JORNAL
O POPULAR - 11/04/01 -
Quadrilha leva 8,7 milhões no maior assalto em Goiás
Imagens gravadas por circuito interno de TV podem levar a polícia a identificar
assaltantes Quadrilha integrada por cerca de 20 homens praticou ontem em Goiânia
o maior e mais ousado assalto já registrado em Goiás, segundo estatísticas
da polícia. Foram roubados R$ 8,75 milhões da Proforte S.A – Transporte de
Valores, no Setor Aeroviário. As primeiras informações da PM apontavam roubo
de R$ 20 milhões. O assalto começou às 21 horas de segunda-feira, com o seqüestro
de dois gerentes que tinham senhas do cofre da empresa e familiares deles.
Armados com fuzis automáticos, os assaltantes balearam vigilante que tentou
impedir a entrada deles e furaram a tiros porta de aço da empresa. No assalto
e na fuga foram utilizados pelo menos cinco carros, dos quais um foi encontrado
queimado. A polícia tenta identificar os assaltantes por meio de imagens de
circuito de TV instalado em um dos locais onde o grupo esteve.
11/04/2001 22:42 - Polícia Deic mobilizada na caça aos assaltantes
da Proforte Todos os policiais da Delegacia Especial de Investigações Criminais
(Deic) estão mobilizados no caso do assalto da Proforte, o maior da história
de Goiás. O delegado-adjunto Jorge Moreira informou que está entrando em contato
com Detrans e delegacias de todo o Brasil para tentar encontrar pistas dos
criminosos. Os 39 homens da Deic tentam também recuperar os R$ 9 milhões roubados.
Adiados depoimentos do caso Proforte O delegado Jorge Moreira, da Deic,
adiou o início dos depoimentos das testemunhas do caso Proforte. A empresa
de transporte de valores foi vítima, nesta terça-feira, do maior assalto da
história de Goiás. Um grupo de cerca de 25 assaltantes levou da empresa em
torno de R$ 9 milhões. CBN Anhanguera Proforte sofre maior assalto de Goiás
Ação cinematográfica envolvendo cerca de 20 bandidos deixa prejuízo de
R$ 8,7 milhões para empresa transportadora Reféns em noite de terror Cerco
em todo o Estado Weimer Carvalho Vista aérea da empresa de transporte de valores
Proforte, no Setor Aeroviário: prédio tinha sofisticado sistema de segurança,
mas os bandidos conheciam bem o local e estavam fortemente armados Reféns
em noite de terror “Vivi a pior noite de minha vida”. Assim a dona de casa
Deliane Alves Cardoso, de 35 anos, mulher do supervisor operacional Fábio
Hipólito de Carvalho, definiu as cerca de oito horas que passou em poder dos
assaltantes ao lado dos dois filhos, de 3 e de 9 anos, de um tio, da mulher
de José Euzair da Silva e dos dois filhos do casal, também menores. Ainda
abalada, na tarde de ontem ela revelou, quando descansava na casa de parentes,
no Setor Sudoeste, que o drama da família teve início por volta das 22h30
de terça-feira, no momento em que todos assistiam à televisão em um dos quartos
de sua casa, no Celina Park. Fortemente armado, o grupo de assaltantes – cuja
quantidade ela não soube precisar – pulou o portão do imóvel, arrombou uma
das portas e de imediato anunciou o crime. Deliane, os dois filhos e o tio
permaneceram dentro do quarto sob a mira das armas, enquanto Fábio Carvalho
foi levado para a sala. Logo em seguida, conforme disse, outros integrantes
do bando de assaltantes chegou à residência com o auxiliar operacional José
Euzair e seus familiares. A mulher e os filhos dele foram trancados no mesmo
quarto em que estavam a dona da casa e os demais reféns. Fábio Carvalho e
José Euzair foram mantidos na sala. Sem ajuda Deliane disse que no final da
noite e durante toda a madrugada as vítimas foram ameaçadas de morte pelos
bandidos caso a polícia fosse acionada e o assalto não fosse concretizado.
