Falando de Vida - mensagens do Pr. Robinson Monteiro, e-mail: rgmnet@uol.com.br

023/01- 23/10 - Emotivação “Motivação e emoção compartilham a mesma raiz latina, motere, isto é, “mover”. Emoções são, literalmente, o que nos move a buscar alcançar os nossos alvos; elas alimentam nossas motivações, e nossos motivos determinam nossas percepções e formam nossas ações. Grandes obras começam com grandes sentimentos.” Este é um pequeno trecho escrito por Daniel Goleman, no seu novo livro Working with Emotional Intelligence (Trabalhando com Inteligência Emocional), e que eu tenho tido o prazer de reler nestes últimos dias. Esta sempre é uma questão crucial para qualquer pessoa que deseja refletir seriamente sobre sua vida: o que nos move a ser e fazer o que somos e fazemos? Talvez seja a mais difícil de todas elas também, porque deixam a superficialidade daquilo que podemos ver e penetra nas camadas mais profundas do coração. Uns são motivados por desafios, outros estimulados pelo reconhecimento de outros e até mesmo pela recompensa material que advém. No dia de hoje, o que é lhe faz sair para a vida e encará-la como um desafio a ser vencido e um alvo a ser atingido? Qual é a paixão que lhe move? Como é o nome do fogo que incendeia seu coração, e lhe faz superar-se para atingir determinado objetivo? Uma boa forma de consultar a si mesmo e refletir sobre a saúde e o equilíbrio de suas motivações é responder a algumas perguntas: 1. Quem será o maior beneficiado se eu atingir o meu objetivo? 2. Se eu conseguir e ninguém souber que fui eu, terei satisfação mesmo assim? 3. Atingir meu objetivo me fará crescer mais por dentro do que acumular coisas, posição etc? Não são perguntas fáceis e possivelmente, inquietarão a você tanto quanto a mim, porém se entendermos que existe um Deus que sonda as motivações mais profundas e inalcançáveis de cada ato, palavra ou pensamento que temos, então buscaremos emoções mais saudáveis que produzam motivações mais verdadeiras!

022/01 Pobre gosta de luxo! Esta expressão do famoso carnavalesco “Joãozinho Trinta” veio à minha mente, quando li um artigo na Gazeta Mercantil do último dia 1º de outubro, onde o articulista descreve as mudanças radicais que estão sendo implantadas na rede dos Supermercados Barateiro, controlada pelo Pão de Açúcar. Basicamente, isto significa dar aos consumidores de baixa renda, o mesmo atendimento e opções de produtos de marcas líderes, que já são características das redes que atendem às classes mais abastadas das zonas nobres dos grandes centros. Obviamente, por trás da “igualdade” que se pretende produzir, existe uma forte motivação materialista – e não poderia ser diferente – de gerar um volume de vendas e uma rentabilidade maiores. A lógica é que “pobre gosta de luxo e nós gostamos de pobre, se eles derem lucro para manter o nosso luxo”. Na direção oposta, há somente um exemplo de tal generosidade por uma motivação não materialista. O apóstolo Paulo diz que “pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, ele sendo rico, se fez pobre por amor de nós, para que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos”. Em contrapartida, Ele não almeja qualquer lucro vindo de você, mas uma simples atitude de confiança e gratidão. Esta atitude é descrita nestes termos na Palavra de Deus: “Bem-aventurados os pobres – ou humildes – de espírito, porque deles é o Reino de Deus”. Isto significa que há um Deus que deseja enriquecer sua experiência de vida hoje, concedendo-lhe toda a riqueza de oportunidades para as quais você foi criado, sendo a principal é a de ter comunhão com Ele.

