto pode acontecer connosco?
 
1 – Missões será uma tarefa natural da igreja quando perseverarmos nos ensinamentos dos Apóstolos v.42
 
Será natural dizermos que fazemos isto. Nós não estamos a deturpar a doutrina. Creio que vivemos uma boa doutrina a nível racional, mas deixamos a desejar a nível prático. Nossa teoria é excelente. Nossa prática é muita má.
 
O que significa a doutrina perseverar na doutrina dos apóstolos?
 
A primeira coisa é viver em obediência aos ensinamentos da Palavra do Senhor. A doutrina dos apóstolos é a doutrina do Senhor. Que doutrina é esta?
 
A “Escritura” é a Palavra de Deus. A Bíblia é a regra de fé e prática do povo de Deus. Veja o que o Senhor Jesus disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim.” (Jo 5.39). Só poderemos conhecer o Senhor nas Escrituras.
 
A Bíblia é a Palavra de Deus. Não podemos negociar e abdicar deste princípio. Foi este o pensamento de Paulo quando escreveu a Timóteo: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça.” (2 Tm 3.16). Devemos estar unidos neste fundamento.
 
Um segundo ponto que os apóstolos ensinavam era o senhorio de Cristo. Eis aqui um ponto que não gostamos muito de falar. Mas para permanecermos unidos, devemos nos submeter ao Senhorio de Jesus. Queridos, antes de Jesus ser o nosso Salvador, ele necessita ser o nosso Senhor. A ideia do termo Senhor no Novo Testamento é Rei, um soberano. É de um dono. Sendo assim, estamos unidos porque pertencemos ao mesmo Rei e nos firmamos neste ensino. Não barateamos a mensagem do evangelho. Nossa mensagem como igreja é a seguinte: Cristo é o Senhor!
 
Outro aspecto importantíssimo que encontramos na unidade da igreja é a salvação pela graça. Este é um conceito bíblico. É muito triste encontrar pessoas a dizer que o Deus do Antigo Testamento é cruel e o do Novo é amor. É incompreensível encontrar pessoas a afirmarem que o Deus do Antigo Testamento se baseia na Lei e o do Novo na graça. A Bíblia é o livro da graça. De Génesis a Apocalipse encontramos a graça de Deus. Ela flúi em todas as páginas.
 
Devemos ensinar e pregar a graça do Senhor. Graça imerecida, mas não barata. Graça que nos salva e liberta do pecado, mas que nos indica o caminho da cruz. Somos chamados pelo Senhor para tomar a nossa cruz e segui-lo. (Lc 9.23)
 
Outro aspecto é a salvação eterna do crente. Aquele que o Senhor salvou jamais se perderá novamente. Aquele que recebeu oferta da salvação pode exultar porque tem vida e vida abundante (Jo 10.10). A salvação é um processo que se consumará na glória. Nós fomos salvos, estamos a ser salvos e seremos salvos para a glória do Senhor Jesus.
 
Poderíamos continuar a falar sobre a doutrina. Aqui poderíamos falar sobre o sacerdócio universal dos cristãos, o baptismo do Espírito Santo, a justificação e tantas outras coisas, mas vamos ficar por aqui.
 
Missões será uma tarefa natural para nós quando obedecermos à Palavra do Senhor.
 
2 – Missões será uma tarefa natural da igreja quando vivermos em comunhão plena 42-47
 
Lucas diz que a igreja perseverava na comunhão. Depois ele mostra como esta comunhão era intensa. Creio que o motivo pelo qual somos são pequenos é justamente a falta de comunhão que existe entre nós. Creio que nem chegamos a compreender o significado de comunhão. A duas ideias para o termo comunhão (koinonia). “Primeiro, o termo expressa o que partilhamos. A saber o próprio Deus, pois “a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”, e há “a comunhão do Espírito Santo”. Assim, koinonia é uma experiência trinitária; é a parte que temos em comum com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Mas, em segundo lugar, koinonia também expressa o que partilhamos uns com os outros, tanto o que damos como o que recebemos.”[1]
 
Quando olhamos para o nosso texto vemos amor mútuo. Quando vivemos esta amor desinteressado, quando vivemos esta realidade vivencial no dia-a-dia as pessoas sentirão a diferença. Eles verão testemunho e vida. E quando virem esta realidade a fluir de nós, desejaram ser como nós.
 
Missões será uma tarefa natural quando amarmos à igreja como o Senhor a ama. Se as pessoas virem que temos amor profundo pela igreja, elas a olharão para ela com outros olhos. O problema é que: “Podemos facilmente criticar as igrejas, apontar seus erros, as suas divisões, os seus escândalos; mas são essas mesmas igrejas que Jesus Cristo ama. E você? Você ama sua igreja tanto quanto Jesus a ama? Você procura servi-la, com todos os problemas que ela possa ter, tal como Jesus quer?
 
Cristo nos coloca dentro de uma igreja local. Por quê? Porque há uma diversidade na igreja que promove o amor.”[2] A igreja deve ser um grupo unido que promove o amor. Um grupo que contagia a sociedade com o seu amor.
 
O que é a comunhão cristã?
 
“A comunhão cristã é cuidado cristão, e cuidado cristão é compartilhamento cristão. Crisóstomo deu uma linda descrição disso: “Aquilo era uma comunidade angelical, não consideravam exclusivamente deles nem uma das coisas que possuíam. Imediatamente, foi cortada a raiz dos males… ninguém acusava, ninguém invejava, ninguém tinha ressentimentos; não havia orgulho nem desprezo… O pobre não sabia o que era vergonha, o rico não conhecia a arrogância.” Não podemos escapar do desafio desses versículos. O fato de termos centenas de milhares de irmãos carentes é uma contínua reprimenda para nós que somos mais ricos. Minorar as necessidades e abolir a miséria dentro da nova comunidade de Jesus são parte da responsabilidade dos crentes cheios do Espírito Santo.”[3]
 
A comunhão é vivida na comunidade e a comunidade demonstra essa comunhão na sociedade como testemunho da graça de Jesus. É algo natural e espontâneo. Quando há esta vivência em nossa comunidade podemos afirmar que a igreja está a desenvolver o seu papel comunitário.
 
É importante dizer que a comunidade que é a igreja é uma comunidade do perdão e da disciplina. É a comunidade do ensino. É a comunidade da liberdade de expressão. É a comunidade do discernimento histórico. “A igreja não é só a comunidade do discernimento histórico que usa a cruz como chave hermenêutica; ela própria é a comunidade da cruz. Jesus convocou a igreja a ser a comunidade que tem sobre si o signo da cruz ao dizer: “Se vocês querem ser meus discípulos, e se alguém quer ser meu discípulo, venha após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Porque uma igreja que prega a cruz tem que levar sobre si as marcas da cruz. Uma igreja que é a igreja de Jesus não pode ter outro caminho senão o caminho de Jesus na direção da Cruz. A cruz em Jesus é paixão.
 
Paixão por Deus, paixão pelo homem, paixão pela vida. A cruz em Jesus é aceitar a rejeição: rejeição dos homens, dos sistemas; rejeições variadas, inclusive de amigos. Cruz em Jesus é um gesto radical de solidariedade inegociável.”[4]
 
Quando vivemos este compromisso pleno com o Senhor missões é algo natural, pois estamos comprometidos com a cruz. A cruz liga-nos ao Senhor e ao nosso próximo. Ela nos faz viver em comunhão.
 
3 – Missões será uma tarefa natural da igreja quando cada um assumir o seu ministério 42-47
 
Quando olhamos para o texto não vemos isto de modo claro. Se atentamos com muito cuidado para o texto vemos uma igreja que vive em comunhão, uma igreja que obedece ao Senhor. Uma comunidade que se reúne diariamente para celebrar e também para desfrutar da companhia uns dos outros através de refeições. Vemos uma comunidade que adorava e temia o Senhor. Contudo, também notamos que o culto e o testemunho deles eram diário. Onde se encontravam anunciavam a graça. Onde estavam viviam com graça e por isso achavam graça nas pessoas.
 
A pergunta é a seguinte: Tens assumido o teu ministério e permitido que os outros vejam Cristo na tua vida? Não estou a perguntar se tens dito aos outros que és cristão, ou mesmo evangélico. Pergunto é se tens permitido que Cristo seja glorificado em ti?
 
Queridos, Portugal só ouvirá o evangelho quando cada cristão for um missionário. Quando cada cristão viver em submissão plena ao Senhor. Note uma coisa. Eu não disse que Portugal será do Senhor. Há muita gente que diz isto. Contudo, quando olho para a Bíblia não vejo assim. Este texto nos ensina que é o Senhor quem salva e quem acrescenta os salvos à igreja. A salvação é um processo sobrenatural. Outro aspecto pelo qual não digo que Portugal será do Senhor é porque quando olho para a história de Noé, fico a imaginar os anos que passou a pregar e somente ele e sua família e os animais foram salvos. Mas o motivador é que ele não desistiu do seu ministério e nós também não devemos desistir do nosso.
 
Duas perguntas me enchem a mente: Qual é a vontade de Deus para minha vida? Onde eu posso ser um missionário?
 
A primeira pergunta tem uma resposta simples e objectiva. Deus quer que eu cumpra a missão que Cristo me deu. O Senhor nos comissionou e nós devemos cumprir a missão que ele nos concedeu. Onde é que devemos cumprir esta missão?
 
A resposta para esta pergunta vai se desdobrando. E aqui podemos começar do pequeno ao grande. Se partimos do pequeno ao grande atingiremos todo Portugal e o mundo. Vejamos então as respostas para esta pergunta:
 
Devo desenvolver minha missão no meu lar. É por onde devemos começar. A Bíblia diz: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (Act 16.31). Nosso ministério inicia-se em casa. Esta é a ideia de Malaquias também. Ele conclui seu livro a dizer o seguinte: “E converterá o coração dos pais aos filhos, o coração dos filhos aos seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.” (Ml 4.6). Não esqueça isto. Ganhe sua família. “Você pode achar que para isso é preciso um milagre. Mas um milagre pode acontecer! Infelizmente muitos pastores, missionários e profissionais evangélicos vivem uma vida medíocre no lar, embora sendo cristãos professos, batizados, rotulados e tudo o mais que isto implica. Lares medíocres, por causa da falta de amor. Há pregadores trabalhando muito para salvar milhares de almas, mas se esquecem de amar seus próprios filhos. O evangelho começa no lar. Mesmo que não houvesse o inferno a temer, mesmo que não tivesse um céu a ganhar, eu, particularmente, seria discípulo de Jesus Cristo, pelo lar que Ele me deu! Que amor Ele derrama sobre nós quando amamos no lar![5]
 
Devo desenvolver minha missão onde eu me encontre. Na escola, na universidade no trabalho. Onde eu estiver, aí encontra-se uma agência do Reino. Aí a graça do Senhor deve fluir de naturalmente. Testemunho onde você estiver. Deixe que Cristo seja visto através de sua vida.
 
Jesus foi questionado sobre o grande mandamento. Ele respondeu dizendo o seguinte: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.37-39). Quem é o meu próximo? Olhe à sua volta e veja as centenas de pessoas que o Senhor tem colocado ao seu lado. Veja quantas oportunidades o Senhor está a lhe conceder para poder pregar o Evangelho. Há uma pessoa aqui na igreja que sempre diz que o seu púlpito é a sala de aula. É verdade, pois é no seu local de trabalho que o seu ministério deve ser exercido. Para muitos o púlpito está na universidade. Outros no hospital. Não importa o local, o que importa é que o seu próximo seja amado e valorizado ao ponto de que o amor de Cristo nos constranja a manifestar a graça salvadora a ele.
 
Devo desenvolver minha missão na minha Pátria. Iniciamos no nosso lar. Avançamos para o local onde nos encontramos. Agora é a nossa pátria. Este é um grande desafio, mas só será alcançado se formos perseverantes. Se nos mantivermos fieis e compreendermos que o crescimento é com o Senhor e não connosco. A salvação é sobre natural. Nós temos que manifestar a graça e permitir que ela seja uma realidade na vida da igreja. O resto é com o Senhor.
 
Como podemos alcançar nossa Pátria?
 
Vou limitar-me apenas a dar algumas sugestões que são tiradas do livro A Igreja do Final do Século XX de Francis Schaffer. As ideias são as seguintes:
 
·         Em primeiro lugar, para nós e para nossos filhos espirituais precisamos de um cristianismo seja forte, e que não se limite apenas a uma atitude de recordação. As pelejas de ontem são coisas do passado. Estamos empenhados numa luta na qual a Igreja nunca esteve antes.
 
Cada pregação do Evangelho deve estar relacionada a um sólido conteúdo. Não podemos consentir nas soluções baratas de dar início ao uso destes meios frios de comunicação e de fazer com que as pessoas aparentemente façam profusões de fé. Se submetermos a este tipo de manipulação, estaremos cortando o cristianismo pela base, porque estamos somente incrementando a ausência do controle da razão. Estamos nos atirando abertamente a problemas futuros. O cristianismo deve lutar por sua sobrevivência, ao insistir com o que não é verdade.
 
Não é hora de o cristianismo deixar-se infiltrar pelo pensamento relativista, tanto do lado secular como do teológico. É hora da Igreja insistir, como uma verdadeira força revolucionária, em que existe uma verdade. É possível conhecer essa verdade, não exaustivamente mas de modo verdadeiro.
 
·         Em segundo lugar, nosso cristianismo deve tornar-se verdadeiramente universal, importante para todos os segmentos da sociedade e para todas as sociedades do mundo.
 
·         Abra seu lar para a comunidade. Há pessoas que estão desejosas de sentirem o que significa realmente ser um lar. Tenha coragem de correr riscos
 
·         Devemos ter a coragem de mudar tudo em nossos cultos. Permaneça dentro dos limites da Forma do Novo Testamento, mas considere tudo o mais como campo livre, sob a égide do Espírito Santo.
 
Não é hora para zombarias. Precisamos ensinar um cristianismo de conteúdo e pureza de doutrina. Precisamos praticar essa verdade em nossas relações eclesiásticas e em nossas cooperações religiosas, se quisermos que o homem, jovem ou velho, leve a sério a nossa afirmação da verdade.”[6]
 
Devo cumprir minha missão no mundo. Houve um pregador famoso que afirmava o seguinte: “Minha paróquia é o mundo!”. Eu não ouso afirmar tal coisa. Quero seguir a sequência lógica que o Senhor Jesus nos deixou e que encontramos na Palavra. Família, vizinhança, cidade, pátria, mundo. É lógico que o mundo é um grande desafio para nós, mas só poderemos conquistar o mundo se estivermos engajados aqui e agora.
 
Guisa de Conclusão
 
Missões é responsabilidade de cada um de nós. Missões tem que ser uma tarefa diária que realizamos onde nos encontramos. Não é uma responsabilidade do pastor e de um departamento. É responsabilidade pessoal. Todos nós fomos comissionados. Todos nós recebemos o ministério da reconciliação. Sendo assim, todos nós somos missionários. Temos que permitir que a mensagem flua naturalmente através de nós.
 
Contudo, é preciso dizer o seguinte:
 
Portugal só será alcançado se permanecermos firmes nos ensinamentos dos apóstolos.
Portugal só será alcançado se vivermos em comunhão plena
Portugal só será alcançado se cada um assumir o seu ministério
Queridos, temos uma responsabilidade enorme pela frente. Nossa pátria nos aguarda, mas antes de chegarmos ao Minho, antes de cruzarmos o Algarve, temos que conquistar nossa família. Temos que conquista nossa cidade e o nosso Distrito. Aqui, o missionário és tu. Tens que assumir o teu papel e permitir que o Senhor seja visto em ti e através de ti.
 
Que Deus nos abençoe e nos ajude a cada dia sermos uma igreja que missionária. Uma igreja que na sua naturalidade manifesta a graça do Senhor e que na sua singeleza de coração expande-se para honra e glória do Senhor. E que nesta expansão, possamos atingir toda a nossa nação!
 
Que seja assim e se faça assim.
 
 
 
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[1] STOTT, John R. W. , A Mensagem de Atos 1ª Edição, ABU Editora São Paulo, 1994.
 
[2] PAPE, Dionísio. Jesus Cristo: Senhorio, Propósito, Missão, 1ª Edição ABU Editora, São Paulo 1978
 
[3] Op.Cit.
 
[4] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. A Igreja que transforma 2ª Edição Editora SEPAL, São Paulo, 1998
 
[5] Op.Cit.
 
[6] SCHAFFER, Francis A. A Igreja do final do século XX, 3ª Edição Editora Ultimato, Viçosa, 1995

Amigos segue a pastoral deste domingo.
 
 
Com todo amor,
 
 
Marcos
 
 
17.Valorizando a comunhão (27/11/05)
 
Ser igreja é ser família. É viver próximo um do outro. Quando pensamos em família, implicitamente pensamos em comunhão. É impossível ser família sem comunhão. A família é uma comunidade que sempre que pode, está unida para partilhar alegrias e tristezas. A igreja que é família está unida como comunidade para partilhar suas alegrias e tristezas.
 
Esta é outra característica que espero desenvolver em meu ministério. Desejo viver em comunhão com meus irmãos. Quero que sejamos uma comunidade que vive em unidade. Que partilha alegrias e tristezas. Que tem casa aberta para receber sem formalidade, pois somos família. Somos membros uns dos outros.
 
Quando Lucas escreve para Teófilo, sobre a igreja primitiva ele ressalta a comunhão e o amor daqueles irmãos (Act 2.42-47; 4.32-37). Esta deve ser a marca da nossa igreja. Desejo que esta seja a marca do meu ministério. Um pastor que valoriza a comunhão com seus irmãos e que a promove. A comunhão é fruto do amor. É o melhor acto de testemunho que existe. No passado foi dito o seguinte sobre a igreja: "Vede como se amam!". Este amor atraia as pessoas. Fazia com que eles desejassem fazer parte daquele grupo. Eu desejo que meu ministério seja marcado por esta característica.
 
Não podemos viver uma comunhão fragilizada e barata. Uma comunhão dominical não faz sentido, pois ela deve ser vivida diariamente. É este o ensinamento bíblico. É assim que devemos viver. Temos que demonstrar esta atitude diariamente. A comunhão que é fruto do amor não é parcial. Ela aceita a todos e valoriza o ser antes do ter. Cada pessoa vale pelo que é e não pelo que tem.
 
É este tipo de comunhão que desejo ver desenvolvida na igreja que sirvo como pastor. É este tipo de comunhão que tenho com meus irmãos e irmãs. Somos todos iguais e valemos muito para o Senhor. Valemos muito uns para os outros. A nossa sociedade não consegue compreender esta realidade, pois se tornou impessoal. As pessoas não são valorizadas pelo que são, mas sim pelo que tem. Vivemos num mundo hedonista e niilista, onde cada um usa e deixa-se usar. Contudo, vemos uma sociedade infeliz, desesperada e a buscar uma razão pela qual viver e um motivo pelo qual morrer. Os cristãos têm a resposta.
 
Se vivermos a verdadeira comunhão, o amor mútuo, faremos a diferença em nossa sociedade. Se vivermos em comunhão, nossa sociedade será ganha pelo Senhor. Não é de campanha missionária que o povo precisa. Não são eventos e mais eventos. Eles necessitam ver como nos amamos. Eles precisam sentir o amor do povo de Deus. Eles precisam ver atitudes e não apenas ouvir discursos. Jesus disse: "que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo creia que me enviaste e que os amas como também me amas" (Jo 17.23). A comunhão na comunidade, na família é a força propulsora da evangelização.
 
Desejo que o meu ministério seja marcado pela comunhão. Menos actividades, eventos e mais diálogo, mais atitude. Quero ver portas abertas. Irmãos a se abraçarem e visitarem-se quando tiverem vontade. Desejo ver o amor a ser jorrado de modo tal que a sociedade possa dizer como foi dito no passado: Vede como eles se amam!
 
Se vivermos em comunhão nossa sociedade será transformada pelo poder do evangelho.
 

Pr. Marcos Amazonas dos Santos

Queridos,
 
Segue a mensagem que pregarei amanhã no aniversário da igreja batista em Sete Rios.
 
Beijos no coração,
 
 
Marcos
 
 
Texto: João 10.1-21
 
16 _ Tema: Uma Igreja Vitoriosa (21/11/05)
 
Introdução
 
Este é um dos textos mais conhecidos que temos na Bíblia. Contudo, é muitas vezes mal interpretado. Muitas vezes olhamos o texto fora do seu contexto. Queremos ter uma aplicação imediata para a nossa vida e nos esquecemos que o texto foi dirigido primeiramente para um determinado grupo de pessoas. Todos concordamos que Jesus é o Bom Pastor. A questão é porque Ele fez esta declaração?
 
Este texto está interligado com o capítulo anterior que fala da cura de um cego. A ideia é que este ex-cego faz parte do rebanho do Senhor. Não somente isto, o Senhor mostra que os líderes religiosos de Israel que deveriam cuidar do povo não o estavam a fazer. Um exemplo deste facto é o cego que foi desprezado. “O homem curado de sua cegueira esperou em vão o cuidado que pastores deveriam lhe dar; na verdade eles o expulsaram do rebanho pelo qual eram responsáveis. Porém, depois disto, ele encontrou em Jesus um pastor de verdade.”[1]
 
É por este motivo que o Senhor cria este cenário onde apresenta o bom pastor entre os ladrões e salteadores, pastores falsos que invadem o rebanho para tentar conseguir para si algumas ovelhas. O pano de fundo deste texto encontra-se em Ezequiel 34 e Zacarias 11.27, onde o profeta fala o seguinte sobre os pastores: “Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o seu braço será de todo mirrado, e o seu olho direito será inteiramente escurecido.” Jesus censura os falsos pastores e apresenta-se como o verdadeiro pastor.
 
Não podemos esquecer esta realidade quando meditamos neste texto. Contudo, quando olhamos para esta alegoria notamos claramente três quadros que se relacionam entre si. Podemos dizer o seguinte sobre estas cenas: “a primeira cena pode se dar de manhã, quando as ovelhas são levadas para fora do aprisco pelo pastor; a segunda, decorre ao meio dia, quando as ovelhas têm liberdade de procurar abrigo no aprisco, ou de ficar pastando, para satisfação da fome; a terceira, representa o anoitecer, quando os rebanhos, de volta, podem correr o risco de ser atacados por lobos. A primeira é um contraste entre a tirania ilícita dos fariseus e a missão divina de Cristo; na segunda, as influências malfazejas do poder dos fariseus vêm contrapor-se à dádiva que Cristo faz de vida satisfatória e abundante; na terceira cena temos em oposição os motivos cruéis e covardes daqueles fariseus e o amor de Cristo que se dá em sacrifício.”[2]
 
Temos uma visão panorâmica do texto. Agora permitam-me que faça uma aplicação deste texto à vida da igreja. Olhemos para o mesmo, na perspectiva da ovelha, que é o povo de Deus. Somos nós sua igreja, e de modo muito particular, hoje a igreja em Sete Rios. Sendo assim, vejamos como aplicar este texto às nossas vidas na perspectiva da ovelha, para que possamos ser uma igreja vitoriosa.
 
1 – A igreja vitoriosa é aquela que não se deixa enganar com falsos ensinos e mestres 1-6
 
Jesus está a criticar os líderes religiosos dos seus dias. A chave para compreendermos estes versículos é a palavra porta. Jesus é a porta. Quem não entra por Ele é um salteador. Aqueles líderes estavam sempre a lutar e a opor-se ao ensino do Senhor. Entretanto o próprio Senhor lhes disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim.” (Jo 5.39). Eis aqui a chave da igreja vitoriosa, ela examina as escrituras e encontra nelas o testemunho do Senhor. Ela fundamenta-se no ensino do Senhor. A igreja precisa ter discernimento para ver o que está a ser ensinado. Ela precisa analisar à luz das Escrituras para ver se o que está a ser ministrado é realmente Palavra de Deus. A igreja vitoriosa segue o exemplo dos de Beréia. Lucas exaltou aqueles irmãos e disse o seguinte deles: “Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.” (Lc 17.11). Quero encorajá-los a ser como estes irmãos que estavam com a Palavra aberta para ver se realmente o que era ensinado estava de acordo com a Palavra de Deus.
 
Sei que é assim aqui na igreja. Sei que o ensino é puro, mas no dia-a-dia, na convivência com outros, tenhamos cuidado e façamos o sempre o que nos diz João na sua carta: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. “ (1 Jo 4.11). Não se deixe enganar. Não se iluda com qualquer ensino. Analise com cuidado para ver se o mesmo procede do Bom Pastor.
 
Um medidor para saber se um ensino provem do Senhor é saber se o mesmo aponta para Jesus. Se não falar nada do Senhor, tenha cuidado. Sabe por que? “O sermão que não conduz a Cristo, ou do qual Jesus Cristo não é a essência, é o sermão que faz rir os demônios no inferno, mas que faria os anjos de Deus chorarem, se pudessem ter tais emoções.”[3] A igreja vitoriosa prega Cristo. Ensina a loucura do Evangelho. Ela não se deixa iludir por ideias mirabolantes e por conceitos humanos. Ela busca sempre o ensino do Senhor. Ela está fundamentada na Rocha.
 
Aqui cabe uma ilustração que Spurgeon utilizou em uma de suas mensagens. Ele disse o seguinte: “Você se lembra da história do gaulês que ouviu um jovem pregar um sermão magnífico, grandioso, pretensioso e bombástico; e, depois de chegar ao fim perguntou ao gaulês o que achava a respeito. O homem respondeu que não dava nenhum valor a ele. “E por que não?” “Porque não havia nele nada de Jesus Cristo.” “Ora”, disse o pregador, “mas meu texto não apontava naquela direção”. “Não importa”, disse o gaulês, “seu sermão deve seguir naquela direção”. “Não vejo o assunto assim”, disse o jovem. “Então”, disse o outro, “você ainda não vê como deve pregar. O modo certo de pregar é o seguinte: De cada aldeia minúscula na Inglaterra – não importa em que região – sempre sai, com toda a certeza, uma estrada para Londres. Embora talvez não haja estrada para outros lugares, certamente haverá uma estrada para Londres. Da mesma forma, de cada texto na Bíblia há uma estrada que leva a Jesus Cristo, e o modo certo de pregar é, simplesmente, dizendo: ‘Como posso, tomando este texto como ponto de partida, chegar até Jesus Cristo?’ “Faz quarenta anos que estou pregando”, disse o velho, “e nunca achei um texto bíblico assim, mas se chegar a achar um, passarei por sebes e cercas, e chegarei até ELE, porque nunca termino sem introduzir meu Mestre no sermão”.[4] A igreja vitoriosa é aquele que aponta para o Senhor Jesus. É aquela onde seu pastor e líderes dizem como João, o baptista: “É necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3.30).
 
Meus queridos irmãos, tenho a convicção plena que é esta a atitude do vosso pastor. Sei que ele é cristocêntrico. Sei que o seu ensino é sempre no sentido de apontar o Senhor Jesus e a moldar as vossas vidas para que sejais verdadeiros cristãos. É por este motivo que esta igreja está a crescer. Ela prega a Jesus e vive Jesus no dia-a-dia, por isto, é uma igreja vitoriosa.
 
2 – A igreja vitoriosa é aquela que conhece e obedece à voz do Senhor 3-5; 14-16
 
Este ponto é maravilhoso. Mostra-nos um pastor que nos conhece pelo próprio nome. É importante compreender que: “À semelhança do bom pastor, Cristo sabe tudo a respeito de seu povo. Seus nomes, famílias, residências, circunstâncias, vida particular, experiências e provações – Cristo está familiarizado com tudo isso. Não existe uma coisa sequer, na vida da mais simples de suas ovelhas, que Ele não saiba.”[5] O Senhor deseja ter intimidade com o seu povo.
 
Só conhece à voz do Senhor quem conviver com Ele. Quem já ouviu o seu chamado (Mt 11.28-30). Quem tem prazer em seguir os seus ensinamentos.
 
Conhecer o Senhor é muito mais do que saber quem Ele e historicamente falando. É muito mais do que um assentimento racional. É saber que Jesus é o Senhor, o Criador dos céus e da terra e é entregar-se completamente a ele. É segui-lo, pois há a consciência de que sob os seus cuidados não há o que temer.
 
A igreja vitoriosa é aquela que valoriza a obediência. Não valoriza o activismo, mas valoriza a obediência e o seguir ao Senhor, pois o obedecer é melhor que sacrificar. Foi isto que Samuel disse a Saul e diz-nos a nós também: “Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros.” (1 Sm 15.22). Quantas vezes nos envolvemos em um activismos que se torna um fardo e um sacrifício e o Senhor espera de nós obediência e intimidade com Ele.
 
Uma das coisas mais difíceis para nós é obedecer. É seguir o Senhor confiadamente. Jesus utiliza a imagem da ovelha. É fantástico, pois a ovelha segue o pastor, mas tão logo tenha oportunidade de um pasto novo desvia-se para lá. Nós somos assim, mas o nosso Bom Pastor sempre vem ao nosso encontro. Ele não nos deixa. Ele se entrega completamente a nós. É um facto que falhamos, mas devemos lembrar do que Paulo disse a Timóteo: “se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo.” (2 Tm 2.13). Ele não muda. Ele vem ao nosso encontro. Contudo o nosso desafio é segui-lo obedientemente. ´
 
A igreja vitoriosa segue o Senhor porque tem consciência de que caminha para locais seguros. O Senhor nos conduz para locais de refrigério. A igreja vitoriosa pode desfrutar deste refrigério produzido pelo Senhor.
 
É interessante notar que a obediência está relacionada com a confiança. Note o que o texto diz. O Senhor chama, a ovelha segue. Ela segue porque confia no pastor. Base da vitória é a confiança no Senhor. Veja Pedro, o ousado Pedro como rompe com o seu medo e mostra-nos que quando confiamos somos capazes de ver o impossível tornar-se possível. Imagem Pedro, aquele homem rude, bruto aterrorizado com a ideia de fantasmas. Ele e seus companheiros. Mas quem nunca passou por esta experiência? Os fantasmas nos assustam, mas isto é quando somos crianças, agora depois de adultos? Depois de adultos sim e daí?
 
Pedro venceu o seu medo porque reconheceu o Senhor e confiou na palavra dEle. Preste atenção: “Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas. Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.” (Mt 14.28-29). Pedro confiou e por ter confiado obedeceu e deixou o barco e foi ao encontro do Senhor. Em seguida ia sucumbindo, pois temeu o vento e às ondas. Como nós, olhou para as circunstâncias, mas o Senhor estava lá e lhe estendeu a mão. Do mesmo modo como faz connosco. Ele é fiel, não pode negar-se a si mesmo.
 
A Igreja só é vitoriosa quando ouve o seu Senhor e O obedece. Que possais continuar a seguir o Mestre e a obedecê-lo.
 
3 – A igreja vitoriosa é aquela que vive em comunhão 3-4; 14-16
 
Este princípio não está muito claro. É um princípio implícito. Podemos vê-lo no rebanho que está no aprisco. No rebanho que segue o pastor. Estão juntas e seguem o mesmo pastor e não se afastam uma das outras.
 
É interessante o Senhor ter utilizado o exemplo das ovelhas. Não sei se os irmãos já tiveram oportunidade de ver rebanho de ovelhas. Sabe, elas estão sempre juntas umas das outras. Elas não brigam entre si. São unidas. É assim que deve ser a igreja. Deve viver em comunhão, sem brigas e unida entre si.
 
A igreja vitoriosa é uma família. Este é o exemplo que encontramos em todo Novo Testamento. No livro de Actos isto fica claro em 2.37-47; 4.32-37. Paulo fala desta realidade em suas cartas. O capítulo 12 de Romanos trata muito sobre o modo relacional da igreja.
 
A igreja que celebra a vitória, celebra comunhão com o Senhor e com o seu próximo. A comunhão nos faz iguais. Ela nos torna família. É esta comunhão que nos faz ser um em Cristo Jesus. É a unidade da igreja. Jesus orou por isto (Jo 17). Nós somos incapazes de produzir a unidade, só podemos destruí-la. Contudo, quando estamos firmados no Senhor e nos deixamos conduzir por Ele, podemos viver harmoniosamente uns com os outros.
 
Não quero ser simplista. É claro que há problemas. É claro que temos que enfrentar muitas adversidades. Contudo, quando seguimos o Senhor, quando somos suas ovelhas, procuraremos a paz. Paulo quando escreve aos romanos diz: “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.” (Rm 12.18). Esta é a nossa luta. É o nosso desafio.
 
A igreja deve viver em paz e em comunhão uns com os outros. Este processo só é possível através do perdão. O perdão é algo terrível. Ele sempre tem que conduzir à morte. Perdoar e matar o nosso desejo de vingança. É matar o nosso desejo de que a justiça seja feita. Perdoar é permitir que a misericórdia e a graça jorrem sobre a vida do outro. É trazer de volta a comunhão.
 
A igreja que vive está comunhão é uma igreja que faz sempre ao outro o que deseja para si próprio. Segue o ensinamento do Senhor que diz: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7.12). Quando a igreja age assim ela é vitoriosa, pois está a obedecer o seu Senhor e Pastor.
 
Guisa de Conclusão
 
Queridos, hoje é um dia especial.
 
É o aniversário da igreja. É dia de celebração. Podemos dizer como o salmista: Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres” (Sl 126.2). Hoje estamos a cantar a vitória que o Senhor nos tem concedido. Contudo, como é que podemos continuar nossa caminhada vitoriosamente?
 
Ø    Tendo discernimento e não se deixando corromper com falsos ensinos e muito menos seguindo atrás de falsos pastores
 
Ø    Tendo intimidade com o Senhor e continuar obedecendo-O
 
Ø    Tendo comunhão com o Senhor e com o seu povo
 
Que sigamos a ser ovelhas do seu pasto. Povo adquirido para glorificar e honrar o nome do Senhor Jesus.
 
Que Deus nos abençoe.
 
 
 
 
 
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[1] BRUCE, F. F. João: introdução e comentário, 1ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo 1987
 
[2] ERDMAN, Charles R. O Evangelho de João, 2ª Edição, Casa Editora Presbiteriana, São Paulo, 1987.
 
[3] SPURGEON, Charles H. Como ler a Bíblia, – Editora FIEL, São José dos Campos SP –
 
[4] Ibid.
 
[5] RYLE, J. C., Meditações no Evangelho de João, 1ª Edição, Editora FIEL, São José dos Campos, 2000

Queridos,
 
Segue a pastoral deste domingo. Na realidade, ela é a continuação da pastoral domingo passado onde falei sobre a liberdade ministerial. Agora tratarei em várias pastorais como penso desenvolver o meu ministério.
Conto com os vossos comentários.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
15. Como exercer o ministério pastoral?(20/11/05)
 
O fundamento do ministério pastoral está na nossa visão sobre Deus, o Homem e a Igreja. Compreender esta realidade e ter uma visão correcta de cada um destes, nos permite viver harmoniosamente e desenvolver o ministério pastoral correctamente.
 
