Aos meus estimados amigos e irmaos, E' com prazer que lhes envio um esboco do livro que escrevi acerca de nossa familia(papai, mamae, e nós, seus sete filhos). Eu sugiro que voce gaste algum tempo, pois e’ pequeno o livro e o leia completamente. Estou certo de que ele posui uma mensagem desafiadora pra voce e sua familia. Este opusculo intitula-se: POR QUE DEUS FEZ ISTO ? A Historia de Uma Familia Restuarada. O meu maior desejo é que a leitura deste livreto venha lhe trazer grande edificacao espiritual e alerta-lo sobre os cuidados que devemos ter com nossa familia. Apesar de ter aberto o meu coracao ao narrar detalhes tristes que aconteceram, hoje, temos a certeza, que apesar de nossas falhas existe um Deus que nos ama profundamente e pode transformer nossas tristezas em grandes alegrias, nossas aparentes derrotas em grandes vitorias e nossas decepcoes em esperancas de novos tempos. Isto aconteceu conosco. Espero que ao le-lo, voce consiga ser um participante conosco desta vitoria, e considere-se um de nossa familia, vivendo junto conosco um pouco dos momentos que vivemos. Assim voce podera' concluir tambem que servir a Deus e ama-lo de todo o coracao, poderemos contar com sua preciosa ajuda nos momentos dificeis de nossas vidas, assim como Ele fez consoco podera' fazer com voce e sua familia tambem. Bem disse o profeta Isaias no capitulo 64, verso 4: "DESDE A ANTIGUIDADE NAO SE OUVIU, NEM COM OS OUVIDOS SE PERCEBEU, NEM COM OS OLHOS SE VIU UM DEUS ALEM DE TI, QUE AGE PARA AQUELES QUE NELE ESPERA". Voce esta' autorizado a repassar este email e bem como o esboco do livro pra quantos amigos desejar. Os testemunhos aqui contidos sao reais e verdadeiros. Eles aconteceram de fato e nos somos testemunhas vivas do Poder de Deus que operou em nossa familia e em centenas de outras no Brasil ao ouvirem de nossos labios POR QUE DEUS FEZ ISTO? A Historia de Uma Familia Restaurada. Vi, com meus proprios olhos, centenas de pessoas aceitarem a Cristo depois de ouvirem este testemunho vivo, por variadas vezes, em pracas publicas, em igrejas, colegios, em shows e outros lugares mais. Hoje seus personagens principais, papai e mamae, moram com Jesus. Louvado seja Deus porque eles ouviram o chamado e nos ensinou o verdadeiro Caminho que conduz a Salvacao Eterna. Louvamos a Deus por ter nos dado a chance de te-los como nossos pais e pelo grande exemplo que nos deixaram. Um forte abraco, Pr. Thieme
M
M - INTRODUÇÃO eu
avô Emilio e seu irmão Max Thieme ficaram órfãos
de pai e mãe ainda bem pequenos e, com cerca
de 6 anos, eles imigraram para o Brasil com uma família
de alemães no final do século 19. Soube que meu bisavô morreu
bastante jovem, o que veio ocorrer tambem com minha bisavó
em consequencia da guerra na Alemanha .
Inicialmente instalaram-se no interior do Estado de São Paulo, indo depois radicar-se definitivamente no Norte do Paraná, numa fazenda próxima à cidade de Arapongas, num lugarejo chamado Pirapó. Meu avô casou-se com uma jovem filha de alemães também, Margarida Evans, que imigrou para a mesma região quando ainda criança. Conheceram-se no Brasil, casaram-se e tiveram três filhos e quatro filhas, dentre eles, meu pai, Augusto Thieme. Isto foi o que chegou até nós referente aos nossos avós.
Agradeço
a Deus pelos pais que Ele me deu e glorifico-O porque mudou o
destino de uma grande família. Este pequeno livro contará o testemunho
real de nossa família que passou por uma profunda experiência
de transformação que vale a pena ser lida e contada. Estávamos
perdidos, sem esperança mas Ele nos achou e nos salvou. A
Ele seja toda glória e louvor, pelos séculos dos séculos, Amem! Dedico
esta pequena obra ao papai que se estivesse vivo, com certeza
se deliciaria em ler esta linda história que o Senhor nos reservou.
E a minha querida mãe que soube aguardar com paciência o dia de
Deus na vida de papai, ajudando-o a superar seus traumas d’alma.
Dia 22/1/2006 ela nos deixou para estar eternamente com o Senhor
tambem. Com certeza ele juntou a multidao de salvos e ao papai
tambem e gozam agora da presenca eterna do Senhor. Esta certeza
tem invadido os nossos coracoes pois seus testemunhos puderam
nos mostrar com clareza, o compromisso que eles tinham com Deus.
Meus
sinceros agradecimentos ao meu irmão mais velho, Osvaldo Thieme,
que me inspirou a escrever este livreto, ap escrever um pequeno
opusculo, tendo sido sempre um forte incentivador em valorizar
nossos laços familiares. Parte desta obra contém suas próprias
palavras, pois apenas as transcrevi, modificadamente, de um artigo
por ele escrito aos presentes ao culto de gratidão pelas vidas
das famílias Goulart e Thieme, ocorrido na Igreja Presbiteriana
Independente de Vila Iara, Osasco-SP, em 1.993. O pregador especialmente convidado naquela ocasião foi o Rev. Josias Goulart, um dos membros daquela linda família que nos levou ao conhecimento de Cristo. Inspirado no título daquele panfleto, resolvi entitular esta pequena obra com a mesma pergunta que nasceu no coracao de Deus, levando meu irmao a intitular aquela homem a mame e papai, naquele culto de gratidão como: "POR QUE DEUS FEZ ISTO?".
Espero
que ao ler este livreto você seja edificado e grandemente abençoado
com as experiências de vida nele contidas e sirva de incentivo
para a firmeza de sua fé e continuidade na vida cristã. As experiências
aqui contidas são reais, e, para a Glória de Deus, estamos escrevendo-as
enquanto vários de seus personagens ainda se encontram vivos.
Papai
partiu para estar com o Senhor no dia 21/1/1.990, deixando minha
mãe, Maria Tizzoti Thieme e sete filhos: cinco homens
e duas mulheres; além de 17 netos e quatro bisnetos(censo
de 1.999). E mamae partiu para estar com o Senhor, recentemente,
dia 22/1/2006, dezesseis anos e um dia depois que papai nos deixou
e foi para a abencoada morada celestial, na presenca do nosso
amado Senhor tambem que assim nos prometeu conforme ele mesmo
citou segundo o Evangelho de Joao, Capitulo 14: “Nao
se pertube o vosso coracao; credes em Deus, crede tambem em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se nao fosse assim, eu vos
teria dito, vou preparar-vos lugar”. Glorias ao Senhor
Jesus Cristo por suas preciosas e verdadeiras promessas.
ÍNDICE
6.
A CONFIRMACAO DA HISTORIA DE DAVI LIVINGSTONE..45 1. UMA EXPERIÊNCIA AMARGA NA
INFÂNCIA
Morávamos em Arapongas-PR, numa fazenda
localizada num lugarejo chamado Pirapó.
Foi lá que eu nasci e passei boa parte de minha infância. Meu avô, Emilio Thieme e seu irmão Max Thieme perderam os pais muito cedo por causa da guerra que assolou a Alemanha. Por causa disto, passaram a morar com uma família que alguns anos mais tarde imigrou para o Brasil. Foram para o interior do Estado de São Paulo onde permaneceram 14 anos, vindo depois a se fixarem no Norte do Paraná, onde ele comprou uma fazenda.
Plantávamos café e tungue, principalmente. Período bom aquele até a década de 60 em que muitos lavradores ganharam bom dinheiro com este arbusto chamado tungue. Árvores altas, frondosas e frutos grandes, em forma de bola, mais ou menos do tamanho de uma laranja média. O fruto possuia cerca de cinco ou seis castanhas internas que se pareciam muito com a “castanha do Pará” razoavelmente comercializada no Brasil. Porém, aqueles que tentavam ingerí-la sofriam penoso desarranjo intestinal. Depois de maduras, com sua casca se fabricava o verniz, da semente se extraia o óleo vegetal e com a massa da semente, fabricava-se o sabão. Depois da década de 60 perdeu muito o seu valor comercial pois foi substituído pelo petróleo. Nasci em 1.947 e nesse bom tempo eu vivia naquela fazenda. Lembro-me que quando papai ia à cidade vender os produtos agrícolas, como o café, a batata, arroz, milho e o tungue, sempre trazia queijos “prato”, salames, doces e outros quitutes gostosos. Vivíamos uma vida relativamente boa na área financeira. Vovô Emílio foi um dos pioneiros na instalação de uma pequena usina hidrelétrica para abastecer a fazenda. As casas e terreiros ficavam iluminados a noite toda, o que para nós, a garotada, era uma delícia. O irmão mais novo de papai, Emilinho, adolescente e super-protegido pelos pais, pouco trabalhava, vivendo mais no caminho entre a "fazenda e a venda", buscando garrafas de bebidas alcoólicas para o vovô. Vivíamos anos de prosperidade e fartura. Os sábados eram quase sempre dias de baile, de festa. Papai e meu tio mais novo eram os responsáveis pela música. O som da sanfona, violão e pandeiro inundavam os vales de cafezais e tungue. Na época da colheita, todos, grandes e pequenos, eram chamados. Ás vezes o gelo das geadas ainda cobria as folhas dos cafeeiros e lá estava nossa família reunida na roça. Invariavelmente sempre tinha um neném indo para a roça conosco, que mamãe deixava à sombra de um cafeeiro e cuja guarda era disputada pelos mais crescidos para fugir das tarefas mais pesadas. As famílias italianas vizinhas começavam a trazer um pouco de religião ao lugarejo. Eram os "terços" e as "novenas", ora pedindo para chover, ora para não chover ou não gear, pois a geada destruía os cafezais. A palavra "crente" naquele lugar era sinônimo de total rejeição. Anualmente, durante as novenas, o padre realizava a festa da queima da Bíblia para evitar que o povo a lesse. Porém, as práticas religiosas aprendidas não foram suficientes para mudar a vida de papai, de meu avô e nem a de meus tios. Com os bailes logo cedo vieram os vícios. Meus irmãos mais velhos e eu, pré-adolescentes, já começávamos a presenciar papai e nossos tios envolvidos com a bebida alcóolica. Por muitos anos os vícios dominaram papai, meus tios e meu avô, tirando-nos a paz. O anoitecer tão esperado das tardes de sábados, tornou-se pesadelo muitas vezes, pois papai saia para os bailes e certamente voltaria bêbado e agressivo. Principalmente após as colheitas em que ele saia para ir á cidade vender os produtos agrícolas. Nestas ocasiões, não foram poucas vezes que tínhamos de contar com o apoio de parentes para poder traze-lo de volta ao lar quase sem dinheiro por te-lo gasto com os “amigos” dos bares e botequins. Antes de sua chegada em casa, tínhamos que em poucos minutos esconder todos os objetos com os quais ele poderia ferir mamãe, a nós ou a si próprio. Os fins de semana pareciam demorados a chegar, levando nosso tio caçula a visitar a "venda" mais vezes durante a semana. A alcunha de "sanfoneiro" já estava sendo substituída pela de "pinguço" em plena juventude. Aliás, o vício não deixou tio Emilinho passar dos 34 anos, morrendo com uma cirrose hepática. E, infelizmente, pelo que soubemos, sem ter tido uma experiência com Deus, apesar da forte insistência atraves de variadas oportunidades de evangelização desenvolvida por papai.