021/01 Minha luz pequenina, não deixarei apagar Em tempos de apagão, chamou-m a atenção a estória de um homem que, sendo muito rico, resolveu deixar uma herança para a pequena vila vizinha às suas terras. Resolveu construir uma igreja. Sem dar a conhecer os detalhes do projeto, edificou uma majestosa catedral. No dia do primeiro culto, todos foram convidados. Ao entrarem, logo todos perceberam que a igreja tinha um problema: a iluminação externa não era suficiente, sendo grande a escuridão dentro do recinto. Inquirido pelos aldeões, aquele homem explicou: “Sempre que vocês vierem, terão que trazer uma vela ou candeeiro. É da soma da luz de cada um que a casa de Deus será iluminada. Se muitos faltarem, pouca luz haverá”. Isto me faz lembrar um pequeno poema de Edward Everett Hale que diz assim: “Eu sou somente um, mas eu ainda sou um. Eu não posso fazer tudo, mas eu ainda posso fazer algum. Não será porque eu não posso fazer tudo, Que eu deixarei de fazer de tudo para fazer algum”. Hoje, você pode fazer algum bem para alguma pessoa. O seu pequeno gesto trará mais luz ao mundo, porque refletirá Jesus, a luz do mundo. Não deixe que a oportunidade passe, porque “todo aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tiago 4:17)

020/01 Inferno na Torre Os atentados terroristas contra os EUA são acontecimentos cheios de significados, além dos fatos em si e dos dramas pessoais envolvidos. Por um lado, o terrorismo é uma forma de agressão total e completamente condenável. É covarde porque atinge pessoas inocentes, que não são responsáveis pelas grandes decisões mundiais que dariam pretensos motivos para os terroristas. A lógica terrorista de provocar pânico e desmoralização nos inimigos acaba por ceifar vidas que nada têm a ver com geopolítica. Por outro lado, a arrogância dos grandes poderes econômicos e políticos, que insistem em tratar o restante do mundo apenas e tão somente como uma entidade despersonalizada chamada “mercado”, produz um nível tal de injustiça e revolta que o feitiço acaba virando contra o feiticeiro. A lógica capitalista de explorar os outros para produzir acúmulo injusto de riqueza em meio à fome e à miséria periférica acaba por dizimar vidas diariamente nas favelas e guetos de todo o mundo. O nosso sentimento é de profunda tristeza pelos dois aspectos deste dilema: o terrorismo demente e a injustiça cotidiana. Infelizmente, como num barco à deriva, os passageiros parecem estar à mercê dos capitães do mundo. Isto me faz lembrar o dia em que doze homens estavam à mercê de ondas bravias e ventos impetuosos nas águas do Mar da Galiléia. Havia alguém com eles que pôde dizer: “Aquieta-te mar, acalma-te vento!” Desperta, Jesus! E acalma a dor e a angústia de um mundo à deriva e de cada um de nós que recebe este Falando de Vida.

019/01 Todo obstáculo é uma oportunidade Eu sempre gostei muito de pequenas histórias com alguma lição de vida. Alegorias, fábulas, ditos populares... enfim, coisas do patrimônio universal e que sempre trazem algo bom para nós. Espero que assim seja para você. Em tempos bem antigos, um rei colocou uma pedra enorme no meio de uma estrada. Então, ele se escondeu e ficou observando para ver se alguém tiraria a imensa rocha do caminho. Alguns mercadores e homens muito ricos do reino passaram por ali e simplesmente deram a volta pela pedra. Alguns até esbravejaram contra o rei dizendo que ele não mantinha as estradas limpas mas nenhum deles tentou sequer mover a pedra dali. De repente, passa um camponês com uma boa carga de vegetais. Ao se aproximar da imensa rocha, ele pôs de lado a sua carga e tentou remover a rocha dali. Após muita força e suor, finalmente conseguiu mover a pedra para o lado da estrada. Ele, então, voltou a pegar a sua carga de vegetais, mas notou que havia uma bolsa no local onde estava a pedra. A bolsa continha muitas moedas de ouro e uma nota escrita pelo rei que dizia que o ouro era para a pessoa que tivesse removido a pedra do caminho. O camponês aprendeu o que muitos de nós nunca entendeu: Todo obstáculo (do latim, obstaeculum, “causar embaraço”) contém uma oportunidade ( do latim, opportuna, “de propósito). Portanto, em todo embaraço que nos retarda a caminhada, há um propósito que a torna mais significativa. Parece que foi isto que Deus quis dizer a Josué quando este assumiu a liderança de Israel: “Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida... Não fui em quem te mandou? Sê forte e corajoso; não temas , nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares”.

