Nunca houve um assunto mais elevado do que este que movesse a pena na mão de um simples homem.Será acaso possível a seres tão limitados e mortais como nós, conter e expressar as profundezas ilimitadas que existem no precioso Nome de Nosso Senhor ?
Não é este trabalho apenas uma fraca resposta ao Seu infinito amor, quando os redimidos principiam, ainda aqui, o eterno louvor em honra dEle ? E não é certo que em breve todas as regiões terrestres e celestiais ressoarão com aleluias a Ele, o único que é digno ? Um dia, em muda admiração, nós nos ajoelharemos diante dEle e atiraremos nossas coroas aos Seus pés quando conheceremos assim como somos conhecidos. Apenas nesses espírito e adora-ção entraremos no Santo dos Santos e falaremos sobre Sua glória, e ainda que o Santo Espírito nos ensine e guie visando nossa plena compreensão, aqui no mundo só podemos falar imperfeitamente (1 Co 13:11) , como criancinhas que conseguem apenas balbuciar...
O Criador dos céus e da terra deu a conhecer Seus eternos conselhos nas Santas Escrituras, onde, do começo ao fim, tudo fala da bendita Pessoa e do trabalho do Filho de Deus, Jesus Cristo. Mas nem todo o homem está apto a ver nas Escrituras as maravilhas do Filho de Deus, pois para isso o leitor necessita de uma fé viva e pessoal nEle.
Nas coisas espirituais, tudo depende da fé. A posse de uma fé pessoal, o presente soberano e incondicional do Deus de toda a graça, dá a chave para uma caminhada celestial em meio a um mundo corrompido.
O grande objeto da fé é a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Deus ofereceu o seu mais elevado tesouro para salvar a mais baixa das criaturas em todo o universo – o pecador perdido. E a intenção de Deus é de que todos venham a crer nEle, Cristo ... Mas o que significa isso, crer em Cristo ?
Confiar nas habilidades de um médico tem seu efeito, pois você vai a ele com a segurança de que ele restaurará a sua saúde. Confiança em um professor fará com que alguém aceite seus ensinos e o siga. A reputação de um banqueiro pode nos levar a confiar-lhe todo o nosso dinheiro. Mas a fé no Senhor Jesus significa muito mais que tudo isso : é depositar confiança nEle para a salvação da alma para o presente e para a eternidade, e aceitar Sua ajuda em toda a necessidade. E então, Jesus deseja ser tudo para nós.
Como Filho de Deus, Ele é nosso Criador e tornou-se o Salvador dos pecados na cruz do Calvário. Ele é agora o Homem glorificado, que nos ensina através do Espírito Santo ; Ele é o Pão da Vida, que nutre as nossas almas. Ele é a Luz do Mundo, para guiar-nos através de um cenário de trevas. Ele é o nosso grande Sumo Sacerdote, para livrar-nos da queda ; e o amado Noivo por Quem esperamos.
Crer realmente nEle significa que nós O recebemos na plenitude de Sua gloriosa Pessoa, e isto de maneira pessoal. Crer em Cristo como nosso Salvador nos dá a segurança de que todos os nossos pecados estão perdoados. Como Libertador do poder do pecado, Ele pode dizer : “Se portanto o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”(Jo 8:36). Ele é o único Mestre divino, falando as palavras de Deus (Jo 14:10), e nós podemos aceitar Seus ensinos como infalíveis, a essência da perfeita educação na escola de Deus. Cristo tem todo o poder nos céus e na terra. Aceita-Lo como nosso Senhor é reconhecer Seus direitos sobre nós, é submetermo-nos à Sua vontade, dizendo com Paulo : “Que farei, Senhor ?” (At 22:10). Para possuir com Cristo todas as coisas, devemos pesquisar as Escrituras com o objetivo de encontra-Lo, “porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade;também nEle estais aperfeiçoados” (Cl 2:9,10).
CAPÍTULO
I
O NOME
DE JESUS CRISTO
Nosso nome nos distingue de outras pessoas, mas um título contém uma distinção que vai mais além, relativa à nossa posição e trabalho. Quando Deus dá um nome a alguém, ele sempre expressará o caráter dessa pessoa como Deus o vê. Provas de que o nome e o caráter andam juntos nas Escrituras se podem ver quando Deus troca o nome de vários homens da Bíblia após uma mudança de posição ou uma mudança moral que ocorre em suas vidas. Assim Abrão obteve o nome de Abraão, e Sarai tornou-se Sara. Jacó foi chamado Israel, Simão foi chamado Pedro e Saulo de Tarso foi batizado Paulo.
Jesus é um nome e Salvador é um título . O nome FILHO DE DEUS expressa Seu relacio-namento eterno , que é Sua Pessoa eterna.
Nós somente podemos nos dirigir a alguém pelo Seu nome quando o conhecemos pessoal-mente, e chamar o Nome de Cristo professa que você O conhece pessoalmente.
O Nome de Cristo fala de poder, santidade, amor e sabedoria : “ E o Seu nome será : Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9:6).
O Nome de Jesus tem sido exaltado sobre todo o nome desde que Ele foi levantado dentre os mortos e ascendeu ao céu. “Pelo que também Deus O exaltou sobremaneira e Lhe deu o Nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho.”(Fp 2:9,10). É pelo Seu Nome que Ele compelirá todo o joelho a dobrar-se diante dEle. O Nome de Jesus é Salvador, cujo poder é Amor. Seu Nome posto acima de todos os nomes é um Nome de poder. E por esse poder se decretará que tudo o que há nos céus, na terra e debaixo da terra deverá se ajoelhar diante dEle e confessar aquele Nome adorável – tão desonrado na terra – meu Senhor Jesus, agora confessado pela graça da salvação , mas naquele dia em glória e julgamento.
SALVAÇÃO PELO NOME DE JESUS
“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4:12). “Quem nEle crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3:18).
No nome de Jesus se escondem o amor infinito e a graça que estão no coração de Deus nosso Pai. Cristo revelou o amor de Deus; Ele é o Filho unigênito de Deus no seio do Pai, a eterna habitação de amor e delícia. Mas no nome de Jesus, o qual significa “Javé é Salvador” também jaz oculto Sua obra de salvação completamente cumprida, sua morte expiatória na cruz do Calvário.Assim este nome expressa totalmente o caminho da salvação e se torna o objeto da fé que salva.
Estaremos perdidos se não buscarmos refúgio neste nome. A salvação não está em nós, em nosso caráter, obras ou méritos. Não está nas diferentes religiões e credos, ainda que existam entre os homens muitos nomes que se simulam ser nomes salvadores, como Maomé e Buda, mas realmente não o são. Esta é a glória exclusiva do Nome de Jesus, que é o único Nome através do qual podemos nos aproximar de Deus.
Este Nome não é apenas um Nome inescrutável no CÉU, mas um nome bendito também DEBAIXO DO CÉU. É dado ENTRE OS HOMENS , que necessitam de salvação; homens que estão a ponto de perecer em seus pecados, e para quem este Nome é o único refúgio, a única torre forte para a qual fugir.
Aqueles que não crêem nEle já estão condenados. Seu pecado é agravado pela singular dignidade da Pessoa que eles ignoram : eles não crêem no nome do unigênito Filho de Deus. Descrença é pecado contra o mais querido objeto do coração amoroso de Deus.
REUNIDOS EM O NOME DO SENHOR JESUS
“Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei eu também no meio deles” (Mt 18:20).”Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.”(2 Tm 2:19). A preciosa promessa da presença do Senhor é assegurada e garantida aos dois ou três reunidos em Seu nome.Desta forma, o Senhor põe o seu selo de aprovação no menor grupo possível de crentes, e a sua associação com o Nome de Cristo é fielmente realizada, pelo simples fato de serem membros de Seu Corpo, a Igreja. Precisamos de alguma outra confirmação de que Ele, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, está em nosso meio com todas as Suas riquezas e bênçãos ? O Nome do senhor Jesus é suficiente para caracterizar em todos os tempos a igreja de Deus. Tudo o que aqueles dois ou três decidem no Nome de Cristo é considerado por Ele como ligado no céu, e é válido para todas as assembléias em toda a terra que caminham na verdade. Seu Nome dá autoridade a todas as decisões destes dois ou três, especialmente no que diz respeito à recepção dos crentes à mesa do Senhor. É evidente que o respeito por Sua presença deveria excluir todo a vontade própria naqueles que tomam tais decisões.
ORAÇÃO EM NOME DO SENHOR
“Se alguma coisa pedirdes em meu nome, eu o farei” (Jo 14:14).”E esta é a confiança que temos para com Ele, que se pedirmos alguma cousa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve” (1 Jo 5:14).
A oração é a mais profunda necessidade e o mais alto privilégio de todo crente. Sendo pobres, fracos e desvalidos como somos, a oração dá expressão à nossa dependência dEle, a Quem recorremos. Nossas necessidades devem nos levar ao trono da graça e então o Nome de Jesus nos dá a segurança de que seremos ouvidos, quando vamos pela fé à presença de Deus nosso Pai. Nossos olhos, então, estão fixados em Jesus. Em Seu nome, baseados no que Ele é para o Pai, entramos no Santo dos Santos, e lá estamos, através de Jesus, certos do favor de Deus.Quando apresento uma ordem de pagamento a um banco, Eu requeiro o valor em nome daquele que a assinou. Da mesma maneira , Cristo subscreverá as orações que enviamos ao Pai. Deus ouvirá nossas súplicas, porque a alegria de Seu coração é glorificar o Seu Filho. “Se pedirdes qualquer coisa em meu nome” – a promessa é absoluta e sem nenhuma limitação. Mas este Nome, que expressa o Seu caráter, expressa também Sua vontade e Sua mente ; desta forma, pedir em Seu nome é o mesmo que pedir de acordo com a Sua vontade. Veremos este aspecto ressaltado na Palavra de Deus. Então, se formos guiados pelo Espírito Santo, pediremos ao Pai coisas tais que o próprio Jesus deseja de Seu Pai, visando à realização de Seus eternos desígnios de amor.
O NOME DE “JESUS”
Existe uma doçura especial no Nome de “Jesus” . Não é o Seu título oficial, mas Seu nome pessoal ; e este Nome pessoal do Senhor tem para nossos corações uma particular beleza e atração. O Espírito Santo é muito exato no uso dos nomes e títulos do Senhor.
O nome de “Jesus” – “Yavé é Salvador” – é usado principalmente com referência à Sua humilhação, Sua vida humana aqui na terra. Ele era chamado de “Jesus de Nazaré “. Na descrição de sua jornada terrena nos quatro evangelhos, o nome “Jesus” é usado 566 vezes, e o nome “Cristo” é encontrado apenas 36 vezes. Mas o nome de “Jesus” não é associado apenas com Sua humilhação, mas também com a Sua exaltação (Fp 2:10), porque a Sua exaltação é a resposta divina à Sua humilhação.
Este Nome é usado na Epístola aos Hebreus em relação à sua glória e ofício de Sumo Sacerdote. Sob o nome de “Jesus” Ele é apresentado nesta epístola como o Homem glorificado (Hb 2:9) , o Precursor ( Hb 6:20) , o Fiador (Hb 7:22) e como o Apóstolo e Sumo Sacerdote de nossa confissão (Hb 3:1); também como o Autor e Consumador da Fé (Hb 12:24) , o Mediador (Hb12:24) e o Santificador (Hb 13:12).
A razão pela qual o nome de “Jesus” é encontrado tão freqüentemente naquela epístola é que é que os crentes hebreus estavam acostumados a um sacerdócio e serviço levíticos com um caráter oficial. Portanto era útil a eles ter o Senhor Jesus apresentado na simples majestade de Seu Nome pessoal . Por exemplo, nós o temos em Hb 2:6-9 como o Homem glorificado, em quem todos os desígnios de Deus para com o homem foram cumpridos. “Todas as coisas sujeitastes debaixo dos Seus pés...Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas...” Temos um precioso antegozo do céu quando, elevando nossos olhos a um céu aberto – nosso especial privilégio , vemos JESUS coroado com glória e honra. E nossos corações reconhecem como Ele é digno de ter essa glória ! Não foi este JESUS que sofreu e morreu por nós ? No terceiro capítulo somos novamente convidados a considera-Lo. Ele foi o Apóstolo, o Enviado de Deus aos homens ! Que embaixador de paz e amor foi este Jesus ! No quarto capítulo somos encorajados de novo a ver o Sumo Sacerdote, que atravessou os céus. É o mesmo Jesus, o Homem humilde e meigo , cheio de simpatia e compaixão pelos que vivem na terra. Necessitamos de mercê para a jornada e a luta, e encontramos nEle socorro em ocasião oportuna.
No capítulo 6:17-20 Ele é nosso Precursor. Ele entrou lá, onde breve estaremos com Ele, e esta esperança é uma âncora para as nossas almas. No sétimo capítulo, Ele é o Fiador de uma aliança melhor que a do Novo Testamento (vv 20-22). Jesus assumiu a responsabi-lidade desta aliança. O primeiro homem falhou cada vez que teve a responsabilidade, mas Jesus nunca falha. Ele assegura, pelo Seu sangue derramado, a melhor aliança. No décimo capítulo, é o sangue de Jesus que abriu o caminho até o Santo dos Santos, à própria presença de Deus. Nos capítulos 11 e 12 todos os homens de fé são eclipsados por JESUS , o Autor e Consumador da fé. E no capítulo 13 somos convidados a deixar o arraial até JESUS, ainda rejeitado por este mundo, e levar o Seu vitupério.
O NOME DE “CRISTO”
O significado literal deste nome é “UNGIDO” . No princípio de Sua vida, Seu título era “Cristo”, o qual era sinônimo do título “MESSIAS” para Israel, e aprendemos que , pela Sua exaltação, Seu Nome agora é Jesus Cristo.Nos Evangelhos nós temos Jesus Cristo pessoalmente, como ungido e enviado por Deus. No Evangelho de João, Jesus nunca se chama a Si mesmo de Cristo. Outros o chamam desta maneira , mas Ele mesmo não o faz. Isto é porque neste Evangelho Ele estava consciente de Sua rejeição no princípio como o Messias, o Ungido de Deus (Jo 1:12). Ele atribui a Si mesmo o título de Filho do Homem sendo Filho de Deus, uma glória que não deveria ser rejeitada por nenhum homem na qualidade de criatura dEle. Antes que o homem natural fosse posto de lado na cruz era impossível que Cristo pudesse ser aceito como Rei de Israel. Nos Atos dos Apóstolos é oficialmente anunciado que “JESUS É O CRISTO” (At 2:36, 5:42), e nas epístolas vemos Cristo como a mística Cabeça do Corpo, que é a igreja. Os crentes, portanto, são membros individuais de Seu Corpo, e coletivamente reportados como “O CRISTO” (1 Co 12:12), e na epístola dos Efésios os crentes são vistos “EM CRISTO”. Cristo é a fonte de Sua vida e de todas as suas bênçãos. Eles são abençoados “com toda a sorte de bênçãos nas regiões celestiais” EM CRISTO. É marcante que no começo da epístola aos Efésios nós temos sete bênçãos espirituais EM CRISTO , e que nos últimos capítulos temos sete responsabilidades NO SENHOR. Estas bênçãos em Cristo são (cap.1:3-14):
1) Escolhidos nEle antes da fundação do mundo.
2) Designados de antemão para adoção.
3) Favorecidos no Amado.
4) Tendo redenção pelo Seu sangue.
5) Foi-nos dado a conhecer o mistério de Sua vontade.
6) Obtivemos uma herança.
7) Selados com o Espírito Santo, o penhor da herança.
Na epístola dos Colossenses aprendemos que CRISTO ESTÁ EM NÓS : “ A riqueza da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória” (C1:27) .
Cristo no céu é o Ungido, e todas as bênçãos celestiais estão agora centralizadas nEle.E então todos os que estão “EM CRISTO” têm nEle uma medida ilimitada de amor, paz,alegria, luz e poder, porque o próprio Cristo possui tudo isto de forma ilimitada, e porque estamos unidos com Ele.
Os títulos de Cristo expressam as diferentes glórias vinculadas ao Seu Nome. Cada título é como uma jóia em Sua coroa. Que nossos corações possam se aquecer na contemplação das glórias de Cristo quando repetimos Seus títulos em adoração. Esta contemplação no Espírito Santo é o segredo de todo o crescimento espiritual: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde estão Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Co 3:17,18 ).
CAPÍTULO II
JESUS CRISTO , NOSSO SALVADOR
Existirá algum nome mais emocionante para os ouvidos e o coração de um redimido que o adorável Nome de Jesus, que significa “ Deus é Salvador” ? Nada pode inflamar mais os nossos corações com profunda gratidão que o inescrutável Nome, que nos fala de quem nos resgatou de um poço sem fundo, do lago de fogo, arrancando-nos dele como tições e trazendo-nos a uma perfeita segurança. Nele obtivemos refúgio e salvação eterna e perfeita.
A língua dos esquimós é tida como sendo muito rica em sinônimos, principalmente em´palavras que expressam salvação dos muitos perigos que enfrentam na pesca. Um missionário certa vez inquiriu um esquimó com o propósito de achar a melhor tradução para a palavra SALVADOR. Ele proferiu uma série de palavras e na sétima expressão o esquimó deu a seguinte explanação :
“Alguém caiu de um navio em alto mar. Ninguém o viu, o mar é infinito e não há nenhum barco no horizonte. Naquele momento em que todas a esperança parece estar perdida, uma mão misteriosa vem do céu , agarra a pessoa em desgraça, e leva-o com poder para a segurança da costa. Em vez de deixa-lo lá, os braços do Salvador levam o homem atônito para uma casa confortável, onde tudo está preparado para o seu bem-estar e então uma nova vida de felicidade e abundância começa.”
Nosso Jesus é um Salvador assim, e infinitamente melhor, pois não é o produto da imaginação popular , mas uma Pessoa real e divina, o Filho de Deus, que veio à terra para salvar-nos de um destino terrível e eterno para levar-nos à glória e delícia sem fim.
As Escrituras nos apresentam diferentes matizes de nossa salvação em homens de fé que encontraram refúgio de um perigo mortal ; por exemplo, Noé. Deus fez dele um monu-mento à misericórdia ao mostrar-lhe um caminho de salvação antes que as águas do dilúvio levassem os infiéis.”Pois eis que trarei um dilúvio de águas sobre a terra, para destruir toda a carne debaixo dos céus em que há fôlego de vida ...Entra na arca, tu e os da tu casa” (Gn 6:17, 7:1). “Pela fé Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa.” (Hb 11:7).
Para compreendermos o quanto é preciosa uma salvação como esta, precisamos primeir-amente estar convencidos do terrível julgamento, o qual, como a espada de Dâmocles, pende sobre este mundo pecador, um mundo que consumou seu ódio contra Deus ao crucificar Seu Filho amado ! Incessantemente Deus proclama agora, através da pura graça, com voz de advertência, o Evangelho para este mundo condenado.
JESUS SALVA DO JULGAMENTO VINDOURO
“Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.”( Jo 12:31) . “Jesus, que nos livra da ira vindoura” ( 1 Ts 1:10 ).
Este mundo está condenado porque crucificou o Senhor da glória e sua destruição está próxima. Salvação, através da fé em Cristo, nos assegura um refúgio da ira vindoura.O apóstolo Paulo, no Areópago, preveniu os habitantes de Atenas bradando aos idólatras daquela cidade : “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica as homens que todos, em toda a parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” ( At 17:30,31 ).
A voz de Deus está chamando com urgência, porque logo a porta da graça será fechada e Jesus virá para levar os redimidos para estarem com Ele. Para aqueles que, por causa da descrença, permanecem fora da salvação um tempo de terrível tribulação terá lugar tendo seu ponto culminante no exato momento em que Jesus mesmo voltará em glória, poder e majestade para vingar-se dos Seus inimigos. “...quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus, e contra os que não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder” (2 Ts 1:7-9).
OS DESCRENTES ZOMBAM DO JULGAMENTO
Nos tempos de Noé os homens estavam muito ocupados com as coisas temporais para dar alguma atenção aos avisos do pregador da justiça. Nos dias de Ló eles continuaram em seus pecados indecentes até que Sodoma e Gomorra foram destruídas com fogo e enxofre.
E este mundo moderno prefere esquecer o perigo e expulsar a voz de Deus para o tumulto da vida comercial e cultural e nos encantos do prazer ao invés de ouvir os avisos como o de Pedro : “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão, com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão, abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pe 3:10 ).
SALVADOR OU JUÍZ ?
“Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido” ( Mt 18:11 ). “Quem nEle crê não é julgado ; o que não crê já está julgado” ( Jo 3:18 ).
Desde que Jesus veio para buscar e salvar todos aqueles que estavam perdidos, todos os que crêem nEle serão salvos da ira vindoura e abrigados do julgamento futuro do Grande Trono Branco. Todos os descrentes serão lançados no terrível lago de fogo e enxofre, onde serão atormentados eternamente. O dia se aproxima no qual todos os pecadores não convertidos se apresentarão diante da face dAquele que rejeitaram como seu Salvador. Ali Herodes e todos os zombadores, Pilatos e todos os covardes Judas e todos os traidores, Anãs com todos os hipócritas e fariseus de todos os tempos descobrirão, trêmulos, que sua única oportunidade de salvação foi desperdiçada eternamente, porque desprezaram a vós de Jesus e escarneceram acusaram falsamente e crucificaram o Senhor da glória.Hoje, meu caro leitor, Jesus se apresenta como Salvador diante de ti. O que VOCÊ fará com Jesus ? Que Ele possa de fato, pela fé, ser o seu Salvador pessoal, para que não seja, amanhã, o seu inexorável JUÍZ.
UM SALVADOR QUE NÃO SE SALVOU A SI MESMO
Vamos meditar sobre Ele , colocado como um dos três condenados no Calvário. O sumo sacerdote e os escribas , zombando entre si, disseram : “Ele salvou aos outros, mas não pode salvar-se a Si mesmo. Se Ele é o Cristo, o Rei de Israel, que desça da cruz e creremos nEle.” (Mc15:32).Como esses judeus estavam orgulhosos de haver atingido os seus objetivos ! Homens, enganados por Satanás, pensavam ter-se livrado de Deus, cuja presença os embaraçava. Eles balançavam as suas cabeças, dizendo : “ Salvou a outros e não pode salvar-se a Si mesmo” . Nada revela mais claramente do que estas palavras como é terrível o pecado do homem, o ódio contra um Deus amoroso. Todos foram obrigados a reconhecer que Cristo, durante Sua vida na terra, mostrou poder divino por meio de toda a sorte de prodígios, e até mesmo pela ressurreição de mortos. Mas mesmo reconhecendo, em suas palavras, o Seu poder salvador, eles rejeitaram a Deus, que era a fonte desse poder. Eles negaram o amor de Deus em Cristo, eles, como Jesus disse, “odiaram a mim e a meu Pai.”
O Senhor Jesus se sacrificou voluntariamente em vez de proteger-se a Si mesmo. O mesmo amor que havia livrado outros dos seus sofrimentos terrestres agora foi mais além. Ele Se deu a Si mesmo a nós, na morte. Na fé, este terrível escárnio se transforma em louvor. Não era uma impossibilidade natural, mas moral, descer da cruz. Os escribas diriam que Ele não podia descer da cruz porque os carrascos tinham executado bem a sua tarefa sinistra, porque os pregos que atravessavam Suas mãos e pés estavam bem firmes. Mas se Jesus tivesse o desejo de descer da cruz, todos os pregos e cordas de Jerusalém não o deteriam.O que eram pregos e cordas para Aquele que podia acalmar a tempestade com uma única palavra de Sua boca ? O Seu amor pelos pecadores foi o único poder que o manteve na cruz. Ninguém poderia tomar dEle a Sua vida ; Ele Se deu a Si mesmo como oferta voluntária. Amor perfeito por Seu Pai, obediência à vontade de Deus, amor infinito por nós, foi por estas razões que Ele não Se salvou a Si mesmo. Ele poderia ter requisitado o auxílio de doze legiões de anjos , mas não fez uso disso. Só havia um caminho pelo qual salvaria os outros, e deste caminho estreito e difícil Ele não se desviou nem mesmo a largura de um fio de cabelo.
Um jovem doutor, que tomou para si a nobre tarefa de cuidar de doentes de cólera, aos 32 anos caiu vítima dessa terrível doença. Ele havia assumido voluntariamente a tarefa, mas não uma morte voluntária, porque ele sempre teve a esperança de escapar da enfermidade. Mas Jesus não tinha o desejo de escapar da morte na cruz. Ele tomou o cálice das mãos de Seu Pai e se determinou a esvazia-lo até o fim.
UM SALVADOR ESQUECIDO POR DEUS
“Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.À hora nona, clamou Jesus em alta voz : Eloi, Eloi, lama sabactâni ! que quer dizer : Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste ?” (Mc. 15:33-34).
Quando Jesus enfrentou a zombaria dos homens durante as três horas de sofrimento na cruz, Deus fez com que trevas cobrissem toda aterra e os homens se retiraram. Jesus estava agora a sós com Deus. Durante as três horas de escuridão a obra da redenção foi cumprida.
Ele se tornou pecado por nós, Ele se submeteu aos golpes da justiça divina.
Nada poderia evita-los ou ameniza-los. Toda a Sua vida ele tinha desfrutado de perfeito companheirismo com Deus, mas agora deveria permanecer sem este conforto. Enquanto o amor por Seu Pai era Sua alegria constante, que grande sentimento de horror não deve ter sentido quando a maldição caiu sobre Ele, que era santo, puro e sem mácula ! Que ser humano poderia mensurar os sofrimentos morais de Cristo durante as três horas de trevas na cruz ? Ele tomou o cálice amargo do julgamento de Deus contra o pecado. Seu sofrimento incomparável, o fardo do pecado do mundo, o distanciamento de um Deus santo, que não podia ter contato com o pecado, tudo isto o pressionou a proferir este brado – um brado que nos foi permitido ouvir, de forma que pudéssemos saber o que aconteceu ali : a realidade da redenção.
Quando Ele clamou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste ?” , foi porque Ele foi feito pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus nEle. Desta forma Ele desviou o julgamento e ira de Deus de todos aqueles que crêem nEle como seu Salvador. Assim Ele nos livrou da ira vindoura.Após esse clamor, a escuridão de Sua alma passou e Ele pode dizer : “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito”. E após ter dito isto, Ele expirou. Tudo estava consumado.
E agora, temos somente que aceitar as conseqüências abençoadas da morte de Cristo.Graça e perdão podem ser pregadas livremente a todos os homens. Vida eterna é dada gratuitamente para todo o que nEle crê.
CAPÍTULO III
CRISTO ,
NOSSO REDENTOR
Tendo considerado o Senhor Jesus como nosso Salvador, pode parecer-nos que este título significa o mesmo que “Redentor! ; entretanto, “Redentor” expressa outros aspectos de Sua obra e de nossas necessidades, as quais a palavra “Salvador” não expressa.
A redenção, o pagamento de um resgate para libertar-nos, teve que ser cumprida antes que Cristo pudesse ser apresentado como Salvador. Ele pode salvar somente sobre a base do resgate que pagou na cruz. Então, da parte de Deus, a redenção precede a salvação ; mas na ordem em que nossas almas O recebem, devemos primeiramente ser salvos para gozar plenamente a liberdade, que é a conseqüência da salvação.
O título de “Redentor” não é encontrado nesta forma no Novo Testamento, mas é dito que Ele nos redimiu e que temos a redenção através do Seu sangue.
No Velho Testamento encontramos a palavra “Redentor” freqüentemente ( Jó 19:25, Sl 19:14, 78:35, Is 41:14, 43:14, 44:6 ). O fato de que Cristo nos redimiu é encontrado em todos os livros do Novo Testamento ( Ap 5:9 ).
Em Hebreus existe duas palavras : o primeiro nome significa “comprar de novo” pelo pagamento de um resgate (gaal ) e a segunda significa “desatar” ou “libertar” ( padah ).
No Novo Testamento existe uma palavra que abrange as duas expressões de Hebreus : “entregar mediante resgate” , expressando primeiro que o resgate foi pago, e em seguida a completa libertação que é a conseqüência ; uma posição de completa liberdade, obtida pela redenção na cruz.
Redenção é, portanto, o livramento da penalidade bem como do poder do pecado.
Não apenas éramos pecadores, cometendo atos pecaminosos ( Rm 5:12 ) e estávamos em débito para com Deus; pelo pecado, não apenas a MORTE veio a reinar por toda a parte, como também Satanás ganhou poder sobre nós através da queda de Adão : ele detém o poder da morte para forçar ao pecado e à escravidão (Hb 2:14) , e tornou-se o príncipe deste mundo. Nós éramos cativos, vendidos ao inimigo de nossas almas por causa do pecado, sem nenhuma força em nós mesmos para sairmos dessa horrível condição ( Ef 2:1-2 ).
O quanto o homem percebe que é escravo pode ser visto no fato de que nada é mais desejado pelos povos da terra do que a liberdade. Por exemplo, quantas GUERRAS foram travadas com o propósito de “LIBERDADE” , quantas revoluções e lutas sociais têm agitado o mundo com a meta de mais liberdade material.