Vivi nessa fazenda até meus oito anos de vida, época em que nos mudamos para o Oeste do Estado do Paraná. Com o resultado das boas colheitas em Arapongas, papai comprou um sítio no oeste do Paraná, na época da franca colonização paranaense. Inicialmente nos pareceu que aquela mudança aconteceria por força das circunstâncias de uma desgraça ocorrida com a família envolvendo a morte de minha avó e de um tio muito querido por todos, porém, mais tarde percebemos que foi por causa daquele sofrimento que a boa mão do Senhor nos alcançou. Ele atua das mais diferentes maneiras e usa as cirscuntâncias para nos atrair para Ele e nos salvar.
Tudo começou em Setembro de 1.955. Eu tinha apenas oito anos de idade. Nesta noite, uma quadrilha de assaltantes invadiu a casa de meus avós, e após assaltarem a casa, com atos de selvageria, espancaram a minha avó que já estava com mais de 60 anos e quase cega. Após ter sido amordaçada por aquele bando de covardes na frente de minhas primas de apenas 12 anos, minha avó foi ferida com coronhadas de revólveres na cabeça. Pavor e angústia tomaram conta de todos nós. Em conseqüência daqueles ferimentos e do terror daquela noite, minha avó não suportando, veio a falecer meses depois em 4/4/1956. Correu a notícia entre os moradores da região que o assalto havia sido planejado por um dos genros que antes havia morado na cidade de Arapongas. Nunca conseguimos saber a verdade, pois éramos pequenos e meus pais pessoas simples. Em conseqüência do assalto e principalmente das circunstâncias em que minha avó foi espancada, meu tio mais velho, ficou completamente descontrolado psicológicamente e enlouqueceu. Conseguiu um revólver calibre 38 e se embrenhou nas matas ao redor da fazenda em busca dos bandidos durante três dias, onde permaneceu sem se alimentar. Ele dizia que estava em busca dos ladrões, porém estava completamente louco e não sabíamos. Um clima de pânico se instalou na fazenda. A polícia da cidade próxima foi acionada e, por tres dias, permaneceu na região tentando prender os ladrões e também tentando encontrar meu tio. Porém, sem sucesso, a desgraça novamente nos bateu a porta. Este meu tio que enlouqueceu foi a casa de um outro muito querido da família que possuía um pequeno empório, próximo da fazenda. Eram aproximadamente 6 horas da manhã do dia 20/9/1955, quando tio Neném foi à porta para atender quem batia, quando foi surpreendido com dois tiros disparados pelo próprio cunhado, vindo a falecer quase que instantâneamente. Logo a seguir um de seus empregados tentando socorrê-lo foi atingido também com mais dois tiros. Ambos os tios envolvidos neste triste episódio se estimavam muito e ficou comprovado que este fato ocorreu por causa dos desvios mentais pelos quais o tio que assassinou estava passando. A obsessão pela prisão dos ladrões o levou a esta loucura. Este fato chocou muito toda a família. Tio João, foi enviado para o hospital Juqueri, em Curitiba-PR, onde permaneceu por sete anos. Deixou para traz uma família com sete filhos, todos pequenos para sua segunda esposa criar. Seus três filhos da primeira esposa falecida, ainda eram crianças também. O ambiente ficou terrivelmente péssimo com todos aqueles acontecimentos funestos. Foi assim que papai, sem rumo, resolveu mudar da fazenda para um sítio que havia comprado em Cruzeiro D'Oeste, cidade recém fundada no Oeste do Paraná. Lá ainda se podia ver muitas matas virgens. Terra nova, muito boa. Tudo que se plantava, colhia. Os arrozais cobriam homens de boa estatura. Estávamos a cerca de seis quilômetros da cidade. Muitas famílias tinham se mudado para lá para cultivarem seus sítios, e as cidades em formação eram escolhidas pelos jagunços que tomavam, a força, as propriedades já preparadas. Com o dinheiro das boas colheitas, papai pôde comprar um outro sítio, do outro lado da mesma cidade. Nós então, mudamos para o centro daquela cidadezinha para facilitar o acesso aos dois sítios. E aí com a proximidade de varios botequins, papai voltou a beber e a se embriagar com mais intensidade. Com o dinheiro das colheitas papai comprou uma casa velha de madeira próximo à estação rodoviária. Lembro-me da rua da frente que em razão da erosão, consequência da região arenosa da regiao oeste do Paraná, aquilo parecia um verdadeiro despenhadeiro. Agora a desgraça estava bem à porta: ou papai seria morto pelos jagunços ou em uma de suas bebedeiras seria tragado pelas fortes enxurradas que passavam por aquelas crateras. Mamãe, que a essa altura, já tinha assumido o controle do lar, dava sinais de desespero. Outro fato terrível: meu avô, desde muito moço começou a ingerir bebidas alcóolicas, e uma delas com um alto teor alcoólico, a pinga*. Por isso logo ficava embrigado. Obviamente, alguns de seus filhos seguiram o seu exemplo se enveredaram pelo mesmo caminho, também. Ao atingir mais idade, meu avo teve seu cérebro grandemente prejudicado pelo álcool, causando-lhe derrame cerebral por duas vezes. Quando da primeira vez, o médico o proibiu de continuar a beber, porém, lembro-me como se fosse hoje: os vidros de remédio de um lado da cômoda e a garrafa de pinga do outro, em seu quarto. De nada adiantou a proibição médica e assim ele nos deixou para sempre. Pobre vovô Emílio. Papai foi criado neste ambiente. Desde moço aprendeu o caminho da "venda" como era chamado "o bar" nas cidades do interior. Suas datas preferidas para as "noitadas" na bebida, eram os dias em que ele fazia a venda das colheitas de café e tungue, os fins de semana e feriados. Ás vezes a família toda trabalhava um ano inteiro esperando o momento de receber o dinheiro obtido pelas colheitas realizadas, e qual era a nossa decepção: papai "gastava" quase todo o dinheiro que recebia com os “amigos”, bebendo. Eu coloquei "gastava" entre aspas porque era impossível se gastar tanto em três ou quatro dias e noites de bebedeiras. Com certeza os "amigos" se aproveitavam da situação em que ele se encontrava. Sempre que papai ia à cidade para vender os produtos agrícolas, nossa família ficava apreensiva. Nós ainda éramos pequenos, três meninos pre-adolescentes. Quando mamãe percebia que papai não chegava, nos mandava procurá-lo na cidade. Depois que mudamos para Cruzeiro d'Oeste não tínhamos mais parentes por perto e éramos, geralmente, dois dos três mais velhos que íamos, as vezes à cavalo, outras vezes de bicicleta e até a pé para procurá-lo pelos bares e botequins daquela pequena cidade. E muitas vezes, decepcionadamente, o achávamos completamente bêbado. Este
problema se tornou tão grave na família Thieme que nosso tio caçula,
morreu bêbado também, aos 34 anos de idade.
Casou-se aos 21 anos, na roça, e permaneceu
casado apenas um ano. Deste matrimônio nasceu um
filho que foi criado pela mãe e avós. Devido a constante
embriaguês de meu tio Emilinho, sua esposa não conseguiu
conviver com ele por muito tempo. Além disso,
ele ficava violento tambem quando se encontrava sob o efeito
da bebida alcóolica. Uma de suas irmãs também se enveredou
pelo caminho destruidor da embriaguês, vindo a ter e a causar
muitos problemas. Papai também ficava violento, e por muitas vezes
quase que a desgraça bateu em nossa porta. Porém, graças a Deus,
que nos livrou dela. Assim era a nossa vida. Em Arapongas não sentimos tanto o problema porque papai era mais moço, casado a pouco tempo, nós ainda pequenos, porém, em Cruzeiro d'Oeste a situação ficou insuportável. Mamãe não sabia mais o que fazer e já pensava em se separar de papai. Num desses dias tenebrosos, mamãe pediu a Deus que nos desse uma saída. Ela ficava muito sozinha quando papai precisava ficar a semana inteira no sítio, que era meio distante da cidade. Nesse clima de verdadeira angústia, conhecemos nossos vizinhos, uma família enorme, cuja casa era separada da nossa por uma simples cerca de balaústre (lascas de madeira emparelhadas). Não sei qual era a situação financeira daquela família. Sei que era uma família grande e a maioria já adulto. Ficamos
em Cruzeiro d'Oeste durante seis meses, nesta primeira vez.
Agora estávamos longe dos parentes e assim papai e mamãe pensavam
que os problemas iriam diminuir. Porém neste período papai continuava
a se embriagar com mais intensidade o que provocava o aumento
de nossa aflição nos fazendo ainda mais infelizes e inseguros.