018/01 Fracassar por não tentar Henry Ford costumava dizer que “existem mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. O medo de fracassar sempre leva-nos a desistir. A desistência sempre é mais fácil e, aparentemente, mais agradável. Conseguimos ser criativos nas desculpas que damos a nós mesmos e a outros para desistirmos de algum propósito, plano ou projeto. Normalmente, são os outros os maiores culpados. Alguém não colaborou, ou pior, trabalhou contra. As circunstâncias tornaram-se adversas e “qualquer um desistiria diante de tal falta de apoio, meio ou condições”. Até Deus leva sua cota de culpa por não ter simplesmente resolvido a situação! Na verdade, eu creio que as duas únicas pessoas a quem realmente não conseguimos enganar com estas desculpas são justamente Deus e nós mesmos. O problema é que Deus já nos conhece bem e nada, nem mesmo a nossa falta de persistência, constância e perseverança, chega a surpreendê-Lo. A nossa desistência, portanto, em nada afeta a Deus. Todavia, cada vez que desistimos por medo de fracassar, o que nós pensamos de nós mesmos começa a ser silenciosa e perigosamente modificado. Os psicólogos chamam isto de perda da auto-confiança, que acaba gerando a terrível falta de auto-estima. Você conclui que não pode, não consegue, não é bom o suficiente, não tem capacidade e de tanto vivenciar cada desistência ocorrida, acaba por convencer-se irreversivelmente disto. Neste sentido, há uma palavra chave para não cair nesta armadilha: motivação. O motivo para continuar, para tentar precisa ser maior do que o motivo para desistir, abandonar. Com licença da referência, é preciso uma motivação “van dameana”: “retroceder nunca, desistir jamais”. Novamente, o exemplo ideal é o de Jesus. A carta aos Hebreus diz que “Jesus, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz e não fazendo caso da vergonha, suportou a cruz e tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo”. Toda pessoa – e até mesmo o Filho de Deus – enfrenta o “passa de mim este cálice”, porém é o que vem depois – a perseverança – que realmente conta. O perseverar é como uma disciplina. A princípio é quase impossível, depois torna-se uma prática de vida, cujo maior incentivador é o próprio Deus. Se hoje você estiver na iminência de desistir, pergunte-se: eu estou desistindo porque é a opção mais certa, melhor, mais proveitosa? Ou, porque é mais fácil, agradável e confortável.

017/01 O lugar mais distante do mundo Hoje encontrei-me com um pensamento de Robert Nathan que diz assim: “Não há lugar mais longe em todo o universo do que o dia de ontem”. Interessante, não? Misturar tempo e espaço como se fossem a mesma dimensão! Na verdade, eu creio que Nathan estava falando de outras realidades não necessariamente físicas, como tempo e espaço, mas de dinâmicas emocionais que ocorrem nas camadas mais profundas da nossa alma. Influenciadores interiores das nossas circunstâncias cotidianas que povoam as nossas existências. Neste sentido, o ontem pode ser o lugar mais próximo para alguns ou mais longínquo para outros. Os saudosistas, melancólicos e principalmente, os pessimistas são aqueles que vêem o ontem como o companheiro constante dos seus suspiros e o “lugar” mais próximo onde repousam suas emoções. Há também aqueles que fazem do ontem o “lugar” mais próximo ao nutrirem-se das mágoas lá produzidas para então destilar o veneno silencioso da vingança e da amargura. Para estes, o ontem é sempre logo aqui. Por outro lado, o ontem pode ser o lugar mais longínquo para outros por ser deliberadamente confinado ao seu lugar no tempo: o que já aconteceu e ponto. Os empreendedores, inovadores e principalmente, os otimistas são aqueles que percebem o ontem como um referencial relativo que influencia o presente e o futuro, mas não como um leito natural onde deveria correr o rio da nossa interioridade. Eu creio que é isto que Saulo de Tarso quis dizer ao afirmar: “Deixando as coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus”. Hoje é o dia de você descobrir qual é o alvo proposto por Deus para sua vida. Deixe as coisas do passado repousarem lá no ontem e prossiga para o lugar mais próximo do universo: o presente.