O homem natural gosta de escolher livremente a vida que ele deseja viver, e pensa que está capacitado a fazer essa escolha. O homem já foi livre, quando teve à sua disposição todas as boas coisas no jardim do Éden, quando ouvia livremente a voz amorosa de Deus.
Mas após ter comido , seduzido por Satã e em desobediência a Deus, o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, tornou-se escravo de Satanás, e toda a raça humana compartilha esta sujeição ao poder das trevas, a tirania do deus deste mundo.
A aparente liberdade do homem em certos países, que o faz pensar que pode fazer o que bem entender, não é liberdade real, porque todos os homens estão sob a servidão a Satanás e sob a escravidão ao pecado, de uma ou outra forma.
A liberdade verdadeira, liberdade cristã, é a condição daqueles que têm escapado do poder de Satanás, e que estão habilitados pelo poder de Deus a viverem de acordo com os desejos de uma nova e celestial natureza, a qual encontra seu prazer em fazer o a boa e perfeita vontade de Deus .
TIPOS E SOMBRAS
“Este Moisés... a quem Deus enviou... um libertador” ( At 7:25-35 ).
Moisés, como libertador do povo de Israel de seu cativeiro no Egito, foi um notável tipo de Jesus na Escritura. O Egito é uma representação deste mundo, a esfera do poder de Satanás, opondo-se a Deus e ao Seu povo. O príncipe deste mundo deseja que o povo de Deus viva e trabalhe por coisas corruptíveis em vez de se consagrar ao serviço do Senhor. “A criação foi sujeita à vaidade não voluntariamente mas por causa daquele que a sujeitou” ( Rm 8:21)
O desejo de Deus é libertar o seu povo de todos os tipos de escravidão, de forma que o possamos servir em separação do mundo. Mas contra essa feliz liberdade, o poder de Satanás se opõe. Foi quando Israel tornou-se consciente de sua profunda miséria que Deus veio e mandou Moisés até eles, e em breve a sua liberdade tornou-se real , quando creram em Deus.
Para os pobres escravos de Satanás e do pecado existe um caminho semelhante para a libertação : quando eles sentem sua miséria e clamam a Deus, Ele se revelará a eles Seu amado Filho Jesus, que lhes pode dar perfeita liberdade e uma vida abençoada fora do alcance do poder de Satanás.
LIBERDADE ATRAVÉS DA CRUZ
“...para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que , pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” (Hb 2:14-15).
“...Que nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor.” (Cl 1:13).
Nesta batalha contra o poder das trevas Cristo foi vitorioso na cruz e nos tornou livres.
Contra Ele e nós estavam “os principados e potestades, os poderes espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6:10). Estes poderes aparentemente obtiveram a vitória, quando Jesus, dizendo : “Esta é a sua hora e do poder das trevas” foi condenado sob Pilatos.
De fato, estes poderes das trevas O haviam capturado, e o Príncipe da Vida foi desnudado e flagelado em meio a cruel zombaria , e pregado à maldita cruz : homens e demônios eram testemunhas dessa aparente vitória de Satanás e derrota de Cristo. Mas tudo era apenas aparência, porque na realidade foi o Senhor Jesus quem, em meio à vergonha, solidão e morte, obteve uma vitória eterna. E então esses poderes foram desarmados: “E despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2:15).
LIVRAMENTO DA LEI
“Assim meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo” (Rm 7:4). A lei, como Deus a deu a Moisés, é santa, justa e boa.
“Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes...” (1 Tm 1:8). Ela se dirige ao homem não convertido, não com o intuito de justifica-lo, mas de convence-lo do pecado. Israel mostrou sob a lei, sua incapacidade em cumpri-la. Sob a lei a nossa natureza pecaminosa é especialmente incitada por Satanás a transgredir os santos mandamentos. Quando o homem natural é colocado sob a lei, não apenas se torna um transgressor, mas a lei pronuncia sua maldição sob sobre todos aqueles que não a cumprem ao pé da letra. Este jugo da lei se tornou insuportável para Israel, e é insuportável para todos aqueles que se coloca sob o seu fardo.
Tomando o casamento como exemplo, o apóstolo Paulo, no sétimo capítulo de Romanos declara que a lei tem autoridade sobre um homem somente enquanto ele vive. Como o crente está morto com Cristo, ele está liberto da autoridade da lei. Isto é motivo de grande alegria, pois “Maldito todo aquele que não permanece em todas as cousas escritas no livro da lei para praticá-las” (Gl 3:10).
Todo homem é legalista por natureza, e vê a religião como um sistema de mandamentos e proibições. Muitos filhos de Deus permanecem legalistas uma boa parte de suas vidas, e isto os impede de desfrutar a verdadeira graça de Deus na posição em que estão. Uma clara compreensão de nosso completo livramento da lei traz uma alegria celestial e indizível aos nossos corações, e põe fim a todo o cativeiro que não está de acordo com nossa posição. Esta verdade é válida tanto para os crentes entre os gentios como para os judeus convertidos , pois a natureza humana é legalista. A partir do momento em que nosso pensamento estão ocupados com a questão “Que devo fazer” ou “O que estou proibido de fazer” , em vez de estar ocupado com as riquezas da graça em Cristo, nós nos tornamos legalistas e presas fáceis de muitos tropeços e decepções, seguidos de uma consciência pesada. Porém pela fé nós podemos desfrutar da preciosa verdade de que, pela nossa identificação com Cristo em Sua morte, fomos libertos do princípio da lei : “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes , e não vos submetais de novo a jugo de escravidão” (Gl 5:1).
Nós somos, como no casamento, unidos a Cristo , que ressuscitou dentre os mortos, de forma que possamos frutificar para Deus, o precioso fruto do Espírito : “...amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas cousas não há lei.” (Gl 5:21-23). Este fruto para Deus não é obtido por nossos esforços, mas sob o fundamento da fé. O poder vital que o produz está em nosso Redentor glorificado ; temos apenas que fixar os olhos da fé nEle, esperando que Ele opere em graça e para a Sua própria glória. Que possamos nos abster de todo o esforço legalista e confiar em Sua graça, que o Espírito Santo nos guiará e nos fará produzir fruto pelo Seu poder.
LIBERTAÇÃO DO
MUNDO
“Não ameis o mundo, nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nEle” (1 Jo 2:15). “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6:14 ).
Este mundo está sob o governo de Satanás, que é o seu príncipe e o deus desta era. O homem natural está escravizado sob o seu poder ; o mundo inteiro jaz na iniqüidade. Que verdade reconfortante é a nossa libertação deste mundo, porque somos identificados com Cristo em Sua morte sobre a cruz. O mundo tem merecido a sua condenação pela morte de Cristo, pois matou o Príncipe da Vida. E quando o mundo condenou a Cristo, condenou também os cristãos, e Paulo disse que ele foi crucificado para o mundo. Dois corpos mortos não podem exercer atração um sobre o outro. Pela fé vemos a nós mesmos como crucificados em Cristo pelo sistema deste mundo ; então nossa simpatia pelo mundo desaparece, e mesmo a amizade que o mundo possa ter por nós desaparece quando caminhamos em fidelidade a Deus. E isto pertence à nossa comunhão com o Senhor, pois todo o que é amigo do mundo é inimigo de Deus (Tg 4:4). Para os que andam pela fé, as atrações que o mundo parece ter , até mesmo para certos cristãos, desaparecem. Sua aparência sedutora não influencia a quem se considera morto com Cristo para o mundo.A cruz estabelece um oceano intransponível entre o mundo e o crente. Quando mostrarmos nossa insensibilidade à vaidade, glória e prazeres, logo experimentaremos a antipatia do mundo por nós, e teremos menos dificuldade em discernir o seu verdadeiro caráter de ódio contra Deus e Seus filhos.
LIBERTAÇÃO DO
PECADO
“Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em cristo Jesus” (Rm 6:11).“Desventurado homem que sou ! Quem me livrará do corpo desta morte ? Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 7:24,25).
Muitos crentes desfrutam apenas parcialmente as bênçãos que são suas em Cristo. Quando estamos satisfeitos com o pensamento de que nossos pecados e transgressões foram postos de lado, sem perseguir uma libertação mais completa, haverá o perigo de que nossa vida cristã se torne descuidada, mundana e até mesmo pecaminosa. Mesmo um verdadeiro filho de Deus não tem poder em si mesmo para resistir aos desejos da carne e a sedução de Satanás. Para caminhar em comunhão com Deus não é suficiente crer que Cristo morreu por nossos pecados, mas é necessário saber que o crente morreu com Cristo. Uma vida de fé abençoada e vitoriosa requer o conhecimento prático de duas verdades :
1) Cristo morreu por meus pecados.
2) Eu morri com Cristo.
Nossos pecados e más ações foram descartados, mas o princípio do pecado que habita em nós não foi posto de lado, mas permanece em cada filho de Deus até que ele morra ou seja transformado na vinda de Cristo. A Escritura chama este princípio de “pecado na carne” ou “o velho homem”, a velha natureza que temos de Adão. Este princípio pecaminoso tem sempre o desejo de levar-nos a atos pecaminosos.Como podemos evitar isso ? O poder da carne pecaminosa somente pode ser subjugado pelo poder de nosso Libertador vivo. Deus não esquece este pecado na carne e não melhora o velho homem, e não tira a velha natureza de nós. Deus fez apenas uma coisa para anular o poder da carne pecaminosa : Ele condenou o pecado na carne. Este é uma faceta preciosa da cruz de Cristo para os crentes que desejam ser vitoriosos sobre o pecado na carne. “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e com efeito condenou Deus, na carne, o pecado.” (Rm 8:3).
Quando nós nos consideramos, pela fé, crucificados com Cristo, nossos pensamentos sobre nós mesmos estão de acordo com os pensamentos de Deus sobre nós, e nesta comunhão, somada à confiança de todo o coração em Cristo, o invencível Libertador, experimentamos a vitória sobre a vontade da carne, e não cometemos pecado.
“Ora, Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória , majestade, império e soberania, antes de todas as eras , e agora , e por todos os séculos . Amém.” (Jd 24,25).
LIBERTAÇÃO DO
HOMEM
“Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças : não manuseies isto, não proves aquilo...” (Cl 2:20).
O Evangelho fala ao homem, não apenas ao culpado, mas também à pessoa religiosa. Ele encontra o homem sob o poder do pecado.A natureza humana é muito hábil em recusar-se a entrar no pretório, “para que não se contaminassem”...(Jo 18:28), bem como clamar com efetivo ódio contra Deus : “Crucifica-o, crucifica-o!” (Jo 19:6). Então a verdade de Deus encontra uma rejeição igualmente peremptória, tanto de parte de homens religiosos como de homens dedicados às suas paixões. E Jesus previu “que os publicanos e as prostitutas” entrariam no reino de Deus antes dos fariseus.(Mt 21:31). Nos nossos dias as religiões humanas têm um amplo alcance, e não apenas o homem organiza religiões de acordo com a sua vontade e gosto, mas ainda tenta mudar a Palavra de Deus de acordo com seu próprio desejo , em vez de colocar o seu desejo na dependência da Palavra de Deus. Esta é a base de todo o sistema humano no cristianismo, não apenas das assim chamadas “igrejas” cristãs, mas também daqueles grupos que seguem cegamente a seus líderes, dando-lhes uma autoridade além da que Deus lhes deu, e desta forma indo além da Palavra de Deus. Mas na morte de Cristo na cruz nós morremos para as pretensões do homem e aos seus princípios religiosos e tirania, e estamos de fato livres para seguir somente a Jesus. “”Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério.” (Hb 13:13) .”Se vós permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:31,32).
LIBERTAÇÃO DO CORPO
“...gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” (Rm 8: 23).
Como o crente leva consigo,
enquanto está aqui na terra, a carne ou princípio pecaminoso, sempre tentando
roubar-lhe a o brilho da face de Deus, não é espantoso que seu grande desejo
seja estar para sempre livre de sua velha natureza, e estar com o Senhor.
...preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2 Co 5:8). O livramento definitivo do
corpo mortal tem lugar tanto na segunda vinda de Cristo como por ocasião da
morte do crente. “Porque é necessário que este corpo incorruptível se revista
da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.” (1 Co
15:53).
Na
vinda de Cristo , ressuscitando-nos dentre os mortos, seremos revestidos com um
novo e glorioso corpo, sem pecado, mortalidade , ou fraqueza , cansaço ou
tristeza.
Então
veremos a Cristo, nosso Libertador, face a face, e plenamente
desfrutaremos de Sua vitória na cruz.
Agora gememos neste tabernáculo terrestre, mas breve ele dará lugar a uma
habitação melhor, não construída por mãos, mas eterna, nos céus. Então seremos
transfor-mados na semelhança do Cristo glorificado.
CAPÍTULO IV
O FILHO
DE DEUS
O mistério da trindade não pode ser explicado à inteligência natural.Para conhecer o Pai, o Filho e o Espírito Santo necessitamos de uma revelação divina, aceita pela fé.Todos os cristãos professos têm sido batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo. Nesta forma batismal o Filho é reconhecido como uma pessoa divina tanto quanto o Pai e o Espírito Santo. As três pessoas da divindade, conhecidas pela fé, estão em relacionamento entre si. O Pai e o Filho estão na glória da existência divina , e ainda que sejam iguais em glória, existe entre eles essa relação de Pai e Filho. Os nomes do Pai e do Filho são revela-dos claramente no Novo Testamento e especialmente no Evangelho de João. Nossos corações podem receber tudo o que está encerrado nesses nomes para a nossa eterna bênção. O Filho, que está no seio do Pai, nos fez conhecer o nome o caráter do Pai. “Pai...Eu lhes fiz conhecer o Teu nome, e ainda o farei conhecer, a fim que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja.”
O nome
do Filho foi proclamado pelo próprio Pai, quando se ouviu do céu aberto : “Este
é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt
3:17). Amor recíproco e infinito, este é o relacionamento entre o Pai e
o Filho. Este amor foi mostrado aos filhos dos homens.”...Para que o mundo saiba que eu amo o Pai e faço como o
Pai me ordenou.” (Jo 14:31). Fazer a vontade do Pai era trazer a revelação deste amor pelo qual o Filho baixou até aqui. Esta vontade divina era que o Filho se
esvaziasse a Si mesmo, descendesse à morte
e suportasse a ira de Deus em nosso lugar. Através deste sacrifício
sabemos com que amor o Pai nos amou, porque somos chamados filhos de Deus. O
amor recíproco entre o Pai e o Filho não
era uma experiência nova ou desconhecida para o Filho quando Ele veio à terra.
“ ... porque me amaste antes da fundação do mundo”” (Jo 17:24 ). Ele é o eterno
Filho do amor do Pai. Este amor não é algo vago, mas o objeto de uma clara
revelação.O amor que enche o coração do Pai encontrou eternamente uma aceitação
perfeita e responsiva no coração do Filho.
Enquanto João nos mostra o Filho unigênito no seio do Pai, amado desde antes da fundação do mundo, Lucas fala dEle como o Filho do Altíssimo antes de seu nascimento neste mundo ; Mateus e Marcos mencionam Seu nome como Filho de Deus somente após Seu batismo no Jordão.
A fé
vê, além do véu da humilhação que cobriu a criança de Belém, a completa glória
divina do Filho de Deus. O Deus todo-poderoso desceu até aqui : enfraqueceu-se
a Si mesmo e viveu entre as coisas fracas. A nossa inteligência natural também
não consegue compreender a encarnação do Filho de deus, mas a fé se ajoelha e
adora.
QUATRO TESTEMUNHOS
O próprio Senhor Jesus mencionou quatro testemunhas que confirmam a Sua glória como Filho de Deus perante todos os homens. Encontramos estes testemunhos no quinto capítulo do Evangelho de João. Primeiro, ele cita o testemunho de João Batista, em seguida fala das OBRAS que realizou, em terceiro Ele os relembra o testemunho celestial do Pai, e finalmente alude às Santas Escrituras, que testificam dEle.
“Este
foi o testemunho de João: ... Eu não sou o Cristo... No dia seguinte, viu João
a Jesus que vinha para ele, e disse : Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo! ...Pois eu de fato vi, e tenho testificado de que Ele é o Filho de
Deus” (Jo 1:19, 29, 34).
Contra
o desejo expresso dos judeus, que queriam rejeita-Lo, Jesus traz primeiro o
teste-munho de João Batista. Não porque Ele dependesse de testemunho humano pra a Sua própria honra,
mas para salvar pecadores Seu amor os
relembrou as palavras anunciadas pelo maior de todos os profetas. João Batista
tinha anunciado as glórias de Cristo que encontramos no primeiro capítulo de
João. Ele é a Palavra, Ele é Deus, Ele é o Criador, Ele é a Luz, Ele é Vida, Ele é o Messias prometido.
João tinha enfatizado perante os judeus que mandaram seus representantes que
ele, João, não era o Cristo, e então João, apontando com seu dedo para o Senhor
Jesus coroa seu testemunho com estas duas grandes glórias : “Eis o Cordeiro de
Deus...Este é o Filho de Deus”.
E no
quinto capítulo Jesus dá Seu testemunho concernente a João : “Ele era a lâmpada que ardia e
alumiava, e vós quisestes por algum tempo alegrar-vos com a sua luz.” (Jo
5:35).De fato, desde Malaquias não havia se levantado qualquer profeta em
Israel, e então o povo se alegrou muito de que Deus se fizesse ouvir outra vez
pela boca de um profeta como esse. Mas o objetivo especial do serviço de João
era anunciar o Messias, que veio imediatamente após ele. Para realmente
aproveitar a mensagem de João era necessário aceitar o Senhor Jesus, não apenas
como Messias, mas também como Filho de Deus. Mas os judeus continuaram a
rejeita-Lo, a despeito do seu claro testemunho. Eles rejeitaram a Sua glória
divina.
“Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as
obras que o Pai me con-fiou para que eu as realizasse, essas que eu faço,
testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou.” (Jo 5:36).
A glória do Filho de Deus estava oculta do homem natural,
cujos olhos estavam cegos pelo poder das trevas. Mas em todas aa obras de Jesus
algo de Sua glória foi mostrado diante de todos, para gerar fé nEle. Os
milagres que Ele realizou eram obviamente de origem divina. Somente Deus podia
curar os doentes, ressuscitar os mortos, transformar água em vinho.Estes
milagres e sinais divinos eram uma prova
para o povo de Israel de que Yaveh tinha vindo ao meio do seu povo na pessoa de
Seu Filho. Ao final de seu evangelho, João escreve que tudo o que ele descreveu
servia para trazer o leitor à fé no Filho de Deus. Ele fala de sete milagres.
Cada um desses milagres mostra de uma maneira especial a obra do Filho de Deus
em dependência imediata de Seu pai e a
total falta de força do homem natural. Nós resumimos os três milagres mais
importantes a seguir :
A)
O Filho de Deus cura o
homem coxo.
Os
pobres elementos da velha aliança , a lei e o ministério de anjos, o templo, o
sacerdócio, o sábado e tudo aquilo pertence aos impotentes recursos terrenos e
devem ser substituídos pelo poder vivificante do Filho de Deus. “Estava ali um
homem, enfermo havia trinta e oito anos... Então lhe disse Jesus : Levanta-te,
toma o teu leito e anda.Imediatamente o homem se viu curado...” (Jo 5:5,8,9). Esta
história do evangelho nos leva ao tanque de Betesda, com seus cinco pórticos, e
a ocasional intervenção da misericórdia divina por meio de um anjo , tudo isso
um quadro da dispensação da lei.Entre o povo doente havia um homem que
representava, em uma forma tocante, a posição de um pobre pecador sob a lei.
Havia um meio de cura, mas ele não podia aproveita-Lo, porque pressupunha força
naquele que desejasse fazer uso dele ; e força era exatamente o que lhe
totalmente faltava . Que representação marcante da lei de Moisés, a qual dizia
ao homem natural :”Faze isto e viverás” . Mas o que pode um pecador, um escravo
de Satanás, fazer para Deus ? O pecado tira dele qualquer aptidão para fazer o
bem, a despeito de suas melhores intenções. “Porque Cristo, quando nós ainda
éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Rm 5:6).
B)
O Filho de Deus se
manifesta ao cego.
O cego
de nascença de João 9 tinha sido curado após lavar-se no tanque de Siloé , e
tinha dado testemunho de Cristo como profeta. Agora ele tinha que descobrir que
o objeto de maior deleite para seus olhos seria o próprio Senhor Jesus. Jesus
não tinha perdido de vista, mas aguardou o momento mais favorável para
manifestar-se a ele como o objeto necessário para o seu coração. Para a sua
nova vida ele necessitava de um novo objeto para amar, porque este mundo
visível não satisfaz mais aqueles que são nascidos de novo, e têm provado que o
Senhor é bom. “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe
perguntou : Crês tu no Filho do Homem ? Ele respondeu , e disse : Quem é,
Senhor, para que eu nele creia ? E Jesus lhe disse : Já o tens visto, e é o que
fala contigo. Então afirmou ele : Creio, Senhor; e o adorou.” (Jo 9:35-38).
Toda a verdadeira testemunha de Cristo logo se achará fora do arraial, mas
muitas se sentirão muito felizes do lado de fora porque o Senhor Jesus está lá,
e se manifesta intimamente aos corações dos Seus. Jesus preparou o coração do
cego nascido de novo de forma que ele pudesse receber a grande revelação de Sua
divina glória. À Sua pergunta, ”Crês tu no Filho do Homem?” ele responde imediatamente: “Quem é, Senhor, para
que eu nele creia?” Desta forma Jesus, em nossos dias, abre os “olhos
espirituais” daqueles que eram espiritualmente cegos para que possam contemplar
a glória do Filho de Deus. O Senhor Jesus se torna o objeto de adoração para o
coração renovado; sua glória e perfeição divinas enchem o coração; e para um
coração satisfeito, as coisas visíveis e temporais perdem sua atração.
C)
O Filho glorificado na
ressurreição de Lázaro.
Após
curar o homem coxo, Jesus disse :”...e maiores obras do que estas lhe mostrará,
para que vos maravilheis” (Jo 5:20).Estas obras maiores eram a ressurreição de
Lázaro e a do próprio Cristo. Nestes milagres a glória de Deus foi vista (Jo
11:40).Cristo foi declarado Filho de Deus pela ressurreição de Lázaro, antes
que fosse declarado “em poder” pela Sua própria ressurreição (Rm 1:4). Jesus, em João 11, é a ressurreição e a vida.
Pode parecer surpreendente que, quando Jesus ouviu que seu amigo Lázaro estava
doente, não tivesse ido imediatamente a Betânia para cura-lo. Ele mesmo explica
o enigma :”Esta enfermidade não é para a morte, e sim para a glória de Deus, a
fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado.” (Jo 11:4). Os pensamentos
do Senhor nem sempre são os nossos,e nas circunstâncias vividas pela família de
Betânia não era a vontade de Deus evitar a morte de Lázaro.Uma obra maior do
que a cura deveria ser realizada, para que a glória de Deus pudesse brilhar
nesta ressurreição de Lázaro, e o Filho de Deus fosse glorificado por ela.De
fato, que glória brilha lá no sepulcro em derredor do Filho do Homem,
desprezado e odiado pelos homens, quando, à Sua voz, a vida se torna vitoriosa
sobre a morte ! Como poderia esse corpo sem vida, que já parecia estar em
decomposição, viver de novo ? Quem poderia dar nova vida, exceto aquele que
possui vida e incorruptibilidade ? Somente o Filho de Deus, por meio de quem
todas as coisas foram criadas e que as sustenta pelo Seu poder , pode fazer
isso. “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o
Filho vivifica aqueles a quem quer.” (Jo 5:21). O poder vitorioso da vida sobre
a morte estava para vir a este mundo em Jesus, e pela Sua morte e ressurreição
Ele pode dar vida eterna a todo aquele que crê nEle.
Há
mistérios que nenhum homem consegue penetrar.Existe uma intimidade pessoal
entre o Pai e o Filho que ninguém pode sondar. Somente o que é revelado pela
Palavra de Deus pode ser conhecido por nós, pobres criaturas que somos. Mas nós
não adoramos um “deus desconhecido”, como os atenienses. O Pai deu testemunho
referente ao Seu Filho , e o Filho revelou o Nome do pai (Jo 17:26). Que rica
revelação é esta, quando a comparamos co a pobre luz que foi dada aos crentes
do Velho Testamento ! Alguns feixes de luz da glória de deus foram garantidos
aos setenta anciãos :”E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como
pavimentação de pedra de safira que se parecia com o céu na sua claridade.” (Êx
24:10). Até Moisés, que tinha o privilégio de falar com Deus, nunca havia visto
a Sua face, mas O viu apenas “pelas costas” (Êx 33:23).
O Novo Testamento revela que Deus é Amor; o coração de Deus está aberto ali, e a fé admira a intimidade recíproca e o amor eterno e indizível que une o Pai e o Filho. Amor, deleite e conselho existiram no segredo da divindade, no seio do pai, tanto quanto a onisciência e a onipotência.
Quando
a rainha de Sabá contemplou a glória real e a magnificência da corte de
Salomão, ficou fora de si. Mas que é a glória de Salomão em comparação com a
glória do “unigênito Filho de Deus, que está no seio do Pai” ? Quando ouvimos o
testemunho do Pai com relação ao Seu Filho, não deveríamos, vendo mistérios tão
gloriosos, tirar nossos sapatos dos pés e adorar ?
No
Jordão, quando Jesus foi batizado, os céus se abriram e o Espírito Santo desceu
como pomba e veio sobre Ele (Mt 3:17). Pela primeira vez nas Escrituras a
Trindade foi claramente revelada : o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ao
testemunho visível do espírito Santo, o Pai acrescenta o Seu testemunho audível
a respeito de Seu Filho. Os céus se abrem e a voz do Pai dirige-se ao Seu Filho
amado na terra. A voz era terna e cheia de amor. Não era a voz das palavras no
Sinai que abalaram a terra e fizeram tremer os ouvintes (Hb 12:26). Não, era a voz do Pai, que expressava seu
infinito deleite e dizia : “Este é o meu Filho amado, em quem tenho todo o meu
prazer.” Este testemunho é maior que o de João, e sem dúvida o maior dos
quatro. Quando Deus viu o primeiro homem, Adão, no frescor da primeira criação,
Ele o achou “muito bom” (Gn 1:31). Mas no segundo Adão o pai encontrou todo o
Seu prazer, ou Sua intensa alegria, tendo achado este deleite eternamente em
Seu Filho unigênito, que está no seio do Pai, “ o refúgio secreto de amor.”
O Pai
deu uma vez mais um testemunho plenamente audível : na montanha da
transfigura-ção a voz foi ouvida de novo. A rejeição de Cristo pelo povo de
Israel era tão evidente que o Pai procurou desviar a atenção de seus discípulos
do reino terrestre e fixa-la sobre a glória do Filho unigênito.Quando o
estabelecimento do reino de Cristo na forma em que os discípulos o esperavam
foi adiado, seus corações foram confortados pelas glórias pessoais do Filho. O
Cristo rejeitado, que em breve seria escarnecido, condenado e crucificado, era
o Filho amado de Deus e o deleite do Pai.
No
décimo segundo capítulo de João, quando uma voz é ouvida em resposta à oração
de Jesus de maneira que as multidões pensam que foi um trovão do céu, Jesus
lhes diz: “Esta voz não veio por minha causa, mas por causa de vós.” O Senhor,
entretanto, havia dito dos judeus : “Jamais tendes ouvido a Sua voz , nem visto
a Sua forma. Também não tendes a Sua palavra permanente em vós, porque não
credes nAquele a quem Ele enviou.” (Jo 5:37,38). Que responsabilidade terrível
negar tão poderosas revelações !
“Examinais
as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim.” ...”Tua palavra é a verdade” (Jo 5:39, 17:17).
O
grande tema das Escrituras, do Velho e do Novo Testamentos, é o Filho de Deus.
A afirmação de se possuir e conhecer a
palavra sem crer em Cristo como o Filho
de Deus é uma pretensão completamente falsa. Ninguém pode compreender as
Escrituras sem que primeiro aceite a
Pessoa do Filho de Deus.
TRÊS PESSOAS DIVINAS NO VELHO TESTAMENTO
No
Salmo 2, Davi , profetizando que Deus
estabelecerá o trono do Messias em Seu santo monte Sião , cita um decreto
emitido pelo Deus de Israel em favor de Seu Filho : “Proclamarei o decreto do
Senhor. Ele me disse : Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.” (Sl 2:7). O futuro governador,
o Messias, tem vários títulos, mas Seu nome é Filho de Deus. Ainda que um véu
cobrisse o Velho Testamento com todas as suas profecias messiânicas até que
Cristo mesmo tirasse esse véu, Deus fala neste salmo muito claramente sobre o
futuro reino de Cristo. A despeito de toda a resistência humana, o Senhor
estabelecerá Seu reino em Sião.