Parecia que todo o peso do mundo desabaria
sobre nós. Incrivelmente, do nosso lado havia uma família que
demonstrava muita tranquilidade e podiamos sentir a felicidade
em que vivia. E aí nos vinham muitas perguntas : Porque
a nossa era tão infeliz? Por que será que isto
acontecia somente conosco? Poderia a felicidade estar separada
por uma simples cerca de balaustre ou de madeira? Qual era
o segredo da família Goulart? Não sabíamos que tudo já estava
preparado. Deus iria usar aquela família para
resgatar muitos de nossa grande família de alemães.
2.
DEUS PREPARA O NOSSO CAMINHO A palavra de Deus diz em Jeremias 29:11: "Eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro". Hoje nós cremos plenamente nesta palavra pois Deus preparou nosso caminho. Em 1.956 mudamos da roça, em Arapongas, para a cidade em Cruzeiro d'Oeste, e nem ao menos esperávamos o que Deus tinha nos preparado. Já éramos cinco irmãos na época: crianças e adolescentes. O mais velho estava com apenas de doze anos. Ao nosso lado morava uma das famílias Goulart, Sr. João Goulart, sua esposa e seus nove filhos. Eram nossos vizinhos, como dissemos no capítulo anterior. Não era ele o antigo presidente do Brasil, não. Pode até ser que sejam parentes. Porém eles se tornaram mais importantes que qualquer presidente para nossa família. É que a família toda era evangélica e dava excelente testemunho da genuína fé cristã que praticavam. Eram membros da Igreja Presbiteriana Independente de Cruzeiro dÓeste. Quando os filhos chegavam do trabalho, após o jantar, a família se reunia e realizava um culto doméstico a Deus, quase todas as noites. Cantavam lindos hinos, oravam e estudavam a boa Palavra de Deus. Com o passar dos dias, começamos a perceber a diferença entre a maneira deles viverem e a nossa. A Bíblia nos afirma em Malaquias 3:18 “E vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que nao serve”. E que diferença pudemos perceber entre a nossa família e outras que como a nossa vivíam apenas na religiosidade, e aquela vizinha. Não se via mal testemunho naquela família, nem se ouvia gritarias e nem palavrões ou palavras obscenas. Pelo contrário, o que podíamos ouvir de nossa própria casa, eram os hinos cantados pelas moças e rapazes que tinham uma bela voz. Porém, nossa vida continuava: papai com seus problemas e mamãe, mariólatra (adorava muito a Virgem Maria e outros “santos”). Logo souberam que ali morava uma família de crentes. Ela nos disse que "até seria bom se o papai se tornasse um crente, pois talvez assim ele pararia de beber". Mas ela se considerava estar muito bem espiritualmente, adorando imagens de escultura, tendo uma vida de pura religiosidade. Mal sabia ela, o mal que aquela idolatria trazia a nossa família. Nossa casa também possuia imagens e quadros de idolatria, trazendo ainda mais maldição a nossa família. E ela e papai não sabiam disto. O tempo foi passando e aquela família começou a fazer amizade conosco e ajudar papai para que pudesse parar de beber. Quando papai chegava bêbado ficava muito envergonhado por causa de seu estado lastimável. Se trancava no banheiro e não saía de lá de jeito nenhum. Precisávamos apelar para a família Goulart para nos ajudar. Por muitas vezes alguns daqueles rapazes e moças foram à nossa casa para nos ajudar. Depois de dizerem algumas palavras de ajuda e conforto, uma das moças, a Geni, começava a cantar alguns hinos. Com certeza a letra daqueles hinos traziam uma grande mensagem e conforto para quem os ouvia e cantava. Um deles dizia : "SE NO MUNDO TU SENTES CANSADO, ENFADADO TAMBÉM DE VIVER, SE NO MUNDO NÃO SENTE ALEGRIA, CONFESSA QUE SEMPRE JESUS TEM PODER. EIS AÍ A ESPERANÇA DE UM CRENTE E DE QUANTOS COFIAM EM DEUS, JESUS CRISTO É O AMIGO EXCELENTE QUE SALVA E PERDOA
E CONDUZ PARA OS CÉUS". Outro
que aprendemos logo depois, falava sobre a cegueira
espiritual em que o homem sem Deus se encontra e dizia :
OH QUÃO CEGO EU ANDEI E PERDIDO VAGUEI, LONGE, LONGE DO MEU SALVADOR! MAS DO CÉU ELE DESCEU, O SEU SANGUE VERTEU, PRA SALVAR UM TÃO POBRE PECADOR. FOI NA CRUZ, FOI NA CRUZ, ONDE UM DIA EU VI, MEUS PECADOS CASTIGADOS EM JESUS, FOI ALI PELA FÉ, QUE MEUS OLHOS ABRI E
AGORA ME ALEGRO EM SUA LUZ". Nunca mais me esquecerei destes hinos. Quando papai começava a ouvi-los, mesmo ainda bêbado, ele se animava, saia do banheiro e se acalmava. Poderia até parecer uma cena engraçada mas era muito triste para nós, pequenos, ver o papai naquele estado lastimável. Depois, vinham as discussões e as brigas entre ele e a mamãe. Geralmente quando ele chegava embriagado mamãe servia sopa para poder colocar um remédio, um pó amarelo, que segundo alguns médicos, iria ajudá-lo a deixar de beber. Porém quando ele descobria, vinha o pior. Ele ficava violento e se mamãe ficasse por perto, ele jogava a sopa quente com prato e tudo sobre ela. Graças a Deus ele nunca acertou. Ele era muito magro e fumava muito também. Dois maços de cigarro de papel era a sua média, além do famigerado fumo de corda, do qual fazia o cigarro de palha. Quando ele acendia o "pito" (nome dado ao cigarro no interior), nós fugíamos de perto dele. Era um odor insuportável e ele não tinha a menor preocupação em nos causar mal. Alguns anos antes, ele havia estado em São Paulo para se tratar de um grave problema num dos pulmões por causa do cigarro, mas não parava com aquele maldito vício. Foi só ter melhorado um pouco, já voltou a fumar. Quase morreu em conseqüência do fumo. Ele era um escravo mesmo, exatamente como disse o Senhor Jesus: "Quem comete pecado é escravo do pecado.." Joao 8:31-39.
Meus irmãos já eram adolescentes neste período e estávamos presenciando todo aquele desajuste de papai. Mamãe contou-nos que certa noite acordou com os cânticos de Louvor a Deus entoados pelos nossos vizinhos e em uma prece pediu a Deus que Ele tocasse no coração de papai para que ele, um dia, pudesse estar cantando aqueles lindos hinos de louvor a Deus também. Mais algum tempo se passou e novamente papai chegou embriagado. Só que naquela oportunidade ele estava um pouco menos que o normal. Subiu as escadarias de nossa humilde casa enquanto a Geni Goulart, aquela jovem que me referi há pouco, estendia roupas no varal e cantava. O
quintal da casa de sua familia era grande e com sua linda voz
cantava um pequeno hino que foi um dos primeiros que
viemos a aprender. Ele dizia: "SÓ O PODER DE DEUS PODE MUDAR TEU SER A PROVA QUE EU TE DOU, ELE MUDOU O MEU NÃO VÊS QUE SOU FELIZ, SERVINDO AO SENHOR
NOVA CRIATURA SOU, NOVA SOU". Por algumas vezes papai nos contou que ele parou a beira da cerca de balaustres e ouviu atentamente ela cantar aqueles hinos. Deus começou a usar aquele momento. Havia chegado um grande dia para nossa família. Geni percebeu que, mesmo meio embriagado, ele chorava a beira daquela cerca. Aproximou-se dele procurando confortá-lo e com poucas e simples palavras o convidou a tomar uma decisão de servir a Deus, e deixar aquela vida de pecado que ele vivia. Hoje nós cremos que aquelas poucas palavras foram uma das "grandes" mensagens que papai pode ouvir, por que não dizer a maior mensagem que ele jamais tinha ouvido acerca de um Deus que pode transformar a vida de qualquer terrível pecador: Uma moça de 17 anos apenas, se dispôs nas mãos de Deus como instrumento para levar um pai de família a uma mudança completa de vida. Ali começava a transformação na vida de papai. Mamãe crê que Deus ouviu a sua oração. Cremos também que naquele momento Deus abriu-lhe os olhos espirituais e papai conseguiu olhar e ver seus cinco filhos que, com grandes chances, também iriam trilhar aquele triste caminho em que ele se encontrava. Com um futuro de desgraças não muito distante. Graças a Deus, ele não resistiu ao toque do Espírito Santo e entrando em casa pela porta dos fundos disse à mamãe que “daquele dia em diante, ele queria ser um crente em Jesus Cristo.” Aceitou o convite de ir à igreja evangélica no domingo seguinte e fomos todos juntos com a família Goulart. Interessante é que soubemos que o pastor da Igreja Presbiteriana Independente de Cruzeiro d'Oeste não costumava fazer apelo para conversão a Cristo nos domingos de manhã, durante a Escola Bíblica Dominical, e naquele dia, ele o fez. Três pessoas atenderam ao apelo e duas delas foram papai e mamãe. Começava ali uma nova caminhada para nossa família, conheceríamos o evangelho através da Escola Bíblica Dominical. Papai,
por algum tempo ainda teve problemas com a bebida alcoólica,
porém com a ajuda do pastor da igreja, dos presbíteros,
diáconos e membros, abandonou-a completamente, passando
a dar um testemunho vivo do poder de Deus que
transformou sua vida. Deixou
de fumar imediatamente após a sua conversão, ficando
por duas semanas de cama, declarando
com entusiasmo para os irmãos da igreja que morreria mas não voltaria
para a velha vida. A conversão de papai a Cristo foi tão evidente e forte que nós, seus filhos, não podemos calcular a quantidade de pessoas que vieram a conhecer o evangelho através da vida dele, pois Deus o transformou de um alcoólatra num evangelista. De um sanfoneiro de bailes onde sempre haviam brigas e confusões num músico para louvar a Deus, pois gostava muito de cantar hinos acompanhado de sua harmônica da qual se separou dela somente quando veio a falecer. Hoje sentimos saudade dos hinos harmoniosos que acompanhava com seu acordeão. Quando cantava, como que em ato de gratidão a Deus, gostava de fazê-lo em alta voz para que os vizinhos também pudessem ouvir a mensagem salvadora do Evangelho, como aconteceu com ele. Um grande número de famílias de sitiantes conheceram o evangelho com o poder transformador de Deus através de seus lábios. O norte e o oeste do Paraná e a cidade de São Paulo, para onde nos mudamos em 1.964, e outros lugares deste país puderam ouvir através dos lábios desse servo de Deus, humilde e simples, a mensagem salvadora e transformadora do poder de Deus. Onde ele estava, falava do amor de Deus. No ônibus, no trem, no trabalho, na rua, com os vizinhos e muitos outros souberam das Boas Novas do Evangelho através de seus lábios que com grande entusiasmo anunciava que vale a pena servir a Deus. Os dias que se seguiram foram maravilhosos: uma busca incessante do conhecimento da Palavra de Deus que muito nos ajudou através do discipulado iniciado pela freqüência a Escola Bíblica e dos queridos integrantes da família Goulart que, agora, podíamos chamar de "irmãos". Mamãe andava entre a felicidade e a ansiedade sem saber se de fato papai teria forças para ultrapassar aquele período difícil. A Palavra de Deus afirma: "quem vem a mim, de modo algum o lançarei fora". (João 6:37) Foi assim com papai. A mudança para Cruzeiro d'Oeste estava explicada: era ali, o local do nosso encontro com Deus. Seis meses apenas e lá estávamos de volta a Pirapó. Pouco tempo de moradia em Cruzeiro d'Oeste e de lá volta um novo homem. Seu coração havia sido transformado pelo poder de Deus. A sua mente passava a pensar em coisas boas. A vitória chegou para nossa família. O corpo físico era o mesmo, mas as atitudes eram outras.