Deus é o nosso Absoluto. Nele e para Ele e por Ele são todas as coisas (Rm 11.36). Existimos para o louvor da sua glória (Ef 1.12). Não estamos aqui por acaso, mas não é sobre isto que desejo tratar. Quero falar sobre o que penso ser a igreja e como a vejo. O que espero viver com a igreja que sirvo como pastor.
 
Antes de tudo, o que é a igreja? Qual a nossa definição de Igreja?
 
Há muitas definições, mas limitar-me-ei em apenas a duas. Elas resumem o que é igreja. A primeira diz que: "igreja de Deus" (ekklesia theou) ou "igreja de Cristo" (ekklesia Christou) revela o significado essencial da igreja. A palavra igreja (ekklesia) por si só não significa mais do que simplesmente "reunião". Mas "igreja de Deus" indica que o caráter desta assembléia não está em seus membros mas em seu Cabeça. É a assembléia ou reunião de Deus." A segunda é o título de um capítulo do livro À igreja com carinho. A definição é esta: A igreja, mais uma família do que uma instituição. Neste capítulo o autor diz: "A igreja precisa ser mais como uma família do que como uma organização. Deve valorizar mais as pessoas que programas. Deve investir mais nos contatos pessoais do que no cumprimento de uma estrutura." É esta igreja que almejo no meu ministério pastoral. Quero que sejamos família.
 
As duas definições de igreja estão interligadas. Numa ela é o povo de Deus, na outra ela é família. É isto mesmo, somos filhos de Deus, seu povo. Somos família. Deus é o nosso Pai e nós irmãos e irmãs uns dos outros. Quero desenvolver meu ministério nesta perspectiva. Quero alimentar o conceito de que somos filhos de Deus e que somos família. É bom lembrar que a família tem uma ligação sanguínea e por mais que tente, quem é família jamais o deixará de ser.
 
Não quero exercer um ministério pastoral valorizando a estrutura, os programas e a desprezar pessoas. Quero desenvolver meu ministério pastoral a valorizar as pessoas. Que cada um sinta-se importante e membro da família. Pessoas são minha prioridade.
 
O desafio que temos é o de valorizar as pessoas independente de sua nacionalidade. Sou brasileiro, amazonense e sirvo como pastor em Coimbra. Na igreja somos uma comunidade multi-étnica. Há várias nacionalidades e culturas a conviver no mesmo espaço. Contudo, todos nós, somos igreja. Somos uma família que se reúne para louvar e glorificar ao Senhor. Não somos deste mundo, somos de cima e como tal, valorizamos o padrão do Reino.
 
Quero exercer meu ministério sendo eu mesmo. Não serei uma cópia de ninguém. Contudo, quero exercer meu ministério a valorizar às pessoas, pois elas são mais importante do que as muitas actividades que possamos criar. Quero exercer meu ministério a olhar para cada membro da igreja e dizer com todo amor: "somos uma família, que existe para glorificar o Senhor."
 
É isto que eu desejo no meu ministerio.
 
Pr. Marcos Amazonas dos Santos

14. Olhando para dentro de si mesmo (1/9/05)
Queridos, Segue o devocional de ontem! Desculpem o atraso. Abraços, Marcos Amazonas
Olhando para dentro de si mesmo
Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador! (Lucas 18.13) Uma das coisas mais difíceis que para o ser humano é olhar para sua vida, vasculhar o seu interior e ver sua fragilidade, e seus erros. É muito fácil olhar o erro dos outros. É fácil desculpar-se com a falha dos demais. É complicado assumir sua fraqueza e o seu erro. Ninguém gosta de olhar para si mesmo e dizer, a falha é minha. Este texto nos mostra um homem que tem esta coragem. Ele não se preocupa com os demais. Ela não olha à sua volta. Sua preocupação é com ele, ele precisa por sua vida em ordem. Sendo assim, vejamos o que o texto nos apresenta: Quem reconhece sua fragilidade e seu erro fica de longe e não tem coragem sequer de levantar os olhos. É interessante a atitude deste publicano. Ele tem consciência de que está errado. Ele olha para sua vida e reconhece que não é digno de ficar próximo de Deus e das pessoas. É uma pessoa que vive consumida pela vergonha. Ela analisa sua vida, vê seus erros e tem vergonha dos mesmos. Esta vergonha faz com que ele nem sequer ouse levantar seus olhos. É uma pessoa que assume o seu erro e humilha-se. Não levanta sua voz, não tenta justificar-se. Reconhece sua falha e mais nada. Quem olha para si e reconhece sua fragilidade é uma pessoa que assume a sua culpa. É uma pessoa que não permite que a culpa morra solteira. A culpa é minha e eu tenho que assumi-la. É interessante notar que este homem bate no peito, reconhece sua fragilidade e o seu erro. Assume que merece o castigo e a punição. Não escamoteia. Não tenta justificar-se e muito menos atirar a culpa para cima do outro. Seu olhar está dirigido para si mesmo e por isso, é que ele bate no peito com pesar e dor. Ele está a reconhecer sua falta e a dizer para si mesmo que merece estar longe e que não é digno de entrar e estar em comunhão com Deus e com o seu semelhante. Ao bater no peito, ele está a dizer que é impossível ele estar em paz e em comunhão com ele mesmo. O reconhecimento da culpa o faz sofrer e não permite que haja paz interior. Quem olha para si e reconhece sua fragilidade e culpa tem que clamar pela misericórdia de Deus. É interessante que o homem não escamoteia os seus erros. Ele não tenta jogar nada para debaixo do tapete. Não tenta se auto justificar. Ele olha para si, com olhos bem abertos e se vê condenado, sem esperança. Por isso, clama a Deus, súplica para que o Senhor seja misericordioso para com ele. Quem se vê na condição de pecador, não fica a olhar para a vida dos outros. Não tenta justificar-se apontando os demais. É uma pessoa que assume o seu erro e pede clemência por causa do mesmo. Não quero olhar para vida de ninguém. Não quero ver erros nos outros. Quero olhar para minha vida e ver como eu me encontro. Não vou ficar acusando os outros. Vou ver o que eu posso fazer. Vou clamar por clemência ao Senhor pelas minhas falhas. Não vou fugir da realidade. Vou ver os meus erros e reconhecê-los. Vou pedir perdão por cada um deles. É tempo de parar para as falhas dos outros e olhar para as nossas Vamos Orar: Senhor perdoa-me, pois sou pecador. Perdoa-me, porque sou indigno e não sou digno de ti. Tem misericórdia de mim. Ajuda-me para que eu possa me humilhar e estar sempre com uma postura de humilde suplicando pela tua misericórdia. Esta é a minha oração em nome de Jesus

 



13. Egolatria (30/8/05)

Queridos,
 
Depois de muito temo afastado e sem dar notícias, estamos a retornar com os momentos devocionais.
Nosso desejo e oração é que os mesmos sejam edificantes para vós.
 
Grande abraço,
 
 
Marcos Amazonas
 
 
P.S.: Se não desejar recebê-los é só enviar um email a comunicar.
 
 
 
Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. (Lc 18.9-12)
 
 
 
Esta parábola é muito forte. Sua ênfase é na oração. Jesus mostra qual deve ser nossa atitude quando paramos para orar. Entretanto, a olhar para a atitude deste fariseu quero pensar no modo em que vivemos os dias actuais. Creio que vivemos dias em que a idolatria como concebida nos dias passados está a ficar ultrapassada. Agora a adoração é ao eu. Vivemos na era da egolatria. Estamos a praticar o culto do eu. Vivemos entretidos connosco mesmo. Queremos ser o centro das atenções.
 
Como saber se eu sou um ególatra? O que o texto me ensina sobre esta realidade?
 
A primeira coisa que o texto nos diz é que o ególatra é uma pessoa que confia em si mesma e se julga justa. Note que Jesus diz que a parábola é dirigida a pessoas que pensam que não necessitam de Deus. São pessoas que estão acima de qualquer suspeita. Diante de si mesmas, não conseguem ver falhas, pois tudo o que fazem é bem feito. São o padrão que deve ser seguido. Desejam que todos estejam com os olhos focados em si e não em Deus. Fica claro aqui que um ególatra é uma pessoa que deseja crescer e assumir a primazia.
 
Outra realidade latente é que o ególatra é uma pessoa que faz propaganda do que faz por obrigação. Note que a atitude do ególatra é anunciar o que faz. Não é um acto de prazer, mas um acto de exaltação própria. Faz para que todos saibam e vejam. Faz para que seja notado e valorizado. É uma pessoa que faz para se comparar com quem não faz. Quer ser valorizado e exaltado porque não deixa passar nada. Faz tudo o que tem para fazer. Deseja ser reconhecido em tudo. É uma pessoa que deseja estar sempre a frente das coisas. É uma pessoa que pensa ser o padrão de moralidade e que ninguém chega aos seus pés.
 
O terceiro aspecto é interessante, pois o ególatra quer que Deus o reconheça como superior a todos. Note que a oração é centrada nele. É uma pessoa egocêntrica, onde todas as virtudes devem ser reconhecidas em si e os defeitos nos outros. Deus deve ficar feliz ao ver uma pessoa assim. Deus deve exultar ao encontrar alguém que não necessite da sua graça e misericórdia. O facto é que isto não é oração, mas exaltação barata. Como escreveu Israel Belo de Azevedo: “O egocêntrico não ora, porque, centrado em si mesmo, não consegue olhar para Deus como a fonte e o destino de todas as coisas. Talvez possa até ver Deus como fonte de bênçãos, nunca como destino final destas mesmas bênçãos.” O ególatra deseja no fim de tudo receber o louvor e a adoração.
 
É muito fácil para mim condenar a idolatria. É muito fácil dizer que adorar imagens é errado. Contudo, será que tenho a coragem de condenar a egolatria? Será que tenho a coragem de dizer que toda honra e glória pertencem a Deus e não a mim?
 
Vamos orar:
 
Senhor, ensina-me a orar. Ensina-me a olhar para Ti como o único e verdadeiro Deus, e que eu jamais pense em tomar este lugar. Que tudo quanto fizer seja em atitude de gratidão e exaltação ao teu nome e nunca para querer ser visto e exaltado pelos homens numa tentativa de roubar a glória que a Ti é devida.
 
Pai, se estou a ser ególatra, perdoa o meu pecado.
 
É a minha oração em nome de Jesus.

 


10/07/05 Queridos,
 
Segue a pastoral que escrevi para o boletim da igreja no domingo passado.
 
Abraços,
 
 
Marcos Amazonas
12. Apertar o Cinto(10/7/05)

 

O governo nos pede para apertar o cinto. Diz que estamos a passar por um momento difícil e que todos devem fazer sacrifícios. O problema é que o povo não aguenta mais o aperto e ter que pagar a factura sozinho. Não desejo reclamar do salário dos administradores e dos gestores que ganham muito mais que o presidente e muito mais do que qualquer português comum. Não podemos mais aceitar que sejamos nós, que fiquemos sempre com a corda no pescoço.

 

Nós não aguentamos mais apertar o cinto. O povo está cansado. Não dá para ver o imposto a disparar e com ele os preços das coisas e o salário ser o mesmo. É inadmissível, ter que pagar conta de água, luz, telefone, gás, combustível, sem falar em alimentação bem mais elevada sem ter direito a despesas de representação, sem ter complemento para que nos ajude pelo menos a resolver o problema dos 2% de aumento do IVA.

 

Quem deve dar o exemplo não o faz. Aliás, é de cima que vem o mau exemplo. Vemos a classe política envolvida em escândalos, não que todo político seja corrupto, creio que ainda existam uns poucos honestos. Foi por isso que Habacuqe clamou ao Senhor a dizer que é em consequência deste facto que a justiça se afrouxa (Hab 1.1-4). Para quem detém o poder, para que tem posses a justiça não actua, mas para quem não faz parte do sistema vai ter que pagar às favas. O fio parte sempre do lado mais fraco.

 

O que nós esperamos dos nossos representantes é que sejam pessoas dignas e que realmente lutem pelo nosso bem-estar. Esperamos que sejam pessoas que defendam não o seus interesses e os interesses de meia dúzia de amigos, mas o bem comum. Queremos que tenham uma postura ético-moral condizente. Queremos que sejam coerentes com as promessas assumidas nas campanhas eleitorais. Esperamos que os que nos representem sejam um exemplo para nós que os elegemos.

 

É isto que esperamos dos nossos políticos, mas e o que esperamos dos nossos líderes religiosos? O que exigimos deles?

 

Queremos líderes que sejam transparentes. Que antes de nos pedir para fazer, que eles façam e sejam um exemplo. Que vivam o que pregam e preguem o que vivem. Desejamos líderes que nos guiem e que nos liderem e não que sejam ditadores e donos da verdade. Líderes que reconheçam os seus erros e entendam que errar é humano.

 

Queremos líderes que não ostentem grandezas, mas que abram mão em prol dos seus liderados. Aqui lembro o Pastor Valdir Rocha que foi visitar um irmão em seu carro novo e quando viu que este não tinha nada em casa, foi vendeu o seu carro, pois não podia ter um carro novo, enquanto seus irmãos estavam a passar dificuldades. Queremos líderes que nos amem e se entreguem por nós!

 

Não podemos aceitar que os líderes religiosos copiem o exemplo dos políticos. Não podemos permitir que o povo de Deus deseje ser uma cópia e não o original como fez o povo de Israel ( 1Sm 8.19-20). É o nosso exemplo que deve ser copiado. Nossa entrega e padrão deve fazer eco numa sociedade sem referencial.

 

De alguém que procura cumprir o seu ministério de modo original

 

Pr. Marcos Amazonas dos Santos
= = =

Queridos,
 
 
Segue a pastoral desta semana.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
11. O motivo certo

 

O filme "O Menino do Coro" é extraordinário. É uma comédia musical sobre o coral de uma determina igreja baptista que deve participar de um concurso de corais. O coral no seu início é horrível, mas como era de se esperar no final triunfa e ganha o concurso. Coisas que os filmes gostam de apresentar, um final feliz.

 

Não foi somente o musical que me prendeu, mas a história por trás do musical. O motivo e as razões que levam uma pessoa a frequentar a igreja. Fiquei muito intrigado porque vi que muitas pessoas não queriam fazer parte do coral da igreja e muito menos frequentá-la por causa de uma pessoa que pensava ser o prumo da balança na igreja. Ninguém suportava a mulher. Será que podemos ser cristãos autênticos e ter todos a detestar-nos?

 

Ficou claro que muitos foram para a igreja por causa daquilo que poderiam ganhar. Estavam ali por negócio. Queriam lucrar e dividir o prémio que iriam ganhar. Infelizmente, temos que reconhecer que há pessoas que passam a frequentar a igreja visando lucro. Há pessoas que estão a tentar negociar com Deus.

 

Muitos procuram a igreja por causa da boa música, ou do espectáculo. No filme, quando não havia coral a igreja estava vazia. Conforme o coral foi sendo formado e foi cantando o número de pessoas cresceu, mas tudo por causa da música. A música é importante, mas não pode ser o centro do culto.

 

O filme nos mostra uma igreja morta, legalista. Depois uma igreja interesseira que desejava apenas ganhar um prémio em dinheiro. A questão é por que isto acontece? Creio sinceramente que o filme também nos deixa isto muito claro. Naquela igreja não havia o ensino da Palavra. Não havia o fundamento sólido da doutrina bíblica. Quando não há conhecimento da vontade do Senhor, o que acontece é o fracasso (Os 4.6). E nós como é que nos encontramos? O que nos faz vir à Igreja?

 

Como cristãos, salvos pela graça do Senhor devemos compreender que a razão que nos motiva a vir à igreja é louvar o Senhor nosso Deus. Esta é a nossa razão de ser (Ef. 1.11-12). Nossa razão de existir é o Senhor. Isto é que nos faz desejar estar em comunhão com os irmãos. Para louvar e exaltar o nosso Senhor.

 

Outro aspecto já foi dito é a comunhão com os irmãos. Quem está em comunhão com o Senhor, irá demonstrar comunhão com o seu irmão. Foi por este motivo que o salmista disse: "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor." (Sl 122.1). Deve ser motivo de alegria poder ouvir o convite do povo de Deus e juntar-se a ele para louvar e exaltar o Senhor.

 

Qual o motivo que te traz à igreja? Qual é a tua motivação?

 

Eu venho à igreja para exaltar o Senhor e aprender da sua Palavra. Venho para desfrutar da comunhão com os meus irmãos. Venho para ser canal da graça. Se houver boa música melhor ainda. O que me faz vir a Igreja é o Senhor!

 

Pr. Marcos Amazonas dos Santos


Queridos,
 
Segue a reflexão que farei amanhã aqui na igreja.
 
Abraços,
 
 
Marcos Amazonas
 
 
Texto: Salmo 23.1-6

 

10: Propriedade exclusiva do Senhor

 

Introdução

 

O salmo 23 é um dos textos mais conhecidos em todo o mundo. É um texto que tem servido para muitas pregações. É muito difícil conseguir extrair alguma aplicação nova deste texto. Apesar disto, tenho pensado em fazer uma série de mensagens neste salmo. Quero meditar em cada verso dele com a igreja. Entretanto, hoje quero olhar para todo este salmo e meditar nele na usa integralidade.

 

Quando leio este salmo minha mente me transporta para o filme David, interpretado por Richard Gere. Este salmo é declamado quando David vai enfrentar o gigante Golias. A imagem é belíssima, mas não podemos dizer que foi assim.

 

David aqui está a escrever na perspectiva da ovelha. Ele o pastor, sabia como agia um bom pastor, mas é interessante que David, o rei não pensa de si mesmo além do que convém. Ele olha para sua vida e vê que na realidade, ele é apenas uma ovelha assustada diante das adversidades da vida. Somente com a ajuda do seu pastor é que ele poderá vencer cada obstáculo que lhe é apresentado.

 

Creio que muitas vezes nos lemos este salmo e nos encontramos como David. Mas devemos ler este salmo com olhos bem abertos para reflectir em nas verdades nele contidas.

 

Sendo assim, quais as lições que aprendemos com este texto

 

1 – Somos propriedade exclusiva do Senhor

 

O verso primeiro é de uma profundidade muito grande. Não vamos esmiúça-lo agora, pois como disse quero pregar sobre cada verso deste salmo. Contudo, veja a declaração que David faz aqui. Note a segurança e a certeza que ele tem.

 

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. O que Ele diz é que pertence ao Senhor. Creio que podemos dizer assim: Eu sou ovelha do Senhor. Eu pertenço ao Senhor. A pergunta é a seguinte: Quem é o Senhor?

 

É interessante notar que David apresenta o seu Senhor como o Deus de Israel (1 Sm 18.45). David tinha consciência de quem era o Senhor. Note o salmo 24 o que ele diz do seu Senhor.

 

Tens consciência de que pertences ao Senhor? Conheces o teu Senhor?

 

É interessante, pois David, apresenta sempre o Senhor. Ele é primeiro o seu Senhor. Por isso, é o seu Salvador. Este é o conceito que devemos ter do Senhor Jesus. Ele deve primeiro ser Senhor e depois será o nosso Salvador.

 

Agora veja o que o Senhor Jesus diz lá no evangelho de João 10.1-5; 14. O Senhor nos diz que ser de Jesus é conhecê-lo, mas também ser conhecido dele.

 

És ovelha de Jesus? És propriedade exclusiva do Senhor?

 

Pedro diz que ele nos elegeu e nos fez seu povo (1 Pe 2.9-10)

 

Cantar que o Senhor é o meu pastor é afirmar que sei de quem sou e com quem me relaciono.

 

É interessante notar o que ele diz depois. Nada me faltará. Aqui há muita coisa incluída, mas quero apenas falar da provisão do Senhor. David tem a convicção que o seu Senhor não permitirá que lhe falte nada. Esta é uma segurança que nós também podemos ter.

 

2 – Ser propriedade exclusiva do Senhor garante-nos companhia constante

 

Leia este salmo com atenção. Procure em algum momento, qualquer situação ver a ausência do Senhor. Não existe. David fala-nos do cuidado constante do Senhor. Note que cada verso mostra a presença do Senhor em determinada situação.

 

O Senhor está presente na hora do repouso e do alívio. O Senhor está presente na hora da angústia e produz consolo. Quando atravessamos o caudal de adversidades, Ele está connosco. Quando enfrentamos os inimigos, podemos ficar seguros, pois não estamos sós, o Senhor está presente connosco. Agora o melhor, mesmo depois desta vida ter findado, nós estaremos na presença do Senhor. Nem a morte pode nos separar da companhia do Senhor.

 

Será que podes dizer o mesmo que David? Será que podes cantar a presença constante na tua vida?

 

É muito interessante pensar que Jesus significa a salvação do Senhor. Mas Ele foi chamado EMANUEL que quer dizer Deus connosco. Quando alguém recebe o Senhor como Jesus (a salvação do Senhor), pode ter a garantia de ter sua presença constante (o EMANUEL), o Senhor estará sempre com ele. Esta é a garantia do próprio Senhor Jesus que diz: “eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20b). Tens a certeza da companhia do Senhor na tua vida?

 

És morada do Espírito Santo? (1 Co 6.19-20

 

3 – Ser propriedade exclusiva do Senhor garante vida eterna

 

Olhe par ao último verso do salmo 23. Veja a certeza e a garantia que para além da vida há vida. Mesmo quando ainda não se pensava muito nesta realidade, David cantou esta segurança.

 

Mostrou que sua comunhão com o Senhor não será destruída nem pela morte. Tens tu esta certeza?

 

Já tens a vida?

 

Queridos, David nos garante que ser do Senhor é poder celebrar a vida. É saber que nada e ninguém nos pode nos separar do amor de Deus. É este também o pensamento do apóstolo Paulo quando escreveu aos Romanos. Paulo diz o seguinte: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.(Rm 8.31-39).

 

Já tens esta garantia na tua vida?

 

Guisa de Conclusão

 

David cantou com segurança e confiança no seu Pastor. Ele exultou no seu Senhor.

 

E nós como é que estamos?

 

Será que podemos cantar assim?

 

É bom entendermos que, o salmo 23 nos dá as seguintes lições:

 

Somos propriedades do Senhor

 

Temos a companhia constante do Senhor

 

Temos vida eterna.

 

Que possamos viver confiados nestas verdades.


26/06/05 mensagem que pregarei amanhã à tarde no culto evangelísto da ABN
 
Abraços,
 
Marcos Amazonas
 
 
Texto: João 6.33-35

09: O Pão da Vida (26/06/05)

 
Introdução
 
O evangelho de João é único. É o livro das entrevistas de Jesus. Nele encontramos o Senhor a falar com várias pessoas. João faz uma relação entre os milagres de Jesus e o que Jesus é.
 
Notamos que depois de cada milagre de Jesus, há uma declaração onde Ele diz ser algo que está relacionado com o milagre ou relato que foi efectuado. Notamos isto de modo claro se vermos a seguinte sequência:
 
            Milagre                                                                       Aplicação
 
Água em Vinho (Jo 2.1-11)                             Só o Senhor purificar a vida (Jo 2.13-22)
 
Samaritana e o Paralítico de Betesda (Jo 4.1-5.15)     Jesus é a Água Viva (Jo 4.10)
 
Multiplicação dos pães (Jo 6.1-15)                 Jesus é o Pão de Deus (Jo 6.33-35)
 
Cura do cego de nascença (Jo 9.1-41)            Jesus a luz do mundo (Jo 8.12)
 
A ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-45)            Jesus o Senhor da vida (Jo 11.25-26)
 
O que percebemos é que para cada situação natural, há uma aplicação espiritual. Jesus está preocupado com o ser humano de modo integral. Ele não olha somente para o momento presente. Ele vê o ser humano na sua condição plena, por isso sua actuação presente visa o futuro, a eternidade do indivíduo.
 
O grande problema dos nossos dias é o aumento da pobreza. A pobreza tem feito com que a fome aumente. Milhares de pessoas morrem diariamente por não terem nada o que comer. É por isto que vemos pessoas a se deslocarem de um lado para o outro na tentativa de resolver o seu problema. As pessoas estão em busca de uma vida melhor. Estão a procurar resolver o seu problema material. Entretanto, vemos esta mesma realidade a se concretizar no campo espiritual. Abra os jornais e veja quantas pessoas existem que se oferecem para ser guias espirituais?
 
Ouça com atenção as músicas que estão a circular em nossas rádios. Perceba o desejo que há de se ter um relacionamento sincero com Deus. Escute o último trabalho do Sting chamado “Sacred Love” e veja o quanto ele anseia por Deus. Olhe para Madona e toda à sua busca por Deus.
 
Poderia continuar a falar de inúmeras pessoas, mas o facto é que o ser humano tem fome de Deus. Entretanto, quando olho para este quadro vejo nitidamente o que Amos profetizou nos seus dias quando disse: “Eis que vêm os dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão errantes de mar a mar, e do norte até o oriente; correrão por toda parte, buscando a palavra do Senhor, e não a acharão.” (Am 8.11-12). E não acham porque nós estamos a nos calar.
 
A pergunta que desejo vos fazer é a seguinte: Porque comer deste Pão da Vida?
 
Encontro três respostas que desejo partilhar convosco.
 
1 – Por que ele satisfaz as necessidades eternamente
 
Jesus compara o alimento perecível com o espiritual. Ele utilizou este mesmo contraste com a água material e a espiritual. O que o Senhor está a afirmar é que o alimento material pode suprir forças necessárias para sustentar e dar forças materiais, mas não pode produzir vida eterna.
 
Jesus recorda o tempo em que o povo esteve a peregrinar no deserto. O Senhor os alimentou. Diariamente enviava o maná dos céus, mas eles tornavam a ter fome. Agora o Senhor Jesus fala que Ele e somente Ele pode suprir a fome espiritual que o ser humano tem.
 
Note querido, a religião não pode dar paz interior. A religião pode até dar alguns conceitos bons, mas acaba por nos limitar e constranger. Veja a quantidade de gente religiosa que vive frustrada. Veja a quantidade de gente religiosa que vive a pular de igreja em igreja, de religião em religião e continua com fome de Deus.
 
Recentemente veio uma pessoa à igreja. Falou comigo e disse que tem buscado em muitas igrejas. Está procurando um relacionamento maior com Deus. Disse-lhe que ela não precisa de religião, mas sim que necessita se encontrar com o Senhor da religião. Falei que ela necessita encontrar-se com Jesus.
 
O que estou a dizer-vos é que a fé em Jesus garante a nutrição da alma. Veja o que o Senhor diz: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6.53-54). Esta metáfora de Jesus expressa a assimilação de um corpo pelo outro. O significado é a assimilação completa de Cristo na vida daquele que crê, tanto quanto há a assimilação da vida do cristão com a vida do seu Senhor. O que está a ser dito, é que ser cristão é ter o carácter de Cristo na sua vida. É ter Cristo a viver através de si.
 
Isto só é possível através do arrependimento. Só pode ser concretizável quando a pessoa reconhece Jesus como o único e suficiente Senhor e Salvador. Quando se rende a Ele.
 
Ele dá paz, perdão. Ele reconcilia-nos com Ele mesmo e com o nosso semelhante.
 
É por isso que a cruz nos fala tanto. Na vertical ela liga-nos a Deus e na horizontal ela liga-nos ao próximo e a nós próprios.
 
Jesus nos enche de paz. Ele nos perdoa e garante-nos vida eterna. O futuro já não assusta. Há segurança para quem está em Cristo Jesus. Agora a vida pode fazer a careta que fizer, há estabilidade. Não é necessário procurar por mais nada. Jesus supre todas as necessidades. Alimente-se de Jesus. Aceite Jesus na sua vida!
 
2 – Porque dá descanso eterno
 
Quando nos alimentamos, ficamos saciados o corpo relaxa. Queremos descansar. Não há preocupação. Estamos satisfeitos. Que se alimenta do Pão de Deus, pode ter esta segurança. Pode ter a certeza de que não há que temer o futuro, pois há vitória é certa em nome de Jesus.
 
Sou do norte do Brasil. Lá do Amazonas e depois de comer uma boa tartaruga, só nos apetece deitar numa rede e descansar. Relaxar porque ficamos completamente satisfeitos. Agora não há nada que nos preocupe. Estou a falar de uma situação humana, agora imagem na realidade espiritual?
 
Veja o que o Senhor Jesus diz: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6.35). Jesus está a dizer que não há o que temer. Pode ficar tranquilo. Pode descansar. Em Jesus há segurança.
 
Foi esta segurança que fez Paulo dizer: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
 
Quem aceita este pão não teme o que o futuro lhe reserva. Quem tem Jesus vê muito além das circunstâncias. Quem tem Jesus não se limita ao momento presente, mas olho para o país além do grande Rio.
 
Deixe-me ilustrar a contar-vos a seguinte história. No final da segunda guerra, um pastor que se opôs ao governo de Hitler estava preso. Mesmo na prisão ele manteve sua fé viva e não deixou de anunciar a graça do Senhor Jesus. No dia 8 de abril de 1945, Bonhoffer pronunciou o seu último sermão. Este foi dirigido aos seus companheiros de cela. Quando finalizou-o dois homens o chamaram e disseram: “Prisioneiro Bonhoffer, prepare-se para vir conosco”. Ele prepara-se. Despede-se dos amigos e conclui dizendo: “Isto é o fim. Para mim, é o início da vida”. Dali é levado para Flossenburg, onde passou as suas últimas horas.
 
Na madruga de 9 de Abril de 1945, Dietrich Bonhoffer foi assassinado. Enforcaram-no. Estava com 39 anos. Contudo, como ele próprio afirmou, para ele era o início da vida. Como canta Sérgio Godinho: “É o primeiro dia do resto da tua vida”. Para Dietrich Bonhoffer foi início da verdadeira vida. Sabe porque?
 
Agora ele poderia desfrutar do descaso eterno ao lado do seu Senhor. A morte não o destruiu. A morte e muito menos o governo nazi venceram-no. O seu Senhor venceu e lhe permitiu que ele fosse desfrutar da vida eterna.
 
Queridos, somente o Senhor Jesus pode dar descanso eterno. Somente Jesus, pode dar segurança para o futuro. Em Jesus tu podes confiar.
 
3 – Porque dá forças para enfrentar as dificuldades
 
Quem se alimenta renova as suas forças. Tem capacidade para poder continuar na caminhada. Ser cristão é poder descansar no Senhor, mas é também ter consciência de que, enquanto cá andarmos enfrentamos lutas e somente o Senhor para nos capacitar para poder vencê-las.
 
É interessante notar os versículos 54-57, onde Jesus fala da realidade do comer. Ele fala da identificação e de estar nEle e Ele em nós. Necessitamos diariamente nos alimentar do Senhor. É preciso ter comunhão com o Senhor. Nossas forças são renovadas quando nos alimentados da Palavra do Senhor. Este é o conceito do salmista: “Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus?” (Sl 42.1-2). É preciso desejar alimentar-se sempre do Senhor. É fundamental comunhão constante e Ele o Senhor nos fortalecerá para esta caminhada diária.
 
Alimentar-se do Pão da Vida é poder estar preparado para enfrentar as tribulações da vida. Jesus disse: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo 16.33). Paz é muito mais que ausência de problemas. Paz significa estabilidade, segurança. Note que o texto fala de paz em meio as tribulações. Quem tem Jesus tem paz e viva na paz mesmo quando enfrenta as tragédias da vida.
 
Tenho um pastor que é um exemplo para mim. É o pastor Rogério Scheidegger Maia que está a lutar contra o cancro. Contudo, tem sido um batalhador. Agora ele está a desenvolver um ministério chamado o cajado amigo. Serve para ajudar e fortalecer colegas de ministério. É um homem que poderia está a se lamentar da vida, mas não. Ele segue em frente. Ele tem forças, não suas, mas forças vindas do seu Senhor. Ele tem abençoado muitas vidas com o seu testemunho. Um pastor que tem sido fortalecido pelo seu Senhor, está a fortalecer pastores e famílias de pastores com o seu novo ministério.
 
Queridos, o Senhor deseja que conceder esta mesma capacidade para ti. Ele deseja que sejas fortalecido por Ele. Sendo assim, alimenta-te do Senhor.
 
Guisa de Conclusão
 
Jesus o Pão da Vida.
 
O único que é capaz de suprir todas as tuas necessidades espirituais.
 
O Senhor é o único que pode conceder-te descanso eterno. Só Ele pode dar-te paz e segurança para o futuro.
 
Só o Senhor pode dar-te forças para enfrentares as dificuldades que a vida apresenta.
 
Já te alimentaste de Jesus?
 
Já reconhecestes que estás a vaguear e estás perdido nos teus próprios caminhos?
 
Aceita a graça de Deus. Aceita a oportunidade de Jesus e passa a fazer parte deste projecto maravilhoso que é a Igreja do Senhor.
 
Como do Pão da vida e tenha vida, mas vida em abundância!

19/06/05 Qeridos,
 
Estou a partilhar a mensagem que pregarei hoje à noite na PIB de Setúbal. É o aniversário da igreja. Amanhã pela manhã não pregarei, mas terei que fazer um seminário, baseado nas mensagens que preguei no livro de Ageu. Terei 45 minutos para falar o que preguei em quase três meses. Só a misericórdia de Deus mesmo.
Orem por mim.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
Texto: Habacuque 3.16-19
 
08 : Firmes no Senhor 19/06/05
 
Introdução
 
Estamos a viver dias difíceis. Assaltos, arrastões. O crescimento galopante da violência. Os políticos cada vez mais a enganarem o povo. A classe empresarial, os grandes empresários cada vez mais ricos e os empregados cada vez mais pobres.
 
No plano religioso, temos muitas decepções. Até parece que tudo se virou contra nós. Muitas vezes pensamos que o Senhor não está a olhar para nós. Veja como inicia o livro de Habacuque, note o que ele diz:” Até quando Senhor, clamarei eu, e tu não escutarás? ou gritarei a ti: Violência! e não salvarás? “ (Hab 1.2). O profeta está cansado. Ele ora e intercede e parece que nada acontece. Quantas vezes nós não nos sentimos a mesma coisa?
 
Quantas vezes pensamos que nossas orações caem no vazio?
 
Qual deve ser nossa postura diante da crise? O que devemos fazer diante da confusão dos nossos dias? “O que fazer diante de tanta violência hoje em dia? Parece algo intransponível, insuperável, mas o homem que confia em Deus sempre vislumbra tempos de paz e de fartura. Por isso o salmista exclama: “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim. Os filhos dos teus servos habitarão seguros (Sl 102.27,28). Que Deus nos conceda olhos espirituais que vejam soluções, e não derrotas.”[1] Não podemos ficar fechados a pensar que tudo irá correr mal na nossa vida. Temos um Deus que nos responde. Ele não muda. Ele é fiel!
 