A
expressão : “Eu hoje te gerei” se refere à Sua encarnação. Ele se tornou homem,
o Verbo se fez carne para, num dia futuro, governar o mundo. Enquanto que, nos Evangelhos,
o grande motivo para a primeira vinda de Cristo é a salvação dos pecadores, de
acordo com o Salmo segundo Ele virá uma
segunda vez, para destruir Seus inimigos terrenos através de terríveis
julgamentos.
No fim
do livro de Provérbios, há uma questão referente ao Filho do Homem: “ Quem
subiu ao céu, e desceu ?Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho ? Se é
que o sabes?” (Pv 30:4).
Agur
faz uma pergunta misteriosa à qual ninguém sob a velha dispensação podia dar
uma resposta. Que privilégio , para nós este véu foi levantado ! Pelo
testemunho do Novo Testamento o Nome do Pai e do Filho foram claramente
revelados.
Sob o
nome “Anjo do Senhor” , a segunda Pessoa da divindade aparece várias vezes no
Velho Testamento. Suas aparições a homens e mulheres de Deus tem um caráter
solene , transpirando a atmosfera da presença de Deus. O primeiro a ter uma
visita celestial assim foi Abraão. Três homens vieram a ele; dois deles eram anjos, mas o terceiro era o
próprio Deus , que deu a Abraão a promessa de bênção para a sua posteridade , e
revelou a ele o Seu propósito de destruir Sodoma e Gomorra (Gn 18: 2,3,10).
Quando
Hagar fugiu para o deserto e estava em desespero, o Anjo do Senhor a encontrou,
prometendo fazer de seu filho Ismael uma grande nação, e mostrando-lhe um poço
de água que salvou a vida do rapaz. Esta Pessoa, vindo a ela com tanta graça e
favor, nos relembra da misericórdia e do amor de Cristo (Gn 21:7-19).
Jacó
teve a seguinte experiência : em Betel ele viu uma escada colocada na terra, cujo topo alcançava o céu.
Ele viu o próprio Deus nas alturas, dizendo-lhe : “A terra em que agora estás
deitado eu ta darei, a ti, e à tua
descendência.” (Gn 28:13). Algum tempo depois, quando Jacó contou a razão do
seu regresso ao lar, ele disse : “E o Anjo de Deus me disse em sonho...”
(Gênesis 31:11).
A
Moisés, o Anjo do Senhor apareceu em uma
chama de fogo no meio de um espinheiro.”Vendo o Senhor que ele se voltava para
ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e
disse : Moisés, Moisés !” (Êx 3:4).
Gedeão
recebeu, desta Pessoa divina, encorajamento e a ordem de combater e vencer os
midianitas. “Viu Gedeão que era o Anjo do Senhor, e disse : Ai de mim, Senhor
Deus pois vi o Anjo do Senhor face a face! Porém o Senhor lhe disse : Paz seja
contigo...” (Jz 6:22,23).
Zacarias
viu em uma visão a resistência de Satanás contra Israel, representado por
Josué, mas também o socorro do Anjo do Senhor dizendo:”) Senhor te repreende, ó
Satanás!”(Zc 3:1-5). Acaso isto não fala, simbolicamente, da intercessão de
cristo como Advogado em favor dos crentes hoje, quando Satanás, o acusador dos
irmãos, procura acusa-los perante Deus ?
O
primeiro versículo da Bíblia contém uma prova da pluralidade das Pessoas
divinas, porque “Elohim”, o nome hebraico para Deus, é um plural, enquanto o
verbo, “criou”, está no singular; então lemos “Deuses criou”. Quando Deus
se propôs a fazer o homem, Ele disse :
“Façamos o homem “ (Gn 1:26). Isto indica uma espécie de conselho entre Pessoas
divinas . Quando Satanás seduziu Adão e Eva para pecarem, Deus disse: “Eis que
o homem se tornou como um de nós...” (Gn 3:22). E quando Ele ouviu os planos
pretensiosos dos construtores da torre de Babel, Deus disse : “Vinde, desçamos
e confundamos a sua linguagem...”(Gn 11:7). Outra prova marcante da pluralidade
das Pessoas divinas podemos encontrar em passagens em que o Senhor fala sobre
“o Senhor” como de uma segunda Pessoa : Amas a justiça e odeias a iniqüidade ;
por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum de teus
companheiros.” (Sl 45:7). “Disse o Senhor ao meu Senhor : Assenta-te à minha
direita...” (Sl 110:1). “...eu sou, o mesmo, sou o primeiro, e também o
último...Agora o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito.” Zacarias diz :
“Pois assim diz o Senhor dos Exércitos ... assim sabereis vós que o Senhor dos
Exércitos é quem me enviou.” (Zc 2:8,9). Em Oséias o Senhor diz a Israel :
“...me compadecerei, e os salvarei pelo Senhor seu Deus” (Os 1:7). Entretanto,
o Velho Testamento proíbe qualquer pensamento politeísta, afirmando
expressamente a unicidade de Deus: “ Ouve , ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Dt 6:4).
Além do
mais, a Trindade das Pessoas divinas é mencionada quando se fala do espírito de
Deus. Nos primeiros versículos do
Gênesis a obra do Espírito é distinta da obra das outras Pessoas divinas :”E o
Espírito de Deus Pairava por sobre as águas.” (Gn 1:2). E Jó acrescenta : “Por
Seu Espírito aclara os céus” (Jó
26:13). A personalidade do Espírito é
indicada em Is 11:2 : “Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de
sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito
de conhecimento e de temor do Senhor.” Isto é muito semelhante à apresentação
do Espírito Santo em Apocalipse como “os sete Espíritos que estão diante do
trono” (Ap 1:4).
A
onipresença e a onisciência do Espírito é vista no Salmo 139:7 : “Para onde me
ausentarei do teu Espírito ? para onde fugirei da tua face ?”
Mas o
véu pendente sobre o Velho Testamento somente pode ser levantado pela fé no Senhor
Jesus, o Filho de Deus, como o Novo Testamento O traz a nós.
GLÓRIA OCULTA
Cristo é o Senhor da Glória (1 Co 2:8). Uma eternidade antes que o mundo existisse Ele era Deus (Jo 17:5 ). Mas quando Ele veio à terra, Sua glória estava oculta ao homem natural.Apenas a fé poderia descobrir, através do véu da humilhação, a glória do Filho de Deus: “E vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). Esta glória não somente brilhou através de Seus milagres, mas também pelos Seus caminhos morais, Sua humildade, Sua misericórdia, amor e graça.
Quando os coletores de impostos vieram para recolher as taxas para o reparo do templo, o Senhor pagou a taxa por si mesmo e por Pedro. Ele ordenou que um peixe do mar Lhe trouxesse justamente a moeda que necessitava, e então a deu aos coletores (Mt 17:24-27). Mas Ele disse a Pedro que os filhos estavam completamente livres da obrigação de pagamento. Sendo o Filho de Deus Ele não deveria pagar ao templo. Mas Ele permitiu ser contado entre os homens comuns e pagou a taxa. Tendo voluntariamente tomado a “forma de servo”, Ele se submeteu às autoridades humanas, mas como Ele era Deus, oculto atrás desse véu, Ele manifestou Seu poder, e o peixe obedeceu estritamente à voz de seu Criador. Quantas vezes as redes dos discípulos se encheram à voz d’Aquele que criou todas as coisas!Não estava a plenitude da glória de Deus oculta no humilde “carpinteiro de Nazaré”?
Ainda que Ele fosse o Deus incorruptível, Ele protegeu a Sua vida prudentemente enquanto o momento de Seu sacrifício não chegava : quando os homens de Nazaré tentaram joga-Lo montanha abaixo, Jesus , “passando pelo meio deles, retirou-se” (Lc 4:30).
SATANÁS DERROTADO
Satanás é o autor de todo o mal; ele peca desde o princípio, quando seu orgulho, a corrupção do seu saber e as suas múltiplas iniqüidades causaram a sua queda (Is 14; Ez 23). E desde então ele nunca parou de pecar. “Para isto se manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3:8). Por Sua morte na cruz, Jesus derrotou Satanás. Pessoalmente, Ele não tem mais nada a tratar com Satanás. Anjos e arcanjos porão em breve um fim à dominação de Satanás (Ap 12:7,8 ; 20:10,12).
O evangelho de João descreve como a multidão de soldados que veio para prender Jesus no Getsêmani caiu por terra a um simples olhar do Filho de Deus, e como Jesus testificou perante Pilatos de que Ele não tinha poder nenhum que não tivesse sido dado pelo Pai.Cada detalhe é digno da glória do Filho de Deus, também na crucificação. Nenhum traço de fraqueza. Ele suporta a Sua cruz, Ele completa a obra. “...e se entregou a Si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave.” (Ef 5:2).
Sua ressurreição também está cheia da perfeição divina. “ E o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte” (Jo 20:7). Nenhum traço de desordem, precipitação ou luta. Em toda Sua majestade, sem nenhuma dificuldade, Ele saiu como vencedor para fora da tumba. E agora este mesmo Jesus está no céu, Deus manifestado em carne, e recebido na glória (1 Tm 3;16).
IRMÃOS DE JESUS E FILHOS POR ADOÇÃO
João, em seu evangelho e nas epístolas, chama os crentes de “filhos de Deus”. Paulo não apenas os chama “filhos” (Romanos 8:16) mas também “filhos e filhas” (2 Co 6:18), o que é um nome oficial. Pedro diz que fomos feitos participantes da natureza divina. E agora o Pai nos ama com o mesmo amor com o qual Ele eternamente amou Seu Filho. Jesus podia dizer : “Vai ter com os meus irmãos e dize-lhes : Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17). Ele não se envergonha de nos chamar irmãos, dizendo : “A meus irmãos declararei o Teu nome” (Hb 2:12). “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai , ao ponto de sermos chamados filhos de Deus...Amados, agora somos filhos de Deus” (1 Jo 3:1,2). “...recebestes o espírito de adoção, baseado no qual clamamos : Aba, Pai” (Rm 8:15). Não apenas isto o Espírito Santo nos revela, o amor eterno que une o pai ao Seu Filho, mas também que nós, como filhos de Deus, somos introduzidos nesse círculo de amor, na família de Deus, no reino do Filho do Seu amor. Que seja o amor a característica de todos aqueles que são salvos pela fé !
O CONHECIMENTO DO FILHO DE DEUS
O ponto de partida e a meta de toda a vida cristã, o segredo de todo o poder vitória e perseverança, é o conhecimento da pessoa do Filho de Deus.A medida de nossa espiritualidade é exatamente proporcional ao nosso conhecimento pessoal e prático do Senhor Jesus, que resulta de nossa comunhão com Ele.
Somos salvos para a eternidade quando nossos corações se abrem ao conhecimento do Pai e do Filho, e quando este conhecimento crescente produz vida espiritual - se nossa caminhada, na prática, corresponde a esse conhecimento.
A intenção do senhor em dar à igreja pastores e mestres e todo o dom espiritual, é : “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4:13). Este conhecimento é a nossa maior necessidade e aumentá-lo é o que necessita cada santo até o seu dia final. Todos os caminhos de Deus conosco são governados por Seu desejo de comunicar-nos um conhecimento mais profundo, íntimo e real da Pessoa de Seu Filho.
O segredo da vida abençoada de Jesus aqui era o Seu perfeito conhecimento de Seu Deus e Pai , e Sua perfeita obediência à vontade do Pai. E Suas ações eram o resultado de Seu conhecimento perfeito do coração de Deus. A intenção de Deus para com Seus filhos não é mais dar-lhes leis e prescrições, mas enche-los com o conhecimento de Sua vontade. Ele se manifesta a nós pela Pessoa de Seu Filho, e produz o querer e o efetuar de acordo com a Sua boa vontade (Fp 2:13). Pelo Espírito Santo nós contemplamos o Filho em Sua presente posição de glória e exaltação, e pelo mesmo Espírito somos mudados conforme a sua imagem , e habilitados a andar como Ele andou.
Este propósito de Deus de nos transformar à imagem de Seu Filho , e todas as coisas que trabalham juntas para a realização deste propósito, explica todas as experiências de nossa vida cristã, tanto nossas bênçãos quanto nossas provações. No décimo segundo capítulo de Hebreus observamos o quanto os castigos e sofrimentos são usados por nosso Pai para o nosso aperfeiçoamento, para imprimir-nos o caráter de verdadeiros filhos , o caráter de Seu próprio Filho.
Muitos pensam que a atividade cristã é a única coisa importante na terra. Marta pensava assim no começo, enquanto Maria se deliciava em sentar-se aos pés do Senhor para ouvi-Lo melhor. Maria foi capacitada a ungir o Senhor Jesus antes de Sua morte, um ato abençoado e adoração inteligente e espiritual.
Muitas vezes o Senhor tem permitido que a atividade secular de um de Seus filhos seja obstruída ou interrompida para leva-lo a lugar solitário onde fique sozinho com Ele .
O aprofundamento do conhecimento dEle aumentará o valor de qualquer forma de serviço.
Em tempos de tribulação este conhecimento dá firmeza enquanto outros tropeçam , dá luz e guia em tempos de provação e perseverança sob a mais vergonhosa reprovação e solidão.
Aqueles que conhecem o Senhor não confiarão em Si mesmos, nem estenderão suas mãos para empreender qualquer coisa por sua própria força. O conhecimento do Senhor acom-panha o conhecimento de que em nós, em nossa própria carne, não há nenhum bem.
A vida e o poder de Cristo podem então operar na medida em que percebemos pela fé que estamos crucificados com Ele.
Sabendo que o Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza, não deveríamos hesitar quando Ele nos incumbe de um caminho de testemunho que nos parece muito difícil; confiança nEle, na plenitude de Seu poder glorioso, nos dará pacífica força quando tudo em volta está balançando. Constância em tempos de provação revela uma profunda e rica vida de fé o fruto da comunhão com Jesus, o autor e consumador da fé. (Hb 12:2).
O apóstolo Paulo, especialmente nas epístolas que escreveu na prisão, demonstra tal riqueza espiritual e revela o seu segredo. “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor.”(Fp 3:8). Esta excelência do conhecimento de Jesus eclipsou todas as demais coisas e as tornou sem valor ao seu coração.
As estrelas e a escuridão desaparecem diante do sol. Todas as coisas se desvanecem ante a glória de Jesus. Não apenas coisas más, porém também as luzes duvidosas das vantagens para a carne. Paulo podia rejeita-las, considerando-as como escória para que pudesse ganhar a Cristo. Seu coração ansiava por uma só coisa, conhecer melhor a seu Senhor, seu Salvador, seu tudo , conhece-lo no poder de Sua ressurreição.
CAPÍTULO 5
O
CORDEIRO DE DEUS
Que momento incomparável foi aquele em que o dedo de João Batista , no qual terminava o Antigo Testamento, apontou am direção ao Senhor Jesus !
Com que admiração o precursor deve ter exclamado aquelas palavras maravilhosas : “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). De fato, este Homem era o Cordeiro sem defeito e sem mancha, por cujo precioso sangue nossos pecados foram removidos para sempre.
O pensamento central, ligado ao título “Cordeiro de Deus” , é este : “Sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Pelo sacrifício sangrento cumprido na cruz foi feita a expiação pelos nossos pecados. A vida terrestre de Jesus Cristo carrega, de fato, as marcas da mansidão, humildade e pureza que nos fazem pensar em um cordeiro, mas depois que ele morreu Sua obra completa era inútil no que se refere à restauração de nossas relações com Deus. Não é através da encarnação,mas do sacrifício, que um novo relacionamento foi estabelecido. Jesus foi de lugar em lugar fazendo o bem, mas somente a Sua morte nos deu entrada à presença de Deus. “...Como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca” (Is 53:7).
O Cordeiro responde tanto às exigências de Deus quanto às necessidades dos pecadores. O homem pode aproximar-se de deus apenas por meio de um sacrifício. Somente na cruz a consciência do pecador encontra descanso; somente na cruz Deus foi perfeitamente glorificado.”Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1 ).
Apenas a fé pessoal na Pessoa divina e na obra cumprida do Cordeiro de Deus pode dar à alma esta paz bendita, ignorada por este pobre mundo. A vida estava no sangue, de acordo com a lei de Moisés : ”Portanto, a vida de toda a carne é o seu sangue” (Lv 17:14). Cristo é a Vida. Sua vida era imaculada, mas na cruz ( e somente ali ) Ele tomou sobre Si o pecado e caminhou para a morte. O pecado foi lançado sobre Ele por imputação quando Ele estava sobre a cruz. Ele carregou nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro. Quando Ele deu Sua vida, o pecado foi posto fora. No terceiro dia, Jesus saiu da tumba como vencedor da morte, do pecado e de Satanás. “...e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Rm 4:25). O único caminho para “ver a vida” é crer no Cordeiro morto. Em separação de Cristo tudo é morte e miséria. Apenas quando, pelos olhos da fé, consideramos o Cordeiro sacrificado, que lançou fora o pesado fardo de nossos pecados, podemos entrar no caminho da vida e ter parte nas bênçãos eternas e indizíveis do céu.
A alegria que daí provém aumenta gradualmente quando caminhamos em comunhão com o Senhor, e será perfeito êxtase e deleite quando virmos o Cordeiro glorificado no céu.
O CORDEIRO PREVISTO
O Cordeiro é descrito como “conhecido ( ou pré-determinado) com efeito, antes da fundação do mundo” (1 Pe 1:20). Isto significa muito mais que a presciência de Deus. Implica o expresso desejo de Deus, Seu decreto, de que Seu Filho viria e morreria pelos pecadores. Jesus, “ ao entrar no mundo, disse :... não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. Então, eu disse : Eis aqui estou, (no rolo do livro está escrito a meu respeito) , para fazer, ó Deus, A TUA VONTADE.” (Hb 10:5-9). “O qual se entregou a Si mesmo pelos nossos pecados, ...segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl 1:4). “Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-O por mãos de iníquos” (At 2:23).
Nossa redenção está fundada no sangue do Cordeiro, de acordo com os eternos conselhos de Deus. A redenção não foi meramente a resposta de Deus à nossa queda em pecado, mas antes que o mundo existisse, antes da criação daquele que se tornou Satanás, e antes da existência do pecado, antes da transgressão de Adão, o grande plano de amor existiu nos desígnios de Deus. O plano da redenção não foi inventado como remédio para o terrível mal que o inimigo introduziu ao seduzir Adão e Eva, mas este plano existiu antes da Criação. Foi sobre o fundamento do previsto sacrifício de Cristo que o mundo, em vez de ser completamente destruído, seguiu o seu curso depois que o Universo já havia sido aviltado pelo pecado.Não teria um Deus Santo, cujos olhos são tão puros que não podem considerar o mal, todas as razões para queimar terra e céus ?
Na plenitude dos tempos Deus manifestou o Cordeiro e executou Seu plano de amor infinito.Imediatamente, quando o pecado foi trazido para o mundo, o pensamento glorioso de redenção pelo sangue foi expresso na figura de vestes de peles, que Deus deu a Adão e Eva com a promessa da Semente da mulher.
O CORDEIRO MORTO
Somos relembrados de que o Velho Testamento é repleto de sombras do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, através das palavras do apóstolo: “Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1 Co 5:7).Que figura tocante temos no Cordeiro Pascal, que os Israelitas mataram na noite anterior ao seu êxodo do Egito ! O sangue do Cordeiro protegeu todo o povo de Israel do anjo da destruição naquela noite terrível de julgamento. Da mesma maneira, o sangue de Cristo nos protege da ira vindoura por causa de nossos pecados, e o julgamento de Deus contra o pecado caiu sobre o Cordeiro Santo do sacrifício. Quando Jesus derramou Seu precioso sangue para a abolição dos pecados, Ele entrou na presença de Deus pelo valor do Seu sangue. E agora deus perdoa todos os pecados daqueles que crêem, por causa do valor do sangue e sobre o fundamento da Sua justiça. Nesta base o pecador que crê é declarado perfeitamente justo em Cristo. A obra de Cristo está cumprida, e é absolutamente e eternamente perfeito. Não somos salvos por nossa apreciação do sangue, mas simplesmente pelo próprio sangue.”Graças a Deus pelo Seu dom inefável” (2 Co 9:16 ).
O CORDEIRO COMO O CENTRO DE REUNIÃO
“E todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde.” (Êx 12:6).
Não é apenas o sangue do Cordeiro que é o fundamento da paz para o crente, mas o pró-prio Cordeiro de Deus é o centro da unidade dos redimidos. O cordeiro da Páscoa tipifica estes dois pontos de vista : o fundamento da segurança pessoal, e também o centro da unidade. Todo o Israel comeu o cordeiro da Páscoa em uma comunhão santa. Desta forma os filhos de Deus são agora convidados a celebrar sua salvação em torno da Pessoa de Cristo, e a fazer isto em comunhão com Deus e em fraternidade com os redimidos.
O Espírito Santo está ajuntando agora, em torno do Cristo glorificado, e alimentando os santos com Suas glórias.A mesa do Senhor é a expressão visível, aqui na terra, da unidade e comunhão dos santos.
“Por isso, celebremos a festa , não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.”(1 Co 5:8).
Mas a Páscoa não era toda a festa; era o ponto de partida dela. Lemos em Nm 28:16 : “No primeiro mês, aos catorze dias do mês, é a Páscoa do Senhor. Aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; sete dias se comerão pães asmos.”
A festa era a dos pães asmos. E assim é no cristianismo - 1 Co 5:8 : “Celebremos a festa” não se aplica especialmente à ceia do Senhor , mas à totalidade de nossa posição e vida.
Aqueles que crêem na eficácia do sangue de Cristo sabem que estão sem fermento diante de Deus e livres para se apresentarem diante dEle , vestidos como Cristo, com Sua perfeita santidade, mas devem buscar com empenho o caminhar em santidade prática. Eles devem celebrar os sete dias de pães asmos ao passar por este mundo. O número sete simboliza o tempo total de nossa jornada aqui embaixo. Que sejam as nossas vidas uma festa perpétua de verdadeira santidade diante de Deus.
O CORDEIRO COMO CENTRO DE ETERNA ADORAÇÃO
“Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos , de pé, um Cordeiro, como tendo sido morto...E quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5:6,8).
O Cordeiro glorificado no céu é agora o objeto de adoração para a assembléia na terra, e será também o centro de adoração quando a assembléia sair de cena e for reunida em glória em torno do Cordeiro no céu. Eles o verão “como tendo sido morto” no meio do trono, executando em poder a vontade de Deus concernente à terra. Ele trará em glória, aos olhos dos santos glorificados, as marcas e traços do que sofreu. As quatro criaturas e os vinte e quatro anciãos cairão sobre os seus rostos ante o Cordeiro e lhe renderão homenagem. Aquele que uma vez morreu sobre a cruz receberá o domínio sobre o universo.
Quando sangue e água saíram de Seu lado traspassado , o Pai Lhe construiu uma Noiva, como Eva foi construída para Adão. A Noiva é o fruto d Sues sofrimentos como o Cordeiro de Deus. E a Noiva tem se mostrado pronta para ser humilhada com Ele e sofrer em um mundo cheio de impiedade e ódio. Após as bodas do Cordeiro, Cristo voltará à terra em glória e beleza radiantes, e logo toda a criação será unida em adoração, dando glória ao Cordeiro que foi morto ( Ap 5:13-14).
CAPÍTULO 6
O
FILHO DO HOMEM
“Que é o homem, que dele te lembres, e o filho do homem, que o visites ? Fizeste-o, no entanto, por um pouco menor do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.” (Sl 8:4,5).
“...e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de dias... Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos ... O servissem” (Dn 7:13 ).
A Israel foi dada a promessa de que seu futuro rei, o Messias ou Ungido, reinaria sobre todas as nações (Sl 2).
Mas Israel rejeitou seu Messias; e como não é próprio de Deus restabelecer coisas estraga-das à sua forma original, Cristo virá e reinará como Filho do Homem de acordo com o Salmo 8.
Em Jo 3 temos o Filho do Homem que é do céu. Ele estava para reentrar no céu como Homem, para ser o Cabeça sobre todas as coisas. Como Filho do Homem Ele foi apontado como Herdeiro (Hb 1). Ele tanto é Criador (Cl 1) como também Homem e Filho do Homem, de acordo com os desígnios de Deus. Em Ef 1, 1 Co 15 e Hb 2 encontramos citações do Salmo 8. O Homem em Sua pessoa entrou no céu, à presença do próprio de Deus, sem véu, e todas as coisas têm que ser sujeitas aos Seus pés (1 Pe 3:22 ; Jo 13:3 ; Jo 16:15 ).
A diferença entre o Messias e o Filho do Homem é vista em Mateus quando a expressão “reino dos céus” ocorre. Este é o reino do Filho do Homem. Como em Dn 9:26, o Messias estava para ser removido , e não possuía nada.Assim Daniel o vê como Filho do Homem, vindo com as nuvens do céu.
O FILHO DO HOMEM NO EVANGELHO DE LUCAS
O testemunho que as Escrituras dão com relação à perfeita e santa humanidade do Senhor Jesus é de fundamental importância. Cristo era verdadeiramente Homem, nascido de uma mulher como nós, ainda que o fundamento de Sua existência e a forma de Sua concepção fossem completamente diferentes das nossas.É principalmente no Evangelho de Lucas que nosso Salvador nos é apresentado como o Filho do Homem. O mistério da encarnação deve permanecer como um objeto para a nossa adoração, e não como um assunto para racionalização. Até mesmo a formação de uma criança no útero da mãe é um mistério; quanto mais a formação do corpo de Jesus no útero da Virgem Maria. Sua concepção é uma maravilha forjada pelo Espírito Santo. “Mas o anjo lhe disse : Maria, não temas; porque achaste raça diante de Deus . Eis que conceberás e darás à luz um Filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo.” (Lc 1:30,31) . A conduta de José é uma maravilha de santa reverência e obediência por fé, de forma que Maria não é exposta à reprovação do mundo.O anjo do Senhor anuncia a vinda do Primogênito em Sua própria criação, e atenua o medo de José, de maneira que ele leva Maria para casa. “...Porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.” ( Mt 1:20 ). Jesus nasceu de uma mulher e sob a lei. Desta maneira foi que começou aqui embaixo a vida do Filho de Deus. Ele é o perfeito Homem segundo Deus, em quem habita corporalmente a plenitude da divindade. Ele é Emanuel, Deus conosco.Que grande mistério : Deus e o Homem encontrados juntos numa só Pessoa ! O grande mistério da divindade teria o seu ponto de partida na revelação de Deus em carne. Seu nascimento é sobrenatural tanto quanto é santo e irrepreensível. Quem poderia pensar que uma Pessoa como Ele nasceria desta maneira e em um lugar como aquele ? Quem pensaria que uma jovem donzela, desconhecida de todos os que tinham alta posição neste mundo e comprometida com um pobre carpinteiro seria mãe do Salvador do mundo ?
Maria foi, de fato, um vaso escolhido, ela obteve graça aos olhos de Deus. Ela foi favorecida pela graça soberana e bendita entre as mulheres. Ele, que foi anunciado pelo anjo, era uma criança que realmente foi concebida no útero de Maria, que O trouxe à luz no tempo costumeiro indicado por Deus para a natureza humana. Ele seria “grande e chamado de Filho do Altíssimo”. Antes da fundação do mundo, Ele era o Filho do Pai. Como uma criança, nascida de mulher, ele leva o título de Filho do Altíssimo, título maravilhoso para um homem real.Cristo é “acima de todos, Deus bendito eternamente.” (Rm 9:25).
“”Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2:6,7). Assim foi descrito o ambiente onde teve lugar o nascimento.O quarto império predito por Daniel, Roma, movia o seu cetro sobre todo o mundo civilizado. Para que se cumprissem as Escrituras, Deus usou um édito do imperador Augusto, o primeiro imperador romano, para ordenar o recenseamento de todo o império. Então Maria e José foram de Nazaré, onde moravam, a Belém, onde, de acordo com a profecia do profeta Miquéias, Jesus deveria nascer. O lugar onde Jesus nasceu é do maior significado.Não havia lugar para Ele no mundo, nem mesmo na hospedaria : o grande Criador do universo teve apenas uma manjedoura como berço. Mais tarde, Ele não teve lugar onde descansar a cabeça e terminou sua vida numa horrenda cruz. Ele participou de toda a fraqueza e das circunstâncias da vida humana : “ Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos...” (Hb 2:17 ). Este Criador glorioso, que se tinha “coberto de luz como de um manto e estendido o céu como uma cortina” (Sl 104:2) jazia ali, enrolado em panos na humilde manjedoura ! Que maravilha de auto esvaziamento e humildade ! Este bebê é, entretanto, o centro de todos os desígnios divinos o Sustentador e Herdeiro de todo o universo . E Ele Se tornou o Salvador de todos aqueles que, herdam vida e alegria eternas. Portanto, nada é sem significado nessa vinda do Filho do Homem, e nos campos de Efrata os anjos revelam seu interesse nesse inescrutável evento. Uma multidão das hostes celestiais anunciam a glória indizível do recém-nascido : a presença do Filho de Deus é o fundamento da paz universal, que um dia será estabelecida na terra : “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem“( Lc 2:14 ).