“Pensei que iríamos morrer”, desabafou. Os assaltantes, segundo ela, proibiram
que os reféns olhasse para o rosto deles. Por volta das 4h30, todas as sete
pessoas que eram mantidas trancadas dentro do quarto foram colocadas no banco
traseiro do Gol e levados para um matagal, em uma estrada vicinal próximo
ao quilômetro 22 da GO-010, no município de Bonfinópolis. Deliane contou que,
a princípio, as vítimas ficaram dentro do carro enquanto os criminosos falavam
com os comparsas por meio de celulares. Pouco depois das 6 horas, os assaltantes
determinaram que todos, já fora do Gol, permanecessem de costas por pelo menos
10 minutos, enquanto eles fugiam. Os bandidos saíram no Gol e em seguida incendiaram-no
nas proximidades. Assustados com o fogo, os reféns não esperaram o período
determinado e foram para as margens da GO-010. Nesse momento, a quadrilha
já havia escapado. A dona de casa supõe que comparsas em outro carro esperavam
pelos criminosos no local. O drama dos sete reféns ainda persistiu por alguns
minutos. Temerosos, motoristas que trafegavam pela rodovia se negaram a fornecer
ajuda às vítimas. Momentos depois, um homem que conduzia uma bicicleta parou,
ouviu o relato e acionou a Polícia Militar. As vítimas foram levadas para
Bonfinópolis, onde registraram a ocorrência do crime. Nenhum refém ficou ferido.
Deliane revelou que o marido trabalha há seis anos na Proforte. O fato de
atuar em uma atividade de risco sempre o preocupou, mas a necessidade de trabalhar
para o sustento da família foi mais forte, contou. Cerco em todo o Estado
Policiais civis, militares e rodoviários federais estão à procura dos assaltantes
desde a manhã de ontem em todo o Estado. Tão logo foi comunicado do crime,
o subcomandante da PM, coronel Divino Efigênio de Almeida, entrou em contato
com representantes de todos os órgãos de segurança para que fossem montadas
barreiras nas principais saídas do Estado. Até a noite de ontem, contudo,
os policiais não haviam conseguido capturar nenhum integrante do grupo. Conforme
Divino Efigênio, estão sendo abordados veículos considerados suspeitos, que
tenham placas de outros Estados e sejam ocupados por duas ou mais pessoas.
As abordagens estão sendo intensificadas na Região Sul do Estado e nas proximidades
de Luziânia. Logo depois do crime, policiais militares tiveram dificuldade
em entrar na Proforte S.A. – Transporte de Valores. O coronel Anjo Braz argumentou
que os gerentes da empresa, preocupados em preservar o estabelecimento, a
princípio não permitiram nem mesmo o acesso dos militares ao local, o que
prejudicou em parte as apurações. Ao registrar a ocorrência na Deic na tarde
de ontem, o gerente José Alves Ventura também preferiu não dar declarações
sobre o fato à imprensa. O delegado Jorge Moreira da Silva, adjunto da Deic,
não tinha, até a noite de ontem, conseguido identificar nenhum integrante
do grupo de assaltantes. Apesar de as vítimas não terem tido condições de
declarar a quantidade de componentes do bando, o delegado trabalha com a hipótese
de o roubo ter sido cometido por um grupo de 15 a 20 homens. “Um número maior
dificultaria a ação”, acredita. Além de detalhes registrados em uma fita de
vídeo, Jorge Moreira espera chegar aos bandidos por meio de vestígios, como
impressões digitais que os bandidos possivelmente deixaram nos veículos, no
fuzil, na munição e no radiorreceptor apreendidos e, ainda, nas divisórias
da Proforte. Ontem, logo depois da fuga dos criminosos, peritos do Instituto
de Criminalística fizeram exames minuciosos em todo o material apreendido
pela polícia e na empresa, o que pode contribuir para a identificação de parte
do grupo. À tarde, o administrador da Proforte, José Alves Ventura, registrou
a ocorrência do crime na Deic. As vítimas e testemunhas vão ser ouvidas a
partir de hoje. Abalados com o assalto, os funcionários Fábio Hipólito de
Carvalho e José Eluzair da Silva preferiram não dar declarações à imprensa.
Conforme a dona de casa Deliane Alves Cardoso, mulher de Fábio Carvalho, os
dois funcionários passaram parte do dia reunidos com superiores na empresa
e, durante a tarde, recolheram-se em casas de parentes.
Jornal
Diário da Manhã - Maior assalto da história de Goiás Policiais
do Gate mostram o minifuzil e boa parte da munição que foi deixada pelos assaltantes
Um bando invadiu ontem a firma Proforte – Transporte de Valores, no Setor
Aeroviário, região de Campinas, em Goiânia, e fugiu com mais de R$ 9 milhões.
O assalto está sendo considerado o maior já feito em todo Estado de Goiás.
Na fuga, os assaltantes deixaram para trás um mini-fuzil Ruguer 556, uma caminhonete
S-10, um Tempra e um Gol, que foi queimado nas proximidades de Bonfinópolis,
onde sete reféns foram deixados, entre eles quatro crianças. Até agora, a
polícia ainda não tem pistas seguras que possam levar até aos assaltantes.