Quando
o caminhão tocou a buzina, avisando que tínhamos voltado,
os familiares correram para nos receber. A saudação
de papai começou contando-lhes que agora nós
éramos servos de Deus.
A sua ansiedade de poder falar dos feitos de Jesus em sua vida, o fêz esquecer-se momentaneamente que o caminhão não havia sido descarregado. O tempo de evangelizar que papai adotou foi o "agora". Toda oportunidade deveria ser aproveitada. Para papai, as boas-novas, não poderiam ser deixadas para "depois". Alguns meses depois já surgem os primeiros frutos: uma família italiana de vizinhos (aquela das novenas para chover ou para fazer sol, ou não gear) agora conhece um Jesus vivo através do testemunho de papai, agora resgatado do pecado. O mesmo caminho que ele trilhara tantas vezes para ir a "venda", agora era usado para ir a Escola Bíblica de uma congregação Batista, levando toda a família. Agora ele já não trilhava aquele caminho sozinho: Toda a família lhe acompava. Valia a pena a caminhada. No retorno a fazenda de meus avós, viemos com a orientação de procurar a Igreja Presbiteriana Independente de Arapongas para que continuássemos a ter apoio espiritual. Lembro-me do primeiro culto realizado na fazenda de nossa família, agora convertida a Cristo. Além das orientações espirituais, o Rev. João de Godoy recomendou enviar os "meninos" para a escola. Foi difícil a principio para papai, mas não o foi para mamãe. Dois anos mais tarde enquanto o filho mais velho, meu irmão Osvaldo, era enviado para Arapongas para estudar, a família retornava para Cruzeiro d'Oeste. Agora sabendo que continuaríamos a contar com aqueles irmãos cuidadosos que já tinham nos ajudado anteriormente a superar nossos problemas e a crescer na fé. Aquela pergunta do panfleto "POR QUE DEUS FEZ ISTO?" deixa de ser uma mera pergunta e passa a signficar a resposta do amor de Deus para com toda a nossa familia e geração. Pois ao salvar papai, mamãe e a nós, os filhos, percebemos com clareza, que Deus salvará todas as nossas gerações seguintes também. Sabemos
que Deus fez isto por seu infinito amor para conosco. Quando
nossas forças tinham sido consumidas, Ele nos tomou
nos seus braços fortes e nos salvou. A
semente que a família Goulart plantou, germinou
e cresceu. Rendemos aqui a nossa gratidão a Deus por
esta família que não mediu esforços para nos ajudar
na caminhada da fé. Não dá para se
calcular o resultado deste investimento espiritual!
Um dia, lá na Glória poderemos ver! 3.
A HISTÓRIA DE DAVID LIVINGSTONE Sinto muita alegria ao escrever este capítulo sobre esta história. Nossa família já estava freqüentando assiduamente aos cultos e reuniões da igreja. Nos domingos de manhã levantávamos bem cedo e todos com alegria iniciava a caminhada em direção a Igreja. Iamos a Escola Bíblica Dominical. Realmente era uma boa caminhada a pé pois a igreja ficava cerca de 5 quilômetros de nosso sítio. Porém, mesmo com o esforço da caminhada ficamos a contar os dias da semana, não vendo a hora de chegar o domingo. Na Escola Bíblica haviam professores para cada faixa etária(adultos, jovens, adolescentes e crianças). Fizemos logo boas amizades com muitos membros da igreja. Era um povo alegre e bem diferente dos de nossa família sofrida por causa dos problemas vividos. Logo que começamos a freqüentar, os responsáveis nos matricularam nas classes bíblicas, e passamos a fazer parte daquele lindo povo. Muitos vieram procurar fazer amizade conosco. O convívio nos ajudou muito a nos integrar rapidamente na igreja. Eu estava começando a aprender a ler. Queria de qualquer maneira ler o livreto que recebi de presente da Escola Bíblica daquela igreja, cujo conteúdo falava sobre a vida de um médico escocês, que foi para a Inglaterra estudar medicina e, convertendo-se a Cristo, tomou a decisão de ser um dos primeiros missionários a ser enviado para a África. Ele se chamava DAVID LIVINGSTONE. Eu não esperava outra coisa a não ser a chegada do domingo para ouvir mais sobre aquele médico missionário. Quando chegava em casa, pegava de novo o livreto e com a ajuda de meus pais e irmãos, continuava a leitura. Lia soletrando, colocando meu dedinho indicador sobre as palavras. Lembro-me até hoje daqueles momentos. Ficava empolgado com aquela história de alguém que deu sua vida por amor a Cristo. Aquilo marcou profundamente minha vida, e o exemplo daquele missionário está vivo até hoje em meu coração. Principalmente por saber que foi uma história verídica de alguém que entendeu o chamado de Deus e se deu a favor de pessoas que nunca conhecera antes. Aprendi que aquele servo amado, ao final de sua vida, não podendo mais continuar a obra que Deus havia lhe confiado, cessou seu trabalho neste mundo, morrendo serenamente, ao pé de uma árvore em território africano. Ali reclinou sua cabeça para não mais acordar para esta vida. Porém, com certeza que Deus nos dá através de sua Palavra, ele está vivo ao lado do Senhor Jesus Cristo, na glória do Pai. O povo africano o conheceu muito bem. Ele permaneceu lá por muitos anos ajudando muitos doentes das tribos indígenas a permanecerem vivos. Falou e viveu o amor de Deus. Além do bem material que fêz, muitos conheceram sobre o amor de Deus e do evangelho através de seus lábios, atitudes e serviço. Apesar de alguns tê-lo criticado pelo seu temperamento rude e aventureiro, com suas virtudes falam até os dias de hoje, pois ele distribuiu amor por todos os lugares por onde passou e viveu. Diz-nos
sua história que sua família não podendo continuar com ele na
Africa, regressou para a Inglaterra, preferindo ele lá permanecer
até sua morte, por amor a obra missionária. Soubemos que mais
tarde ao ser substituído por outro missionário, este ao falar
de Jesus às tribos indígenas onde David Livingstone havia estado,
afirmavam: “Ele já viveu aqui entre nós. Este homem
já passou por aqui.” Eles faziam referência
ao amor demonstrado por David Livingstone, pensando
ser ele o próprio Jesus. Que maravilha, quando alguém entrega
sua vida a Deus de tal maneira que permite a outros
verem Cristo vivendo através de sua vida. Ele permitiu acontecer
consigo o que o apóstolo Paulo afirma em Galatas 2:20:
"Não sou mais eu quem vivo mas Cristo vive em mim!".
Aqueles hinos ouvidos e aprendidos, aquelas histórias
sobre o resultado do amor de Deus nos corações daqueles
que o servem, como o foi com Davi Livingstone, fez-me desde
pequeno uma pessoa muito interessada pelas coisas de Deus
e principalmente por Missões. 4.
O RESULTADO DA ESCOLA BÍBLICA Cerca
de seis meses depois voltamos para Pirapó,
á fazenda de vovô, como dissemos no capítulo anterior. Num rápido
encontro com meus primos que continuavam na fazenda do meu
avô, Deus prepara um momento singular na vida de Antônio
Ferreira que o marcará para sempre. Ele era filho de tio
Neném - que havia sido assassinado pelo meu outro tio. Antonio
tinha um irmão chamado Hermes. Por causa da morte do pai e da
falta do conhecimento do evangelho, desajustou-se totalmente
na vida, envolvendo-se também com bebida alcoólica
até a sua morte prematura em 1995. Foi assassinado
durante uma briga envolvendo nossos próprios primos e seu corpo
jogado num rio, conforme nos chegaram as notícias. Não se sabe
ao certo até hoje quem são os autores deste hediondo crime,
porém, estamos certos de que um dia os assassinos serão descobertos
porque “…nada há debaixo do sol que fique escondido ou encoberto”
nos diz a Palavra de Deus. Pobre Hermes! Oramos bastante
por ele, e por algumas vezes preguei-lhe o Evangelho, juntamente
com seu irmão mais velho que tambem o fez por muitas vezes
para que ele se convertesse a Cristo, mas nunca
conseguiu tomar uma decisão firme e sincera! Depois
que mudamos para São Paulo em 1.964, não consegui mais revê-los
por mais de 20 anos. Porém, anos mais tarde chegava de mudança
a São Paulo, juntamente com sua família, este meu primo Antônio.
Com isso pudemos restabelecer nosso relacionamento novamente.