O livro nos apresenta um homem com questionamentos. Encontramos um profeta que quer respostas de Deus. Todas as perguntas de Habacuque não representam falta de fé, antes e pelo contrário é uma caminhada segura, fundamentada na luz do Senhor. Podemos ter muitas questões, mais é fundamental aprendermos o que o profeta nos ensina. “Há respostas, e respostas exequíveis. Se o homem tem perguntas (e é natural que as tenha), tem a resposta.
 
O profeta foi respondido em sua aflição. É o próprio de Deus responder aos que são intelectualmente honestos. Sendo respondido, Habacuque prorrompe em fé. Também deve ser próprio daquele que recebeu a resposta manifestar sua fé.”[2]
 
Deus sempre vai responder os nossos questionamentos. Deus vai responder o pedido dos irmãos. Ele tem algo maravilhoso para vossas vidas e para a vida a igreja.
 
Diante do que foi exposto até aqui quero fazer uma pergunta:
 
Por que devemos ficar firmes no Senhor?
 
O profeta nos apresenta as respostas nestes versículos. Sendo assim, vejamos o que o Senhor tem preparado para nós.
 
1 – Devemos ficar firmes porque o Senhor sempre nos responde 16
 
Este texto é fabuloso. Deus nunca nos deixa sem resposta. Habacuque diz que ouviu a resposta do Senhor. Deus respondeu de modo claro ao seu servo. Mas qual foi a resposta que o profeta ouviu? O que o Senhor deseja que nós ouçamos hoje?
 
O contexto deste texto aponta para o Êxodo. O modo como o Senhor se manifestou no passado. O que ele está a dizer é que devemos olhar para trás e ver o agir de Deus na história. Não podemos esquecer a intervenção do Senhor. Não podemos esquecer o que o Senhor fez por nós na hora da angústia.
 
Uma das maneiras que o Senhor tem para nos responder e nos fortalecer é olharmos par atrás e ver como Ele no decorrer da nossa história nos tem livrado. Habacuque compreendeu esta realidade. Ele olhou para trás, para a história e viu todo o agir de Deus e compreendeu que Deus não muda, Deus é fiel. Olha para trás, veja o agira de Deus na vida da igreja e fique firme. Olhe para trás e veja como o Senhor tem sido misericordioso consigo.
 
Diante da resposta do Senhor o profeta tem algumas atitudes que são naturais e que nós também podemos ter. Vejamos portanto, as reacções do profeta:
 
1.1             - Ouvir a resposta do Senhor emociona. O profeta diz o seguinte: “o meu ventre se comove”. Para os judeus o ventre era o centro das emoções. Eles amavam com o ventre e pensavam com o coração. Sendo assim, o que o profeta está a dizer é que ficou sensibilizado com o que Deus lhe mostrou. A fé não é emocional, mas não é apenas racional. É bom entender o seguinte: “A fé não pode ser apenas uma abstração intelectual. Fé não é sinônimo de armazenamento de informações religiosas. Assim fazendo, corremos o risco de uma fé tipo bacalhau de armazém: seca, sem vida. Jesus era emotivo. Ele exultou (Luc. 10:21), indignou-se (Mat. 21:12,13) e chorou (João 11:35, Luc. 19:41 e Heb 5:7).[3] Quando o Senhor nos responde não podemos ficar indiferentes. Sempre há reacções que iremos expressar.
 
1.2             Ouvir a resposta do Senhor nos faz temer o Senhor. Habacuque diz que os seus lábios tremem. É o Reconhecimento da santidade de Deus. É reconhecer que não temos capacidade para estar diante de um Deus tão Santo. Foi esta a atitude de Isaías (Is 6.1-8). Os seus lábios não podem declarar a grandeza do Senhor, pois são impuros. A manifestação do Senhor deve fazer com que fiquemos atemorizados. Temos que ter temor e tremor diante do Senhor e da sua manifestação. É impossível ficar do mesmo jeito. É impossível para mim e para cada um que está aqui, compreender a Palavra do Senhor e ficar do mesmo modo. A Palavra de Deus exige mudança da nossa parte.
 
1.3             Ouvir a voz do Senhor nos faz ficar sem forças e quietos. O profeta utiliza três expressões para definir esta ideia. Entra a podridão nos meus osso, vacilam os meus passos; em silêncio, pois aguardarei o dia da angústia que há de vir. Sua fé vai sendo solidificada, mas ele não tem condições de se mover. Diante do Senhor Habacuque cai, sente-se impotente, mas não desanima. Ele olha para as situações sombrias da vida confiando no Senhor. Ele ao presenciar a tragédia, olha para trás e vê o cuidado de Deus. Onde isto se reflecte nas nossas vidas? Diante das nossas crises devemos olhar para trás e ver como Deus tem sido generoso para connosco e como Ele tem cuidado de nós. Devemos também olhar para frente, confiados no Senhor. Certos de que o Deus que agiu no passado vai actuar no presente para nos guardar e guiar no futuro. Habacuque está a nos dizer que o Senhor não falha e se faz presente sempre em nossas vidas.
 
2 – Devemos ficar firmes no Senhor a confiar plenamente no seu agir 17-18
 
Depois de reconhecer que o Senhor não falha, que Deus tem tudo sob controlo, o profeta expressa sua confiança plena no Senhor. Ele nos diz que mesmo diante das adversidades podemos permanecer firmes no Senhor. A tragédia não é maior que o nosso Deus. A crise não é maior que o Senhor Criador dos céus e da terra.
 
Diante da resposta do Senhor Habacuque passa a dizer o seguinte: “se tudo der errado; se a terra deixar de produzir; se os campos secarem; se não houver gado nos currais e no campo – coisas que aconteceriam com a invasão de Judá pelas tropas de Nabucodonosor. E se tudo isso de fato acontecesse, ele afirma: “Todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (3.18).”[4] O profeta diante da crise, não desespera, confia no Senhor. Mantém sua fé firme e inabalável. Aqui cabe muito bem o coro do hino 366 C.C. que diz:
 
“A minha fé e o meu amor
 
Estão firmados no Senhor.
 
Estão firmados no Senhor.”
 
Nossa fé e nossa comunhão com Deus não acontecem por causa das bênçãos que recebemos ou pelas que deixamos de receber. Nossa comunhão com o Senhor existe porque fomos criados para o louvor da sua glória. Porque o Deus das bênçãos é muito melhor do que todas as bênçãos.
 
A crise não pode ser algo que nos desmotive. Pelo contrário a crise deve ser fator de fortalecimento, pois é justamente neste momento que podemos ver o modo tão gracioso do Senhor para connosco.
 
O salmista expressa muito bem este conceito quando diz o seguinte: “Aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre. “ (Sl 125.1). Confiar no Senhor é estar seguro. A tragédia não abala sua fé. Jesus diz o seguinte aqueles que confiam nele, que obedecem sua Palavra: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.” (Mt 7.24-25). Quem tem sua vida firmada na Rocha enfrenta as mais duras tempestades da vida e fica firme. Quem confia no Senhor tem consciência plena de que a crise é passageira. Na crise e depois da crise o Senhor está connosco. É muito interessante o que diz Dionísio Pape: “Como Jó, Habacuque estava pronto a perder tudo, menos a sua fé no Senhor. Habacuque fala alto à nossa sociedade de consumo, com seus exagerados valores materiais, e o seu desprezo aos valores espirituais. A posse de bens materiais não é necessariamente sinal de bênção e da vontade divina!”[5] Nossa fé não pode está alicerçada em coisas. Nossa fé é no Senhor. Nossa alegria deve está em Deus. Paulo nos diz isto de modo muito semelhante, mas nós só gostamos de utilizar a parte final do texto que Paulo apresenta a mesma ideia de Habacuque. Tenho notado que ninguém conhece os versículos anteriores. Mas Paulo nos diz o seguinte: “Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade. Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. (Fp 4.10-13)” Ele exulta no Senhor, por causa da demonstração de afecto da Igreja de Filipos, mas exulta também pelo facto de ter aprendido a passar por toda e qualquer circunstância da vida com uma fé firme e inabalável, pois no Senhor ele diz que é possível vencer toda e qualquer situação.
 
A crise não nos pode conduzir ao desespero. A crise e a tragédia não podem fazer com que nossa fé fique abalada. Elas devem reflectir a firmeza que temos no Senhor. O salmista diz que, mesmo que andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, pois o Senhor estava com ele (Sl 23.4), a presença constante do Senhor. É o seu cuidado constante. Jesus prometeu que sempre estará connosco (Mt 28.20). Não desespere. Confie no Senhor.
 
Exulte no Deus da sua salvação. Como pode ser que alguém no meio da crise e da fraqueza esteja alegre? Quem está em Cristo sabe que está no caminho certo. Tem segurança e certeza de vida. Quem está no Senhor tem perdão. O anúncio do nascimento do Senhor mostrou este facto “O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo: É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lc 2.10-11). Ser cristão é antes de tudo ser alegre e feliz no Senhor. É viver a vida não fincada neste mundo e preso as coisas terrenas, mas na certeza de que o Senhor está a tomar conta das nossas vidas. “O evangelho é alegria, a alegria de conhecer a Deus e o seu poder. Uma alegria que não pode ser quebrada por sofrimento algum. Saber que Deus tem tudo em suas mãos é suficiente para nos levar a viver de bem com a vida.”[6]
 
Confie no Senhor e diga como Neemias: “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força.” (Ne 8.10). Não se deixa abater, não deixe de investir no Reino de Deus e na vida da Igreja. A força deve estar no Senhor. Esta é a base da nossa terceira lição. Veja o que o profeta diz que devemos estar firmes. Mas diz o porque.
 
3 – Devemos ficar firmes no Senhor porque Ele é a nossa força 19
 
Notem a declaração de confiança do profeta: O Senhor Deus é a minha força. Quem vive na força do Senhor, vive em segurança, vive com firmeza. Não há porque desanimar. Quem tem o Senhor como o Senhor da sua vida. Quem se relaciona com Deus e não com a religião e com um conceito de Deus, pode ter segurança.
 
Note que o profeta diz que o Senhor fará os seus pés como o da corça. Habacuque pensa no salmo 18.33. Fala da segurança que o Senhor dá aos seus. Dá vitória que Ele concede ao seu povo.
 
Muitas vezes estamos cansados, parece que já não temos forças. Não aguentamos mais a situação que estamos a viver. Estamos a orar e a clamar e Deus permanece quieto. Mas quando o Senhor fica em silêncio é porque vai realizar grandes coisas. Queridos, Paulo também teve suas lutas. Ele orou e orou e Deus não lhe respondia. Contudo, quando o Senhor lhe respondeu, ficamos a saber uma das coisas mais belas que há nas Escrituras. Por favor, vejamos o que o próprio Paulo disse: “E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte.” (2 Co 12.7-10). A graça de Deus é suficiente. Quando abrimos mão da nossa resistência, quando desistimos de lutar e permitimos que a graça actue, somos fortalecidos. É o Senhor quem nos fortalece. É o Senhor quem nos capacita a continuar em frente. É esta a declaração de Isaías: “Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor.” (Is 40.29). Seja fortalecido pelo Senhor. Não tente lutar nas suas próprias forças, mas permita que o Senhor lhe conceda força. Permita que o Senhor lhe dê vigor para continuar em frente.
 
Ser fortalecido pelo Senhor é ser elevado. É ser posto nos lugares altos. É estar onde os inimigos não podem nos alcançar. É interessante que depois das lutas e dos questionamentos Habacuque firmou-se no Senhor e cantou sua fé de modo consciente. Talvez estejamos a enfrentar o mesmo problema de Habacuque diante da crise, mas olha para as respostas do Senhor. Confie no Senhor e permita que Ele o eleve acima dos seus inimigos e das crises da vida.
 
O Senhor nos faz andar em segurança. Reflictamos bem nestas palavras. “Quão plenas de significado são essas palavras e quão bem elas resumem o propósito de Deus em seus tratos com Israel, seu escolhido. Deus fez tanto para esse propósito em épocas passadas – fora do Egito, através do deserto, na terra, fora dos cativeiros, no meio de perseguições – mas acima de tudo no Calvário, quando o Messias de Israel, o Senhor Jesus Cristo, deu-se a si mesmo pelos pecados deles.”[7] O sacrifício do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Deus que agiu no passado é o Deus que age no presente e agirá no futuro.
 
O Senhor nos eleva, nos faz assentar nas regiões celestes com todas as bênçãos. É isto que nos diz Paulo: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para connosco em Cristo Jesus. (Ef 2.4-7). A Igreja é de cima. A igreja vive na força do Senhor. Ela é vitoriosa, não porque tenha condições de o sê-lo, mas o é pela graça de Deus que age nela e através dela.
 
Guisa de Conclusão
 
Firmes no Senhor e pelo Senhor.
 
Não desanime por causa da crise. Não se deixe abater porque não consegue ver perspectivas melhores. Pare! Olhe para trás e veja todo o cuidado de Deus. Agora, olhe para sua vida e veja como Ele tem tomado conta de si. Olhe para frente e siga confiante.
 
Queridos, estou a pastorear a Igreja de Coimbra. Quando lá cheguei vimos que necessitávamos investir em pessoas e em obras. Temos feito isto. Já gastamos muito dinheiro (graças a Deus não disseram que queremos deixar os cofres da igreja vazios), mas por incrível que pareça, quanto mais investimos, mais o Senhor nos abençoa.
 
A crise real, a igreja está a senti-la, mas a crise é uma grande oportunidade de mostrar nossa firmeza no Senhor e de ser canal de bênção para muitos outros também.
 
É nesta hora que a Igreja deve mostrar que a graça do Senhor nos basta.
 
Firmes no Senhor, é o desafio que temos pela frente. Firmes e confiados na manifestação da graça do Senhor que nos fortalece e nos faz andar em segurança.
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
 
 
 
 
 
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[1] SOUZA FILHO, João A. de, Violência tem solução? 1ª Edição, Editora Betânia, Venda Nova, MG, 2002
 
[2] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Habacuque nosso contemporâneo, 2ª Edição JUERP, Rio de Janeiro, 1992
 
[3] Op.Cit.
 
[4] Op.Cit.
 
[5] PAPE, Dionísio. Justiça e Esperança para Hoje: A Mensagem dos Profetas Menores, 3ª Edição ABU Editora, São
 
Paulo 1993
 
[6] Op.Cit.
 
[7] FEINBERG, Charles L. Os Profetas Menores, -- Editora Vida, Miami, Flóriada

11/6/05 Queridos, Como amanhã não irei pregar, tomo a liberdade de enviar a pastoral que escrevi para a igreja. Um grande abraço, nEle, Marcos
 
 
07. Ser Pastor (11/6/05)

 
Ser pastor em primeiro lugar, é ser humano. Alguém que vive os mesmos dilemas que qualquer membro da comunidade cristã vivencia. É viver a vida com graça, a manifestar a graça do Senhor, mesmo quando as circunstâncias são adversas.
 
Ser pastor é ter a consciência de que foi escolhido por Deus, para fazer parte do grupo que exerce o mais excelente ministério (1 Tm 3.1). É fazer parte do grupo que desiste dos seus sonhos profissionais e de sua carreira para sonhar os sonhos que o Senhor tem traçado para sua própria vida.
 
Ser pastor é doar-se aos demais. É ser uma pessoa aberta e sempre acessível aos seus irmãos e também ao seu próximo. Isto implica, muitas vezes ter que abdicar de horas de sono. É necessário em muitos casos, vencer o seu cansaço para poder ajudar alguém ou até mesmo ter uma palavra amiga para uma pessoa aflita ou alguém que está em sofrimento.
 
Ser pastor é ser mensageiro de Deus. Anunciador das boas novas. É ser uma voz que clama com ousadia. Muitas vezes, a mensagem será dura, outras promoverá conforto e consolo. Muitos compreenderão os seus pecados e render-se-ão aos pés do Salvador. Ser pastor é ser voz e nada além disto.
 
Ser pastor é ser guia. O pastor segue o caminho antes dos demais. Orienta os seus irmãos e mostra-lhes qual o caminho que deve ser seguido. Isto significa que, enquanto todos estão em segurança, muitas vezes o pastor está a percorrer o pântano tenebroso para poder conduzir o rebanho ao qual serve em segurança (Sl 23.4). Ele não abandona os seus, está presente na hora da angústia a guiá-los em segurança.
 
Ser pastor é chorar em silêncio. É sofrer sozinho. É ser alguém que tira forças de onde muitas vezes parece que já não existe nenhuma para poder fortalecer os que em sofrimento lhe procuram. É ser consolado pelo consolo e conforto que vê que promoveu na vida dos seus irmãos. É alegrar-se na vitória daqueles que ele tanto ama.
 
Ser pastor é ser membro de uma família. É ser marido, pai, amigo e pastor dos mesmos. É ser presente, mesmo quando o tempo parece ser tão pouco. É ter a coragem de parar para poder ser pai e marido. É simplesmente ser.
 
Ser pastor é fundamental e acima de tudo, é ser um cristão salvo pela graça do Senhor Jesus. É alguém que compreendeu que sua vida não faz sentido sem a comunhão e intimidade com o Senhor e o seu povo.
 
De um pastor que procura no dia-a-dia ser um pastor segundo a vontade do Senhor!
 

Pr. Marcos amazonas dos Santos

06. Igreja: Uma família para as famílias (29/5/05)
Texto: Romanos 12.9-21
 
 
Introdução
 
Estamos a pensar na família. Fizemos uma introdução a todo o estudo que é a base de todos estes estudos. O tema foi: Reflectindo sobre a Família. É muito importante reflectir sobre a família, mas reflectir dentro da perspectiva do Criador. Sendo assim, vimos no primeiro estudo o seguinte:
 
1) Família deve reflectir a imagem de Deus e sua soberania (Gn 1.26-31).
 
2) A família é o lugar onde a solidão é banida e o companheirismo e compromisso são valorizados (Gn 2.18-25).
 
3) A família vive sob a influência da queda que trouxe maldição à toda criação (Gn 3.1-13;20).
 
Partimos do ideal de Deus, o projecto inicial e vimos o que a queda fez com a humanidade. É sobre isto que temos meditado. Vimos que o pecado afectou toda a criação do Senhor. A humanidade ficou corrompida. Em consequência disto tudo foi afectado. Os relacionamentos foram modificados. A relação do homem com Deus foi quebrada. A relação do homem com a mulher ficou abalada. É por este motivo que vemos muitos lares a serem destruídos. É por isso que vemos a violência a imperar em nossos dias.
 
Nossa sociedade é injusta. A injustiça social é gritante em nosso meio.
 
A justiça social faz com que a violência aumente. Vivemos de crise em crise e isto acontece por causa do pecado. É em consequência à queda.
 
Muitas vezes pais fecham os olhos para o que está a acontecer com os seus filhos. Não percebem que eles estão a ser agentes activos da violência. Violência gera violência. Quem é violentado na área social vai produzir violência física muitas vezes.
 
Mas por quê estou a falar tudo isto? Onde isto se relaciona com o tema da mensagem?
 
Quero dizer que isto está intimamente relacionado com a igreja. Não o conceito muitas vezes distorcido que temos de igreja como sendo um lugar para pessoas boas. A igreja é lugar de acolhimento. É o lugar para os que estão doentes e necessitam de cura. Veja as palavras do Senhor Jesus: “Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.” (Mc 2.16-17; Mt 9.10-13). A igreja é para quem necessita ser curado. Quem reconhece que tem um problema sério chamado pecado e necessita ser perdoado por Jesus. Tens consciência disto?
 
Na realidade o que quero dizer é que só faz parte da igreja quem chegou com suas mazelas e lavou-as no sangue de Cristo. Quem foi santificado (purificado), justificado (inocentado) em o nome do Senhor Jesus e no Espírito de Deus. A igreja é a comunidade dos “ex”. É a comunidade dos que deixaram suas mazelas e foram lavados pelo precioso sangue de Jesus (1 Co 6.9-11). Fomos feitos novas criaturas (2 Co 5.17) e agora caminhamos em novidade de vida.
 
Qual é o nosso conceito de Igreja? Qual o teu conceito de Igreja?
 
Meu conceito de igreja é o seguinte:
 
Igreja é o ideal de Deus para o mundo. Ser igreja é ser família. Somos filhos do mesmo Pai. Tratamo-nos por irmãos. Sendo assim, devemos agir como membros da mesma família. Somos família através do sangue precioso de Jesus e nada poderá quebrar esta união que existe entre nós.
 
A questão que devemos responder é a seguinte:
 
Como podemos como igreja ser família para as famílias?
 
1 – Seremos uma família para as famílias quando o amor for uma realidade 9-11
 
Amor não é sentimento. Amor é acção. É atitude positiva em relação ao outro. Note que o texto diz que o amor não deve ser fingido (tem que ser sem hipocrisia). Geoffrey B. Wilson cita o comentário Vine e diz o seguinte: “O amor cristão, quer dirigido aos irmãos, quer aos homens em geral, não é um impulso advindo das emoções, não corre sempre de acordo com as inclinações naturais, não se derrama apenas sobre aqueles com quem alguma finalidade é descoberta.” (Vine) E é assim porque o amor cristão é sempre modelado em uma experiência do amor sacrificial de Deus, um amor que não olha em momento algum para o merecimento ou não de seus objetos (cf 5:8).”[1]
 
Amar é ter acções que se tornam em acções positivas em relação aos outros. É o que nos diz Paulo no capítulo 5.8: “Mas Deus dá prova do seu amor para connosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” E se assim é, como é que nós provamos o nosso amor?
 
1.1 – Quando aborrecemos o mal e agarramo-nos ao bem v.9 – O texto diz que devemos rejeitar o mal. Devemos aborrecer o mal. Temos que virar completamente nossas costas ao mal. Isso só é possível quando amamos o Senhor. Veja o que o Salmista diz: “Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade.” (Sl 119.104). O salmista diz que para vivermos este amor não fingido devemos conhecer a Palavra do Senhor.
 
O que estamos a dizer é que devemos agir com amor e isto significa que não devemos valorizar defeitos. Não podemos depreciar as pessoas por causa das suas falhas. Desprezamos o pecado e amamos o pecador. Jesus mostrou esta realidade de modo muito claro (Jo 8.1-11). Ele condenou o pecado da mulher samaritana, mas amou a pecadora. O amor de Jesus a restaurou. É este amor que devemos nutrir uns pelos outros.
 
1.2 – Quando desejamos estar juntos v.10 – Note que o texto diz: preferindo-vos em honra. É desejar a exaltação do outro. A uma correlação com o versículo anterior. “O amor referido no versículo 9 é o amor demonstrado aos nossos semelhantes e, neste contexto, refere-se particularmente ao amor manifestado na comunidade da igreja. Porém, neste e nos versículos seguintes são mencionadas diversas expressões desse amor. É evidente que nesta instância a comunhão dos santos é vista como um relacionamento familiar, que, por isso mesmo, exige aquilo que corresponde, na vida da igreja, a afeição que os membros de uma família mantêm uns pelos outros.”[2] O que está a ser dito aqui é que as pessoas que aqui chegam devem sentir o amor. Elas necessitam ver que realmente nos amamos. Se uma pessoa que nunca ouviu falar de Jesus entrasse na igreja e ouvisse a mensagem de amor da graça, será que ela poderia conciliar a palavra com as nossas vidas?
 
O texto diz que devemos nos amar cordialmente. Pedro diz o seguinte: “tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” (1 Pe 4.8). O termo ardente é intenso. A ideia no grego algo forçado, no sentido de esforço. Atletas que estão a se preparar para competições e estão a se esforçar ao máximo para estarem preparados. Sendo assim, Pedro estar a dizer-nos que devemos nos esforçar para estar juntos dos nossos irmãos e a demonstrar amor a eles. É fácil de compreendermos o porque disto: “Se há um tempo em que necessitamos nos unir, este dia é hoje. Não brinque com o inimigo. Este é o momento de permanecermos unidos. Não desperdice seu precioso tempo criticando outros cristãos. Não perca seu tempo criticando outra igreja de outro pastor. Passe seu tempo animando uns aos outros, em fervente amor.”[3] Deseje estar com as pessoas, mas deseje estar com elas para demonstrar amor autêntico e verdadeiro.
 
1.3 – Promovendo cuidado v.11 – Aqui há três ideias. Elas mostram como devemos agir e o porque deste agir. Primeiro diz que devemos nos esforçar com diligência. É necessário amparar uns aos outros. Há momentos que necessitamos consolar uns aos outros (Is 40.1). Infelizmente, é triste reconhecer isto, mas muitas vezes falhamos nesta área. Para ilustrar este facto quero contar-vos uma história. Um pastor que amou sua igreja e o trabalho pastoral. Sempre apoiou seus colegas. Ficou doente e não pôde mais participar das reuniões da ordem dos pastores. Ele teve que deixar o ministério pastoral. Sua igreja continuou apoiando-o. Amparando-o. Seus colegas, salvos raríssimas excepções foram visitá-los em seu leito de dor. Não foi demonstrado cuidado. Entretanto, Paulo diz que devemos ser fervorosos no cuidado. É esta atitude que fará com que nossa vida devocional está a espelhar aqui que realmente somos. Nossas palavras condizem com nossas acções.  Tudo o que fazemos deve ser feito no Senhor. É preciso entender que as pessoas são nossa prioridade. Vivemos para as pessoas. Como disse Swindoll: “Preocupar-nos com as pessoas, interessando-nos de fato por seu mundo, sua situação e seus cuidados, ainda é o método mais eficaz de ganhar os perdidos.”[4]
 
2 – Seremos família para as famílias quando nos identificarmos com as necessidades reais das famílias 12-17
 
Não podemos viver isolados do mundo. Não podemos viver presos a uma micro ética. Se agirmos assim, não atingiremos as pessoas. Nossa visão é muito reducionista. Nós, os evangélicos, estamos sempre preocupados com o pecado pessoal – mentir, adulterar, etc. – mas raramente levantamos nossa voz contra as estruturas sociais pecaminosas. Isto porque a própria igreja usa dessa estrutura social para enriquecer a si e também à sua instituição.”[5] Devemos tocar no cerne da questão. Temos que aprofundar a coisas.
 
Como é que nos identificamos com as pessoas?
 
2.1 – Quando partilhamos as alegrias vs 12;15 - Eis aqui algo muito complicado. Alegrar-se com os que estão alegres. Talvez alguém diga que isto é fácil, mas é extremamente complicado. É complicado por causa do pecado que nos destruiu. Paulo toca numa questão delicada. O ciúme e a cobiça. “O maior problema de todos é o do ciúme e da inveja. Pode-se dizer que o mais alto que uma pessoa natural pode subir é a evitar a inveja, e mesmo isso é quase impossível. Pode-se chegar ao estágio em que não é demonstrada inveja, mas existe uma real diferença entre demonstrar e não sentir. A questão é que não devemos nem sentir inveja. No entanto, isso é negativo, enquanto o apóstolo é bastante positivo. Diz ele que você deve ter prazer positivo na alegria do seu irmão na fé; você deve realmente envolver-se em sua felicidade e alegrar-se com o sucesso ou com o que quer que seja que o esteja levando a alegrar-se. A ação negativa não é o suficiente.”[6] Devemos nos alegrar genuinamente com os nossos irmãos. As alegrias e conquistas deles devem ser nossas alegrias e conquistas.
 
2.2 – Quando partilhamos as tristezas vs 13-15 – Partilhar é dividir. É poder fazer com que a dor do outro se torne mais leve. Acudir é socorrer. Chorar é prantear, entristecer juntamente. Isto só é possível acontecer se houver identificação. Se nos pusermos no lugar do outro. Para ilustrar esta situação vou partilhar uma experiência pessoal. Quando minha mãe faleceu, estávamos na igreja e muita gente chegava, falava a tentar nos consolar. Entretanto, veio uma irmã muito querida, missionária norte-americana, Doris Bellington, deu-me um abraço e calda chorou comigo. Minha dor e tristeza foram partilhadas ali naquele momento. Ela foi sensível o suficiente para compreender o momento. A igreja necessita ter esta capacidade de sentir com. Necessita partilhar a tristeza, suavizar a dor. Se fizer assim, será família para as famílias.
 
2.3 – Quando partilhamos nossos bens e vidas v 13 – Agora a coisa complicou. Partilhar um pouco de mim tudo bem, mas dos meus bens é mais complicado. Será que não pensamos assim?
 
Jerry White escreveu o seguinte: “Os verdadeiros cristãos abrem suas vidas aos outros. Permitem que eles invadam sua privacidade e tomem seu tempo. Deixam que olhem dentro dos recantos privados de sua vida. Os lares estão sempre abertos aos outros e a agenda se ajusta às necessidades alheias. Restringem suas liberdades pessoais. Permitem que os outros influenciem suas escolhas relacionas à diversão e outras atividades.”[7] Entregue-se aos demais, seja família para eles.
 
2.4 – Quando partilhamos nossa vida espiritual vs 12,16-17 – Perseverar na oração. Acomodando-se as coisas simples. Isto só é possível em consequência desta vida íntima de comunhão com o Senhor. Quando se vive o compromisso de um relacionamento íntimo com o Senhor e permitimos que Ele nos oriente. Quando procuramos nossos irmãos para que nos ajudem e nos orientem naquilo que temos dúvidas. Ninguém é igreja sozinho. Igreja é família. E se os que chegam destroçados, destruídos pelo pecado virem que somos esta família que se ampara e pára para meditar no que o Senhor tem preparado para nós, eles desejarão fazer parte desta família. É fundamental, partilhar a vida espiritual. O Senhor Jesus disse o seguinte: “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide (indo), fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.18-20). É uma caminhada de partilha.
 
3 – Seremos família para as famílias quando aprendermos a vencer as nossas lutas 18-21
 
Paulo era muito lúcido. Era uma pessoa muito sensata. Ele reconhecia a dificuldade da caminhada cristã. Note que ele diz que há crises na vida familiar da igreja. Ele não escamoteia, mas mostra que devemos nos esforçar para que a paz reine em nosso meio.
 
Como é que vencemos as nossas lutas?
 
3.1 – Quando nos esforçamos para manter a paz v. 18 – É o desejo de não alimentar a confusão. Esforçamo-nos para não ficar com relacionamentos partidos. Lutamos para que possamos continuar os laços de amizade, mas note que Paulo diz que muitas vezes não é possível. O cristão esforça-se para promover a paz. Enquanto estiver nele e depender dele e lutará pela paz. Ser família para as famílias é ser um pacificador (Mt 5.9). Um cristão procura estar em paz com todas as pessoas (Hb 12.14). Ele tem consciência que isto é testemunho. Quando as pessoas verem esse ambiente de paz, desejarão fazer parte desta família.
 
3.2 – Quando não alimentamos sentimentos de vingança v. 19 – Não fica bem um cristão iracundo. Não fica bem viver em uma família quezilenta. Não buscamos a vingança porque o verdadeiro amor, o amor que devemos nutrir uns pelos outros perdoa. Como Paulo escreveu em Coríntios: “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;” (1 Co 13.7-8). Quem vive este amor consegue ultrapassar as traições da vida. Sente o amor do Senhor e se deixa encher deste amor para poder perdoar o que parece imperdoável.
 
Quem não se vinga é porque está cheio do amor do Senhor. É uma pessoa que compreendeu que deve fazer o mesmo que o seu Senhor. Reflicta no seguinte: Se Jesus perdoou todos os seus pecados, tudo quanto você já fez, quem é você para não perdoar o pecado do seu semelhante?
 
Se vivermos esta realidade de perdão, as pessoas encontrarão na igreja uma família.
 
3.3 – Quando demonstrarmos generosidade e benignidade vs. 20-21 – Paulo diz que não devemos ser destruídos pela força maléfica que rege este mundo. Ele diz que devemos vencer o mal com o bem. Essa vitória passa pelas atitudes que temos diante dos outros.
 
Se tens consciência de quem é o teu adversário e ele está em aflição, ajuda-o. Sê presente na vida dele e propicia-lhe o melhor.
 
Não é apenas não se vingar, mas é ser generoso e bondoso para com aqueles que nos ferem. Se as pessoas nos virem manifestar um amor autêntico, elas reconhecerão o Senhor em nosso meio e entregarão suas vidas Ele. Como é que temos agido?
 
Qual tem sido nossa atitude em relação aos que nos perseguem?
 
Estamos a ser uma família coesa a reflectir a luz do Senhor?
 
Guisa de Conclusão
 
Igreja, uma família para as famílias. Este é o desafio que temos.
 
Aqui, pessoas chegam destroçadas. Muitas com famílias desfeitas. Outras trazem sua raiva e ressentimento. A revolta é uma realidade, mas quando aqui chegarem devem ser contagiadas pelo amor e graça do Senhor Jesus.
 
Aqui elas devem sentir o fluir do perdão. Não podem ser julgadas, mas amadas e acolhidas. O perdão deve ser uma realidade na vida de todos.
 
Se isto for real, seremos uma família para as famílias.
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
 
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[1] WILSON, Geoffrey B. Romanos: Um Resumo do Pensamento Reformado, 1ª Edição, PES Editora, São Paulo 1981
 
[2] MURRAY, John. Romanos 1ª Edição Editora FIEL, São José dos Campos  - SP, 2003
 
[3] SWINDOLL, Charles R. Renove Sua Esperança, 1ª Edição Editora ATOS Belo Horizonte, MG 1999.
 
[4] SWINDOLL, Charles R. A Noiva de Cristo,  -- Editora Vida, São Paulo, 1996.
 
[5] SOUZA FILHO, João A. de, Violência tem solução? 1ª Edição, Editora Betânia, Venda Nova – MG, 2002
 
[6] LLOYD-JONES, D. Martyn, Romanos: exposição sobre o Capítulo 12. O comportamento Cristão, 1ª Edição PES
 
Editora, São Paulo, 2003
 
[7] WHITE, Jerry E., O poder do compromisso: como pessoas comuns podem causar um impacto extraordinário no
 
Mundo, 1ª Edição Editora Textus, Niterói – RJ, 2003

05. Fique Atento (22/5/05)

Texto: 1 Samuel 11.1-27
Introdução
 
Este texto na minha opinião depois de Génesis 3 é o texto mais triste de toda a Escritura. É um texto que mostra o processo da queda de mudo cru. Um homem que deixa de lado toda a sua relação com Deus para viver um momento de prazer. Momento este que vai trazer consequência para o resto da sua vida.
 
Este texto é de uma actualidade impressionante. Notem como ele reflecte o que se vai na nossa sociedade. O texto mostra traição e violência. Um homem que procura viver o seu prazer, sem se preocupar com mais nada. É o que a nossa sociedade preconiza.
 
Além da violência, o quê é que mais vemos nos filmes e nas telenovelas?
 
Traição!
 