Este prazer de Deus não está no homem pecador , mas no segundo Homem, Cristo Jesus, e através dele, este bem querer de Deus engloba todos os homens que pela fé encontram refúgio em Sua graça salvadora.
A JUVENTUDE DE JESUS
Jesus não veio ao mundo como Adão que foi formado adulto, mas Ele teve que crescer. Os poucos detalhes que as escrituras nos trazem sobre Sua juventude são de inestimável valor para nossas almas.Sua natureza humana estava sempre plena de Deus e a deliciosa beleza de uma infância como esta toca o nosso coração.”Quando Ele atingiu os doze anos, subiram,segundo o costume da festa.Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que Seus pais o soubessem...Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis ? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de Meu Pai?” (Lc 2:42-52). Apesar de, como filho, Ele fosse obediente a Seus pais, Ele estava sempre consciente de Sua glória como Filho de Deus. Sua inteligência humana desenvol-veu-se notavelmente : “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”(Lc 2:52). De uma criança perfeita Ele se tornou um adulto perfeito. A planta adorável cresceu e se desenvolveu diante de Deus e dos homens. Apesar de ser o Filho de Deus e estar consciente disso, Ele era, entretanto, como qualquer outra criança deveria ser, porém perfeito.Sua relação com Seu Pai era clara para Ele assim como Sua obediência a José e Sua mãe era bela, adequada e perfeita.
SEU BATISMO NO JORDÃO
Tudo neste mundo nos faz desesperar do homem, mas quando nossos pensamentos estão concentrados neste Homem, que satisfez o coração de Deus, nossos corações encontram descanso, paz e profunda satisfação.
“E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e estando Ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o Meu Filho amado em Ti me comprazo” (Lc 3:21-22).
O próprio céu se abriu para dar testemunho de que este Homem é o Filho de Deus. Jesus, o Filho do Homem, o último Adão, e completamente diferente do primeiro Adão que abandonou a Deus por causa de um fruto. Ele é um Homem dependente, vivendo pela fé e oração. Exatamente quando Ele está orando, os céus se abrem. O amor de Deus é satisfeito quando Ele vê o Homem humilde, cujo caminhar expressa : “Eu confio em Ti” (Sl 16:1).
Então o Espírito Santo também pode descer sobre Ele como uma pomba, encontrando um lugar puro para pousar a sola de Seu pé em meio ao oceano de pecado e revolta, em contraste com a pomba de Noé, que não encontrou nenhum. No dia do Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre os crentes em forma de línguas de fogo repartidas. Sobre homens como nós, o Espírito Santo somente poderia descer com um símbolo que expressava que o julgamento de Deus sobre o pecado tinha sido executado na cruz, mas quanto a Jesus o fogo do julgamento não era necessário; neste Homem perfeito Deus não tinha nada para julgar.O Pai expressa o Seu amor por Seu Filho e então a relação entre Deus e o homem pode ser restaurada pelo sangue derramado deste Homem, porque os céus estavam abertos não a uma Pessoa sentada nas alturas celestes, mas sobre um Homem que andava neste mundo. Imediatamente após Sua morte resgatadora o convite a crer neste Homem é dirigido a todos os homens, de forma que eles poderiam achar comunhão com Deus em Seu amado. Somente os crentes realmente desfrutarão disto, porém a cruz abriu o caminho para todos.
O MINISTÉRIO DO SENHOR
Após a tentação no deserto, onde Ele sobrepujou o tentador pelo correto uso das Escrituras, O Senhor Jesus começou Sua trabalho público. Ele tinha amarrado o valente, e encarregou-se agora de saquear o seu espólio e libertar os seus prisioneiros. “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos...”(Lc 4:18). Este trabalho Ele podia prosseguir sem impedimento.Ele trouxe graça acompanhada de grande poder, perdoando pecados e curando enfermidades. Sua obra tem poder sobre corações e consciências. Assim Deus trabalhou através deste Homem perfeito, que era cheio do Espírito. Corações eram atraídos pela Sua graça e encontravam um objeto ao qual se apegarem. Nenhuma classe é excluída – quanto maior a miséria maior a misericórdia. “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento” (Lc 5:31,32).
A graça é como o vinho; vinho novo não pode ser guardado em odres velhos. As formas e os costumes do velho Adão religioso devem ser postas de lado tão logo a graça de Deus aparece. Graça é amor que supera todo o mal, amor que vem especialmente àqueles que são indignos dele : a pecadores que merecem o inferno.
A dependência era o segredo do poder do Senhor Jesus. É o segredo de todo o poder para o serviço. No princípio da dependência de Jesus, os doze apóstolos, e mais tarde os setenta, foram enviados, investidos com poder para testemunhar. Que rio de amor fluía incessante-mente de Sua Pessoa! E quando finalmente esta torrente de amor encontrou obstáculos em seu percurso, ela superou as barreiras e assim venceu toda a resistência.Por fim este rio de graça encontrou seu fluxo maior na cruz do Calvário.
Esta graça se derramou muito mais abundantemente que o rio da perversidade humana e do pecado, e do Gólgota as ondas do amor de Deus se espalharam sobre todo o mundo, até aos confins da terra. Pela cruz, o muro divisório que separava judeus de gentios foi quebrado, e a graça veio para todas as nações. Mas durante a vida de Jesus, esta verdade foi antecipada por alguns dentre os gentios que foram abençoados com fé, como por exemplo a mulher Cananéia (Mt 15) e o centurião romano, de quem Jesus disse que nem mesmo em Israel tinha Ele encontrado fé tão grande (Lc 7:1-10). Apenas duas vezes no Evangelho de Lucas lemos que o Senhor ficou surpreso. A primeira vez Ele ficou atônito pela descrença de Seus conterrâneos de Nazaré, e a segunda Ele se surpreendeu com a fé de um gentio.
Acaso o Senhor aqui não lançava um olhar ao futuro, vendo neste crente gentio o precursor de uma rica colheita entre as nações, enquanto Israel seria endurecido pela descrença ?
Este centurião tinha um pensamento elevado sobre a Pessoa de Cristo e um pensamento humilde sobre si mesmo. Ele reconhecia a dependência e a autoridade do Senhor. Jesus cura o servo a uma grande distância, como o profeta Elias pode curar o sírio Naamã (2 Rs 4) também a grande distância, quando este mergulhou no Jordão.Jesus manifestou Seu poder em uma casa que Seu pé não havia ainda alcançado.
Neste ponto temos uma antecipação e figura do trabalho do agora glorificado Filho do Homem que, assentado nos mais altos céus, age até os confins da terra pelo poder do Santo Espírito. O Filho do Homem é a Luz que ilumina as nações.
ANTECIPAÇÃO DE SUA GLÓRIA
Depois de receber da boca de Pedro o testemunho de que Ele é o Filho de Deus, o Senhor, no capítulo 9 de Lucas mostra aos Seus discípulos a forma pela qual o Filho do Homem será coroado com honra e glória através de Sua rejeição e morte na cruz. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitaria e seria coroado com honra e glória. Na TRANSFIGURAÇÃO no monte temos uma antecipação de Sua glória; e após isto o pensamento de Sua crucificação ocupa outra vez o Seu espírito.”...enquanto Ele orava, a aparência de Seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura” (Lc 9:29).
Moisés e Elias, que aparecem com Jesus no esplendor de Sua glória, falam do mesmo assunto que Jesus falou com Seus discípulos: “de Sua partida, que estava perto de cumprir-se em Jerusalém.”
Então uma nuvem desce sobre o topo da montanha, leva Moisés e Elias embora e remove toda a cena. Mas antes que os santos do Velho Testamento retornem ao céu, ouve-se uma voz dizendo: “Este é o meu Filho amado : a Ele ouvi.” E eles viram apenas a Jesus.
Quando Cristo desceu da montanha Ele teve, numa forma simbólica, que lidar com demô-nios um pobre garoto possuído por espíritos maus. Estas duas coisas estão juntas, a GLÓRIA do Fiho do Homem e a DERROTA de Satanás, o príncipe deste mundo.
Quando o Senhor Jesus reaparecer em glória Ele aprisionará Satanás por mil anos; o poder de Satanás será anulado publicamente, não apenas como um segredo da fé mas como uma realidade visível, quando o Filho do Homem vier em Sua glória, e na do Pai e os santos anjos (Lc 9:27).
GETHSEMANE
Várias vezes durante Sua vida, o Senhor Jesus tinha acentuado a necessidade de Sua morte resgatadora. Satanás sabia isso, e no Getsêmani veio e empregou todos os seus esforços para impedir que o Senhor desse a Sua vida na cruz. A ira divina não estava sobre o Senhor em Getsêmani, mas Satanás, tendo o poder da morte e usando seu terror, fez com esse terror pesasse totalmente sobre Jesus.
Em cristo, nós temos o Homem em Sua perfeição, nos discípulos temos o homem em sua fraqueza, em Judas temos o homem em sua impiedade. Todos se encontraram no Getsê-mani.
“...de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade e, sim, a tua. Então apareceu um anjo do céu, que o confortava.E estando em agonia, orava mais intensamente.E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.” (Lc 22:41-44). Quão profundo foi o vale da provação para o Homem perfeito! Durante a terrível angústia que caiu sobre Ele, Ele vigiou e orou.Ele se prostra ante o Pai e expressa em perfeita submissão o Seu desejo de cumprir a vontade do Pai até o final.Ele chegou ao ponto de necessitar que um anjo o sustentasse e fortalecesse, tão intenso era o conflito de Sua alma. A profundidade dos seus sofrimentos, que Ele antevê mais e mais claramente em Seu espírito, o obriga a orar mais intensamente.A conseqüência de Sua comunhão com o Pai é de que Ele sabe perfeitamente que está para ser confrontado com o a força total do poder das trevas. Então Ele realmente antecipa as tristezas pelas quais deve passar, de tal forma que Seu corpo é influenciado por isso : Seu suor se transforma em gotas de sangue.Mesmo estando em tribulação, Ele ainda consegue dizer “Pai”. Ele fala de Seu relacionamento como Filho, não ainda como uma vítima diante de Deus, mas como alguém que sofre em Seu espírito. Agora que ele entra, por antecipação, nas profundezas das águas que deverá atravessar, Ele clama dessas profundezas ao Pai. Assim Ele recebe o poder de continuar nesse caminho de sofrimento e está apto a sorver o cálice da ira divina contra o pecado até a última gota na cruz maldita. Existe, de fato, uma grande diferença entre o sofrimento no Getsêmani e o sofrimento na cruz. Sofrimentos resgatadores e a morte se deram somente na cruz. Após ter o Senhor, no Getsêmani, lutado na presença de Deus,e próximo ao coração do Pai, Ele se mostra calmo e vitorioso na presença dos homens.Que tocante figura o Homem perfeito – que era Deus - apresenta de Si mesmo aos nossos olhos espirituais quando meditamos sobre Cristo no jardim de Getsêmani !
O TRIBUNAL E A CRUCIFICAÇÃO
Depois que Jesus recebeu o cálice da mão do Pai, homens ímpios continuaram seu trabalho tenebroso. Na casa do sumo sacerdote Jesus foi exposto à zombaria, ódio e açoites.
Pela manhã eles o levaram ao Sinédrio para dar uma forma legal ao seu processo ilegal; de fato, já o tinham condenado previamente.
Encontraram em Suas palavras um pretexto par entrega-lo a Pilatos como um perigo político. “Então Pilatos decidiu atender-lhes o pedido: soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles pediam; e, quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles.
Jesus tinha dito “”Esta é a vossa hora e o poder das trevas” (Lc 22:53). Os homens não O queriam, e Deus lhes permitiu seguirem em seus caminhos...”Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda” (Lc 23:33). Cristo deu a Sua vida porque a vida eterna para os seus inimigos somente poderia ser obtida através de Sua morte e ressurreição.
“Em verdade, em verdade vos digo:se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12:24).
Lucas põe mais ênfase que Mateus e Marcos na agonia do Senhor no Getsêmani, descrevendo o horror da morte do Homem perfeito; mas Lucas acentua muito menos os sofrimentos na cruz, como também não descreve o aspecto da oferenda pelo pecado. Não há alusão em Lucas ao fato de que Ele foi esquecido por Deus durante as três horas de trevas , quando o sacrifício pelo pecado foi oferecido. Ele menciona a escuridão e então imediatamente anuncia o resultado do trabalho : o véu do templo se partiu ao meio.
Deus preparou consolo para Jesus em meio ao escárnio dos judeus e gentios pela conversão de um grande pecador. O paraíso se abre para um malfeitor convertido, que morria junto a Jesus na cruz.
Como é cheio de luz o lado de Deus nesta cena onde, do lado humano, somente a mais profunda escuridão reina ! O véu é rasgado e todo o crente agora tem acesso ao Santo dos Santos no céu pelo sangue de Jesus, o novo e vivo caminho, o qual Ele abriu a nós através do véu que é o Sua carne (Hb 10:19).
Todo o pecador convertido, purificado pela fé, tem acesso agora, pelo Espírito, à presença de Deus.
Finalmente, tudo é consumado quando o Senhor brada em alta voz: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito”. Este brado é um testemunho notável da perfeita humanidade do Senhor. Nele não foi encontrado nenhum princípio de corruptibilidade; nem podia qualquer influência externa causar a Sua morte. Ele tinha o poder de dar a Sua vida e de reavê-la (Jo 10:18). Para Ele a morte não era conseqüência de fraqueza ou exaustão, e Seu alto clamor foi a prova disso, de que Ele livremente deu a Sua vida como um ato de Seu divino poder. Assim Ele venceu a morte e pode entregar livremente o Seu espírito nas mãos de Seu Pai. Através da morte de Jesus, a morte perdeu o seu poder... A seguir, outra profecia é cumprida e Seu corpo é posto num sepulcro novo, porque Ele tinha que estar com o rico em Sua morte (Is 53:9).
A RESSURREIÇÃO
No primeiro dia da semana as mulheres e os discípulos procuram no meio dos mortos Aquele que está vivo, o Príncipe da vida; e naturalmente tudo o que encontram é um túmulo vazio.Foi necessário anjos que remediassem essa falta de conhecimento que era a conseqüência da descrença...”...apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecen-tes...lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive ? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24:4-6). Ele, que foi feito um pouco menor do que os anjos, por causa do sofrimento da morte, agora ocupou de novo Sua posição de Governador dos anjos, e os anjos, desejando perscrutar estes mistérios, agora contam a história da ressurreição.
Depois disto, Jesus se manifestou aos discípulos, e os introduziu na pregação do evangelho da graça. Pela cruz a porta estava de novo fechada a tudo o que tinha raiz no velho homem. Uma nova criação tinha começado naquele primeiro dia da semana. “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17). Algo inteiramente novo apareceu no universo pela ressurreição de Cristo. Ele é o Segundo Adão, o Homem dos céus, e todos aqueles que crêem nEle são ressuscitados com Ele, e novas criaturas. Não somente Ele lançou fora o pecado na cruz, mas também nos deu o poder da ressurreição contra o poder e a sedução do pecado, e como resultado uma vida de vitória e comunhão com Deus.
O Cristo ressuscitado não é um espírito, mas ainda o mesmo Homem real : Ele mostra as cicatrizes em suas mãos e pés e propõe que eles lhe dêem de comer.Que conforto para todo o crente saber que um Homem derrotou a morte , e que nós compartilhamos Sua vitória.
No mesmo primeiro dia da semana, Ele aparece aos discípulos que iam a Emaús e os conforta ao mostrar-lhes todas as Escrituras que tinham sido escritas sobre Ele , os desíg-nios de Deus referentes ao Filho do Homem. Isto os liberta de suas estreitas convicções messiânicas judaicas e lhes dá uma nova e celestial visão sobre o reino do Filho do Homem.
A PROMESSA E A ASCENSÃO
O discípulos agora deveriam levar a grande notícia de um Cristo crucificado, ressuscitado e glorificado a todas as nações. Duas verdades caracterizariam a presente dispensação : existe um Homem glorificado no céu, e uma Pessoa divina o Espírito Santo, na terra.
A cruz anulou a velha aliança do Sinai e abriu a porta da graça para a remissão dos pecados, primeiro para os judeus e em seguida para os gentios. Uma vez que é necessário poder para dar este testemunho, o Senhor lhes dá a promessa do Espírito Santo.”Vós sois testemunhas destas cousas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:48,49).
Isto somente poderia se cumprir depois que Jesus fosse ascendido e glorificado; o Homem exaltado enviaria o Espírito Santo para dar testemunho da Sua glória. “Então os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu.” (Lc 24:50,51).
CAPÍTULO 7
NOSSO SENHOR
Assim que conhecemos a Cristo como nosso Salvador e Redentor, aprendemos também que Ele é nosso Senhor.Seu senhorio é universal e abrange todos os homens, mas existe um re-lacionamento especial entre Ele, como Senhor, e os crentes.
O apóstolo Pedro proclamou esta verdade no dia de Pentecostes : “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”(At 2:36). Paulo também, após descrever a humilhação, os sofrimentos e a morte do Senhor Jesus, acrescenta que Deus o glorificou, de que toda a criação um dia se inclinará diante Dele, e que “toda a língua confessará que Jesus Cristo É SENHOR, para a glória de Deus Pai.” (Fp 2:5-11).O Senhor Jesus mesmo, após sua ressurreição, disse : “Todo o poder me foi dado no céu e sobre a terra” (Mateus 28:18). E Pedro, que apresenta outro lado da mesma verdade, fala dos falsos mestres que trarão heresias destrutivas, “a ponto de negarem o Soberano Senhor que os resgatou” (2 Pe 2:1 ).
Então encontramos estes dois fatos : primeiro, que Deus tornou Cristo Senhor fundamenta-do na redenção, dando-Lhe um lugar de supremacia universal e, em segundo lugar, que Cristo obteve o senhorio sobre todas as coisas pelo direito do resgate pago. Este pensamento nós temos em Mt 13:44 ; o Homem, Cristo, tendo encontrado um tesouro, o esconde em um campo, vende tudo o que tem e compra aquele campo. Seu propósito era possuir os santos, e ao obtê-los, Ele comprou os direitos sobre toda a criação. Cristo como Homem é SENHOR sobre todas as coisas, tendo autoridade sobre toda a carne pela vontade de Deus (Jo 17:2, At 10:36, Rm 14:9).
Quando nós, como crentes, falamos de Cristo como Nosso SENHOR, expressamos o pensamento de nosso relacionamento com Ele como servos. É pela graça de Deus que nos curvamos diante de Sua dignidade, aceitamos sua autoridade pessoalmente e assumimos nosso papel de submissão a Ele. O senhorio foi um dos resultados de Sua morte, como diz Paulo, “lê morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aqueles que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:15).
“Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; e se morremos, para o Senhor morre-mos...para que Ele seja Senhor tanto de mortos como de vivos” (Rm 14:8,9).
Como crentes nós reconhecemos que Cristo é Senhor sobre tudo, mas também, pela graça de Deus, que Ele é, de uma forma muito mais íntima, o nosso Senhor.É nossa alegria confessa-Lo como nosso Senhor pessoal. Até os que o rejeitam um dia serão forçados a confessar que Ele é Senhor.
É nossa solene e bendita
responsabilidade proclamar Sua autoridade universal e sermos testemunhas da
submissão devida a Ele por todos, nesses dias de rejeição geral a Ele. Aqui
estão alguns dos nossos privilégios e responsabilidades diante do Senhor :
Nos evangelhos, aqueles que confessaram a Jesus como Senhor reconheceram que Ele era Deus, Yavé . É notável que Judas, que traiu Jesus, nunca se dirigiu a ele como “Senhor”. Quando Jesus anunciou aos Seus discípulos que um deles o trairia, todos, exceto o traidor, disseram : “Serei eu, Senhor” ? Mas Judas disse : “Serei eu, mestre ?” (Mt 26:22,25). Os onze reconheceram Sua glória divina, mas Judas não estava em condições de faze-lo. O caso é ainda mais marcante quando vemos que o segundo Judas se dirigiu a Ele como o “Senhor” . Mas quando isto ocorre, o Espírito Santo acrescenta cuidadosamente que “este Judá não era o Iscariotes” (Jo 14:22).
Quando em 1 Co 12:3 se diz : “Ninguém pode dizer ‘Senhor Jesus’, a não ser no poder do Espírito Santo”, isto não apenas se refere a confessa-Lo como Deus, mas a confessar o senhorio do Homem glorificado, Cristo Jesus.
RESPONSABILIDADES “NO SENHOR”
Na epístola aos Efésios encontramos que todas as nossas bênçãos espirituais nas regiões celestiais são “em Cristo” (Ef 1:3) , mas falando de nossas responsabilidades o apóstolo usa sete vezes a expressão : “No Senhor”.
O primeiro princípio que rege a vida de um guerreiro é a obediência : ele deve obedecer estritamente as ordens de seu capitão, que representa sua nação.
Com os soldados de cristo as coisas são semelhantes. Temos que combater inimigos. Nós estamos assentados nas regiões celestiais com Cristo, e temos nossas bênçãos lá, mas também há, naquelas regiões celestiais, “principados e potestades”, dominadores deste mundo tenebroso, forças espirituais do mal” (Ef 6:12).
O combate é inevitável quando, como cidadãos do céu, desejamos desfrutar de nossas bênçãos. O livro de Josué nos dá impressionantes figuras dessa guerra espiritual. Israel estava em Canaã e tinha todos os direitos sobre o país, mas os antigos possuidores ainda estavam lá e tinham que ser vencidos. O segredo da vitória era: “...sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou” (Js 1:7). Para nós, também, a obediência a toda a vontade de Deus é o segredo da vitória.
SENHORIO SOBRE OS CRENTES INDIVIDUALMENTE
A palavra “Senhor” é usada em dois sentidos distintos no Novo Testamento. Em alguns lugares significa Yavé (Jeová), e isto é um testemunho de Sua deidade. Em outros lugares é um testemunho de Sua exaltação como Homem : Ele foi feito “Senhor e Cristo”. O primeiro testemunho do Espírito Santo foi ao seu senhorio como o Homem Cristo Jesus (At 2:36). A assembléia foi formada pelo seu testemunho. Em 1 Co 8:6 temos: “...para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas e nós também, por ele.” Os usos diferentes das palavras “Deus” e “Senhor” são vistos de forma muito clara. O Pai permanece na Divindade original, mas o Filho se tornou homem e assumiu a posição de SENHOR em Sua humanidade.
Cristo é o SENHOR para os INDIVÍDUOS, mas é a CABEÇA do Corpo, a igreja. A unidade do Corpo na repousa sobre Seu senhorio, mas sobre Sua chefia. Seu senhorio chama cada crente à obediência individual. Os crentes são chamados à obediência aos “mandamentos do Senhor” (1 Co 14:37). O primeiro dia da semana eles deveriam consagrar à Sua honra e serviço como “o Dia do Senhor” (1 Co 16:2; Ap 1:10; At 20:7). O Senhor dá as boas-vindas aos crentes individuais que escutam a Sua voz para participarem da “MESA DO SENHOR” (1 Co 10:21). Lá tomamos “O CÁLICE DO SENHOR” (1 Co 20:21) e tomamos a “CEIA DO SENHOR” (1 Co 11:20).
Decisões importantes na vida individual, como o casamento, devem ser tomadas “no Senhor” (1 Co 7:39). Quando uma mesa não é posta de acordo com a vontade do Senhor, expressando verdadeiramente a unidade do Corpo, este ato não é “no Senhor” e tal mesa não pode ser chamada “ A MESA DO SENHOR”. O Senhor odeia qualquer forma de independência dEle, o que é pecado.
Senhor é um título de autoridade sobre indivíduos, não um título ao qual os santos são reunidos. O senhorio de Cristo não é a base da reunião.Expressões como “ o senhorio da assembléia” ou “a assembléia do Senhor”, ou “o senhorio do Corpo” não são escriturísticas.
Participar da mesa do Senhor não é a essência de ser membro do Corpo, é apenas um sinal ou expressão externa desse fato. Quando se diz que Cristo é o cabeça de todo o homem (1 Co 11:3) isto significa que Seu senhorio sobre todos, incluindo os ímpios como os santos.
Quando o apóstolo fala sobre Cristo como Noivo de Sua igreja, ele diz : “...antes a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja.” (Ef 5:29). Não como Senhor, mas como Cristo Ele cuida de Sua assembléia.
Na expressão : “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele”, a unidade individual com Ele está claramente expressada.(1 Co 6:17).
CAPÍTULO 8
O CABEÇA
DA ASSEMBLÉIA
O MISTÉRIO
Um mistério de acordo com as Escrituras é um segredo revelado somente a pessoas inicia-das. Deus adotou os crentes como Seus filhos, e Seus segredos, que estavam ocultos em tempos anteriores, são agora revelados a eles.
Paulo escreveu aos Colossenses que seu serviço era completar a palavra de Deus, obvia-mente adicionando a ela a revelação do mistério de Cristo e da Igreja, seu corpo : “... a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumpri-mento à palavra de Deus : O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora todavia se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.” (Cl 1:25-27).
Também em Efésios o mistério é descrito :”...a dispensação da graça de Deus a mim, confiada para vós outros; pois segundo uma revelação me foi dado conhecer o mistério conforme escrevi há pouco, resumidamente, pelo qual, quando lerdes, podeis compreender o meu discernimento no mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do Evangelho” (Ef 3:2-6).
Isto não significa que os gentios, pelo Evangelho, foram levados às BÊNÇÃOS JUDAICAS . Estas bênçãos judaicas são para a Terra e estão postergadas até que a igreja seja retirada da Terra. Paulo diz que os gentios são “co-herdeiros, membros do MESMO CORPO, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus”. Tanto os judeus como os gentios são TIRADOS DE SUA ANTIGA CONDIÇÃO e trazidos a uma condição inteiramente nova. Entre os descrentes do mundo, a distinção entre judeu e gentio continua inalterada, mas dentre os judeus e gentios uma nova classe é formada pelo princípio da FÉ , o CORPO DE CRISTO, no qual todas as distinções terrestres são postas de lado. Em conseqüência, a Escritura conhece apenas três categorias de homens : o judeu, o gentio e a Igreja de Deus (1 Co 10:32).
Continuando em Efésios, encontramos : “Porque somos membros do Seu corpo” . Somos de Sua carne, de Seus ossos... “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à Igreja” (Ef 5:30:32). O mistério especial revelado ao apóstolo foi o da Igreja como sendo Corpo e Noiva de Cristo.
Podemos nos perguntar qual era a intenção de Deus em manter esta verdade secreta durante os séculos do Velho Testamento. Foi porque a Igreja é algo celestial, pertencente aos CONSELHOS CELESTIAIS DE DEUS. Isto ostra como a Igreja tem uma posição completa-mente FORA DESTE MUNDO. A Igreja tem uma origem diferente da Terra, criada no princípio. Ela foi conhecida ANTES da fundação do mundo. Foi revelada em um tempo diferente das profecias concernentes à Terra.Tem um futuro diferente do da Terra e, final-mente, pertence a uma esfera diferente da Terra, isto é, aos CÉUS.
Deus não queria que essas duas revelações fossem misturadas, como são mescladas pelas teologias humanas.
Enquanto os propósitos de Deus para a Terra são revelados pelos profetas do Velho Testamento, o mistério da Igreja foi oculto em Deus, ainda que não na Escritura. E quando o mistério da Igreja foi revelado, os propósitos referentes à Terra foram SUSPENSOS por um tempo que já soma, agora, cerca de vinte séculos.
Deus ainda retomará Seu relacionamento e procedimentos com Israel depois que a Igreja esteja fora de cena. A Igreja está associada com Cristo no CÉU; Israel estava e estará de novo associado com Ele na Terra. A Terra é para a Igreja cenário de sofrimentos e rejeição, mas para os judeus ela foi, no Velho Testamento, e será de novo no Reino, um cenário de poder e bênção. As bênçãos da Igreja são espirituais e celestiais; as bênçãos de Israel são materiais, políticas, TERRESTRES.
Mas sendo celestiais, as bênçãos da Igreja são duradouras e incomparáveis, mais altas do que quaisquer outras bênçãos.
A FORMAÇÃO DA IGREJA
O Senhor Jesus falou sobre a formação da assembléia em Mt 16:18 : “ Também eu te digo que tu é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Esta foi uma antecipação profética da formação e uma revelação parcial. A plena revelação da verdade da assembléia só pode ser dada APÓS SUA ASCENSÃO. Então a Igreja não foi fundada enquanto Cristo ainda estava na Terra, mas no DIA DE PENTECOSTES.
Em At 1:4-8 lemos que o Senhor Jesus prometeu aos Seus discípulos um “batismo com o Espírito Santo”, e em Atos 2 lemos sobre a descida d Espírito Santo. (vv. 1 a 4 ). Isto foi o cumprimento destas palavras : “E sereis batizados no Espírito Santo não muito depois destes dias.” De fato, no primeiro capítulo de Atos os discípulos estavam reunidos, mas apenas como um número de crentes individuais, sem um caráter corporativo aos olhos de Deus. No final do segundo capítulo lemos que a assembléia, até então mencionada como uma coisa futura, já estava em existência, pois “ acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. (At 2:47).