Em um dos passeios para o sítio de meu irmão mais velho, Oswaldo,
anunciou-lhe também as boas novas do evangelho e a falar
da transformação que acontece em nossa vida quando passamos a
servir a Deus. Num determinado momento, meu irmão parou o carro
porque o “Toninho” (como o chamamos em nossa intimidade) começou
a chorar e a confessar que estava sentindo também a necessidade
de entregar sua vida a Deus para que Ele a dirigisse. E ali mesmo,
Oswaldo teve o privilégio de levá-lo a esse lindo encontro
com Deus que transformou a vida de Toninho e depois de toda a
sua família também. Fiquei 20 anos sem contato com ele. Tal foi minha surpresa, ao ouvi-lo dizer, num momento de reencontro, que ele se lembrava de quando ainda éramos meninos e tínhamos nos encontrado em Pirapó, na antiga fazenda de nosso avô, em baixo dos escombros de uma casa velha de madeira. Contou-me Antonio que eu cantava um dos hinos que havia aprendido na igreja e afirmou nunca mais ter se esquecido de mim por causa daquele momento que passamos juntos, pois eu havia cantado um hino cujo coro dizia : FOI NA CRUZ, FOI NA CRUZ, ONDE UM DIA EU VI, MEUS PECADOS CASTIGADOS EM JESUS, FOI ALI PELA FÉ, QUE MEUS OLHOS ABRI
E AGORA ME ALEGRO EM SUA LUZ". E uma das estrofes dizia : "E ABRIGO SEGURO NELE ACHEI!".
Aquela
casa já não representava mais um abrigo seguro, pois estava
velha, caindo aos pedaços, porém em Jesus há abrigo
seguro sempre, mesmo que estejamos embaixo dos escombros
de uma casa velha. Nesta vida aqui tudo é passageiro e se deteriora rapidamente com o tempo. Mas em Jesus nós temos a vida eterna! A casa velha já não existe mais há muito. O tempo se incumbiu de acabar com ela, porém, a nossa morada eterna ninguém destrói. Tanto nossa família como a dele estão salvas, todos servimos a Deus. Nos dizem as escrituras: "Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem e onde os ladrões não arrombam nem minam. Porque aonde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu tesouro" (Mateus 6:20-21). Feliz reencontro que perdura até hoje, com uma sólida amizade e companheirismo. Há alguns anos Antonio é Presbítero da Igreja Presbiteriana Independente de Vila Brasilandia, São Paulo. Toda sua família há muitos anos goza das bençãos do Senhor também. Este é o outro lado da moeda na vida daquele que serve a Deus. Aprendemos desde cedo as ricas palavras de vida. Nelas fomos ensinados a viver e com isto nossos familiares, bem como aqueles que nos cercam, são abençoados também. Como o Antonio, sua esposa e filhas, várias famílias da roça, residentes nos arredores dos sítios que possuímos, se converteram a Cristo. Todos os que tomaram esta decisão de servirem a Deus, vivem hoje, depois de quase 40 anos, uma vida muito melhor, inclusive materialmente. Deus promove uma vida abundante para todos que se achegam a Ele. A boa Palavra de Deus produz naquele que a ouve e a pratica, resultados preciosos. Deus nunca nos deixou faltar nada. Em suma, Deus nos tem abençoado ricamente, e isto, todos nós reconhecemos que devemos a Ele pela mudança que fez em nossas vidas também. Entendemos muito bem que a benção não poderia ficar somente com nossos pais. E o principal é que temos a certeza da vida eterna com Deus e seus anjos, garantida pelo nosso amado Salvador em Sua Santa Palavra. Mesmo que venhamos a passar por momentos difíceis em nossas vidas, a boa mão do Senhor sempre nos guiará. Não existe nada melhor do que esta certeza de estarmos para sempre com o Senhor, colocada em nossos corações pelo poder do Espírito Santo. Por outro lado, a Palavra de Deus nos diz que os pássaros comem a semente que cai a beira do caminho e então ela não consegue germinar. Infelizmente assim foi com alguns de nossos parentes e amigos. Aqueles que não deram importância a Palavra de Deus que lhes foi pregada muitas vezes, pouco a pouco tiveram e estão tendo seus lares destruídos. E pouco a pouco estão se destruindo também. Se você que está lendo este livro ainda não tomou uma decisao de servir a Deus, hoje é o Dia Aceitável, nos diz a Bíblia. Nela, o Senhor Jesus o convida a tomar uma decisão sincera de servir a Deus. Se continuar com seu coração endurecido e não der lugar ao poder transformador do Espírito Santo, seu futuro não será nada bom. Não que eu deseje isto. Jamais! Mas porque a Palavra de Deus afirma : "Quem nÊle crer não é condenado, mas QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO...A condenação é esta: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as obras deles eram más. João 3:18-19. Quem crer e for batizado será salvo, quem NÃO CRER JÁ ESTÁ CONDENADO" (Marcos 16:16). Você deseja a felicidade para seus filhos e parentes? Então sirva a Deus enquanto está vivo também. É assim que a Palavra de Deus nos ensina. A oportunidade dada por Deus ao homem é para esta vida apenas. Esta oportunidade não foi dada a Satanás e seus anjos quando cairam da presença de Deus. Por isto ele odeia os homens e faz tudo para que eles não se decidam entregar-se totalmente a Cristo. Uma das famílias de nossos parentes não deu atenção e nem importância às coisas de Deus. Quantas vezes papai e nós falamos do amor de Deus a eles. O resultado desta negligência tem sido terrivel para toda a família. Os anos foram passando e os problemas se avolumando. Hoje estes moços estão envolvidos com jogos de azar, vícios, drogas, crimes e outras coisas ruins. É assim que acontece quando não se dá importancia ao Evangelho. Hoje vários deles choram de infelicidade. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte”, Rm 3:23. Este é o resultado funesto do pecado. É preciso nos dispormos a andar com Deus para que Ele possa dar um basta nesta natureza pecaminosa, enquanto estivermos vivos. Porém, a oportunidade é única nos diz a Sua Palavra. Em João capítulo 3, a Palavra de Deus chama esta decisao de "novo nascimento", isto é, nascer para Deus novamente. Em Efésios Capitulo 2, o Espírito Santo inspirou o apóstolo Paulo a escrever: "Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora...Mas Deus sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo". Que maravilha, se nos achegarmos a Ele, Ele também se achegará a nós, porém se O deixarmos Ele também nos deixará, nos diz tambem a Sua Palavra em outro texto. Em Isaias 59:1-2, Deus usando o profeta nos diz também: "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça". Porém, com certeza, Ele deseja o melhor para nós. Veja o que Ele nos diz em sua Sua Palavra em Jeremias Capítulo 29, Versos 11 ao 14: “Eu é que sei que pensamentos penso de vós, diz o Senhor. Pensamentos de bem e não de mal...E ireis e orareis a mim... Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor... e farei mudar a vossa sorte”. Até quando Deus suportará os nossos pecados? Peça perdão a Deus pelos pecados cometidos e se proponha servi-Lo de todo o teu coração, alma e entendimento. Tome esta decisão agora mesmo. A Bíblia nos diz que não devemos deixar esta decisão para depois pois o nosso amanhã pertence a Deus. O tempo de Deus, em sua Palavra, se chama HOJE. Se rejeitarmos de contínuo a presença graciosa do Espírito Santo em nosso interior, não nos restará mais esperança. O retardar numa decisão de servir a Deus poderá acarretar no endurecimento de nosso coração e então fircarmos incesíveis a voz de Deus. Haverá tempo em que cessarão as oportunidades dadas por Ele. Por isso, devemos aceitar com urgência, este convite amoroso do Senhor Jesus Cristo, conforme descreveu Mateus: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” (Mateus 11:28-30). Para sermos abençoados, foi preciso investir nosso tempo no aprendizado da Palavra de Deus. Hoje vemos como valeu a pena. A Escola Bíblica onde domingo, após domingo, aprendemos da Santa Palavra de Deus nos proporcionou princípios preciosos para a vida. Este investimento de nosso tempo para conhecer melhor a Deus trouxe e continua a trazer grandes bençãos para toda nossa a família.
Um desses princípios foi ensinado pelo próprio Senhor Jesus que afirmou em Mateus 7:24-27 : "Aquele que ouve as minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-hei a um homem prudente(sensato) que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, subiram os rios e sopraram os ventos, mas a casa permaneceu firme porque foi construída sobre a rocha. Porém, aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, assemelha-lo-hei a um homem imprudente (insensato) que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva e subiram os rios e sopraram os ventos e combateu aquela casa, e caiu aquela casa, e foi grande a sua queda.” Se notarmos, as diferenças entre os dois versículos iniciais e finais são apenas: O homem que ouviu a palavra e a praticou foi considerado prudente, por isto, o resultado foi precioso. O insensato ouviu a palavra porém não a praticou, por isso sua casa ruiu e foi grande a sua ruína. O texto nos diz em ambos os exemplos que os mesmos problemas foram vividos por aquele que ouve e pratica e pelo que ouve e não pratica. Só que os resultados foram completamente opostos. O que ouviu e praticou quando chegaram os maus tempos (que surgem quando menos se espera) ele tinha base sólida para suportá-los. Porém, o que ouviu e nao praticou teve um resultado desastroso em sua vida quando chegaram os maus tempos. Sua casa, isto é, sua vida desabou, e foi grande a sua ruína, nos diz a Palavra de Deus. Somente uma palavrinha definiu tudo: o não praticou. Deus
nunca prometeu um mar de rosas a alguém que aceita entregar sua
vida para ser dirigida por Ele. Porém, sempre nos prometeu vitórias
e livramentos em momentos que menos se espera. Os três problemas
abordados no texto acima, que Jesus disse, não trata de
problemas relativos a natureza. Quando Ele fala em “caiu a chuva,
subiram os rios e sopraram os ventos”, está falando dos diferentes
graus de problemas que estamos sujeitos a enfrentar nesta vida.
O principal é o resultado final. Deus ajuda aquele que O
ama e serve, a passar pelos temporais da vida em vitória. A opção,
para sermos ou não vitoriosos, é nossa. Nós preferimos
o melhor: estar aos pés de Jesus em todos os momentos.