016/01 Quando o mar não está pra peixe! Há dias e dias! Há dias que acordamos com todo o gás e energia suficientes para colocar o mundo de cabeça para baixo. Há outros, porém, que preferimos nem sair de casa, ou melhor, nem levantar da cama. A que se deve esta ciclotimia? Esta verdadeira montanha russa existencial. Um dia lá em cima, outros lá em baixo, numa variação alucinante e veloz. Eu creio que há três aspectos no entendimento desta realidade vivenciada por todos os seres humanos, mesmo que em diferentes graus e maneiras. Primeiramente, é preciso entender que esta oscilação é inerente ao ser humano. Por um lado, faz parte da nossa essência interagir com o meio, influenciando-o e sendo por ele, influenciado. Em segundo lugar, é necessário perceber que esta oscilação está também relacionada ao estado físico do nosso corpo. Se estamos bem alimentados e com saúde, somos mais resistentes a variações mais repentinas. Finalmente, é imperioso notar que esta oscilação é influenciada pelo grau de satisfação e realização pessoal que estamos tendo naquilo que nos envolvemos. Estar satisfeito e com senso de utilidade são elementos fundamentais para a estabilidade. Na Bíblia, há um verso que parece nos indicar uma direção para estes problemas. Em Provérbios 24:10, é dito: “Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena”. A vida é cheia de testes diários, nos quais somos levados a extremos. Nestes, é preciso haver uma força para viver. Esta força vem da pessoa de Jesus. Hoje, você pode buscá-Lo de todo o seu coração como último recurso. Ele estará à sua disposição para abençoá-lo com a força para viver.

015/01 Deixa eu ver suas mãos! Quem nunca ouviu esta frase ao sentar-se à mesa para uma refeição? Todos nós quando crianças tivemos que mostrar as mãos para a mãe ou o pai. (A minha mãe pedia para cheirar também, para ter certeza que eu tinha usado o sabonete!). Por isso, eu achei interessante uma pequena história de um filho de um pastor metodista, que estava brincando lá fora no jardim e quando o jantar foi servido, a mão gritou para que entrasse. Imediatamente, a ordem foi dada: “deixa eu ver suas mãos”! Encabulado e já sentindo a bronca que viria, o garoto estendeu a mão e ouviu a mãe falando: “Quantas vezes eu tenho que lhe dizer que você tem que lavar as mãos antes de comer, para que os germes não entrem no seu corpo! Vá lavar as mãos agora!” O garoto vai em direção à pia e, resmungando, se vira para mãe, dizendo com a sinceridade típica das crianças: “Germes e Jesus! Só é o que eu ouço falar nesta casa e eu nunca vi nenhum dos dois!”. Há dias em que Jesus é tão real, que até conseguimos ‘vê-lo’ nas circunstâncias que nos cercam. Todavia, há outros – e hoje até pode ser um destes – que mal conseguimos crer na existência dEle. Quando nossa confiança e a nossa esperança morrem, fazemos como Tomé e pedimos para ver suas mãos para que possamos crer. Nelas, vemos as marcas do seu amor na forma de pregos que cravaram-No na Cruz. Suas mãos sujas com o sangue que purifica-nos, lembra-nos de que quando parecer que O perdemos de vista, podemos pedir-lhe para ver as mãos e nelas veremos os efeitos da Sua presença em nossa vida.