O efeito do batismo no Espírito Santo era obviamente reunir no Corpo ou Igreja aqueles que, antes deste evento, não eram mais do que crentes individuais, como Paulo diz: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um CORPO, quer judeus, que gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” (1 Co 12:13). Todo membro desse corpo está intimamente ligado a Cristo e com os outros membros, como um membro é ligado a outro no corpo humano, e como todos os membros estão conectados à cabeça. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim é Cristo também .(1 Co 12:12). Não apenas é dito que estar o CORPO unido com Cristo, mas SER O PRÓPRIO CRISTO , nesta metáfora notável : “ASSIM É CRISTO TAMBÉM”.
Os membros são considerados ser absolutamente UM COM A CABEÇA, o que dá movimento, vida e caráter a todo o corpo, de forma que tudo está compreendido sob o Nome da CABEÇA. Nossas mentes falham em alcançar a plena extensão das bênçãos reveladas na proximidade, intimidade e plenitude da UNIÃO, a qual é revelada nestas escrituras, o bastante para encher nossas almas com admiração e adoração.
A PROXIMIDADE DA UNIÃO é também expressa na passagem : Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo ? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz ?” (1 Co 6:15). Pelo batismo do Espírito pode ser dito : “ Mas aquele que se une ao Senhor é um Espírito com ele” (1 Co 6:17). Não apenas temos uma nova vida e natureza individualmente, mas somos “unidos com o Senhor”, de forma que os nossos corpos são membros de Cristo. Quão divinamente perfeita é a união com Cristo, lavrada pelo batismo do Espírito Santo.Como Paulo escreveu aos Romanos: Porque, assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função; assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo, e MEMBROS UNS DOS OUTROS” (Rm 12:4,5). Em todas estas passagens os membros são crentes individuais e não, como dizem falsos mestres, diferentes igrejas locais.Alguns desses vão tão longe ao ponto de afirmar que as diferentes seitas da cristandade são diferentes membros de um corpo, a Igreja. Tal ensino não tem base alguma nas Escrituras.
Na Epístola aos Colossenses encontramos a figura da Cabeça e do Corpo várias vezes: “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as cousas ter a primazia.” ( Cl 1:18). Podemos comparar isto com Mt 16:15-18, onde a assembléia é associada com cristo como “o Filho do Deus vivo”, e como Aquele que deveria morrer e se levantar de novo. A qualidade de cabeça de Cristo é exposta aqui em Colossenses em conexão com Sua natureza divina: “ a imagem do Deus invisível” e com Sua morte e ressurreição: “...o princípio, o PRIMOGÊNITO de entre os MORTOS”.
Também aqui Paulo expressa a união entre Cristo e os crentes de uma maneira tocante: “...e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do Seu corpo, que é a igreja” (Cl 1:24). A primeira lição com que Saulo de Tarso, o amargo perseguidor, foi ministrado por Cristo, estava nestas palavras : “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (Atos 9:5).
No mesmo capítulo, no versículo 16, o Senhor diz que Ele mostraria ao apóstolo “o quanto lhe importa sofrer pelo meu Nome”. Paulo tinha aprendido, no caminho de Damasco, como Cristo, a Cabeça, sofreu com o mais fraco dos Seus membros perseguido na Terra. E em II Cor. 4:7-10, rememorando sua experiência, o apóstolo podia dizer : “levando sempre no corpo o morrer do Senhor Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo”. O Senhor Jesus nas alturas, em favor de quem essas aflições foram suportadas, as sentiu, como se cada dor fosse infligida a Ele mesmo. Com que beleza tudo isto expressa a viva união entre Cristo e Seus membros! Não apenas ele simpatiza e sente com eles, mas todos os membros são nutridos por Ele. Os Colossenses são prevenidos contra filósofos que estavam “...não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” (Cl 2:19).
A verdade do corpo é novamente acentuada em : “Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações, à qual também fostes chamados em um só corpo” (Cl 3:15). Da mesma forma os crentes efésios são exortados a deixar a mentira e “falar a verdade, cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros” (Ef 4:25). A unidade do corpo é uma coisa PRÁTICA NA TERRA, e todos os santos são responsáveis por manter e mostrar o caráter de UM CORPO em sua vida diária. Nossa conduta deve configurar- se em relacionamentos abençoados. Diferenças sociais e nacionais não existem no corpo. Judeus e gentios, homens livres e escravos, todos são membros uns dos outros : “Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa PAZ, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede de separação que estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, PARA que dos dois criasse para em si mesmo NOVO HOMEM ...” (Ef 2:13-15). Observemos que o NOVO HOMEM , formado de gentios e judeus, é formado “NELE MESMO”, isto é, em Cristo.
O novo HOMEM é o mesmo que o UM SÓ CORPO, mencionado em outras Escrituras, o Corpo de Cristo. A assembléia e Cristo são vistos como formando UM NOVO HOMEM, UMA UNIDADE MÍSTICA que ajunta, pela fé, todos aqueles que antes eram tão opostos um contra o outro.
“Desta forma não pode haver judeu nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem nem mulher; pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). “Onde não pode haver nem grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo “é tudo e em todos” (Cl 3:11). Onde a unidade, feita por Deus, e imutável em princípio, é tão enfatizada como um princípio de verdade, não é de surpreender que a nossa responsabilidade de demonstrar, na prática, que a Unidade em guardar a Unidade do Espí-rito seja também acentuada em Efésios.
A DIGNIDADE E A GLÓRIA DA ASSEMBLÉIA
A glória celestial e o elevado destino da assembléia são expostos na Epístola aos Efésios: “ E pôs todas as cousas debaixo dos seus pés, para ser o cabeça sobre todas as cousas, e o deu à Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas.” (Ef 1:22,23). A palavra “plenitude” significa aqui “complemento”, que é o que tem que ser adicionado a uma coisa para torna-la completa. A glória do Senhor Jesus não seria comple-ta enquanto nessa glória não estivesse unido à Sua noiva e Corpo, a assembléia. Não apenas o Senhor Jesus é descrito aqui como a Cabeça do Corpo, mas como CABEÇA SOBRE TUDO. Deus exaltou Jesus, e o colocou no lugar mais alto de autoridade à Sua mão direita, e agora o fez HERDEIRO DE TODAS AS COISAS, a reconhecida e inconteste Cabeça de TODO O UNIVERSO, reinando “até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos Seus pés”. Neste caráter, de Cabeça sobre todas as coisas, Deus associou a Cristo, não como parte do domínio sobre o qual Ele reina, mas como PARTE DELE MESMO, a assembléia, Seu corpo, a plenitude do complemento de Cristo, que enche tudo em todas as cousas.
Como a glória de Cristo é a medida da glória da assembléia, é importante ler a descrição das glórias do Senhor Jesus, primeiro como Cabeça sobre a primeira criação, em seguida como Cabeça sobre a Nova Criação, a assembléia (Cl 1).
Ao pronunciar tais títulos de exaltação de nosso amado Salvador, os corações se curvam em adoração perante Ele, o único que é digno de recebe-la. Após Sua humilhação e vergonha, após ter sido obediente até à morte, e morte de cruz, o Senhor Jesus recebeu um Nome sobre todos os nomes, um nome de incomparável supremacia, colocando na sombra todo nome ou poder humano ou angélico. Oh, que todos os santos possam lhe dar, na prática, “o primeiro lugar em todas as coisas”; isto poria de lado muito dos incabíveis objetivos humanos por supremacia na assembléia. Por acaso o corpo confessional, em seu objetivo por glória e poder humanos, não perdeu de vista, bem cedo, a Cristo como a Cabeça da Igreja, e do caráter da assembléia como o Corpo de Cristo ? Não se tornou o cenário de glória humana , supremacia terrestre ( Bizâncio, Roma ) e de rivalidade carnal, e não será a Grande Babilônia o resultado final desta obra do homem ?
Uma obra especial e abençoada do Espírito Santo nestes últimos dias era necessária para trazer um número de santos para fora da demonstração de poder humano e de volta ao real conhecimento do Senhor Jesus como Cabeça de Seu corpo, a assembléia, e à submissão prática à Sua autoridade. Assim como a ruína total do cristianismo pode ser resumida nestes termos : “não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado, por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” (Cl 2:19), assim também nestes tempos de recuperação quando Cristo tem de novo o primeiro lugar no meio dos santos congregados, existe real bênção espiritual, poder e crescimento.
CAPÍTULO 9
NOSSO
GRANDE SUMO SACERDOTE
NO CÉU
Em nossa trajetória através deste cenário selvagem, tão cheio de tentações e perigos, somos confortados por recursos celestiais quanto tão somente olhamos para Jesus com fé. O céu está aberto agora, o véu está rasgado e o olho da fé contempla o Senhor Jesus, cujo coração tão cheio de amor se simpatiza conosco em cada necessidade ou provação, cujos poderes infalíveis nos guardam e cuja fiel intercessão encontra uma resposta perfeita no coração de Deus.
O serviço de nosso sumo sacerdote celestial é indispensável a cada santo de Deus, para que seja sustentado na sua viagem através deste mundo hostil. Alguns têm pensado que esta obra tem a ver somente com a expiação dos pecados. Isto é um erro, porque a expiação dos pecados foi perfeitamente cumprida na cruz antes que o Senhor Jesus fosse para o céu para começar lá o seu trabalho como sumo sacerdote. Este trabalho de nosso Senhor não é para pobres pecadores mas para os filhos de Deus, para um povo que foi livrado do julgamento, e contra o qual não há mais condenação. O Senhor Jesus, depois de ter sofrido e morrido no Calvário, deixou este cenário e atravessou os céus. “ ...possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.” (Hb. 8:1,2). Ele foi “nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5:10) “...para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus...” (Hb 2:17).
O serviço de Cristo como nosso sumo sacerdote é inteiramente diferente de Seu serviço como advogado (ou patrono) junto ao Pai (1 Jo 2:2), o qual é o divino recurso em caso de pecados cometidos por crentes. Sua intercessão como sumo sacerdote não tem lugar após a falta ou pecado, mas no momento em que o crente é tentado e está em risco de cair em pecado.
Falta e pecado nunca são objetos da compaixão divina; nunca são vistos como o estado normal de qualquer santo, e a compaixão do Senhor Jesus certamente não significa que, por compaixão, Ele condenaria com menos seriedade toda falta ou ação pecaminosa.
GRAÇA PREVENTIVA
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4:16).
Como é reconfortante este convite do trono da graça , o amor divino de Deus nos ofere-cendo graça preventiva antes que venha a provação ! Quanto aceitamos este convite, em uma vida de oração e comunhão com os céus, uma graça especial precederá ou acompanhará cada ataque do inimigo. Acaso não foi o Senhor Jesus tentado por Satanás no deserto, e não conhece perfeitamente a nossa necessidade de ajuda ? Há, no evangelho de Lucas, uma figura tocante da graça preventiva quando Jesus diz a Pedro antes que este O negasse : “ “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça ;” (Lc 22:31,32). E no cap. 17 do evangelho de João o Senhor antecipa Sua intercessão por nós dizendo : “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste...” “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal” (Jo 17: 11, 15).
Encontramos um belo exemplo de conforto em meio a grande perigo nas palavras do anjo que se postou ao lado de Paulo na noite do naufrágio : “Paulo, não temas; é preciso que compareças perante César, e eis que Deus por Sua graça te deu todos quantos navegam contigo.” (At 27:24). Como um misericordioso sumo sacerdote nosso precioso Salvador está agora vivendo e orando por nós, para que possamos ser guardados na hora da tentação e sob as muitas conseqüências do ódio dos homens, de satanás e do mundo; enviando socorro dos céus para os que andam pelo deserto estéril, onde temos que trabalhar e sofrer, aprendendo como resistir à astúcia e ao poder do inimigo.
O CARÁTER CELESTIAL DO SACERDÓCIO
“Vemos...Jesus...coroado de glória e de honra” (Hb 2:9). “”Tendo, pois...grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão” (Hb 4:14).
Com estas palavras o apóstolo acentua o grande contraste entre o sacerdócio terrestre, que ainda existia nesse tempo em Jerusalém, e o sacerdócio celestial de Nosso Senhor Jesus. Estas advertências eram necessárias, posto que os crentes hebreus corriam perigo de retor-nar à uma ordem terrestre de coisas, com o carnal sendo atraído pela beleza visível do santuário e das cerimônias terrestres.Mas os conselhos da epístola são escritos para nós também, nestes últimos dias da história da igreja na terra. Uma fé viva é necessária para desfrutar do sacerdócio celestial de Jesus, mas ai! Falta de fé tem conduzido à queda de volta na ordem visível das coisas. De fato, as cerimônias e rituais nas catedrais da cristandade professa mostram o seu retorno à ordem do Velho Testamento, dando lugar ao homem na carne, distinguindo um sacerdócio terrestre, ou clero, da massa de povo “cristão” professo. O sacerdócio dos crentes verdadeiros e sua livre entrada no santuário no céu, verdades fundamentais do cristianismo, têm sido praticamente negados e esquecidos através dos dezenove últimos séculos. A única forma de sermos livrados das desilusões dos sistemas eclesiásticos dos homens é o ministério gratuito do Espírito Santo, que enfatiza a glória celestial de Cristo.
Em nossa segunda passagem (Hb 4:14), o Espírito nos leva a seguir o Senhor Jesus quando Ele penetra nos céus. Os céus, como os conhecemos, a atmosfera e o firmamento estrelado, foram apenas o portão exterior ou pórtico pelo qual Ele tinha que passar para entrar no terceiro céu, na luz inacessível da presença de Deus. Lá Ele foi visto, logo após Sua ascensão, por um santo cheio do Espírito ( Estevão ), alguns momentos antes que ele selasse seu testemunho com a morte... Que figura marcante de um santo do Novo Testamento, olhando pelo poder do Espírito desde um mundo pecaminoso e hostil, aos céus abertos, e sendo confortado pela glória do Filho do Homem.
Ele encontrou “graça para socorro oportuno” naquele momento de suprema provação, e a coroa da vida será sua recompensa pelo martírio ( Ap 2:10). É impressionante que Estevão viu o Filho do Homem EM PÉ (At 7:55, 56) à mão direita de Deus, enquanto na epístola aos Hebreus Ele está SENTADO lá. Isto foi porque Jesus estava esperando até que o testemunho do Espírito Santo fosse definitivamente rejeitado pelos judeus. Após a morte de Estevão, Jesus assentou-se à destra de Deus esperando, agora, até que seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés (Sl 110). Foi pelos judeus que o testemunho do Espírito Santo foi rejeitado. O ARRAIAL, o sacerdócio judaico, não estava definitivamente posto de lado, e nesta epístola os crentes são exortados a ir para fora do arraial, a Jesus, suportando a Sua rejeição pelos homens. Lá, fora de restrições humanas, sob a livre direção do Espírito Santo, eles podem desfrutar plenamente DELE, que ministra dentro do véu do santuário celestial.
OS SANTOS SOFREDORES QUANDO TENTADOS NA TERRA
“Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2:18). “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas, antes foi Ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança...” (Hb 4:15).
A posição celestial dos santos como é ensinado na epístola aos Efésios não é encontrada na epístola aos Hebreus. Cristo não é u sumo sacerdote para a assembléia como Seu corpo, mas para os filhos de Deus como um povo espiritual e sacerdócio, vivendo na terra. Em nossa posição como membros do corpo de Cristo, sentados com Ele nas alturas, não há questão de fraqueza ou tentação; em sua posição celestial, os crentes são santos, inatacáveis e perfeitos. Encontramos em Hebreus o nosso chamado celestial, e ajuda celeste para os que vivem na terra em fraqueza e dependência.
Em nossa primeira passagem (Hb 2:18), a palavra “tentados” não te nada a ver com causas internas que podem nos levar a fazer o mal. Tal tentação o Senhor Jesus nunca conheceu. Durante toda a Sua vida Ele foi O Santo, e O Justo, e não teve nada a ver com o pecado. Não apenas Ele nunca pecou, como nunca teve qualquer contato com o pecado.Este é o sentido de nossa segunda passagem (Hb 4:15). Isto significa literalmente : pecado excluído. Sua natureza humana não deu qualquer base ao inimigo. Foi no deserto que Cristo foi tentado por satanás pela primeira vez, de uma maneira em que nenhum crente jamais foi tentado. Ele, que era absolutamente sem pecado, foi o único que estava preparado para um ataque como esse do império das trevas. O inimigo foi completamente derrotado. O príncipe deste mundo não encontrou em Jesus nada que respondesse às suas tentações.
Os filhos de Deus estão agora num grande e terrível deserto, onde são objeto de muitas tentações. Mas nosso grande sumo sacerdote se encarregou de sustentar-nos através do ermo e levar-nos seguros à glória, a despeito dos poderes hostis que resistem contra nós. E apesar de quão glorioso e poderoso Ele de fato é agora, Ele ainda está cheio daquela compaixão misericordiosa e simpatia pelo mais fraco de nós, porque Ele mesmo conheceu a fraqueza e sobrepujou Satanás pelo poder de Deus e pela espada do Espírito. E agora, como o Autor e Consumador da fé, Ele conduzirá à vitória todos aqueles que depositam a sua confiança nEle. A vitória de Israel sobre Amaleque, conduzida por Josué quando Moisés estava sentado na montanha, com suas mãos levantadas para os céus (Êx. 17:8-12), é somente uma tênue imagem das vitórias do deserto.
Quando a carne é tentada ela não sofre, ao contrário ela se regozija; mas quando, na luz do Espírito Santo e em obediência à palavra, o novo homem espiritual resiste contra os ataques das artimanhas do inimigo ameaçador, o crente sofre. Cristo sofreu quando foi tentado. Ele tinha a cruz diante dos Seus olhos, mas o inimigo estava constantemente tentando-o a chegar ao poder real e à glória por outra vereda, sem sofrimento e vergonha.
CAPÍTULO 10
NOSSO ADVOGADO COM
O PAI
O ofício celestial de nosso Senhor Jesus Cristo expresso no título “Advogado”, ou “Patro-no” (conforme a tradução) pertence ao seu ofício sacerdotal n santuário.
Mas existe uma diferença entre o que Ele é como Sumo Sacerdote diante de Deus e o que Ele é como Advogado junto ao Pai. Como vimos, sob aquele título, Seu ofício de sumo sacerdote para com os filhos de Deus como um povo na terra tem um caráter preventivo, e não é bem um recurso em caso de pecado, mas de tentação e fraqueza. Seu ofício como advogado junto ao Pai é restaurador em caso de pecado. O apóstolo João em sua primeira epístola não fala de Cristo como Sumo Sacerdote; ele nos ensina acerca da intimidade dentro do círculo familiar de Deus, o relacionamento dos filhos com o Pai.
GRAÇA RESTAURADORA
Pobres pecadores perdidos necessitam, para a sua salvação, do poder limpador do sangue de Cristo, mas santos, filhos de Deus, necessitam do poder da água para ser mantidos em santa comunhão com o Pai e o Filho. Quando um pecador encontrou paz pelo sangue de Cristo ele está salvo para sempre, e não pode jamais perder a vida eterna. Mas a comunhão pode ser facilmente perdida; entretanto nosso Deus e Pai providenciou meios para a restauração na pessoa de nosso advogado, Jesus Cristo. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça”. “Filhinhos, estas coisas vos escrevi para que não pequeis; se, porém, alguém pecar, temos um advogado unto ao Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo 1:9 e 2:1). No rodapé da tradução J.N.D. lemos : “Patrono” é a tradução da palavra grega “Parakletos”, a mesma palavra que é traduzida como “Consolador” em Jo 14, 15 e 16. Cristo administra todos os nossos assuntos desde cima; O espírito Santo, aqui embaixo. Eu uso “patrono” mais no sentido do patrono romano, que mantinha os interesses de seus clientes em todos as situações. Então Cristo está nas alturas, e o Espírito aqui, pelos santos.
Quando um santo de Deus pecou existe uma fonte divina de purificação. O sangue que purifica do pecado e a água que remove a corrupção, ambos fluem do lado perfurado de nosso bendito Salvador e Senhor. “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não somente com água, mas com a água e com o sangue” (1 Jo 5:6). O mundo em volta de nós e a carne dentro de nós tendem a estorvar a nossa comunhão com Deus. Mas Deus ama ter-nos tão perto de si de forma que possamos ser perfeitamente felizes e desfrutar das bênçãos espirituais.
INTERRUPÇÃO DA COMUNHÃO
Os filhos de Deus têm o precioso privilégio de estar em comunhão com o Pai e o Filho. Mas essa bendita comunhão, o segredo de poder espiritual e alegria, pode facilmente ser interrompida e mudada em tristeza. Um pensamento tolo ou uma palavra descuidada podem obstruir essa comunhão, porque Deus é Luz, e não tem comunhão alguma com as trevas.
Nosso Patrono está com o Pai, pois nenhum pecado pode quebrar nosso relacionamento com nosso Pai. Mas a palavra “Pai” nos lembra também quão sério é pecar contra alguém que cuida de nós com tão terno amor. Este pensamento aumentará o nosso senso de responsabilidade, e de vergonha em caso de pecado, pois que a intimidade de nosso relacionamento com Ele torna o mal mais horrível, posto que é um insulto diante de um Pai tão amoroso, porém santo. Aqui não temos o “pecado na carne” , mas certos atos pecaminosos. O serviço de Cristo é primeiramente necessário para nos fazer descobrir que temos pecado e para fazer-nos confessar nosso pecado, e então restaurar-nos à comunhão com Ele mesmo.
Em Jo 13 encontramos o Senhor Jesus lavando os pés de Seus discípulos. A água é uma figura da Palavra de Deus que nos habilita a nos julgarmos a nós mesmos à luz da santidade de Deus. O Senhor disse : “ Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (Jo 13:8).
No Velho Testamento temos uma figura admirável da restauração no cap. 19 de Números, onde a água da purificação, preparada com as cinzas da novilha vermelha, tinha que ser aplicada ao terceiro e ao sétimo dias. O trabalho de purificação do terceiro dia tem a ver com a operação do Espírito Santo pela Palavra na consciência, de forma que o santo enxerga claramente que pecou; e a purificação do sétimo dia assegura a restauração à comunhão (Nm 19:12).
Davi, quando pecou no caso de Batseba e Urias, é um exemplo marcante. Davi tinha posto a sua consciência e a de Joabe para dormir com as palavras : “Não pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada devora tanto este como aquele” (2 Sm 11:25), mas Deus usou Natan para acordar a consciência do rei com uma parábola notável (2 Sm 12:13), de forma que ele exclamou: “Pequei contra ao Senhor”. Esta foi a primeira parte, a purificação do terceiro dia. Em seguida, o profeta poderia aplicar a purificação do sétimo dia, dizendo: “Também o Senhor te perdoou o teu pecado”.
A primeira intenção de Deus é levar os Seus ao Seu próprio conceito do caráter terrível do pecado. A Palavra é o meio que usa para atingir este objetivo. Assim aprendemos a julgar-nos a nós mesmos e a odiar o pecado, e a reconhecer os nossos pecados como odiosos. Então Ele nos restaura ao gozo das coisas celestiais.
SATANÁS, O ACUSADOR DOS IRMÃOS
No capítulo doze de Apocalipse encontramos uma guerra no céu entre Miguel e seus anjos e Satanás e seus anjos e o fim da guerra é a expulsão do céu de Satanás e sua hoste (Ap. 12:7-9).
Um dos livros mais antigos da Bíblia, o de Jó, dá o testemunho de que Satanás pode aproximar-se de Deus e acusar os santos diante dEle.
Também em nossa dispensação ele atua como uma espécie de anti-sacerdote, acusando os santos celestiais, e na vindoura Grande Tribulação, tão logo seja expulso do céu, ele atuará como um anti-rei e um anti-profeta. Outros exemplos de atividades satânicas nos céus são encontrados em 1 Reis 22 e em Zacarias 3. Em Efésios 6:12 nós temos os principados e potestades das trevas, os poderes espirituais do mal nas regiões celestiais.
Satanás não pode ir à presença imediata de Deus, na luz em que Deus habita, mas pode aproximar-se o suficiente para acusar o povo de Deus diante dEle.
Como Israel tinha que lutar para desfrutar a posse da terra prometida, assim os santos celestiais têm que combater os poderes espirituais que estão agora no céu. Um santo que não esteja em plena comunhão com Deus não pode ser vitorioso nessa batalha, porque Satanás se aproveita de qualquer base para acusar um santo cuja consciência não está em paz.
Mas vem o temo em que os céus serão purificados: “Era necessário, portanto, que as figuras das cousas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias cousas celestiais com sacrifícios a lês superiores.” (Hb 9:23 ). A presença de Satanás é uma profanação do céu, mas na cruz Cristo derrotou a Satanás e logo Miguel executará , com sua hoste, a sentença contra Satanás e o atirará para fora do céu. É de fato uma forma de rebelião de Satanás que ele se atreva a introduzir-se à presença de Deus e levar acusações contra Seu povo diante dEle.
Como é reconfortante o pensamento de que há sempre, na presença de nosso Pai amoroso, a Pessoa bendita que se opõe às acusações de Satanás, e que sempre intercede em favor dos filhos de Deus, o Senhor Jesus, nosso Patrono com o Pai.
Como nos dá esperança, também, saber que logo as acusações de Satanás se acabarão para sempre. “Então ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite diante do nosso Deus. Eles pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”. (Hb 12:10,11). Os que venceram Satanás são Cristo e os santos celestiais de nossa época.
CAPÍTULO 11
JESUS , NOSSO PASTOR
O trabalho de um pastor é providenciar boas pastagens, águas refrescantes, segurança e descanso para suas ovelhas. A Palavra de Deus descreve as vidas de vários homens que foram pastores, como Abel, Abraão, Moisés, Davi e Amós, os quais, longe das atrações do mundo, cumpriram sua humilde tarefa. Lá, no retiro silencioso, eles ouviram a voz de Deus; em dependência dEle eles tiveram a experiência de Seu cuidado amoroso, e se tornaram tipos de Cristo, o Grande Pastor das ovelhas.
Moisés, que trabalhou quarenta anos no deserto de Midiã pastoreando um rebanho, tornou-se lá “o homem mais manso da terra”. Davi foi habilitado a cantar as glórias do Senhor, Seu Pastor, e a descrever pelo Espírito os sofrimentos de Cristo e as glórias que os seguiriam.
O caráter de pastor do Senhor Jesus é encontrado na Escritura sob os títulos de “Bom Pastor”, o “Grande Pastor” e o “Pastor principal”.
Como o “Bom Pastor” nós o encontramos no cap. 10 de João, onde o Senhor fala primeiro sobre a diferença entre Israel sob a lei e os crentes cristãos. O desejo de Deus era pastorear Seu povo, mas toda a História de Israel tinha sido repleta de pastores infiéis, dos quais Ezequiel nos dá este quadro : “Comeis a gordura, vesti-vos de lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo. As minhas ovelhas andam desgarradas...” (Ez 34:3-6).
Após a escuridão e frieza do homem, o amor de Deus levantaria Seu Pastor , o filho de Davi (vv. 11-16 e 23-24). E de fato, que ternas misericórdias encontramos no Senhor Jesus, que cuidado por Suas ovelhas ! Ele foi movido por compaixão pelo povo de Israel, porque eles estavam acossados e desgarrados como ovelhas que não têm pastor (Mt 9:36).
Seu coração extinguiu-se, primeiro em amor ao Seu povo, e Ele mandou Seus discípulos primeiro às ovelhas desgarradas da casa de Israel (Mt 10:6).
O PASTOR, AS OVELHAS E O PORTEIRO
Jesus começa os ensinamentos do maravilhoso capítulo décimo de João com as palavras : “Em verdade, em verdade vos digo: O que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é pastor das ovelhas” ( v. 1, 2).
O aprisco representa Israel, separado de outras nações, estabelecido fora dos gentios. Deus eu Sua lei e muitas vantagens materiais e espirituais a eles. Mas o povo privilegiado e favorecido esqueceu-se da lei e caiu em idolatria e pecado. Desde seu retorno do cativeiro em Babilônia eles mantiveram as aparências exteriores de religião, mas quando Jesus veio eles se opuseram fortemente a Ele. Entretanto um pequeno número O escutou e creu, e este remanescente de verdadeiros crentes é chamado “as ovelhas”.
Eles eram governados por líderes , dentre o povo, que fingiam ser pastores, os escribas, sacerdotes e fariseus, mas que não eram chamados nem preparados por Deus. Como descreveu Zacarias: “Assim diz o Senhor meu Deus : Apascenta as ovelhas destinadas para a matança. Aqueles que as compram matam-nas, e não são punidos; os que as vendem, dizem : Louvado seja o Senhor, porque me tornei rico; e os seus pastores não se compadecem delas.” (Zc 11:4,5). Como Deus não os preparou nem estabeleceu, eles mesmos se introduziram e tinham o caráter de ladrões.