Vivemos numa sociedade que faz culto à traição e a violência. A sociedade apresenta-nos isto como algo normal e natural. Mas este não é o padrão de Deus. Contudo, David, o nosso herói, o escolhido do Senhor, falha.
 
Notem que ele fracassa na área familiar. Falha como marido, como pai. Fracassa como amigo. É uma tragédia nas suas relações. Foi um homem que se corrompeu de uma maneira terrível e toda a sua família sofreu por causa disso. Sua família e seus amigos.
 
A grande questão é a seguinte: Como fazer para evitar que esta tragédia nos atinja?
 
A reflectir na vida de David, eu encontro as seguintes respostas para esta pergunta:
 
1 – Procure evitar ficar desocupado 1-2
 
Note como começa o texto. Era a época em que os reis saíam para guerra. Era época de estar no campo de batalha, mas David não foi. Ele enviou o seu general e ficou em Jerusalém. Ficou a descansar. O rei estava sem fazer nada. Não se preocupou em ir à guerra, não quis saber o que acontecia. Ficou em casa para poder ter tempo para si próprio.
 
O versículo 2 mostra como David estava sossegado, sem se preocupar com nada. A ideia é que o rei tirou férias. O texto diz que numa tarde o rei se levantou, foi para o terraço contemplar o seu reino. Foi vislumbrar suas terras e tudo que havia conquistado. De repente, David olha para o quintal do vizinho. Ele vê uma mulher que está se lavando. Ele fica encantado, pois ela era muito bonito.
 
Não esqueça que mente vazia é oficina de Satanás. David viu aquela mulher e desejou-a.
 
Duas coisas ficam claras aqui.
 
Primeira. David falha porque não está onde deveria estar. Ele tinha que estar no campo de batalha.
 
Segunda. David falha porque está sozinho. Onde está a esposa de David? Ele acorda, sai para passear sem ninguém. Ele está a enfrentar o problema da solidão. Apesar de ter várias mulheres, ele as deixou e agora está só. Se calhar as mulheres estavam a fazer os seus trabalhos, mas ele estava só, de férias de tudo e de todos, até mesmo de Deus. Este foi o grande erro de David.
 
Como somos parecidos com David. Será que não somos apanhados a cometer estas mesmas atitudes de David?
 
Qual é a nossa atitude quando vemos uma mulher bonita a passar por nós? O que pensamos?
 
Qual é o pensamento quando passa um homem bonito?
 
Será que não saímos para contemplar as coisas sozinhos, sem levar nossa família e muito menos Deus e aí somos agarrados pelas nossas concupiscência?
 
David, não imaginava o que iria lhe acontecer, mas a verdade é que ele ao ver aquela mulher foi seduzido não por ela, mas por ele mesmo e por sua própria imaginação. Sendo assim, muito cuidado para onde estás a olhar.
 
2 – Evite a ideia de que tudo é permitido
 
O pecado cega. David perdeu todos os seus valores. O homem que sempre buscou a orientação de Deus, que compôs salmos belíssimos e que nos encantam até hoje é retratado aqui na sua fragilidade. Um homem que vai de um erro para o outro se medir as consequências do que está a fazer.
 
David age impulsionado pela sua natureza humana. Como homem, nascido em pecado, concebido em pecado (Sl 51.5). Esta é a natureza humana. Somos conduzidos pelo pecado. O pecado é o nosso grande adversário. Todos nós somos pecadores e podemos falhar (Rm 3.23). É só a graça do Senhor que pode nos restaurar e nos fazer novas criaturas (2 Co 5.18).
 
Olhe o texto e veja as similaridades que ele tem com Génesis 3. O pecado envolve os cinco sentidos. É igual ao que Eva faz.
 
David viu. Desejou e procurou dialogar para saber quem era.
 
David ouviu. Ele escutou o que os servos lhe disseram. Ele escutou o que a própria mulher lhe disse.
 
David tocou. Ele se aproximou da mulher, tocou-a. Sentiu sua pela.
 
David cheirou. Ele saboreou o perfume que a mulher estava a usar. Se deixou levar pela fragrância suave que a mulher usava.
 
David provou. Ele degustou da mulher. Ele desfrutou dela, saboreou-a.
 
Na mentalidade do rei, tudo era permitido. Ele tinha autoridade sobre todo o povo. Sendo assim, ter escolhido aquela mulher não havia mal nenhum.
 
Agora note a rede de informação que David cria para concretizar o seu plano. Ele pergunta quem é e depois manda chamá-la. Possui a mulher e quando lhe é dito que ela está grávida manda chamar o seu marido. Ele arma um esquema para que Urias durma com sua esposa e assim tenta encobrir o seu erro. Note a atitude de Urias. Veja que carácter, que ética tem esse homem. Ele dorme à porta da casa real. Os informantes de David contam-lhe o que sucede. David chama-o e pergunta porque ele não foi dormir com sua mulher. Vejam a resposta de Urias: “Respondeu Urias a David: A arca, e Israel, e Judá estão em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao relento; e entrarei eu na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Como vives tu, e como vive a tua alma, não farei tal coisa.” (2 Sm 11.11). O homem mostra mais amor a Deus, aos seus companheiros de luta do que o próprio rei. Ele tinha um trabalho a executar e não podia desfrutar de prazer naquele momento.
 
David chamou-o novamente. Embebedou-o para ver se ele ia para casa, mas nada. O homem até embriagado não perdia a consciência. Ele sabia que seu lugar era no campo de batalha. O mesmo lugar onde deveria estar David. Agora David trava uma outra batalha para fugir de um escândalo.
 
Urias não cede. Sendo assim, David escreveu uma carta, a enviou para Joabe. A carta era a sentença de Morte de Urias. David teve que matar Urias e outros homens de seu exército para poder justificar o seu erro. David pensava que podia fazer qualquer coisa sem prestar contas a ninguém.
 
Muitas vezes pensamos da mesma maneira que David. Nossa mentalidade é a do eu é que sei. Não pedimos conselhos de ninguém. Em nossa vida ninguém tem o direito de opinar. Sabemos de tudo. Somos os donos da verdade. Mas a situação é bem diferente. O capítulo 12 nos mostra o profeta Nata a falar com David. E mostra-nos o que aconteceu com a criança e com a vida de David.
 
O que estou a dizer é que precisamos compreender o seguinte:
 
1) É falso o conceito de que tudo é permitido. Há coisas que são proibidas e que não podemos fazer. O Senhor não permite.
 
2) Tudo o que fazemos tem consequências. Nossos erros trarão consequências devastadoras em nossas vidas.
 
Não siga o exemplo de David e evite o conceito de que tudo é permitido.
 
3 – Procure priorizar sua família
 
Já falei que David está sozinho. É isto que nos diz o texto. 
 
David é um homem que não valoriza sua família. As tragédias acontecem e ele fica calado. Não corrige os filhos. Trata os filhos com desprezo. É uma pessoa que ama, mas ama só para si mesmo. Creio que esta atitude de David está relacionado com sua própria vida. A Bíblia não diz, portanto sou eu a especular. Creio que David foi um filho desprezado pelos pais e pelos seus irmãos. Com que base afirmo isto?
 
Leia atentamente 1 Samuel 16.1-13. Samuel foi a Belém oferecer, convidou Jessé e toda sua família, mas Jessé não se lembra do filho mais moço. Os irmãos não falam do menino. É Samuel quem pergunta se há mais algum filho. David leva este estigma na sua vida. Ele passa para os filhos. Note que ele não valoriza os filhos, não os corrige. Os filhos fazem o que bem entendem. David é um pai distante. Foi um filho que viveu distante de tudo e de todos, agora é um pai e marido distante. David era fraco na condução de sua casa. Era omisso, não corrigia os filhos.
 
David é um pai ausente. O filho mais velho Amnom viola sua meia irmã Tamar e depois a despreza (2 Sm 13.11-15) e David não diz nada. Não corrige o filho, e não tem uma palavra de consolo e conforto para a filha. É o irmão dela que a leva para viver com ele. Passaram-se dois anos e David não fez nada. Absalão então fala com o pai para ir à festa da tosquia. David diz que não, pois não deseja ser pesado ao filho. Este então solicita que Amnom possa ir com ele. David pode até ter desconfiado de alguma coisa. Disse que não, mas depois cedeu e enviou todos os seus filhos.
 
Absalão deu ordem aos servos para que ficassem atentos, pois quando Amnom estivesse bêbado eles deveriam matá-lo. Quando isto acontece, os irmãos todos fogem.
 
Notícia ruim anda a galope. Dizem a David que Absalão matou todos os seus filhos. É uma grande tristeza para ele. Ele rasga sua roupa e os servos fazem o mesmo. Entretanto Jonadabe, irmão de David diz que só morreu Amnom, pois Absalão tinha decidido isto desde o dia em que Tamar foi violentada por Amnom (2 Sm 13.32-33).
 
Absalão fugiu e ficou três anos sem ver a face do seu pai. Ele fugiu e nada foi feito para corrigi-lo (2 Sm 13.38). David mandou chamar Absalão de volta. Absalão foi pai de três filhos e uma filha que recebeu o nome de Tamar. Ele fica dois anos em Jerusalém e o pai não tem a coragem de ir vê-lo. Absalão sem aguentar a situação, chama Joabe para falar com o rei, para que este o receba ou então que o mate (2 Sm 14.32). David chama o filho e quando o recebe dá-lhe beijo. Não há reprimenda. Não há correcção.
 
Absalão faz uma revolta e procura destronar o pai. (2 Sm 15). Possui as concubinas do pai. O que David fez em secreto lhe é feito publicamente (2 Sm 16.22). Houve guerra entre Pai e filho. O exército de David avançou contra Absalão. David disse que deveriam tratar Absalão com brandura (2 Sm 18.5). A batalha não foi favorável a Absalão e ele fugiu. Como tinha o cabelo muito comprido, ficou preso pelo cabelo, pendurado no galho de uma árvore. Joabe foi lá e com os seus mancebos matou Absalão (2 Sm 18.9-15).
 
David entra em desespero e chora pela morte do filho (2 Sm 18.33). É interessante, David teve muitas oportunidades de estar com o filho e mostrar-lhe carinho, não o fez. Agora chora. Não valorizou a família. Não deu atenção aos filhos e viu a tragédia abater-se sobre o sue lar. Agora não adianta chorar.
 
Será que como pais estamos agindo como David?
 
David não priorizou sua família. E nós o que temos feito?
 
Guisa de Conclusão
 
Fique atento, pois o fracasso pode trazer consequências desastrosas para a vida dos seus filhos.
 
Faça um exame de consciência. Pensa para onde estás a olhar.
 
O que estás a ouvir?
 
É fundamental que se tenha um sinalizador a dizer: “cuidado!”
 
Lembre-se do seguinte: “O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver com os pais que têm.
 
Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender.”[1]
 
Fique atento, ouça o que o Senhor tem para lhe dizer sobre a família.
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
 
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04. A busca (15/5/05)

Texto: Génesis 24.1-67
 
Introdução
 
Temos meditado sobre a família. Temos visto qual é o projecto de Deus para as famílias. Até aqui, vimos que família é coisa séria. Foi instituída pelo Senhor muito antes da queda (Gn 2.24).
 
A bênção do Senhor se consuma na família. Família é criação de Deus. Ele deve ser o seu Sustentador (Sl 127.1). É verdade que a família foi afectada pela queda. “Agora homem e mulher se escondem do seu Criador, embora continuem “ouvindo sua voz”, não porque Deus apareça condenador, mas porque o homem e a mulher já não podem aceitar-se a si mesmos: “estavam nus”; homem e mulher se distanciam, agora se acusam, isto é, já não se vêem como iguais. Entretanto, cremos que o efeito mais pronunciado se nota no manejo das diferenças. Estas perdem seu caráter de “idoneidade” e se convertem em motivo de conflito. A mulher, antes vista como “companheira”, é agora a causa do problema, “a mulher que me deste por “companheira” (Gên. 3:17). O homem deixa de ser o companheiro que olhou de forma certa, conforme o projecto de Deus e, em consequência, a recebeu (Gên 2:23); agora se converte em ser “acusador”, incapaz de assumir responsabilidade e manejar autonomia. A sexualidade, elemento que fazia possível a complementaridade, isto é, elemento que os aproximava, que lhes tornava primeiramente casal, agora desaloja, dissocia e desequilibra. A mulher ficará dividida entre duas direções, ou dois imãs; uma a atrai para seu marido (Gên 3:16) e outra que a atrai para sua autonomia.”[1] A queda criou confusão na família. Contudo, o projecto do Senhor para família continua a ser o mesmo. A redenção nos capacita a viver o ideal familiar que foi traçado antes da queda. “O advento da nova era em Cristo suscita o aparecimento da “nova humanidade” (Gal 3:28). As divisões dadas ao longo da história desaparecem (raça, sexo, classe). A unidade e eqüidade de Gênesis é restaurada em Cristo: “não há varão nem mulher”.”[2]
 
A família é restaurada pelo Senhor. Nós devemos compreender que “o lar cristão é a arena onde se demonstra, nas regiões celestiais, a viabilidade, exeqüibilidade e propriedade dos projectos de Deus para suas criaturas. Na família está sendo atestado que no Senhor há salvação; e onde ele estiver presente, onde for invocado como Senhor terá suas relações horizontais também restauradas (Ef 2:16-22). E nessa vitória estará Satanás sendo “publicamente exposto ao desprezo” (Col. 2:15) e justamente condenado (1Co 6:3), por não ter podido (ou querido), como nós, aceitar a oferta de reconciliação, a mão estendida do Altíssimo. E a família, como célula mater de todas as sociedades que o homem haverá de desenvolver, passa a ser um campo de batalha do Reino.”[3] É neste contexto que devemos ver o nosso texto.
 
Aqui há um pai preocupado com o futuro do filho. Um pai que sabe que os seus dias estão a chegar ao fim e no campo de batalha deseja que o filho esteja bem preparado. Abraão, que já estava na sua velhice, busca uma esposa para o seu filho. Notamos que Abraão já está velho, não pode sair para ir ele mesmo em busca de uma esposa. Contudo, chama o seu servo, que alguns entendem ser Eliézer (Gn 15.2) e este faz um juramento solene (47.29) com o seu senhor. Este acto de por a mão debaixo da coxa envolvia o toque das partes vitais de uma pessoa, ligadas à procriação (46.26). Compromisso assumido deve ser levado até o fim. O servo assim faz. Entretanto, o que isto tem haver connosco. Qual a relação disto com o mês da família?
 
Quais são as lições que este texto nos apresenta?
 
As respostas que apresenta aqui são para os pais, mas elas devem se reflectir na vida dos filhos. Vejamos portanto o que aprendemos com este texto:
 
1 – Pais devem investir na vida dos filhos para que estes conheçam à vontade do Senhor 1 – 9
 
Se lermos os versículos atentamente, diremos que não há nada que diga isto. É verdade, mas implicitamente encontramos a obediência. Filhos que compreendem à vontade do Senhor sabem que devem obedecer os seus pais.
 
Abraão está preocupado com o futuro do seu filho. Está a pensar com quem seu filho irá casar. É interessante, pois ele não deixa que este assunto seja uma decisão única e exclusiva do seu filho. Podem dizer que é da cultura da época, mas se olharmos mais adiante veremos Esaú e notaremos que ele fez suas opções sem procurar saber a vontade dos seus pais.
 
Observemos aqui três coisas muito importantes neste processo do discernir a vontade do Senhor
 
Abraão diz a seu servo que a jovem deve ter a mesma origem que ele. Será que Abraão está a ser racista? Claro que não! O pensamento é o de pureza, mas muito mais do que pureza racial é pureza espiritual. Esta é a ideia de Paulo quando escreve aos Coríntios: “A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” (1 Co 7.39). Abraão foi um homem de visão. Ele sabia que uma relação com valores diferentes corromperia o seu filho. Nós costumamos dizer que Salomão foi o homem mais sábio que houve, mas note que ele foi corrompido pelas suas mulheres e por causa disto a idolatria entrou em Israel e mais tarde o povo foi levado para o cativeiro. Veja o que diz o autor do livro dos reis: “Pois sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e seu coração já não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o de David, seu pai.” (1 Rs 11.4). Ele deixou de ser íntegro diante do Senhor. Abraão estava preocupado com esta realidade. Nós pais temos pensado nesta realidade?
 
Estamos preocupados no sentido de ver com quem os nossos filhos estão a se relacionar. Será que permitimos que eles estejam a namorar com pessoas que não servem ao Senhor? Cuidado, pois o resultado pode ser trágico!
 
Outra realidade que é dita aqui é que Isaque não voltasse atrás. Aqui é bom reflectir nisto. O cristão caminha para frente. Não olha para trás. Nós deixamos o pecado e para lá não podemos tornar. O Senhor havia prometido aquela terra a Abraão. Ela era dele por promessa, voltar atrás era renunciar o que Deus lhe havia dado. Entenda o seguinte: “Quem pactua com Deus não volta para trás. Só há um lugar para olhar: para a frente, na direção das promessas e do plano de Deus. “Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). Sabedores disso, nós descendentes de Abraão, devemos dizer: “Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma” (Hb 10.39).[4]
 
Não podemos voltar para trás. Nossa vida se projecta para a frente. É isto que nos ensina o apóstolo Paulo: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prémio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.13-14). Ensine seu filho a seguir em frente e não a voltar para trás.
 
Uma terceira coisa que notamos é a certeza de que Deus está na situação. Veja o que Abraão diz ao seu servo no versículo 7. Ele diz claramente que o Senhor vai agir. Ele mostra sua confiança e fé no Senhor. Ele está a dizer a mim e a cada um que devemos manter nossa confiança no Senhor. Devemos entregar a vida dos nossos filhos nas mãos do Senhor. Note que o servo sai, é alguém da confiança máxima de Abraão. O futuro de seu filho está em suas mãos, mas Abraão sabe que o servo está nas mãos do Senhor.
 
O servo obedece o que seu senhor diz. O filho obedece as instruções do pai. Aguarda pacientemente. Isaque pelas experiências que passou com seu pai sabia que o melhor que há na vida é estar no centro da vontade do Senhor. Que experiências temos passado com os nossos filhos?
 
É bom que compreendamos o seguinte: “É na família que se manifestam, com maior intensidade, os padrões de relacionamento idealizado pelo Criador. É no seu ambiente de trabalho e solidariedade que desabrocham e se desenvolvem os dons, as aptidões, as vocações, os sonhos e projetos de vida, os alvos, os desafios e a esperança. É nesse ambiente de amor e respeito que surgem as condições de formação de uma psique saudável, de uma auto-estima equilibrada e emoções bem estruturadas.”[5] Para que isto seja uma realidade, pais devem investir na vida dos seus filhos para que estes conheçam à vontade do Senhor.
 
2 – Pais devem investir na vida dos filhos ensinando-os a saber o que Deus tem preparado 10-21
 
O servo segue o seu caminho. Vai procurar uma esposa para o filho do seu Senhor. É interessante ver que o servo não tem o Senhor como seu Senhor. Ele ora ao Deus do seu Senhor. Não é o seu Deus. Mas ele vê em Deus o único que pode lhe conduzir em segurança. É engraçado, pois muitas vezes aqueles que não tem compromisso com o Senhor, temem e honram mais o Senhor do que o seu próprio povo. Lembro a letra da canção Gente Humilde que diz: “E eu que não creio, peço a Deus por minha gente”[6] É triste ver que muitas vezes os que não se relacionam com Deus mostram mais fé do que o próprio povo de Deus.
 
Olhemos para o texto e vejamos os passos dados por este servo e aprendamos com ele.
 
Ele nos ensina a apresentar a situação ao Senhor (12-14). Ele sabe que o seu projecto só será concretizado se Deus estiver presente na situação. Ele clama ao Senhor e pede que o Senhor intervenha. Não uma pessoa que tenta fazer tudo sozinho. Ele reconhece suas limitações. Deixe-me perguntar isto: Tens orado pelos teus filhos e pedido que o Senhor conceda a pessoa que Ele tem escolhido? Estás a apresentar a vida do teu filho diante do altar do Senhor?
 
Louvo a Deus pelo movimento Desperta Débora, pois mulheres decidiram interceder pela vida dos seus filhos. Mulheres que compreenderam que é importante que seus filhos estejam a viver dentro da vontade do Senhor, por isso, elas estão a interceder por eles.
 
Abraão garantiu ao servo que o Senhor enviaria o seu anjo a frente. O servo ora ao Senhor. “A oração não consiste em você tentar comover a Deus. Orar, entre outras coisas, é ser envolvido nos caminhos e nas atividades de Deus. Ele dirige os negócios do universo, e ele o convida a participar desse domínio através da oração. A intercessão consiste em Deus e você, em sociedade, trazerem os Seus planos perfeitos.”[7] Foi isto que fez o servo de Abraão. Ele intercedeu.
 
Sua intercessão foi específica. Ele não é genérico. Não é globalizante. Muitas vezes nós temos orações que não dizem nada. São elucubrações vazias, palavras sem nexo. Necessitamos ser específicos, principalmente quando é a vida dos nossos filhos que estão em risco.
 
O servo ora e nos ensina que devemos ficar atentos ao que acontece. Surge uma jovem, ele vai até ela e lhe fala conforme à oração. Ele fica a observar atentamente o que está a acontecer. Ele poderá as coisas com calma. Não é apressado. Fica em silêncio a observar o que se passa, não age precipitadamente. É uma pessoa comedida.
 
Outra realidade que vemos é que precisamos nos certificar para sabermos se realmente é a vontade do Senhor (21). O servo quer ter certeza de que o Senhor é quem está a agir. Não deseja tomar nenhuma decisão precipitadamente. Espere, deixe o Senhor confirmar todas as coisas. Ele não deixará dúvida no assunto.
 
Queridos, é bom que entendamos que devemos interceder pelos nossos filhos. Tenhamos consciência de que: “O que Deus pode fazer pelo homem é testemunhado na família que o invoca como Senhor. Ela é, por isso, uma agência do Reino neste mundo. Como tal, ela não pertence a si mesma, é um “consulado” do Reino, credenciado para representá-lo.”[8]
 
Não deixe de interceder pelos seus. Mostre ao mundo que sua casa é uma agência do Reino. Busque a orientação do Senhor.
 
3 – Pais devem ensinar os filhos a reconhecer o agir de Deus nas suas vidas 23-53
 
Quando o Senhor age Ele não deixa dúvidas. Deus não é Deus de confusão. Ele faz tudo de modo claro. O servo ficou a observar, a ponderar no seu coração. Depois pergunta de quem ela é filha. Quando ela responde ele louva o Senhor. Por que ele faz isso?
 
Deus manifesta sua vontade de modo claro. Ele compreendeu a vontade do Senhor. Ele tinha consciência de que Deus o havia guiado em segurança e no caminho correcto. Ele não duvida. A vontade de Deus nuca produz confusão na nossa vida. Paulo nos diz que o seu desejo é que “experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2). A vontade de Deus é boa. Sendo assim, peça ao Senhor que a vontade de Deus se concretize na vida dos seus filhos.
 
O texto também no diz que se somos fiéis ele nos conduz no caminho direito. O servo obedeceu o seu senhor. Confiou no que lhe disse Abraão. Orou ao Senhor e esperou uma resposta do Senhor e foi recompensado. A nossa fidelidade faz com que trilhemos um caminho mais seguro. Faz com que cheguemos aos nossos objectivos, quando estes estão dentro da vontade do Senhor de modo mais rápido. Não estou a dizer nenhuma loucura. Basta olharmos para o povo de Israel no deserto. A infidelidade deles, fez com que peregrinassem 40 anos no deserto. Se estamos a falhar, devemos nos arrepender e pedir perdão ao Senhor. O Senhor fará a sua vontade na vida dos nossos filhos apesar das nossas deficiências, pois: “se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo.” (2 Tm 2.13).
 
Quando Deus age, Ele não deixa dúvidas. Todos compreendem a vontade do Senhor. O irmão e o pai reconheceram que a mão do Senhor estava presente naquele assunto. Eles não poderiam negar o agir de Deus.
 
Quando o senhor actua ele tira todas as dúvidas. Ele nos deixa completamente esclarecidos. Para vermos isto de modo bem claro vamos ver a história de Gideão. Note o diálogo e como o Senhor age de modo claro:
 
“Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar enxuta, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim foi; pois, levantando-se de madrugada no dia seguinte, apertou o velo, e espremeu dele o orvalho, que encheu uma taça. Disse mais Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira se ainda falar só esta vez. Permite que só mais esta vez eu faça prova com o velo; rogo-te que só o velo fique enxuto, e em toda a terra haja orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo estava enxuto, e sobre toda a terra havia orvalho.” (Jz 6.36-40)
 
Gideão não teve dúvidas e se rendeu à vontade do Senhor. O servo de Abraão e os pais de Rebeca e seu irmão e ela própria não tiveram dúvidas da vontade do Senhor. O Senhor não vai deixar dúvidas. Ele vai manifestar sua vontade de modo claro. O Senhor não deixa dúvidas!
 
4 – Pais devem orientar os filhos a celebrar o projecto de Deus 51-67
 
Muitas vezes os pais oram pelos filhos. Intercedem e o Senhor responde, mas quando chega o momento de permitir quer os filhos celebrem o projecto de Deus, criam barreiras. Note que no versículo 55 eles tentam impedir a jovem de seguir com o servo de Abraão. Está tudo bem, o Senhor agiu, mas pode esperar um pouco mais. Será que não agimos assim também?
 
O que devemos compreender é o seguinte:
 
Para que haja celebração há um caminho a ser percorrido. Veja que o servo pede para regressar. A mãe e o irmão tentam reter a jovem. Mas o caminho tem que ser trilhado. Pais devem compreender quando chega o momento da partida. Quando chega a hora dos filhos seguirem seu caminho. Se assim não for, não poderá acontecer a celebração. Devemos permitir que os nossos filhos quando se encontram no centro da vontade do Senhor trilhem o caminho da celebração.
 
Entretanto, é bom notar que para que haja celebração é necessário deixar sua comunidade. Rebeca deixa sua família. Ela aceita seguir com o servo de Abraão. Aqui voltamos ao princípio o deixar pai e mãe. Ela segue para estar com aquele que vai ser seu marido. Eles irão formar um novo núcleo familiar. Para que isso aconteça é fundamental romper com os laços do passado. Ele segue em frente. Não olha para trás, vai ao encontro daquele que o Senhor preparou para ela.
 
Agora note, ela vai ao encontro do seu amado. O amado está só, sai ao campo para meditar. Ele sente que falta algo na sua vida. Ele é um ser incompleto. Não pode celebrar, pois é uma pessoa só e triste. Mas sua amada vem a caminho.
 
Aqui é outro aspecto importante que não podemos esquecer. Para que haja celebração é necessário se encontrar e ser consolado. Isaque tinha perdido a mãe. Estava só e triste. Agora ele encontra sua esposa. Ele vai deixar seu pai, vai unir-se a ela. Ele está rompendo os seus laços com o passo de criança. Este corte causa dor, por isso é necessário consolo. Rebeca o consola e o ampara. Ele a consola e ampara. Ele dedica-lhe o amor que ela necessita.
 
Eles se realizam e vivem uma história de amor até a chegada dos filhos.
 
Pais invistam na vida dos vossos filhos. Intercedam por eles.
 
Guisa de Conclusão
 
Deus valoriza a família. O Senhor deseja lares que desfrutem do amor e das bênçãos que Ele tem preparado. O Senhor já deixou tudo claro para nós. “O Deus que criou o homem deixou explícitos os fundamentos do relacionamento familiar. Ser um servo de Deus atuando na família envolve desempenhar um papel especial (de filho, esposa, pai ou qualquer outro) de acordo com a concepção do roteiro inspirado. Não existe outro meio mais poderoso de dar testemunho à sua família, ou ser um agente divino de transformações e curas dentro dela. E lembre-se: qualquer que seja o seu papel, ele não inclui o de ser um juiz e crítico de todas das questões.”[9]
 
Viva em família. Desfrute da família. Intercede por sua família. Invista na vida dos seus filhos e interceda por eles.
 
Que seja assim e se faça assim, para honra e glória do Senhor Jesus, o Senhor da família.
 
 
 
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[1] LISBOA, Ageu Heringer (Coord.) Família: teologia e alternativas clínicas, 1ª Edição EIRENE, São Paulo, 1984
 
[2] Ibid
 
[3] AMORESE, Rubem Martins. Excelentíssimos Senhores, 1ª Edição Editora ULTIMADO, Viçosa MG, 1995
 
[4] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Gênesis II: capítulos 12-50 – JUERP, Rio de Janeiro
 
[5] AMORESE, Rubem Martins. Igreja & Sociedade; o desafio de ser cristão no Brasil do século XXI, 1ª Edição Editora
 
ULTIMATO, Viçosa MG, 1998
 
 
[7] WHITE, John. A Luta, 2ª Edição ABU Editora, São Paulo, 1994
 
[8] Op.Cit.
 
[9] Op. Cit




03. Reflectindo sobre a Família (01/05/05)
Texto: Génesis 1.26-31; 2.18-25; 3.1-13;20
  
Introdução
 
Este é o primeiro estudo de uma série que será ministrado. Quero reflectir sobre a família. É de suma importância que a igreja reflicta sobre a família e refaça alguns conceitos que tem sido veiculado através dos anos que reflectem uma postura errada de interpretar a Bíblia.
 
Este primeiro estudo servirá de introdução para os próximos estudos. Sendo assim, reflectiremos em três textos para vermos o processo inicial da família e o que aconteceu de errado. Nos próximos estudos veremos a questão da intimidade conjugal, a responsabilidade de cada um e também veremos as consequências da queda na estrutura familiar.
 
Quando olhamos para as estatísticas e vemos o aumento do divórcio e o decréscimo de casamentos temos que concluir que algo de errado está a acontecer. Ninguém entra para uma relação a desejar o fracasso. “Quando duas pessoas se casam, levam para dentro do casamento suas próprias histórias, seus padrões e seus modelos de funcionamento familiar. E uma expectativa muito grande de serem felizes.”[1]
 
Estamos partindo para um desafio ousado. Queremos reflectir sobre a família. Sendo assim, devemos saber o que queremos dizer com o termo família. Qual é o nosso conceito de família?
 
A palavra família é de origem latina (familia, ae), e é usada para definir um conjunto de pessoas que mantêm um vínculo doméstico, íntimo. Pode-se também denominar família um grupo de pessoas de determinada entidade; no nosso caso, a igreja, quando usamos a expressão “a família de Deus”. Mas a nossa abordagem nestes estudos é a família (pai, mãe, filhos) que convive no mesmo endereço, compartilha do mesmo nome, mesa, direitos e deveres. Portanto, usaremos a definição: “Família é uma comunidade constituída por um homem e uma mulher, unidos pelos laços do matrimônio e pelos filhos nascidos desta união.”[2]
 
Poderíamos tratar de outros tipos de famílias, mas nosso objectivo é reflectir baseados na Palavra de Deus. É claro que a igreja tem uma resposta para aqueles que por algum motivo, no decorrer da sua história foram abalados e tiveram sua história familiar destruída, mas isto trataremos mais adiante.
 
Devemos compreender o viver em família. Viver em família significa conviver com conflitos. “Não existe casamento sem conflitos, e solucioná-los faz com que as pessoas cresçam e se desenvolvam.”[3]
 
Nós não gostamos dos conflitos, mas eles existem. Surgem como consequência da queda. Entretanto, é bom notar o seguinte: “A família foi a única instituição criada por Deus antes da queda do homem, o que comprova que sua importância é fundamental no desenvolvimento humano. Ela não foi criada para o crente, mas para o ser humano. Por isso, não é de estranhar que algumas famílias não evangélicas tenham uma convivência saudável e decrescimento mútuo.”[4]
 
A família é de suma importância para a sociedade. Ela não é uma instituição humana. É divina, por isso, toda e qualquer análise e reflexão sobre a família deve ser feita baseada na Palavra de Deus o Criador e Sustentador da família e do universo.
 
É nesta perspectiva que desejo reflectir sobre a família. Sendo assim, vejamos o que aprendemos com estes textos:
 
1 – A família é o lugar que deve reflectir imagem de Deus e a sua soberania Gn 1.26-31
 
É interessante o que nos dizem estes versículos. Eles declaram que o ser humano, macho e fêmea foram criados à imagem de Deus. Não somente isto, foram criados para dominar tudo o que havia sido criado. Foram abençoados por Deus e deram prazer ao Senhor.
 
O que estou querendo afirmar aqui é que tanto o homem como a mulher, no projecto inicial de Deus foram criados em pé de igualdade. Foram criados com responsabilidades e ambos têm à imagem e semelhança de Deus.
 
A pergunta que devemos responder é a seguinte: O que significa a imagem e semelhança de Deus?
 
Vejamos as opiniões existentes:
 
Os termos, à nossa imagem, conforme à nossa semelhança, são caracteristicamente arrojados. Se a palavra imagem parece demasiado pictórica, há o restante da Escritura para governá-la. Mas de um só golpe ela imprime na mente a verdade central a nosso respeito. As palavras imagem e semelhança se reforçam mutuamente; não conta “e” entre as frases, e a Escritura não as emprega como expressões tecnicamente distintas, como querem alguns teólogos. Segundo estes, a “imagem” é a indelével constituição do homem como ser racional e não como ser moralmente responsável, e a “semelhança” é aquela harmonia com a vontade de Deus, perdida na queda. A distinção existe, mas não coincide com estes termos. Depois da queda, ainda se diz que o homem é segundo a imagem de Deus (Gn 9:6) e à sua semelhança (Tg 3:9). Nem por isso se requer dele que se refaça “segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3:10; cf Ef 4.24)[5]
Em que consiste nossa semelhança com Deus? Dentre outras que se possam levantar, talvez a mais importante seja a capacidade de livre-arbítrio com que Deus fez o homem; arbítrio esse que se revela na possibilidade concreta de optar e sobretudo na capacidade de amar.[6]
O homem é “imagem” (tselem) e “semelhança” (demt) de Deus. O que significam estes dois termos? Não se referem a imagem física, pois Deus é Espírito e não tem corpo. Os termos parecem sinônimos ou uma repetição para reforço (não aparece no texto hebraico o vav, partícula que corresponde à nossa conjunção “e”, como função de conetivo) e indicam a diferenciação entre o homem e o restante da criação. Quatro aspectos podem ser pensados aqui: Primeiro: somente o homem recebeu o sopro de Deus (2.7) e tem um espírito imortal. Segundo: somente o homem é um ser moral, diferente do resto da criação. Não precisa obedecer a seus instintos. Terceiro: o homem é um ser racional, com capacidade de pensamento abstrato e de produzir idéias. Quarto: o homem, à semelhança de Deus, passa a ter domínio sobre a natureza e seres vivos. Ele é representante de Deus no mundo, investido de autoridade e domínio. Ele é divinamente comissionado para sujeitar a terra. O hebraico é kibesheda, literalmente “pisar sobre”. Ele é o administrador de Deus na terra. Isso nos ajuda a entender os dois termos.[7]
Além destes conceitos creio que há mais um aspecto que foi esquecido aqui. É a questão do colectivo. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus no sentido de ser família e ser colectivo macho e fêmea. Note que Deus é Triúno. Há uma vida relacional na trindade, sendo assim, a coroa da criação deve espelhar esta relação no seu viver. Macho e Fêmea na intimidade familiar, na sua vivência espelham a imagem e semelhança de Deus.
 