014/01 Lentes de Graça Quando morávamos em Orlando, há alguns anos atrás, diariamente eu recebia junk mail – aquela montanha de propaganda inútil. Um dia recebi um anúncio oferecendo-me lentes de graça se eu comprasse duas armações de óculos. Naquela época – e ainda hoje – eu não precisava de óculos, mas a oferta era tão tentadora… Aquela conversa que “se for de graça até injeção na testa”... Ao lado de um telefone gratuito, para onde deveria ligar para saber a ótica conveniada mais próxima, havia um minúsculo aviso, que dizia: “Some restrictions are applied” (Algumas restrições são aplicáveis). Imediatamente, pensei sobre as restrições que aplicamos a alguns valores que dizemos crer e viver. Algumas vezes com letras bem pequeninas no rodapé das nossas atitudes e pensamentos, deixamos transparecer que aquele princípio que professamos não é mesmo pra valer. Isto é verdade especialmente no que chamamos de “graça”. Nas palavras de Philip Yancey, “graça é vivenciar o fato de que não há nada que eu possa fazer para Deus me amar um pouco mais, nem há nada que eu possa fazer para Deus me amar um pouco menos”. Muito mais do que algo gratuito que recebemos dEle, graça é o próprio relacionamento com Ele que nos envolve de compaixão e amor imerecido. E mais: com a mesma força e intensidade que somos transformados em recipientes da divina graça, somos também impelidos a nos tornar dispenseiros desta mesma graça. E é aí que algumas restrições são aplicadas por nós mesmos! Fazendo um trocadilho com o título, eu devo dizer que é justamente quando precisamos usar as lentes da graça que nos esquecemos que recebemos estas lentes de graça. Por isso, não há prisma mais cristalino pelo qual podemos ver Aquele que seguimos, do que a faceta de sua graça. Por graça, Ele deixou a perfeição do céu para atolar os pés na lama do pecado e da imperfeição humana. Por graça, Ele abdicou por um tempo da adoração perene e inefável das hostes angelicais para submeter-se ao processo humilhante de encarnar-se, servir ao homem incondicionalmente e ser por este mesmo homem, injustamente crucificado e morto. Por graça, Ele que criou e pelo qual foram criadas todas as coisas visíveis e invisíveis, marcou a vida dos sem-terra, sem-teto, sem-comida, sem-amor, sem-paz, sem-liberdade, sem-graça pela sua irreversível opção pelos-sem-qualquer-coisa. Quando então lembramos que foi um agnóstico como Bertrand Russel que certa vez admitiu que “aquilo que o mundo precisa – e eu tenho vergonha de dizê-lo – é do amor cristão”, então não há como duvidar que precisamos destas lentes da graça no dia de hoje para ver o mundo e viver nele com os olhos de Deus.

013/01 A Coreografia do Seu Silêncio Uma das passagens mais intrigantes dos Evangelhos é a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O seu silêncio é curioso. Nenhum aceno para a multidão. Nenhum sorriso no rosto. Os Evangelistas simplesmente nada falam sobre a coreografia do seu silêncio. Freqüentemente Deus responde pela coreografia do seu silêncio, especialmente para pessoas orgulhosas, arrogantes e auto-suficientes. Diante dos acusadores da mulher pega em adultério, Ele limitou-se a escrever no chão em silêncio. No momento crucial de seu julgamento, calou-se diante de Pilatos e de Herodes. Freqüentemente Deus frustra expectativas inferiores para revelar realidades superiores. A multidão saudava Jesus com a esperança de que fosse o esperado rei que os libertaria dos romanos. Era uma esperança justa, mas Jesus tinha algo superior a lhes oferecer: a liberdade eterna. Quando oramos “Seja feita a tua vontade”, não devemos inferir que não importa o que pedimos, e por isso tanto faz, mas devemos guardar a expectativa que Ele pode nos surpreender fazendo mais do que pedimos. Talvez ontem foi o dia de Deus coreografar o silêncio como resposta à sua oração. Hoje pode ser o dia dEle revelar realidades superiores às expectativas que você tinha. Ao invés de ramos e gritos, ofereça suas mãos abertas e livres do “gesto possuidor do ter” - na linguagem de Cecília Meireles - e igualmente abertas para receber o que Ele tem para te dar.