Jesus, quando veio, seguiu o caminho que as Escrituras tinham indicado muito tempo antes pelos profetas. Deus abriu a porta para Ele, usando João Batista como porteiro, que preparou o Seu caminho. É admirável que quando Jesus entra Seu propósito não é pastorear as ovelhas dentro do aprisco, uma construção que as protegia de perigos externos. Para pastorea-las Ele as leva para fora. “Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora.” (v.3). Este era um trabalho inteiramente novo: As ovelhas ouvem a voz do pastor : é isto que confere a elas o caráter de ovelhas. O Pastor sabe seus nomes e as conduz para fora do aprisco judaico , o qual não era um lugar onde a s verdadeiras ovelhas de Jesus poderiam permanecer; em Jo 9 vemos o homem cego de nascença, uma das ovelhas de Jesus, sendo expulso do aprisco de Israel.
Até a vinda de Jesus Deus não tinha dado a ninguém o direito de deixar o aprisco, e até durante a vida e a ascensão de Jesus muitos santos judeus não estavam preparados para deixa-lo. O livro de Atos mostra como os crentes judeus eram zelosos pela lei. (At 21:20). A obra de Jesus e do Espírito Santo foi a de livra-los da servidão da lei.
“Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas e elas o seguem , porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” (Jo 10:4,5). Não havia liberdade nem alimento dentro do aprisco. A lei não podia dar vida e paz. Se escutassem a voz de Jesus e O seguissem, vida, alimento e descanso seriam providenciados para elas. Ovelhas na são aptas a encontrar comida por si mesmas, mas quando seguem um bom pastor, que conhece todas as suas necessidades, não têm com que se preocupar. Quando o coração de um pobre pecador é cheio de paz, alegria e gratidão ao crer em Jesus, ele não mais escutará as vozes dos doutores da lei, que negam a graça de Deus. O cego de nascença em Jo 9 discerniu prontamente que os argumentos dos fariseus eram inteiramente errados.
Agora o Senhor Jesus chama a Si mesmo de “A Porta” das ovelhas : “Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido Eu sou a porta. Se alguém entrar por mi será salvo; entrará e sairá e achará pastagem.” (v.7-9). Deus abriu a porta do aprisco para a introdução do Bom Pastor, nascido de uma virgem , nascido sob a lei e precedido por João Batista. Agora se necessitava de uma porta para trazer as ovelhas a uma nova ordem de coisas, sob o Cristianismo, o qual não é aprisco, porém onde os crentes for-mam um rebanho. Cristo mesmo é a porta da salvação, somente por Ele podemos entrar na vida eterna, não há outro modo para sermos salvos. Em seguida, a expressão “entrará e sairá” descreve a liberdade que os santos desfrutam, e na qual prosperarão.
Todos aqueles que vieram antes de Jesus eram ladrões e salteadores, pensando apenas em seus próprios interesses terrenos, e as ovelhas não deram ouvidos a eles.
“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10). O Senhor seu vida às ovelhas judias, mas Ele deseja que elas a tenham em abundância.Durante a vida terrena de Jesus todos os que vieram a Ele pela fé receberam a vida. Mas vida em abundância só poderia ser dada depois que Cristo tivesse provado a morte e ressuscitado. No primeiro dia da semana, o dia da ressurreição, Ele comunicou vida na ressurreição aos seus discípulos, soprando sobre eles o Espírito Santo, e no dia de Pentecostes , o Espírito Santo caiu sobre os discípulos reunidos, e eles receberam naquele momento vida em abundância, o Espírito Santo habitando neles.
O BOM PASTOR (Jo 10:11-15)
Aqui o Senhor se denomina o Bom Pastor, em contraste com os mercenários, e outro caráter em relação a aqueles que pretendem pastorear as ovelhas judias. “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, v~e vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado com as ovelhas.” (v.11-13). O Bom Pastor não pensa em seus próprios interesses. Ele veio para as Suas ovelhas, e elas são Sua propriedade. Um rebanho pode ser confiado a um pastor que é pago para cuidar dele , mas assim que ele se veja exposto ao mesmo perigo que as ovelhas, ele pensará apenas em sua própria segurança e se esquecerá do rebanho, porque este não é sua propriedade. Jesus, ao tomar o título de Bom pastor, alude à Sua morte. Não apenas Ele se preocupa com as ovelhas mas dá a Sua vida por elas. Tão grande é o Seu amor que Ele não tem a Sua própria vida como preciosa; a qualquer custo as ovelhas devem ser salvas do lobo ameaçador. Este amor levou o Senhor Jesus à cruz, para morrer por Suas ovelhas. Sua morte foi a vida e a segurança para elas. Davi apresenta isto, em tipo. Quando pastoreava o rebanho de seu pai, ele livro as ovelhas expondo sua vida, matando o urso e o leão. (1 Sm 17:34-35).
No Getsêmani o Senhor encontrou o lobo, Satanás, que queria a perdição das ovelhas. Pensando que faria o Salvador recuar da mesma morte em que sobrepujaria o diabo, Satanás trouxe todos os horrores da morte diante dEle. Mas o amor do Bom Pastor foi triunfante. Ele entregou a Sua vida, o lobo voraz foi derrotado e as ovelhas foram livres da destruição eterna. À multidão dos soldados que foi ao Getsêmani busca-Lo, Ele disse: “...se é a mim, pois que buscais, deixai ir a estes” (Jo 18:8). Não toca nosso coração tamanho amor, e nos faz amar a Sua voz e segui-Lo ? O desfrutar do Seu amor nos habilita a discernir e a evitar a voz dos estranhos.
“Eu sou o Bom Pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (v. 14-15).
Ele conhece as Suas ovelhas pelo incessante cuidado e interesse de Seu sempre ativo amor . E as ovelhas O conhecem, todos aqueles que pela fé desfrutam do Seu amor. Nele o conhecimento das ovelhas é perfeito; e o Senhor não fala aqui das imperfeições práticas do amor e conhecimento das ovelhas em si. A base está posta para uma perfeita comunhão entre o Pastor e Suas ovelhas, como a comunhão entre o Pai e o Filho é perfeita. Por esta comunhão o pastor entregou a Sua vida. Tal relacionamento vai muito além dos privilégios judaicos ou das atrações do mundo, e nos conclama a nos separarmos de tão mendicantes elementos.
OUTRO PASTOR É INTRODUZIDO
Era um mistério desconhecido que crentes das nações seriam abençoados com bênçãos celestiais e eternas. A isto o Senhor faz alusão dizendo : “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um Pastor” (v.16).
Seu rebanho não seria apenas composto por crentes judaicos, mas por todos aqueles pobres pecadores que ouviriam a Sua voz e por quem Ele deu Sua vida. Este trabalho, começado por Ele mesmo quando falou à Samaritana (Jo 4), foi continuado pelos apóstolos, e continua no dia de hoje. A divisão da confissão cristã se deve à recusa ou incapacidade de ouvir somente a voz do Bom Pastor,. Entretanto, a despeito dessas divisões, existe apenas um rebanho de crentes verdadeiros, unidos pelo Espírito com o Pastor nas alturas. Há um só Corpo e um só Espírito, e isto será em breve manifestado em glória.
Aqueles que agora, com inteira submissão, escutam a voz do Pastor, obedecendo à Palavra de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo, estão habilitados hoje a manifestar na terra a unidade do verdadeiro rebanho de Jesus, ainda que seja em fraqueza externa.
O PASTOR QUE BUSCA ( Lc 15 )
Uma ovelha não consegue encontrar seu caminho. Um cavalo encontra seu estábulo, um cão o seu canil, um pombo o pombal, mas uma ovelha deve ser guiada e buscada quando está perdida. Esta é uma figura do homem natural.”Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo caminho; mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos”. (Is 53:6). O trabalho da graça para os pecadores perdidos é descrito no cap. 15 de Lucas em três parábolas, a primeira a da ovelha perdida, depois a da dracma perdida e finalmente a do filho pródigo. “Qual dentre vós é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontra-la ? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.” (Lc 15:4-6). O Pastor está procurando a ovelha. Deus, na Pessoa de Jesus, veio tão perto de pecadores perdidos, que os doutores da lei se ofenderam: Este homem recebe pecadores e come com eles.” A justiça própria estava acusando a graça divina. Mas esta graça era a própria glória de Deus. O Filho do Homem veio ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido. O que poderia ter atraído o coração de Jesus para descer até miseráveis criaturas como nós ? A resposta do pastor é que Seu coração se comoveu mais pela perdida do que pelas noventa e nove que não se perderam! Ele devia achar absolutamente aquela ovelha ! A pobre e simples ovelha não consegue penetrar ou esperar um amor como esse. Ela não procurou o Pastor. Não, a mesma disposição que a levou a desgarrar-se ainda estava ativa para empurra-la para mais e mais longe do rebanho. Que poder há nessas palavras : “...e vai em busca da que se perdeu, até encontra-la”. Na obra da salvação, Deus é quem procura, não o homem. Em Gn 3 Deus perguntou a Adão : “Onde estás ?” Deus estava procurando, mas o homem tinha fugido de Sua face, escondendo-se atrás das árvores do jardim. Em nossa parábola, é somente o Pastor que procura, a ovelha vai sempre mais longe. Ela não tem idéia sobre o amor altruísta do Pastor. O Pastor não solicita a cooperação da ovelha. A ovelha, deixada à própria sorte, teria errado até o exato momento em que o lobo chegasse para despedaçar e devora-la. O amor do Pastor estava preparado para enfrentar todo tipo de perigo ou obstáculo, até que ele a encontrasse ! Mesmo a morte não poderia impedi-Lo de encontrar Sua ovelha. Não, Ele desceu à sepultura, à parte mais baixa do reino da morte, e então abalou esse reino até o seu alicerce. O sepulcro teve que entregar o seu poder. Nada, nem morte, nem túmulo, nem Hades podiam reter Seu amor que busca. Ele continuou até o momento em que pode exclamar: “Encontrei a minha ovelha perdida.” Novas de alegria : “EU ENCONTREI”. Nestas palavras repousa a Sua vitória sobre o poder de Satanás.
Não há queixa nEle sobre as dores e tristezas enfrentadas enquanto procurava Sua ovelha.Não há censura á ovelha porque se desgarrou. Alegria é a única coisa que enche o seu amoroso coração ! “Em vista da alegria que lhe estava proposta, Ele enfrentou a cruz, não fazendo caso da ignomínia” . Esta é a alegria da redenção cumprida. “Eu encontrei” – com estas palavras nós, como ovelhas perdidas, somos levadas para além do túmulo, para além do alcance da morte e perdição.
E isto não é tudo. “ Tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Seu amor não foi esgotado pela obra na cruz. Ele leva a ovelha SOBRE SEUS OMBROS. Este é o lugar de descanso para o mais fraco crente em Jesus. Estamos sobre os ombros que sustêm um universo, o poder que removeu os portões do inferno nos carrega através do deserto deste mundo. Quão certa é a Sua vitória sobre tudo o que pode nos ameaçar aqui. Ele podia dizer: “...jamais perecerão...ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10:28).
Bendita segurança, trazendo um cântico de triunfo aos lábios do apóstolo : “Quem nos separará do amor de cristo ?”
E finalmente : “E chegando à casa”. A ovelha não é deixada no ermo, nem levada de volta ao lugar de onde fugiu. Não somos levados de volta ao jardim do Éden, ou sob a lei de Moisés. Não, nosso destino é o céu, e a alegria da salvação é alegria celestial, um antegozo da glória eterna. Há alegria no céu por um pecador arrependido,mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento !
CAPÍTULO 12
A
PALAVRA ENCARNADA
Existe algo de impressionante sobre o Evangelho de João. Apesar de falar dos mais profundos e elevados conselhos de Deus, pode tocar o coração mais simples. A razão para isto é que revela o amor de Deus na Pessoa de Seu Filho, e o amor é a maior necessidade de todo o coração humano.
“ No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Eles estava no princípio com Deus. Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:1-3).
Desta maneira o evangelista afirma a existência divina e eterna da segunda Pessoa da Di-vindade.
O livro de Gênesis começa com a criação, mas João inicia com o que precedeu a criação, com Aquele que criou todas as coisas. Não encontramos aqui : “ No princípio Deus criou” , mas : “No princípio era o Verbo”.
Tudo está fundado sobre a existência não criada dEle, que criou todas as coisas. Antes que a obra da Criação tivesse começado, Ele estava lá, sem princípio. Esta expressão : “ No princípio era...” exclui todo o pensamento quanto ao princípio do próprio Verbo.
A simplicidade e a clareza desta acentuação é digna de seu tema. Nós temos aqui três verdades fundamentais concernentes à Pessoa do Senhor.
1- O Verbo era Deus e estava no princípio com Deus.
2- O Verbo se tornou carne e habitou entre os homens.
3- O Verbo era o Filho unigênito.
Os primeiros dezoito versículos são um tipo de prefácio, pelo qual o Espírito Santo introduz a parte histórica do evangelho. O verso quinze é um parênteses e contém o testemunho de João Batista sobre sua própria baixa posição. Um prefácio como esse acentua o caráter sobrenatural e celestial deste evangelho.
Com uma sentença o Espírito de Deus retira o véu e nos proporciona um olhar de relance à eternidade passada. E lá, pela luz do Espírito, nós vemos o Verbo ( a Palavra), o unigênito Filho de Deus, em toda a majestade de Sua glória divina. Da limitação das coisas criadas o olho da fé olha para as coisas ilimitadas e não criadas e saúda em adoração o Verbo eterno que era no princípio !
E Este Verbo era o Criador, porque não existe nada que não tenha recebido dEle a sua existência.
Observemos que o VERBO é o assunto de quatro pequenas frases nos primeiros dois versículos. Estas quatro afirmações podem defender o VERBO contra todos os ataques teológicos em todos os tempos :
a) No princípio era o Verbo.
b) E o Verbo estava com Deus.
c) E o Verbo era Deus.
d) Ele estava no princípio com Deus.
O pronome “ELE” é enfaticamente pessoal, uma resposta preventiva às colocações gnósti-cas.
O VERBO SE TORNOU CARNE
Depois de haver descrito as glórias do Verbo, o apóstolo agora descreve Sua encarnação : “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade , e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (Jo 1:14).
A isto acrescenta o verso 18 : Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.”
A expressão “O QUAL É” é notável ; é um eterno tempo presente, como em Rm 9:5. “O qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém”.
Podemos nos perguntar por que no verso 1, de forma semelhante, não está declarado que “O Verbo é Deus”. A expressão “O Verbo era Deus” acentua que era assim antes da fundação do mundo.
Nas palavras dos homens são expressados pensamentos humanos. O Verbo expressa a mente de Deus, o pensamento eterno da Divindade .
As Santas escrituras são também chamadas a PALAVRA de DEUS, como em Hb 4:12. Mas ainda que a Palavra escrita expresse também os pensamentos de Deus, existe uma grande diferença entre a Palavra pessoal de Jo 1 e a Palavra escrita. A Pessoa da Palavra é eterna e sem princípio ou fim, mas a Palavra escrita teve um princípio no tempo em que “homens falaram da parte de Deus, movidos pelo espírito Santo” (2 Pe 1:21).
O Verbo possuía esta capacidade
de expressar os conselhos de Deus antes que o mundo existisse, mas por Sua
encarnação Ele foi habilitado a comunica-los ao homem. Antes da formação
do homem existia um conselho entre as Pessoas divinas, pois Elohim disse:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26). Aqui
temos planos e conselhos tornados conhecidos pelo Verbo. Esta comunicação é sua
especial capacidade.
“ E habitou entre nós “ – literalmente “tabernaculou” , ou habitou como se em uma tenda. O tabernáculo no deserto era um lugar de habitação para Deus, e era uma imagem das coisas no céu, onde Deus habita. Durante a vida de Jesus, a plenitude da Divindade habitou nEle como em um tabernáculo.
O Verbo era invisível e habitava em luz inacessível até que desceu entre os homens, “cheio de graça e de verdade”.
Quando o Verbo se encarnou, trouxe para cá toda a graça e a verdade de Deus. Graça é amor que sobrepuja o mal, e a verdade liga a natureza divina com a humana , por que Cristo, como Homem, era a VERDADE divina.
Existe diferença entre as duas expressões : “a PALAVRA” (ou Logos), e “o Filho”. As funções da PALAVRA, ou VERBO , eram criar e governar, mas o Filho era para revelar o Pai e falar sobre a intimidade e ternura do amor divino. Ambas as glórias estão unidas em Jesus, que podia dizer: “Subo para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17).
“E nós contemplamos a Sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
Estas são palavras de fé do discípulo e apóstolo João. Os discípulos tinham descoberto Sua glória divina por trás do véu de Sua humilhação. E eles o adoraram seu Deus nEle. É o privilégio presente dos filhos de Deus adorar a Jesus como o Deus eterno, Criador e Salva-dor. Toda a glória da Divindade habitava nEle quando peregrinou pela terra como através de um deserto. A glória que Ele manifestava era AMOR, o amor infinito de Deus Seu Pai.
O VERBO COMO JUIZ
O Verbo não mostrará sempre apenas graça e amor, pois o dia virá em que Ele julgará o mundo rebelde, como lemos : “ Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus” (Ap 19:13). Ele virá como o Homem glorificado, Sua cabeça coroada com muitos diamantes, e ele trilhará o lagar da fúria da ira de Deus.
Como existem profundezas inescrutáveis em Sua glória pessoal, é acrescentado que Ele tem um nome escrito, o qual ninguém conhece, a não ser Ele mesmo.
Ele é o Revelador, o Verbo de Deus, e este caráter eterno será então mostrado no julgamen-to. Quão maravilhosa a raça e a verdade com as quais o Verbo tem sido visto ! Mas então Ele virá com poder e os meigos e ternos aspectos darão lugar a um manto tingido de sangue, simbolizando as palavras: “A mim me pertence a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor” ( Rm 12:9).
Os homens serão considerados responsáveis na mesma medida em que a palavra de Deus se tenha revelado a eles. Ela foi dada completamente, no poder do Espírito Santo, e não haverá nenhuma desculpa para que a tenham desprezado.
Como a Palavra, o Senhor Jesus executará um julgamento final sobre todos que têm resistido à Palavra de Deus.
CAPÍTULO 13
VIDA ETERNA
A primeira epístola de João é pequena, mas seu tema é elevado. Jesus é apresentado aqui como o Verbo da Vida e como a Vida Eterna.
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anun-ciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada)” (1 Jo 1:1,2).
A Vida Eterna tinha estado no céu, como uma segunda Pessoa com o Pai, e desceu e se manifestou a testemunhas escolhidas, entre as quais estava o apóstolo João. Os discípulos tinham conhecido o Senhor muito intimamente. Depois que João Batista apontou ao Senhor Jesus com as palavras : “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” , o discípulo João foi um dos que seguiu a Jesus. De fato, ele podia dizer : o que temos visto com nossos próprios olhos”... e “nossas mãos apalparam”... O discípulo, cuja cabeça repousou no peito de Jesus, podia, de fato, testemunhar dEle com intenso amor. Ele escreve sobre “Vida” e “Vida Eterna” , expressões que são sinônimas. Pelo testemunho dos apóstolos esta vida eterna é comunicada aos crentes.
“E a vida eterna é esta, que te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17:3 ). A manifestação da vida eterna teve lugar neste mundo, não no céu. A manifestação começou quando Jesus nasceu e foi deitado por Maria em uma manjedoura. E esta manifestação terminou quando Jesus ascendeu ao céu. Desde a ascensão nossa Vida está oculta com Cristo em Deus.
VIDA NA MORTE DE JESUS
Vamos considerar duas figuras do Antigo Testamento para ilustrar a verdade de que recebemos vida agraves de um Salvador agonizante : a serpente de bronze (Nm 21 ) e o bode-expiatório ( Lv 16 ). A serpente de bronze é um tipo marcante do Filho do Homem crucificado. “ E do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna.” (Jo 3:14, 15). A serpente é a imagem do pecado. Cristo desceu para ser feito pecado em nosso lugar, para suportar a nossa maldição na cruz. O pecado entrou no mundo quando o homem, por instigação da serpente, deixou de confiar em um Deus amoroso. E o pecado é sobrepujado pela suprema manifestação do infinito amor de Deus. Cristo tinha que ser levantado na cruz em resgate pelo pecado. Todo pobre pecador tem recebido a picada mortal da serpente, desta forma cabe ao homem morrer uma vez, e depois disto enfrentar o julgamento. Mas como é perfeito e divino o remédio : Cristo levantado sobre o madeiro maldito !
E agora o Espírito Santo convida a todos que sabem que foram picados mortalmente a olhar para Jesus para ter vida e paz.”Há VIDA em OLHAR para Jesus crucificado”. A única exigência era a fé. O israelita ferido tina simplesmente que olhar para viver; olhar , não para o seu miserável estado, mas ao remédio divino, o único caminho para receber vida e saúde.
“ARÃO PORÁ AMBAS AS MÃOS SOBRE A CABEÇA DO BODE VIVO, E SOBRE ELE CONFESSARÁ TODAS AS INIQUIDADES DOS FILHOS DE ISRAEL... E ENVIÁ-LO-Á PARA O DESERTO, PELA MÃO DUM HOMEM À DISPOSIÇÃO PARA ISSO.” ( Lv 16:28 ).
Todos os nossos pecados foram lançados sobre Jesus e desapareceram em uma terra sem recordação. Manter a glória de Deus era o primeiro e principal objetivo de Jesus, e nessa base nossos pecados foram totalmente lançados fora. Nossos pecados desapareceram, e nunca poderão ser achados de novo.
NOVO NASCIMENTO E VIDA ETERNA
No terceiro capítulo de João encontramos tanto o novo nascimento como a vida eterna. Es-ses termos não são sinônimos. O novo nascimento pertence àquelas coisas que Nicodemos deveria ter conhecido, as coisas celestiais. A vida eterna pertence às coisas celestiais que baixaram do céu no Filho do Homem. Enquanto o novo nascimento é uma mudança opera-da em nós pelo Espírito santo, o dom da vida eterna é a habitação de Cristo em nós pelo Santo espírito. “ E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (1 Jo 5:11,12).
Os santos do Velho Testamento tinham vida, mas os santos da nossa dispensação têm vida no Filho, a vida eterna tendo sido manifestada como uma Pessoa. “Também sabemos que o Filho de deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, e seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1 Jo 5:20 ).
SEGURANÇA DA VIDA ETERNA
Ignorância ou dúvida sobre a posse da vida eterna é contrária à vontade de Deus. Não apenas as Escrituras acentuam que todo o que crê TEM vida eterna, mas o Espírito Santo dá um testemunho íntimo ao nosso Espírito. “Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna...quem crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra e juízo...Estas cousas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna...” (Jo 3: 36, 5:24, 1 Jo 5:13). Uma das manifestações desta vida é amor pelos irmãos : “ Nós sabemos que já passamos da morte para ávida, porque amamos os irmãos” (1 Jo 3:14). “O próprio espírito testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16).
NOSSA VIDA SERÁ MANIFESTADA
Nossa vida está agora escondida com Cristo em deus. O mundo não pode entender que os crentes tenham outra vida, além da vida natural , animal.
Mas o dia da manifestação de nossa vida chegará em breve. “Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele, em glória.” (Cl 3:3,4). “...ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é.” (1 Jo 3:2).
Então, quando no glorioso aparecimento de Jesus nós O seguirmos, o que será visto por todo o olho, o mundo saberá porque não andamos com ele e porque nosso deleite não estava nas coisas vãs e terrenas, mas nas coisas invisíveis que estão acima, em Cristo mesmo, que é a nossa VIDA.
CAPÍTULO
14
O REI DOS REIS
Ainda que a expressão “Rei Jesus” seja corrente na confissão cristã, raramente o significado correto é compreendido. O Senhor é erroneamente considerado “O Rei da Igreja” , outros O chamam de “Rei dos nossos corações” , mas Seu futuro reinado sobre Israel e sobre as nações é um mistério, somente revelado àqueles que compreendem a profecia pelo Espírito Santo. Sombras disso já eram encontradas no tabernáculo. Para a jornada através do deserto, a mesa dos pães da proposição era coberta com três toalhas (Nm 4:7) nas quais as vasilhas santificadas eram colocadas, tudo coberto com peles de texugo, as quais protegiam, com sua simplicidade, as riquezas do tabernáculo. A toalha de púrpura fala sobre as glórias régias de Jesus, vistas também nas cortinas do tabernáculo. Durante a jornada pelo deserto as toalhas eram ocultas pelas peles de texugo. Similarmente, as glórias régias de Cristo permanecem um mistério para este mundo. Mas logo estas glórias serão manifestadas.
O título “Rei dos reis” foi dado a governantes de impérios que englobavam várias nações, como Nabucodonosor, Artaxerxes, Dario, Alexandre (Ez 26:7, Ed 7:12, Dn 2:7). Em um escala muito maior o Senhor Jesus será o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Todo o joelho no céu e na terra se dobrará perante Ele.
A SEGUNDA FASE DE SUA VINDA
O arrebatamento da igreja e a ausência do Espírito Santo pavimentarão o caminho para a manifestação do homem do pecado (2 Ts 2). Quando, sob a direção da Besta e do falso profeta, todos os reis da terra se unirem para a guerra contra o Cordeiro, Cristo aparecerá em poder glorioso (Mt 21:30; 2 Ts 1:9-10).
O cap. 17 de Apocalipse descreve a mobilização de todos os poderes militares da terra sob a direção da Besta. Eles terão uma só mente, inspirada por Satanás, para fazer guerra contra Cristo, o Cordeiro aguardado do céu. “Tem estes um só pensamento, e oferecem à Besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.” ( Ap 17:13,14). “Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles”. (Sl 2).
Ainda que a unificação da Europa sob Roma seja preparada através de longos anos, a duração do reino dos dez reis sob a Besta Romana será bem pequena. Essa futura União de Nações sob Satanás apenas poderá promover as decisões de Deus. Primeiro deve a Grande Babilônia, amálgama de igrejas apóstatas, tomar assento na Besta romana. A Roma religiosa , por algum tempo, regerá a Roma política. Mas no meio da semana (Dn 9:27) os dez reis odiarão e destruirão a Grande Babilônia e, no final da semana, os reis unidos serão destruídos pelo Cordeiro como Rei dos reis. O que são os exércitos humanos aos olhos de seu Criador ?
VITÓRIA DO CORDEIRO
Quando os homens tiverem encontrado “paz, paz e segurança” nas bases iníquas do pódio contra cristo, a solução dos problemas do mundo estará próxima, e o Cordeiro estabelecerá a paz e a justiça verdadeiras. “Vi o céu aberto,e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça.Os seus olhos são chamas de fogo; na sua cabeça há muitos diademas; tem um nome escrito...Tem no seu manto e na sua coxa, um nome inscrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores.” (Ap 19: 11-16). “Diante dele treme a terra e os céus se abalam; o sol e a lua escurecem e as estrelas retiram o seu esplendor. O Senhor levanta a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial...” ( Jl 2:10,11).
Cristo aparecerá em poder glorioso, com muitos diademas em Sua cabeça, designado para o domínio mundial. O cavalo branco fala da glória imperial, e Ele julga e combate em justiça. Seus olhos são fogo, porque Ele pesquisa as entranhas e os corações de todos os homens.
Sua única arma é a espada de dois gumes saindo de sua boca, a qual uma vez chamou os céus e a terra do nada para a existência. O poder do erro vindo da boca do dragão não terá mais poder para unir os seus aliados, e sua guerra terminará em confusão. O pecado e a ile-galidade terão atingido o seu ponto culminante, e serão tragados em um julgamento dura-douro.
O DOMÍNIO UNIVERSAL ESTABELECIDO
Os reinos de Davi e Salomão foram, ambos, sombras do futuro reino de Cristo. Davi, que teve que lutar muitas guerras, nos dá uma figura do primeiro período, quando, com uma vara de ferro, o Senhor reivindicará Seus direitos sobre todas as esferas da vida humana. Mas quando tudo tiver se estabilizado, a tranqüilidade e a paz substituirão as tempestades da guerra, e o reino será semelhante ao reino de Salomão.
Cumprir-se-á a palavra de que uma maior do que Salomão se sentará no trono, e os reis e povos da terá irão a Jerusalém, reconhecendo Sua infinita sabedoria e poder, e farão a Ele homenagens como uma vez fizeram os magos no seu nascimento.
Os santos se assentarão com Cristo em tronos e reinarão com Ele. A importância do governo deles será proporcional à sua fidelidade nestes tempos presentes, executando tarefas pequenas e desprezadas por amor ao seu rejeitado Salvador .
Sua habilidade para a administração do reino se obterá na presente escola de cristo, onde o sofrimento e as provações estão produzindo paciência, santidade, obediência e sabedoria. Brevemente seu reinado mostrará quanto a jornada pelo deserto os preparou para suas tarefas futuras. O poder deles reside na vida que possuem no Filho, o poder de Cristo, dado agora para fortalecer a todos com paciência e alegria (Cl 1:1). A dependência de Cristo continuará a ser o caráter mais marcante de seu serviço.