O comando geral da PM afirmou que os bandidos pertencem a uma quadrilha muito
bem organizada, que adota métodos bem diferentes dos usados em Goiás.
Maior assalto de Goiás Ação que envolveu pelo menos 20 bandidos, munição
pesada e sete reféns acabou no roubo de cerca de R$ 9 milhões da Proforte,
no Setor Aeroviário Edson Costa, Vicente Filgueira e Willy Silva Audácia sem
limites: uma quadrilha invadiu ontem, às 6h10, a firma Proforte — Transporte
de Valores S/A, no Setor Aeroviário, e fugiu levando cerca de R$ 9 milhões
— pode ser mais que isso — no mais atrevido e rendoso assalto já verificado
em todo o Estado de Goiás. O grupo deixou para trás um minifuzil Ruguer 556,
uma caminhonete S-10, cor branca, um Fiat Tempra, azul/grafite, e um Gol queimado
nas proximidades de Bonfinópolis. Sete reféns levados no Gol foram deixados
na cidade de Bonfinópolis. O assalto durou 30 minutos. Na fuga, o imprevisto:
um dos bandidos atrasou-se para entrar na caminhonete S-10, repleta de malotes
de dinheiro. Ele tentou roubar um Corsa, não teve êxito, fez disparos com
o fuzil derrubando um motoqueiro (este não foi atingido), correu, saltou alambrado
e teve tempo de trocar de roupas, que levava em uma mochila. Um comparsa o
apanhou. Quando o Gate — Grupo de Operações Especiais chegou ao local, nada
mais restava a fazer. O esquema do assalto começou a funcionar na noite de
segunda-feira, quando entraram na casa de Fábio Hipólito de Carvalho, supervisor
operacional, e, simultaneamente, na residência de José Luzair da Silva Aparecido,
auxiliar de operações. Os dois é que sabiam da senha para a abertura do cofre.
Os familiares de ambos foram rendidos, inclusive crianças. Ninguém foi agredido.
Porém os seqüestradores, que se revezavam na vigília, diziam que se alguma
coisa desse errado “muita gente pagaria o pato”. Seqüestrados dizem que viram
no mínimo 15 rostos diferentes. Quase todos os reféns estão em estado de choque.
“Comentaram que o assalto foi estudado e esquematizado durante 90 dias”, falou
uma das mulheres. Quatro crianças, duas mulheres e um homem ficaram à mercê
dos bandidos. O soldado Cleuber Marques de Oliveira, do Gate, perito em armas
de fogo, informou que o minifuzil Rugger comporta 30 cartuchos no carregador
e pode ser disparado como metralhadora: “O alcance é de 2.000 metros, e um
projétil perfura uma chapa de metal de 10mm de espessura. É capaz de furar
um escudo desses utilizados pela PM, vaza um colete com a maior facildade,
inclusive um capacete.” Foram apreendidos oito carregadores com 201 munições
intactas, deixando antever que os disparos na transportadora foram feitos
por ele. “Apreendemos um aparelho de rádio comunicar/receptor, da marca Motorola,
falou Jorge Moreira. E ele completa: “Temos algumas pistas que estão sendo
checadas e sobre elas nada podemos falar por enquanto. Temos de ouvir todos
os funcionários, reféns e testemunhas.” Drama dos reféns Deliane de Oliveira,
mulher de um dos gerentes da empresa de Transportes de Valores Proforte, do
Setor Aeroviário, ficou cerca de oito horas em poder dos assaltantes, juntamente
com quatro crianças, a mulher de outro funcionário e um homem. Passou por
todos os dramas em conseqüência da ação dos bandidos e obedeceu a cada detalhe
ordenado por eles, que não estavam encapuzados, mas exigiam que as vítimas
não os olhassem no rosto. Deliane estava de costas com os meninos quando ouviu
a explosão do Gol que era usado pelos assaltantes, na cidade de Bonfinópolis,
depois de embebido em álcool pelos bandidos. Ela contou que o Gol saiu da
rodovia, entrando por uma estrada secundária de terra, onde, perto da mata,
mandaram que os seqüestrados cooperassem, cumprindo todas as ordens, com o
que não fariam nenhum mal a eles. MEDO DA MORTE Quando os bandidos se aproximavam
da mata, Deliane perguntou se eles matariam todos os reféns naquele lugar.