Passados mais de 40 anos, podemos afirmar com toda certeza: Valeu
e continua valendo a pena! Vimos em muitas situações a Palavra
de Deus sendo cumprida, como diz em Salmos 34:7 "O anjo
do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os
livra”. Porém, somente ao redor dos que “O temem”
nos diz a sua Palavra. 5.
A MINHA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA COM CRISTO Em 1.961 nossa familia iniciou o êxodo da roça para a cidade grande. O primeiro foi Oswaldo, meu irmão mais velho que foi para São Paulo. Orlando foi o seguinte e eu fui em dezembro de 1.963. Ao chegarmos lá fomos muito bem acolhidos por um de nossos tios e seus filhos que compartilharam suas camas, casa e aconchego para conosco. Esta família foi grandemente usada por Deus para nos abençoar. Gostaria de render aqui, por escrito, nossos sinceros agradecimentos a família MARINELLI pelo amor demonstrado a nós. Graças a Deus eles foram o elo para que nossa família pudesse ir para São Paulo em busca de uma oportunidade melhor para todos. Oswaldo havia completado 18 anos, terminado o curso ginasial e precisava continuar os estudos. Minha mãe percebeu que em São Paulo isto seria melhor. Ao chegarmos lá , procuramos a igreja da qual éramos membros no Paraná e fomos amavelmente acolhidos. O pastor da igreja sabendo de nossas necessidades de emprego, conseguiu que meu irmão mais velho fizesse os testes para admissão num Banco, onde continua trabalhando até hoje, quase 40 anos depois. Eu, minha esposa, e muitos outros evangélicos também trabalhamos neste Banco. Feliz a igreja que cumpre este papel social abençoando seus membros. Com isto muitos conseguem logo boas oportunidades ao conhecer novas pessoas com bons propósitos em seus corações. O o padrão de vida do povo de Deus é maravilhoso, pois é o padrao ensinado através da Sagrada Palavra de Deus. A igreja sempre foi e sempre sera' o melhor lugar onde encontrar pessoas com quem podemos contar. Por isto nos chamamos de irmãos. Aprendemos isto não somente na teoria, mas principalmente na prática. E isto faz diferença. E que diferença! Estávamos em São Paulo, agora toda a família reunida. Meus pais estavam firmes em suas decisões de servir a Deus. Nossa situação financeira não era nada boa. Passamos por um período muito difícil. A maioria de meus irmãos, como eu, éramos adolescentes. Meu primeiro emprego foi em um Banco também, como office-boy. O pouco que ganhava, entregava para minha mãe para poder ajudar no sustento da casa. Apenas três dos filhos tinha idade para trabalhar. Logo depois de nossa chegada a São Paulo, mamãe teve o último filho, Moisés. Papai começou a ter problemas para conseguir emprego pois não tinha profissão. Empregou-se como cobrador de ônibus, faxineiro e outras profissões mais simples. Porém nunca nos faltou o pão de cada dia. Deus sempre nos manteve, apesar das lutas e dificuldades que enfrentamos. Durante nossa adolescência e juventude mamãe e papai faziam o possível para que nenhum de nós se afastasse de Deus e da igreja. Procurei dar algumas fugidas para o clube, aos domingos, mas mamãe sempre insistia comigo que reservasse este dia para estarmos juntos na igreja. E assim fizemos e hoje vemos o resultado daquele investimento. Precisamos gastar tempo para podermos aprender do Senhor. O tempo passou, consegui um emprego melhor, ter um salário um pouco melhor e alguns amigos nao evangélicos. Comecei a deixar a Igreja para ir ao Clube aos domingos e a tomar meus primeiros goles de bebidas alcoólicas. Porém, graças a Deus, logo comecei a perceber que não poderia acontecer comigo e com meus irmãos o que havia acontecido com papai. A lição da dependência do álcool e dos resultados funestos que tivemos com papai, continuou sempre viva em minha mente. Sentia muito medo quando os colegas, de um dos Bancos onde trabalhei, convidavam-me, ao final do expediente, para tomar chopes, batidinhas de pinga, as chamadas "caipirinhas", que muitos acham que não tem problema algum beber, mas foi assim que muitos alcoólatras começaram. Mesmo tendo participado algumas vezes, algo falava ao meu coração que aquilo poderia ser o início da minha própria desgraça assim como o foi de meus familiares: vovo Emilio, tio Emilinho, meu primo Hermes, sem contar as tristes experiências vividas com meu próprio pai. Todos começam com um só gole e com aquele chavão super-conhecido “um poquinho não faz mal”. Porém senti que algo faltava em meu interior também. Sentia que havia um vazio em minha vida que eu já estava procurando preenchê-lo com coisas e atitudes erradas. A experiência de transformação de papai era um exemplo para mim e aos poucos fui entendendo que aquela mesma experiência deveria fazer parte de minha vida também. Foi na minha juventude, eu tinha 23 anos, quando recebemos na igreja Presbiteriana Independente de Mauá, um grupo de jovens que nos parecia meio maluco. Chegaram em um jipe que trazia jovem até pelo teto. O jipe era do Jorjão, o Jorge Polonca, um dos membros da Missão Jovens da Verdade (conhecida por J.V.), uma Missão brasileira que trabalhava e continua trabalhando com jovens com objetivos evangelísticos. Eles haviam iniciado suas atividades em 1968. Dois anos mais tarde foram a nossa Igreja atendendo a um convite para estarem conosco durante a Escola Biblica. Ao chegarem, montaram um cavalete, prepararam papel e tinta e retiraram do jipe o “Contra-Balde” - um balde de lixo que possuía um cordão de tripa de carneiro, seca, amarrada na ponta de um cabo de vassoura. A outra estava amarrada no centro do balde, num pequeno pino, para esticar o cordão. Explicaram que como não podiam comprar um contra-baixo, resolveram construir um "contra-balde", de onde extraiam excelentes sons. Traziam um violão e, estampadas no rosto, muita mas muita alegria e disposição. A Escola Bíblica dominical tinha apenas começado e o dirigente convidou aqueles jovens para tomarem a direção da programação. Alguns deles vestiam uma camiseta com uma frase na frente "DROGAS MATAM" e outra nas costas "CRISTO LIBERTA". Achamos aquilo muito diferente mesmo! De uma forma bem descontraída, apresentaram-se à igreja e iniciaram a programação com muitas músicas. Eram uns 10 a 12 jovens ao todo. Uma coisa me chamou muito a atenção. Eram moços e moças muito alegres que transmitiam toda sua alegria contagiante enquanto cantavam. Eles falavam do que viviam. Ao final de alguns cânticos, com músicas e letras bem diferentes dos hinos tradicionais da igreja, trouxeram uma mensagem do amor de Deus, de uma forma bem comunicativa e contextualizada para o jovem. Enquanto cantavam, o Jaziel - já há alguns anos Rev. Jaziel Fausto Botelho, presidente da Missão Jovens da Verdade - pintava um quadro sobre a crucificação de Cristo, com as três cruzes do Calvário. Afinado o violão, o Jorjão e a Leo (Leonilda Medeiros, há alguns anos missionária na França) animavam a juventude da igreja trazendo canções bem contextualizadas. Após alguns cânticos, uma ou duas pessoas deram o seu testemunho de conversão a Cristo e muitos de nós começamos a ser tocados profundamente pelo Espírito Santo sobre tudo aquilo que víamos e ouvíamos. Podiamos ver diante de nossos olhos, jovens que vestiam sem medo a camisa do evangelho para anunciarem um Jesus vivo. Eu achei aquilo tudo muito diferente, e confesso, fui tocado profundamente por Deus. Depois dos testemunhos, um dos jovens, o Jaziel pregou uma mensagem sobre a palavra de Deus, fazendo apelo a quem desejasse tomar uma decisão sincera de servir a Deus. Confesso que apesar de estar já há muitos anos na igreja, aquilo tudo era novo para mim. Como eu vários outros jovens tinham um conflito interno. Um dia nos sentíamos bem, porém noutros eramos assaltados por idéias contrárias. As luzes do mundo realmente nos fascinavam bastante, aliado ás dificuldades econômicas que sempre me deixavam bastante frustrado em meus ideais. Estávamos em 1.970. Eu havia começado a namorar Abgail, e presenciei tudo aquilo que agitou o Brasil da década de 70 para cá: Jovens falando do amor de Deus. Foi uma verdadeira "loucura santa". Antes
de ter uma experiência viva com o Senhor
Jesus, lembro-me muito bem que quando
o pastor da igreja me convidava para orar publicamente,
sentia muito receio e quando ele começava a anunciar a oração,
eu sempre procurava me encolher atrás de alguém para ver
se o pastor convidava outro em meu lugar. Porém, como sou avantajado
no tamanho, quase 1,90m nem sempre tinha sucesso e o convite
acontecia. Faltava-me uma experiência verdadeira com o Senhor.
A experiência do papai era muito boa mas era
"dele". Eu precisava ter a minha própria experiência
com Cristo. A experiência de encontro com Deus que papai teve
foi dele nao valia para mim a não ser como incentivo para que
eu tivesse a minha própria também.
Ao terminar a reunião, confesso que me sentia bombardeado
por tudo que tinha ouvido e visto.
Ao final, os jovens foram convidados para um acampamento
durante os dias chamados de "finados", 02 de novembro
de 1.970. Ao regressar de Mauá,
(onde Abgail morava) naquele domingo à noite, para a Freguesia
do Ó (onde eu morava na zona norte da Capital de São Paulo), sentei-me
no banco da frente ao lado do motorista e confesso, voltei
refletindo sobre tudo aquilo que havia visto e ouvido naquela
manhã. Aqueles jovens conseguiram transmitir-me a mensagem a que
se haviam proposto. Chorei durante
quase toda aquela viagem. Sentia que desejava servir a Deus mas
algo me impedia. Nos dias seguintes animado com o convite recebido
de acampar preparei-me para, com minha namorada ir a Cumbica,
próximo a São Paulo, para participar daquele acampamento do J.V.
(sigla como é conhecida a Missão Jovens da Verdade). Apesar de
algumas lutas, para lá fomos eu, Abgail, minha
namorada na época, e mais alguns jovens
da mocidade de nossa igreja de Mauá. Entre as programações do
acampamento, havia um período chamado de "hora tranqüila"
em que os jovens podiam escolher um local agradável
para um momento de oração e meditação, antes do café matinal.