BÊNÇÃOS SOBRE A TERRA
São numerosas as Escrituras do velho Testamento que descrevem as gloriosas bênçãos da terra durante o reino. “Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor vosso deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva...As eiras se encherão de trigo e os lagares transbordarão de vinho e de óleo.” (Jl 2:23). Satanás será aprisionado e não poderá instigar guerras. O primeiro capítulo de Jô mostra que Satanás tem também poder sobre os elementos do ar, causando destruição e miséria. A maldição pronunciada após a queda de Adão não terá mais efeito, estando tudo sujeito a Cristo, que suportou a maldição. “Plantarei no deserto o cedro, a acácia , a murta e a oliveira...a tua posteridade possuirá as nações e fará com que se povoem as cidades assoladas...As nações se encaminham para a tua luz,e os reis para o resplendor que te nasceu...Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem... O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso...Então se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos do surdo se desimpedirão; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo...alegria eterna coroará as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.” ( Is 41:19; 54:3; 60:3; 35:1,5,6,10).
Toda a terra cantará e se regozijará, e a criação exaltará a grandeza de Yahweh (Jeová), Seu Criador e redentor. Harmonia, paz e beleza serão empalidecidas apenas pelo desapareci-mento diário de pecadores pelo julgamento.
Mas, ai ! o fim do milênio mostrará que até essa dispensação de bênção e glória não mudará a perversidade do homem natural. Uma grande revolta dos ímpios , seu ataque contra Jerusalém e um fogo do céu destruindo-os encerrará esta dispensação de glória. Após o milênio Cristo entregará o reino nas mãos de Seu Pai, e os santos compartilharão o reino eterno nos céus, na terra onde não haverá mais pecado.
...O Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.” (Ap 22:5).
CAPÍTULO 15
O
SENHOR JESUS COMO
JUIZ
Os pensamentos de muitos cristãos professos sobre o oficio de Cristo como Juiz são bastan-te confusos, e geralmente limitados à perspectiva de um julgamento final, no qual crentes e não crentes serão reunidos para ouvir seu futuro destino. Vamos olhar nas Escrituras para termos a mente de deus nesta linha da verdade. Encontraremos as seguintes fases de julgamento :
1) O julgamento do mundo e de seu príncipe, na cruz.
2) O julgamento começando pela casa de Deus.
3) O trono de julgamento de Cristo
4) O julgamento das nações.
5) O julgamento do grande trono branco.
1. O JULGAMENTO DE SATANÁS E DO MUNDO
“Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso” (Jo 12:31). “Ele convencerá o mundo...do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” ( Jo 16:8, 11).
No paraíso, sem lei, sob a lei, e quando Cristo foi apresentado, o homem era responsável como um homem ativo. Em cada situação ele falhou, desobedecendo no paraíso, agindo como um sem-lei quando não havia lei, um transgressor quando estava sob a lei e, quando Cristo veio, o homem mostrou todo o seu ódio contra Deus e contra Seu Filho. Provou-se que a árvore era má e não podia mais frutificar para sempre.
Pela morte do Senhor na cruz, a história do homem é moralmente fechada. “Agora”, disse o Senhor quando os gregos vieram Ele, “está sendo julgado este mundo” e o apóstolo acrescenta : “...agora, porém , AO SE CUMPRIREM OS TEMPOS... (Hb 9:26). A morte de Cristo fechou pela fé a existência do velho homem perante Deus. Se a cruz provou que na carne não existe nada além de pecado e ódio contra Deus, também lançou fora o pecado que comprovou.
O mundo que nos cerca é um mundo julgado; e um mundo que tem rejeitado a retidão e a verdade. O julgamento do mundo se deu quando Cristo exclamou : “Está consumado” . No ato mesmo de Sua crucificação estava selado o julgamento do mundo. A inimizade do homem contra Deus estava em seu ápice na cruz de Cristo, a maldade do homem não poderia ir mais longe, e o amor de Deus também se manifestou em seu mais alto grau.Este julgamento do mundo é conhecido de todos os crentes porque o Espírito Santo testifica dele. O mundo está agora em um período entre a sentença e a execução final do julgamento. Eles têm visto e odiado tanto Cristo como Seu Pai.
O homem agora deve nascer de novo. O velho homem , estando morto em seus pecados, deve tornar-se uma nova criatura. Em 1 Co 10:11, o apóstolo alude a este final real da história mundial diante de Deus : Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos, e foram escritas para advertência NOSSA, DE NÓS OUTROS SOBRE QUEM O FIM DOS SÉCULOS TÊM CHEGADO”. O sistema deste mundo não mais está sob nenhuma dispensação divina, mas todo o curso dos procedimentos de Deus com ele está terminado desde que Cristo veio para a execução de sua sentença.
Depois de Deus ter mandado profetas e servos, Ele finalmente disse: “Enviarei o Meu Filho” (Mateus 21), mas eles O mataram, e Deus foi posto fora do mundo que Suas mãos construíram. A cruz é o fundamento de um estado de coisas inteiramente novo, e que é chamado aqui: A CONSUMAÇÃO DOS TEMPOS. O mundo religioso pode ter confissão de sobra e sonhar com o progresso mas, de fato, existe “APENAS FOLHAS” , e não fruto para Deus.
Por graça, Deus retarda a execução do julgamento, esperando com paciência que indiví-duos possam ainda ser salvos. No Evangelho, o julgamento é pregado. Quando um pecador se arrepende ele aceita o julgamento de si mesmo e do mundo e se abriga, sob o precioso sangue do Cordeiro, do julgamento por vir.
Em Jo 16:11 o Espírito Santo toma uma atitude judicial e prova a culpa do mundo. Na glorificação de Cristo começou o julgamento. Deus o enviou sobre todo o principado e autoridade e poder. O próprio Satanás está sujeito a este poder e autoridade. Assim , o ato de condenação já alcançou o príncipe deste mundo e decide sobre a posição do mundo diante de Deus agora. O julgamento do mundo é pronunciado, e o inimigo está sob o poder de Cristo, a quem ele se opôs na cruz.
O propósito da primeira vinda do Senhor não era o de julgar o mundo. Mas ao rejeita-Lo o mundo se colocou sob julgamento. Brevemente a execução chegará. Mas primeiro existe a salvação para pecadores individuais. Não há salvação para o mundo como um todo ou para alguma nação privilegiada, mesmo quando tal nação assume todas as formas de confissão cristã.
2. O JULGAMENTO COMEÇANDO PELA CASA DE DEUS
Todo o livro do Apocalipse é um livro de julgamentos, primeiro, da Igreja professa e, subseqüentemente, do mundo.
Nos três primeiros capítulos a igreja é vista em sua responsabilidade, e como sujeita a jul-gamento, e o Senhor Jesus é visto no meio dos sete castiçais de ouro com os emblemas de juiz. Nos primeiros versículos todo o livro do Apocalipse é chamado de ‘PROFECIA’, de forma que os sete endereços dos capítulos 2 e 3 são também proféticos. Ainda que as sete igrejas estivessem presentes no tempo de João, o alcance das sete cartas é mais amplo. Cada igreja na Ásia foi escolhida pelo Senhor para descrever uma característica marcante da Igreja em sete períodos de sua história profética.
No 13º verso do Cap. 1 Cristo é representado como Juiz. Ele mostra as características do Ancião de Dias de Dn 17, que era Yaweh. “E, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares, e cingido á altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.” (Ap 1:13-16). Os olhos como chama de fogo o habilitam a conhecer os corações e entranhas do homem, e julgar retamente: “Pois o nosso Deus é fogo consumidor”. A espada que sai de Sua boca, a Palavra de Deus, contém autoridade para julgamento. O bronze também fala do fogo do julgamento.
No versículo 19, o qual divide o livro do Apocalipse em três partes, nossa presente dispensação, em que a igreja está na terra, é chamada de “as coisas que são”. O estado externo das igrejas é descrito e esta é também a história da igreja confessante na terra.
No capítulo 4 temos as coisas que terão lugar após a igreja ter sido tirada deste cenário, com os santos sendo vistos no céu.
Em nosso presente período a igreja é “a luz do mundo”, o Senhor espera dela que seja uma portadora de luz ou um castiçal. Os castiçais têm sido iluminados pelo céu para fornecer luz na terra. A igreja é responsável para representar a glória e a perfeição de Quem a redimiu, e por cujo amor a igreja foi criada. Esta luz deve brilhar no meio da escuridão – “no meio de uma geração fraudulenta e perversa, na qual brilhai como luzes no mundo” – “anunciando os louvores dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz”. Paulo diz em 2 Co 3 que a Igreja é a carta ( não as cartas ) de Cristo, um testemunha visível das perfeições do Cabeça invisível.
O Senhor Jesus , um Juiz, caminha entre os sete candeeiros para ver se estão reproduzindo a luz e a graça que receberam.
As sete igrejas dão um quadro seqüencial da igreja responsável, ou do que é chamado história da igreja, em sete períodos sucessivos.
a) Éfeso
As estrelas são a parte responsável e representativa das assembléias, aquelas que devem especialmente espalhar a luz de Cristo. São chamadas de “ANJOS” das assembléias. Cada “anjo” pode ser composto por vários indivíduos.
Havia fidelidade em Éfeso , a despeito do mal que Satanás procurava introduzir quando os apóstolos faleceram. Eles tinham recusado os falsos apóstolos.
Mas o Senhor se queixa de que eles tinham abandonado o seu primeiro amor. Este é o primeiro e mais geral sintoma de declínio. O que leva à ruína não vem de fora, mas sempre de dentro. Quando os laços de verdadeira afeição entre cristo e Sua assembléia estão íntegros Satanás é impotente, mas quando, do lado da igreja, o amor se esfria, a porta está aberta para a introdução de toda a sorte de males.
b) Esmirna
Com o desejo de incitar o amor deles, o Senhor permite que o julgamento venha sobre a igreja. Os imperadores romanos dos três primeiros séculos perseguiram os santos, dos quais muitos foram fiéis até à morte.
Mas também havia mal do lado de dentro. Satanás tinha formado uma sinagoga, um partido judaizante, pervertendo o cristianismo.
Nem todos os cristãos perderam sua vida como mártires. O objetivo de evitar o sofrimento e de ter uma posição confortável neste mundo leva a Pérgamo.
c) Pérgamo
Cansada de perseguição, a igreja confessante caiu na armadilha de procurar proteção nos poderes terrenos. O imperador Constantino proclamou o cristianismo religião de Estado.
A despeito da corrupção crescente, no Concílio de Nicéa , a verdade da Trindade foi prote-gida contra as blasfêmias de Ário. Mas uma vez que a igreja foi colocada sob proteção do Estado o clericalismo foi introduzido - uma vitória do judaísmo - e progrediu rapidamente.
O nicolaísmo é um sistema de governar o povo, onde, como na doutrina de Balaão, se ensina a mistura da igreja com o mundo e leva à idolatria.
d) Tiatira
As quatro últimas igrejas continuam até o fim desta dispensação. Todas elas contêm alusão à vinda do Senhor. Tiatira representa o romanismo no seu ápice entre 500 e 1500 d.C.
A despeito das trevas doutrinárias, havia muita devoção pelas boas obras. A mulher Jezabel representa todo o sistema papal , afirmando que o mesmo possui permanente infalibilidade, uma espécie de inspiração autorizada para emitir doutrinas. O fruto é sedução e idolatria, filhos que compartilham de suas obras ímpias e que compartilharão de seu julgamento.
Mas aqui um pequeno remanescente é acentuado : “...a vós outros, os demais de Tiatira”. Pouco a pouco, estes se separaram do sistema corrompido. O Senhor os convida a manter-se firmes até que Ele venha.
e) Sardes
A Reforma do século XVI foi uma obra de Deus e um novo começo , mas muito do sistema clerical e dos costumes de Roma foram mantidos. Desta maneira, as igrejas protestantes, que resultaram deste movimento, não podem ser chamadas de assembléias do Deus vivo , pois têm mais um caráter de organizações mortas , de corpos clericais. O Senhor diz: “ Conheço as tuas obras, de que tens nome de que vives, mas estás morto”.
Ainda que tenham a posse da Bíblia, nenhuma igreja protestante como um todo pensará jamais em submeter-se inteiramente à sua autoridade, especialmente quanto ao tema da ordem na assembléia.
Ainda, quando a Palavra de Deus foi aberta, e pode atuar sobre as consciências, muitos indivíduos no protestantismo foram salvos pela graça.
O Senhor ameaça vir a Sardes como um ladrão, porque eles não têm a esperança viva de Sua vinda. Sua vinda será julgamento para eles como um todo, como o será para este mundo. O protestantismo está muito mesclado com os poderes políticos neste mundo, um princípio já condenado na carta a Pérgamo.
f) Filadélfia
A bendita verdade de que Jesus, como o Santo e Verdadeiro, prometeu estar presente no meio de dois ou três que se reunissem em Seu nome caracterizou um novo começo no século 19. Um remanescente fiel se separou da iniqüidade para desfrutar da comunhão com Cristo. Esta epístola mostra que um remanescente fiel como este será guardado por Ele até à Sua Vinda.
Aqui não se mencionam grandes obras, nada que atraia a atenção ou admiração do mundo, ou mesmo a estima do homem. Onde Cristo é tudo, o homem não recebe gl´ria alguma.Não existindo ali nada que o homem glorifique, apenas aqueles que andam intimamente com Cristo são atraídos. Filadélfia anda nas pegadas de um Cristo rejeitado. Ela suporta o Seu opróbrio fora do campo da religião humana. O que a caracteriza é que ela tem GUARDADO A SUA PALAVRA e NÃO NEGOU O SEU NOME .
Os seus opositores são os mesmos de Esmirna, o judaísmo e o clericalismo.
Uma hora de julgamento virá sobre o mundo, mas Filadélfia será tomada para estar com o Senhor antes que aquela hora chegue, como Enoque foi tomado antes que a inundação viesse. Todos os crentes tomarão parte na bênção de Sua vinda.
Uma coroa é prometida sob a condição de conservar o que Deus havia confiado a Filadél-fia. Ela tem a Palavra da Verdade, a Presença do Senhor Jesus, e o poder da santidade na separação do mal. Cristo é tudo para a sua afeição, e “Filadélfia” – real amor fraterno – é o resultado disso.
g) Laodicéia
Este último estado do cristianismo professo resulta na rejeição da verdade confiada a Fila-délfia. Não apenas o catolicismo e o protestantismo, mas os grandes corporações de “Irmãos” têm, praticamente, rejeitado a verdade confiada a Filadélfia, a verdade concernen-te à presença do Senhor e autoridade no meio de dois ou três reunidos em Seu nome.
Esta rejeição dá a todo que a compartilha, doutrinal e praticamente, o horrível caráter de Laodicéia. Este caráter é tepidez , indiferença aos direitos e à glória de Cristo, o Santo e Verdadeiro.
Existia uma Laodicéia histórica nos dias de João, e existe uma Laodicéia profética em nestes últimos dias. O apóstolo Paulo escreveu em sua epístola aos “santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos”: E dele dou testemunho, de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis” (Cl 4:13 ). Somente após a vinda do Senhor haverá uma confissão sem crentes, apóstata; e Babilônia será o resultado de uma profissão de fé unificada.
Os julgamentos pronubciados sobre Tiatira, Sardes e Laodicéia serão executados após a vinda do Senhor. A Grande Babilônia será relembrada e receberá um tormento e aflição dobrados por todas as suas iniqüidades (Ap 18:6 ).
AUTO-JULGAMENTO E DISCIPLINA
A expressão “O JULGAMENTO COMEÇA PELA CASA DE DEUS” implica também o julgamento pelos santos que compõem a assembléia em casos em que os santos falham em julgar a si mesmos. “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11:31 ). “Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora ? Os de fora, porém, Deus os julgará” (1 Co 5:12,13).
Quando, como cristãos, nós temos, pela graça, o privilégio de participar da mesa do Senhor, somos chamados também a EXAMINAR e a JULGAR, não apenas os nossos caminhos, mas acima de tudo A NÓS MESMOS. Cristo se submeteu, na cruz, ao julgamento por nossos pecados, e somos exortados a julgar-nos a nós mesmos à luz de Sua santidade e a anunciar Sua morte. Este santo exercício de julgamento do “EU” deve ser algo profundo, sério e habitual.
Isto não significa, como em certos sistemas pelo mundo afora, a confissão formal de lábios acerca de pecados cometidos durante a semana , como a confissão na profissão de fé cristã, abrindo o caminho para recomeçar as mesmas coisas na semana seguinte.
Não, o que é requerido, o julgamento do eu como a raiz do mal no velho homem, o qual foi condenado por Deus na morte do Senhor Jesus. A velha natureza deve ser julgada completa e continuamente. Quando nosso eu é julgado como tendo sido crucificado com Cristo, e quando isto é feito habitualmente na presença de Deus, não teremos necessidade de JULGAR os nossos CAMINHOS. O auto-julgamento é o segredo da vitória sobre o mal pelo poder do Espírito Santo.
Quando ocorre a necessidade de julgar nossos CAMINHOS, como João supõe em sua primeira epístola, isto prova que já fomos vencidos pelo poder da carne. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados... mas se alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo 1:9; 2:1 ).
Nós nos julgamos A NÓS MESMOS no poder da comunhão com Deus. Ai de nós ! Freqüentemente temos que julgar nossos caminhos com aflição de alma.
Quando uma pessoa que tem um temperamento irritável consegue julgar constantemente esta tendência, é possível que isto nunca se manifeste a outros. Mas quando tal pessoa não julga A SI MESMA esse caráter de irritabilidade se manifestará sem dúvida , o seu testemunho será enfraquecido e essa pessoa terá que julgar os seus CAMINHOS com tristeza e humilhação. Em vez de vencer o seu temperamento, ele é vencido por ele. Que diferença importante !
O auto-julgamento é o julgamento da RAIZ do mal. Mas o julgamento de nossos caminhos é apenas o julgamento dos maus frutos dessa raiz. O auto-julgamento é um exercício valioso, e se os cristãos o praticassem mais fielmente seu caminhar serviria mais à glória do Senhor. Ao contrário, muitos falham em manter sob controle certas inclinações naturais através do poder do Espírito Santo, e os frutos dessa negligência são verdadeiramente tristes. Nesse caminho o mundanismo e o mal doutrinário e moral tem se arrastado para dentro das assembléias. E muitos caíram, perderam discernimento e foram levados para fora do caminho da verdade.
O apóstolo diz : “Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Co 11:32 ). Em Corinto havia muitos que tinham esquecido que a assembléia, o lugar da habitação de um Deus santo, deveria ser mantido em santidade. O Senhor os disciplinou por causa de sua negligência: “eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (vv 30). A assembléia de Corinto havia falhado quanto à santidade. Eles tinham permanecido em comunhão com alguém que vivia publicamente em pecado, e o apóstolo os ensina: “Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais.” (1 Co 5:11 ). Os de dentro da igreja devem ser julgados pela assembléia. Existe apenas um significado para DENTRO na assembléia de Deus na terra. Ou uma pessoa está dentro ou FORA da ÚNICA igreja de Deus.
O Senhor conferiu a necessária autoridade à assembléia local para manter a santidade em seu meio (Mt 18:18). Ela tem o dever de remover a pessoa perversa de seu meio ao recusar-se a partir o pão com ela.
Estas três coisas : auto-julgamento, a disciplina do Senhor aos santos em seus corpos e a disciplina da assembléia são, juntamente com os julgamentos pronunciados nas sete epístolas e os julgamentos vindouros sobre Babilônia, aspectos importantes da verdade de que o julgamento começa pela casa de Deus.
O JUÍZO FINAL DE CRISTO
Em Jo 5:24 é positivamente afirmado que o crente não entrará jamais em julgamento. Em 2 Co 5:10 e Rm 14:19 vemos que todo o crente deverá prestar contas de si mesmo a Deus por tudo o que tenha feito enquanto no corpo.
Deus deu aos seus santos uma parte bendita nas atividades do Seu amor aos outros.Depende do estado espiritual de cada crente o quanto ele cumpre das boas obras preparadas para ele (Ef.2:10). Quanto à nossa posição em Cristo, somos perfeitos, mas nossas atividades espirituais dependem de nossa condição prática. Sem uma caminhada em santidade não haverá poder para o serviço; sem comunhão com Cristo não haverá testemunho prático. Finalmente, todo santo receberá sua recompensa de acordo com o seu labor: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22:12). “...Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus...Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:10-12).
“Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus” (1 Co 4:15 ). “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito, por meio do corpo” (2 Co 5:10).
Isto é completamente diferente do julgamento dos descrentes. Os descrentes serão julgados de acordo com suas obras ante o grande trono branco e serão todos lançados no lago de fogo.
Mas um crente não pode ser pessoalmente condenado. Ele pode perder a recompensa por seu trabalho feito como cristão, porque não é coroado se não lutar segundo as normas (2 Tm 2:5). E quando a obra de um homem se queimar sofrerá dano, mas ele mesmo será salvo, como que através do fogo. “Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a ora de cada um o próprio fogo a provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Co 3:12-15).
Ante o trono de julgamento de Cristo nós seremos MANIFESTADOS, isto é, apareceremos sob a perfeita luz de Deus, e sob essa luz veremos todos os detalhes de nossa vida passada. O resultado será que nos tornaremos mais profundamente gratos ao Senhor por Sua graça e mercê, que tem muita clemência com nossas muitas falhas, e nos tem sustentado, conduzido e guardado.
Cristo mesmo estará na posição de julgamento, e nós O veremos e O adoraremos, a Ele, que é a nossa justiça e que nos salvou da condenação. Também esta manifestação ocorrerá para a nossa bênção eterna. É um exercício espiritual saudável para o crente, agora, pensar sobre o julgamento de Cristo, para viver à luz dele e da perfeita santidade do Juiz.
Quando o Senhor vier para Sua Igreja, os que dormiram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, seremos transformados e arrebatados para encontrar o Senhor nos ares. Em corpos espirituais, glorificados, seremos manifestados diante dEle, vestidos com a Sua justiça. Então a graça infinita de Deus que nos guiou e guardou, e nos trouxe com segurança à glória celestial, será manifestada, e nesse momento as coroas serão dadas aos santos, na medida de sua conformidade a Cristo durante sua vida terrestre.
O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
“Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda...”Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mt 25:31ss, 40).
O julgamento das nações da terra pode ser dividido em duas fases: primeiro, o julgamento descrito em Apocalipse 19, depois o julgamento em seções, descrito em Mt 25. EM SEGUIDA Cristo tomará posse da terra.
No JULGAMENTO DO GUERREIRO os reis e as nações, ajuntadas por Satanás para combater contra o Senhor Jesus, todos os opositores serão derrotados e destruídos ( Sl 95:15, 96:13; At 17:31; Ap 19:11; 2 Ts 1:9,10; Lc 9:26, Cl. 3:4; Zc 14:5 ; Jd 14:15, Is 66:1).
Sobre o JULGAMENTO EM SESSÕES vemos, em Mt 25, QUATRO grupos de pessoas.
Antes de tudo, o Senhor Jesus, o Filho do Homem ou o REI, depois os IRMÃOS, e finalmente as ovelhas e os cabritos.
Os Irmãos são os JUDEUS convertidos, os quais pregarão o evangelho do REINO durante a Grande Tribulação. Este evangelho do reino será pregado como testemunho às nações e após isto o fim virá (Mt 24:14). Esta proclamação dos direitos do Senhor sobre a terra e a recepção aos pregadores judeus pelas diferentes nações será o grande teste para os povos. O resultado deste teste será manifestado diante do trono do Filho do Homem na terra.
O Senhor chama estes judeus missionários de Seus “Irmãos”. Em Mt 24 Ele prediz como serão perseguidos e maltratados, e Suas predições então se cumprirão. Entretanto, haverá indivíduos e povos que aceitarão o testemunho deles. Estes os ajudarão, alimentando-os e dando-lhes de beber, visitando-os nas prisões e sustentando-os de todas as maneiras. Não apenas o amor por Cristo, mas também a simpatia destes indivíduos e nações serão um grande encorajamento para estes pregadores.
Em Seu trono em Jerusalém, Cristo pronunciará Seu julgamento sobre todas as nações (os que foram destruídos no JULGAMENTO DO GUERREIRO eram EXÉRCITOS, recrutados dentre as nações; toda uma nação não vai à guerra). Ele o faz com a autoridade de um REI. Aqueles que aqui são chamados de “ovelhas”, tendo mostrado compaixão, não são os filhos de Deus no sentido espiritual, celestial como somos chamados em nossa dispensação. Mas eles serão abençoados de uma forma mais terrestre pelo Rei de toda a terra. Eles também entrarão na vida eterna se aceitarem pela fé a palavra que os missionários judeus pregarem a eles, e que será espalhada durante o milênio.
Aqueles que, ao contrário, rejeitarem o testemunho referente ao Rei e Seu Reino, serão jogados no fogo eterno, tendo rejeitado em Jesus a sua própria salvação. As escrituras nos dão o verdadeiro sentido da palavra “KRISIS”, OU JULGAMENTO, isto é, a separação das coisas que previamente coexistiam.
5. O GRANDE TRONO BRANCO
“ Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago do fogo. Esta é a segunda morte, o lago do fogo.E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago do fogo”.(Ap 20:11-15).
Haverá um julgamento dos vivos, o qual consideramos no parágrafo anterior, e haverá também um julgamento dos mortos. Estes dois julgamentos serão separados um do outro por um período de mil anos. As nações existentes serão julgadas antes do milênio. Os santos de nossa presente dispensação serão ressuscitados dentre os mortos ou trasladados antes da grande tribulação e manifestados diante do trono de julgamento de Cristo. Esta é a primeira ressurreição.
O resto dos mortos não ressuscitará antes do fim dos mil anos. A morte perderá então o seu poder e os descrentes serão julgados diante do grande trono branco com base em suas obras mortas. Cristo mesmo será o Juiz de todos aqueles que propositadamente se opuseram a Ele, O rejeitaram e até O crucificaram.
O Pai entregou este julgamento dos seus inimigos nas mãos do Filho. “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento...E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem...Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma porque ouço, julgo. E o meu julgamento é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.” (Jo 5:22, 25, 27, 30).
Quão solenes são os avisos da graça a este mundo impiedoso, que se apressa para o seu julgamento ! Desde o tempo dos apóstolos estes avisos fazem parte da pregação do evangelho. “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” (At 17:30, 31). A ressurreição de Cristo é a prova do julgamento vindouro. O dia em que o destino eterno de todos os homens que viveram sem Deus será fixado, é um Dia conhecido por Deus.
Assim como a ressurreição de Cristo foi o começo de Sua exaltação e a base de todas as nossas bênçãos, é também a base do julgamento deste mundo. O túmulo vazio, testemunha de Sua vida vitoriosa, é uma testemunha erguida contra aqueles que O odiaram e requer desgraça eterna para eles. A ressurreição fala solenemente de condenação, sobre choro e ranger de dentes. E o grande critério no julgamento será o que os homens tiverem feito com Jesus. Antes que Ele viesse à terra Suas testemunhas eram perseguidas e maltratadas na terra, e quando Ele mesmo veio foi odiado e escarnecido pelos homens. Breve os que O odiavam o verão em glória como um juiz inexorável. Uma vez Ele foi levado diante de seus tribunais ímpios, mas chegará a hora de Anás, Caifás, Herodes e Pilatos darem conta de sua iníqua sentença sobre o Justo e Santo.
Eles serão ressuscitados de sua primeira morte e convocados a comparecer diante de Jesus naquele dia terrível. Pilatos perceberá finalmente que não podia lavar suas mãos para alegar inocência. Ele era um juiz responsável, e sangue inocente foi derramado por sua covardia culpada. O reto Juiz o convencerá do horrível caráter de sua conclusão. Os soldados, que bateram nEle e O coroaram com espinhos O verão então, coroado com muitos diademas. E Judas compreenderá que teria sido melhor para ele nunca haver nascido que tornar-se o traidor de seu Mestre ...
Mas todos os descrentes que rejeitaram os doces convites da graça, e que assim pisaram o Filho do Homem, contemplarão com horror o poder e a glória desse reto Juiz.
Até mesmo as boas obras, escritas nos livros dos homens, se provarão trapos de imundície, incapazes de esconder sua nudez ou socorrer qualquer deles para que não seja jogado no lago de fogo.
E na presença da miserável multidão de condenados um testemunho será dado de como muitas miríades foram salvas pelo sangue do Cordeiro, porque um outro livro será aberto – o LIVRO DA VIDA, contendo os nomes dos eternamente abençoados, salvos e glorificados através do amor do Senhor Jesus.
CAPÍTULO 16
O
NOIVO
O grande propósito da presente atividade do amor de Cristo por Sua igreja é a santificação. No passado este amor foi visto na cruz, onde Ele se deu a Si mesmo por ela; no futuro, será visto quando Ele a apresentar a Si mesmo, “gloriosa...”, mas no presente a santificação é a real intenção de Seu amor.
“Para que a santificasse, tendo-a purificado pela lavagem de água pela palavra...” (Ef 5:26). “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17:17).