O homem ao dominar sobre todas as criaturas reflecte à imagem e semelhança de Deus. A família que vive esta harmonia espelha a imagem do Senhor.
 
Este ser criado à imagem e semelhança do Senhor foi abençoado. Ser abençoado no Antigo Testamento não apenas receber coisas boas. No Antigo Testamento, o facto de ser abençoado implica em atribuir uma função ao abençoado e de forma ardorosa. A bênção que o Senhor concedeu ao casal foi o facto de desfrutarem do prazer um do outro e de dominar a terra e sujeitá-la. Quando o ser humano aceita esta realidade espelha à imagem e semelhança de Deus.
 
“Ao criar o homem à sua própria imagem, Deus fixou um abismo entre os animais e o homem, abismo esse que jamais será ultrapassado. Os animais sempre foram e sempre serão animais. O homem sempre foi e sempre será o homem. Isto é confirmado pela evidência dos fósseis. Ninguém jamais encontrou “o elo perdido” e ninguém jamais o encontrará porque ele está perdido! Ele não existe! Desde a criação, aproximadamente dez bilhões de seres humanos já nasceram e ainda assim, não há um único casa registrado de nenhum que tenha sido menos, geneticamente, do que um ser humano. O homem foi criado à própria imagem de Deus, completando a criação do meio ambientes.”[8]
 
Quando eu e você vivermos a realidade familiar, mostraremos ao mundo que somos imagem e semelhança do Senhor.
 
2 – A família é o lugar onde a solidão é banida e o companheirismo e compromisso são valorizados Gn 2.18-25
 
Olhemos para este texto com cuidado. A primeira coisa que notamos é uma análise séria de Deus. O Senhor avalia a situação do homem e diz que não é bom que ele esteja só. A solidão não é algo que faça parte do projecto do Senhor. A solidão machuca, fere. Adão estava só e Deus disse que não era bom que assim fosse.
 
O Senhor faz com que Adão durma profundamente e tira-lhe uma costela do lado e desta cria a mulher. Eis o primeiro clone da humanidade. Um clone geneticamente modificado. A mulher surge para prover comunhão ao homem. Ele tinha necessidade de comunhão e Deus preparou-lhe a grata surpresa de Eva.
 
O que nos diz o texto sobre as características da mulher.
 
Ela é companheira do homem. Ela vem é uma pessoa que está em competição com o homem. Ela é a companheira. É a ajudadora idónea. O que significa isto? É alguém que vai estar ao lado dele na administração do mundo. “O hebraico traz ezer kenegdô. Ezer é de onde nos vem “ebenézer” (eben, rocha, e ezer, proteção, refúgio, abrigo), expressão encontrada em 1 Samuel 7.12. Tanto ezer quanto kenegdô são substantivos. Quando aparecem dois substantivos seguidos no hebraico, há a figura chamada construto. Ela surge aqui, então. No construto, ezer significa “vigor, força, poder, firmeza”. A mulher é mais que uma auxiliadora (secretária, uma figura secundária, como na condescendente frase “ por trás de um grande homem existe uma grande mulher”). Ela é a força do homem, o seu vigor. Maridos que são bem casados, que amam suas esposas e as respeitam, sabem quanta força recebem delas. É preciso restaurar a figura da mulher, por vezes deslustrada até no nosso meio. Ela não é inferior nem o suporte do homem. É igual a ele e seu complemento. Este é o sentido de kenegdô: uma figura diante de alguém, em oposição (por diferente) e complemento. Uma palavra boa é “alteridade”, do latim alter, “outro”. Ela é o outro eu do homem. Sem ela, ele é incompleto.”[9]
 
O homem necessita da mulher. Ele só se realiza com a mulher ao seu lado. Deus mostra-nos aqui o companheirismo. Homem e mulher devem caminhar lado a lado partilhando alegrias e tristezas.
 
Mas se continuarmos a olhar para este texto veremos que o homem deixa pai e mãe e une-se à sua mulher. A ideia aqui é o compromisso. É o corte do cordão umbilical e o facto de que ele atingiu a maturidade para construir o seu núcleo familiar.
 
Quero aqui frisar e não de passagem que o texto diz para deixar pai e mãe. Há pessoas que casam e vão correndo viver com pai e mãe. Há pais que os filhos casam e estes oferecem uma casa ao lado da sua para ter o controle sobre eles e sobre os genros. A Bíblia mostra claramente que há um corte do cordão umbilical para que o casal possa viver sua intimidade e vida conjugal.
 
Uma das coisas que mais me chama atenção neste texto é o facto de estarem nus e não sentirem vergonha um do outro. Nós temos um problema sério para lidar com o nosso corpo. O texto aqui nos mostra o prazer que é desfrutado por homem e mulher. Mostra-nos que eles podem viver um diante do outro sem problema nenhum uma sexualidade saudável e isto não é motivo de vergonha.
 
Note que o texto diz claramente que serão uma só carne. Aqui o texto fala de intimidade. Fala da conjugação dos corpos. Muitos problemas poderiam ser evitados se as pessoas falassem e buscassem resposta na Bíblia. “A verdade é que a vida sexual do casal é algo reservado e íntimo, e por isso não precisa ser anunciado aos quatro ventos. No entanto, sabemos que muitos casais sofrem com dificuldades que têm nessa área, mas não falam a respeito.”[10] Ficar calado não resolve o assunto. Devemos compreender que o sexo é criação divina. O Senhor criou-o para ser vivido dentro da perspectiva familiar. Sendo assim, é importante compreender que: “O relacionamento sexual de um casal é puro e sem culpa. É a expressão da dualidade de sexos que Deus outorgou à humanidade, bem como da atracão natural (…)”[11]
 
O projecto de Deus é uma união responsável para ser vivida em companheirismo e com prazer.
 
3 – A família vive sob a influência da queda que trouxe maldição à toda criação Gn 3.1-13;20
 
Este é o capítulo mais trágico de toda a história da humanidade. Ele relata a queda. Mostra como o ser humano cedeu ao pecado na tentativa de ser igual a Deus.
 
Mas é a analisar este capítulo que encontramos a resposta para os problemas familiares que encontramos em nossos dias.
 
Notem que surge um diálogo entre a serpente e a mulher. A mulher se deixa seduzir e cede a tentação. Ela come do fruto e dá ao homem que também come. É fácil culpar a mulher, mas porque não há uma palavra de reprimenda de Adão? Por que ele aceitou tão facilmente o fruto que lhe foi oferecido? Se calhar, ele também estava a desejar comer daquele fruto fazia tempo.
 
Agora vejamos os factos importantes para a realidade familiar. Deus aparece e chama o casal. Questiona-os pelo facto do que se passou. O Senhor pergunta a Adão: “Comeste da árvore que te ordenei que não comesses?”
 
A resposta é interessante: “A mulher que me deste por companheira deu-me da árvore e eu comi.” O que Adão está a dizer é que a culpa é de Deus. Contudo, ele não se preocupa com o que Eva esta a sentir. Ele apenas deseja tirar a culpa que o angustia. Ele diz abertamente eu não sou culpado pelo que aconteceu. Foi o Senhor quem ma deu, resolva o assunto.
 
A mulher culpa a serpente. Mas se olharmos atentamente, antes do diálogo com Deus, o texto diz que quando comeram perceberam que estavam nus e tiveram vergonha um do outro. O pecado é que causa vergonha e nos impede de olharmos um para o outro. É o pecado que cria uma barreira que nos impede de viver o padrão de Deus para nós.
 
O texto segue e surgem as maldições. A natureza passa a sofrer por causa do pecado humano. Toda a criação sofre, mas note o que é dito à mulher: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” (Gn 3.16). É deste ponto em diante que a mulher passa a ser dominada pelo homem. As feministas podem bem lutar, mas enquanto o pecado reinar no coração o humano a mulher estará sujeita ao homem. “O maior opressor das mulheres não é a política do governo, ou atitudes machistas, ou mesmo “um bom menino mais velho”, hierarquia ou ondas de leis injustas. É o pecado mesmo!”[12]
 
O versículo 20 diz que Adão chamou sua mulher Eva. Até aqui ela é apenas a varoa, aquela que veio do varão, mas agora recebe um nome. O seu nome é dado pelo seu marido. Qual o significado disto?
 
Aqui, ao dar um nome à mulher, Adão é colocado em posição de liderança, conforme mencionado no versículo 16. No mundo antigo, quando um rei colocava no trono um rei vassalo, geralmente lhe dava um novo nome, como demonstração de seu domínio sobre ele. Do mesmo modo, quando Deus estabeleceu sua aliança com Abraão e Jacó, Ele mudou os seus nomes.”[13]
 
Adão chama sua mulher de Eva. Ele havia terminado de receber a sentença de morte. Estava sendo expulso do paraíso, mas é interessante que mesmo sob o peso do pecado Adão vive sob o signo da esperança. Ela chama sua esposa de Eva. Eva quer dizer vida com forte ligação para vivente.
 
Mesmo sob o peso da maldição Adão, que um termo colectivo e significa humanidade depende da vida que é Eva. Ela surge dele, mas ele precisa dela. São interdependentes, mesmo tendo o pecado a pesar sobre eles.
 
A família vive sob o peso do pecado. Está morta em seus delitos e pecados, mas a vida deseja brotar na família. Jesus operou o seu primeiro milagre na família para mostrar que Ele é o único que pode restaurar a família.
 
A queda trouxe a maldição e a acusação. Trouxe o desentendimento à família, mas Jesus pode mudar esta situação.
 
Guisa de Conclusão
 
É de suma importância que reflictamos sobre a família. Devemos buscar respostas para os problemas que temos visto atacar a família. Precisamos entender que o problema da família não é um problema humano, mas um problema espiritual. Sendo assim, a solução deve ser espiritual.
 
O projecto de Deus para a família é um projecto ousado e maravilhoso. A queda tem embaçado este projecto, mas é possível para mim e para cada um que está aqui presente viver uma vida familiar dentro dos projectos de Deus.
 
Como podemos viver este projecto?
 
“Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.” (Sl 37.4-5). Alegre-se em Deus. Entregue sua vida ao Senhor. Permita que Ele seja o edificador de sua vida e família. O salmista diz: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” (Sl 127.1). A família só será realizada se for edificada pelo Senhor.
 
Deixe o Senhor edificar sua vida e sua família!
 
 
 
 
 
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[1] SCHWINGEL, Ruth M., Aprendendo a Ser Família – Editora Sinodal, São Leopoldo RS, 1994
 
[2] DUSILEK, Darci e Nancy. A família no Plano de Deus – JUERP, Rio de Janeiro, 1994
 
[3] Op.Cit.
 
[4] Op. Cit.
 
[5] KIDNER, Derek. Génesis: introdução e comentário 1ª Edição, Edições Vida Nova São Paulo, 1991
 
[6] AMORESE, Rubem Martins. Excelentíssimos Senhores, 1ª Edição Editora ULTIMATO, Viçosa MG, 1995
 
[7] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Gênesis I: capítulos 1-11 – JUERP, Rio de Janeiro, 1992
 
[8] LOTZ, Anne Graham. A História de Deus, 1ª Edição, CPAD, Rio de Janeiro, 2002
 
[9] Op.Cit.
 
[10] Op.Cit.
 
[11] Op. Cit.
 
[12] Op. Cit.
 
[13] WALTHON, John H., Comentário Bíblico Atos: Antigo Testamento – Editora Atos, Belo Horizonte, 2003


23/4/05 Queridos,
 
Hoje, daqui algumas horas estarei a pregar na muito amada igreja baptista de Oliveira do Hospital. Igreja que tive o privilégio de servir como pastor.
É uma alegria poder voltar para passar momentos de amor com aqueles irmãos.
 
Segue a mensagem que estarei a pregar.
 
Abraços,
 
Marcos
 
 
Texto: êxodo 6.1-13
 
02 . Tema: Obedeça o Senhor
 
Introdução
 
Este texto é fabuloso. O Senhor aparece a Moisés para reanimá-lo e dizer que faraó deixará o povo sair do Egipto. Onde o texto mostra Deus a reanimar Moisés?
 
Uma das coisas que sempre devemos lembrar é que a Bíblia deve ser interpretada no seu contexto. A Bíblia deve ser interpretada pela Bíblia. Notemos o que diz o capítulo 5.22-23: “Então, tornando-se Moisés ao Senhor, disse: Senhor! por que trataste mal a este povo? por que me enviaste? Pois desde que me apresentei a Faraó para falar em teu nome, ele tem maltratado a este povo; e de nenhum modo tens livrado o teu povo.” Moisés está triste e desanimado. Sente-se fracassado e queixa-se ao Senhor. Quantas vezes nós não nos sentimos assim?
 
O salmista mostra-nos esta realidade: “Com a minha voz clamo ao Senhor; com a minha voz ao Senhor suplico. Derramo perante ele a minha queixa; diante dele exponho a minha tribulação. Quando dentro de mim esmorece o meu espírito, então tu conheces a minha vereda; no caminho em que eu ando ocultaram-me um laço.” (Sl 142.1-3) Quando estamos nesta situação a manifestação do Senhor é única e particular. Moisés queixa-se, fala que tudo está a acontecer de modo contrário ao que o Senhor havia falado. O interessante é que “Deus não se ofendeu com o questionamento do servo Moisés e lhe respondeu de modo a confortá-lo e a reanimá-lo para continuar em sua missão. Deus revelou-se paciente e compreensivo. Deus sabe das limitações humanas; sabia que Moisés não poderia, ainda, entender sua maneira de agir, nem alcançar totalmente sua intenção.”[1]
 
Deus nos conhece muito bem! O Senhor sabe das nossas limitações. Mas se olharmos para este texto, veremos que o Senhor está a determinar as coisas a Moisés baseadas na sua aliança, cumpre a Moisés obedecê-las.
 
Quando o Senhor nos diz o que devemos fazer na sua Palavra, cabe a nós obedecermos aos desígnios do Senhor. Contudo, o que significa obedecer?
 
†                       Submeter-se à vontade de outrem;
 
†                       Reconhecer a autoridade, o poder de alguém;
 
†                       Estar dependente de um poder ou autoridade;
 
†                       Executar as ordens de alguém; cumprir; observar;
 
†                       Sofrer a acção de; ceder a; deixar-se guiar por[2]
 
É a pensar neste significa de obediência que desejo olhar para este texto e reflectir nas lições que nos são apresentadas. Sendo assim, vejamos quais os motivos que nos são apresentados aqui para que possamos obedecer o Senhor
 
1 – Obedeça o Senhor porque Ele revela o que vai realizar 1
 
Este versículo primeiro é de uma força impressionante. O Senhor diz a Moisés que não se preocupe. Ele declara o que irá fazer a faraó. O que o Senhor está a nos dizer é que nada acontece sem que o Senhor revele ao seu povo.
 
O Senhor está a animar Moisés e a declarar o seu triunfo sobre o Egipto. Nós como cristãos, podemos olhar para a Bíblia e ver o Senhor a declarar o seu triunfo sobre o pecado e sobre a morte. O livro de Apocalipse nos apresenta o Cristo glorificado, o Cristo triunfante. É muito triste ver pessoas a olharem para o livro de Apocalipse como um livro de desgraças e tragédias. O livro de Apocalipse é um livro de esperança para a igreja. Ali o Senhor está a revelar sua vitória sobre os seus inimigos. Ele revela sua vitória sobre os inimigos da igreja.
 
Deus sempre revela ao seu povo o que vai realizar.
 
O que acontece se obedecemos o Senhor?
 
O Senhor diz a Moisés: “verás o que hei de fazer a Faraó”. Quando obedecemos o Senhor podemos ver o seu agir, a sua actuação poderosa a libertar-nos daquilo que nos escraviza. O povo de Israel viu a actuação do Senhor no Egipto e nós onde necessitamos ver a actuação poderosa do Senhor?
 
Queridos, Deus sempre nos revela o que vai realizar na sua Palavra. A questão que nos fica é a seguinte: Temos nós meditado na Palavra do Senhor e visto o que Ele está a nos revelar?
 
Necessitamos de sensibilidade para em meio ao nosso desânimo e decepção poder ouvir à voz do Senhor. No meio do barulho da sociedade e da confusão dos nossos dias necessitamos estar atentos à voz do Senhor. É bom que saibamos que a manifestação do Senhor, se dá de modo peculiar. Quando estamos desanimados o Senhor aparece de um modo muito suave e tranquilo para falar connosco. Basta olharmos para a história de Elias no Monte Horebe (1 Rs 19.11-13). Deus se manifesta e encoraja Elias. Deus se manifesta e age na vida de Elias e deseja agir na minha vida e na tua vida. Devemos compreender que “a ação de Deus se manifesta através de gente assim – como Elias, você e eu – gente que oscila, claudica, ora está lá em cima, ora cá em baixo, ora nas nuvens, ora em abismos existenciais, profundos buracos negros. Enfim, gente que experimenta seu próprio estado psicológico com variações. Aliás, chego mesmo a crer que para que Deus nos use é preciso que sejamos capazes de experimentar depressão, tristeza, e imensa fraqueza. Em outras palavras: é necessário que sejamos humanos. Isso porque a graça só se aperfeiçoa quando encontra nossa real humanidade (II Co 12.6-9).”[3] É justamente nestes momentos de grande fragilidade que o Senhor manifesta a sua graça e mostra-nos o grande projecto que deseja realizar através das nossas vidas, mas para que isto se concretize devemos obedecê-lO.
 
2 – Obedeça o Senhor que se revela de modo Pessoal 2 – 8
 
Se atentarmos para estes versículos perceberemos que eles começam e terminam com a declaração de quem é o Senhor. O Deus Todo-Poderoso diz: “Eu sou o Senhor”. Deus está a utilizar o seu nome Yahweh ou Iavé. Este nome é conhecido como o tetragrama IHVH. Qual é o significado deste nome?
 
Vejamos alguns pensamentos interessantes como resposta a esta pergunta:
 
†                       traduz-se o Tetragrama do primeiro mandamento por «o Eterno». A palavra «eterno» significa «o que é de todos os tempos», nem mais nem menos. É uma das coisas que pode dizer-se de Deus.[4]
 
†                       Em Êxodo 3.13-15 lemos ´ehyeh áser ´ehyeh. Éhyeh é a primeira pessoa do imperfeito do verbo hebraico hayah, que literalmente significa “tornar-se”. O imperfeito indica indefinição e, portanto, a frase pode significar: “eu era quem eu era”; “eu estou sendo quem estou sendo”; “sou quem eu sou” (Êx 3.14) ou “eu serei o que serei” (Êx 3.12). Neste nome o Senhor revela o seu caráter imutável, inescrutável, insondável e incomparável. Deus não muda e nem deseja mudar Seus princípios, Seu caráter ou Seu eterno plano de salvação (Ml 3.6; Hb 13.8).[5]
 
†                       O uso do nome divino aqui é fundamental. Aos patriarcas, ele se revelara como El-Shaddai (Êx 6.3), mas agora se revela como Iahweh, o nome que ele se deu, ao ser inquirido por Moisés sobre qual o seu nome (Ex.3.13).
 
Detenhamo-nos aqui. A resposta divina foi EU SOU O QUE SOU (Ex. 3.14) A transliteração do hebraico é ´ehyeh asher ´ehyeh. Declaração vasta, riquíssima, que enche páginas de comentários. Uma abreviatura (ou contração) da frase toda seria Yahweh, “Eu sou” ou “Eu serei”. É o tetragrama sagrado e inefável, que transliterado nos daria YHWH (pois as vogais não existiam e foram inseridas, séculos mais tarde em formas de sinais, pelos massoretas, para facilitar a sua leitura). Para nós, um nome impronunciável. Dele Deus disse: “este é o meu nome eternamente, e este é o meu memorial de geração em geração” (Ex 3.15). [6]
 
†                       Quem é YHWH? Seja como for o que interpretamos, o Nome de Deus significa domínio absoluto: Aquele-De-Quem.Não-Há-Fuga. A ideia devia estar implícita já nas formas mais antigas desta narrativa da intervenção do Deus israelita nas questões humanas – é uma ideia à qual os Israelitas, em alturas diferentes, se habituaram.[7]
 
†                       O modo pelo qual os judeus pensaram em Deus reflete-se nos nomes quais eles se referiram e se dirigiram a Ele, e alguns deles podem ser aqui considerados antes de concluirmos este capítulo. Os nomes específicos são El, Eloá e Elohim, o último dos quais parece ser um plural de majestade, todos traduzidos como “Deus”. O primeiro também aparece na combinação El Shadai, um apelo ao Deus dos Patriarcas, geralmente traduzido como “Deus Todo-Poderoso”, mas de significado desconhecido. Segundo Êxodo 6.2, Moisés o substituiu pelo tetragrama IHVH – possivelmente pronunciado Iavé, cujo significado é igualmente incerto, apesar de a Bíblia o considerar derivado do verbo haia, “ser”, talvez no sentido de “Aquele Que É (o Eterno), talvez no sentido de “Aquele Que causa o Ser” (o Criador).[8]
 
O Senhor revela o seu Ser. Ele mostra-se como é e por isso nós devemos obedecê-lo. Deus é o Deus da aliança. É o Deus que ouve o clamor dos seus filhos e vem ao seu encontro. Ele é o Senhor que no presente nos mostra a vitória que executará no futuro. Nele podemos ter esperança e confiança. Ele está de braços estendidos. “Os egípcios estavam acostumados a ouvir falar do braço estendido do faraó realizando grandes feitos. Agora o braço estendido de Yahweh iria sobrepujar o braço de faraó. Deus está confirmando o cumprimento que fizera a Abraão, representado pelo gesto de levantar a mão (em direção aos céus).[9] Ele é o Deus de braços estendidos para garantir a nossa salvação. Jesus na cruz, de braços estendidos destrói o poder da morte, paga o preço pelas nossas vidas. Na cruz ele liberta-nos da nossa escravidão. É por isso, que Paulo diz que Jesus é o Senhor (Fp 2.11). “Quem conhece o Nome de Deus; quem conhece sua natureza, seu caráter, seus propósitos e seus métodos de operar no mundo pode submeter-se a ele fiel e confiadamente.”[10]
 
Obedeça o Senhor que se revela de modo pessoal. Ele não é um Deus desconhecido. Não é um deus distante. O Senhor deseja que tu o conheças de modo íntimo e pessoal. Ele quer que tu o conheças pelo próprio nome. Ele deseja que digas como disse Job: “Então respondeu Job ao Senhor: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este que sem conhecimento obscurece o conselho? por isso falei do que não entendia; coisas que para mim eram demasiado maravilhosas, e que eu não conhecia. Ouve, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me responderas. Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos.” (Job 42.1-5). O que Job nos diz é que viu o Senhor, conheceu-O de modo pessoal. É desta maneira que deves conhecer a Deus e se o conheceres assim, então obedecê-lo-ás.
 
3 – Obedeça o Senhor mesmo que as circunstâncias sejam adversas 9-13
 
Moisés tem que falar ao povo, mas o povo não crê no que Moisés diz. O Senhor então o envia para falar com faraó e Moisés diz que se o povo não crê nele muito menos faraó o crerá.
 
Agora veja o versículo 13. O texto diz que o Senhor ordenou a Moisés e a Arão e eles obedeceram. Apesar de tudo apontar para um fracasso retumbante, Moisés obedeceu o Senhor e falou os mandamentos do Senhor aos filhos de Israel e para Faraó, rei do Egipto.
 
Ele não ficou preso às circunstâncias. Não olhou aos perigos que isso envolvia. Ele simplesmente obedeceu o Senhor. Ele falou o que o Senhor determinou que ele falasse. Muitas vezes cantamos “não olhe as circunstâncias”, mas o facto é que olhamos e ficamos preso por elas. Pedro sempre foi muito ousado, era um discípulo que tomava a frente nas questões e situações. Quando Jesus vem andando sobre as águas ele pede para ir ter com o Senhor. Jesus diz que sim e lá vai Pedro a caminhar a olhar para Jesus e a obedecer o seu chamado. Mas de repente Pedro tirou os olhos do Senhor e fitou às ondas e começou a afundar. Pedro deixou-se levar pelas circunstâncias (Mt 14.25-32). Nós somos como Pedro, olhamos para as circunstâncias e não confiamos na voz do Senhor.
 
O Senhor nos diz que devemos obedecê-lo independente do momento que estamos a viver. Ele nos diz que devemos proclamar a sua Palavra ao nosso povo (igreja) e a faraó (incrédulos). Temos nós proclamado a Palavra do Senhor?
 
Deixem-me perguntar outra coisa: Temos nós meditado na Palavra do Senhor e alimentamo-nos dela? As pessoas só crerão se ouvirem uma palavra relevante e que seja considerada Palavra do Senhor. E aqui fica a advertência de Paulo: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rom 10.13-15).
 
Não fique imobilizado pelas circunstâncias. Proclame a Palavra do Senhor. Jesus quando estava subindo aos céus disse aos seus discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.19-20). Obedeça o que o Senhor está a lhe dizer para fazer.
 
Guisa de Conclusão
 
O Senhor é Deus que age. É Deus de acção. Ele não esconde nada do seu povo.
 
O Senhor mostrou que havia uma dívida a ser sanada e que Ele assumiu-a por nós e pagou-a com a sua própria vida (Rm 6.23).
 
Ele se revelou a nós na pessoa de Jesus Cristo. Ele é Emanuel, o Deus connosco. É Jesus a salvação do Senhor.
 
Ele deseja que nós O obedeçamos independente das circunstâncias que estejamos a viver. O Senhor deseja a nossa obediência. Ele não deseja tantas actividades, ele deseja obediência. Veja o que nos diz Samuel: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros.” (1 Sm 15.22). Sendo assim, obedeça o Senhor.
 
Que seja assim, se faça assim para honra e glória do Senhor.
 
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[1] LIMA, Delcyr de Souza. Êxodo I capítulos 1-19 – JUERP, Rio de Janeiro, 1993
 
[2] Dicionário da Língua Portuguesa, Edição Revista e Actualizada. Porto Editora, 2004
 
[3] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Elias está nas Ruas, 1ª Edição Editora Betânia, Venda Nova MG, 1990
 
[4] OUAKNIN, Marc-Alain, Os Dez Mandamentos – Círculo de Leitores, 2001
 
[5] REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos, 1ª Edição Edições Vida Nova, São Paulo, 1992
 
[6] COELHO FILHO, Isaltino Gomes, A Atualidade dos Dez Mandamentos – Exodus Editora, São Paulo, 1997
 
[7] CAHILL, Thomas. A Herança Judaica – Círculo de Leitores, 2000
 
[8] GOLDBERG, David J. RAYNER, John D. Os judeus e o judaísmo: história e religião, 1ª Edição Xénon Editora Rio
 
de Janeiro, 1989.
 
[9] WALTON, John., Comentário Bíblico Atos: Antigo Testamento – Editora Atos, Belo Horizonte, 2003
 
[10] Op.Cit.

17/04/05 Queridos,
 
Segue a mensagem que pregarei dentro de quatro horas.
Encerramos o estudo no livro de Malaquias. Se alguém não tem todas as mensagens e desejar receber é só enviar um email que enviarei as que estiverem a faltar.
 
Abraços,
 
Marcos
 
 
02. Tema: A Base da Estabilidade Familiar é a Palavra de Deus
 
Introdução
 
Hoje terminamos o livro de Malaquias. Percebemos a actualidade do profeta. Vimos que a realidade dos seus dias não é diferente dos nossos dias. As crises vividas nos dias de Malaquias são as crises que vive a igreja em nossos dias.
 
Sei que pareço duro, mas o laxismo dos dias de Malaquias é o mesmo laxismo que vemos em nossos dias. Este relaxamento começa pela liderança. Não me excluo, não quero acusar ninguém, estou a falar que o profeta está a chamar à nossa atenção como fez com o povo de Israel.
 
Notemos que o texto começa de modo enfático. Malaquias inicia com um imperativo: “Lembrai-vos”. O que ele está a dizer é que o povo deve trazer a memória à Palavra do Senhor. Agora, permitam-me perguntar o seguinte: Quem é que deve lembrar à Palavra do Senhor?
 
Se olharmos para o contexto do livro perceberemos que Malaquias está a dizer que os líderes religiosos devem se voltar para à Palavra. Está a dizer que o povo como um todo deve parar e se voltar para as Escrituras. É na Palavra de Deus que está a verdadeira orientação para a vida e a garantia de vitória.
 
Nós que estamos a viver dias conturbados, devemos nos voltar para a Palavra do Senhor. Devemos procurar meditar no que o Senhor tem preparado para nós nestes dias de liberalismo e secularização. É necessário firmeza e profundidade na Palavra para não cedermos ao liberalismo que reina em nossos dias. Não podemos aceitar com naturalidade que se fale em liberalização do aborto. Não podemos aceitar como algo normal a relação homossexual. Não podemos ficar quietos quando se fala da liberalização da droga e onde já se começa a falar de eutanásia. Nós como povo de Deus devemos levantar nossas vozes, não política, mas profética e anunciar os arautos do Senhor.
 
“Lembrai-vos da lei de Moisés”, este é o desafio que temos pela frente. Quando esquecemos à Palavra do Senhor, dizemos como o povo de Israel «Inútil é servir a Deus» (Ml 3.14). “Sempre que a adoração perde seu valor, instala-se o tédio e o sentido de inutilidade da vida se torna dominante. Inconscientemente ou não, mesmo as pessoas comuns percebem a ligação entre inutilidade – ou vazio – e a perda da adoração.
 
O vazio da vida espiritual traz sua consequência: Mais vazio. Quando vãs repetições tornam-se um hábito, voltamos a repetir, e o resultado é mais inutilidade.”[1]
 
A grande questão que devemos responder antes de olhar para as Escrituras é a seguinte: O que significa para nós a Bíblia? Somos daqueles que afirmam que a Bíblia é a Palavra de Deus, nossa regra de fé e prática?
 
Não podemos crer que isto não tem importância. É de suma importância saber o que pensamos da Bíblia. Sabe por que? “É na forma como a igreja olha para a Palavra de Deus, a ela se submete e nela busca por referenciais que reside a própria razão de ser e o próprio futuro da igreja.”[2] O povo de Israel desvalorizou a Palavra e virou às costas ao Senhor. Se deixarmos a Palavra corremos o risco de viver apenas uma liturgia vazia, sem efeito prático. Uma igreja sem a Palavra é uma igreja sem autoridade, pois “uma igreja que reduz ou relativiza a autoridade bíblica derruba um dos pilares centrais sobre os quais está edificada.”[3]
 
Malaquias estava chamando o povo à verdade. Queria que o povo recuperasse o conceito da autoridade da Palavra de Deus. Que o povo compreendesse o quão importante é viver sob a orientação dos Estatutos do Senhor. Esta deve ser a realidade da igreja também. “A mais poderosa atividade da igreja neste mundo é a proclamação da verdade, mesmo que isso atraia perseguição, como ocorreu muitas vezes através da História.”[4]
 
Hoje falamos que temos liberdade, mas qual é o preço da nossa liberdade? A Igreja Batista de Cambuí foi processada por ter publicado uma mensagem do seu pastor onde o tema abordado era a homossexualidade. Em consequência deste facto a Ordem dos Pastores Batistas e a Convenção Batista de São Paulo publicou um artigo intitulado: “Temos Permissão para Pregar?”, pois um pastor e a igreja foram levados perante o tribunal por interpretar a Bíblia como autoridade, como regra de fé e prática. Qual é o problema então?
 
Respondo esta pergunta dizendo que devemos compreender a sociedade em que vivemos. “Nossa cultura é pós-cristã. Isso não significa que não haja muitos cristãos; na verdade, há mais crentes hoje do que antes, especialmente nas nações não orientais. O que o termo pós-cristão quer dizer é que o cristianismo não tem mais um papel dominante na formação da vida cultural. As crenças e compromissos cristãos não têm a mesma presença pública que já teve.”[5] A religião foi retirada da esfera pública. A Bíblia já não é levada a sério e muitas vezes é desvalorizada pelo próprio povo de Deus. É isto que Malaquias está a falar. Ele diz ao povo e a nós: “Lembrai-vos da lei de Moisés”. Sendo assim, para que possamos voltar a consideração séria das Escrituras devemos meditar em quatro teses antes de continuar nosso estudo.
 
Afirmamos e buscamos a recuperação do “somente a Escritura”, uma das marcas distintivas da Reforma. Seria trágico manter esta confissão nos nossos escritos confessionais enquanto outros critérios e autoridades estejam sendo escolhidos no nosso processo decisório.
Queremos busca a interpretação das Escrituras pela própria Escritura. Neste processo, alguns textos, por vezes mais claros e óbvios, ajudam na interpretação de outros, às vezes mais difíceis. Respeitamos e afirmamos, pois, a unidade das Escrituras como a Palavra de Deus, segundo a afirmação da própria Reforma.
Embora a natureza humana seja afirmada, não se abre mão do fato de que é o Espírito Santo que, afirmando as Escrituras, provê orientação para fé e a vida. Não se pode, pois, afirmar que a Escritura não provê orientações claras em questões essenciais da vida.
Onde e quando a Bíblia fala, nós silenciamos.[6]
Não podemos esquecer esta realidade. Não podemos deixar de olhar para este texto como sendo Palavra de Deus. Cabe a nós, voltarmo-nos para as Escrituras e ver o que o Senhor tem preparado para nós. Sendo assim, vejamos as lições que estes versículos nos ensinam
 
1 – Somos chamados a olhar para a Palavra de Deus e fazer uma escolha 4
 
Este versículo é um resumo de todo o Pentateuco. O termo, lembrai-vos é típico do Deuteronómio. Aparece treze vezes ali e chama a atenção do povo para os actos de Deus. Não somente isto, o texto mostra que o povo deve considerar os estatutos do Senhor e os seus juízos. Sobre este aspecto vale a declaração de Baldwin que diz: “Estatutos e juízos, estritamente a lei geral e a lei específica, é uma maneira muito comum de se referir a toda a lei (Lv 26:46; Dt 4:1,5, etc, Ed 7:10,11, Ne 1:7, Sl 147:19). O nome Horebe como alternativa para Sinai muitas vezes é considerado deuteronômico, mas já ocorre em Êx 3:1, 17:6 e 33:6, e Sinai ocorre em Dt 33:2. Se Israel não der ouvidos à pregação de Malaquias, deve se lembrar que a lei de Deus foi prescrita, e as ordens de um grande Rei não são desprezadas impunemente.”[7]
 
Malaquias está a conclamar o povo a olhar para o passado, ver o que o Senhor fez e por causa disso, reconhecendo que é o Senhor entregar-se obedientemente a Ele. Malaquias diz ao povo para olhar para trás para assim, conclamá-lo a assumir um compromisso autêntico com o Senhor. Deus está a chamar o povo para servi-lo. Aceitar o chamado do Senhor é receber as bênçãos que Ele tem preparadas para o seu povo. Recusar é ficar sob a maldição do Senhor.
 