Eu e um amigo da Igreja saímos para este tempo com Deus.
Enquanto estávamos assentados a beira de um
lago, dois moços do J.V. se
aproximaram de nós com a Palavra de Deus em suas mãos. Depois
de alguns momentos de reflexão, fomos convidados a
tomar uma decisão de aceitar a Jesus Cristo como nosso
Salvador pessoal. Começava
assim uma nova caminhada para mim. Deus fez algo maravilhoso
ali, naquela manhã, em minha vida. Assentado, a beira daquele
lago tomei a firme decisão de aceitar o Senhor Jesus Cristo como
meu Salvador e a entregar a direção da minha vida a Deus. E, daquele
momento em diante inicei o meu envolvimento com a obra missionária,
pois naquele momento eu havia experimentado pessoalmente
do poder transformador do Espírito Santo. Era o dia 02 de Novembro
de 1.970. Neste mesmo dia, minha namorada, que
desde 1.972 é minha esposa, teve também uma experiência real
com o Senhor Jesus, também. Nós nem imaginávamos o que Deus tinha
preparado para nós! Deus tinha um plano com tudo aquilo
que estava acontecendo conosco.
6.
A CONFIRMAÇÃO DA HISTÓRIA DE DAVID LIVINGSTONE Depois que eu e minha esposa tivemos a nossa própria experiência de entrega de nossas vidas a Deus, como detalhei no capitulo passado, passamos a viver profundas experiências de envolvimento na Obra do Senhor. Por isso, nossa casa tornou-se um lugar de acolhida de missionários, pastores, seminaristas e obreiros do Senhor. Alguns deles compartilharam de nossa residência por bom tempo. Logo que nos casamos continuamos muito envolvidos na obra missionária. Quase todos os fins de semana estávamos viajando para realizar evangelismo em alguma cidade brasileira ou algum bairro da própria capital paulista. Aos domingos, deixávamos nossa casa logo cedo e nos juntávamos a outros jovens nas dependências de um salão da Missão Jovens da Verdade na Rua das Carmelitas, no Pque.D.Pedro II, em São Paulo, para sairmos juntos. Nosso ideal era a obra missionária. Muitos desses companheiros de ministério hoje são pastores, evangelistas e missionários em outros países. A Palavra de Deus nos ensina que devemos ser hospitaleiros, pois alguns sem saber, hospedaram anjos. Aliás, qualidade que admiro muito nas pessoas que servem a Deus. E já observei que uma boa parte das pessoas que se convertem a Cristo, tornam-se excelentes na hospedagem de irmãos Pois bem, em janeiro de 1.989 chegava ao Brasil, o seminarista David Dombele, vindo de Angola, na África para se preparar para o ministério eclesiástico, através do Instituto Bíblico Jovens da Verdade. Por chegar durante o período de férias, nós o convidamos para ficar em nossa casa por algum tempo até o início das aulas. Já tínhamos quatro filhos mas sempre se consegue espaço para mais um. E foi isto mesmo. Quando as aulas começaram, mudou-se para as dependências do Instituto Bíblico. Porém, continou a vir nos fins de semana para permanecer conosco e nos ajudar na Comunidade Evangélica da qual eu era pastor. Alguns meses se passaram e David Dombele se sentia muito bem em casa. Dizia-nos que se sentia como se estivesse em sua propria casa. Graças a Deus! Num desses fins de semana que veio para estar conosco nos ajudando no ensino da Palavra de Deus, em nossa igreja, fomos graciosamente surpreendidos por ele. Note que o Senhor Jesus fez isto variadas vezes com os discípulos, e com os que o seguiam, preparando-lhes surpresas inesquecíveis. E assim foi conosco, quando Davi pediu-nos para termos uma breve reunião, e então nos declarou com os olhos cheios de lágrimas que desejava nos convidar para sermos seus “pais adotivos”. Explicou que em sua cultura africana quando uma familia acolhe um de seus filhos, o pai e a mãe daquela familia são considerados seus próprios pais. Ficamos emocionados com aquela declaração de amor por parte daquele moço que já haviíamos aprendido a amar e admiriar. E assim ele tornou-se nosso “mais velho e novo filho”. A princípio pensei que a saudade de seus pais naturais, ou a falta de afeto deles, o tivesse levado a tomar aquela atitude. Mas mesmo assim, passamos a trata-lo como um filho verdadeiro mesmo. Confesso que pensei que aquilo seria por algum tempo apenas e como muitos outros nos consideravam seus pais, Davi estaria sendo mais um. De qualquer forma não esperava por uma atitude de tamanha consideração. Por muito que façamos para alguem, é profundo demais ser considerado pai e mãe. Entretanto o tempo passou e sempre que ele me encontra, não importa aonde e com quem eu esteja, ele se dirige a mim, tratando-me de pai. Três anos havia se passado e fui então convidado por David à irmos á África, pois ele desejava se casar. Não pude ir, porém, fiz questão de abençoá-lo em seu matrimônio como um filho mesmo. Casou-se e retornou ao Brasil. Deus deu-lhe uma excelente esposa, a Emerance, que ao chegar dispensou-nos também o tratamento de pai e mãe. Com isto ficou claro para mim que o que o jovem David Dombele fez não foi por causa de uma emoção, mas sim, fruto de uma decisão sincera. Os
anos foram se passando. Nasceu sua primeira
filhinha e gostosamente passamos a ser tratados
de avós, pois nascera a linda Ravi. Creio em meu coração
que esta adoção foi uma das mais lindas que alguem pode experimentar.
Nós os adotamos como filhos verdadeiros porque a adoção
de Deus é assim. Todos os meses o David Dombele nos liga
ou nos visita como um filho mesmo. São estas surpresas
agradáveis que Deus nos reserva. A este ponto talvez você
esteja indagando porque o título deste capítulo
“A CONFIRMAÇÃO DA HISTÓRIA DE DAVID LIVINGSTONE”.
É que eu creio que Deus não deixa nenhuma
pergunta sem resposta. Quando eu era
menino, ao começar a aprender a ler, fui muito
influenciado pela vida e testemunho de David Livingstone
conforme descrevi no capítulo 3, A HISTÓRIA DE DAVID
LIVINGSTONE. Eu tinha mais ou menos sete
anos. Estava começando a aprender a ler e, como escrevi,
tive o privilégio de começar, soletrando a
história da vida de David Livingstone,
no pequeno livro que ganhei da Escola Biblica. Foi muito
emocionante ser convidado a ser pai adotivo de um
moço africano. Isto me comoveu muitas vezes.
Como Deus escreve nossa
história com tanta particularidade.
Passados mais de 40 anos daquela experiencia na Escola Biblica,
eu tenho agora o privilégio de conversar com
o David Dombele e ele contar-me como David Livingstone,
seu xará, amou seu povo e sua terra a ponto de entregar
também a sua vida a favor deles. Posso
saber agora também, que seu busto encontra-se
em muitas cidades africanas em memória e gratidão
pelo que este cristão e médico fez pelos
africanos. Enquanto levava o remédio para a cura do fisico,
suas palavras continham o remédio para a alma também. “Que
privilégio, David Dombele, é, para nós, sermos considerados
seus pais. Você nos premiou com esta linda decisão. Nos sentimos
recompensados por Deus, mesmo.” Davi formou-se em
seu curso teológico, concluiu o bacharelado e logo depois Deus
preparou sua ordenação ao Sagrado Ministério.
Já há alguns anos o pastor David Dombele desenvolve o sagrado
ministério para o qual Deus o chamou ainda quando estava na
África. Estávamos muito contentes em ter um filho adotivo,
afinal era um dos desejos de minha querida esposa também. Porém,
não sabemos e não conseguimos entender todo o propósito de Deus
para nossas vidas. Por muito que se tente entender como Deus age
sempre haverá um momento a mais de nova surpresa. E assim foi
conosco na área de adoção de filhos. Nossa experiência, pela vontade
de Deus e nossa (todos nós juntos), não se encerra com
o Pr. David Dombele. 7.
UMA FILHA NASCIDA DO CORACAO Numa
certa manhã do mes de agosto de 1991, minha esposa estava
orando, quando resolveu meditar por alguns instantes
na Palavra de Deus. Eu estava trabalhando. Abriu a Bíblia e sentiu
o direcionamento de Deus para o Salmo 41, e começou a lê-lo: "Bem
aventurado é aquele que atende ao pobre, o Senhor o livrará no
dia do mal. O Senhor o livrará e o conservará em vida, será abençoado
na terra e tu não o entregarás a vontade de seus inimigos.”
Não imaginava o que estava por vir durante o dia.
Por
volta das onze horas, enquanto minha esposa realizava os afazeres
de casa, surgem de repente em nosso quintal dois
rapazes bem fortes. Ela assustou-se com
a presenca inesperada deles no quintal
sem qualquer aviso, quando um deles, com muita dificuldade, pois
não falava português, perguntou pelo Pastor
Thieme. Após o susto, ela deduziu rapidamente que
se tratavam de dois africanos. Estavam chegando ao
Brasil. A seguir ela telefonou-me e contou sobre os rapazes ao
que respondi em tom de brincadeira, pois
ela já sabia de meu comportamento
em relacao a pessoas necessitadas, e eu também sabia como sempre
minha esposa recebeu bem as pessoas e então eu disse: Tem alguma
cama disponível ai? Coloque-os para descansar. Dê-lhes um bom
prato de comida que por volta das 5 horas da tarde vou para casa.