Um dos grandes motivos para a santificação é a Sua próxima vinda : “...seremos semel-hantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1 Jo 3:2, 3).
Todos os crentes, do dia de Pentecostes à segunda vinda do Senhor Jesus, pertencem à Noiva de Cristo, um título que fala de nossa união com Ele. A Noiva, a igreja, espera o momento em que o seu amado Noivo a tomará desta terra, onde ela se sente uma estranha, e a levará à casa de Seu Pai. Esta esperança deveria ter inspirado os cristãos de todos os tempos, mas nosso inimigo tem feito tudo para riscar esta doutrina da teologia. Mas é o trabalho do Santo Espírito levantar esta bendita esperança, e no começo do século XIX o grito da meia-noite “Eis o Noivo ! Saí ao seu encontro !” (Mt 25:6) foi ouvido. O resultado abençoado foi que uns poucos, percebendo que pertencem à NOIVA DO CORDEIRO, cumprem a sua jornada pelo deserto deste mundo vigiando e esperando o momento abençoado de Sua vinda, sob a orientação do Espírito Santo, que anima a sua esperança.
A união de Cristo como o Cabeça e o Noivo com Sua assembléia como o Seu Corpo e Noiva é um mistério que foi escondido durante a velha aliança, de maneira que o Velho Testamento não contém ensino direto concernente à realidade da assembléia. Ainda assim, “estas cousas lhes sobrevieram como exemplo, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1 Co 10:11 ).
O precioso volume do Velho Testamento contém ensinamentos simbólicos, ilustrando de uma forma bendita a verdade que encontramos no Novo Testamento. “Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das escrituras, tenhamos ESPERANÇA” ( Rom. 15:4 ).
Sete casais do Velho Testamento nos dão, de uma forma especial, tipos do relacionamento de Cristo com Sua Noiva :
1) Adão e Eva. 2) Isaque e Rebeca. 3) José e Azenate. 4) Moisés e Zípora. 5) Boaz e Ruth. 6) Davi e Abigail. 7) Salomão e a Sulamita.
1. ADÃO E EVA
A igualdade de natureza é acentuada na união de Adão com Eva. Formada da costela de Adão, Eva recebeu dele sua vida e natureza. Como o segundo Homem, Cristo, é do céu, a Noiva, a igreja, tem origem celestial. Ela é de Sua carne e de Seus ossos. Cristo está assentado nos céus, e a assembléia está assentada com Ele nas regiões celestiais.
A ordem em que o Espírito Santo nos conta os fatos relativos à esposa de Adão é notável. No primeiro capítulo de Gênesis (v.27) se diz: “ Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Imediatamente , o domínio sobre a criação terrestre lhes foi confiado. Então, no segundo capítulo (v.21) a formação da mulher é mostrada. Quando Eva ainda não tinha sido trazida à existência, ela estava na mente de Deus, sendo vista como parte do homem. Desta forma, ela é ma imagem marcante da igreja, a Noiva de Cristo, o segundo Adão. Muito antes de sua criação, antes da fundação do mundo, desde a eternidade a Noiva tem sido vista em Cristo, seu Cabeça e Noivo. Antes que qualquer um dos santos existisse, ele estava predestinado a ser conforme a imagem do Filho de Deus. A assembléia é chamada “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas” (Ef 1:23). Que dignidade e glória a assembléia possui aos olhos de Deus ! “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2:18).
A assembléia é necessária para a glória e a perfeição de Cristo : “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem independente da mulher.Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.” (1 Co 11: 11,12). A existência da assembléia era, no pensamento de Deus, o propósito para o qual pobres pecadores tinham que ser salvos. A salvação é conseqüência do chamado da Noiva uma parte dos conselhos de Deus e inseparável da “verdade da assembléia”. O sono profundo, no qual caiu Adão quando Deus criou Eva, é uma imagem da morte de Cristo. Quando Cristo morreu na cruz, sangue e água, necessários à existência da assembléia, saíram de Seu lado trespassado, como Eva, de fato, veio da costela trespassada de Adão.”Maridos, amai as vossa mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5:25). A cena da formação de Adão e Eva fala da intimidade e proximidade de ambos. Que dignidade sermos um com Aquele que reinaria sobre a terra !
A igreja tem recebido vida pela ressurreição de Cristo, ela é o Seu Corpo: “Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja, porque somos membros do Seu corpo” (Ef 5:29, 30).
Cristo, como o Cabeça e o Noivo, junto com a igreja como Seu Corpo e Noiva, são O No-vo Homem.A assembléia , como parte de Cristo, terá na glória um lugar ao Seu lado e igual dignidade com Ele. Nós deveríamos andar de maneira digna de um chamado como este. Cada fiel deve reproduzir o caráter de Cristo, andando em santidade, justiça e piedade no meio deste mundo que crucificou Aquele que nos ama, nosso Salvador e Noivo.
2. ISAQUE E REBECA
A missão que Abraão confiou ao seu servo Eliézer , de procurar esposa para seu filho Isaque, predomina nesta história tocante. O servo é aqui uma figura do Espírito Santo, mandado do céu para dar testemunho à terra quanto à glória e riquezas de Cristo como Filho e Herdeiro de todas as coisas. Crendo no testemunho do servo, a jovem Rebeca deixa seu país e a casa de seu pai e atravessa o deserto para encontrar seu rico noivo, Isaque, o filho e herdeiro de Abraão. Este chamamento da noiva simboliza maravilhosamente a verdade: “ O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.” (Mat.22:2). De acordo com o desígnio de Deus, o Filho amado de Deus, o objeto do eterno deleite do Pai, deve receber, como Homem em glória, todo poder, e honra, e riquezas e sabedoria e louvor (Ap 5:12). E a posição da assembléia é inseparavelmente ligada à posição do Filho de Deus; que glória e bênção eterna ! “A mulher é a gloriado homem” (1 Co 11:7). Então a assembléia é objeto dos planos do Pai, do amor do Filho e do testemunho do Espírito Santo. Orando por todos os crentes, Cristo disse: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado , para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17:22, 23). Como Eliézer deu testemunho referente à riqueza de Isaque, assim o Santo Espírito dá testemunho referente à glória e poder de Cristo, por causa de Sua promessa: “Quando, porém, vier o Consolador que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que dele procede, esse dará testemunho de mim...Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 15:26; 16:15).
O Espírito Santo demonstra ao mundo o pecado, a justiça e o juízo, convencendo os pecadores de sua miséria e mostrando o glorioso futuro dos santos, a riqueza da herança que eles em breve possuirão com Cristo (Ef 1:14 ). “ O próprio Espírito testifica com o nosso Espírito que somos filhos e Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo: se com Ele sofrermos, para que também com Ele sejamos glorificados” (Rm 8:16, 17).
Assim como Eliézer falou das riquezas das quais Isaque era herdeiro e como ele era o objeto do amor de Abraão , o Espírito fala aos santos sobre as bênçãos de estarem unidos para sempre ao Filho, o deleite do coração do Pai. Rebecca pôs toda a sua confiança nas palavras do servo e deixou a casa de Labão. Não tendo jamais visto Isaque, assim como jamais vimos Jesus, ela acolhe pela fé as bênçãos prometidas em sua resposta “Eu irei”. Ela considera que as coisas invisíveis são muito melhores que as visíveis.
O adornamento da noiva (Gn 24:53) é importante; Rebeca ganha artigos de prata e ouro, e roupas. Em Êxodo 30:12-16 e 38:25-27 vemos que o preço do resgate (prata) era usado como base para os painéis de madeira do tabernáculo. A assembléia é alicerçada sobre a redenção pelo sangue de Cristo (Rm 3:23, 25).
Em várias passagens o ouro é a imagem da justiça divina. A arca da aliança era revestida de ouro (Êx. 25:10, 11, 16). João viu o Filho do Homem “cingido à altura do peito com uma cinta de ouro” (Ap. 1:13). Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1:30).
Vestuário é um símbolo de salvação. “E me envolveu com o manto de justiça” (Is 61:10). Sem estas vestes não podemos nos apresentar diante de Deus. Deus mesmo fez vestimentas de peles para Adão e Eva. Também o pai do filho pródigo o vestiu com o melhor manto (Lc 15) , e para as bodas (Mt 22:10-13) uma veste nupcial era requerida. Rebeca recebeu vestes para dar-lhe dignidade para vir à presença de Abraão e Isaque, então o Espírito Santo nos dá vestes brancas para o céu; “...e vos revistais do novo homem, criado, segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:24). A Noiva do Cordeiro é adornada para a futura festa de casamento no céu.
3. JOSÉ E AZENATE
Depois de sua humilhação, após a prisão e seus sofrimentos, José recebe um trono de glória e distribui ricas bênçãos em favor de toda a terra. Nesta gloriosa posição, uma noiva vinda dos gentios é dada a ele. A igreja, “ a plenitude dos gentios”, estará assentada com Cristo em Seu trono quando, como Rei dos reis, Ele trará as bênçãos sobre a terra no milênio.
A esposa estrangeira de José é outra figura da igreja. Durante Sua vida aqui embaixo o Senhor Jesus foi apresentado a Seus irmãos, os judeus. Mas eles não O quiseram como Seu re; eles O rejeitaram e crucificaram. Após Sua ressurreição Ele subiu aos céus, e o período presente é o do reino dos céus, no qual “o rei foi para um país distante”. De lá Ele mandou o Espírito Santo reunir os crentes, tanto do meio dos gentios como do meio dos judeus. De fato, têm entrado muito mais judeus do que gentios na igreja, assim a mulher estrangeira com a qual José se casou é uma figura fiel da assembléia unida a um Cristo celestial, o Homem na glória, a quem, pela fé, já agora todo o poder tem sido dado no céu e na terra. Pela fé, esta atual posição de Cristo caracteriza a presente posição da igreja. “Fazendo-o assentar à sua direita nos lugares celestiais...e pôs todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o Cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas.” (Ef 1:20 , 23). Não foi quando José foi jogado na cova por seus irmãos, nem quando estava na prisão, mas quando tornou-se o governador do Egito que Azenate, a filha de Potífera, lhe foi dada como noiva.”Antes de chegar a fome, nasceram dois filhos a José, que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.” (Gn 41:50).Assim como a família de José estava completa antes da grande tribulação que sobreveio ao mundo egípcio, assim a família de Cristo estará completa antes que a grande tribulação venha sobre toda a terra (Mt 24:21, Ap 3:10). Os dois filhos são uma figura das duas partes, gentios e judeus, que compõe a família de Cristo.
4. MOISÉS E ZÍPORA
Moisés “considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito” (Hb 11:26). Ele recusou-se a ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes sofrer aflições com o povo de Deus. É no deserto, o lugar de sofrimento e em separação do mundo, que Zípora é dada a ele.
Cristo humilhou-se a Si mesmo, deixando a glória do céu, sendo encontrado em figura humana, assumindo a forma de servo (Fp 2:7,8). É no deserto deste mundo, onde Ele está trabalhando pelo Seu Espírito, que encontrou, no meio de pobres pecadores perdidos, uma Noiva que está disposta a tomar parte em Sua humilhação e partilhar os seus sofrimentos. Ele está presente no meio de dois ou três que se identificam com Ele desta forma ( Mt 18:20).
Moisés é um tipo do Senhor Jesus, primeiro em sua rejeição por Israel, a quem desejava libertar, depois em sua união com uma mulher estrangeira no deserto de Mídia (Êx 2:14, 21, 22). A rejeição de Cristo e Sua união com a assembléia são representadas sob duas figuras distintas. Na história de José, seus irmãos (que representam Israel) o odeiam pessoalmente, enquanto na história de Moisés era principalmente a sua missão que era rejeitada. Asenath foi unida a José quando ele estava assentado no trono; Zipora compartilhou a vida de Moisés enquanto ele pastoreava o rebanho no deserto.
Por um lado, a assembléia está assentada com Cristo nos lugares celestiais, mas por outro, ela cruza um grande e terrível deserto, sofrendo em comunhão com Aquele que foi rejeitado por Israel e pelo mundo.
Este é, de fato, um precioso aspecto da assembléia : “Se perseveramos, também com Ele reinaremos” (2 Tm 2:12). “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois” (1 Pe 3:14). O apóstolo desejava conhecer melhor o Senhor.”Para O conhecer e o poder da Sua ressurreição e a comunhão dos Seus sofrimentos” ( Fp 3:10 ).
5. BOAZ E RUTH
Como moabita, não possuindo até à oitava geração o direito de cidadania em Israel, e como uma pobre viúva sem filhos, Ruth é uma notável imagem dos pobres pecadores dentre as nações, estranhos às promessas feitas a Israel, mortos em seus delitos e pecados, sem Deus e sem esperança no mundo.
Mas ao encontrar o Senhor Jesus, encontramos um rico e poderoso Protetor, como Boaz foi, figurativamente, que nos tirou de nossa miséria e nos deu descanso eterno, satisfação e vida abundante. E tudo isto nos é dado pelo princípio da fé.
O Livro de Ruth contém a história da graça em meio à ruína do povo descrito no livro dos Juízes. Ruth mostra como a fé entra nas bênçãos que a graça introduz. Pela fé ela se identificou com o povo de Deus, desejando pertencer ao único Deus verdadeiro: “Teu povo será o meu povo, e teu Deus será o meu Deus” (Rt 1:16). Pela fé ela dá as costas a Moabe e seus ídolos para servir ao Deus vivo.Pela fé ela encontra Boaz , habitante de Belém, a cidade de Davi, o lugar de nascimento do Senhor Jesus e o lugar de ricas bênçãos de uma abundante colheita.
Boaz é uma bela figura do Senhor Jesus, cheio de real grandeza. Ele também é cheio de ternura e compaixão, erguendo até Si mesmo o objeto de Sua afeição. Ante ele, Ruth se ajoelhou: “Então ela, inclinando-se, rosto em terra, lhe disse: Como é que me favoreces e fazes caso de mim, sendo eu estrangeira ?” (Rt 2:10). A seguir ela é convidada a comer à mesa de Boaz. Da mesma forma os crentes são convidados a desfrutar da comunhão com o Senhor Jesus à Sua mesa. Lá Ruth encontra novas forças para o trabalho. Santos que se nutrem e saciam a sua sede através da comunhão com a Pessoa do Senhor Jesus são habilitados a servi-Lo e a produzir muito fruto. Após o trabalho, o DESCANSO é uma grande delícia.
O casamento de Ruth com Boaz contém preciosos ensinamentos para nós. Noemi aconselha Ruth a lavar-se e adornar-se e a preparar-se para o encontro com Boaz. No meio da noite, Boaz a reconhece e, a toma a seu cargo para protege-la e abençoa-la. Ele a louva, porque ela havia renunciado à voz da natureza, fugindo da luxúria da juventude, e lhe faz esta preciosa promessa: “tudo quanto disseste, eu te farei” (Rt 3:11). E, de fato, Boaz faz tudo o que pode para que Ruth possa descansar, como o Senhor Jesus está trabalhando agora para que os Seus possam entrar no descanso do céu. “...é justo para com Deus que Ele dê em paga...a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus...” (2 Ts 1:7). Que reconfortante é saber que os santos, que agora são chamados ao combate, ao serviço e ao sofrimento, logo entrarão no descanso celestial.
Mas antes que Boaz pudesse possuir completamente Ruth, era necessário que outro pretendente, tendo o direito de redenção, fosse posto de lado. Este parente próximo é uma figura da lei de Moisés. Ele alega propriedade, mas não pode prover coisa alguma. Ele deseja a herança, mas não pode nutrir Ruth. A lei foi declarada sem poder na presença do “outro marido”, o Senhor Jesus. Quando Cristo veio, a lei resignou os seus direitos sobre nós. Cristo deu tudo o que possuía, até a Sua vida, para possuir a assembléia. Ele amou a igreja e Se deu a Si mesmo por ela. Ele adquiriu todos os direitos sobre nossos corações. Ele agora possui a Sua noiva, e nEle possuímos todas as coisas no céu e na terra.
6. DAVI E ABIGAIL
Abigail, pela morte súbita de seu marido Nabal, foi libertada daquilo que detinha a sua bênção. Doravante, uma próspera existência se abriu diante dela, pois tornou-se proprietária das fantásticas riquezas terrenas de Nabal. Naquele momento Davi, o ungido porém rejeita-do e perseguido rei de Israel, escondendo-se em cavernas do deserto, não tendo uma pedra sobre a qual reclinar a cabeça, um homem de dores, em quem o mundo não podia ver nada desejável, pede-lhe para que se torne sua esposa.
A fé de Abigail não hesita, não calcula; aceitando com alegria a pilhagem de seus bens, ignorando os perigos e durezas que a esperavam, mas somente pensando na glória vindoura do grande rei de Israel, ela se apressa em montar o seu asno, encaminhando-se para o encontro com seu desprezado, mas glorioso noivo. Tipo marcante da “Noiva do Cordeiro”, ela compartilha com ele toda o seu vitupério no deserto, seguindo-o em sua vida de foras-teiro naquela terra.
As três pessoas nesta história, Nabal, Davi e Abigail tem, cada uma, seu significado típico.
Nabal representa a confissão religiosa. Ele descende de Caleb, a quem , por causa de sua fé, foram dadas e prometidas grandes bênçãos à sua posteridade. Ainda que Nabal tire proveito da fé de seus ancestrais, ele não tem conhecimento pessoal de Deus. Assim a cristandade professa invoca Cristo quando Ele pode ser útil aos seus interesses terrenos. Mas assim que Davi chega com uma petição, Nabal nega que o conhece, despreza-o e insulta-o . Mas ai! Quando Deus em Cristo requer agora a todos os cristãos professos que se arrependam e aceitem a Cristo como seu Salvador pessoal , a maioria lhe dá as costas, desprezando-o por ter feito tal pedido.
Abigail, tipo da assembléia, está ligada a Nabal por um tempo. Muitos santos, membros do Corpo de Cristo, estão mesclados com cristãos professos sem vida, enquanto membros de uma organização religiosa. Mas o momento se aproxima em que toda a assembléia será tomada e será liberta para sempre de seus laços com a confissão vã,a forma de religiosidade sem vida. A assembléia, todos os crentes agora dispersos pelas diferentes igrejas cristãs, serão então transformados, e encontrarão Cristo nos ares, e celebrarão no céu as bodas do Cordeiro. Então um cristianismo apóstata permanecerá como corpo morto na terra para submeter-se ao seu julgamento final. Como o servo mau, figura dos que dirigem a profissão cristã, o qual estava “comendo e bebendo com os embriagados” (Mt 24:49). Nabal é julgado após ter estado embriagado durante a noite, e logo morre. Quantos cristãos professos têm vivido como pessoas mundanas e buscaram seu prazer nas trevas deste mundo ! Ai de muitos deles pois, quando acordarem do seu sono no pecado, será muito tarde!
Quando profissões mortas, como a Grande Babilônia (Ap 17 e 18) forem julgadas, a verdadeira Igreja ou Assembléia se manifestará (Ap 19). Ela será finalmente libertada das desilusões da falsa igreja e será unida para sempre com Cristo durante a ceia das bodas do Cordeiro.
Abigail se apressou, ela estava pronta imediatamente para encontrar Davi e ser sua esposa. Assim todos nós devemos estar PRONTOS para encontrar nosso Noivo, que virá logo e nos levará à Sua alegria eterna.
7. SALOMÃO E A SULAMITA
A série de figuras do Velho Testamento estaria incompleta se, no Cântico dos Cânticos, o Espírito Santo não houvesse pintado a calorosa afeição que caracteriza o relacionamento entre o Amado e o objeto de Seu ilimitado amor. “O amor é forte como a morte”.
O amor de Cristo por Sua Noiva excede a todo o conhecimento; em troco, Cristo deseja a Sua afeição. Ele deseja o primeiro lugar no coração de Seus santos. “Aquele que ama a seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim” (Mt 10:37). Ele reclama um amor que é mais forte que a mais elevada afeição natural. Ele, que Se entregou a Si mesmo por nós na cruz tem, indubitavelmente, todos os direitos de requerer que O amemos de todo o nosso coração, de toda a nossa força, de toda a nossa inteligência e de toda a nossa alma. Ele mesmo produz esse amor em nossos corações. “Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro”. Tendo nos transportado para o reino do Filho do Seu amor, Deus fez tudo para produzir em nós as chamas brilhantes de um amor inflamado e santo.”...a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja” (Jo 17:26). O Filho, o eterno objeto do amor do Pai, nos introduziu na pura esfera do amor divino de forma que podemos amar a Cristo com o mesmo amor com que o Pai ama o Filho, e com o qual o Filho ama o Pai. “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 Jo 4:8). Não existe no universo um motivo mais poderoso do que o amor. Na cruz, o poder da morte foi sobrepujado pelo poder do amor, e agora o poder do amor opera nos corações dos crentes produzindo frutos para a glória de Deus. “...estando vós arraigados e alicerçados em amor...andai em amor, como também cristo vos amou, e se entregou a Si mesmo por nós” (Ef 3:17; 5:2). Andar em amor é ter como único motivo para todas as ações o amor de Cristo, produzido pela meditação sobre o Seu sacrifício na cruz.
Um amor como este é vitorioso sobre todas as outras influências, pois : “O amor é forte como a morte... As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afoga-lo” (Ct 8:6,7). Todas as águas do pecado e do julgamento de deus sobre o pecado que vieram como vagalhões do mar sobre a cabeça do crucificado não apagaram Seu amor por nós! “E agora permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1 Co 13:13).
Como era perfeito o amor de Cristo por Sua assembléia, dando-se inteiramente, em toda a perfeição de Sua pessoa, por ela, ainda que nela, originalmente, não houvesse nada para ser amado, pecadores merecedores do inferno que éramos ! Com esse mesmo amor Cristo agora trabalha nos céus, lavando a assembléia com a água de Sua Palavra, nutrindo-a e cuidando dela. E a terceira atividade de Seu amor será a apresentação dela a Si mesmo, gloriosa, sem mácula ou ruga. Ele transformará todos os santos pelo Seu poder, na sua próxima vinda.
À luz de um amor como esse, como podemos entender a tristeza de Seu coração quando Ele diz a Éfeso : “mas tenho contra ti que deixastes o teu primeiro amor” (Ap 2:4). Oh, que nossos corações possam refletir mais claramente as santas chamas de Seu infinito, imutável amor !
DUAS FASES DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO
A vinda de Cristo é o grande evento que todos os santos devem esperar. Nenhum sinal ou cumprimento de profecia precederá esse grande momento. A promessa de Sua vinda pode ser cumprida hoje, esta noite, amanhã ! Que possamos estar PRONTOS !
A presente dispensação, entre a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes e o dia de nosso arrebatamento, é um intervalo no qual o tratamento oficial de Deus com Israel foi interrompido. Deus recomeçará a história profética de Seu povo e da terra assim que a assembléia tenha saído de cena.
A cronologia da história profética da terra é dada pelo profeta Daniel : setenta semanas de anos ou 490 anos contados da ordem de reconstruir Jerusalém seriam necessários para trazer o povo de Israel ao reino do seu Messias, o reino de justiça e paz (Dn 9:24-27).
Da ordem de Ciro até à morte de Cristo 69 semanas já se passaram. A seguir, depois que Cristo ascendeu ao céu, o relógio profético para a terra permaneceu imóvel, e não recomeçará até que a assembléia seja tomada. Então a história nacional de Israel aos olhos de Deus começará de novo.
Há ainda uma semana de anos faltando, e estes sete anos cobrirão o período entre o arrebatamento da assembléia e a vinda do Filho do Homem em poder e glória como Rei. Este período de cerca de sete anos é descrito nos capítulos 6-19 de Apocalipse.
A segunda vinda de Cristo é assim composta de duas fases, separadas por cerca de sete anos, dos quais os últimos três e meio são chamados de A Grande Tribulação. Na primeira fase, todos os crentes serão transformados e aqueles que morreram em cristo ressuscitarão dos mortos, e juntos eles O encontrarão nos ares. “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados.” (1 Co 15:51, 52). “Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos declaro, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscita-rão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4:14-17 ).
A SEGUNDA FASE a temos depois de cerca de sete anos que os santos foram para a glória do céu com Cristo como Rei dos Reis. “Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, para fazer juízo...” (Jd 14, 15). “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus”(1 Ts 1:8). “Quando vier para ser glorificado nos seus santos” (v. 10). “Vi o céu aberto e eis um cavalo branco, O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça...e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro...Tem no seu manto, e na sua coxa, um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.” (Ap 19:11-16).
A parábola das dez virgens ( Mt 25 )
As dez virgens que, havendo tomado suas lâmpadas (candeeiros), foram se encontrar com o noivo, representam o reino dos céus do cristianismo professo. As confissões cristãs , todas as igrejas cristãs juntas, são compostas não apenas por aqueles que são realmente convertidos e foram selados com o Espírito Santo, mas também por aqueles que têm somente forma de piedade, porém sem poder (2 Tm 3:1-5). Os que não são nascidos de novo podem ter um certo conhecimento, e aderir a credos que contenham uma certa quantidade de verdades bíblicas, podem ter tochas, mas não estando unidos a Cristo pelo Espírito Santo como membros de Seu Corpo, não pode haver um testemunho permanente e fiel para a glória de Cristo.
O óleo, nas escrituras, é sempre o símbolo do Espírito Santo... Como é tolo pensar que Cristo se dará por satisfeito por meras demonstrações externas ! A única coisa que pode dar acesso às Suas bodas é a realidade do azeite nas lâmpadas.
Cristo veio mais tarde do que era esperado no começo, e o tempo manifestou a diferença entre a aparência e a realidade. Os longos séculos de paciência extinguiram a chama da esperança nas igrejas cristãs, e apesar do brado da meia noite “EIS O NOIVO” ser agora ouvido em todo o lugar, é óbvio que muitos cristãos não têm conseguido dar um testemunho fiel e constante para a glória de Deus, quantos não se mantiveram separados, de fato, no coração e na caminhada, do mundo político e religioso e do mal.
As virgens prudentes usaram o tempo para preparar-se para o casamento. Um reavivamento real e poderoso teve lugar no começo do séc. XIX. Muitos crentes deixaram organizações humanas para adorar o Senhor Jesus em Sua presença (Mt 18:20), para relembrar Sua morte à Sua mesa, e muitos têm sido capacitados a caminhar em separação do mal do presente século. Vamos perseverar em esperar e vigiar, pois não se ouvirá um segundo brado da meia noite ! Que nossos lombos estejam cingidos e nossas lâmpadas acesas.
Que aviso terrível temos nesta parábola das virgens loucas ! Elas se apressaram a comprar azeite, mas quando retornaram, a porta já estava fechada. Somente aquelas que estavam PRONTAS entraram com o noivo. Em vão as virgens loucas clamaram : “Senhor, senhor”, uma palavra vazia quando vem de lábios dos que a professam em vão. O Senhor não as conhece porque o coração delas jamais conheceu de fato o Seu amor. Trevas e desgraça haverá para os que não têm a nova vida. “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.”
AS BODAS DO CORDEIRO
Como é tocante que até na glória a igreja será chamada “A Esposa do Cordeiro” ! A palavra Cordeiro nos lembra de Seus sofrimentos e morte, e a Noiva ostenta um nome que para sempre traz à mente o Seu amor.
Em I Cor. 11:2 a assembléia é
considerada como noiva, comprometida com Cristo; em Apocalipse 19:6-9 temos a celebração do
casamento. “ “Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois foi-lhe dado vestir-se de
linho finíssimo, resplandecente e puro.
Porque o linho finíssimo são as obras de
justiça dos santos.”
Nos
versículos precedentes o céu se regozijou no julgamento da meretriz, a falsa
confissão cristã, e agora essa alegria aumenta poderosamente, quando o casamento
do Cordeiro é anunciado.
A
esposa do Cordeiro será vestida com justiça prática. O Senhor mesmo terá
produzido isto, e encontrará o bastante para preparar uma vestimenta brilhante
para ela.
A CIDADE
SANTA DE JERUSALÉM
Em
Aocalipse 21:1-8 temos uma descrição do estado eterno, mas nos versículos
seguintes temos a assembléia como a Noiva, e a Cidade Santa de Jerusalém ,
durante o reino milenar de Cristo, após ter ela descido do céu, seu lugar de
origem. Deus mesmo é o seu artífice e construtor (Hb 11:10). O ouro e as pedras
preciosas falam da glória de Cristo. A Cidade Santa refletirá
eternamente a beleza de Cristo. “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua,
para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a
sua lâmpada” (v. 23). Os primeiros cinco versículos do cap. 22 completa a
descrição da cidade, com o rio de água viva e a árvore da vida. Então a palavra
de Deus termina com o brado do Espírito Santo e da Noiva dizendo : “VEM,
SENHOR JESUS !”
O dia
está aí, amado, e a estrela da manhã se levanta em nossos corações. O Espírito
forma nosso mais profundo desejo por Sua vinda, e todos os santos são
convidados a unir suas vozes neste coro,
ao qual a Noiva responde : “Sim, venho sem demora !” AMÉM ! VEM, SENHOR
JESUS !
D.J. Christiaanse