012/01 Surdo, graças a Deus! Era uma vez um tempo em que os bichos falavam... Nesse tempo também havia alegria, diversão e competição e, em certa ocasião, decidiram realizar uma corrida de sapinhos. Eles tinham que subir uma grande torre, e atrás havia uma multidão, muitos outros bichos para vibrar com eles. Começou a competição e a multidão dizia: "Não vão conseguir. Não vão conseguir" Os sapinhos iam desistindo um por um. Aí aclamava a multidão mais ainda: "Vocês não irão conseguir!" E os sapinhos iam desistindo um por um, menos um que subia tranqüilo. Ao final da competição, todos desistiram menos aquele. Todos ficaram curiosos para saber o que tinha acontecido. Quando perguntaram ao sapinho como ele conseguiu chegar até lá, descobriram que ELE ERA SURDO. No dia de hoje, há muitas vozes esperando por você para mais um dia de luta e de trabalho. Algumas pouquíssimas serão de encorajamento. A maioria virá de pessoas com o péssimo hábito de serem negativas derrubem as melhores e mais sábias esperanças de seu coração. Dentre aquelas, uma se destaca sobre todas. Ela diz assim: “Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador”. Faça-se surdo para as vozes da derrota e abra os ouvidos da alma para que Deus sussurre o amor e a graça que Ele tem para você no dia de hoje. Com carinho,

011/01 Até que Você o Compartilhe O compositor Oscar Hammerstein certa vez escreveu um bilhete a uma solista que iria cantar uma das suas obras, dizendo: "Um sino não é um sino até que você o faça ressoar. Uma música não é uma música até que você a cante. O amor não foi posto no seu coração para repousar ali inerte, porque amor não é amor até que você resolva compartilhá-lo". Esta história me fez lembrar o famoso verso da Bíblia que diz assim: "Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu único Filho para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16. Este amor a ser compartilhado ou que se doa é uma mensagem diametralmente oposta ao que hoje convencionou-se chamar de 'amor'. As pessoas raciocinam assim: "O que eu posso fazer para receber mais amor?" É muito raro se pensar que o amor que se dá é o amor que se recebe, que compartilhar gera uma maravilhosa gratidão em quem recebe, a ponto da pessoa sentir-se 'constrangida' a retribuir. Conversando com as pessoas, descobri que a maior barreira para amarem e se doarem a outros é o medo de se magoar, de não ser retribuído, de não ser reconhecido... enfim, simplesmente, medo de não ser amado. E como o medo paralisa o amor que precisa ser investido primeiro, os frutos deste amor também não retornam. Experimente hoje, dedicar amor a alguém. Da maneira mais altruísta e desinteressada possível. Do modo mais simples e despretensioso que lhe vier à mente; a quem não tem, teoricamente, nada a lhe retribuir. Semeie como quem joga o seu pão sobre as águas, sem importar-se onde as águas darão e veja que mesmo que ninguém retribua este amor, algo em você lhe fará sentir-se mais humano, porque um homem não é um homem até que ame.