Ela ofereceu-lhes um delicioso almoço e quando cheguei eles estavam
descansando. De acordo com o texto que minha esposa havia meditado, Salmos 41, a Bíblia diz que é “bem-aventurado (feliz) aquele que atende o pobre na sua necessidade. O Senhor o livrara no dia do mal.” Quando eu e minha esposa aceitamos o primeiro desafio de administrar uma obra social que acolhia crianças de rua (abandonadas), recebemos várias crianças que tiveram de permanecer em nossa casa para receber um tratamento particular pois apresentavam um quadro de saúde muito grave. Eram crianças muito carentes, desnutridas e doentes. Várias passaram por nossa casa para receberem um tratamento direto de minha esposa, com a experiência de estar criando quatro filhos. Entre as crianças que recebemos, Bruna era uma das lindas meninas que já haviam passado por nossa casa. Porém, Bruna representava algo mais. Nossos filhos e filhas rapidamente se simpatizaram com a pequena que conquistou o coração de todos. Tornou-se o xodó de toda a família. Completado o tempo de permanência pretendido, havia chegada a hora de Bruna retornar para a Casa-Lar da Instituição. Porém o clamor foi geral: todos os filhos pediram para que Bruna continuasse mais tempo conosco e nós concordamos. Passadas algumas semanas mais, sentimos que havia algo diferente no nosso relacionamento com a pequena Bruna. Começamos a sentir um amor especial por ela e foi aí que decidimos em família que se a Bruna fosse entregue para adoção, nossa familia seria a primeira candidata. Para isso minha esposa escreveu uma carta para a Vara da Infância e da Juventude demonstrando o nosso interesse pela adoção. Na verdade a adoção já havia acontecido no coração de todos e principalmente de Deus, nós cremos. Bruna não poderia ser adotada por outra família a não ser a nossa. Os meses se passaram e agora você poderá perceber o cumprimento do Salmo 41 em nossas vidas: "..aquele que atende ao pobre na sua necessidade, Deus o atenderá no dia da angústia..". O mais importante vem agora: Após
termos recebido aqueles dois jovens angolanos que se
hospedaram naquele dia em nossa casa, nesse mesmo
dia, por volta das 17 horas fui chamado novamente
em meu escritório pelo telefone. Era minha esposa
que estava apreensiva na ligação e me dava
uma triste notícia que foi uma bomba: estava
em nossa casa um casal cujo homem era um advogado
e diziam estar lá com um mandado judicial da Vara da Família para
levar a Bruna. Eles haviam acabado de adotá-la. Estavam
com o documento em mãos de autorização para retirada da
criança. Minha esposa estava nervosa, não sabia o que fazer. Pedi
que ela dissesse ao advogado para retornar por volta
das 20 horas para conversar comigo. Naquela mesma
hora já liguei para a Vara da Infância e da Juventude e
percebi que nossa carta de intenção de adoção da Bruna
não havia sido considerada. O juiz já havia dado a
pequena Bruna a este advogado por adoção definitiva. Nossa
filha mais velha sabendo da situação, levou
a pequena para a casa de amigos, próximo de nossa
residência. Por volta das 20 horas recebemos
o casal e, em oração, expusemos a situação: a Bruna já
estava adotada por nossa família há quase um ano. Então
solicitei que eles procurassem por outra criança. Naquele momento,
aquele advogado nos respondeu: “Vocês sabem que eu tenho
um documento em mãos que me dá autoridade legal para levar a Bruna
daqui hoje, e se quiser faze-lo poderei chamar pela polícia e
fazer cumprir o mandato judicial, porem....ficamos em silencio
total naquele instante... e ele continuou: mas eu não vou
fazer isso.” Aleluia! Deus foi bom para conosco mais uma
vez, e o casal nem viu a Bruninha. No dia seguinte tínhamos o
pior para resolver: convencer o juiz a nos dar a adoção
de Bruna. Seguimos para o Forum, com nossos filhos
todos apreensivos do Juiz não nos dar a Bruna em adoção.
Conosco estava o Pr. Manuel Mendes da IPB de Itamonte, que
nos visistava nesta época. Foram quase duas horas
de muita conversa e orações silenciosas. Enquanto
conversávamos tentando convencer o juiz
de que a preferência deveria ser de nossa
família pois havíamos enviado uma carta demonstrando nosso
interesse, nossa pequena Bruna abaixa-se, abre a bolsa
de minha esposa e pega um pequeno álbum de fotos recentes
de nossa viagem à praia. Ela estava toda feliz observando
uma foto em que eu estava no mar com ela no
colo. Quando menos esperamos ela se voltou para a promotora e
disse, apontando e mostrando a foto : “Papai. Papai!”
Ao ver a atitude da criança a promotora disse
ao juiz: “Doutor, essa criança já tem pai
e mãe. Não adianta mais. Libera esta criança porque estes são
seus pais agora”. O juiz pediu que rapidamente
subíssemos para o andar superior e entrássemos com o pedido
de adoção de Bruna, imediatamente. Nossa agonia cessou e em apenas
dois meses eu recebi a autorização de emissão da Certidão de Nascimento
dela, agora, com nosso próprio sobrenome. Vendo o amor
de minha irmã Alice pelos seus sobrinhos e sobrinhas
(não apenas meus filhos) resolvi prestar-lhe uma devida
homenagem acrescentando ao nome de Bruna, seu segundo nome,
ficando o lindo nome de Bruna Alice Thieme.
Cremos, sem duvida, que a promessa de Salmos 41 se
cumpriu em nossas vidas. Neste momento que escrevo esta
parte do livro, uma segunda-feira, bem cedinho, lembrei-me
do culto de ontem à noite (domingo) quando minha
esposa chamou-me a atenção para que olhasse
nossa pequena louvando ao Senhor, com as mãozinhas levantadas
para os céus. Aprendeu bem cedo da preciosa Palavra de Deus. Creio
que quando ela crescer e ler este relato,
glorificará muito mais ainda a Deus. Enquanto
escrevo, encontro-me muito emocionado e em lagrimas!
Alias, escrevo este lato com muitas lágrimas. Não de tristeza,
é claro, mas de profunda alegria. Quero compartilhar com você
o que significa uma adoção. Nós aprendemos muito, na prática,
com as adoções de Davi Dombelle e Bruna. No caso de Davi, não
houve mudança em seu sobrenome pois já era um moço formado e uma
mudança em seus documentos, com certeza, lhe traria alguns atrapalhos.
Porém, no caso de Bruna, enquanto estava em casa e ainda não
tínhamos concretizado sua adoção, vieram os pensamentos: como
faríamos aquela adoção? Apenas receberíamos a Bruna
para cuidar dela, ou ela seria adotada mesmo
e receberia também nosso sobrenome? E Deus me deu
uma resposta muito profunda, enquanto meditava em
sua palavra: “Como foi que eu te adotei? Você não recebeu
o meu nome grifado no teu também? Agora você não tem apenas
o teu sobrenome, mas tem uma marca para toda sua vida.
Onde você for, será chamado de 'cristão'. Meu nome
estará em teu nome. Você será meu filho com
direito a tudo. Veja, você será Co-participante com o meu Filho
primogênito, Jesus. Não haverá reservas entre nós.” Assim, entendi
perfeitamente o recado de Deus e Bruna foi adotada
como nossa filha legítima, recebendo nosso sobrenome.
Até a hora de seu nascimento que
era obrigatório constar no seu registro de nascimento, fui
eu que escolhi e, assim recebi sua certidão de nascimento, emocionadamente,
do Cartório de Registro Civil. Quero deixar
grifado aqui neste livro para nossa pequena
Bruna (agora ela completou seis anos (1996)) que ela é
nossa filha legítima, gerada em nossos corações por Deus.
Eu pensei nos meses precedentes a adoção que nós iriamos
abençoar a uma vidinha muito preciosa e Deus nos mostrou que não
era apenas isto. Nós é que seríamos abençoados por ela.
E, como já disse antes, quantas vezes já nos derretemos
em lágrimas nos cultos que participamos ao vermos
suas mãozinhas levantadas, olhinhos fechados,
glorificando a Deus como “gente grande.” Deus te abençoe
ricamente minha filha. Nós te amamos muito e
estamos muito felizes com sua chegada em nossa família.
Você é muito preciosa para nós e para Deus. Ele nos deu
um grande presente que e' voce, nossa preciosa Bruna!. Finalizando,
gostaria de dizer que este livro deveria conter muito mais testemunhos
sobre "o que Deus tinha preparado para nós e não sabiamos" em
mais de 100 páginas. Porém, resolvi não incluir nesta obra outros
preciosos relatos do que aconteceu nos "30 anos seguintes aos
de minha conversao a Cristo e a de minha esposa tambem". A linda
história de vitórias contiuou. E quanto aos outros quatro filhos,
quais foram as bençãos? No trabalho, Deus age a nosso favor também?
E será que estas bençãos chegaram a outros lares também? Provavelmente
voce deve estar bastante curioso para conhecer mais, não e' mesmo?
Com certeza você terá muitas lindas respostas em nosso segundo
livro, com relatos verídicos. Com edificantes testemunhos, e vários
deles resultados da agradável consequencia da pergunta deste livro
"POR QUE DEUS FEZ ISTO?". Agora
que você terminou a leitura desta história real, Deus deseja começar
a escrever uma nova história com a sua vida e a de sua família
também. Tudo vai depender de você. Pare por um instante, e faça
uma oração sincera de entrega a Deus de sua vida e de sua família
também. Aceite o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador pessoal
e Senhor da sua vida. Peça ao Espírito Santo para vir fazer morada
em seu ser, como nos é prometido na Palavra de Deus. Procure uma
igreja evangélica onde você possa continuar a aprender das Sagradas
Escrituras. E, assim, com certeza, você vai ter uma linda história
para contar a outros também. Dias depois que aceitei a Cristo
como meu Salvador pessoal, pude encontrar um precioso verso bíblico
que nunca mais me esqueci. Está em Hebreus 3:14 e diz: "Porque
nos temos tornados participantes de Cristo, se retivermos firme
até ao fim, a confiança que desde o princípio tivemos". Creio
que a melhor resposta a pergunta deste livro: "POR QUE DEUS FEZ
ISTO?", é a que temos bem viva e clara em nossos corações
: SIMPLESMENTE POR AMOR. Fomos e continuamos a ser alvos do amor
de Deus. Como muitas outras famílias que tem lindas histórias,
nós, da família Thieme. queremos render muitas graças a Deus pelo
que Ele é, pelo que fez e continua a fazer por nós. Declaramos
que tem valido a pena servir a este verdadeiro Deus que sempre
cumpriu as suas preciosas promessas. Que
Deus o abençoe. No
Senhor, Pr. Alberto Thieme – revisto em 01/maio/2006 |
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