Malaquias está a dizer-nos que devemos optar entre o servir o Senhor ou seguir o nosso próprio caminho, mas que também devemos estar conscientes que a Palavra de que os que optam por servir o Senhor tem direito à vida, recebem as bênçãos do Senhor. Todos os que seguem os seus próprios caminhos estarão sujeitos à maldição (Dt 28.1-68).
 
Este foi o procedimento de Josué diante do povo. Falou que era necessário fazer uma escolha. Nós também devemos fazer uma escolha. Devemos olhar para a Palavra de Deus e ver se ela é relevante para nós e para nossas famílias e depois, conscientemente fazer uma escolha ou de servir ao Senhor ou então de virar as costas para Ele.
 
Quando Malaquias diz para o povo e para nós: «Lembrai-vos da lei de Moisés», a ideia é que não se pode adorar a Deus sem o conhecimento da Palavra. Não é possível adorar o Senhor sem conhecer a verdade. Só podemos conhecer a verdade examinando a Palavra.
 
Malaquias diz para olhar o passado. Olhar para a Palavra. Meditar no que foi ensinado. “O ensinamento é a semente plantada no coração e na mente, cujo fruto pode ser levado como sacrifício a Deus. Sem ensinamento, a colheita pode ser frustrada, senão inútil.”[8]
 
Deus diz que devemos olhar para trás, ponderar na nossa vida para que possamos decidir se queremos obedecê-lo. O Senhor deseja um culto sincero. Ele quer uma adoração autêntica. Qual será a nossa escolha?
 
2 – Somos chamados para olhar para as Escrituras e ver que elas testificam de Jesus 4-5
 
Agora encontramos Moisés e Elias. Há um encontro entre o passado e o futuro. Mas por que o termo futuro entra aqui? A melhor explicação é a contida na nota de rodapé da Bíblia TEB, das edições Loyola que diz o seguinte: “Na literatura judaica contemporânea dos inícios do NT, a pessoa de Elias ocupa um grande espaço como precursor do Messias. Jesus atesta que esta função foi cumprida por João Batista (Mt 17.9-13 par.: cf. Lc 1.17). A aparição de Elias ao lado do Messias transfigurado (Mt 17.1-8 par.) sublinha sua importância.”[9] As Escrituras são compostas pela Lei e os Profetas. O que é interessante notar que Moisés recebe a Lei no monte Horebe, ali recorda o povo dos estatutos do Senhor. Diz que este deve obedecer a Lei do Senhor. O povo se afastou dos caminhos do Senhor, Elias chama o povo à renovação. Ele enfrenta os 450 sacerdotes de Baal e os 450 profetas do poste-ídolo no monte Carmelo. Ali ele confronta o povo para que faça uma escolha entre o Senhor ou Baal. Elias tem uma grande vitória. Depois foge e vai se esconder numa caverna no monte Horebe e é aí que o Senhor o chama e o envia para cumprir o seu ministério. (1 Rs 18-19). Elias não viu a morte e este facto fez com que as pessoas acreditassem que ele viria para terminar o seu ministério. É por este motivo que ele aparece antes do «grande e terrível dia do Senhor».
 
Moisés e Elias juntos falam-nos da Lei e dos profetas. Esta junção de Moisés e Elias é muito interessante pois o Senhor Jesus disse o seguinte: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim.” (Jo 5.39). Quando olhamos para a Bíblia devemos procurar Jesus. Toda a Escritura vai ter que testificar do Senhor. A Escritura vai ter que nos apontar para a graça de Deus. Neste aspecto é interessante o que diz Isaltino: “ Moisés tipifica a Lei. Elias tipifica os Profetas. Em Mateus 17:5, eles estão com Jesus, no episódio da transfiguração. Lei e Profetas (a velha revelação) e a Graça (a nova revelação) estão presentes. Temos, então, a declaração do Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” A nova idade a ser inaugurada será regida pela voz de Jesus Cristo. O povo é exortado a lembrar a lei de Moisés e dos estatutos e ordenanças que o Senhor entregou em Horebe, mas como bem o dirá o Novo Testamento: “Porque a lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1:17). O Velho Testamento vai definindo a vinda súbita do Senhor e o Novo utilizará seus elementos para mostrar que Deus interveio na pessoa de Jesus de Nazaré. “E erguendo eles os olhos não viram a ninguém, senão a Jesus somente” (Mat. 17:8). É Jesus, e não Moisés e Elias, quem deve ser ouvido. É Jesus o foco de atenção na nova revelação, e não Moisés e Elias.”[10] Nosso objectivo quando abrimos as Escrituras é procurar por Jesus.
 
3 – Somos chamados para olhar para as Escrituras e ver que elas são o factor unificador da família 5-6
 
O texto aponta para o futuro e diz que o profeta Elias viria com uma missão específica. O Elias que é anunciado aqui é João Batista (Mt 11.14; 16.14; 27.47; Jo1.21). O grande e terrível dia do Senhor se deu em Jesus Cristo. A era messiânica inicia com a chegada de Jesus ao mundo. Contudo, notamos que o texto diz que o ministério deste novo Elias é a conversão dos pais aos filhos e dos filhos aos pais e isto para que o Senhor não venha e fira a terra com maldição.
 
Nós não podemos esquecer o seguinte: “No judaísmo, o lar era um centro de ensino sobre Deus e sua Palavra. A nova idade que Elias viria anunciar e que Jesus Cristo, o Messias, implantaria, teria uma mensagem possível de reunir toda família. Os laços familiares continuam sagrados na nova revelação.”[11] Veja que está ideia permeia o Novo Testamento. Note o que é dito em Actos: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (Act 16.31). A salvação é para ser vivida por toda família. Quem se converte deve ser uma testemunha autêntica da transformação que o Senhor efectua. Quem se converte, deve trabalhar para que seu lar se transforme num centro de proclamação da graça de Deus. Como afirmou Pape: “O bendito evangelho começa no lar. Se o evangelho não funcionar no lar, não funcionará em parte nenhuma. É curioso que muitas vezes a gente se esquece desta verdade fundamental. Há pregadores tão ocupados, salvando o mundo, que negligenciam seus próprios filhos. A mais bela expressão do evangelho é o lar feliz, onde pais entendem os filhos e têm tempo para eles, onde os filhos, cercados de amor, crescem no conhecimento de Jesus. Se os raios benditos de luz e amor que emanam do Sol da justiça não transformarem o lar do pregoeiro do recado divino, o mundo cético não acreditará.”[12] A ideia de Pape é fundamentada nos princípios bíblicos. Quando olhamos os textos que falam das qualificações de um ministro encontramos que ele deve governar bem sua casa e que tenha os seus filhos sob disciplina, com todo respeito e que seus filhos sejam fiéis (1 Tm 3.4; Tt 1.6). Sem a Escritura nossos lares serão destruídos.
 
Devemos reflectir o que nos diz o texto de Deuteronômio 6.1-9 que fala da relação familiar e do testemunho familiar. Devemos reflectir como é que estamos a viver o nosso compromisso cristão na família. Qual tem sido o testemunho que estamos a transmitir aos nossos filhos.
 
Sabe, é possível ser uma bênção para os outros e ser uma tragédia em casa. É possível ser amado e venerado pelos outros, mas desprezar os de casa. Davi, o grande rei e poeta é este tipo de pessoa. Davi é um exemplo para mim em muitas coisas, mas no campo familiar não quero ser comparado com Davi. Ele é uma tragédia. Não é exemplo para ninguém. O poder tomou conta dele e por isso, ele despreza sua família. É um homem que não sabe dialogar com a esposa e muito menos com os filhos. É um pai ausente e permissivo, que não corrige seus filhos. É um marido infiel. Agora olhe para os filhos de Davi, veja a tragédia que eles são. Ninguém duvida do amor de Davi ao Senhor. Ninguém duvida da sua entrega e de como o Senhor o abençoou. Contudo, podemos notar que a vida dos seus filhos foi marcada pela tragédia e tudo por causa dos erros que Davi cometeu. Como é que nós nos encontramos como pais? Nossos lares são centro de adoração ou centro de confusão?
 
Só de passagem, quero indicar dois livros que falam dos problemas de Davi com muito pertinência, quem desejar poderá adquiri-los e não irá se arrepender. Os livros são: O mito da família perfetia de Isarel Belo de Azevedo e O Drama de Absalão de Caio Fábio.
 
Como saber se nossos lares são um centro de adoração? Quais as características apresentadas por pais e filhos que estão convertidos uns aos outros?
 
Utilizaremos as ideias de Caio Fábio, pois são muito interessantes:
 
Marcas de pais convertidos aos seus filhos
 
Pais convertidos a seus filhos não transferem responsabilidades nem para o melhor avô, nem para a melhor avó; nem para o filho mais velho e mais responsável; nem para o pastor mais consagrado; nem para o psicólogo mais renomado; nem para a escola mais conceituada; nem para a igreja mais ungida.
 
Pais convertidos a seus filhos não minimizam o poder das amarguras familiares.
 
Pais convertidos a seus filhos não brincam com o ódio existente entre os filhos e não acham que isto é algo sem importância; ao contrário, levam tal situação a sério, buscando resolvê-la.
 
Pais convertidos a seus filhos consideram, cuidadosamente, os sentimentos perniciosos, nocivos a uma relação familiar sadia e tratam-nos de forma amadurecida.
 
Pais convertidos a seus filhos não reagem aos filhos apenas emocionalmente.
 
Pais convertidos a seus filhos não fogem dos seus pecados da juventude, antes os resolvem na presença dos filhos.
 
Marcas de Filhos convertidos aos seus pais
 
Filhos convertidos aos pais têm consciência de não estão fadados, predestinados a serem produto dos pecados dos pais, nem a cometerem os mesmos erros deles.
 
Filhos convertidos aos pais não atribuem ao tempo a cura dos ferimentos da alma.
 
Filhos convertidos aos pais tomam cuidado para não caírem na teia das amarguras familiares.[13]
 
Que esta seja a nossa realidade!
 
Pais e filhos convertidos evitam a maldição. Em toda a Bíblia o Senhor sempre anuncia a graça antes da maldição. Sempre avisa que há uma possibilidade de se ver livre do castigo. Se pais e filhos se convertem e obedecem à Palavra estão livres da maldição. Contudo se rejeitam se convertam serão amaldiçoados no sentido de receber a punição do Senhor.
 
O Antigo Testamento termina com uma palavra de maldição. Mostra-nos que a Lei e os Profetas indicam nossa condição e o facto de estarmos condenados e sermos merecedores desta punição. Entretanto o Novo Testamento nos apresenta a graça e termina com uma palavra de graça.
 
O Antigo Testamento é o Aio que nos conduz a Jesus. Jesus é o único que pode tirar o fardo da maldição de nós e isto porque Ele se fez maldição por nós (Gl 3.13).
 
Quem aceita obedecer o Senhor e viver sob os seus ensinamentos está livre da maldição de desfruta da verdadeira vida. Como é que tens vivido?
 
Guisa de Conclusão
 
Malaquias nos convida a levar Deus a sério.
 
Ele nos mostra que o laxismo e o esquecimento da Palavra de Deus têm consequências funestas para as nossas vidas e para a sociedade. Sendo assim, lembremo-nos sempre da Palavra do Senhor.
 
Que nossos lares sejam um centro de adoração. Que nossas famílias vivam em harmonia e comunhão a demonstrar o amor do Senhor.
 
Que seja assim e se faça assim para honra e glória de Jesus!
 
 
 
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[1] ZACHARIAS, Ravi. Do Coração de Deus, Textus Editora, Rio de Janeiro, 2002.
 
[2] WEINGATNER, Martin (ed.). Igreja e Homossexualismo, Encontro Publicações, Curitiba, 2000
 
[3] Ibid.
 
[4] HORTON, Michael Scott (ed). Religião de Poder,1ª Edição, Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1998
 
[5] Ibid.
 
[6] Op.Cit. A tese prossegue, pois o tema é sobre a questão da ordenação de homossexuais ao ministério. A tese é enfática ao afirma que a Bíblia diz não. Nós não podemos dizer outra coisa também.
 
[7] BALDWIN, Joyce G., Ageu, Zacarias e Malaquias, 1ª edição Edições Vida Nova, São Paulo 1991
 
[8] Op. Cit.
 
[9] Bíblia TEB, Edições Loyola, São Paulo, 1996.
 
[10] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias, nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do Livro de
 
Malaquias, 2ª edição JUERP, Rio de Janeiro, 1994
 
[11] Op. Cit.
 
[12] PAPE, Dionísio. Justiça e Esperança para Hoje: A mensagem dos profetas menores, 3ª Edição ABU Editora São
 
Paulo, 1993
 
 
 
[13] D`ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. O drama de Absalão, 3ª Edição Vinde Comunicações, Niterói, RJ 1995

 


 Queridos,
 
Segue a mensagem que pregarei dentro de poucas horas.
Espero que não haja ninguém acordado neste momento. Estejam todas a descansar e a recuperar suas forças.
 
Abraços
 Queridos,
 
Segue a mensagem que pregarei dentro de poucas horas.
Espero que não haja ninguém acordado neste momento. Estejam todas a descansar e a recuperar suas forças.
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
Texto: Malaquias 4.1-2
 
Tema: Destruição ou Salvação?
 
Introdução
 
Este texto não pode ser olhado fora do seu contexto. Devemos lembrar que o povo estava a dizer que não valia a pena servir o Senhor. Eles afirmavam que o ímpio era bem sucedido e nada lhe acontecia. O Senhor está a mostrar que há uma separação entre o ímpio e o justo.
 
Sei que corro um risco muito grande, mas ouso afirmar que este texto é escatológico. Ele nos projecta para o Cristo glorificado. Aqui o texto nos mostra o julgamento. Diz-nos que compareceremos diante do Senhor e neste momento teremos que enfrentar a realidade. É neste momento que saberemos se temos direito a vida ou seremos aniquilados. Ser aniquilado é ser afastada da presença gloriosa do Senhor para todo o sempre. É ser lançado no inferno.
 
O texto presente fala-nos do grande dia do Senhor. O dia do julgamento. Esta é uma realidade que vem mostrada em toda a Bíblia. Daniel diz o seguinte sobre este dia: “Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas dele eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o juízo, e os livros foram abertos.” (Dn 7.9-10). O Senhor se manifesta como fogo devorador. Ele consome toda a impureza, Ele destrói o que está errado.
 
A grande pergunta é a seguinte: Quando o Senhor se manifestar, em que lado estaremos?
 
Faremos parte do grupo dos justos ou estaremos do lado do grupo dos ímpios?
 
Quais as lições que este texto nos apresenta? Como saber de que lado estamos?
 
1 – O Senhor vai destruir todo aquele que recusa à sua graça 1
 
Este versículo é impressionante. É duro, forte e esclarecedor. Ele nos mostra que o Senhor vem e que está a ver todas as coisas. Diz-nos que ao ímpio o Senhor será um juiz que executará usa justiça.
 
Notemos pormenorizadamente quem sofrerá a justiça do Senhor. Note o que o texto diz: “todos os soberbos”. O que é ser soberbo?
 
Soberbo é ser altivo, orgulho. Uma pessoa cheia de si. Uma pessoa vaidosa. Poderia continuar com outros adjectivos, mas podemos ficar por aqui. O Senhor diz que os soberbos serão eliminados. Será que não somos soberbos?
 
Talvez estejamos a dizer que não. Não somos orgulhosos nem presunçosos. Isto não nos toca. Só em agir desta maneira já estamos a ter atitudes que demonstram que somos orgulhosos. Contudo, devemos lembrar as palavras do Senhor Jesus que disse: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5.3). Devemos procurar a cada dia ser pessoas humildes. Procurar a cada dia desenvolver em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2.5).
 
Aprofundando mais ainda, o texto segue a dizer que os que cometem impiedade serão destruídos pela justiça do Senhor. Outras traduções utilizam termos como: «iniquidade», «perversidade», «os que praticam o mal». O que está a ser dito é que nós estamos perdidos. Diante do Senhor, nas nossas próprias forças estamos condenados. A Bíblia diz: “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Corromperam-se e cometeram abominável iniquidade; não há quem faça o bem.” (Sl 53.1). Esta ideia também está no salmo 14.1-3 e é citada por Paulo na sua carta aos romanos 3.10.
 
O que está a ser dito é que nós merecemos ser consumidos pelo Senhor. Todos nós estamos incluídos neste texto. Todos nós praticamos iniquidade. Paulo tinha consciência o ser humano é tendencioso e gosta de condenar os erros dos outros sem olhar para o seu. Sendo assim, quando escreveu sua primeira carta aos coríntios, ele diz que todos somos injustos e depois passa a numerar pecados específicos (1 Co 6.8-11). Paulo é globalizante. Ele nos faz farinha do mesmo saco. Diz que todos nós merecemos a morte. Diz que estamos destituídos da glória de Deus. (Rm 6.23). E estar destituído da glória de Deus significa ser consumido como o restolho. Ser consumido como palha.
 
Já viu palha a queimar? É rápido. Faz um grande fogo, mas consome rápido. O julgamento do Senhor será assim com os ímpios. Eles serão consumidos rapidamente. São completamente consumidos é por isso que o texto diz que ficarão sem raiz, nem ramo.
 
Todo aquele que rejeita o Senhor será destruído é o que o texto nos diz.
 
2 – O Senhor dará liberdade a todos quantos o receberem 2
 
O versículo dois é o próprio Senhor a falar. Ele declara que para os que temem o seu nome, nascerá o sol da justiça. O que significa temer o nome do Senhor?
 
“Para os judeus, o nome está intimamente ligado à pessoa, indicando seu caráter ou o caráter de seu pai (Êx 3.13; Mt 1.21), ou ainda denotando a posição de quem traz o nome (Êx 23.21)”[1]. Ter o nome é temer o Senhor. É saber quem Ele é. É servi-lo com alegria.
 
É interessante notar que o apóstolo Paulo diz que nós igreja do Senhor, temos um nome que é sobre todo nome (Fp 2.9). “O nome na cultura hebraica, é o caráter. Ser cristão é mais que nascer num país de predominância cultural cristã. Ser cristão é ter o caráter de Cristo.”[2]
 
Note que o nosso texto diz isto mesmo. Para os que temem o nome do Senhor, “nascerá o sol da justiça”. O que significa isto?
 
A primeira realidade a que se refere o sol da justiça é a presença do Senhor Jesus. É uma expressão messiânica. Em Jesus as promessas de Deus se concretizam. A justificação acontece quando a luz de Jesus chega às nossas vidas. É Ele a fazer a diferença em nós. Ele foi o justo que pagou o preço pelos injustos para que possamos ser apresentados a Deus (1 Pe 3.18). Ter o sol da justiça significa ter a Cristo como seu Senhor e Salvador. É ter sido perdoado e brilhar neste mundo, fazer a diferença. Jesus afirmou que seus discípulos são a luz do mundo (Mt 5.14).
 
Outra realidade interessante está em nota de rodapé da Bíblia Anotada que diz o seguinte: “Sol da justiça. Uma referência impessoal à demonstração de justiça em toda a Terra (tal como o Sol lança por toda a Terra os seus raios).”[3]
 
A chegada de Jesus traz consigo cura nas suas asas. Note que a ideia aqui é criar o antagonismo com o que sucede com o ímpio. O ímpio é destruído (morte), o salvo tem saúde (vida). O Senhor traz cura para o ser humano. Ele restaura o homem completamente. Ele cura-nos da nossa verdadeira doença, o pecado.
 
A proposta de Deus para os que o recebem é vida.
 
É interessante notar que há mais uma declaração: “saireis e saltareis como bezerros da estrebaria”. O que significa esta declaração? Aqui está uma frase contemplativa. A imagem é de bezerros presos que necessitam exercitar. Eles são soltos para poder exercitar as pernas no campo. Eles saltam de alegria. Estão livres, já não existe uma barreira e um cercado a aprisioná-los. A ideia que está por trás desta declaração é que o Senhor nos liberta para que possamos desfrutar da verdadeira alegria e sermos livres nEle. É poder ter vida e vida abundante (Jo 10.10).
 
Aceitar a graça do Senhor é aceitar a vida. É não entrar em condenação, mas desfrutar da vida (Jo 5.24). É poder receber os raios da cura.
 
Guisa de Conclusão
 
O texto nos apresenta o Senhor como Salvador e Juiz. Nos diz que o mesmo sol pode destruir ou pode curar. O que está a ser dito é que em Jesus podemos ter vida ou então poderemos ser condenados e ficar nos nossos delitos e pecados.
 
O Senhor adverte e diz que se nós o rejeitarmos, se permanecermos em nosso orgulho, seremos consumidos como a palha. O Senhor diz que seremos aniquilados, enfrentaremos a morte eterna.
 
É verdade que o texto não termina assim e graças a Deus por isso. O nosso Deus é o Deus da graça e Ele na sua misericórdia diz que os que temem o seu nome tem vida. O Senhor diz que aqueles que o aceitam, que desfrutam da sua graça, são curados, tem seus pecados perdoados e são justificados. Não entram e condenação. Quem aceita o Senhor tem vida plena.
 
Qual será a tua escolha?
 
A Bíblia diz: “Se hoje escutares a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Sl 95.7-8).
 
Hoje tens a possibilidade de desfrutares da vida ou permaneceres sob o peso da justiça do Senhor. Tens que optar pela destruição ou pela salvação. Qual será a tua escolha?
 
Lembro-me de um homem que recusou o Senhor. Disse que não queria nada com Jesus. Falou que sabia que Jesus podia transformá-lo, mas não desejava relacionar-se com o Senhor. Este homem preferiu a destruição.
 
Na cruz, ao lado do Senhor estavam dois ladrões. Um preferiu seguir o seu caminho de destruição. Preferiu a morte. Entretanto, o outro viu o sol da justiça e aceitou a oportunidade da graça de Deus. Eu tu o que vais fazer?
 
Destruição ou salvação? Como é que o Senhor irá se manifestar a Ti?
 
Aceita a oportunidade que Ele te concede e recebe-o como teu salvador e desfruta da vida.
 
Que se faça assim, para honra e gloria de Jesus.
 
 
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[1] REIFLER, Hans Ulrich. A ética dos Dez Mandamentos, 1ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo, 1992
 
[2] COELHO FILHO, Isaltino Gomes, A atualidade dos Dez Mandamentos, - Exodus Editora, São Paulo, 1997.
 
[3] A BÍBLIA ANOTADA, 1ª Edição, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1991

 


29/3/05 _ Depois de um longo período de silêncio envio uma mensagem devocional
 
 
Abraços,
 
Marcos
 
 
Tu me amas?
 
(João 21.15-17)
 
 
 
Pedro negou Jesus três vezes. Ele quebrou o seu relacionamento com o Mestre. Mas o facto é que Deus não desiste de amar. Ele sai ao nosso encalço. Ele nos busca para que o nosso relacionamento seja restaurado.
 
Todos nós, em algum momento somos confrontados com esta pergunta: Tu me amas?
 
Responder afirmativamente ao amor é ser restaurado, curado no carácter e na mente. É bom lembrar que Pedro havia negado o Mestre, mas este é o momento de restauração para sua vida.
 
Declarar o seu amor a alguém é assumir um compromisso de fidelidade. Declarar seu amor ao Senhor é assumir que será fiel e obediente no seu discipulado.
 
Quantas vezes respondeste esta pergunta? Quantas vezes tiveste necessidade de demonstrar o teu amor?
 
Há momentos na vida que confundimos o amor com prazer. Há momentos na vida que falhamos no nosso relacionamento e caímos. Entretanto, este texto nos ensina que o Senhor quer a nossa restauração.
 
O amor é restaurador. Pedro havia negado Jesus, mas agora o Senhor dá-lhe a oportunidade do perdão. Se amas deves compreender que o perdão deve ser algo real na tua vida e na tua relação.
 
O amor não é acusador. Jesus não ficou a acusar Pedro por causa da sua falha. Jesus permitiu que Pedro fosse restaurado.
 
O amor não desiste. Pedro havia desistido do Senhor. Pedro havia desistido de si mesmo, mas Deus não desistiu de Pedro. Tu podes ter desistido de ti mesmo, mas Deus não desistiu de ti. Ele na sua graça deseja te fortalecer.
 
O verdadeiro amor é primeiramente demonstrado a Deus. Note que sempre há uma atitude relacional. Pedro tem a oportunidade de declarar seu amor a Jesus e diante deste facto, surge o seu envolvimento relacional com o povo de Deus.
 
Tu me amas? Esta é a pergunta que Jesus está a fazer para ti.
 
O Senhor está a dizer-te que não desiste de ti. Ele ama-te, mas também deseja que tu O ames e assumas este amor.
 
Tu me amas?

13/3/05 _ 14:00
 
Segue a mensagem que estarei a pregar dentro de poucas horas.
 
Um grande abraço a todos,
 

 
 
Texto: Malaquias 3.13-18
 
Tema: Vale a pena servir ao Senhor?
 
Introdução
 
Malaquias está a pronunciar o seu sexto oráculo. Iremos analisar o mesmo pela LXX, que tem o capítulo 4. Nossas Bíblias utilizam o esquema que foi legado pelo texto grego. O texto hebraico do massoretas continua o capítulo 3 até o fim do livro. Encontramos algumas Bíblias católicas modernas que seguem o texto hebraico e por isso o capítulo 3 tem 24 versículos e assim é suprimido o capítulo quatro.
 
Este texto fala da realidade de muita gente. A questão que é apresentada pelo povo, muitas vezes é apresentada por nós. Como o povo de Israel, muitas vezes pensamos que é inútil servir ao Senhor, pois tudo nos corre mal.
 
É interessante que o povo não fala, mas quem está a falar é o Senhor. Deus está a revelar o pensamento do povo. Estamos diante de um dos atributos de Deus. Devemos compreender que atributos são “elementos sobre Deus, certos aspectos da Sua imensa e gloriosa natureza eterna, os quais Ele quis revelar-nos, e os quais, em certa medida, podemos aprender.”[1]
 
Nesta declaração o Senhor está a permitir que o povo conheça sua omnisciência. O Senhor está a revelar que sabe o pensamento do povo.
 
O que significa a omnisciência de Deus?
 
Ø                      Deus conhece todas as coisas, e Seu conhecimento é sempre um conhecimento absoluto. É conhecimento perfeito, um completo conhecimento de tudo.[2]
 
Ø                      A onisciência de Deus – Esta característica é uma conseqüência inevitável da onipresença de Deus. Ele é onipresente e onisciente porque presencia tudo. Não há lugar onde alguém se possa esconder dele. Ele vê tudo. "E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas" (Hb 4.13). Porque vê tudo, ele sabe tudo: "Porque vosso Pai celestial sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes" (Mt 6.8).[3]
 
Ø                      Deus tudo sabe. Esta perfeição está intimamente ligada à sua onipresença (Sl 139.1-12). As implicações práticas são semelhantes e perturbadoras, mas trazem ao mesmo tempo segurança: Deus vê e, portanto, tudo sabe. Isto é, em especial, pertinente ao tema do juízo, sendo simbolicamente expresso pela “abertura dos livros” (Ap 20:12). O passado não se foi para sempre; o tempo, desde o seu início, é presente para Deus. No julgamento final, a evidência irá exceder de longe o que qualquer juiz ou júri jamais considerou: a recapitulação da vida inteira do acusado, todos os atos exteriores, cada motivo e atitude visíveis ou secretos.[4]
 
Deus está a revelar ao povo o seu conhecimento. Está a dizer que sabe o que vai no seu interior. Podemos enganar a todos. Podemos até enganar a nós próprios, mas não podemos enganar a Deus. Ele sabe o que vai no mais profundo do nosso ser.
 
Olhemos para o texto. Note que há um certo desalento por parte do povo. Eles dizem que não vale a pena ser fiel. “Os repatriados do Exílio caíram de decepção em decepção: as promessas ligadas ao retorno não se realizaram. O cepticismo manifesta-se nas censuras que eles dirigem secretamente ao Senhor: então para que continuar a servi-lo? Porque respeitar os dias de jejum com veste de luto? A felicidade apenas é para os maus e para os que se chegam até a desafiar Deus impunemente.”[5]
 
Um povo decepcionado que põe em questão servir a Deus. Nós estamos a viver em pleno século XXI, na era da tecnologia, num mundo globalizado. As informações chegam sem parar para nós e para os nossos. Nossa grande dificuldade hoje é saber o que fazer com tanta informação. É neste mundo em mudanças constante que devemos pergunta: Vale a pena servir ao Senhor?
 
1 – Não vale a pena servir ao Senhor só por causa das suas bênçãos 14
 
Servir a Deus com o intuito de receber algo em troca não é servi-lo. Não vale a pena vir para a igreja a espera de no decorrer dos dias receber muitas bênçãos. Notemos o versículo 14: “Vós tendes dito: lnútil é servir a Deus. Que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos exércitos?” Aqui é dito claramente que há serviço no sentido de prática religiosa, estudo da palavra, sacrifício e dízimo. Mas para que? Isto é inútil. Por que? A questão é que estava à espera de ganhar algo em troca.
 
Na realidade o povo estava a barganhar com Deus. Esperava receber algo em troca por causa da sua atitude. Por conseguinte, por adorar a Deus, os judeus buscavam um pagamento tangível. Eles estavam concentrados apenas em “coisas”. Eles buscavam a felicidade através das “coisas”. Eles não nutriam um verdadeiro amor pelo Senhor; não havia uma resposta amorosa a Deus.”[6] Eles esperavam bênçãos materiais. Se nos aproximamos de Deus na tentativa e na expectativa de receber bênçãos matérias, estamos no caminho errado.
 
Devemos compreender que o Deus das bênçãos é melhor que as bênçãos. Deus deve ser amado pelo que Ele é e não pelo que Ele tem para oferecer. Habacuque compreendeu esta realidade. Ele não negociou com Deus. Ele não esperou receber apenas bênçãos de Deus. Ele exultou em Deus. Veja como cantou Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos. (Hab 3.17-19). Tudo pode ser retirado, posso ficar sem bênçãos materiais, mas mesmo assim eu me alegrarei em Deus. Exultarei no Deus da minha salvação.
 
É inútil servir a Deus com o desejo de tirar algo de Deus, pois o Senhor deixa de ser Senhor e passa a ser um escravo nas nossas mãos. É um empregado que obedece nossas ordens. Deus é Deus. É o Senhor soberano e deve ser adorado e amado por nós pelo que Ele é.
 
É muito triste ver que em nossos dias há pessoas que agem da mesma maneira. Buscam não a Deus, mas as bênçãos de Deus. Não amam ao Senhor, só desejo receber suas bênçãos. Note que o texto nos diz o seguinte sobre os israelitas: “Eles cumprem os rituais porque acreditam que fazendo isto, receberão de Deus as coisas que eles desejam. Não existe amor por Deus, apenas o ritual, eles não desejam nenhuma relação com o Senhor, não desejam conhecer o Senhor, só querem tirar vantagem e obter lucro. Sendo assim, o ritual é vazio e eles dizem que Deus está vazio e a bênção não foi dada.”[7] Não vale a pena servir a Deus na tentativa de extorqui-lo.
 
Deus deve ser amado. Tomé compreendeu esta realidade. Jesus chamou os seus discípulos para regressarem à Judeia. Os discípulos tentam demove-lo porque os judeus haviam tentado matá-lo. Jesus disse que era necessário regressar, pois Lázaro havia morrido. Neste momento Tomé diz: “Vamos nós também para morrermos com ele.” (Jo 1.1-16). Tomé aceitou o que Jesus tinha para lhe oferecer. Jesus antes de nos oferecer vida fala que há necessidade de morrermos. O seu chamado é para tomarmos à nossa cruz e segui-lo (Lc 9.23-24).
 
Esperar em Deus apenas nesta vida é não ter uma visão escatológica. É ser o mais digno de lástima como nos diz Paulo (1 Cor 15.19). É bom lembrar que o Senhor Jesus afirmou que onde está o tesouro do homem, aí está o seu coração (Mt 6.21). Desejar bênçãos terrenas indica que vivemos para este mundo e desejamos nos satisfazer neste mundo. Entretanto, o Senhor nos diz na sua Palavra: “Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6.19-21). Não junte tesouros aqui na terra. Não faça negociata com Deus. Servir ao Senhor só por causa das suas bênçãos é não amá-lo e ficar longe do Senhor. “Se você aceitou o falso ensino de que quanto mais fiel for, maiores serão as bênçãos materiais que você vai receber, então pode esperar um grande desapontamento no futuro. Em minha experiência, quanto maior a fé, menor a riqueza material. É comum vermos Deus optando por temperar um fiel seguidor nas chamas da perda financeira e da pobreza (pense em Jó). Tais experiências parecem provar que, quando a única coisa que restou é Deus, então você terá o máximo de Deus que jamais poderia ter tido.”[8]
 
Se não há amor, não há adoração. Se não há amor, não vale a pena tentar servir ao Senhor.
 
2 – Não vale a pena servir ao Senhor se pensamos que Ele é um Deus que não age 15
 
Aqui encontramos mais um ponto que fala dos atributos de Deus. O Senhor é acusada de na sua santidade tolerar o pecado. O Deus Todo-Poderoso não é parcial. O Senhor omnipotente não tem por inocente o culpado (Êx 34.6-7).
 
Pensar que Deus não age é crer num Deus ausente. É ser adepto do deísmo. É claro que não compreendemos o facto de ver o ímpio prosperar. Muitas vezes pensamos que isto é injusto. Este não é um pensamento novo. Asafe já pensava assim (Sl 73). Contudo, Asafe compreendeu que o Senhor age no momento certo e não quando nós queremos.
 
A argumentação do povo era a seguinte: Os arrogantes provam a Deus e seguem impunes. Nada lhes acontece. O povo esta a por em causa a soberania de Deus. Será que nós muitas vezes não fazemos o mesmo?
 