Eles disseram que não e que ficassem quietos e em silêncio: “A vida de vocês
depende do que acontecer durante o assalto; se não houver nenhum problema
com os nossos colegas que estão na firma, vocês serão libertados sem nenhum
arranhão”. “Fiquei com muito medo da morte naquela hora”, disse a refém. Os
celulares dos bandidos tocavam de cinco em cinco minutos, como se fosse um
código combinado. Pouco tempo depois, quando os seqüestradores receberam a
notícia de que o assalto transcorreu normalmente, eles chegaram no grupo e
disseram: “acabou. Saiam do carro rapidinho e só depois de 10 minutos peguem
a estrada”. FOGO E FUGA Como naquele momento os bandidos atearam fogo no Gol,
o grupo de seqüestrados começou a correr rumo à estrada antes mesmo de vencer
o prazo de 10 minutos. Perto do asfalto os reféns pararam, aguardando vencer
o tempo exigido, enquanto os bandidos fugiam no segundo carro. Deliane seria
ouvida ainda na tarde de ontem pelo delegado Jorge Moreira, da Deic, bem como
o supervisor operacional da Proforte, Fábio Hipólito da Costa, e o auxiliar
de operações, José Luzair da Silva Aparecido. Como o valor roubado, R$ 9 milhões,
é um valor altíssimo, e os assaltantes formam uma gangue de 15 bandidos, Jorge
Moreira acredita que não será difícil desvendar o assalto e localizar os assaltantes.
Todas as equipes de agentes de polícia da Deic foram acionadas para trabalhar
nesse caso. PM ajuda a investigar Falando pelo Comando Geral da PM, o coronel
Divino Efigênio, chefe do Estado Maior, disse que a instituição está apta
a ajudar nas investigações procedidas pela Deic na busca pela identificação
e localização dos assaltantes, que ele acredita serem cerca de 20 homens.
Para o coronel Efigênio, não restam dúvidas de que os assaltantes planejaram
em todos os detalhes a ação contra a empresa de valores bancários. Ele acredita
que a proeza dos bandidos teria sido impossível sem a ajuda de funcionários
da empresa, pois os assaltantes sabiam da necessidade de acessar duas senhas
para abrir o cofre. “O assalto nos surpreendeu pelos detalhes e pelo armamento
utilizado, o que caracteriza o crime organizado, que não temos no Estado,
e isso é preocupante. A surpresa é mais por conta das técnicas utilizadas
pelos assaltantes. Foi um crime planejado, disso a polícia tem certeza”, garantiu
o oficial. A rota utilizada pelos assaltantes é de cativeiro temporário e
não uma rota de fuga, afirmou o coronel, explicando que “os bandidos queriam,
ao utilizar a saída de Bonfinópolis, apenas confundir a polícia. Eles foram
inteligentes também e mostraram profissionalismo ao destruir o Gol para apagar
vestígios de digitais”. Para Efigênio, como a quantidade de dinheiro é muito
grande, logo que os assaltantes começarem a gastar, vai haver discórdia entre
os quadrilheiros e poderá haver também sucessivas queimas-de-arquivo. As placas
dos carros são “quentes” (verdadeiras), mas os carros podem ser frutos de
furtos ou roubos na Bahia e no Pará. O Tempra usado no assalto tem a plca
JND-2457 (de Salvador) e a caminhonete S-10 é de placa JTK-3431, de Castanhal
(PA). Possivelmente, ambos os veículos foram transferidos do Distrito Federal,
que deve ser a origem de ambos. A hipótese de os assaltantes serem de Brasília
não é descartada, e o cérebro da ação criminosa deve estar no presídio da
Papuda, no DF. Medo e fogo no mato Os sete reféns dos assaltantes — 4 crianças,
2 mulheres e um homem — foram libertados numa mata na Fazenda Sozinha, a 6
km de Bonfinópolis, de propriedade do pecuarista João José Neto. Por volta
das 5h30, do curral, ele notou muita fumaça do outro lado do pasto, mas não
deu importância. O que João José via, na verdade, era o incêndio de um Gol
utilizado pela quadrilha para escapar. O veículo foi carbonizado pelos bandidos,
que usaram parte da gasolina do tanque. Os reféns tiveram que permanecer próximo
ao Gol até que ele fosse totalmente consumido pelas chamas, e só deixaram
o local porque o calor estava insuportável. Eles esperaram os bandidos evadir-se
do local para sair. Por volta das 6h30, os reféns procuraram ajuda em uma
fazenda. Eles foram atendidos por Eliane Pereira Barbosa de Freitas, quando
ela plantava abacaxi. “Eles pediram água e um telefone para chamar a polícia.
Estavam assustados e perdidos. Depois, ensinei para eles o caminho do asfalto
para a cidade mais próxima, que é Bonfinópolis”, contou Eliane
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