010/01 Exigência À medida que o tempo passa, as exigências da própria vida vão ficando cada vez mais altas. Algumas vezes até mesmo inalcançáveis. Tome, por exemplo, a questão do emprego. Há poucos anos atrás, alguém que concluísse o segundo grau ou qualquer curso profissionalizante estaria em boa condição para conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Isto não é mais verdade hoje. Recentemente assistia um dos telejornais locais e achei engraçado – se não fosse trágico – uma oferta de emprego para um encarregado de serviços gerais, ou simplesmente, um zelador de uma determinada empresa, para a qual era exigido nível superior! Se fossem apenas exigências profissionais, diríamos que a tendência é consequência da globalização. Mas, o que dizer das demandas que fazemos nos nossos relacionamentos familiares, conjugais etc? Como explicar que somos tão rápidos em exigir e tão lentos em cumprir as exigências que nos fazem. Observando este paradoxo, cheguei a uma conclusão: Exigências, especialmente as descabidas, são formas de manipulação do poder de alguns sobre outros. É como se fosse dito na linguagem silenciosa das entrelinhas: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Observe que o princípio envolvido é o de dominação e aqui não importa a importância do cargo de quem manda ou a necessidade da tarefa mandada. O que realmente vale é demonstrar quem está no controle. Não é preciso ir muito longe para perceber a patologia desta atitude. A necessidade de dominar é um reflexo da verdadeira fraqueza que reside no coração da pessoa, porque a verdadeira autoridade é aquela que prescinde da dominação como forma de prevalecer. Neste sentido, Jesus Cristo é o maior exemplo. Ele diz – referindo-se a si mesmo – que o ‘Filho do Homem veio para servir e não para ser servido, e dar a sua vida em resgate por muitos’. Por isso, Ele recomenda especialmente aos que podem exigir, mandar, exercer autoridade que ‘quem quiser tornar-se grande entre vós, sera esse o que vos sirva e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo’. Será que isto é aplicável ao mundo dos negócios? Às relações comerciais? Aos relacionamentos pessoais? Claro que sim! Especialmente se temperado com bom senso, cautela, prudência e outros ingredientes que fazem o Cristianismo uma maneira de se viver radicalmente diferente sem ser exótica.

009/01 Crítica Recentemente lí uma estória de Benjamim Hoff que demonstra como a crítica pode tornar alguém insuportável. Certa vez estavam viajando um Hindu, um Judeu e um Cético bastante crítico do gênero humano. Ao anoitecer, uma grande tempestade os pegou em plena estrada e como não tinham para onde ir, pediram abrigo numa fazenda. Como a tempestade não dava sinais de parar, perguntaram se podiam passar a noite. - Claro que sim – disse o fazendeiro todo prestativo – mas só tenho cama para dois e um de vocês terá que dormir no estábulo. - Eu posso ir – disse o Hindu – sacrifícios não são novidade para mim. E foi. Já bem tarde, ouve-se alguém batendo à porta e era o Hindu. - Existe uma vaca no estábulo! Vacas são sagradas e eu não posso dormir junto a elas. - Então eu vou – disse o Judeu – não tenho problemas com vacas! Pouco tempo depois, o Judeu volta correndo: - Existe um porco no estábulo! Eu não suporto dormir perto de porcos. - Eu vou – disse o Crítico – nem tenho problemas com vacas, nem com porcos. E saiu para o estábulo, irritado com as sensibilidades dos religiosos. Poucos minutos depois, ouve-se um barulho à porta e ao abrirem, encontram a Vaca e o Porco pedindo abrigo para passar a noite!! Como se pode vê nesta estorinha, a crítica consegue tornar alguém indesejável até para os mais indesejáveis. Eu tenho observado que freqüentemente há duas motivações para fazermos da crítica uma arma contra os outros. Ora criticamos como forma de demonstrar superioridade, ora criticamos como forma de nos penitenciarmos pelo erro ou prática que nós mesmos cometemos. Ora nos consideramos superiores, ora nos penitenciamos criticando o nosso erro observado no outro. Em ambos os casos – excluindo-se aqui, as críticas realmente necessárias, justificadas e com respeito – a crítica é uma das mais fortes expressões daquilo que nós carregamos de pior dentro de nós. Nossas dores, traumas, esquisitices, fissuras de caráter etc. O Evangelho oferece uma alternativa à crítica: falar a verdade em amor ou, em outras palavras, ser verdadeiro na motivação e no propósito daquilo que falamos às outras pessoas. Experimente hoje a sensação maravilhosa de ser honesto consigo mesmo e com os outros. Dê uma vasculhada profunda no seu próprio coração, antes de abrir a boca para criticar alguém