Os ímpios podem até prosperar, mas devemos compreender o que compreendeu Asafe. Veja o que ele nos diz no seu salmo: “Certamente tu os pões em lugares escorregadios, tu os lanças para a ruína. Como caem na desolação num momento! ficam totalmente consumidos de terrores. Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás as suas fantasias.” (Sl 73.18-20). O que é dito aqui é que a situação dos ímpios é muito delicada. “Eles estão “em lugares escorregadios”. Tudo o que eles tem é apenas temporário.”[9]
 
Querer servir a Deus só pelas suas bênçãos e não tê-lo como o Senhor soberano não faz sentido. Pensar que Deus não se importa com a soberba dos ímpios é pensar que o Senhor não é um Deus presente. Note que só poderemos perceber o agir de Deus e o juízo de Deus quando entrarmos no templo do Senhor. Quando nos encontrarmos com o Senhor. Asafe fez isso e compreendeu o que acontece com os ímpios. Ele nos diz no seu salmo o seguinte: “A vereda de um homem sem Deus é lodacenta e escorregadia. Seus negócios, fama e glória estão construídos sobre bases “lisas”. Seus pés podem deslizar a qualquer momento.”[10]
 
O que está a ser dito é que quem teme ao Senhor está seguro. Sua vida está edificada sobre a Rocha e as muitas tempestades não poderão destruir sua vida (Mt 7.24-25). Para o que serve ao Senhor há segurança espiritual e emocional. Para aquele que vive para o seu prazer e a olhar para si mesmo vai desmoronar. As tempestades da vida o destruirão (Mt 7.26-27). Se prosperidade fosse o bem maior, não haveria suicídios, crises existenciais e abarrotamento de clínicas psiquiátricas, por parte dos ricos.”[11]
 
Para servir ao Senhor é necessário crer na sua actuação. É preciso crer que Ele é um Deus moral e soberano que tem todas as coisas sob controle e que nada passa desapercebido por Ele. Se não for assim, não vale a pena tentar servi-lo.
 
3 – Vale a pena servir ao Senhor quando compreendemos que somos sua propriedade particular 16-18
 
Estes versículos são belíssimos. É a reacção do povo de Deus. Quanto tudo parece estar perdido, quando pensamos que já não faz sentido servir a Deus, pois vivemos tantas decepções com as pessoas religiosas o verdadeiro povo de Deus reage.
 
Note que o texto diz por duas vezes “os que temiam ao Senhor”. A ideia é aqueles que colocam Deus em primeiro lugar. Estes se unem, apoiam-se mutuamente. Apresentam ao Senhor um culto genuíno. Honravam o nome do Senhor.
 
O Senhor atenta e ouve a oração e adoração destes. Não somente isto, o Senhor diz que há um memorial diante do Senhor. Aqui lembra o costume da época, pois os reis tinham um livro dos seus feitos, de actos memoriais. A ideia chave aqui é que Deus não esquece ninguém que crê. O Senhor não esquece os seus. Ele não esquece de ti. Ele sabe o que estás a passar. Ele vai intervir no momento certo.
 
O texto segue e afirma que ter o seu nome registado neste livro significa ser possessão do Senhor. É o que nos diz o versículo 17. Já não é o povo todo. É apenas um grupo. Esta é a ideia de Paulo quando escreve aos romanos: “Porque nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6). Agora vejamos o que o Senhor Jesus diz também sobre os que fazem parte da comunidade que chamamos igreja: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 7.21). Fazer parte da igreja e estar na igreja não garante fazer parte do povo de Deus. É necessário aceitar a oportunidade que o Senhor concede a cada um através da sua graça demonstrada na cruz do Calvário. É necessário arrepender-se e entregar-se ao Senhor Jesus.
 
Não é apenas pertencer ao Senhor. Serão o tesouro do Senhor. Serão poupados pelo Senhor. Deus vela e cuida dos seus. O Senhor protege os seus sempre.
 
O versículo 17 nos mostra o amor de Deus. Mostra como o Senhor os seus e todos os que o amam e o servem vivem uma relação amorosa com o Pai. Estamos diante de uma outra realidade de amor. Aqui neste versículo vislumbramos um amor relacional. Sendo assim, se perguntarmos o que é o amor? Poderemos ter a seguinte resposta: “«Diálogo.» O diálogo é o fundamento de uma verdadeira relação amorosa. Não é a comunicação, pois a comunicação pode incluir ódio, amarguras, etc. Mas o diálogo é o conceito em Mal. 3.17. Se amas alguém, vais desejar dialogar com ele. Deus dialoga com o ser humano e o ser humano tem o privilégio de dialogar com Deus.
 
Somos do Senhor. Ele nos comprou com o seu sangue. Nossas vidas devem ser vividas com gratidão e sempre a dedicar glória e honra a Ele.
 
O Senhor julgar as pessoas. O versículo 18 nos projecta para um momento escatológico. Projecta-nos para o dia do juízo. Neste dia veremos a diferença entre o justo e o ímpio. Neste dia os que servem ao Senhor permanecerão com Ele e os ímpios terão o sofrimento eterno.
 
Servir ao Senhor é prestar-lhe culto. Mas não é qualquer culto. É o culto da vida. É apresentar sua vida no altar do Senhor e a cada dia agradecer-lhe pelo facto de ser propriedade exclusiva do Senhor.
 
Guisa de Conclusão
 
Vale a pena servir ao Senhor?
 
É claro que sim!
 
Contudo, é preciso compreender que servir o Senhor é amá-lo independente das circunstâncias.
 
É exultar no Senhor e saber que Ele tem tudo sob controlo e que nada passa desapercebido por Ele.
 
É cultuá-lo alegrando-se no facto de saber que Ele nos fez povo seu. Sua propriedade através do sacrifício de Cristo Jesus.
 
Já estás a servir o Senhor?
 
Entrega a tua vida a Jesus. Aceita a oportunidade que Ele te concede de fazer parte do seu povo e ser propriedade exclusiva dEle.
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
 
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[1] LLOYD-JONES, Martyn. Grandes Doutrinas Bíblicas Volume 1, 1ª Edição PÉS São Paulo 1997
 
[2] Ibid
 
[3] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. TEOLOGIA SISTEMÁTICA I, www.ibcambui.org.br
 
[4] MILNE, Bruce. Estudando as doutrinas da Bíblia, 2ª Edição abu São Paulo, 1991
 
[5] AMSLER, Samuel. Os Últimos Profetas: Ageu, Zacarias, Malaquias e alguns outros, 1ª edição, Difusora Bíblica
 
Lisboa 2002
 
[6] RADIC, Randall E. Malachi
 
[7] Ibid.
 
[8] ARTERBURN, Stephen Mais Jesus, menos religião: trocando regras por relacionamentos – Editora Mundo Cristão,
 
São Paulo, 2002
 
[9] LLOYD-JONES, Martyn  Por que prosperam os ímpios? 1ª Edição PÉS São Paulo, 1983
 
[10] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio Quase uma exposição do Salmo 73, 2ª Edição VINDE, Niterói 1985
 
[11] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias, nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do Livro de
 
Malaquias, 2ª edição JUERP, Rio de Janeiro, 1994


Marcos Amazonas dos Santos _ 26/2/05

Segue o nosso devocional.
 
 
Abraços,
 
 
Marcos Amazonas
 
 
 
O cuidado maternal de Deus
 
 
 
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste! (Mateus 23.37)
 
Deus é o Criador de todas as coisas. Nós nos habituamos a chamá-lo de Pai. A Bíblia apresenta-nos Deus como Pai e por este motivo, todos nós sempre imaginamos Deus como um ser no masculino. Entretanto, Jesus nos diz que Deus é Espírito e os seus adoradores devem adorá-lo em Espírito e em verdade. Deus não é nem masculino, nem feminino. Certa vez um papa disse que Deus é Mãe. Foi uma grande confusão, mas eu concordo com ele.
 
Este texto apresenta-nos Deus como mãe. Jesus faz uma analogia com uma imagem de mãe. E fiquei a meditar neste facto. Quais as lições que podemos aprender com o facto de Jesus se apresentar como mãe?
 
A primeira lição que o texto nos ensina é que o cuidado maternal de Deus promove aconchego. Note que Jesus diz que desejou ajuntar os filhos de Jerusalém, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas. Isto demonstra aconchego. Intimidade. É interessante notar esta característica das mães. Elas sempre aconchegam os seus filhos. Dedicam mais carinho e atenção que os pais. São mais emotivas e acolhem os filhos em todas e quaisquer circunstâncias da vida. Deus no seu cuidado maternal nos diz que Ele estará sempre pronto a acolher-nos para junto de Si.
 
Outra lição que podemos descobrir aqui é que no cuidado maternal de Deus podemos ver amparo. Deus ampara os seus. A galinha ampara os seus pintos, nãos os abandona. As mães amparam os seus filhos e estão sempre dispostas a acolhê-los. Elas não os abandonam. Jesus está a ensinar-nos que Ele não nos abandona. Ele não nos vira às costas. Ele sempre se faz presente para nos amparar e socorrer.
 
Outra lição maravilhosa que descortina-se neste texto sobre o cuidado maternal de Deus é o facto da protecção. No seu cuidado maternal Deus nos protege. Uma mãe sempre irá proteger seus filhos. Ela pode corrigi-los, mas não vai permitir que outros o façam. Ela irá virar uma fera para todos os que tentarem fazer algo contra os seus filhos. Deus nos diz que não permitirá que aqueles que se levantam contra os seus filhos prevaleçam. A luta não é contra os filhos, mas contra o Senhor.
 
Quero falar de outra lição que descobrimos no cuidado maternal de Deus. O texto nos mostra a sensibilidade de Deus. Um Deus próximo que sente a dor dos seus filhos. Um Deus que aconchega e ampara. É protector e socorro bem presente. É um ser com sentimentos e não tem vergonha de os mostrar. Somos criados numa sociedade dominado pelos homens, mas uma sociedade marcada pela força e pela insensibilidade. Todos nós já ouvimos a célebre frase: “Homem não chora!” Homem que é homem não se mostra fraco. Entretanto, o Deus-Homem, o Homem-Deus transpira sensibilidade. Mostra um lado maternal que se preocupa com os seus. É verdade, no seu cuidado maternal, Deus nos ensina a lição da sensibilidade.
 
Deus é Pai, Deus é Mãe. Deus é e ponto final. Não podemos tentar limitar o agir de Deus. Ele é o Criador do homem e da mulher e Ele nos criou à sua imagem e semelhança. Isto quer dizer que nós trazemos características que reflectem à glória de Deus em nossas vidas. O homem na sua paternidade, ensina-nos a autoridade, força e liderança. Na mulher aprendemos sobre o cuidado o amparo, a sensibilidade e o amor incondicional.
 
Deus no seu muito amor e na sua entrega ensina-nos que como uma mãe, Ele não abre mão dos seus filhos.
 
Vamos orar:
 
Senhor obrigado porque Tu és Deus. Obrigado por me ensinar que há um lado em Ti que espelha o que de mais belo existe na mulher.
 
Pai agora quero suplicar que me ajudes a olhar para Ti como Deus que é Pai e Mãe. A olhar para o projecto da família como o projecto que reflecte a tua inteireza. Na família há pai e mãe e juntos harmonizam o lar. Sendo assim, só poderemos compreender toda tua grandeza quando olharmos para este lado maternal que muitas vezes tentamos excluir do teu Ser.
 
Ajuda-nos a compreender esta realidade  é a nossa oração e nome de Jesus.

21/2/05

Segue o nosso devocional
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
 
Quando Deus não pode se esconder
 
Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se; porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés; (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demónio. Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos. Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demónio já saiu de tua filha. E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demónio já havia saído.
 
Esta história é belíssima. O texto nos apresenta uma mãe preocupada com a sua filha. Mostra um amor que não tem limites. Apresenta-nos também Jesus, o Deus encarnado, cansado, a desejar um pouco de sossego. Encontramos o Homem-Deus, procurando esconder-se da multidão. Contudo, é achado por uma mulher que não aceita que Ele fique oculto.
 
As lições que este texto tem para as nossas vidas são várias e profundas, mas quero meditar no pedido da mulher. Vejamos o que podemos aprender com a atitude desta mulher:
 
A primeira coisa que fica clara no Deus é que Deus não pode se esconder de pais que intercedem pelos seus filhos. Pais devem chorar pelos seus filhos agora. Devem investir neles enquanto há tempo e o melhor investimento é levando-os aos pés de Jesus. Deus não fica indiferente ao clamor dos pais. Ele fica movido de íntima compaixão. É hora de inverter o consumismo alimentado pelos pais. Chega de pais que vivem em função de dar presentes aos seus filhos. É o momento de cair aos pés do Senhor e clamar por eles. É suplicar para que eles sejam ganhos e aceites pelo Senhor. Quando pais oram assim, Deus não pode se esconder.
 
Outra lição importante que encontramos no texto é que Deus não pode se esconder de quem se humilha diante da sua presença. Note o que o texto diz. A mulher prostra-se aos pés do Senhor. Jesus diz que não é bom tomar o pão dos filhos e lançar aos cachorrinhos (expressão utilizada pelos judeus aos gentios), mas ela diz que os cachorrinhos comem das migalhas. Ela diz que basta uma pequena coisa e é o suficiente. Não pensa ser digna de receber nada. Mas clama pela graça de Jesus. Diante de uma pessoa humilhada a reconhecer sua pequenez Deus não pode se esconder. Ele se faz presente e manifesta a sua graça.
 
Uma terceira lição que o texto nos mostra e que Deus não pode se esconder quando clamamos especificamente pelos problemas da nossa vida. Note que a mulher se aproxima de Jesus, mas não fica com rodeios. Não é generalista. Ela clama por algo específico que a atormenta. Ela clama pela vida de sua filha intensamente. Esta mulher chega para Deus e abre o coração. Não fica a dizer: Senhor tu sabes todas a s coisas. Tu conheces o meu sofrimento e a minha dor. Sabes o que eu estou a necessitar. Não! Esta mulher apresenta-se a Deus e diz: expulsa o da minha filha o demónio. É um pedido específico. Foca uma necessidade específica de sua vida. Talvez ela tivesse outras coisas para pedir, mas ela prioriza os seus pedidos. Ela sabe o que é mais importante e pede ao Senhor. Deus não vira às costas aos que pedem o que é prioritário e necessário para suas vidas. Deus não se fecha quando vê sinceridade e autenticidade no pedido dos seus filhos.
 
Estamos a viver dias onde tudo é generalizado. As coisas são ditas de modo geral para que atinjam a todos. Contudo, o que notamos aqui neste texto é que com Deus há necessidade de ser específico. Como pais devemos interceder por nossos filhos e interceder por suas necessidades reais. É fundamental que reconheçamos nossa pequenez diante de Deus e de modo humilde clamemos a Ele, por sua misericórdia e graça.
 
Vamos orar:
 
Senhor, quero pedir pela minha vida. Tem misericórdia de mim, que sou pecador. Eu careço da tua sabedoria para poder agir e servir às pessoas que Tu me tens dado no dia-a-dia. Ensina-me a contemplar a beleza da natureza e a ter palavras encorajadoras aos meus irmãos que enfrentam problemas. Dá-me a coragem para renegar a minha religiosidade e viver uma espiritualidade autêntica.
 
Peço pelos meus filhos. Que eles cresçam guardados por Ti. Louvo-te pela decisão deles, mas peço sabedoria para ensinar-lhes às questões do dia-a-dia. Muitas perguntas são feitas e às vezes não sei como responder. Orienta-me e ajuda-me a ter respostas que reflictam a tua graça e o teu amor.
 
Ajuda-me no meu relacionamento com minha esposa. Que cada dia possa mostrar o quanto a amo e o quanto necessito do seu auxílio. Que eu possa sair do meu mundo para entrar no mundo dela e dos meus filho.
 
Senhor, ensina-me a orar e a ser específico nas minhas orações. É a minha súplica em nome de Jesus.
 
Marcos Amazonas dos Santos

17/02/05

Segue a palestra que fiz ontem para o GBU aqui em Coimbra
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
 
Texto: Êxodo 19.3-6
 
Tema: Tu és Sacerdote?
 
Introdução
 
Este texto fala que a casa de Jacó será um reino de sacerdotes e nação santa. Sendo assim, é um texto que pode nos orientar dentro do tema que estaremos tratando. É interessante notar que o propósito de Deus para o povo de Israel era o sacerdócio universal do povo. Deus se apresenta como o Rei do povo e sendo a autoridade sobre o Seu povo. A luz aqui é dirigida ao facto de Israel ser sacerdote de Deus. “Isto se torna mais compreensível em vista do fato que até aqui ainda não existia qualquer casta sacerdotal em Israel propriamente dito. Presumivelmente, o conceito básico é o de um grupo especialmente separado para a possessão e serviço de Deus, com livre acesso à sua presença. A idéia de Israel agira como representante divino no mundo e em favor do mundo não pode ser excluída. Quer cumprida ou não na época, esta deveria ser a missão de Israel (cf promessa feita a Abraão em Gn 12:3). A escolha divina”especial” de Israel tinha um propósito “universalista” bem mais amplo.”[1] O sacerdócio portanto era para ser exercido pela nação de Israel. Este sacerdócio visava todos os povos. Quando Deus se revela o povo teme e pede que Moisés interceda a Deus em prol deles e este é o primeiro levita a servir de mediador diante do povo. Arão irmão de Moisés foi consagrado sacerdote, ele e seus filhos. Sendo assim, “a voz de Deus era ouvida por Moisés; e a obra mediadora em prol de Israel agora tinha de ser levada a efeito pelos sacerdotes, Arão e seus filhos, e pelos levitas.”[2]
 
O que vemos aqui é o seguinte:
 
Ø                      A nação de Israel que deveria ser mediadora dos povos teve medo e hierarquizou o sacerdócio.
 
Ø                      O sacerdócio foi concedido a Arão por estatuto perpétuo (Êx 29.9)
 
O que significa exercer o sacerdócio?
 
Sacerdócio. Esse termo corresponde à palavra latina sacerdos, que significa aquele que oferece sacrifícios (daí “sacerdotal”). O dever que pertence ao sacerdócio é definido em Hb 5.1, da seguinte maneira: “Todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer assim dons como sacrifícios pelos pecados”; e, com base nesse princípio, argumenta-se a respeito do sacerdócio de Cristo: “por isso era necessário que também esse sumo sacerdote tivesse que oferecer” (Hb 8.3). A doutrina cristã do sacerdócio e do relacionamento entre aquele do AT e do NT foi exposto de modo mais completo na Epístola aos Hebreus, que tem sido chamada “a Epístola do Sacerdócio”.”[3]
 
Antes de Continuar vamos definir o que seja um sacerdote
 
Sacerdote substantivo masculino [feminino: sacerdotisa]
 
1.   ministro de uma religião ou culto; padre; 
 
2.   figurado  pessoa que exerce uma profissão nobre ou honrosa; 
 
3.   aquele que tinha o poder de oferecer vítimas à divindade, entre os Antigos;[4] 
 
O que notamos aqui é que o sacerdote é um representante de Deus diante dos homens e dos homens diante de Deus. Ele é um mediador. A pergunta é porque Israel seria o mediador das nações?
 
O sacerdócio é exercido em favor dos homens. A causa é a pecaminosidade universal. A queda que nos é narrada em Génesis 3. A criação necessitava de um mediador. Contudo, o sacerdócio exercido pelo povo de Israel foi apenas um sacerdócio preparatório, que apontava para o verdadeiro sacerdócio e sacrifício que viria na Pessoa de Jesus Cristo.
 
Quais eram as funções dos sacerdotes?
 
Ø                      Serem mediadores entre Deus e o homem
 
Ø                      Lideravam o povo nos sacrifícios para obterem expiação pelo pecado (Êx 28.1-43; Lv 16.1-34)
 
Ø                      Eram instrutores da lei para o povo
 
Ø                      Eram responsáveis pela administração do tabernáculo
 
O que estamos a ver é que a responsabilidade principal do sacerdote era “dirigir o culto de Israel, as atividades do tabernáculo, e todos os sacrifícios e as festas pertinentes à continuidade da vida religiosa do povo.”[5] Em todo o Antigo Testamento vemos que o sacerdócio foi sendo transmitido de forma hereditária. O problema é que quando analisamos os filhos de Arão, vemos que dois deles morreram porque não estavam aptos para exercer o seu sacerdócio. Não sabemos o que eles fizeram, mas podemos declarar com firmeza que eles deixaram de ser santos.
 
O texto que lemos diz que o sacerdote faz parte de um povo santo. O que é ser santo?
 
Não é ser uma pessoa esquisita.
 
Não é ser um beato.
 
Não é ser uma pessoa muito boa que depois de morta opera milagres e por isso é canonizada.
 
Santo é alguém separado para Deus. É alguém que é escolhido por Deus para manifestar a santidade do Senhor aos demais. O problema é que o ser humano é falho e não poderia oferecer um sacrifício genuíno a Deus. Por isso, o Novo Testamento nos mostra o cumprimento das profecias e apresenta-nos Jesus o verdadeiro sacerdote.
 
O Antigo Testamento apresenta a sucessão sacerdotal e os muitos sacrifícios feitos em prol dos homens. O próprio sacerdote tinha que oferecer sacrifício por si mesmo. O ensino sacerdotal é que o pecado exige “a provisão de uma vítima inocente no lugar do pecador, e o derramamento do sangue quando aquela vítima sofre a morte conserva viva a expectativa da vinda do sacerdote perfeito e do oferecimento do sacrifício perfeito a fim de cumprir as promessas evangélicas contidas nas escrituras do At.”[6] Quem é este sacerdote perfeito?
 
O Novo Testamento nos apresenta Jesus o nosso Sumo Sacerdote. Ele fez um sacrifício único, e para sempre (Hb 7.27). Ele fez a expiação pela humanidade e está junto ao Pai na glória celestial (Hb 1.3; 10.12;12.2).
 
Notemos que no Antigo Testamento o sacerdócio foi transferido para a linhagem de Arão, mas no princípio era para todo o povo de Israel. Jesus é da linhagem de David por parte de pai terreno, mas da linhagem sacerdotal por parte de sua mãe. Podemos ver isto na narração de Lucas no capítulo 1.5-56 onde é feito o anúncio de João o Baptista e de Jesus. O facto que salta aos olhos é que Zacarias era sacerdote e casado com Isabel que era das filhas de Arão e Lucas tem o cuidado de afirmar que Maria era prima de Isabel, sendo assim, também de linhagem sacerdotal. Jesus tinha toda autoridade para oferecer sacrifício por nós. Não somente isto, Ele viveu uma vida sem pecado para nos redimir e seguiu para cruz para nos redimir. O único capaz de pagar o preço pelas nossas vidas. Aquele que viveu sem pecado se fez pecado para nos purificar e nos justificar. O justo pelos injustos (1 Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.15; 7.26-27). Ele foi quem ofereceu o sacrifício e também foi o sacrifício, pois somente Ele tinha condições de ser o substituto perfeito para ser o nosso mediador. É por isso que o apóstolo Paulo diz: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” (1 Tm 2.5). Ele é o nosso Mediador e o nosso sacrifício.
 
O sacerdote oferece sacrifício pelo povo, ensina o povo a Lei de Deus e intercede pelo Povo. Foi isto que Jesus fez e faz. Ele foi o nosso sacrifício e nos ensina através da Sua Palavra e pelo Espírito Santo e ainda intercede por nós junto do Pai. É isto que diz João: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1 Jo 2.1-2).
 
Surge então a questão: Se Jesus foi o nosso sacerdote e já ofereceu o sacrifício perfeito o que nós somos?
 
Será que existe um sacerdócio para o cristão? Será que eu e tu somos sacerdotes?
 
Se somos sacerdotes, qual é o sacerdócio que temos que exercer?
 
Sou pastor baptista e herdeiro da reforma. E um dos pilares que sustentamos é o sacerdócio universal de todo crente.
 
O que faz de mim um sacerdote?
 
Ø                      Eu ter sido escolhido por Deus
 
Ø                      Ter sido chamado por Ele para fazer parte do seu povo
 
O que devo fazer como sacerdote?
 
Ø                      Oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pe 2.5; 9). Sacrifícios de gratidão pelo facto de Deus ter me resgatado pelo sacrifício de Jesus. O melhor sacrifício é a minha própria vida (Rm 12.1).
 
Ø                      Levar o Senhorio de Cristo às pessoas. Quando ministramos as necessidades das pessoas.
 
Ø                      Interceder pelas pessoas diante do Senhor.
 
Agora repare o seguinte: o sacerdócio pertencia a nação de Israel. Foi retirado e dado à Igreja. Foi transferido para nós. Vejamos o que está escrito em Êxodo 19.5-6 e agora olhemos para 1 Pedro 2.9. Os títulos são os mesmos. A igreja é o povo de Deus. No ano 70 da nossa era Jerusalém, foi destruída. Ali, suas portas foram fechadas. O Senhor não falha nas suas promessas. Veja o que Jesus disse: “Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.” (Mt 21.43). O reino de Deus pertence a Igreja. Agora, preste atenção, é necessário produzir frutos que glorifiquem e exaltem ao Senhor. Senão, corre-se o risco de ver o Senhor fechar as suas portas.
 
Tu és sacerdote? Estás a consagrar a tua vida a Deus?
 
Estás a ensinar a Palavra de Deus a outras pessoas?
 
Estás a interceder pela vida de outras pessoas?
 
Tens produzido frutos que glorifiquem a Deus?
 
Guisa de Conclusão
 
Tu és sacerdote?
 
Presta atenção: “Deus está à procura de adoradores e não de religiosos. À procura de almas gratas e abertas diante dEle.
 
Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
 
É preciso haver sinceridade do fundo da alma prá que isto aconteça. Você tem que renunciar à religião.”[7] Tem que ir com o coração. Deve mostrar fruto autêntico.
 
Ser sacerdote é ser agradecido a Deus pelo que Ele tem feito. É entregar-se a Ele e ao próximo a cada dia.
 
 
 
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[1] COLE, R. Alan. Êxodo introdução e comentário, 1ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo, 1990
 
[2] KAISER Jr, Walter C., Teologia do Antigo Testamento, 2ª Edição, Edições Vida Nova, São Paulo, 1988.
 
[3] ELWELL, Walter A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã Vol 3, 1ª Edição, Edições Vida Nova, São
 
Paulo, 1990
 
[4] © 2004 Porto Editora, Lda.
 
[5] Op.Cit.
 
[6] Op.Cit.
 
[7] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. As quatro maldições, 2ª Edição, VINDE Comunicações, Niterói, 1993

13/02/05

Segue a mensagem que estarei pregando logo mais. Abraços,
Texto: Malaquias: 2.17-3.5
 
Tema: O Senhor Vem
 
Introdução
 
Este é o quarto oráculo de Malaquias. Encontramos aqui uma palavra de esperança para um povo que julgava que o Senhor estava distante e não se preocupava. O povo estava a por em causa a moralidade do Senhor. “O povo não pensa que Deus se importe com o que eles façam de bem ou de mal, uma vez que ele não castiga os maus nem recompensa os justos.”[1] Este pensamento tão antigo se solidificou no século XVII e XVIII da nossa era com o movimento conhecido como Deísmo. No que se constituía este movimento?
 
Podemos dizer o seguinte: “«Deísmo» às vezes é usado de modo vago para definir um ponto de vista específico no tocante ao relacionamento entre Deus e o mundo. Reduz a função de Deus na criação simplesmente à de mera primeira causa. Segundo a comparação clássica entre Deus e o fabricante de um relógio, que já se acha em Nicolau de Oresmes (m. 1382), Deus no princípio, deu corda ao relógio do mundo de uma vez para sempre, de modo que ele agora continua como história mundial, sem a necessidade de envolvimento da parte de Deus.”[2]
 
Note a pergunta que o povo fazia: Onde está o Deus do juízo?
 
Há desdém na atitude do povo. Eles olham para Deus como alguém que fica inoperante diante do mal. Talvez esta reclamação aconteça por causa dos erros morais dos sacerdotes. Eles olhavam para os seus líderes e viam relaxamento e falta de compromisso. Eles então compararam Deus com os seus líderes. Sendo assim, o povo deixou de “ver Deus como um ser moral que pune e que galardoa. Tinha-o na conta de um Deus apático. Os contemporâneos de Sofonias pensaram a mesma coisa: O Senhor não faz o bem nem faz o mal” (Sf 1.12), mas o Senhor declarou que estavam bêbados. Asafe reconheceu que quando pensava assim, estava embrutecido (Sl 73:22). Além de não ser um Deus apático, ele é um Deus moral. Pensar de outra forma é falta de bom senso. Ele castiga e recompensa.”[3]
 
Veja que o versículo 17 diz que pensar assim deixa o Senhor enfadado. Achar que Deus não se preocupa com o que está a acontecer é reduzir e desprezar todo o amor do Senhor.
 
O povo estava esperando uma intervenção do Senhor mas ela não acontecia. O templo estava construído, mas nada de especial se passava. O comodismo nos fecha os olhos para a realidade de Deus. Faz com que deixemos de crer. “Na realidade, quando nós nos acomodamos ao não cumprimento das promessas de Deus em nossa vida é que somos incrédulos. Quando nós não nos apoderamos das coisas escritas, prometidas, e que com absoluta certeza a nós se destinam, aí sim é que somos incrédulos.”[4]
 
O Senhor diz que está farto desta atitude. O Senhor vai se manifestar. Ele não deseja a descrença do seu povo. O Senhor não deseja que nós venhamos a descrer. Há pessoas que estão viver seus dilemas existenciais, suas dores e por isso ficam balançadas. Talvez temam enfraquecer na fé. Ficam com medo de descrer. É importante saber que: “O medo da descrença “surge” quando estamos no seguinte dilema: por um lado nos apoiamos na promessa de Deus, que garante estruturar nossa família, nossos filhos, nossa vida íntima, nosso lar quando nos firmamos em sua garantia de zelo pela nossa descendência, mas por outro lado os fatos como que contradizendo a esperança: não se encaixando, não se ajustando, não se embutindo, não se concretizando, não vindo a tempo. É quando uma montanha de gelo vai-se formando em nosso espírito, a ponto de nos paralisar.”[5] É neste momento que o Senhor nos chama a atenção. Ele diz que devemos olhar para Ele, pois intervirá na história e nas nossas vidas.
 
Sendo assim, vejamos o que aprendemos com este texto:
 
1 – O Senhor sempre envia o seu mensageiro para preparar o caminho 3.1
 
O versículo 1 do capítulo 3 é muito forte. A expressão «Eis que» significa «Olhem para mim». Deus está a dizer que o povo estava preso às circunstâncias. Estavam a olhar para os detalhes e não para o Senhor. O Senhor está a chamar a nossa atenção da mesma maneira. Muitas vezes nos prendemos às circunstâncias e deixamos de olhar para o Senhor. O Senhor está a dizer-nos: Olhem para mim.
 
Prestem atenção, o Senhor diz para o povo olhar para Ele, pois vai enviar seu mensageiro (Malaquias). Este mensageiro terá uma finalidade, preparar o caminho para o Senhor. O mensageiro vai preparar o caminho para a procissão real.
 
O Senhor vai enviar o seu mensageiro. Qual é a sua tarefa? “A tarefa do mensageiro segundo Isaías 40:3; 57:14 e 62:10 é “preparar o caminho do Senhor”. “Preparar o caminho” significa remover o entulho da estrada (Isaías 62.10), livrando-a de qualquer obstáculo ou pedra de escândalo que ali pudesse existir (Isaías 57.14). O mensageiro aplaina o terreno para o Senhor.
 
Quem é o mensageiro? No capítulo 4:5 ele é apresentado como Elias. O povo esperava o retorno de Elias para iniciar uma nova época. Falar de Elias era dizer que o Senhor estava preste a fazer algo maravilhoso. Que algo é este que o Senhor está preste a realizar?
 
É a vinda de Jesus Cristo. Note que o termo meu mensageiro é utilizado para João o Baptista (Mt 11.10; Mc 1.2; Lc 1.76). Ele também é comparado com Elias (Mt 11.14; Lc 1.17).
 
João preparou o caminho para a vinda do Senhor. Depois Jesus apareceu a pregar e chamar às pessoas para um relacionamento íntimo e pessoal com Ele.
 
Hoje, a igreja deve anunciar a mensagem do Senhor e preparar o caminho para o Senhor, pois Ele vai voltar, não para pregar novamente, mas para julgar.
 
O importante é entendermos que sempre o Senhor nos envia seus mensageiros para preparar o caminho. Sendo assim, devemos ficar atentos para compreender a chegada do mensageiro do Senhor e permitir que o caminho seja preparado e limpo para podermos estar com o Senhor.
 
2 – O Senhor vem para purificar o seu povo 3.1-4
 
O texto diz que o Senhor vem. O desejado virá, mas quem suportará a sua vinda?
 
O texto diz que o Senhor virá para purificar o seu povo. O texto apresenta duas figuras para mostrar este processo de purificação. Mas porque ser purificado? Veja o que diz o salmista: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.” (Sl 24.3-4).
 
Deus vai purificar o seu povo. Ele assentar-se-á para julgar o seu povo. Note que a purificação começa pela liderança, pelos filhos de Levi. Eles serão purificados e afinados como o ouro e a prata. “O ourives que se assenta e se concentra no metal na fornalha tem algo a dizer sobre a preocupação do Senhor com a santidade do seu povo. Ele começa no santuário (Ez 9:6), purificando os filhos de Levi até que tragam justas ofertas, ou, o que é mais literal, ofertas de justiça (RIB). Os dois sentidos são necessários. Depois que o caráter estiver transformado e purificado, as ofertas (Heb minhâ) serão dignas e oferecidas no espírito certo.”[6]
 
O Senhor prova o seu povo para que este possa adorá-lo em espírito e em verdade. Como afirmou alguém o sofrimento é o formão de Deus para as nossas vidas. Passar pelo fornalha do ourives é ter sua vida purificada. É ter suas impurezas queimadas e consumidas pelo fogo do Senhor.
 
A segunda figura da purificação é o acto de ser lavado com o sabão dos lavandeiros. A potassa do lavandeiro era utilizada para retirar as manchas da roupa. O Senhor limpa o seu povo para que possa se cobrir de vestes brancas, símbolo da pureza. A purificação só pode ser feita pelo Senhor. O homem não pode lavar-se a si mesmo. Israel tentou, mas não conseguiu (Jer 2.22; 4.14). É o Senhor quem lava a roupa do seu povo. Ele nos vestira com roupa lavada no seu sangue (Is 61.10). É a graça do Senhor que nos purifica.
 
Devemos compreender o seguinte: “Uma das tarefas do Senhor seria a de purificar o seu próprio povo. Com que facilidade também a igreja se presume preparada para a vinda do Senhor! E a maior é a facilidade em pensar que é o mundo quem precisa da obra de Cristo, porque o mundo está engolfado em seus pecados, enquanto a igreja está salva. No entanto, esses mesmos pecados estão presentes na igreja! O povo de Deus também precisa de purificação! Também há maldade, ódios, calúnias e desonestidades no meio dos cristãos. Muitas vezes fica até difícil ver alguma diferença entre a conduta dos cristãos e a dos incrédulos.”[7] O Senhor vai purificar o seu povo e a purificação vai começar pela liderança.
 