008/01 O Caminho mais Fácil Há muitas maneiras de se ver aquilo que a religião denomina de ‘pecado’. Teologicamente falando, dizemos que pecar é errar o alvo. Mas, uma das maneiras mais simples é ver o pecado como a escolha pelo caminho mais fácil. Jesus, na famosa passagem que descreve suas tentações, experimentou muito bem o que significa este caminho mais fácil. O inimigo apresentou-o a três caminhos que poderiam facilitar sua vida e sua obra: - transformar pedra em pão e assim, matar a sua fome após 40 dias de jejum; - adorar ao Diabo e receber em troca, toda a autoridade e poder sobre a terra; - atirar-se do pináculo do templo e ser miraculosamente resgatado por Deus e adorado pelo povo como o Messias. Todas as três tentações eram muito sutis e aparentemente, traziam vantagens óbvias. Economia de tempo, de esforço, resultados imediatos... enfim, os fins certamente justificariam os meios. Todavia, como já disse anteriormente em outro Falando de Vida, a facilidade gera a flacidez. E o caminho mais curto nem sempre termina no melhor destino. Hoje, certamente você estará em muitos instantes diante do dilema de tomar o atalho, pegar o caminho mais curto e mais fácil. Uma pequena torcidinha na verdade, uma acomodação de interesses conflitantes, uma omissãozinha inconseqüente etc são tão corriqueiras como sutis. Ao final, porém, restarão apenas dois que realmente importarão: Deus e sua consciência. Não vale a pena tentar enganá-los. É perda de tempo. O grande Shakespeare já alertava: 'uma coisa é ser tentado, outra coisa é cair em tentação'. Jesus não nos ensina a pedir a Deus para não sermos tentados, mas para não cairmos em tentação.

007/01 Descer para Subir Eu sempre gostei de assistir filmes. Minha vida existe na ante-sala da revolução tecnológica audiovisual, por isso é natural que imagens, sons acabem determinando o modo como aprendo. Sempre gostei de assisti-los entre os primeiros e depois comentar com os amigos. Hoje, adquiri um costume de assisti-los algum tempo depois de serem esquecidos pelo grande público. É como re-visitar um lugar sagrado. Ou como ler um livro novamente e descobrir detalhes antes ocultos. Neste final de semana de Carnaval, aluguei ‘O Gladiador’. Impressionante, para dizer pouco. A história de Máximus ainda que contenha seus anacronismos históricos – afinal de contas, um general romano não podia casar e ter filhos, nem tampouco Comodus morreu no Coliseu romano logo depois de ascender ao poder, mas 12 anos depois – é de um simbolismo e força igual aos grandes épicos como Ben Hur. No trailer, o filme é anunciado assim: ‘o general que se tornou escravo. O escravo que se tornou gladiador. O gladiador que desafiou um império’. Resumo preciso, porém, mais importante é o extraordinário paralelo entre a estória vivida por Russel Crowe – Oscar, na certa – e a história de Jesus Cristo. Paulo escrevendo aos Coríntios diz: ‘Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai’. Fil.2:5-11 Nada mais parecido e ao mesmo tempo, tão diferente. Jesus desce voluntariamente a escada para depois subir vitoriosamente, ao contrário de Maximus que foi forçado a descer para depois subir. A motivação de Máximus era um misto de desejo de honrar o último pedido de Marcus Aurelius e a vingança pessoal pela morte cruel da esposa e do filho. Jesus veio pelo mais puro dos motivos: o amor altruísta, sacrificial. Jesus morre à semelhança do gladiador para libertar o povo de uma tirania, mas não permanece morto, antes, é exaltado pela sua ressurreição para oferecer um reino de amor, paz, alegria e graça. Acima de tudo, Jesus oferece sua vida para salvar pessoalmente cada um de nós, através de um relacionamento pessoal, íntimo e vivo.

 

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