Depois da purificação então o povo poderá oferta ao Senhor. Já estás purificado?
 
Já podes ofertar ao Senhor?
 
Permite que o Senhor te purifique. Permite que ele te vista com trajes santos.
 
3 – O Senhor vem para julgar o seu povo 5
 
Chegar-me-ei a vós para juízo. Deus julga o seu povo. Foram estas as palavras de Pedro: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17). O julgamento começa pelo povo de Deus.
 
Deus não deixa o pecado impune. O pecado deve ser julgado. Deus odeia o pecado e ama o pecador. A igreja deve compreender isto. Nós precisamos entender que não estamos a lutar com pessoas e muito menos contra nós próprios. Lutamos contra o pecado.
 
O Senhor vem para julgar o pecado do povo. Que pecado será julgado pelo Senhor?
 
A primeira sentença é contra a feitiçaria. A feitiçaria foi uma luta constante que o povo de Israel teve que travar (Êx 7.11; Dt 18.10; Is 47.13). A igreja primitiva enfrentou problemas de bruxaria (Act 8.9). Nossa sociedade é mais voltada para a feitiçaria do que para o Senhor. É comum ver as pessoas a afirmarem que irão à bruxa para resolver determinado problema. Ontem, via um programa onde adolescentes portuguesas que passavam uns dias no Brasil falavam que o que mais haviam gostado era uma sessão de espiritismo (macumba), pelo que percebi depois no desenvolver da conversa. As pessoas estão a se envolver com o ocultismo. Contudo, cabe a nós dizermos que o Senhor condena o ocultismo. Cabe a igreja dizer que o Senhor é o Pai das luzes e que se revelou na Pessoa de Jesus Cristo para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Envolver-se com o ocultismo é ficar sob o julgamento e a punição do Senhor.
 
A outra classe a ser julgada é a dos adúlteros. Veja que o Senhor está contra quem comete estes pecados. Se pararmos para pensar e ver que o livro tem falado sobre a integridade familiar poderemos compreender como o adultério é grave. Deus deseja famílias saudáveis. O Senhor deseja uma sociedade estruturada. Vivemos dias onde o conceito familiar já não existe. Nossa sociedade é um caos. O fracasso de uma família introduz o caos na sociedade. Se for uma família cristã vai abalar e entristecer a igreja. O Senhor diz que vai julgar os que estão a praticar estes actos. Deus deseja a santidade familiar.
 
O terceiro grupo é os que juram falsamente. A palavra na cultura judaica era uma extensão do seu ser. Por isso, o testemunho deveria ser correcto. Mas o povo estava a ser desleal. O falso testemunho estava a condenar pessoas à morte. Era uma tentativa de assassinato. Pense que “muita gente já se viu arruinada pela fofoca e pela mentira. Muita gente já perdeu a alegria de viver e até mesmo desejou a morte por ver seu nome arrastado para a alam por “pessoas zelosas pela pureza da igreja”. Além de crime, o falso testemunho é grave pecado diante de Deus. Pode se equivale a um covarde e premeditado assassinato.”[8]  O Senhor está a dizer que odeia a fofoca. Não aceita a o disse me disse. Ele diz que é um pecado que caminha lado a lado com o adultério e a feitiçaria.
 
O outro grupo que será julgado é o que defrauda o salário do trabalhador, da viúva, do órfão e que perverte o direito do estrangeiro. É pecado abominável fechar a mão ao pobre (Dt 15.11). O Senhor condena patrões que se recusam honrar seus funcionários com salários dignos. Patrões que sonegam os impostos que seus trabalhadores têm direito. Considera-se uma falta terrível atrasar o vencimento do seu funcionário. (Lv 19.13; Dt 24.14-15; Tg 5.14). É um pecado horrendo explorar o estrangeiro, a viúva e o órfão (Dt 24.19-32; Zc 7.10).
 
O povo Senhor está a dizer que é necessário por a vida em ordem senão, sofreremos o juízo. E devemos lembrar que horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Heb 10.31).
 
Guisa de Conclusão
 
O povo estava a perguntar: Onde está o Deus do juízo?
 
Esta pergunta também é feita em nossos dias.
 
Preste atenção.
 
O Senhor diz que devemos olhar para Ele.
 
Veja que este momento é o de ouvir a pregação da graça ter o seu caminho limpo e purificado.
 
É tempo de por sua vida em ordem senão o Senhor virá como juiz para julgar os nossos pecados.
 
O Senhor já veio e entrou no seu templo. “Cristo veio a este mundo revelar a possibilidade de você receber salvação e vida eterna. Veio a este mundo para mostrar que aqueles que se relacionam com Ele não precisam viver sob sentimento de culpa ou peso. Não veio para esmagar ninguém, achatar mentes, condenar; não veio para ficar reprimindo ou manipulando, nem quebrando aquilo que já está quebrado, derrotado. Ele veio aproveitar a fagulhinha, a chispa, a centelha, a torcida que fumega. Ele veio soprar como a brisa o vento do seu Espírito, para produzir vida e luz. Mas isso tem um tempo. E haverá um tempo no qual isso vai mudar. E mudará rapidamente para aqueles que derem de mão a essa chance de misericórdia e da graça. A Bíblia diz que para esses, Deus se tornará um fogo consumidor. E dura coisa é cair nas mãos do Deus vivo!”[9]
 
Queridos, o tempo agora é de salvação, mas vai chegar o tempo do julgamento.
 
Estamos preparados para a sua vinda?
 
Que Deus nos abençoe!
 
 
 
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[1] WOLF, Herbet. Ageu e Malaquias, Editora Vida, Miami Florida, 1986
 
[2] ELWELL, Walter A. (Ed.) Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã Vol 1, 1ª Edição, Edições Vida Nova,
 
São Paulo, 1993
 
[3] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias, nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do Livro de
 
Malaquias, 2ª edição JUERP, Rio de Janeiro, 1994.
 
[4] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Resposta a Calamidade, 2ª Edição CPAD Rio de Janeiro, 1989
 
[5] Ibid.
 
[6] BALDWIN, Joyce G., Ageu, Zacarias e Malaquias, 1ª edição Edições Vida Nova, São Paulo 1991
 
[7] Op. Cit.
 
[8] Op. Cit.
 
[9] Op. Cit.
Segue a cópia da mensagem que preguei no último domingo. 6/2/2005
 
Abraços,
 
 
Marcos
 
Texto: Malaquias 2.10-16
 
Tema: Não sejais desleais
 
Introdução
 
Este oráculo é muito sério. Fala da falta de lealdade do povo para com Deus. O Senhor está a dizer que não aceita a infidelidade do povo.
 
O texto mostra que quando a infidelidade ao Senhor acontece, a família sofre as consequências. Quando viramos às costas ao Senhor, seremos também desleais aos demais.
 
Toda a argumentação gira em torno de duas perguntas que feitas no versículo 10. Nestas perguntas o profeta se inclui também. Reconhece que faz parte do povo e por isso, também faz parte do problema. Creio que só poderemos ter uma espiritualidade sadia quando nos vermos como parte integrante da igreja. Quando olharmos e entendermos que o problema e pecado de um afecta a todos.
 
Vejamos o que diz o versículo 10: “Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?” A ideia aqui da paternidade não é universal, mas que Deus é Pai da nação de Israel. Isto fica claro no contexto.
 
Deus chamou o povo de Israel, se tornou Pai desta nação. “O povo a quem Deus chamou pelo nome foi criado para ser seu domínio particular, e para proclamar a sua glória (Êxodo 19:5; Isaías 43:1, 7,21).”[1] Este é um povo especial. É o povo de Deus. Tanto, homens como mulheres são filhos do Senhor. Como irmãos deveriam viver uma relação harmoniosa, mas não era isto que sucedia. Reinava a deslealdade no meio do povo. A advertência do Senhor é para que não haja deslealdade no meio do seu povo.
 
A pergunta que devemos responder é a seguinte: Em que não podemos ser desleais?
 
1 – Não podemos ser desleais nos nossos relacionamentos interpessoais 11
 
O versículo 11 é duro. Mostra a falta de lealdade de Judá. Cometeu uma grande abominação diante do Senhor. Qual foi a abominação?
 
Olhe o texto. A Palavra do Senhor diz que o pecado do povo foi envolver-se com pessoas que não tinham o Senhor como seu Deus. Envolveram-se com pessoas que serviam a outros deuses. É o famoso casamento misto.
 
Note querido que o texto diz que Israel profanou a santidade do Senhor. A ideia aqui é o santuário, mas não o edifício. A ideia do texto é a pessoa. Sendo assim, Israel profanou o seu caráter de nação santa (Êx 19.6; Is 6.13). A santidade do Senhor que deve ser vista no meio do seu povo estava manchada. Foi manchada porque Judá envolveu-se com uma mulher filha de um deus estranho. A ideia do termo “filha de” é que a mulher tinha o mesmo caráter do seu deus. Era alguém que estava em oposição ao Senhor.
 
Se pararmos e pensarmos na vida de Sansão e o que lhe aconteceu por ter se envolvido com uma mulher que não servia ao Senhor. Deixarmos de olhar para Salomão como o grande sábio e ver que por causa dele a idolatria entrou em Israel pelo simples facto de ter se envolvido com mulheres que não amavam ao Senhor. Também temos o caso de Acabe que casou com Jezabel a inimiga dos profetas do Senhor. Estes são apenas alguns exemplos que podemos citar.
 
Veja o que Paulo diz aos coríntios: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” (2 Cor 6.14-18).
 
O Senhor está a dizer que não podemos ser desleais em nossas relações. Não podemos desperdiçar nossas vidas em relacionamentos que irão destruir nossa fé. O pastor Isaltino diz o seguinte: “Há jovens em nossas igrejas que parecem desesperados para casar. Parece que, que permanecerem solteiros, estarão em grande desgraça social. E acabam casando com o primeiro que aparece. “Imagina se eu vou ficar solteira”, disse certa feita uma jovem desejosa de se casar com um rapaz não crente e de caráter pouco recomendável. E casou, apesar de todos os argumentos em sentido contrário. Hoje não é mais solteira. É divorciada, com um filho para criar, e bastante amargurada.”[2]
 
As trevas não podem conviver com a luz. Quem ama o Senhor não pode envolver-se em relacionamentos que a Palavra de Deus diz que não irão dar certo.
 
Israel falhou. Esqueceu o principal. “O povo estava se esquecendo de dois princípios de grande valor: a integridade da família, que era uma das pilastras da nação, e a teocracia judaica, que ficaria esfarelada com os casamentos com adoradores de falsas divindades.”[3] Sendo assim, não seja desleal ao Senhor. Espere nele. Confie no Senhor e Ele concederá o desejo do seu coração.
 
2 – Não podemos ser desleais com os nossos cônjuges 14-16
 
Estes versículos mostram como o divórcio havia se tornado uma prática comum naqueles dias. Os homens estavam a abandonar suas esposas para casaram com jovens atraentes. Estavam a esquecer que o Senhor no princípio criou apenas uma mulher para o homem. Se atentarmos bem para a nossa Bíblia veremos que a bigamia tem início com a família de Lameque, um homem que não teme ao Senhor e é um assassino.
 
Note que o texto diz que o casamento é uma aliança. O termo aliança é o mesmo para testamento. E este testamento tem o Senhor como testemunha (Gn 31.50; Pv 2.17). Ser fiel ao cônjuge espelha nossa fidelidade ao Senhor.
 
Note que o texto diz que o Senhor aborrece o repúdio. Isto não agrada a Deus. A Bíblia diz o seguinte: “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vida vã; porque este é o teu quinhão nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol.” (Ec 9.9). Desfruta com a mulher que Deus te Deu. Não é para ficar a trocar constantemente. O Senhor deseja a estabilidade no lar.
 
O que acontece então se o meu relacionamento deu errado? O que fazer se fui rejeitado e repudiado?
 
Queridos a igreja é lugar de cura. Não um lugar onde chegamos com os nossos fardos e dores e ainda nos é acrescentado um fardo mais pesado. Se infelizmente houve deslealdade, se houve uma quebra na relação e aconteceu o divórcio, quero lhe dizer que o amor do Senhor por si é o mesmo. Ele continua a amá-lo e se você se arrependeu e pediu perdão ao Senhor, descanse nele. Aqui cabe a Palavra de Paulo aos romanos: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8.1). Se Deus o perdoa, quem somos nós para o condenar. Se Deus o perdoa, não fique a se condenar. Desfrute da graça e do perdão do Senhor.
 
O que o texto está a dizer é que a deslealdade acontece quando viramos às costas ao Senhor. Quando deixamos de ter o nosso absoluto tudo é permitido. Quando deixamos de amar o Senhor, passamos a valorizar as banalidades da vida. Quando somos desleais com o Senhor seremos desleais connosco mesmo.
 
A maior traição que podemos fazer não é contra o nosso cônjuge, mas sim contra nós mesmos, pois estamos a negar o compromisso que assumimos. Mentimos para nós mesmos e para sustentar nossa mentira arranjamos desculpas que muitas vezes culminam com o divórcio.
 
O Senhor diz que odeia este tipo de coisa. Sendo assim, devemos nos arrepender e voltar para o Senhor. Voltar para os que privam de um relacionamento connosco e pedir-lhes perdão e caminhar lado a lado por toda a nossa vida.
 
3 – Não podemos ser desleais em nossa adoração 12-14
 
Veja a argumentação do povo. Apresentava sacrifício, chorava diante de Deus e até reclamava porque não obtinha resposta do Senhor.
 
O pecado tem a capacidade de cauterizar nossas mentes. Ele faz com que fiquemos tão duros que não percebemos que nosso culto é apenas conversa jogada fora. Não há sinceridade na nossa atitude. O povo queria justificar o seu erro culpando Deus.
 
Leia Génesis capítulo 3. Olhe atentamente o diálogo travado ali. Se o Senhor não dá um basta ele receberia a culpa do pecado. Adão culpa Eva. Eva culpa a serpente e o Senhor não pergunta mais nada. Se perguntasse a serpente diria que era o Senhor o culpado.
 
Preste atenção, o Senhor diz que se a nossa adoração for desleal, se não há sinceridade em nosso acto de culto o Senhor diz que vai punir o nosso pecado. Cuidado, não brinque com Deus.
 
Havia uma mistura no culto. Gemido, choro, lágrima e pecado. Pecado não confessado. Pecado não assumido. Pecado sem arrependimento e isto impede a comunhão com o Senhor. É preciso colocar a vida em ordem. João diz o seguinte: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1.9). Confissão é fundamental. Ela expressa o nosso arrependimento.
 
O Senhor deseja uma adoração autêntica, racional, mas para que ela aconteça devemos por nossa vida em ordem. “O que valida um culto não são os instrumentos que algumas pessoas dizem convictamente que são aqueles que Deus aceita nem a presença ou ausência de palmas. É o estado espiritual do adorador. É preciso saber distinguir entre o senso de estética e o senso de culto.”[4]
 
Devemos avaliar nossas vidas hoje. Não podemos ser desleais connosco mesmo, pois o Senhor conhece o nosso coração. Nós não o enganamos. Estamos na realidade a enganar-mos. Sendo assim, avaliemo-nos e vejamos se estamos a ser leais ou desleais na nossa adoração ao Senhor.
 
Guisa de Conclusão
 
A deslealdade desagrada o Senhor. Ela pode ser manifestada de várias maneiras na nossa vida. Precisamos estar atentos para não sermos apanhados de surpresa.
 
Vimos que podemos ser desleais em nossos relacionamentos. Procurar envolvermo-nos com pessoas que não amam ao Senhor. Pessoas que não têm o caráter de Cristo. Isto faz com que vivamos em deslealdade. Faz com que comecemos a abdicar de valores que são essenciais para a nossa conduta cristã.
 
O texto falou também da deslealdade entre marido e mulher. Falou de maridos que deixam suas esposas por mulheres mais novas. Isto aborrece o Senhor.
 
Sabe, o tempo passa por todos nós. A estética vai deixando de fazer sentido. Os valores mudam. O amor quando é alimentado não diminui aumenta.
 
Quando alimentamos o nosso amor pelo Senhor, quando mantemos nossa comunhão com o Senhor, também manteremos relacionamentos saudáveis uns com os outros.
 
O Senhor quer que eu e você sejamos fiéis e leais a Ele. Sendo assim, tenhamos a coragem de dizer não ao pecado que nos rodeia e nos dediquemos ao Senhor.
 
Que Deus nos abençoe!
 

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[1] WOLF, Herbet. Ageu e Malaquias, Editora Vida, Miami Florida, 1986
 
[2] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias, nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do Livro de
 
Malaquias, 2ª edição JUERP, Rio de Janeiro, 1994.
 
[3] Ibid
 
[4] Ibid


12/08 Queridos, No domingo passado estive em Coimbra. O culto foi muito bom. No final fui procurado por nossos irmãos dos países do leste que gostariam de que estivessem quatro horas na igreja para participar de uma reunião com eles. Disse-lhes que não poderia ficar muito tempo, pois teria que ir à congregação em Cantanhede ministrar a ceia. Cheguei um pouco antes das quatro. Vi a igreja com bastantes ucranianos, russos e outros irmãos dos países do leste Europeu. Encontrei o pastor Oleg. Eles iniciaram a reunião, falavam em russo e eu não entendia nada.Estava com minha família, mas uma coisa era certa podíamos sentir a presença de Deus de modo muito especial. Como desejei poder compreender o russo naquela hora. Como desejei cantar com eles. Fiquei ali sentado, como que num transe a ver os meus irmãos com alegria a engrandecerem ao Senhor. Louvei a Deus por nossa igreja. Agredeci ao Senhor pela visão que nos concedeu de abrir nossas portas para que estes irmãos tivessem a oportunidade de evangelizar os seus compatriotas. Como foi bom ver que o ministério está a crescer. Eles ali estavam a decidir o culto de batismos, que eu pedi que fosse celebrado em nossa igreja para que todos possam ver o resultado benéfico que foi nós termos cedido às instalações para este ministério. Antes de sair pude dizer duas coisas aos meus irmãos. Falei-lhes que entendi apenas as palavras Deus, Bíblia e Estaline e Lênin, mas disse que estes dois homens que tanto se opuseram à verdade Bíblica irão um dia estar prostrados a reconhecer que Jesus é o Senhor. É o que Paulo nos diz em Filipenses. Disse também que agora eu entendia o que eles sentiam quando estavam em nosso culto e enfrentavam o problema da linguagem. Por isso, louvava a Deus por aquele ministério. Meus queridos irmãos, Portugal hoje é umca comunidade multi-racial, um país pequeno que está cheio de muitas culturas e para que esta gente seja alcançada pela graça de Jesus é necessário que façamos um grande esforço para abrirmos nossas igrejas a elas com o intuito de conhecer suas culturas e pregar-lhes de modo que eles entendam. Orem para que o Senhor nos conceda sabedoria para que possamos alcançar essa gente que Deus tanto ama. Um grand eabraço, Marcos

06/08Queridos, Estamos a viver dias complicados aqui em Portugal. O fogo não está destruindo somente as florestas. Há destruição de vidas também. Quero suplicar aos irmãos que orem por uma família da igreja que está a enfrentar um momento delicadíssimo. O fogo da discórdia e traição bateu-lhes à porta e estão a ser destruídos. Como já disse, o mês de Agosto seria dedicado às nossas férias, mas como sair e deixar o povo a sofrer. Como parar para relaxar e ver que aqueles que o Senhor permitiu que eu servisse como pastor enfrentam dificuldades? Não posso sair neste momento. O casal Sérgio e Sandra estão a passar por momentos complicados já faz algum tempo. Contudo deixem-me contar-lhes um pouco da história para que os irmãos possam compreender tudo e orar de modo específico. Quando chegamos em Portugal em outubro de 96 eles estavam separados. Ele triu-a de modo cruel. Teve uma relação com a prima dela que durou meses. Acabou com a relação dele e da família que era muito unida. Cheguei tendo que trabalhar esta situação. Foi muito sofrimento. Em aconselhamento ela disse que mava-o e queria lutar por ele. Apoiamos sua luta. Eles voltaram a viver juntos. Foi uma grande alegria. A igreja o recebeu de braços abertos e nunca tocou sequer no assunto. O perdão foi incondicional. Passado algum tempo ela engravida. Nesse período o seu pai faleceu. Eles compraram uma casa que passaram a reformar. Tudo caminhava bem, excepto a relação com os tios e a prima. Nós estávamos a lutar para que houvesse uma reconciliação entre todos. Passado algum tempo ele é colocado numa escola perto da casa onde compraram. Ali ele assume o conselho directivo da escola. Deste momento em diante as coisas começam a ficar complicadas. Ele conheceu uma senhora também casada que era vice-directora (feia que doi). De um momento para o outro ele não sai da escola. Fica noites inteiras lá com a "colega". Começamos a desconfiar e a alertar a esposa que não aceitava tal situação. Ele foi fazer uma especializãção e a dita senhora foi junto. Ele teve que mudar de escola e ela tratou de mudar para a mesma escola que ele. Fui falar com ele abertamente. Disse que aquilo estava errado. Aconselhei-o a deixar o contacto com tal senhora. Ele disse-me que era apenas amizade. Eu disse que ele estava a permitir que a aparência do mal fosse uma realidade na vida dele. Entretanto, o jovem fez ouvido de mercador e foi fazer mestrado juntamente com a senhora. Saia quinta-feira e só regressa no sábado, pois o seu mestrado é na cidade de Braga. Ele não quis ficar a dormir na casa de familiares que viviam ali perto e passou a dormir num hotel e que supostamente é o mesmo que a senhora também ficava. O marido de tal senhora sempre liga para a jovem de nossa igreja e para sua mãe a fazer queixa e a reclamar. Há uma confusão terrível. É no meio desta confusão que as famílias se reconciliam. Fazem as pazes. É uma alegria. Mas há o sofrimento porque o rapaz está cada vez mais distante. Depois de ter falado com ele sumiu da igreja. Aparece pouquíssimas vezes e somente para o culto e notamos claramente que ele não está ali. A esposa falou-nos durante este fim-de-semana que não há mais diálogo entre eles. Ele não fala com ela e muito menos há intimidade e isto já faz tempo. Vive somente para ele. Hoje, cerca de 30 minutos ela ligou a dizer que pela manhã ele saiu com a filha e encontrou com uma mulher. Ele deu uma rosa a tal mulher e esta deu-lhe dinheiro. A jovem estava desesperada e disse que ia mandá-lo embora de casa, pois neste momento estão a viver na casa da mãe dela. Ele desfruta do carro que é da família dela, da casa e das despesa, pois ele não tem contribuído com nada. Irmãos orem por esta situação e por mim, pois mais uma vez teremos que intervir. Neste momento estamos a dar apoio a jovem. Concordamos com o que ela está a fazer, pois vimos a atitude dele para com ela em dois dias seguidos. Ontem quando sai com a família, fomos até um rio por causa do muito calor. Eles apareceram de surpresa. Ficamos felizes, mas ele deixou-a lá e foi embora. Quase oito horas, nossas crianças com fome e ele não aparecia. Dei-lhe o celular ela ligou-lhe e ele disse que estava a chegar. Foi nesta hora que a deixamos ali, isolada de tudo. Todo o caminho de volta não o vimos. Fizemos aproximadamente o caminho em 30 minutos e ele não passou por nós. Sendo assim, ela ficou ali jogada por muito mais tempo. Ela disse-nos que ele havia dito que ia deixá-la lá, pois tinha que sair. Hoje ele já saiu e ela está sozinha em casa. O engraçado é que é o período de férias dele e ele diz que hjá trabalho para fazer. Ajudem-nos por favor. Abraços, Marcos

05/08/2003 Queridos, Deus é maravilhoso. Outro dia partilhei convosco um pedido de oração que envolvia um casal. Quero relatar o que está a acontecer, pois é algo maravilhoso. Narrarei as coisas como seguem: O jovem pediu para que a esposa reconsiderasse. Ligou-lhe a chorar e reconheceu os seus erros. Aconselhei que se encontrassem em um local neutro. Foi o que fizeram e decidiram voltar a viver juntos. Ele reconciliou-se com os pais delas (apesar de grande culpa do problema ser de sua sogra). Estão a conviver harmoniosamente. Ele esteve na porta da igreja neste domingo e falamos um pouco. Ele disse à esposa que irá convidar-nos para irmos visitá-los. Agora eu irei conversar com a sogra deste jovem, que é membro da igreja para dizer que não se intrometa mais na vida deles. Direi como já disse que ela é culpada de muita coisa no relacionamento deles. Por isso, peço que orem por mim para que o Senhor me conceda sabedoria para tratar desta situação. Muito obrigado pelas vossas orações. Abraços, Marcos P.S.: Estas minhas férias estão a ser o máximo!

Segue a mensagem que pregarei amanhã em Coimbra. Abraços, Marcos Texto: 1 Pedro 4.12-19 Tema: Glorifique a Deus INTRODUÇÃO Este texto fala das provas que o cristão enfrenta na vida. Afirma que na vida cristã há lutas. Há adversidades que precisamos enfrentar. O Senhor Jesus afirmou: “Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16.33). Apesar das aflições, há esperança porque o Senhor Jesus derrotou o sistema que impera no mundo. Ninguém gosta de sofrer. Entretanto, é comum enfrentarmos lutas. É natural passarmos por problemas. Estas lutas têm causas distintas e acontecem de várias maneiras. Elas podem ser físicas, emocionais, financeiras, entre familiares e até mesmo espirituais. Não entendemos estes momentos, mas quando enfrentamos estas lutas à nossa fé é colocada à prova e temos a oportunidade de amadurecer. Não esqueça que sem lutas não há amadurecimento. Neste texto Pedro esta a advertir-nos contra o desânimo. Ele diz que não devemos estranhar que as provações que nos acontecem. Como é que podemos glorificar a Deus diante da dor e do sofrimento? 1 – Entendendo que as provas e o sofrimento são uma forma de testemunharmos do Senhor Jesus 12-13 Pedro inicia de uma forma surpreendente. Ele diz: “não estranheis”. Não sejam apanhados de surpresa. Saiba que enfrentaremos luta. Tenha consciência que aparecerão obstáculos na decorrer da caminhada cristã. Como afirma Swindoll: “Não se surpreenda quando a luta chegar. Embora você não saiba que precisa aprender coisas, Deus sabe, e Ele determina soberanamente: “O momento é chegado.” Deus está moldando a sua vida à imagem de Seu Filho, e isto requer tribulações. Sendo assim, em primeiro lugar não se surpreenda.”[1] Mas não devemos nos surpreender com o que? Com a ardente provação (gr. pyrõsei). É um fogo ardente. O fogo serve para o julgamento e para purificação. Aqui encontramos as duas coisas juntas. Os cristãos estão a sofrer perseguições e este sofrimento intenso também é uma maneira de prová-los. Não perca o ânimo. Lembre-se das palavras do Senhor Jesus: " Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Felizes sereis quando vos insultarem e perseguirem e, por minha causa, disserem todo tipo de calúnia contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque grande será a vossa recompensa nos céus. Foi assim que perseguiram os profetas antes de vós”. (Mt 5.10-12). Jesus declara que as lutas são uma marca da autenticidade do nosso testemunho cristão. Afirma também que a alegria que Ele produz é muito maior que a perseguição e o sofrimento. Nada pode tirar esta alegria que Ele nos concede. Por que devo alegrar-me com este fogo ardente? Pedro diz que ele nos faz participantes das aflições de Cristo e nos conduz para revelação da sua glória. Tiago diz que as provações não trazem uma recompensa (Tg 1.2; 12). Isto nos faz lembrar o que diz Paulo: “Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são eleitos segundo seus desígnios.” (Rm 8.28). Até mesmo as provas, porque em Cristo Jesus nós temos a vitória. Utilizando ao texto de Paulo: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Realmente está escrito: Por tua causa somos entregues à morte todo o dia, fomos tidos em conta de ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em tudo isso vencemos por aquele que nos amou. (Rm 8.35-38). É por este motivo que exultamos. Jesus venceu e nos garante a vitória. Ele nos convida a participar da sua alegria. Alegria que nada pode destruir. Devemos ficar preocupados não quando estamos a enfrentar lutas e perseguições por causa do Senhor, mas sim quando não as enfrentamos. Testemunhamos porque temos comunhão com o Senhor e esta comunhão vai até o sofrimento (Fp 3.10). Mas apesar do sofrimento somos alegres. Não somos a comunidade dos tristes. Somos a comunidade da alegria. Como afirma Caio Fábio: “Vocês já observaram que, na Bíblia, tristeza de maneira nenhuma é antónimo de alegria? Que apesar da tristeza você pode estar sempre alegre? Venha o que vier; entristecidos, espoliados ou sofrendo, regozijemo-nos na medida em que somos participantes dos sofrimentos de Cristo. Entristecidos pelos homens, mas sempre alegres no Senhor Jesus.”[2] Paulo afirma que as aflições e os sofrimentos que ele viveu não apagaram a alegria que ele sentia ( 2 Co 6.1-10). “A felicidade tem a condição de condição de conviver com a tragédia. As lágrimas podem rolar dos olhos, o coração pode estar apertado de dor, mas ainda assim você pode ser feliz. A felicidade admite o paradoxo de gemer, sofrer, e importar-se com os gemidos do mundo, sem que isto implique em desespero”[3]. Aproveitamos as oportunidades para testemunhar da graça do Senhor. 2 – Sofrendo injustamente por amor do Senhor e não por merecimento próprio 14-16 Pedro agora diz que se a pessoa sofre injustamente como cristã é feliz. Entretanto se sofre por merecimento, não há prazer nenhum nisto. O termo vituperados significa ofensas morais. Tenha certeza que irão injuriá-lo. Tentarão destruir sua imagem. Irão difamá-lo, mas exulte no Senhor. Não se deixe vencer pelas calúnias. Elas testificam que o seu viver é diferente. Mostram que não existe comodidade me relação às coisas do mundo. Lembremos mais uma vez o que disse o Senhor Jesus: “Felizes sereis quando vos insultarem e perseguirem e, por minha causa, disserem todo tipo de calúnia contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque grande será a vossa recompensa nos céus. Foi assim que perseguiram os profetas antes de vós”. (Mt 5.11-12). Sofremos porque somos cristãos. Temos nossa reputação enxovalhada porque não aceitamos o sistema do mundo. Como entender esta felicidade. Como podemos estar felizes pelas acusações que nos são feitas? Pedro diz que o motivo é que o Espírito da glória, o Espírito de Deus repousa sobre nós. Isto é motivo de segurança. Não estamos sós. Não passamos por esse turbilhão sozinhos. Esta mesma realidade é narrada por David no Salmo 23. Ele sabia que passava por situações conflituosas, mas nada tirava a presença do seu Pastor. Assim também nós, temos a presença constante do Senhor nas nossas vidas. Enquanto a sociedade nos persegue e é hostil para connosco, temos a certeza de que o Senhor nos cobre (Is 11.2), Ele está connosco e nos conduz em segurança. Enquanto o sofrimento é por causa do Senhor, há motivo para exultarmos, mas cuidado para que a perseguição não seja merecida. Aqui desta listagem de Pedro, quero apenas destacar a expressão: “como alguém que se entremete em negócios alheios”. O que Pedro diz é que há pessoas que sofrem porque ficam a vigiar os afazeres de outras pessoas. Há pessoas que sofrem por serem intrometidas. Metediças. Que o nosso sofrimento não seja por sermos metediços. Se estivermos a sofrer que seja por causa de Cristo e do testemunho que devemos dar em nome do Senhor Jesus. Devemos glorificar o Senhor e honrá-lo. Precisamos sentir honrados de ser participantes do sofrimento do Senhor. Ele sofreu muito mais por nós. Não podemos escapar do sofrimento. Sempre teremos que passar por momentos de dores, mas que o nosso sofrimento seja injusto e por causa de Cristo e nunca pelas nossas atitudes erradas. 3 – A permitir que a vontade do Senhor seja feita e nunca a nossa 17-19 Os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos (Is 55.8-9). Ele actua e já iniciou o seu julgamento. Deus está a agir. Ele prova-nos para nos aperfeiçoar. Como já disse alguém: “o sofrimento é o formão de Deus”. Esse sofrimento que é tanto provação é também julgamento do seu povo. É bom lembrar que o Senhor guarda o seu povo e protege-o. Ele prometeu que quem crer nele não entra em juízo (Jo 5.24). O sentido é que a pessoa não é condenada. Entretanto os que não tem o Senhor estão perdidos. O julgamento deles será muito pior. A nossa justificação é pelo fogo. O fogo nos purifica e aperfeiçoa, mas os que rejeitam o Senhor serão julgados e lançados para o lago de fogo (Ap 20.10-15) A caminhada cristã é feita pelo caminho estreito, mas que conduz à salvação. Entretanto, por ser apertado o caminho, há dificuldades, mas estas não são o reflexo daquilo que aguarda os que desprezam o Senhor. O que Pedro está a enfatizar é que há um julgamento e que a absolvição só é possível para os que se entregam ao Senhor. Para aqueles que “confiam suas almas ao fiel Criador, praticando o bem.” O sentido aqui é que as pessoas se encomendam a Deus. Dedicam-se completamente ao Senhor. Faz lembrar o que Paulo escreve: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.1-2). É dedicar-se completamente ao Senhor. Esta entrega total faz com que oremos como o Senhor Jesus: “ seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu.” (Mt 6.10). é querer que o Senhor controle toda sua vida. É dizer como João o Baptista: “É preciso que ele cresça e eu diminua.” (Jo 3.30). É não ter medo de entregar-se completamente ao Senhor. É confiar no Deus de toda consolação (2 Cor 1.3-5). É permitir que a paz de Deus que excede todo o entendimento cuide das nossas vidas (Fp 4.7). Quando confiamos no Senhor entendemos que somos salvos pela graça. Compreendemos que fomos criados para a prática das boas obras e passamos a fazer as coisas para as quais fomos criados (Ef 2.8-10). Guisa de Conclusão O sofrimento é uma realidade na vida de todos nós, mas precisamos entender que há benefício nas situações de dor que vivemos. Aprendemos aqui o seguinte: Ø O sofrimento é uma porta aberta para testemunharmos do amor do Senhor e mostrar que não aceitamos os padrões do mundo para as nossas vidas. Ø Sofrer injustamente pelo Senhor é bênção, mas sofrer por merecimento é vergonhoso. Ø O sofrimento nos leva a dependência total do Senhor. Que Deus nos abençoe ricamente.
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[1]SWINDOLL, Charles. Renove sua esperança 1ª edição, Editora Atos, Belo Horizonte, MG 1999
[2] D´ARAÚJO FILHO, Caio Fábio. Mensagem ao Homem do Século XX, 2ª Edição, Editora VINDE, Niterói 1986
[3] Ibid.

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